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Porto Alegre
2016
MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE
Prefeito: José Fortunati
Vice-prefeito: Sebastião Melo
SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS
Secretário: Maurício Silveira de Oliveira
Secretária Adjunta: Fabiane Tomazi Borba
UNIDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Coordenação: Franco Kindlein Vicentini
PROJETOS ESPECIAIS
Equipe Veterinária: Kátia Eleonora Gueiral Lima; Franco K. Vicentini; Rejane Werenicz;
Rosana Pacheco.
Equipe Administrativa: Bárbara Silva Coelho
1. OBJETIVOS……………………………………………………………………………….5
2. JUSTIFICATIVA…………………………………………………………………………...5
2.1 Opções atuais de tratamento de Leishmaniose no Brasil e no Mundo……...…………….5
2.2 Opções disponíveis de tratamento de Leishmaniose……………………………………...6
3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO………...8
3.1 Campanhas de conscientização, e a prevenção de contágio.……………………………...9
3.1.1 Pensar no animal de rua………………………………………………………………..10
3.1.2 Pensar no animal com tutor…………………………………………………………….10
3.2 Condições atuais de Atendimento Veterinário na UMV-SEDA…………………………..11
3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos……………………………………..12
3.2.2 Descrição de Tratamento Veterinário…………………………………………………...13
3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais………………………………………………………...15
3.2.4 Infraestrutura……………………………………………………………………………15
3.2.5 Orçamento dos Laboratórios Clínico Veterinário………………………………...…….16
3.2.6 Orçamento das Distribuidoras de Medicamentos………………………………………17
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………18
REFERÊNCIAS……………………...……………………………………………………….19
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1. OBJETIVOS
Este projeto tem como objetivo propor a intervenção, atendimento e manutenção dos
pacientes caninos com suspeita de Leishmaniose em Porto Alegre.
2. JUSTIFICATIVA
Estudos recentes têm provado que a eutanásia dos caninos infectados não provocou
redução ou mesmo controle na incidência da leishmaniose visceral humana. Existem vários
outros reservatórios como o próprio homem, animais silvestres, roedores, felinos entre outros.
O controle dos cães tratados deve ser rigoroso, e consiste na realização de exames
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físicos e laboratoriais. A média de apresentação de recidivas e/ou reinfecção nos cães tratados
é de 18 meses, embora cada vez mais sejam frequentes casos de cura “clínica” que seguem
sem recidivas por 5 a 7 anos após iniciado o tratamento.
Estibogliconato de sódio (Pentostam), 15 mg/kg, 2 vezes por dia, via subcutânea, por 30 dias, e
2 alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, via oral, por tempo indeterminado.
Anfotericina B (Fungison) 0,6 mg/kg intravenosa, diluído em 100 ml dextrose a 5 por cento, 2
3 vezes por semana, por 8 semanas, e alopurinol, 10 a 20 mg, 2 vezes por dia, durante tempo
indeterminado
Anfotericina B lipossomal (Ambisone), 4 mg/kg intravenosa, 1 vez ao dia por cinco dias e
4 alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, durante tempo indeterminado.
Imunoterapia (leishmune), dois liofilizados com um diluente, em três aplicações, a cada 21 dias,
5 via subcutânea, com reforços a cada 6 meses com uma aplicação e alopurinol (Zilorick), 10 a 20
mg/kg, 2 vezes/dia, via oral, por tempo indeterminado.
Miltefosine (Milteforan), 2 mg/kg, 1 vez ao dia via oral, por 28 dias, e alopurinol, 10 a 20
7 mg/kg, duas veze ao dia, durante tempo indeterminado.
Metronidazol 25 mg/kg, 1 vez ao dia, associado à Espiramicina (150.000 UI/kg, 1 vez ao dia,
por via oral por 90 dias levam a um resultado satisfatório de cura clínica. IMIDAZÓIS Relata-
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se também o uso dos imidazóis (cetoconazol e miconazol) e triazóis (fluconazol e itraconazol).
Antibióticos do grupo das fluoro quinolonas – Marbofloxacino-2 mg/kg 1 vez ao dia, por via
9 oral, por 28 dias
De acordo com este mesmo autor, o principal modo de transmissão do parasito para o
ser humano e outros hospedeiros mamíferos é por picada de fêmeas de artrópodes infectados.
Adaptados a diversas áreas, desenvolvem-se em ambientes terrestres úmidos e ricos em
matéria orgânica, com baixa incidência luminosa, sendo preferencialmente encontrados em
áreas de floresta, matas, sopé das serras, margens dos rios e cavernas. No entanto, no
ambiente doméstico, podem ser encontrados em peridomicílios, abrigos de animais,
galinheiros, chiqueiros, áreas de arborização abundante e também intradomiciliar.
Com base no quadro, o ideal corresponde ao mês em 550 cirurgias eletivas e 120
cirurgias não eletivas. No entanto, no último semestre deste ano, o número de produtividade
foi reduzido devido ao problema de superlotação enfrentado pela Unidade de Medicina
Veterinária, assim como a falta de materiais. Pegando com base o mês de novembro/2016,
foram realizadas 215 cirurgias eletivas, e 76 cirurgias não-eletivas.
Quanto ao Atendimento Clínico, com apenas um veterinário disponível para a
realização da consulta, o número ideal corresponde a 10 atendimentos/dia. Utilizando o total
de atendimentos realizados em Novembro/2016, que corresponde a 419, a média de
atendimento em trinta dias é de 14 atendimentos/dia.
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3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos
Nos quadros dispostos abaixo, encontra-se o esboço de um plano de ação interna e
externa, que tem como objetivo nortear o trabalho da SEDA.
No quadro abaixo estão descritas as etapas de tratamento proposta para os animais que
apresentam a Leishmaniose, segundo RIBEIRO et al., (2013):
Imunoterapia Quimioterapia Imunomodulador
• É uma maneira de • Alopurinol – 10-20 mg/kg • Domperidona: Essa droga
abordar animais a cada 12 horas, uso estimula a resposta Th1.
infectados e até doentes contínuo. Repetição a cada 6 meses.
para restaurar o sistema • Marbofloxacina; Nome comercial na Europa
imune. Utiliza-se a • Enrofloxacina; Leishguard;
vacina Leish-Tec® • Metronidazol; • Levamisol: Estimula a
associada ao alopurinol resposta Th1. Usar em dias
em cães naturalmente alternados por via oral. Uso
infectados pela contínuo;
Leishmania Infantum. • Propionibacterium acnes:
estimula a resposta Th1;
• Prednisona e dexametasona
para pacientes com as taxas
de globulinas muito
elevadas;
Quadro 8 – Etapas do tratamento
• A imunoterapia poderá ser utilizada em cães sem doença; nos doentes com titulação
baixa (RIFI 1:40 a 1:80), ou com sinais parasitológicos negativos (Citologia, IHQ e
PCR), provas normais de laboratório.
• O tratamento de Imunoterapia + Alopurinol, nos cães com doença clínica, títulos
elevados, parasitológico positivo ou não e que possuam alterações de prova de
laboratório.
• Imunoterapia + alopurinol + alternativas presentes no Brasil, são utilizadas quando o
cão não apresentou resposta, mantendo-se com os títulos elevados, assim como os
resultados das provas de laboratório.
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O Brasileish apresentou ao Ministério da Saúde, medidas que podem ser tomadas nos
estadiamentos da doença:
• Estadiamento 1: (Inicial), pode ser utilizada a imunoterapia acompanhada do
alopurinol e da domperidona.
• Estadiamento 2: (Moderado), recomenda-se o uso de alopurinol + imunoterapia +
domperidona.
• Estadiamento 3: as recomendações do IRIS, quanto ao manejo do paciente renal é o
uso de Alopurinol + imunoterapia + domperidona, pois são apresentadas várias
alterações sistêmicas.
• Estadiamento 4: Gravíssimo
Também irá propor, que após a realização do teste rápido, se negativo, estabelecer
ações e programas de educação e saúde e prevenção através da utilização de repelentes
tópicos e vacinas. Caso reagente, seguir com testes de triagem, como por exemplo, ensaio
imunoenzimático (RIFF). Se este segundo apresentar-se negativo seguir com propostas de
educação e prevenção. No caso de reagente o proprietário possui a opção de eutanásia ou se
optar pelo tratamento, esse deverá ser realizado sob as diretrizes do Brasileish, como
identificamos no fluxograma abaixo.
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3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais
Quantos os recursos materiais, a UMV-SEDA deverá dispor de espaço físico,
adequado devido a sua proximidade com o Parque Natural Municipal Saint-Hilaire. A
infraestrutura, deverá ser construída, já que os canis atuais encontram-se ocupados, e não
estão nas conformidades ideais para isolamento.
De acordo com a Lei Complementar Nº 694, de 21 de maio de 2012, do Município de
Porto Alegre, Art. 22, Inciso I: a) 1m² (um metro quadrado), por animal de até 10kg (dez
quilogramas); b) 2,5m² (dois vírgula cinco metros quadrados), por animal com peso superior a
10kg (dez quilogramas) e de até 20kg (vinte quilogramas); e c) 5m² (cinco metros quadrados),
por animal com peso superior a 20kg (vinte quilogramas);
Portanto, para atender 100 animais, utilizando a medida de 5m², e albergando no
máximo 5 cães de 10 kg, teremos de construir 20 canis. Serão necessários aproximadamente
240 metros lineares de tela metálica, e mais de 340 metros lineares de tela especial de
mosquiteiro com de 1 mm de espessura, de forma que o canil seja coberto integralmente.
3.2.4 Infraestrutura
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leishmaniose é uma doença grave e de grande apelo para a saúde pública. Porém
esta realidade deve ser enfrentada com responsabilidade e sensibilidade. Sabe-se que o
canicídio proposto no passado não se enquadra mais no mundo atual, pois não acompanhada a
evolução da Medicina Veterinária, que já propõem
hoje formas de controle e tratamento da doença.
Aqui neste trabalho, procuramos propor de acordo com as condições oferecidas por
esta Secretaria uma forma de intervenção nas regiões afetadas, assim como o controle e
tratamento dos animais positivos e sintomáticos. Também é de extrema necessidade a
realização de ações educativas, que tratam do cuidado dos animais, da prevenção da doença,
dos cuidados higienistas, e para com o meio ambiente, além de promover o controle
reprodutivo, e imunológico destes animais que são de grande importância neste processo.
Sabemos que a Leishmaniose ainda é de difícil diagnóstico, mesmo que o controle e o
tratamento tenham evoluído, porém as metodologias de diagnóstico buscam minimizar os
resultados falsos positivos ou negativos e identificar realmente os animais infectantes, que são
o verdadeiro alvo de maior atenção e acompanhamento.
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REFERÊNCIAS
AMORIM, Izabela Ferreira Gontijo de; SILVA, Magno de; FIGUEIREDO, Maria Marta;
MOURA, Eliane Perlatto; CASTRO, Rodrigo Soares; LIMA, Tatjana Keesen de Souza. Toll
receptores do tipo-2 e CR3 Expression of Canine monócitos e sua correlação com imuno-
histoquímica e Xenodiagnóstico na Leishmaniose Visceral. 6 ed. Costa Rica: PLoS ONE,
2011. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3227600/. Acesso em:
10 dez. 2016.
NOGUEIRA, Fabio dos Santos; RIBEIRO, Vitor Márcio (Org.). Leishmaniose Visceral. In:
JERICÓ, Márcia Marques; ANDRADE NETO, João Pedro de; KOGIKA, Márcia Mery
(Org.). Tratado De Medicina Interna De Cães E Gatos. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocca, 2015.
Cap. 80.
OLIVEIRA; Taismara Simas de; MIRANDA, Fernanda Guimarães; RIBEIRO, Vitor Márcio
Ribeiro; SANTOS, Renato de Lima. Análise de métodos de diagnóstico para leishmaniose
visceral canina a partir de levantamento de casos atendidos em uma clínica veterinária na
cidade de Belo Horizonte, MG. In: Revista Científica de Medicina Veterinária – Pequenos
Animais e Animais de Estimação. Curitiba: Medvet, 2011, p. 692-696
RIBEIRO, Vitor Márcio; SILVA, Sydnei Magno da; MENZ, Ingrid; TABANEZ, Paulo,
NOGUEIRA, Fábio dos Santos; WERKHAÜSER, Manfredo; FONSECA, André Luis S da;
DANTAS-TORRES, Filipe. Control of visceral leishmaniasis in Brazil: recommendations
from Brasileish. London: Parasites & Vectors, 2013. Disponível:
https://parasitesandvectors.biomedcentral.com/articles/10.1186/1756-3305-6-8. Acesso em:
10 de dezembro de 2016
RIBEIRO, Vitor Márcio. Leishmaniose. In: Roza, Marcello Rodrigues; De Nardi, Andrigo
Barboza. (Org.). PROMEVET Pequenos Animais: Programa de Atualização em Medicina
Veterinária. 1 ed. Porto Alegre: Artmed Panamericana, 2016, v. 3, p. 107-142.
RIBEIRO, Vitor Márcio; BAHIA, Eduardo Matos; TELES, Pedro Paulo Abreu. Evaluation
of immunotherapy assessment Leishtec® associated with allopurinol in dogs naturally
infected by Leishmania infantum – Preliminary results. In: WORLDLEISH5 Fifth World
Congress on Leishmaniasis, 2013, Porto de Galinhas. WORLDLEISH5 Fifth World Congress
on Leishmaniasis. IPOJUCA, 2013. v. i. p. P630-P630.