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Intoxicação por AINE em canino – relato de caso

INTOXICAÇÃO POR AINE EM CANINO: RELATO DE CASO

Canine NSAID intoxication: case report

Lenara Schalanski Krause1


Suani Raquel Gromann Lacerda2
Janaína Soder Fritzen3
Karen Caroline Bandeira4
Ana Paula Weber Fell5
Christiane de Fátima Colet6

Resumo: O uso incorreto de medicamentos anti- Abstract: Misuse of non-steroidal anti-


inflamatórios não-esteroidais (AINEs) pode causar inflammatory drugs (NSAIDs) can cause serious
graves efeitos adversos como hemorragia e adverse effects such as bleeding and ulceration. The
ulceração. O objetivo deste trabalho é relatar um aim of this paper is to report a case of NSAID
caso de intoxicação por AINE em um cão atendido poisoning in a dog treated at the Unijuí Veterinary
no Hospital Veterinário da Unijuí. O cão da raça Hospital. The male, ten-year-old Labrador breed dog
Labrador, pelagem preta, macho, dez anos de idade was admitted with a history of apathy, nausea,
deu entrada com histórico de apatia, náuseas, vômito vomiting and anorexia, the main complaints reported
e anorexia, principais queixas relatadas pelo tutor. O by the tutor. The dog has joint affection and has been
cão tem afecção articular e fez uso contínuo durante using 7.5 mg of meloxicam continuously for the last
os últimos seis meses de 7,5 mg de meloxicam. six months. Exams such as hemogram were
Foram realizados exames como hemograma, que performed, which showed erythrocytes, hemoglobin
apresentou valores de eritrócitos, hemoglobina e and hematocrit values below the desirable level, as
hematócrito abaixo do desejável, já os valores de the creatinine and urea values were extremely high.
creatinina e ureia estavam extremamente elevados. After treatment attempts were made, due to the
Após tentativas de tratamento realizadas, e devido ao constant worsening of the dog's clinical condition,
constante agravamento do quadro clínico do cão, foi euthanasia was chosen at the Veterinary Hospital
optado por eutanásia, realizada no Hospital with the authorization of the tutor.
Veterinário com a autorização do tutor.
Keywords: Medicines. Dogs. Clinical
Palavras-chave: Medicamentos. Cães. manifestations.
Manifestações clínicas.

1
Discente do curso de Farmácia da Unijuí. Bolsista de iniciação tecnológica PIBITI/CNPq. E-mail:
lenara.krause@sou.unijui.edu.br
2
Farmacêutica. Pós-graduada em Gestão e Atenção Farmacêutica. Diretora Técnica da Farmácia do Hospital
Veterinário. E-mail: suani.lacerda@unijui.edu.br
3
Farmacêutica. Mestre. Professora do curso de Farmácia da Unijuí. E-mail: janaina.fritzen@unijui.edu.br
4
Discente do curso de Farmácia da Unijuí. Bolsista de iniciação científica PIBIC/FAPERGS. E-mail:
karen.bandeira@sou.unijui.edu.br
5
Discente do curso de Farmácia da Unijuí. Bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq. E-mail:
ana.fell@sou.unijui.edu.br
6
Farmacêutica. Doutora. Professora do curso de Farmácia da Unijuí. E-mail: christiane.colet@unijui.edu.br
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RevInt - Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão
ISSN 2358-6036 – v. 9, 2021, p. 441-447.
DOI: https://doi.org/10.33053/revint.v9i1.667 441
Intoxicação por AINE em canino – relato de caso

1 INTRODUÇÃO
Atualmente percebe-se um crescimento no número de animais domésticos,
principalmente com o isolamento social causado pela pandemia do Coronavírus, pois de acordo
com Silva e Marisco (2018) eles são ótimas companhias para as pessoas e ajudam a promover
a saúde física e mental.
Os animais domésticos, como os cães, por estarem sendo tratados cada vez mais com
hábitos humanos, estão sujeitos a sofrerem com as intoxicações causadas por alimentos,
substâncias estranhas e medicamentos (MARASCHIN, 2015). A falta de informação sobre o
uso correto, principalmente sobre o tempo de utilização dos medicamentos é um dos motivos
mais comuns de intoxicação, por isso se destaca a importância de sempre medicamentos serem
usados segundo prescrição e orientações de um profissional habilitado (MARQUES;
FERRARINI, 2021).
Os anti-inflamatórios não-esteroidais são medicamentos que devem ser vendidos sob
prescrição médica, mas como não precisam da retenção de receita para que a compra seja
realizada, torna fácil o acesso a esses medicamentos que junto ao baixo custo faz com que sejam
cada vez mais utilizados de forma irracional (PEDROSO; BATISTA, 2017).
O uso racional de medicamentos é de extrema importância e caracteriza-se por utilizar
o medicamento na dose certa, respeitando o intervalo de tempo entre as doses e o período de
tratamento individualizado para cada paciente, evitando possíveis intoxicações causadas pelo
uso exagerado de medicamentos (RIBEIRO; CORTEZI; GOMES, 2018).
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) atuam no processo de inflamação pelo
mecanismo de ação de inibição das enzimas cicloxigenases (COX), tendo ação anti-
inflamatória, analgésica e antipirética. Nos cães seu uso é indicado principalmente em pós-
operatórios, situações inflamatórias em geral, musculoesqueléticas e uso crônico em osteoartrite
(GOMES, 2016). O tempo de uso de anti-inflamatórios não esteroidais como o meloxicam em
cães não deve ultrapassar quatorze dias (ANDRADE, 2017).
Os AINEs podem causar efeitos adversos gastrointestinais como hemorragia e
ulceração, que são mais comuns, também vômito, diarréia, dor abdominal, efeitos renais e
efeitos hepáticos relacionados com a toxicidade causada por sobredose do medicamento em
animais (GOMES, 2016). Sendo assim o objetivo desse trabalho é relatar um caso de
intoxicação por AINE de um cão atendido em um Hospital Veterinário.

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2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Regional do Noroeste do Estado


do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ um cão da raça Labrador, pelagem preta, macho, dez anos de
idade. O encaminhamento ocorreu por queixas relatadas de apatia, náuseas, vômito e anorexia.
Foram realizados exames bioquímicos e hematológicos, durante os sete dias de internação. O
animal teve como indicação terapêutica a hemodiálise, recurso não disponibilizado no hospital.
As informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário
do paciente e entrevista com o veterinário responsável pelo caso ocorrido no Hospital
Veterinário no ano de 2021. A publicação das informações foi autorizada pela direção do
Hospital Veterinário.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O animal incluso neste estudo durante os últimos seis meses fez uso de 7,5 mg de
meloxicam, um anti-inflamatório não-esteroidal (AINE) para tratar uma afecção articular.
O anti-inflamatório não-esteroidal meloxicam tem atividade principalmente na inibição
da enzima cicloxigenase-2 (COX-2) mediador químico responsável por desencadear o processo
inflamatório e baixa inibição da cicloxigenase-1 (COX-1) (PEDROSO; BATISTA, 2017).
Segundo Bellio et al. (2015), a COX-1 é responsável por causar vômito e diarreia, os principais
efeitos colaterais causados pelo medicamento, justificando o quadro clínico do paciente, que
além dos efeitos citados também não se alimentava e apresentava histórico de apatia.
O paciente apresentou os efeitos colaterais supracitados por fazer o uso contínuo do
medicamento meloxicam por um período de seis meses, sendo que segundo Andrade (2017) o
tratamento com meloxicam para cães não deve ultrapassar quatorze dias devido sua estreita
margem de segurança e os riscos de toxicidade.
Durante a internação do paciente foram realizados exames como hemograma, o qual
apresentou valores de eritrócitos, hemoglobina e hematócrito alterados, abaixo dos valores de
referência, conforme Tabela 1.
Segundo Carneiro et al. (2014) pacientes que utilizam meloxicam durante o período
máximo permitido, podem ter seus parâmetros hematológicos alterados, considerando que o
paciente utilizou por mais tempo do que o estabelecido pela margem de segurança, isso justifica
os resultados encontrados no hemograma.

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Tabela 1 - Resultados de exames hematológicos de duas análises de um cão da raça labrador


atendido no hospital veterinário.

SÉRIE
Valor (16/06) Valor (21/06) Referência
VERMELHA

Eritrócitos
4,28 2,24 5,5 – 8,5
(milhões∕mm³)

Hemoglobina (g∕dL) 9,10 5,0 12 – 18

Hematócrito (%) 26,3 14,5 37 – 55

VCM (fL) 61,4 64,7 60 – 77

CHCM (%) 34,6 34,5 32 – 36

RDW (%) 13,3 16,9 12 – 15

Relativo Absoluto (∕mm³) Absoluto (∕mm³)


SÉRIE BRANCA Referência
(%) (16/06) (21/06)

Leucócitos totais - 17.600 15.200 6.000 – 17.000

Neutrófilos não
1 176 456 0 – 300
segmentados

Neutrófilos
90 15.840 13.832 3.000 – 11.500
segmentados

Monócitos 3 528 304 150 – 1350

Linfócitos 6 1.056 608 1.000 – 4.800

Eosinófilos 0 0 0 150 – 1250

Basófilos 0 0 0 Raros

Plaquetas (10³∕µL) 274 275 200 – 500

Proteína plasmática
8,0 7,0 6,0 – 8,0
total (g∕dL)

No presente estudo foram observadas alterações no hemograma como reduções


significativas nos valores de eritrócitos e hematócrito indicando que o paciente apresenta uma
anemia severa, dado similar ao relatado por Vila Nova et al. (2021), no qual a anemia foi um
dos problemas causados ao cão labrador pela intoxicação por AINEs. O paciente também
apresenta uma neutrofilia, com desvio à esquerda, que pode indicar um processo infeccioso
(CAMPBELL et al., 2020).
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Os exames bioquímicos realizados para acompanhar a evolução do quadro clínico, os


dias em que foram realizados e seus respectivos valores encontram- se na Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados de exames bioquímicos de três análises de um cão da raça labrador


atendido no hospital veterinário.

Valor Valor Valor


BIOQUÍMICOS Referência
(16/06) (18/06) (21/06)

CREATININA
12,0 17,23 20,66 0,5-1,5 mg/dL
(mg/dL)

UREIA
288,0 21-59,9 mg/dL
(mg/dL)

Como pode ser observado nos resultados dos exames bioquímicos, os valores de
creatinina e ureia se encontram extremamente elevados, quando comparados com os seus
respectivos valores de referência. De acordo com Oliveira (2019) níveis plasmáticos elevados
de creatinina e ureia podem caracterizar uma insuficiência renal, o que condiz com os resultados
da ultrassonografia do paciente que identificaram rins totalmente comprometidos.
Para o tratamento do paciente no hospital foi iniciado com dipirona que é um dos
medicamentos mais utilizados para dores em cães devido seu efeito analgésico, ter um baixo
custo e ser considerada uma das mais seguras para o tratamento farmacológico (TEIXEIRA et
al., 2010).
Além deste, foi utilizada a ondansetrona devido aos episódios de náusea e vômito
apresentados pelo paciente, este medicamento é um Antagonista 5-HT3 tem alta ação
antiemética e deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática
(ANDRADE, 2017).
O uso do sucralfato foi recomendado devido às úlceras no estômago, buscando formar
uma barreira protetora, assim como o omeprazol, para reduzir acidez do estômago garantindo
a eficácia dos fármacos e a proteção da mucosa estomacal e do duodeno (STEAGALL et al.,
2020).
Não havendo melhora no quadro clínico foram incluídos metoclopramida e citrato de
maropitant, os quais são respectivamente bloqueadores dos receptores dopaminérgicos D2 na
zona quimiorreceptora disparadora do vômito e antagonista dos receptores da neurocinina 1
(NK1), que bloqueia a ação farmacológica da substância P no SNC, neuropeptídeo da família
das taquicininas (ANDRADE, 2017).

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Ao realizar um exame de ultrassonografia no animal, verificou-se que o fígado, vesícula


biliar, rim esquerdo, rim direito, bexiga e pâncreas não se encontravam fisiológicos desta forma,
considerando o agravamento do quadro clínico do paciente, foi optado por submeter o animal
a eutanásia.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os AINE são medicamentos de fácil acesso e baixo custo, mas que se não usados com
cautela no tempo e doses corretas podem causar intoxicações, como o que ocorreu no caso
relatado neste trabalho, com o uso prolongado de meloxicam.
Após as tentativas de tratamento realizadas e devido ao agravamento do quadro clínico
do cão foi optado pela a eutanásia no Hospital Veterinário, com a autorização do tutor.
O uso racional de um medicamento começa pela qualidade do produto que se está
administrando, passando pela indicação adequada e a posologia ideal. Para que casos como esse
possam ser evitados é recomendado sempre procurar ajuda de um profissional habilitado e que
siga sempre a prescrição para medicamentos de uso veterinário.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, S. F. Manual de Terapêutica Veterinária. 1ª edição Rio de Janeiro: Grupo


Editorial Nacional, 2017.

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Perfil hematológico de cães e gatos destinados à castração no município de Mineiros, GO.
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v.1, n.1, p.001-007, 2014.

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Brasília - DF. 2016.

MARASCHIN, D. K. Intoxicações em cães. 2015. Trabalho de conclusão de curso


(Graduação em Medicina Veterinária). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, 2015.

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2021. Disponível em:
http://urisantiago.br/multicienciaonline/adm/upload/v5/n8/7bd998589a4f1ee883cd5d5b6cdc6
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RIBEIRO, R. C. N.; CORTEZI, A. M.; GOMES, D. E. Utilização racional de antimicrobianos


na clínica veterinária. Open Journal Systems, v.1, n.1, 2018.

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MONTEIRO, M. W. V. Insuficiência renal crônica em labrador associada ao uso de anti-
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