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Diversos nutrientes e compostos bioativos são necessários

ao longo de nossa vida, para diferentes reações


metabólicas associadas à manutenção do nosso equilíbrio
orgânico, sendo a alimentação saudável e individualizada a
principal forma de atingir nossas necessidades. Em casos
de de ciências nutricionais, alguns sinais e sintomas
tornam-se evidentes e podem interferir negativamente na
nossa qualidade de vida.
Neste e-book, veja como estas correlações podem ser
observadas em nossa prática clinica, e como a alimentação
saudável pode fazer diferença neste contexto.
Nosso trato gastrointestinal é imprescindível para viabilizar
a absorção e biodisponibilidade de muitos nutrientes.
Portanto, sua integridade é muito discutida na comunidade
cientí ca, uma vez que disfunções nesse sistema podem
gerar de ciências nutricionais e, consequentemente,
diversos sinais e sintomas2.
Em primeiro instante, é importante considerar a saúde
estomacal, dado que este órgão é responsável por grande
parcela das reações digestivas.
Para esta digestão ocorrer especialmente de alimentos
proteicos a presença de ácido clorídrico é fundamental,
por ser um importante ativador de enzimas proteolíticas.
Entretanto, desequilíbrios nesta produção geram sintomas
como má digestão, eructação, náuseas, vômito e gastrite.
Alguns nutrientes são essenciais durante esse processo
incluindo zinco, magnésio e vitamina C. Por outro lado,
alterações gástricas, como na hipocloridria a de ciência de
vitamina B12 pode ocorrer, gerando alterações metabólicas
importantes.
Em decorrência de algum destes sintomas, há aumento no
risco de má digestão, que favorece o aumento de
macromoléculas mal digeridas no intestino,
desencadeando reações intestinais que envolvem o sistema
imunológico local denominado como GALT ou sistema
linfoide associado ao intestino. Assim, além da função
absortiva, o trato gastrointestinal é responsável por muitas
reações de tolerância a agentes estranhos que entram em
contato conosco, especialmente via alimentação.
Desequilíbrios na tolerância do nosso intestino podem
desencadear alergias tanto tardias, quando imediatas.
Assim, quando um indivíduo consome determinado tipo de
alimento capaz de gerar esta falha na tolerância, pode
apresentar sinais e sintomas relacionados à alergia, que
muitas vezes não são condizentes aos clássicos. Estes sinais
e sintomas são, cada vez mais, frequentes na população, e o
diagnóstico ainda não é muito claro. Dentre os sintomas,
podemos observar alterações digestivas, maior frequência
evacuatória (ou diarreia) e aumento da atulência.
Ainda, também podemos identi car sinais que não estão
associados ao intestino, mas que são potencializados de
forma indireta por esta falha na tolerância oral como
aumento na queda de cabelo, unhas fracas, dores articulares
e musculares, entre outras. Embora seja desa ador realizar
essas correlações indiretas e apontar as alergias
alimentares e a saúde intestinal como causa destas
condições, observamos que pequenas mudanças na saúde
intestinal já fazem diferença nestes potentes gatilhos.
Para isso, algumas condutas podem ser sugeridas.
Certamente, o maior aporte de bras é um dos pontos mais
relatados, como forma de otimizar o trânsito intestinal.
Além desta importante atuação, também é conhecido que
muitas bras alimentares podem contribuir com atuação
prebiótica, promovendo maior proliferação de bactérias
probióticas em nosso intestino. Essas bras podem ser
encontradas em alimentos como: banana verde, chicória,
batata yacon e maçã. Alguns compostos bioativos também
podem ser interessantes.
Análises realizadas com antocianinas (encontradas no açaí
e jambolão, por exemplo) mostram melhora da composição
de bactérias probióticas no intestino, concomitante ao
aumento de ácidos graxos de cadeia curta que favorecem
a integridade do órgão. Outra função dos compostos
bioativos em nível intestinal refere-se à redução do estresse
oxidativo que, por sua vez, está associado a diversas
morbidades.
Para enfatizar esta importância, um estudo realizado em
modelo animal indicou que a administração de polifenóis da
uva reduziu gatilhos in amatórios na mucosa, favorecendo
a saúde intestinal9. Ainda, uma análise realizada em cultura
de células intestinais de humanos indicou que a
administração de epigalocatequina galato antioxidante
presente em altas concentrações na planta Camellia
sinensis resultou em inibição da in amação induzida por
lipopolissacarides.
Portanto, a modulação do estresse oxidativo e in amação
são essenciais para a integridade intestinal, permitindo
diminuição dos sinais e sintomas que podem ser
correlacionados com o trato gastrointestinal.
Nosso fígado é responsável por diversas reações
imprescindíveis para a nossa sobrevivência. Dentre essas
reações, o processo de destoxi cação é fundamental pois
promove a biotransformação e eliminação de xenobióticos
que entram em contato com o nosso organismo. Assim a
integridade hepática pode melhorar este processo,
reduzindo os possíveis sinais e sintomas relacionados à
exposição excessiva a xenobióticos encontrados em
poluentes de ar, migrantes de embalagem e agrotóxicos.
Como exemplos de sintomas, podemos citar náuseas
frequentes, cefaleia e fadiga extrema. Diversos nutrientes
podem auxiliar as reações hepáticas, ativando fase I e fase II
de destoxi cação, sendo zinco, magnésio, vitaminas D, A, E
e do complexo B os mais relatados para estes processos. De
forma complementar, muitos compostos bioativos como
antocianinas, catequinas, resveratrol e quercetina também
auxiliam nestas reações, e podem ser encontrados em
re f e i ç õ e s r i c a s e m f r u t a s , ve r d u ra s e l e g u m e s ,
principalmente.
Com o aumento no aporte destes nutrientes e compostos
bioativos, nossa função hepática é otimizada, reduzindo
nossa exposição a agentes potencialmente tóxicos.
Nosso sistema imunológico é responsável pelo controle de
reações in amatórias e anti-in amatórias, visando
equilíbrio do nosso organismo, quando entramos em
contato com substâncias consideradas como antígenos
co m o m i c ro rg a n i s m o s e a l é rg e n o s . Q u a n d o e m
desequilíbrio, vias in amatórias são exacerbadas, gerando
sinais e sintomas ou até doenças mais graves. Como
exemplo, dores musculares e articulares são
desencadeadas por processos imunológicos, que levam à
produção de citocinas in amatórias
Como Fator de necrose tumoral (TNF-alfa) e interleucina 6
(IL-6), gerando o sintoma indesejado, tanto de forma aguda,
quanto de forma crônica. Nesta situação, o consumo de
nutrientes imunomoduladores pode ser uma interessante
estratégia, uma vez que colaboram com o equilíbrio da via,
aumentando a produção de citocinas anti-in amatórias
como a interleucina-1015. A vitamina D é um dos nutrientes
que ganha evidência neste contexto.
Em um recente estudo realizado com pacientes que relataram
dores musculares e articulares, observou-se correlação
positiva entre a de ciência de vitamina D e severidade das
dores. Além da exposição solar, a vitamina D pode ser
adquirida por alimentos fontes, como peixes e ovos. Alimentos
fontes de ômega-3 (como peixes, linhaça e beldroega)
também podem auxiliar nessa modulação. Estudos enfatizam
que a ingestão de ômega-3, em associação a bons hábitos de
vida e à prática de atividade física, ajuda a reduzir dores
associadas a algumas doenças crônicas.
O trato respiratório também é alvo de reações imunológicas
que podem resultar em rinite, sinusite, gripes e resfriados.
Estes sintomas são mais comuns em pacientes
imunologicamente vulneráveis, principalmente quando há
frequente exposição ao antígeno causador do problema.
O aumento no aporte de vitamina C é proposto para a
redução destes sintomas. Um estudo realizado com
crianças que apresentavam alterações respiratórias indicou
melhora dos sintomas, após a administração do nutriente.
Também há estudos que relacionam melhora das condições
respiratórias com aumento no aporte de zinco e vitaminas A
e E. Portanto, o aumento no aporte de nutrientes
imunomoduladores pode ser uma estratégia interessante
para amenizar a in amação, que gera sinais e sintomas que
podem reduzir a qualidade de vida do indivíduo.
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