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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DOENÇA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: ASMA FELINA

LUIS FELIPE FERREIRA DA SILVA


NISSANDRO BARROS WANDERLEY

Boa Vista/RR
MAR/2024
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DOENÇA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: ASMA FELINA

LUIS FELIPE FERREIRA DA SILVA


NISSANDRO BARROS WANDERLEY

Trabalho realizado para o curso de Graduação em Medicina


Veterinária, pelo Centro Universitário Estácio da
Amazônia, como requisito para obtenção de nota na
disciplina de Clínica Médica de Animais de Companhia.
Professor(a): Ana Carolina

Boa Vista/RR
MAR/2023
Sumário

RELATO DE CASO……………………………………………………………………………… 3
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO…………………………………………………………………….. 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………………. 7

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Relato de Caso

Um paciente felino, de sete meses de idade, foi adotado em uma


Organização não Governamental (ONG) apresentando secreção nasal intensa.
A nova tutora levou a colega e o paciente foi diagnosticado com rinotraqueíte
felina (causado pelo Herpesvírus tipo 1 ou FHV-1). Sendo assim, fez o uso de
doxiciclina com prednisolona por 10 dias, porém os sintomas não melhoraram
completamente, e foi reiniciado o tratamento com doxiciclina e metilprednisolona,
não havendo melhora do quadro clínico completo. Após um mês, foi realizada a
aplicação do pentabiótico a cada três dias, onde notou-se pequena melhora, com
o quadro de secreção nasal persistente. Foi solicitado um hemograma (Tabela
1) onde apresentou eosinofilia (2.604 mil/mm3), e os bioquímicos que não
apresentaram alterações.
O exame radiográfico de tórax foi realizado em duas projeções,
laterolateral direito e outra ventrodorsal, sendo possível observar uma
opacificação de campos pulmonares de padrão broncointersticial, não
descartando broncopatia. Por conseguinte, iniciou-se o tratamento para asma
felina, pois junto aos exames e novos relatos da tutora que pode observar melhor
no novo lar, relatando ao colega que as crises aumentaram após as idas à caixa
de areia (Figura1).
O novo tratamento escolhido foi o uso de Seretide (medicamento de uso
humano) que é composto por xinafoato de salmeterol e propionato de fluticasona
spray de 25mcg/125mcg. Atualmente o paciente apresenta algumas crises de
tosse e espirros, e durante as crises faz uso de uma a duas vezes ao dia do
medicamento de forma inalada.
A literatura descreve alguns medicamentos para tratar asma felina, sendo
eles a fluticasona ou salbutamol (Flixotide® ou Ventoline® respectivamente). O
uso de broncodilatadores pode proporcionar conforto, evitando que a doença
progrida. Com aerossolterapia realizou-se o tratamento de forma local e evita-se
o uso de corticoides sistêmicos e efeitos negativos de uso prolongado
(MARAILLON, 2013). Segundo Ettinger et al. (2014), broncodilatadores agonista
beta podem ser utilizados em emergência, para o controle ou de forma contínua,
podendo diminuir o uso de esteroides, resultando em broncodilatação e
relaxamento do músculo liso das vias aéreas.

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Anti-inflamatório não esteroides (AINEs) não são aconselhados, pois
favorecem a produção de leucotrienos e estimulam a contração de musculatura
lisa (MARAILLON, 2013). Já a atropina, sendo um fármaco anticolinérgico, não
deve ser utilizada, embora seja eficiente em sua função, causando taquicardia e
produção de muco, tornando a secreção brônquica ainda mais espessa, levando
ao tamponamento de vias aéreas. (ETTINGER et al., 2014; JERICÓ, 2014). Em
50% dos casos o quadro se caracteriza de forma crônica, podendo instituir o
tratamento de uso contínuo com broncodilatador (ETTINGER et al., 2014). Em
caso de crises a prednisolona 1 mg/kg uma vez dia, e em seguida redução da
dose para 0,5mg/kg. Para gatos com resistência à comprimido, pode ser
realizado o uso de metilprednisolona injetável na dose de 10 a 20mg a cada 14
dias (ETTINGER et al., 2014). Baseado em sinais clínicos, pois paciente
apresentava secreção intensa nasal, foi instituído tratamento para rinotraqueíte
felina com o uso de um antibacteriano gram negativo e positivo, a doxiciclina.
Pertencente às tetraciclinas, é eficiente para diversas infecções, sendo as do
trato respiratório como pneumonia e broncopneumonia causadas por alguns
agentes, Bordetella bronchiseptica, Streptococcus spp., Staphylococcus spp.,
Mycoplasma spp. entre outros (DOXITRAT, 2023). Após persistência de
sintomas, o antimicrobiano foi trocado para pentabiótico, antimicrobiano da
classe beta-lactâmica (SHOTAPEN, 2019).
Segundo Jericó (2014), 1% dos felinos podem desenvolver a asma, não
sendo uma afecção de elevada prevalência na rotina clínica de um médico
veterinário, porém é importante o conhecimento da afecção pois, o prognóstico
varia de acordo com a precocidade do diagnóstico.
Segundo Ettinger (2014), após a crise asmática, em grande maioria dos
casos pôde-se ter sensibilidade traqueal e crepitações durante a ausculta
pulmonar, assim como no caso do felino apresentado, em que houve crepitação
perceptível na ausculta pulmonar. Em literatura se descreve o uso de corticoides,
antimicrobianos e broncodilatadores, atualmente o felino não tem acesso a rua
e não tem acesso a outros contactantes, duas vezes ao dia faz o uso de
SERETIDE, como descrito em DECIAN, 2019. Abaixo exames do felino relatado.

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Tabela 1 - Leucograma alterado

Resultado Referência

Eosinófilos 14%/ 2.604 mil/mm3 2-12%/0 - 1.500mil/mm3

Figura 1. Felino durante a crise de tosse após a ida a caixa de areia.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

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Conclusão

A asma felina é uma doença sem características patognomônicas,


exigindo uma leitura apurada do veterinário em relação a anamnese, exames
clínicos, de imagem e laboratoriais. O diagnóstico correto será de total
importância para a condução do tratamento que determinará a qualidade de vida
do felino.
O tratamento é feito de forma contínua, e a medicação de rotina escolhida
é o salmeterol (broncodilatador) associado a fluticasona (corticosteróide) em
forma de aerossol. O uso dessas medicações de ação local evita os efeitos
adversos sistêmicos contribuindo para a conservação da saúde do paciente. Em
casos de crise respiratória se faz necessário o uso de oxigenoterapia associado
a medicações mais potentes como terbutalina (broncodilatador) por via parental
podendo associar a fosfato sódico de dexametasona (anti inflamatório) por via
intravenosa (IV) ou intramuscular (IM).
Até a estabilização do paciente para que possa dar andamento a
medicação de rotina, se faz necessário a utilização de anti inflamatórios
sistêmicos. O fármaco de escolha geralmente é prednisolona, por via oral, em
pacientes que não permitem contenção para esse tipo de via administrativa pode
ser feito corticosteroides injetáveis de longa duração como acetato de
metilprednisolona, por via intramuscular, a cada duas a oito semanas.
É importante manter o tutor ciente sobre a necessidade constante de
acompanhamento médico do felino para acompanhamento da progressão da
doença e ajustes de medicação, assim promovendo qualidade de vida para o
paciente

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Referências Bibliográficas

• BARROS, Amanda Carolina Brito. Asma felina: revisão de literatura. 2022.


Trabalho de conclusão de curso – Curso de Medicina Veterinária – Centro
Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos, Gama, 2022.
• DECIAN, Angela. Asma e bronquite crônica em gatos domésticos. 2019.
Monografia (especialização em Clínica Médica de Felinos Domésticos) – Curso
de Veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.
• ETTINGER , Stephen ; FELDMAN, Edward. Tratado de medicina interna
veterinária: Doenças do cão e do gato. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan
Ltda, 2004. 577-578 p. v. 1. ISBN 9788527709019.
• IGNÁCIO, Thames Camargo et al. Diagnóstico de asma em um felino –
relato de caso. XXVII Congresso de Iniciação Científica, n o 27, 2018.
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.
• JERICÓ, Marcia Marques. Tratado de medicina interna de cães e gatos.
1. ed. São paulo: Roca, 2014. 852-856 p. v. 1. ISBN 8527726436.

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