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Docente: Débora Tavares.

Discentes: Adrielle Santos, Lavínia Langer, Ludmilla Gomes e Maria Eduarda


Brandão.

RELATO E APRESENTAÇÃO DE CASO CLÍNICO ATENDIDO EM


AULA PRÁTICA

Araguaína - TO
2023
Discentes: Adrielle Santos, Lavínia Langer, Ludmilla Gomes e Maria Eduarda
Brandão.

RELATO E APRESENTAÇÃO DE CASO CLÍNICO ATENDIDO EM


AULA PRÁTICA
Trabalho apresentado ao curso
de Medicina Veterinária na
disciplina de Práticas
Hospitalares, ministrada pela
profª Débora Tavares.

Araguaína - TO
2023
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO

A traqueia é um órgão tubular flexível composto de anéis cartilaginosos, que são incompletos
na região dorsal. Este órgão tem seu início após a laringe e termina próximo ao coração, onde
tem sua bifurcação denominada carina, sendo assim a traquéia apresenta uma porção cervical
e uma porção torácica (EVANGELHO et al., 2004).

O colapso de traqueia é uma enfermidade degenerativa progressiva de importância na clínica


de pequenos animais, em especial de cães. Esta doença é descrita com maior frequência em
cães de pequeno porte (HOLME, 2014). O estreitamento do lúmen traqueal ocorre devido o
achatamento dos anéis cartilaginosos e/ou flacidez da membrana dorsal da traqueia,
consequentemente animais com esta patologia apresentarão comumente sinais clínicos como
dispneia (CAVALARO et al., 2011). O estreitamento do lúmen traqueal pode estar localizado
na porção cervical, torácica ou ambas (EVANGELHO et al., 2004).

O presente relato tem como objetivo apresentar um caso de colapso de traqueia em cão de
pequeno porte, descrevendo seus aspectos clínicos e de exames complementares,
fundamentados em literatura.
2. PATOGENIA

Colapso de traqueia grau II: O colapso traqueal é uma doença respiratória crônica,
degenerativa e incapacitante na qual os anéis cartilaginosos da traquéia diminuem sua rigidez
e colabam parcial ou totalmente durante o ciclo respiratório, podendo ser afetadas tanto a
porção cervical quanto a torácica. (ETTINGER et al, 2004).
Grau II (estenose de 26 a 50%).

Broncopneumonia: Broncopneumonia é uma resposta inflamatória onde há intensa


exsudação celular e presença de líquido nas pequenas vias aéreas e nos alvéolos. Essa
inflamação ocorre na maioria das vezes, devido a proliferação de micro-organismos que
residem na microbiota respiratória do próprio paciente e, portanto, atuam como agentes
oportunistas, que se aproveitam de uma falha no sistema imune do hospedeiro (Brady, 2004).
Muitos cães são afetados por bactérias gram negativas aeróbias, tais como: Escherichia coli,
Pseudomonas spp., Klebsiella spp., Enterobacter spp., Pasteurella spp. e Bordetella
bronchiseptica. Uma pequena parcela dos casos é causada por bactérias gram positivas, tais
como: Enterococcus spp., Streptococcus spp. E, eventualmente, por Staphylococcus spp. A
incidência de infecções por agentes anaeróbicos não é muito relatada, porém sabe-se que é de
baixa prevalência (Dear, 2014).
Os sinais clínicos da broncopneumonia são variáveis dependendo da causa, severidade e da
cronicidade do processo. A doença pode se manifestar de forma aguda ou crônica, sendo que
o único sinal clínico observado inicialmente pelos tutores é uma tosse fraca. Com a
progressão da infecção, os pacientes podem apresentar intolerância ao exercício, tosse
produtiva, febre, anorexia, letargia, dispneia e, em casos mais graves, posição ortopneica e
mucosas cianóticas (Côté, 2015).
3. SINAIS CLÍNICOS

O animal apresentava tosse há cerca de 1 mês, principalmente quando estava em êxtase.


4. DIAGNÓSTICO

Achados Radiográficos
● Traqueia: Estreitamento moderado (25-50%) do lúmen traqueal na porção torácica.
● Campos Pulmonares: visibiliza-se um aumento moderado da densidade de forma
não estruturada dos lobos pulmonares caudais, com presença de broncograma aéreos,
visibiliza-se árvore brônquica com aumento de densidade radiográfica mas com
localização habitual; Visibilização dos vasos pulmonares com calibre e distribuição
normal.
● Silhueta cardíaca: Tamanho, contornos e localização normais.
Comentários:
As imagens radiográficas torácicas estudadas podem estar relacionadas a
ocorrência de colapso de traqueia grau II e broncopneumonia.
5. TRATAMENT

O Via Oral

● Acetilcisteína 20mg/ml xarope-------------------------------------------------frasco

Dê por via oral 1,15 ml, de 12 em 12h, durante 7 dias

● Dipirona gotas frasco

Dar por via oral 2 gotas , a cada 12h, durante 2 dias


6. PROGNÓSTICO

Quando em graus menores, e diagnosticados precocemente, o prognóstico é bem


favorável, como foi o da Cloe. Porém, em casos mais avançados, por ser uma doença
crônica, o prognóstico é desfavorável.
7. CASO CLÍNICOS
Foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências do Tocantins - FACIT, dia 16
de outubro de 2023, um canino, fêmea, da raça Spitz Alemão, 6 meses de idade, pesando
2,300 kg, com suspeita de colapso traqueal e broncopneumonia. Durante a consulta foi
relatado pela tutora que o animal apresentava tosse há alguns meses e dispneia.
Após anamnese e exame físico, foram solicitados exames complementares como hemograma
e radiografia cervical e torácica.
Não foram observadas alterações no hemograma. Porém, no exame radiográfico foi
evidenciado um aumento moderado da densidade de forma não estruturada dos lobos
pulmonares caudais, com presença de broncograma aéreos, visibilizando-se a árvore
brônquica com aumento de densidade radiográfica mas com localização habitual.
Para o tratamento, foram receitados medicamentos para serem usados até o retorno, 7 dias
após, como Synulox 50mg por 7 dias, Acetilcisteína 20mgml por 7 dias e Prednisolona 5mg
por 5 dias.
No retorno, dia 23 de outubro do mesmo ano, a tutora relatou que não houve mais tosse, no
exame físico identificamos apenas uma febre baixa e refizemos a radiografia onde não
identificamos mais nenhuma alteração. Prescrevemos uma dipirona gotas para febre, por 2
dias e continuamos com o uso da acetilcisteína por mais 7 dias.
8. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a consulta a principal preocupação da tutora era uma tosse de caráter crônico que a
paciente apresentava durante alguns meses, segundo Evangelho et al. (2004) este é um sinal
clínico comumente observado nesta patologia, isto é devido a compressão dos anéis
cartilaginosos dificultando a passagem do ar tanto na inspiração como na expiração. Fossun
(2002) descreve que esta patologia tem predileção para algumas raças como Spitz, esta que é
a raça da paciente em questão.
Para confirmação da suspeita de colapso de traqueia foi realizado o exame de radiografia
cervical e torácica no qual foi possível observar o grau de colabamento traqueal, sendo este
classificado em grau 2.
O controle terapêutico pode deve ser feito com medicamentos que amenizam os sinais da
doença, corticoides que diminuem a inflamação na traqueia, antitussígenos, supressores de
tosse e antibióticos quando existir evidência de infecção de vias aéreas inferiores (FERIAM,
2009).
Para o presente animal foi indicado o uso de Acetilcisteína 20mg/ml xarope, que é um
medicamento utilizado em animais como um mucolítico, que ajuda a reduzir a viscosidade do
muco respiratório e facilita a expectoração. É indicado para uso em animais com problemas
respiratórios, como a bronquite crônica e a fibrose cística, que apresentem produção
excessiva de muco nas vias respiratórias. De acordo com Fossum (2002) o uso de
acetilcisteína não reverte o quadro de colabamento da traqueia, contudo ameniza os sinais
clínicos de dispneia, tosse crônica comprovando sua eficácia e consequentemente
proporcionando uma significativa melhora na qualidade de vida do paciente.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O colapso traqueal é bastante comum nas raças predispostas, diminuindo significativamente a


qualidade de vida do animal, podendo levar a óbito. Causa um quadro de tosse crônico e pode
ser confundida erroneamente com outras doenças com este mesmo sinal. Mesmo sendo de
caráter degenerativo o diagnóstico é de extrema importância para melhorar a qualidade de
vida do paciente e convívio com os tutores, através de suporte terapêutico para controle dos
sinais da doença, ou intervenção cirúrgica em pacientes que não respondem bem à terapia.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DO CARMO, Juliana Silva et al. Broncopneumonia refratária por antibioticoterapia


inadequada em cão. Medicina Veterinária (UFRPE), v. 12, n. 3, p. 181-185, 2018.

FERIAN, P. E. Avaliação histológica, histoquímica, morfométrica e radiográfica


de traquéias de cães portadores de colapso traqueal. Tese de doutorado.
Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG. Minas Gerais. 2009.

FOSSUM, T. W. Cirurgia do sistema respiratório superior. In: Cirurgia de Pequenos


Animais. 1º ed. Roca. cap.25, p. 705-710. 2002.

HOLME, P. S. Colapso traqueal em cães-revisão bibliográfica. Monografia


apresentada como requisito parcial para obtenção da graduação em Medicina Veterinária.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2014.

ROBASSA, C. L. Trabalho de conclusão de curso: colapso de traquéia em cães.


Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba. 2013.

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