Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Figura 1.36 Cão. Micrografia de pulmão contendo célula sincicial com corpúsculo de inclusão
intracitoplasmático (seta), características histológicas de pneumonia pelo vírus da cinomose.
A fase de congestão é caracterizada por dilatação dos capilares dos septos alveolares. Esse
fenômeno se estabelece em poucas horas. Macroscopicamente, as áreas afetadas
apresentamse aumentadas de volume, de consistência um pouco mais firme do que o normal
e de coloração vermelhoescura; além disso, flui grande quantidade de sangue ao corte. Os
fragmentos, imersos em água, não submergem, uma vez que, nessa fase, ainda existe ar
dentro dos alvéolos.
Durante a fase de resolução, os agentes infecciosos são eliminados, e a fibrina é liquefeita por
substâncias líticas produzidas pelos neutrófilos. Ao final de poucos dias, o material liquefeito
ou parcialmente liquefeito é expelido ou drenado pelos linfáticos. O epitélio alveolar se
regenera, e, em curto espaço de tempo, o pulmão volta à normalidade morfológica e
funcional. O processo de resolução tem duração variável e dependente do tipo de
broncopneumonia ou da extensão e natureza da lesão. Como exemplo, uma
broncopneumonia catarral purulenta discreta entra em fase de resolução entre 7 e 10 dias, e o
pulmão volta ao normal em 3 a 4 semanas. A resolução das broncopneumonias é quase
sempre incompleta nos ruminantes e suínos, uma vez que a ventilação colateral nessas
espécies é ausente ou pouco desenvolvida, o que dificulta a expulsão do exsudato das vias
respiratórias. Por isso, a broncopneumonia nos bovinos frequentemente resulta em
atelectasia, bronquite com bronquiectasia supurada crônica e bronquiolite.
Nos casos em que a fase de resolução não evolui de forma satisfatória, podem ocorrer
complicações, como: atelectasia; fibrose do parênquima pulmonar (proliferação de tecido
conjuntivo fibroso); bronquiectasia, que é mais comum nos bovinos; necrose com formação de
abscessos, cujas causas mais comuns incluem Trueperella (Arcanobacterium) pyogenes nos
ovinos, suínos e bovinos, Bordetella bronchiseptica nos cães e Streptococcus sp. nos equinos –
eventualmente, os abscessos pulmonares podem provocar erosão vascular e hemorragia fatal
ou podem se romper para dentro da cavidade pleural, causando pleurite e piotórax; pleurite
com formação de aderências; e morte por hipoxia associada à toxemia.
Pneumonia lobar
Existe correlação entre ocorrência de pneumonia lobar e estresse. Nos bovinos, a forma mais
comum de estresse é o transporte; por isso, a causa mais comum de pneumonia lobar em
bovinos é a infecção por Mannheimia (Pasteurella) haemolytica associada a condições
estressantes, particularmente o transporte. Essa condição é conhecida como febre dos
transportes (ver pasteurelose pulmonar bovina, na seção sobre doenças específicas). Alguns
estudos evidenciam a participação de agentes virais na patogênese da febre dos transportes,
inclusive com potencial participação do coronavírus respiratório bovino. As causas mais
comuns de pneumonia lobar nas diferentes espécies domésticas estão listadas na Tabela 1.3.
Quanto ao curso, a pneumonia lobar pode ser classificada em superaguda e aguda. Nesses
casos, geralmente o processo não progride para cronicidade devido à evolução rápida e à alta
taxa de letalidade. Quanto ao tipo de exsudato, a pneumonia lobar pode ser classificada em
fibrinosa ou fibrinopurulenta (mais comum), hemorrágica ou necrótica. A exsudação de fibrina
indica que o processo inflamatório é grave, uma vez que há aumento acentuado da
permeabilidade vascular.
A ocorrência de complicações nos casos de pneumonia lobar é mais comum do que nos casos
de broncopneumonia. Tais complicações incluem: morte, que ocorre com frequência muito
maior do que nas broncopneumonias e se deve, na maioria dos casos, à hipoxia associada à
toxemia; formação de abscessos e disseminação do agente por via hematógena ou linfática;
empiema da cavidade pleural, principalmente devido ao rompimento de abscessos
pulmonares; pericardite e peritonite; fibrose; endocardite; toxemia; poliartrite fibrinosa e
meningite.
Pneumonia intersticial