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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE

SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS

PROJETO DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO DOS


PACIENTES CANINOS COM SUSPEITA LEISHMANIOSE NO MUNICÍPIO DE
PORTO ALEGRE

Porto Alegre
2016
MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE
Prefeito: José Fortunati
Vice-prefeito: Sebastião Melo
SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS
Secretário: Maurício Silveira de Oliveira
Secretária Adjunta: Fabiane Tomazi Borba
UNIDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Coordenação: Franco Kindlein Vicentini
PROJETOS ESPECIAIS
Equipe Veterinária: Kátia Eleonora Gueiral Lima; Franco K. Vicentini; Rejane Werenicz;
Rosana Pacheco.
Equipe Administrativa: Bárbara Silva Coelho

SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS ANIMAIS


Rua Uruguai, 155 7° andar – Centro Histórico – Porto Alegre
UNIDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
Estrada Bérico José Bernardes, 3489 – Planalto – Viamão
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Protocolo de Medicamentos e Tratamento da Leishmaniose……………………...6


Quadro 2 – Descrição dos sintomas da Leishmaniose…………………………………………9
Quadro 3 - Levantamento de vagas para acolhimento na UMV-SEDA………………………11
Quadro 4 – Número ideal de procedimentos realizados……………………………………...11
Quadro 5 – Fluxo de atendimento externo……………………………………………………12
Quadro 6 – Fluxo de atendimento interno……………………………………………………12
Quadro 7 – Fluxo de atendimento/tratamento………………………………………………..12
Quadro 8 – Etapas do tratamento……………………………………………………………..13
Quadro 9: Método de ação proposto pelo Brasileish/Equalis...………………………………14
Quadro 10: Valores dos exames para tratamento da leishmaniose…………………………...16
Quadro 11: Valores dos medicamentos para tratamento da leishmaniose………...………….17
SUMÁRIO

1. OBJETIVOS……………………………………………………………………………….5
2. JUSTIFICATIVA…………………………………………………………………………...5
2.1 Opções atuais de tratamento de Leishmaniose no Brasil e no Mundo……...…………….5
2.2 Opções disponíveis de tratamento de Leishmaniose……………………………………...6
3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO………...8
3.1 Campanhas de conscientização, e a prevenção de contágio.……………………………...9
3.1.1 Pensar no animal de rua………………………………………………………………..10
3.1.2 Pensar no animal com tutor…………………………………………………………….10
3.2 Condições atuais de Atendimento Veterinário na UMV-SEDA…………………………..11
3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos……………………………………..12
3.2.2 Descrição de Tratamento Veterinário…………………………………………………...13
3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais………………………………………………………...15
3.2.4 Infraestrutura……………………………………………………………………………15
3.2.5 Orçamento dos Laboratórios Clínico Veterinário………………………………...…….16
3.2.6 Orçamento das Distribuidoras de Medicamentos………………………………………17
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………18
REFERÊNCIAS……………………...……………………………………………………….19
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1. OBJETIVOS

Este projeto tem como objetivo propor a intervenção, atendimento e manutenção dos
pacientes caninos com suspeita de Leishmaniose em Porto Alegre.

2. JUSTIFICATIVA

Estudos recentes têm provado que a eutanásia dos caninos infectados não provocou
redução ou mesmo controle na incidência da leishmaniose visceral humana. Existem vários
outros reservatórios como o próprio homem, animais silvestres, roedores, felinos entre outros.

A leishmaniose na população felina é uma doença subdiagnosticada com


comportamento crônico e em grande parte assintomática. Não há controle vacinal para a
espécie felina e portanto nesta, o uso das coleiras com inseticida faz-se de grande importância.
Apesar de a eliminação de cães ser medida de controle recomendada pela OMS e pela
organização Pan-Americana de Saúde (OAS), essas entidades também reconhecem o baixo
impacto ambiental que tal medida tem alcançado.

Nos países desenvolvidos, a eutanásia se reserva para animais sintomáticos, com


recidivas e quando o proprietário faz a opção por esta medida. Temos ciência sobre a
diferença enfrentada na medicina do coletivo e na medicina do paciente individual e a partir
desta estabelecemos uma proposta de controle e tratamento para aqueles caninos com tutor e
ou responsável disposto a tratar e se responsabilizar tanto pelo tratamento e manutenção do
indivíduo positivo.

A Secretaria Especial Dos Direitos Animais, Município de Porto Alegre, deverá


possuir verba e subsídios para a identificação, proteção, controle, manutenção e tratamento
dos animais positivos assintomáticos e positivos doentes. Faz-se necessário também um local
adequado em espaço e proteção para albergagem daqueles que por ventura ficarem sob
responsabilidade da secretaria.

2.1 Opções atuais de tratamento de Leishmaniose no Brasil e no Mundo

O tratamento da leishmaniose visceral não é novidade no mundo científico. A


patologia não é uniformemente fatal e sabe-se ainda que alguns cães podem apresentar cura
permanente. Na Europa, o tratamento da Leishmaniose visceral vem sendo realizado há 50
anos, inclusive de modo preventivo.

O controle dos cães tratados deve ser rigoroso, e consiste na realização de exames
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físicos e laboratoriais. A média de apresentação de recidivas e/ou reinfecção nos cães tratados
é de 18 meses, embora cada vez mais sejam frequentes casos de cura “clínica” que seguem
sem recidivas por 5 a 7 anos após iniciado o tratamento.

2.2 Opções disponíveis de tratamento de Leishmaniose


Segundo RIBEIRO; NOGUEIRA (2015), os principais medicamentos e protocolos de
tratamento da leishmaniose visceral canina são:

Antimoniato de n-metilglucamina (Glucantine), 50 mg/kg, duas vezes ao dia, via subcutânea,


1
por 30 dias, alopurinol, 10 a 20 mg, duas vezes ao dia, via oral, por tempo indeterminado.

Estibogliconato de sódio (Pentostam), 15 mg/kg, 2 vezes por dia, via subcutânea, por 30 dias, e
2 alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, via oral, por tempo indeterminado.

Anfotericina B (Fungison) 0,6 mg/kg intravenosa, diluído em 100 ml dextrose a 5 por cento, 2
3 vezes por semana, por 8 semanas, e alopurinol, 10 a 20 mg, 2 vezes por dia, durante tempo
indeterminado

Anfotericina B lipossomal (Ambisone), 4 mg/kg intravenosa, 1 vez ao dia por cinco dias e
4 alopurinol, 10 a 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, durante tempo indeterminado.

Imunoterapia (leishmune), dois liofilizados com um diluente, em três aplicações, a cada 21 dias,
5 via subcutânea, com reforços a cada 6 meses com uma aplicação e alopurinol (Zilorick), 10 a 20
mg/kg, 2 vezes/dia, via oral, por tempo indeterminado.

Aminosidina (Aminofarma), 10 mg/kg, 2 vezes ao dia, subcutânea por 30 dias e alopurinol, 10 a


6 20 mg/kg, 2 vezes ao dia, via oral por tempo indeterminado.

Miltefosine (Milteforan), 2 mg/kg, 1 vez ao dia via oral, por 28 dias, e alopurinol, 10 a 20
7 mg/kg, duas veze ao dia, durante tempo indeterminado.

Metronidazol 25 mg/kg, 1 vez ao dia, associado à Espiramicina (150.000 UI/kg, 1 vez ao dia,
por via oral por 90 dias levam a um resultado satisfatório de cura clínica. IMIDAZÓIS Relata-
8
se também o uso dos imidazóis (cetoconazol e miconazol) e triazóis (fluconazol e itraconazol).

Antibióticos do grupo das fluoro quinolonas – Marbofloxacino-2 mg/kg 1 vez ao dia, por via
9 oral, por 28 dias

Imunomoduladores – A imunomodulação associada ao tratamento convencional pode ser a


chave para o sucesso. Os imunoestimulantes relacionados ao tratamento da LVC, Levamizol,
10 domperidona, citocinas, bactérias, vitaminas e antígenos derivados do parasito (imunoterapia
direta)

Quadro 1 – Protocolo de Medicamentos e Tratamento da Leishmaniose


7
O tratamento do animal tem como objetivo: 1 – tratar o canino com leishmaniose
viceral com a finalidade da promoção da cura clínica e física do animal; 2 – reduzir a carga
parasitária a fim de neutralizar a capacidade de transmissão; 3 – restaurar a resposta imune
adequada (Th1); 4 – prevenir recaídas.
RIBEIRO; NOGUEIRA (2015), também aponta que, atualmente no Brasil, o
programa de controle da Leishmaniose Visceral proposto pelo Ministério da Saúde baseia sua
estratégia em medidas que visam a redução da morbidade e da mortalidade com a detecção
precoce e o tratamento dos casos humanos, bem como a redução dos riscos de transmissão por
meio de controle de vetores e reservatórios domésticos e pela eliminação de cães
soropositivos.

Nos países desenvolvidos, a eutanásia se reserva para animais sintomáticos, com


recidivas e quando o proprietário faz a opção por esta medida. Os estudos atuais com base em
modelagens matemáticas apontam que o controle de vetores e a vacinação de cães seriam
mais eficazes. Controle ambiental, assim como utilização de coleiras impregnadas com
deltametrina 4% mostrou-se eficaz, tanto nos estudos laboratoriais quanto em campo,
causando queda na taxa de infecção nos cães de área endêmica.

Outros inseticidas tópicos na forma de spray (permetrina) ou


spot-on (imidacloprida, combinada com permetrina ou
permetrina isolada) apresentam excelentes resultados na
proteção individual dos animais, assim como repelentes naturais
atualmente utilizados, como a essência de citronela e o extrato
de neen (Azadirachta indica) (RIBEIRO; NOGUEIRA, 2015
apud SOLANO; KOUTINAS; CARDOSO; FERRER, 2009,
P.1-18).

Portanto, quanto as medidas de controle podemos citar: 1 – A organização de


campanhas maciças de castração nas localidades de risco a fim de evitar a veiculação da
Leishmaniose, tanto pela transmissão venérea como a vertical, ou seja, de mães para filhos; 2
– Nos bancos de sangue, a realização do PCR nas bolsas de sangue, a fim de determinar a
ausência da Leishmaniose; 3 – O uso de colares inseticidas respeitando as datas de troca; 4 –
A realização de testes sorológicos de triagem e sorologia; 5 – A vacinação para profilaxia e
tratamento; 6 – A educação em saúde; 7 – Imunoterapia com o uso da vacina e
imunoestimulantes.
8

3. METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO, ATENDIMENTO E MANUTENÇÃO

As leishmanioses são enfermidades infecciosas não contagiosas, causadas por


diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania. Dependendo da apresentação
clínica e dos diferentes agentes etiológicos, apresenta-se sob várias maneiras: leishmaniose
tegumentar, que se divide nas formas cutânea, mucocutânea e cutânea difusa; leishmaniose
visceral, com apresentação clínica mais grave e fatal da doença; leishmaniose dérmica pós-
calazar. De acordo com RIBEIRO; NOGUEIRA, (2015), p. 718:

A migração constante de pessoas para grandes centros urbanos,


devido fatores econômicos, demográficos, culturais, políticos,
religiosos e ambientais, associada a condições higiênico-
sanitárias inadequadas e a ocorrência de doenças
imunossupressoras, bem como a adaptação do vetor, mosquito
palha, nestas áreas têm contribuído para maior incidência e
letalidade da doença.

De acordo com este mesmo autor, o principal modo de transmissão do parasito para o
ser humano e outros hospedeiros mamíferos é por picada de fêmeas de artrópodes infectados.
Adaptados a diversas áreas, desenvolvem-se em ambientes terrestres úmidos e ricos em
matéria orgânica, com baixa incidência luminosa, sendo preferencialmente encontrados em
áreas de floresta, matas, sopé das serras, margens dos rios e cavernas. No entanto, no
ambiente doméstico, podem ser encontrados em peridomicílios, abrigos de animais,
galinheiros, chiqueiros, áreas de arborização abundante e também intradomiciliar.

Mamíferos pertencentes à família Canidae, principalmente o cão doméstico, são


apontados como a principal fonte de infecção para os flebotomíneos em ambiente urbano,
quer pela alta prevalência da doença nesta espécie ou pela grande quantidade de parasitos na
pele, tornando-os alvo principal para o controle da doença. A patologia em felinos também
tem sido registrada nos últimos anos no Brasil e em diversas partes do mundo. São implicados
ainda na transmissão urbana, roedores, gambás e o próprio ser humano, além de cachorro
vinagre, chacal, lobo, raposa, edentados, procionídeos e primatas, sendo estes contaminados
preferencialmente no ambiente silvestre.

Atualmente, estudos estão sendo conduzidos para verificar a importância de


ectoparasitas na transmissão da leishmaniose visceral canina. Acredita-se que, na ausência de
flebótomos, a doença possa ocorrer possivelmente pela existência de outros ectoparasitas de
cães como Ctenocephalides felis e Rhipicephalus sanguíneos (pulgas e carrapatos).
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3.1 Campanhas de conscientização, e a prevenção de contágio


As populações de baixa renda são as mais afetadas na ocorrência de epidemias, o que
tornam ações educativas instrumentos necessários para o controle, prevenção e eliminação de
doenças. Assim como as campanhas desenvolvidas para a prevenção da dengue, as de
combate a Leishmaniose estão ligadas as práticas campanhistas/higienistas, voltadas para o
combate ao vetor. Tais práticas devem recomendar a população, os seguintes métodos de
prevenção:
• Manter a casa limpa e o quintal livre dos criadouros de insetos. O mosquito-palha vive
nas proximidades das residências, preferencialmente em lugares úmidos, mas escuros
e com acumulo de material orgânico;
• Se possível colocar telas nas janelas, ou usar mosquiteiros de 1 mm;
• Usar repelente;
• Embalar o lixo;
• Evitar acúmulo de fezes de animais, resto de alimentos, frutas e folhagens no quintal
ou pátio;
• Evitar as primeiras horas do dia ou ao entardecer, pois é o período de ataque;
• Cuidar bem da saúde do seu cão, mantê-lo no pátio e evitando sua circulação na rua;
• Utilização da coleira repelente;
• Afastar os animais domésticos e suas instalações da casa;
• Realização da vacina Leish-Tec®, 3 doses no primeiro ano. E manutenção com 1 dose
a cada ano;
Também é importante, que o material forneça meios de identificação dos sintomas
comuns em casos de contaminação da doença.
SINTOMAS DA LEISHMANIOSE
HUMANOS CÃES
• Febre persistente e intermitente; • Emagrecimento progressivo;
• Fraqueza; • Feridas e descamação na pela;
• Perda de apetite; • Queda anormal de pelos;
• Emagrecimento; • Aparecimento de ínguas;
• Anemia, palidez; • Crescimento anormal de unhas;
• Aumento do baço e do fígado; • Inchaço nas pernas;
• Comprometimento da medula óssea; • Sangramento pelo nariz, enter outros
• Problemas respiratórios; sintomas;
• Diarreia;
• Sangramentos na boca e nos intestinos;
Quadro 2 – Descrição dos sintomas da Leishmaniose
Deve-se ressaltar que no caso de constatação destes sintomas, tanto no paciente
humano, quanto no paciente animal, a procura de ajuda médica deve ser imediata, pois é
importante que seja realizado um diagnóstico rápido e por conseguinte o tratamento adequa-
10
do, pois já que a doença apresenta alta taxa de mortalidade.

3.1.1 Pensar no animal de rua


A Leishmaniose é uma doença crônica, possui cura clínica e física mas, não a
parasitológica. O paciente necessita de constante controle assim como novas avaliações a cada
6 meses. Podem ocorrer recidivas ou reinfecções. É necessário o uso de colares inseticidas
assim como de repelentes nos animais infectados e nos saudáveis.
É de suma importância o manejo ambiental e animal. Campanhas de esterilização em
massa assim como vacinação e atendimento clínico para restabelecimento do quadro
imunológico tornam-se vitais. Visto que, no presente momento, existe impossibilidade da
manutenção de um tratamento a longo prazo dos animais de rua em Porto Alegre devido a
escassez de recursos do Município, faz-se necessário o estabelecimento de protocolos e
normativas a fim de determinar o comportamento adequado para cada caso, pois o tratamento
adequado é contínuo e necessita da realização de exames de triagem constantes o que
impossibilita a manutenção de um paciente sem tutor. Mesmo que medicações sejam
fornecidas, há a necessidade de administração e controle dos pacientes, tornando esse
processo impossível no presente momento. Por fim, a manutenção de animais de rua, sem
tutor, positivos confirmados sintomáticos de leishmaniose, é inviável para a instituição
pública no presente momento. Nos casos de animais de rua inscritos no Projeto Animais
Comunitários, visto que o atendimento já é contemplado no termo assinado entre Secretaria e
Cuidadores, concordamos que existe a possibilidade de tratamento do mesmo, quando o
Cuidador se responsabilizar.

3.1.2 Pensar no animal com tutor


As alternativas de tratamento para animais que disponham de um tutor consiste num
primeiro momento na distribuição de material informativo que orienta de forma detalhada a
cronicidade da patologia, a responsabilidade do tutor, os riscos da doença e os custos para o
tratamento. Nestes casos, deve-se pensar a possibilidade da secretaria manter o tratamento de
animais com proprietário de baixa renda, que é o público-alvo para o atendimento. Porém,
deve-se pensar também, que embora a eutanásia não seja o ideal, talvez deva ser considerada
um recurso optativo pelo tutor, o que é aceito pelo CRMV para animais positivos
sintomáticos, ou doentes.
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3.2 Condições atuais de Atendimento Veterinário na UMV-SEDA

Atualmente, a Unidade de Medicina Veterinária encontra-se sobrecarregada em sua


capacidade de acolhimento. Na estimativa levantado no dia 19 de dezembro de 2016, como
demonstra a tabela abaixo, o número de ocupação em cada setor supera o número de vagas
ideais em 203%.

Setores Hoje- vagas ideal-vagas Veterinário


Tratamentos 40 15 Juliana Koenen
Pós- cirúrgico 38 20 Rejane Werenicz
Gatil 10 13 Rosana Pacheco
Filhotes 16 8 Rosana Pacheco
Isolamento 24 12 Camila Monteiro
Albergados 152 80 Camila Monteiro
Positivos leishmaniose 20 Nenhum Franco Vicentini
Quadro 3 - Levantamento de vagas para acolhimento na UMV-SEDA

Quanto a capacidade de atendimento, considerando que se utiliza 4 veterinários


cirurgiões no Bloco Cirúrgico, é possível fazer diariamente o número de procedimentos
demonstrados abaixo:
Cirurgias Eletivas Cirurgias Não-eletivas
25 4
Quadro 4 – Número ideal de procedimentos realizados.

Com base no quadro, o ideal corresponde ao mês em 550 cirurgias eletivas e 120
cirurgias não eletivas. No entanto, no último semestre deste ano, o número de produtividade
foi reduzido devido ao problema de superlotação enfrentado pela Unidade de Medicina
Veterinária, assim como a falta de materiais. Pegando com base o mês de novembro/2016,
foram realizadas 215 cirurgias eletivas, e 76 cirurgias não-eletivas.
Quanto ao Atendimento Clínico, com apenas um veterinário disponível para a
realização da consulta, o número ideal corresponde a 10 atendimentos/dia. Utilizando o total
de atendimentos realizados em Novembro/2016, que corresponde a 419, a média de
atendimento em trinta dias é de 14 atendimentos/dia.
12
3.2.1 Fluxograma de procedimentos externos e internos
Nos quadros dispostos abaixo, encontra-se o esboço de um plano de ação interna e
externa, que tem como objetivo nortear o trabalho da SEDA.

Quadro 5 – Fluxo de atendimento externo

Quadro 6 – Fluxo de atendimento interno

Quadro 7 – Fluxo de atendimento/tratamento


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* O tratamento para leishmaniose é possível, porém é caro e continuo. Devido a isso, é
necessário termos ciência dos recursos que poderemos dispor para o tratamento dos animais
com proprietários de baixa renda; averiguar a possibilidade de parcerias público-privadas, a
fim de viabilizar o tratamento e possibilitar ao dono de continuá-lo; ou se será apenas
oferecida a eutanásia como recurso de contenção da endemia devido aos recursos escassos
tanto do município quanto do indivíduo.

3.2.2 Descrição de Tratamento Veterinário

No quadro abaixo estão descritas as etapas de tratamento proposta para os animais que
apresentam a Leishmaniose, segundo RIBEIRO et al., (2013):
Imunoterapia Quimioterapia Imunomodulador
• É uma maneira de • Alopurinol – 10-20 mg/kg • Domperidona: Essa droga
abordar animais a cada 12 horas, uso estimula a resposta Th1.
infectados e até doentes contínuo. Repetição a cada 6 meses.
para restaurar o sistema • Marbofloxacina; Nome comercial na Europa
imune. Utiliza-se a • Enrofloxacina; Leishguard;
vacina Leish-Tec® • Metronidazol; • Levamisol: Estimula a
associada ao alopurinol resposta Th1. Usar em dias
em cães naturalmente alternados por via oral. Uso
infectados pela contínuo;
Leishmania Infantum. • Propionibacterium acnes:
estimula a resposta Th1;
• Prednisona e dexametasona
para pacientes com as taxas
de globulinas muito
elevadas;
Quadro 8 – Etapas do tratamento
• A imunoterapia poderá ser utilizada em cães sem doença; nos doentes com titulação
baixa (RIFI 1:40 a 1:80), ou com sinais parasitológicos negativos (Citologia, IHQ e
PCR), provas normais de laboratório.
• O tratamento de Imunoterapia + Alopurinol, nos cães com doença clínica, títulos
elevados, parasitológico positivo ou não e que possuam alterações de prova de
laboratório.
• Imunoterapia + alopurinol + alternativas presentes no Brasil, são utilizadas quando o
cão não apresentou resposta, mantendo-se com os títulos elevados, assim como os
resultados das provas de laboratório.
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O Brasileish apresentou ao Ministério da Saúde, medidas que podem ser tomadas nos
estadiamentos da doença:
• Estadiamento 1: (Inicial), pode ser utilizada a imunoterapia acompanhada do
alopurinol e da domperidona.
• Estadiamento 2: (Moderado), recomenda-se o uso de alopurinol + imunoterapia +
domperidona.
• Estadiamento 3: as recomendações do IRIS, quanto ao manejo do paciente renal é o
uso de Alopurinol + imunoterapia + domperidona, pois são apresentadas várias
alterações sistêmicas.
• Estadiamento 4: Gravíssimo

Também irá propor, que após a realização do teste rápido, se negativo, estabelecer
ações e programas de educação e saúde e prevenção através da utilização de repelentes
tópicos e vacinas. Caso reagente, seguir com testes de triagem, como por exemplo, ensaio
imunoenzimático (RIFF). Se este segundo apresentar-se negativo seguir com propostas de
educação e prevenção. No caso de reagente o proprietário possui a opção de eutanásia ou se
optar pelo tratamento, esse deverá ser realizado sob as diretrizes do Brasileish, como
identificamos no fluxograma abaixo.

Quadro 9: Método de ação proposto pelo Brasileish/ Equalis

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3.2.3 Recursos Materiais e Imateriais
Quantos os recursos materiais, a UMV-SEDA deverá dispor de espaço físico,
adequado devido a sua proximidade com o Parque Natural Municipal Saint-Hilaire. A
infraestrutura, deverá ser construída, já que os canis atuais encontram-se ocupados, e não
estão nas conformidades ideais para isolamento.
De acordo com a Lei Complementar Nº 694, de 21 de maio de 2012, do Município de
Porto Alegre, Art. 22, Inciso I: a) 1m² (um metro quadrado), por animal de até 10kg (dez
quilogramas); b) 2,5m² (dois vírgula cinco metros quadrados), por animal com peso superior a
10kg (dez quilogramas) e de até 20kg (vinte quilogramas); e c) 5m² (cinco metros quadrados),
por animal com peso superior a 20kg (vinte quilogramas);
Portanto, para atender 100 animais, utilizando a medida de 5m², e albergando no
máximo 5 cães de 10 kg, teremos de construir 20 canis. Serão necessários aproximadamente
240 metros lineares de tela metálica, e mais de 340 metros lineares de tela especial de
mosquiteiro com de 1 mm de espessura, de forma que o canil seja coberto integralmente.

Quanto a medicações o ideal é a utilização: de Marbofloxacina (Marbopet);


Alopurinol; Enrofloxacina; Metronidazol; Milteforan da Virbac (lançamento em
janeiro/2017); Domperidona; Levamisol; Prednisona; Coleiras Inseticidas (Scalibur; Seresto;
Livre; etc); Vacina Leish-Tec®. Assim como o Teste rápido para detecção. Quanto aos testes
laboratoriais citopatológico; Elisa; PCR RT da Medula. E quanto ao material humano, é ideal
que haja dois veterinários com o conhecimento da doença.

3.2.4 Infraestrutura

A Unidade de Medicina Veterinária da SEDA possui capacidade de atendimento


veterinário mensal de 300 animais. Além da realização de cirurgias eletivas e não eletivas, e
150 vagas disponíveis para albergagem e tratamento. Além dos animais albergados em casas
de passagem particulares, devido a situação de abandono (deficientes/sadios), recolhimento de
bravios sem proprietário com comprovação de mordedura.
Geograficamente, a Unidade de Medicina Veterinária encontra-se em área limítrofe do
parque Saint-Hilaire, o que torna a área inadequada para o abrigo e tratamento dos animais
com leishmaniose, pois qualquer mamífero exposto a picada do flebotomíneos infectado pode
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tornar-se um reservatório para a transmissão da patologia. O parque é um refúgio para a fauna
da região metropolitana, com uma biodiversidade composta por 12 espécies diferentes de
mamíferos, dentre eles graxaim, ouriço, gambá e mão-pelada, 47 espécies de répteis (cobras,
lagartos, lagartixas), 23 de anfíbios (sapos, pererecas e rãs), 14 espécies de peixes que
habitam a barragem e 88 espécies de aves.
É importante ressaltar que Porto Alegre, teve seu primeiro caso de óbito confirmado
pela doença apenas no ano de 2016, o que tornou necessário o estabelecimento de ações e
condutas em caráter emergencial para lida com a doença. Para isso, a estrutura construída na
UMV é de caráter emergencial, e não permanente. Os animais recolhidos na Vila das
Laranjeiras (Protásio Alves) que ficaram tutelados, foram todos encoleirados, prevenindo-se
assim a transmissão da doença, monitorados e alocados em canil telado. Assim, as
possibilidades que apresentam mais adequação seria: a terceirização em clínicas veterinárias
para atendimento destes animais, ou a construção de uma estrutura de atendimento em local
diferente do atual. Porém, as soluções ainda não resolvem o problema quanto a continuidade
deste tratamento.

3.2.5 Orçamento dos Laboratórios Clínico Veterinário

Em um levantamento preliminar, foram identificados alguns dos locais que realizam


os exames necessários para o acompanhamento do tratamento da leishmaniose.
EXAMES
TESTE
Laboratórios CITOPATOLÓGICO PCR RT/MEDULA ELISA
RÁPIDO
Lavet R$ 30,00 - R$ 55,00 R$ 55,00
Pathos R$ 18,00 R$ 140,00 R$ 70,00 R$ 80,00

Laborvet - R$ 160,00 R$ 50,00 -


Petlab - R$ 135,00 + R$ 18,00 *** R$ 75,00 + R$ 18,00 -
Tecsa - R$ 138,10* R$ 29,85 -
R$ 193,00**
*Qualitativo; **Quantitativo; ***exame não realizado pelo laboratório, 10 dias para saída dos resultados;
Quadro 10: Valores dos exames para tratamento da leishmaniose
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3.2.6 Orçamento das Distribuidoras de Medicamentos

Quanto as medicações, foi realizado um pequeno levantamento no momento, e


solicitado orçamentos que ainda não foram recebidos. O quadro abaixo mostra a faixa de
valores encontrados.
EMPRESAS
MEDICAMENTOS Importadora Bagé Centro Veterinário Barão
Pet Plantar f. 3268329
(Ibasa) f. 32224577 do amazonas f. 33365239
Marbofloxacina R$ 38,70 (27,5 mg);
- -
(margopet) R$ 77,20 (82,5)
R$11,28 (50 mg); R$ 19,90 (50 mg); R$
Enrofloxacina -
24,21(150mg) 49,90 (150 mg)
Milteforan (lançamento
- - -
em janeiro de 2017)
Alopurinol - - -
Coleira Scalibur - - -
R$ 230,00 (até 8 kg); R$ R$ 185,00 (até 10 kg); R$
Coleira Seresto -
260,00 ( superior a 8 kg) 267,00 (mais de 10 kg)
R$ 66,06 (48 cm); 70,44
Coleira Leevre -
(63 cm)
Vacina Leishtec R$ 71,98 - R$200,00
Quadro 11: Valores dos medicamentos para tratamento da leishmaniose

Também foram solicitados orçamentos para as empresas: Vetlog Distribuidora de


Produtos Veterinários; Cassul Distribuidora; Naturalmed Distribuidora de Medicamentos
Veterinários; Agrosul Produtos Agropecuários; Global Agro Negócios; Miagro Distribuidora;
Real Pet Distribuidora Ltda; Agrotimbó Distribuidora; Total Vet; Pró Ativa Distribuidora
Veterinária; Pets Life Produtos Veterinários. Porém ainda nada foi recebido.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leishmaniose é uma doença grave e de grande apelo para a saúde pública. Porém
esta realidade deve ser enfrentada com responsabilidade e sensibilidade. Sabe-se que o
canicídio proposto no passado não se enquadra mais no mundo atual, pois não acompanhada a
evolução da Medicina Veterinária, que já propõem
hoje formas de controle e tratamento da doença.
Aqui neste trabalho, procuramos propor de acordo com as condições oferecidas por
esta Secretaria uma forma de intervenção nas regiões afetadas, assim como o controle e
tratamento dos animais positivos e sintomáticos. Também é de extrema necessidade a
realização de ações educativas, que tratam do cuidado dos animais, da prevenção da doença,
dos cuidados higienistas, e para com o meio ambiente, além de promover o controle
reprodutivo, e imunológico destes animais que são de grande importância neste processo.
Sabemos que a Leishmaniose ainda é de difícil diagnóstico, mesmo que o controle e o
tratamento tenham evoluído, porém as metodologias de diagnóstico buscam minimizar os
resultados falsos positivos ou negativos e identificar realmente os animais infectantes, que são
o verdadeiro alvo de maior atenção e acompanhamento.

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REFERÊNCIAS

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