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DIVISÃO ESTRUTURAL
HISTOLOGICAMENTE
A maioria dos agentes lesivos que atingem o trato respiratório é através do ar inspirado
(aerógena) ou sangue (hematógena), as aerógenas são importantes principalmente em
animais de confinamentos, onde há maior concentração de agentes patogênicos no ar e gases
irritantes como amônia e sulfídrico.
MECANISMOS DE DEFESA
Lençol Mucociliar: Cobre a superfície das vias respiratórias por uma camada continua de
muco, que se move no sentido da laringe através do batimento dos cílios das células ciliadas
do epitélio respiratório. O muco secretado pelas células caliciformes favorece a adesão de
partículas que podem causar lesões, sendo então esse muco, carreado por batimentos ciliares
do trato até a laringe e faringe onde são deglutidos. O lençol atua também na eliminação de
gases hidrossolúveis inalados e que podem ser tóxicos para os pulmões. O lençol atua também
no transporte e difusão de substâncias humorais protetoras como anticorpos (principalmente a
IgA, que neutraliza e favorece a fagocitose de agentes), Interferon (anti viral), Lisozima e
Lactoferrina (antibacterianas) e fatores do Sistema Complemento.
Macrófagos Alveolares: Atuam nos alvéolos, naquelas partículas inaladas e que não foram
retidas pelo lençol. Essa fagocitose é facilitada pela presença de imunoglobulinas através da
opsonização, os macrófagos ainda são fontes de citocinas antivirais (Interferons), além dos
macrófagos alveolares, existem também os macrófagos intersticiais.
Flora Bacteriana Saprófita: Presente no trato superior, essa flora atua por competição nos
receptores das células epiteliais, não permitindo a colonização no trato por outros
microrganismos de maior potencial patogênico. Desequilíbrios no lençol mucociliar ou em
outros mecanismos de defesa do trato, fazem com que essa flora saprófita, cause infecção nos
animais.
ALTERAÇÕES POST-MORTEM
Colapso Pulmonar: Normalmente ao abrir a cavidade ocorre uma retração dos pulmões que
estavam distendidos no tórax, devido a pressão negativa, a não ocorrência desse colapso está
associada a material ou ar dentro dos pulmões. (Ex: Edema Pulmonar, Enfisema,
Inflamações).
ANOMALIAS
Fenda Palatina (Palatosquise): Caracterizada por fenda no palato que faz com que haja uma
comunicação entre a cavidade nasal e oral. É uma alteração frequente em bovinos e suínos
(principalmente na consanguinidade), essa alteração é compatível com a vida, porém os
filhotes com tal complicação acabam morrendo em decorrência de pneumonias por aspiração
de leite ou alimentos.
Discinesia Ciliar Secundária: Ocorre devido a lesões inespecíficas e crônicas do trato, como
inflamações, infecções ou toxicidade. Afetando um percentual baixo de cílios e de forma
reversível.
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
Hiperemia: Por ser bastante irrigada, a mucosa nasal pode apresentar variáveis graus de
hiperemia, que é caracterizada por coloração avermelhada da mucosa, isso se deve a função
do órgão em aquecer e umidificar o ar inspirado, mas também é associada a exsudatos,
erosões ou ulcerações da mucosa. Observa-se também a hiperemia no inicio de inflamações
como a rinite.
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
A causa primaria das rinites é viral, com infecções secundárias bacterianas ou fúngicas.
Vírus: Citomegalovírus suíno (Rinite Viral dos Suínos), Herpes Vírus Equino 1, Influenza
Equina, Herpes Vírus Bovino (Rinotraqueite infecciosa bovina e Febre Catarral Maligna),
BRSV (Vírus Sincicial Respiratório Bovino), Parainfluenza Bovino 3, Calicivírus felino 3,
Herpes Vírus Felino, Vírus da Cinomose e Febre Aftosa.
Bactérias: Pastereulla Multocida, Haemophillus parasuis e Bordetella bronchiseptica (Rinite
Atrófica dos suínos), Streptococcus equi (Garrotilho), Pseudomonas Burkholderia mallei
(Mormo) e Pseudomonas Burkholderia pseudomallei (Melioidose - Pseudo Mormo).
Fungos: Aspergillus fumigatus e Criptococcus neoformans.
Parasitas: Rhinosporidium suberii.
São fatores predisponentes os gases nocivos como amônia e sulfídrico, que são
abundantes em ambientes de confinamento, aliados a fatores como superlotação de animais,
acumulo de dejetos, altas concentrações de poeira e umidade e baixa ventilação. O que
diminui e desidrata a secreção de muco, com eliminação lenta das partículas.
As rinites são classificadas de acordo com o curso, em rinites agudas que são
caracterizadas pela presença de exsudatos ou rinites crônicas que são caracterizadas por
processos proliferativos onde há a formação de pólipos nasais que podem causar obstruções.
Nos equinos o hematoma etmoidal dos equinos é um pólipo nasal progressivo e hemorrágico
resultante do processo inflamatório, onde há proliferação excessiva de tecido conjuntivo. Pode
haver rinites crônico-ativas onde há tanto alterações proliferativas como exsudativas.
Sinusites: Inflamação dos seios paranasais, em grande parte é uma consequência das rinites
(catarrais ou purulentas, onde o excesso de exsudato pode ocluir o orifício de drenagem dos
seios paranasais, e com o acumulo pode haver a formação de sinusites). Sua detecção clinica
é rara, com exceção nos casos onde há deformidade dos ossos da face ou formação de
fistulas através do crânio.
Entre as causas destaca-se as larvas de Oestrus ovis em ovinos (que penetram nos
seios paranasais e por crescerem não conseguem sair, causando irritação da mucosa) ,
periodontite (Principalmente em equinos a partir dos 4 anos, podendo causar deformidade
facial), descornas e fraturas dos ossos do crânio (onde há exposição da cavidade dos seios,
favorecendo infecções).
ALTERAÇÕES PROLIFERATIVAS
ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
Faringite Crônica com Hiperplasia Linfoide em Equinos: Nos casos graves pode ocasionar
dificuldades respiratórias. Acomete animais jovens com menos de cinco anos, de todas as
raças, mas principalmente Puro Sangue Inglês. Ocorre hiperplasia do tecido linfoide da faringe
sem manifestações clínicas (diagnóstico mediante endoscopia ou necropsia).
Macroscopicamente observa-se pequenos nódulos (acúmulos linfoides) na mucosa, causados
por estímulos persistentes ao tecido linfoide por agentes infecciosos como o Streptococcus
equi zooepidemicus e Moraxella sp, baixa umidade do ar e fatores predisponentes.
Empiema das Bolsas Guturais: Associada a infecções por Streptococcus equi (Garrotilho) ou
outros agentes. Caracteriza-se por exsudato purulento com difícil drenagem. As consequências
são otites no ouvido médio, lesões em nervos cranianos próximos e comprometimento do
tronco simpático cranial, ossos adjacentes e da articulação atlanto-ocipital.
ALTERAÇÕES PROLIFERATIVAS
ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO
Hipoplasia Traqueal: Alteração rara caracterizada por redução do diâmetro luminal de toda a
traqueia, ocorrendo principalmente em cães da raça Buldog.
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
Hemorragia: Pode ser observada com relativa frequência na mucosa da epiglote a partir de
petéquias (achado encontrado em septicemias como Salmonelose e Peste Suína Clássica).
Hemorragias na epiglote podem ser observadas em diversas doenças hemorrágicas
generalizadas, em bovinos saudáveis mortos em abatedouros (petéquias) e naqueles que
sofreram dispneia grave antes da morte (hemorragias lineares na mucosa traqueal).
Edema: As principais causas nesse segmento são inflamação aguda, edema maligno nos
suínos (ocasionado por toxina do E.coli) e em Hipersensibilidades Tipo I (Choque Anafilático)
após a exposição a potentes alergénos. Macroscopicamente a mucosa apresenta-se espessa,
principalmente na epiglote, com acumulo de líquido claro ou amarelado com aspecto gelatinoso
na submucosa, quando resultante de processos inflamatórios o líquido pode ser sanguinolento.
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
ALTERAÇÕES PROLIFERATIVAS
Neoplasias: As primarias da laringe e traqueia são raras, podem ser observados Papilomas,
Condromas, Osteocondromas, Carcinoma de Células Escamosas e Mastocitoma (em cães e
gatos), apenas nos gatos foi relato caso de Linfossarcoma Intratraqueal.
BRÔNQUIOS E BRONQUIOLOS
Corpos Estranhos: Introduzidos nos brônquios e bronquíolos por aspiração como pedaços de
madeira, espigas de trigo, espinhos, fragmentos de capim, poeiras e aspiração de sangue
proveniente de hemorragias das vias aéreas superiores ou em animais abatidos por degola
(nesse ultimo caso aparece sangue coagulado nos brônquios). A aspiração de corpos
estranhos gera processos inflamatórios, que ante mortem gera alterações circulatórias na
mucosa como hiperemia e edema.
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
Os bovinos são mais susceptíveis a bronquiectasia devido a septação lobular completa, que
impede a ventilação colateral e consequentemente a resolução de broncopneumonias com a
remoção de todo o exsudato, o que favorece a bronquiectasia, que é localizada na porção
cranioventral dos pulmões, coincidindo com o local das broncopneumonias. Os brônquios na
inspiração sofrem dilatação e na expiração reduzem o seu diâmetro, na bronquiectasia os
brônquios ficam dilatados devido a perca da habilidade de redução do diâmetro, duas
hipóteses explicam isso:
Na primeira hipótese, o processo inflamatório e consequente acumulo de exsudato na
luz, enfraqueceriam a parede bronquial, destruindo a musculatura lisa. Como reparação
haveria a substituição de parte ou toda a parede bronquial por tecido de granulação, o
que impediria a contração da musculatura, assim o brônquio dilatado na inspiração não
se contraria na expiração, assim de forma progressiva nas inflamações esse brônquio
seria preenchido por exsudato.
PULMÕES
ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO
Melanose: Acumulo de pigmento endógeno (melanina) nos pulmões, devido a migração errada
de melanócitos, acomete principalmente bovinos e suínos, mas sem causar prejuízo ao órgão.
Em abatedouros pode haver condenação de carcaças durante a inspeção. Macroscopicamente
podem ser observadas manchas marrons escuras ou pretas no parênquima pulmonar, com
padrão de distribuição lobular (aspecto tabuleiro de xadrez). Importante diferenciar esse
processo de neoplasias como melanomas ou hemangiossarcomas que tem características
nodulares e no caso do hemangiossarcoma conteúdo sanguinolento ao redor das nodulações.
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS
Edema Pulmonar: Em condições normais o líquido extravasado dos capilares alveolares não
atinge a luz do alvéolo devido as oclusões do epitélio alveolar. O excesso é drenado por via
linfática, contudo quando a quantidade de líquido intersticial excede essa drenagem ocorre
extravasamento para o interior do alvéolo (Edema Pulmonar). O fluido acumulado mistura-se
ao surfactante formando espuma e comprometendo a troca gasosa. As causas do edema
pulmonar são:
ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS
Antracose: Ocorre com frequência em cães que vivem em grandes áreas urbanas, após a
continua inalação de partículas de carvão nos pulmões. Macroscopicamente há pigmentação
preta puntiforme na superfície e no parênquima pulmonar, pode haver comprometimento dos
linfonodos mediastínicos e bronquiais, com linfa preta difusa (que são partículas de carvão
fagocitadas por macrófagos pulmonares e que são drenados para os linfonodos. Geralmente
esse acumulo não compromete o órgão.
Torção de Lobos: Descrita em cães e gatos, afeta principalmente os lobos médio direito e
craniais e raramente os lobos caudais. Ocorre com mais frequência em cães de grande porte,
resultando em dispneia e letargia. Pode haver torção de 360º, resultando em oclusão e
interrupção do fluxo sanguíneo para o parênquima afetado. Histologicamente observa-se
hemorragia, trombose e necrose do parênquima.
Atelectasia: Expansão incompleta do pulmão, que resulta em colapso alveolar (que acabam
sem ar ou qualquer outro conteúdo no interior), pode ser:
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
Pneumonia: Termo empregado para designar inflamação nos pulmões, o termo pneumonite é
utilizado como sinônimo para a pneumonia intersticial e alveolite para a fase exsudativa da
pneumonia intersticial, podem ser classificadas de acordo com o curso em superaguda, aguda,
subaguda e crônica. De acordo com o exsudato presente em catarral, fibrinoso, purulento,
hemorrágico, necrótico e granulamatoso. Incluindo as combinações entre eles como catarro-
purulento, fibrino-necrótico e fibrino-hemorrágico. Pelos padrões anatômicos que determinam o
inicio do processo como broncopneumonia (bronquilo-alvéolo), pneumonia lobar (bronquíolo-
alvéolo com evolução rápida) e pneumonia intersticial (interstício). E devido a causas
especificas como pneumonia por aspiração, pneumonia gangrenosa, pneumonia hipostática,
pneumonia verminótica, pneumonia granulamatosa, pneumonia tromboembólica e pneumonia
urêmica.
Pneumonia Intersticial: O processo tem início nos septos alveolares, não havendo
envolvimento de vias aéreas. A via de infecção na maioria das vezes é hematógena, mas pode
haver por via broncogênica na inalação de gases pneumotóxicos. Tem geralmente curso
crônico, mas o estagio inicial é agudo. As lesões difusas na parede alveolar aparecem primeiro,
seguido de período de exsudação intra-alveolar, já na fase crônica há resposta proliferativa e
fibrosa. As causas são as mais variadas, incluindo as causas infecciosas (Cinomose em cães,
Peritonite Infecciosa em gatos, BRSV em bovinos, Salmonelose Septicêmica em bezerros e
leitões, Toxoplasmose, Vermes Pulmonares e Larvas de Ascarídeos, Lentivírus (CAE) em
pequenos ruminantes e Pneumocystis carinii em potros), causas químicas (concentrações
acima de 50% de oxigênio, herbicidas, fumaça, vapores de querosene e óxido de zinco) e
tóxicas endógenos ou exógenos (catabólitos na uremia, acidose e pancreatites).
Macroscopicamente é caracterizada por áreas de consolidação difusas por todo o pulmão,
principalmente dorso-caudais. Microscopicamente os septos alveolares estão espessos devido
a proliferação celular e infiltração de células inflamatórias. A pneumonia intersticial é
predominantemente proliferativa, enquanto a broncopneumonia e pneumonia lobar exsudativa.
Pneumopatia Urêmica: Ocorre nos casos de uremia crônica grave no cão, a principal lesão é
degeneração da musculatura lisa dos bronquíolos respiratórios e paredes alveolares.
Macroscopicamente o pulmão apresenta textura arenosa com distribuição difusa.
Histologicamente observa-se mineralização da musculatura lisa que pode avançar para a
parede alveolar, com acumulo de macrófagos e edema. Essa pneumopatia tende a ser uma
lesão tardia nos casos de insuficiência renal, sendo associada em conjunto a outras lesões
extrarrenais.
ALTERAÇÕES PROLIFERATIVAS
Mineralização Pleural: Ocorre com frequência nos casos de uremia, pode estar associado a
mineralização de tecidos moles por hipervitaminose D (que provoca maior absorção de cálcio),
intoxicação por Solanum malacoxylon (planta calcinogênica rica em análogo da Vit. D).
Microscopicamente observa-se estriações horizontais esbranquiçadas na pleura parietal nos
espaços intercostais craniais.
Hidrotórax: Edema na cavidade torácica, caracterizado por acumulo de líquido no tórax, nesse
caso um transudato (não inflamatório) de aspecto transparente, amarelo claro, inodoro e não
coagulado, com poucas células. Pode estar associado a insuficiência cardíaca congestiva,
hipoproteinemia, anemia, neoplasias pleurais e pancreatite. As consequências são atelectasia
compressiva de acordo com a quantidade de líquido.
Quilotórax: Acumulo de linfa rica em lipídios na cavidade torácica. A causa mais comum é a
ruptura do ducto torácico, em decorrência de traumatismos, ainda pode ser decorrente de
neoplasias e tosse intensa. Como consequência pode ocasionar atelectasia compressiva e
eventual fibrose pulmonar.
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
Piotórax: Quando o processo é exsudativo levando ao acumulo de pus na cavidade, pode ser
denominado também como Empiema da Cavidade Pleural, essa lesão pode levar a atelectasia
compressiva e toxemia e posterior choque séptico. Normalmente ocorre por extensão de
pneumonias e após ruptura de abscessos.
ALTERAÇÕES PROLIFERATIVAS