Você está na página 1de 3

Archives of Health, Curitiba, v. 2, n. 4, p. 1040-1042- special edition, jul.

2021 ISSN 2675-4711

Úlceras gástricas em cães induzidas por anti-inflamatórios: como prevenir esse


problema?

Gastric ulcers in dogs induced by anti-inflammatory drugs: how to prevent this


problem?

Priscila Assunção Mussel


Instituição: Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário Presidente Antônio
Carlos – UNIPAC-JF, Juiz de Fora – Minas Gerais.

Rachel de Paiva Gonçalves


Instituição: Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária - Centro Universitário Presidente Antônio
Carlos – UNIPAC-JF, Juiz de Fora – Minas Gerais.

RESUMO
Anti-inflamatórios (AINE’s) são medicamentos de fácil acesso e de uso indiscriminado que podem
apresentar efeitos adversos principalmente no trato gastrointestinal. Esse estudo avalia como o uso
adequado AINE’s pode prevenir o aparecimento de úlcera gástricas em cães.

Palavras-chave: Anti-inflamatórios, Intoxicação, Gastrite ulcerativa.

ABSTRACT
Anti-inflammatory drugs (NSAIDs) are easily accessible and indiscriminately used drugs that may present
adverse effects, especially in the gastrointestinal tract. This study evaluates how the proper use of NSAIDs
can prevent the appearance of gastric ulcers in dogs.

Keywords: Anti-inflammatory drugs, Poisoning, Ulcerative Gastritis.

1 INTRODUÇÃO
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE’s) são fármacos utilizados, especialmente, para analgesia e
inflamações, tanto na clínica humana quanto na de pequenos animais (ALMEIDA SA, et al., 2019), gerando
efeitos adversos especialmente no trato gastrointestinal onde podem promover o aparecimento de lesões
focais. AINE’s não seletivos agem na cicloxigenase 1 (COX-1), impedindo a produção de prostaglandina,
responsável pela produção de muco gástrico no estômago, podendo gerar como consequência danos nessa
mucosa (FREITAS APB, et al., 2016). Essas lesões estomacais ocorrem na presença de ácido e pepsina,
como consequência de desequilíbrio entre fatores que protegem e prejudicam essa mucosa (ALMEIDA SA,
et al., 2019)
A toxicidade desses medicamentos é reforçada pois na circulação entero-hepática, a droga é excretada
pela bile para ser reabsorvida pelo intestino delgado, resultando em reexposição induzindo lesões
principalmente no duodeno (OLIVEIRA LB, et al., 2021). Podem ocorrer reações colaterais ao
medicamento como vômito, perda do apetite, gastrite, hemorragia e ulceração gástrica (FREITAS APB, et
al., 2016).

1040
Archives of Health, Curitiba, v. 2, n. 4, p. 1040-1042- special edition, jul. 2021 ISSN 2675-4711

2 OBJETIVOS
O presente estudo teve como objetivo investigar na literatura os prejuízos causados pelo uso de anti-
inflamatório não esteroidais na saúde do cão e medidas importantes que devem ser tomadas no sentido de
prevenir a ocorrência de agravos à saúde do animal.

3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
As doenças gástricas são causadas por vários fatores: estresse, doenças metabólicas, erros de
alimentação, infecções bacterianas, virais e parasitárias, produtos químicos, esteroides e uso de AINE’s.
Têm grande prevalência na clínica veterinária, especialmente em cães, e muitas vezes são consequência de
alterações dos mecanismos de defesa da mucosa (ALENCAR MM, et al.,2018).
A COX-1 está presente naturalmente no corpo, é envolvida em importantes funções fisiológicas, além
de ser encontrada principalmente no rim, estômago, endotélio e plaquetas. Quando inibida pode levar a
efeitos adversos como ulcerações gastrointestinais e lesões renais. Para avaliar o animal e determinar essas
possíveis lesões, é preciso de exame físico e um anamnese junto ao proprietário, onde é verificado possível
dor abdominal, é preciso requerer exames laboratoriais complementares a fim de diagnosticar uma possível
intoxicação, como hemograma e urinálise (WACHHOLZI PL, et al., 2018). A ultrassonografia abdominal
também pode ser utilizada para evidenciar alterações gástricas e renais (OLIVEIRA LB, et al, 2021).
O tratamento ideal envolve famotidina, omeprazol e misoprostol. O sucralfato também é indicado se
houver suspeita ou confirmação das lesões gástricas (confirmação por exame de ultrassonografia), pois se
trata de um antiácido, que deve ser administrado duas horas antes do bloqueador de receptores de histamina
ou bloqueador da bomba de prótons, pois exige um ambiente ácido. É preciso também utilizar
medicamentos que auxiliem na analgesia para manutenção da dor. O prognóstico é bom em animais que
recebem o tratamento imediato logo após a ingestão. Animais que ingerem uma superdosagem com início
agudo dos sinais neurológicos, perfurações gastrointestinais ou exposição crônica tem um prognostico
reservado. (Oliveira LB, et al, 2021).
Cães que recebem tratamento o mais rápido após ingesta de altas doses de AINE’s, tem bom prognóstico,
porém se as altas doses causarem maiores repercussões como perfuração gástrica o animal pode evoluir a
óbito (BATES N, 2016).

4 DISCUSSÃO
Existem poucos estudos atuais sobre o assunto apesar da úlcera e outras doenças inflamatórias gástricas
serem comuns nos cães, independente de idade ou sexo, mostrando a relevância do assunto na prática da
clínica veterinária (AMORIM I, et al.,2016.; ALENCAR MM, et al.,2018). No entanto não foram
encontrados, durante a nossa pesquisa, dados epidemiológicos atuais no Brasil o que demonstra importância

1041
Archives of Health, Curitiba, v. 2, n. 4, p. 1040-1042- special edition, jul. 2021 ISSN 2675-4711

da realização de estudos sobre esse assunto, caracterizando os medicamentos e as causas mais frequentes
desse problema.
Um aspecto importante sobre a causa das úlceras gástrica por AINE’s é que, na maioria das vezes é
causada por administração de superdosagens, sem a prescrição do médico veterinário, ou por ingesta
acidental (OLIVEIRA LB, et. al., 2021; FREITAS APB, et al., 2016). Há uma tendência mundial de
automedicação durante a pandemia de COVID-19 e esse tipo de complicação pode estar, igualmente,
aumentando (ONCHOGA DA, 2020).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
AINE’s são medicamentos eficazes para tratamento de doenças inflamatórias e agem com sucesso no
combate à dor e à febre. São medicamentos de acesso fácil e, por isso, acabam sendo usados,
indiscriminadamente, sem a prescrição do médico veterinário. Portanto, a melhor forma de prevenir danos
ao animal é conscientizando o tutor para o uso correto de medicamentos, além de cuidado ao armazená-los,
evitando ingesta acidental. Futuramente, esse estudo será enriquecido com dados regionais sobre o número
de casos durante o período da pandemia por COVID-19 em Juiz de Fora/MG.

REFERÊNCIAS

ALENCAR MM, et. al. Lesões gástricas em cães não domiciliados na cidade de Fortaleza. Ciência
Animal,2018; 28(3): 28-36.
ALMEIDA SA, et al. Análise da formação e evolução das úlceras gástricas e suas características
multifatoriais: uma revisão de bibliografia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 2019; 2: 44-45.
AMORIM I, et. al. Canine gastric pathology: a review. Journal of Comparative Pathology, 2016;154: 9-37.
BATES N. Ibuprofen toxicosis. Companion Animal, 2016; 21(6): 346–350.
FREITAS APB, et al. Úlcera gástrica por uso de diclofenaco de potássio em um cão: relato de caso. REVET
- Revista Científica do Curso de Medicina Veterinária. 2016; 3(1): 57-64.
OLIVEIRA LB, et al. Ingestão acidental de ibuprofeno por cão filhote: Relato de caso. Pubvet: 2021, 15(2):
162-169.
ONCHONGA D. A Google Trends study on the interest in self-medication during the 2019 novel
coronavirus (COVID-19) disease pandemic. Saudi Pharmaceutical Society. 2020;28(7):903–904.
WACHHOLZ PL, et al. Pneumoperitônio em cão com perforação gástrica - Relato de caso. XXVII
Congresso de Iniciação Científica. 2018.

1042

Você também pode gostar