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BRAQUICEFÁLICOS X CALOR

Formação acadêmica e Profissional

-Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Paulista em 2015.

-Pós graduada em Cardiologia veterinária de pequenos animais pela


Universidade Anhembi Morumbi em 2017.

-Pós Graduanda em Clinica médica de pequenos animais pela Unifil.

-Pós Graduanda em Docência em ensino superior pela Universidade Metropolitana.

-Médica veterinária e Proprietária do Consultório Veterinário Dra Juliane P Barroso.

-Professora de ensino superior na Universidade Nove de Julho em Medicina Veterinária.


MAS ANTES PRECISAMOS ENTENDER O PORQUE ESSAS RAÇAS SOFREM MAIS POR ESTRESSE TÉRMICO DO
QUE AS OUTRAS...

“ A SÍNDROME BRAQUICEFÁLICA”
INTRODUÇÃO

A síndrome do braquicefálico corresponde em uma má formação


anatômica congênita.

As raças que exibem o comprimento do focinho reduzido, assim conhecido os animais braquicefálicos,
tendem a dispor um maior risco em desenvolver a Síndrome Obstrutiva das vias Aéreas Braquicefálicas
ou Síndrome Braquicefálica.
EPIDEMIOLOGIA

A síndrome dos cães braquicefálicos é observada nos cães da


raça Shih Tzu, Pequinês, Buldogue inglês, Buldogue francês,
Lhasa Apso, Boxer, Pug, Boston Terrier, Cavalier King
Charles Spaniel, Dogue de Bordeaux, Persa.

É diagnosticada principalmente em cães com idade entre


dois e três anos. Entretanto, já foi diagnosticado em filhotes
com menos de seis meses de idade.

Além disso, pode acometer gatos braquicefálicos, apesar de


ser menos comum
ETIOLOGIA

A síndrome dos braquicefálicos é uma afecção congênita


cuja gênese aponta para uma intensa seleção genética
visando à fixação de determinadas características que
fizeram com que esses animais tenham um focinho mais
achatado que o normal, além de diversas alterações
primárias ou secundárias a essa intensa seleção.
ANATOMIA
ANATOMIA
FISIOPATOGENIA

Quando a pressão negativa, em decorrência de processos


fisiológicos de respiração pela boca e complacência
pulmonar, não é suficiente para compensar o aumento da
resistência do ar ocorre uma inflamação tecidual (pressão
negativa excessiva gerada na inspiração devido à estenose de
narina, gera uma inflamação e alongamento dos tecidos moles e
eventualmente a eversão dos sáculos laríngeos e colapso
laríngeo)

Esse tecido inflamado, por sua vez, pode induzir a


complicações secundárias, como eversão de tonsilas e sacos
laringianos, bem como o próprio colapso de laringe e
traqueia.
ESTENOSE DE NARINAS

Já em raças braquicefálicas a resistência a passagem de ar


sofre influência das vias respiratórias estreitas, pois as
cartilagens nasais são muito protuberantes e não há abertura
nasal suficiente , o que gera obstrução da entrada e da saída
de ar e causa um aumento no gradiente de pressão
intraluminal durante a inspiração.

O fluxo aéreo para o interior da cavidade nasal fica restrito e


torna-se necessário um esforço inspiratório maior, causando
dispneia leve a intensa
HIPOPLASIA DE TRAQUEIA

A hipoplasia de traqueia é o estreitamento generalizado do lúmen da traqueia em toda a sua


extensão, dificultando a passagem do ar.

Nestes pacientes, os anéis cartilaginosos da traqueia são pequenos e com as extremidades


sobrepostas; a membrana traqueal é estreita e em alguns casos pode ser ausente.
PROLONGAMENTO DE PALATO
MOLE
Cães que apresentam prolongamento, o tecido se estende
além da borda da epiglote, podendo se estender até 1 a 2
centímetros, causando obstrução da rima glótica e
interferindo na respiração, originando ainda, com a vibração
do tecido pela passagem de ar, um edema inflamatório na
faringe, a qual, muito provavelmente, seja a região de maior
impacto, pois é uma área com pouco suporte cartilaginoso e
ósseo.

80% dos casos diagnosticados com alongamento de palato


mole ocorrem em cães braquicefálicos, sendo a maioria
Bulldog inglês e francês.
PROLONGAMENTO DE PALATO MOLE

-
EVERSÃO DE SACOS LARÍNGEOS
A eversão de sáculos laríngeos caracteriza-se pelo prolapso da mucosa que reveste as criptas laringianas, sendo
diagnosticada com menos frequência que o alongamento de palato mole ou estenose das narinas.

Quando evertidos, os sáculos ficam continuamente irritados por fluxo aéreo turbulento e cada vez mais edematoso. Eles
obstruem a face ventral da glote e inibem adicionalmente o fluxo aéreo.
EVERSÃO DE SACOS LARÍNGEOS
COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE

O colapso de laringe (paralisia) ocorre com a perda da função de suporte das cartilagens laringianas
causado pela alteração de pressão no interior da laringe, induzida pela obstrução rostral à rima da
glote.

O colapso laringiano é considerado uma doença progressiva e de estágio terminal


COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE
COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE
COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE
COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE
COLAPSO (PARALISIA)DE LARINGE
SINAIS CLÍNICOS

-Dispneia inspiratória, culminando em angústia respiratória;

-Ronco, tosse, intolerância ao exercício, cianose;

-Edema de-tecidos moles, obstrução de vias aéreas superiores,


fluxo turbulento de ar, aparecimento de ruído inspiratório e
síncope, podendo culminar em morte Em longo prazo, a obstrução respiratória pode levar a
hipertensão pulmonar, com consequente dilatação e
Além disso, essas raças desenvolvem ao longo do tempo hipertrofia compensatória do ventrículo direito, refletindo
distúrbios hematológicos, como aumento da pressão em diminuição do débito cardíaco, gerando taquicardia
sanguínea e aumento do hematócrito. sinusal, hipóxia miocárdica com distúrbios na contração
cardíaca

Também é possível observar diminuição da pressão parcial


de oxigênio e aumento da pressão parcial de dióxido de
carbono, refletindo em hipoventilação e acidose metabólica
decorrente de descompensação respiratória
DIAGNÓSTICO

-
Exame físico

-Barulho excessivo ao respirar e dispneia expiratória, está


última é agravada pelo exercício e pelo aumento de temperatura

-Além Tosse, eles também podem apresentar alteração vocal,


engasgos, espirros reversos, mucosas pálidas ou cianóticas,
agonia respiratória e síncope.

-Buldogues ingleses apresentam ainda vômitos não associado a


refeição e hérnia de hiato

-Avaliar anormalidades auscultadas no tórax e traqueia, a


pulsação, a coloração das mucosas e a perfusão
DIAGNÓSTICO

-
Exames complementares

Raio x

A endoscopia / laringoscopia e broncoscopia

Eletrocardiograma (ECG) e ecodopplercardiograma

Hemograma e bioquímico sérico


DIAGNÓSTICO

-
TRATAMENTO CLINICO

-O animal deve ser mantido longe de situações e lugares que


possam causar estresse ou exercício físico exacerbado, portanto,
lugares frescos e tranquilos.

-Além disso, deve-se evitar a presença de alérgenos como


fumaça de cigarro e perfumes, que podem também causar
dificuldade respiratória.

-Já em animais obesos, a perda de peso ajuda a diminuir os


sintomas respiratórios, contudo, é mais interessante o uso de
dietas próprias, pois esses animais são intolerantes a exercícios
intensos.

-Em casos de animais com cianose e sincope, é realizado o


tratamento de suporte, como oxigenoterapia e uso de anti-
inflamatórios (glicocorticoides).

-No entanto, o tratamento de suporte é paliativo, sendo


necessário a cirurgia para real reversão dos casos e maior
eficácia
TRATAMENTO CIRÚRGICO
-Rinoplastia em Narinas Estenóticas

-Estafilectomia e Palatoplastia em Palato Mole Alongado

-Saculectomia é a técnica realizada com objetivo de remover os sacos laríngeos


evertidos

-Colapso de laringe: Para o tratamento do colapso de laringe, devem-se tratar os


fatores predisponentes, como estenose das narinas, a eversão dos sáculos
laríngeos e o alongamento de palato mole. Se os sinais clínicos persistirem após o
tratamento cirúrgico adequado, principalmente nos animais com estágio três da
doença, uma traqueostomia permanente será necessária como alternativa para o
tratamento.

Nos casos de hipoplasia de traquéia deverá instituir um tratamento médico com


mucolíticos, broncodilatodores e realizar revisões periódicas, controlando
principalmente o peso do animal, já que os animais obesos apresentam mais crises
TRATAMENTO
Tratamento Cirúrgico
TRATAMENTO
Tratamento Cirúrgico
MAS E O CALOR, O QUE FAZER?QUAIS PROBLEMAS PODEMOS
TER NESSES PACIENTE?
INTERMAÇÃO

Intermação é o nome designado a um quadro agudo


de hipertermia que difere totalmente da febre.

A febre ocorre mediante inflamação, infecções ou causas tumorais, já a intermação ocorre quando
há um aumento de temperatura corporal associada à incapacidade de regulação da temperatura por
dificuldade de dissipação do calor.
COMO OCORRE A INTERMAÇÃO?

A intermação geralmente é provocada pela exposição direta do animal a ambientes muito quentes,
abafados e sem ventilação.

A prática de atividade física durante os dias e horários mais quentes também é um fator de risco.

O uso de acessórios que impedem os pets de abrirem a boca também.


TERMORREGULAÇÃO

Gatos e cães praticamente não transpiram como os seres humanos, pois não possuem
grandes quantidades de glândulas sudoríparas pelo corpo, tendo a presença das estruturas
em menor quantidade e apenas na região dos coxins.
TERMORREGULAÇÃO
CÃES BRAQUICEFÁLICOS: CUIDADO
REDOBRADO COM O CALOR

Uma das principais pontos é entender que os braquicefálicos


sofrem com o calor. Por possuírem o focinho achatado, o processo
de respiração é comprometido. Eles tem dificuldade para inspirar e
expirar o ar, ou seja, a liberação de calor – que nos cães é
realizada pela respiração – torna-se muito mais dificultosa.

“Como eles têm dificuldade de respirar, não conseguem controlar a


temperatura, o que pode levar à síndrome da hipertermia.”
CÃES BRAQUICEFÁLICOS: CUIDADO
REDOBRADO COM O CALOR
Em consequência dessa obstrução, para se obter oxigênio, os cães braquicefálicos necessitam
aumentar a pressão negativa a fim de que esta seja capaz de sobrelevar a resistência do fluxo aéreo
nas vias aéreas superiores.

Esse mecanismo se dá por meio de um esforço inspiratório, caracterizado pela respiração ofegante.

O aumento da pressão negativa atrai os tecidos moles para o lúmen das vias aéreas, ocasionando a
hiperplasia desses tecidos, que leva a inflamação e podendo terminar no colapso das estruturas das
vias aéreas.
CÃES BRAQUICEFÁLICOS: CUIDADO
REDOBRADO COM O CALOR

O encurtamento do focinho debilita gravemente algumas das principais funções desse órgão, que são
a respiração e a termorregulação, impedindo o animal de ter a correta oxigenação do sangue e
equilíbrio térmico, quebrando a homeostasia e podendo levar a colapso e morte em casos mais
graves.

Observar diminuição da pressão parcial de oxigênio e aumento da pressão parcial de dióxido de


carbono, refletindo em hipoventilação e acidose metabólica decorrente de descompensação
respiratória e edema pulmonar por esforço respiratório.

Em longo período, a obstrução respiratória pode levar a hipertensão pulmonar, com decorrente
dilatação e hipertrofia compensatória do ventrículo direito, refletindo em diminuição do débito
cardíaco, gerando taquicardia sinusal, hipóxia miocárdica com distúrbios na contração cardíaca
SINAIS DE HIPERTERMIA

Boca amplamente aberta “sorriso”

Língua extendida e salivação excessiva (aspecto de espuma branca)

Mucosas cianóticas ou hiperêmicas

Orelhas voltadas para trás e vermelhas

Olhos protuidos (saltados) e vermelhos (congestos)

Outros sinais:

Desorientação
Vômitos e diarreias
Convulsão ou sincope
-
O QUE FAZER NOS CASOS DE
INTERMAÇÃO?
CUIDADOS COM BRAQUICEFÁLICOS

•Alimentação leve
•Hidratação sempre em dia
•Tosa *
•Evitar saídas em horário de pico (calor intenso)
•Local arejado
•Protetor solar

A tosa pode afetar os mecanismos da termorregulação animal?

O controle de temperatura dos animais está associado ao comprimento, à espessura e à


densidade dos pelos.

A tosa pode dificultar os mecanismos de termorregulação do animal, uma vez que a


pelagem atua como um protetor e isolante térmico, fazendo com que o animal não perca ou
receba calor em excesso. Em casos mais graves, o gato ou o cão pode ter quadros de
hipertermia e hipotermia quando a tosa é realizada de forma inadequada ou em épocas
inadequadas (muito frio ou muito calor).
OBRIGADA!!!

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