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INTRODUÇÃO

Atualmente, os medicamentos têm o potencial de conferir grandes benefícios à população,


principalmente para aliviar sintomas comuns como dor e febre. Os antiinflamatórios estão
entre os medicamentos mais prescritos no mundo, devido a sua diversidade de indicações. Os
anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) paracetamol e nimesulida são os mais utilizados
no tratamento de dor aguda ou crônica decorrente do processo inflamatório. (Goulart et al.,
2012; Souza et al., 2011).

Os anti-inflamatórios não-esteróides (AINE) constituem uma das classes de fármacos mais


difundidas em todo mundo, abrangendo diferentes especialidades no mercado global,
utilizados no tratamento da dor aguda e crônica decorrente do processo inflamatório. Possuem
propriedades antiinflamatória, analgésica e antipirética e sua ação decorre da inibição da
síntese de prostaglandinas (PG), mediante inibição das enzimas ciclooxigenase1 (COX-1) e
ciclooxigenase2 (COX-2), criando subgrupos de anti-inflamatórios seletivos e não- seletivos
para COX-2. (ARAÚJO, 2012).

A isoforma COX-1 encontrada em vários tecidos é uma enzima constitutiva, desempenhando


função ao promover homeostasia. Por outro lado, a COX-2 é uma enzima induzida na
inflamação, influenciando os eventos vasculares. Tais enzimas estão envolvidas diretamente
na produção de prostaglandinas, as quais exercem papel importante na manutenção de órgãos
e tecidos. Ao inibir as isoenzimas e os eicosanóides, a regulação normal destes órgãos é
afetada, induzindo alterações funcionais. Devido à alta prevalência do uso de AINEs, são
evidenciadas disfunções cérebrovasculares, renais, hepáticas, cardiovasculares e trombóticas,
gastrintestinais, gestacionais e fetais, elevando o índice de morbimortalidade. (INFARMED,
2006; JANSSEN, s.d.).

Esse grupo de medicamentos deve ser empregado após fazer um balanço entre riscos e
benefícios para o paciente. A partir de estudos individuais relacionados, a seleção e
seguimento terapêutico são feitos com ênfase nas interações medicamentosas e seus riscos.
Entretanto, é a classe de medicamento mais empregada na prática clínica atualmente, o que
possibilita desenvolver ou agravar riscos ao seu uso irracional. Nesse sentido, a presença do
farmacêutico contribui diretamente na racionalização e intervenção terapêutica. Devido à
ampla escala de consumo dos AINEs, o presente estudo se torna necessário por elucidar seus
aspectos farmacológicos, enfatizando os riscos relacionados ao uso dessa classe terapêutica e

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por sua fácil aquisição, sendo assim explicado o seu uso exacerbado e indiscriminado.
(BOVO et al., 2009).

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1.1 Formulação do problema

O uso de medicamentos sem orientação pode acarretar sérias consequências à saúde da


população como diminuição da eficácia do medicamento, dependência ao mesmo, efeitos e
reações adversas, interações com outros medicamentos e até mesmo intoxicação e agravo do
quadro clínico do indivíduo (PINTO et al., 2015).

O uso dos AINE’s deve ser realizado mediante orientação especializada pois vários efeitos
indesejados como dispepsia, úlcera péptica, disfunção e falência renal e diarreia podem surgir
decorrentes do seu uso. Alem disso, o uso de AINE’s pode alterar testes de função renal,
alterar o tempo de agregação plaquetária e aumentar o tempo de sangramento
(SCHALLEMBERGER; PLETSCH, 2014).

Neste ponto o farmacêutico torna-se uma peça chave na racionalização do uso de


medicamentos (FERNANDES; CEMBRANELLI, 2015). Ele é o profissional que possui o
conhecimento teórico e científico necessário à prática da orientação e assistência no uso
adequado de medicamentos, com ou sem prescrição de receita, de acordo com a legislação
(PINTO et al., 2015).

Com base neste contexto, para evidenciar melhor a nossa pesquisa partimos da seguinte
questão:

Qual é o conhecimento dos estudantes do curso de farmácia do instituto médio de saúde


visamac sobre a utilização do anti-inflamatórios não esteroides?

1.2 JUSTIFICATIVA
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A escolha da temática desta investigação vai de encontro quer ao interesse pessoal, quer pelas
experiências vividas ao longo do percurso académico. Motivada pelo interesse despertado
durante o desenrolar dos ensinos clínicos, assim como a convivência pelo conteúdo teórico
aprendido ao longo deste percurso. Outro aspecto não menos importante que veio reforçar a
escolha da temática em estudo é o facto de verificar um aumento da morbimortalidade por
intoxicação ao longo dos tempos, e são uma das principais causas de morte e incapacidade em
todo mundo bem como em Angola, (MINSA, 2001) tornando assim uma questão de saúde
pública. Bem como a vontade de aumentar os conhecimentos sobre a mesma.
As propriedades farmacológicas dos AINE’s decorrem principalmente da ação inibitória sobre
a COX-2, enquanto as reações adversas são resultantes da inibição da COX-1. São múltiplos
os riscos evidenciados à utilização exacerbada de AINEs: riscos cerebrovasculares, renais,
hepáticos, cardiovasculares e trombóticos, gastrintestinais, gestacionais e fetais. Essa revisão
tem por objetivo descrever a classe terapêutica dos AINEs, ao evidenciar suas propriedades
farmacológicas, indicações clínicas e reações adversas; relacionar os riscos mais frequentes
associados ao seu uso crônico e irracional e ressaltar a importância da assistência
farmacêutica na seleção e seguimento da terapia.

O resultado desta investigação poderá contribuir para o melhor conhecimento dos estudantes
do curso de ciências farmacêuticas do Instituto Médio de Saúde Visamac sobre a utilização do
anti-inflamatórios não esteroides.

1.3 OBJECTIVOS
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1.4 Objectivo geral

Avaliar o conhecimento dos estudantes do curso de Farmácia do instituto médio de saúde


VISAMAC sobre a utilização dos anti-inflamatórios não esteroides no II° semestre de 2019.
1.5 Objectivo específico

 Caracterizar a população em estudo de acordo aos factores sócio–demográficos


(idade, sexo, classe de frequência, proveniência).
 Determinar o conhecimento da população em estudo de acordo ao conhecimento
sobre os anti-inflamatório não esteroide e o seu uso,
 Correlacionar os dados obtidos de acordo com as variáveis estudadas.

2. FUNDAMANTAÇÃO TEORICA

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2.1 Definição de termos e conceitos

AINES: Os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs) são um grupo terapêutico bastante


utilizado a nível Mundial e em particular na população portuguesa, (Couto, Macedo &
Ribeiro, 2010) representando simultaneamente o grupo farmacológico mais prescrito no
mundo bem como um dos grupos mais frequentes na automedicação (Cryer, 2004; Couto,
Macedo & Ribeiro, 2010).

Conhecimento: é o acto ou efeito de conhecer, ter ideia ou a noção de alguma coisa. É o


saber, a instrução e informação. (DICIONARIO BASICO DE LINGUA PORTUESA, 2014)

Estudante: é a palavra que permite fazer referência a quem se dedica à apreensão


(assimilação), à posta em prática e à leitura de conhecimentos sobre determinada ciência,
disciplina ou arte. É comum que um estudante esteja matriculado num programa formal de
estudos embora também possa dedicar-se à procura/pesquisa de conhecimentos de forma
autónoma ou informal. (DICIONÁRIO BÁSICO DE LINGUA PORTUGUESA, 2014)

Interacções medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em que os


efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração simultânea ou anterior
de outros, ou através da administração concorrente com alimentos. (SECOLI, 2001).

Medicamento, é toda a substância química apresentada como possuindo propriedades


curativas ou preventivas dos sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser
humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma acção
farmacológica, ou a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”.(OMS, 2001)

O farmacêutico é o profissional da área de saúde que possui uma formação académica


voltada para as ciências farmacêuticas, mas também com conteúdo em outras áreas
científicas. (DICIONÁRIO BÁSICO DE LINGUA PORTUGUESA, 2014).

O grupo dos AINEs é um subgrupo farmacoterapêutico extensivamente utilizado na prática


clínica, devido ao amplo espetro de indicações terapêuticas: analgésico, antipirético, anti-
inflamatório e profilático nas doenças cardíacas (AAS em baixa dose). Os anti-inflamatórios
não esteroides pertencem ao grupo dos analgésicos não opióides, no que respeita ao subgrupo
farmacoterapêutico (Burke, Smyth & Fitzgerald, 2006).

2.1 Breve historial sobre AINES.

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O controlo da dor e febre, associadas ou não a inflamação, tem sido uma preocupação
desde os mais primários na origem humana. Da casca do salgueiro (Salixalbavulgaris),
Lerouxem 1827, isolou a salicina. Mais tarde, Piria, em 1838, isolou o ácido salicílico.
Em 1844, Cahours isolou o ácido salicílico do óleo de gaultéria. Kolbe e Leutemann, em
1860, conseguiram obter o ácido salicílico através de síntese. E finalmente em 1899, foi
introduzido na prática clínica o ácido acetilsalicílico (AAS) (CARVALHO, 2010).
Com a toxicidade, principalmente gastrintestinal, procuraram sintetizar substâncias com
menos efeitos adversos. Então, em 1950, desenvolveram a fenilbutazona, o primeiro anti-
inflamatório não-salicilato. Contudo, foram observados efeitos adversos distintos, como
agranulocitose, ocasionando progressivo abandono, o qual é raramente utilizado. A partir
de 1960, foram desenvolvidos outros derivados acídicos ou não, com ações analgésicas e
anti-inflamatórias cada vez mais eficazes e menos efeitos indesejáveis (JÚNIOR, 2007;
KLIPPEL, 2001; apud MONTEIRO, et al, 2008).

Estudo da atividade anti-inflamatória do AAS demonstrou que a ação estaria ligada à


capacidade dessa substância inibir a produção de PG, por provável competição com o sítio
ativo da enzima ciclooxigenase (COX). Mais tarde, um pesquisador brasileiro, Sérgio
Ferreira, levantou a hipótese de que haveria duas isoformas dessa enzima. Somente, em 1990,
que se conseguiu comprovar que a COX é constituída por duas isoformas, com características
bem definidas, a COX-1 (fisiológica) e a COX-2 (induzida) (OLIVEIRA, 2007; apud
CHAHADE; GIORGI; SZAJUBOK, 2008).
Na tentativa de aumentar a aceitação desses fármacos pelos pacientes, reduzir a toxicidade e
aumentar sua ação anti- inflamatória, vem se desenvolvendo inúmeros AINEs (SOLOMON,
2007; BRENOL, 2000; apud MONTEIRO et al, 2008).
Em 1995, a comercialização alcançou a cifra de 2,2 bilhões de dólares, com 73 milhões de
prescrições anuais em todo mundo (SIMON, 1995 apud FERREIRA; WANNMACHER,
2006). No entanto, devido à preocupação a respeito de alguns fármacos, houve queda de 15%
nas prescrições dos AINEs desde 2004. Porém, a utilização dessa classe medicamentosa é
muito difundida no mundo e continua a se expandir (ARDOIN, 2006; apud MONTEIRO et.
al, 2008).
O primeiro anti-inflamatório seletivo lançado para comercialização foi o meloxicam.
Atualmente, existem alguns inibidores específicos para a COX-2 como o celecoxibe e o
etoricoxibe. Recentemente, novas motivações para o uso clínico e para a pesquisa foram
encontradas com a descrição de uma terceira variante da enzima COX denominada de

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cicloxigenase-3 (COX-3), porém a sua relevância ainda necessita ser melhor investigada
(CARVALHO et al., 2004; ANDRADE, 2006; BORTOLUZZI et al., 2007).

2.2Classificação dos AINES

Os AINEs constituem uma extensa classe de compostos heterogêneos com estruturas


químicas variantes, podendo ser distribuídos em classes, de acordo com seu grupo químico
(Figura 1). Admite-se que as diferenças na ação primária entre fármacos estejam na
distribuição em subclasses de acordo com sua seletividade (CARVALHO, 2010; RANG et al,
2007).
Os tradicionais AINEs inibem as mesmas enzimas de forma reversível e não- seletiva. No
entanto, existem fármacos que acetilam as isoenzimas (COX-1 e COX-2) de forma
irreversível. Sabe-se que as acções anti-inflamatórias, antipirética e analgésicas decorrem da
inibição sobre a COX-2, enquanto os efeitos indesejáveis são resultantes da inibição da COX-
1. Seus principais efeitos colaterais são gastrite, disfunção plaquetária, comprometimento
renal e broncoespasmo (CARVALHO, 2010; JÚNIOR, 2007; apud MONTEIRO, et al,
2008).
A introdução dos inibidores seletivos da COX-2 na prática clínica visa manter a eficácia anti-
inflamatória sem os efeitos gastrintestinais indesejáveis. Hoje se dispõe de alguns inibidores
seletivos da COX-2, por exemplo, os coxibes, que se ligam seletivamente ao local ativo da
enzima COX-2 e a bloqueia com mais eficácia que a COX-1. Nota-se que essa subclasse tem
efeito analgésico e anti-inflamatório semelhante aos demais AINEs, estando em primeira
escolha para o tratamento de idosos e pacientes predispostos a ulceração e sangramento
digestivo. Todavia estudos sugerem toxicidade associado ao seu uso (ROBERTS, 2001;
CHEER, 2001; apud FERREIRA; WANNMACHER, 2006).

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INIBIDORES NÃO-SELETIVOS DA COX
Derivados do Ácido Salicílico (salicilatos)
Ácido Acetilsalicílico (Aspirina), Salicilato de Sódio, Salicilato de Metila, Diflunisal, Flunfenisal,
Sulfassalazina, Olsalazina
Derivados Pirazolônicos
Dipirona, Fenilbutazona, Apazona, Sulfimpirazona
Derivados do Para-aminofenol
Paracetamol (Acetaminofeno)
Derivados do Ácido Indolacético e Ácido Indenoacético
Indometacina, Sulindaco, Etodolaco
Derivados do Ácido N-fenilantranílico (fenamatos)

Ácido Mefenâmico, Ácido Meclofenâmico, Ácido Flufenâmico, Ácido Tolfenâmico, Ácido Etofenâmico
Derivados do Ácido Pirrolalcanoico
Tolmetino, Cetorolaco
Derivados do Ácido Fenilacético

Diclofenaco de Sódio, Aceclofenaco


Derivados do Ácido Propiônico
Ibuprofeno, Naproxeno, Flurbiprofeno, Cetoprofeno, Fenoprofeno, Oxaprozino, Indoprofeno, Ácido
Tiaprofênico
Derivado do Ácido Enólico (Oxicam)
Piroxicam, Meloxicam, Tenoxicam, Sudoxicam, Isoxicam, Ampiroxicam, Droxicam, Lornoxicam,
Cinoxicam, Ampiroxicam, Pivoxicam
Derivado do Ácido Naftilacético
Nabumetona, Proquazona
Derivados do Ácido Carbâmico
Flupirtina

INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2


Derivado da Sulfonanilida
Nimesulida
Derivado do Ácido Indolacético
Etodolaco
Derivado FuranonaDiarilsubstituído
Rofecoxib
Derivado PirazolDiarilsubstituído
Celecoxib
Derivado BipiridínicoDiarilsubstituído
Etoricoxib
Derivado IsoxazolDiarilsubstituído
Valdecoxib
Tabela 1. Classificação dos anti-inflamatórios não- esteróides (AINE). - Fonte: CARVALHO, 2010; RANG, et
al., 2007

2.3 Mecanismos de acção dos AINEs


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A acção primária do AAS é a inativação da COX por acetilação irreversível da
prostaglandina sintase. Sendo que a prostaglandina sintase é a enzima catalizadora da
primeira fase da biossíntese da prostaglandina, a partir do AA . (Melgaço SSC et al. 2010)

Quando ocorre uma determinada agressão que atinge as membranas celulares, desencadeia-
se uma cascata de reações que culminam com a formação de tromboxanos e prostaglandinas,
designados globalmente por prostanóides. Após esta lesão, algumas citocinas inflamatórias,
como a interleucina-1, ativam a fosfolipase A2, uma enzima presente nos leucócitos e
nas plaquetas, que irá degradar os fosfolipídios presentes nas membranas, o que dará
origem a um ácido graxo, o ácido araquidônico.(Verdasca, 2010)

As principais ações dos AINEs estão relacionadas à capacidade de impedir que a enzima
COXs realize a hidrolise do AA em PGs e Prostaciclinas, composto que fazem parte do
processo inflamatório e ligada a sensibilização das unidades dolorosas centrais e periféricas
( Castel BMM et al. 2004). Quando os AINEs bloqueiam as enzimas COXs, esse efeito
contribui para vários efeitos colaterais, como por exemplo: impedem que ocorra a ação das
PGs no efeito de vasodilatador, estimulando o efeito de vasoconstricção renal e diminuindo a
taxa de filtração glomerular, levando a causar necrose tubular aguda, inibem a ação das
PGs sobre os linfócitos T, fazendo com que ocorra a ativação dessas células,
consequentemente aumentando a liberação de citocinas pró- inflamatória, movimenta o AA
para a via das lipoxigenases, expandindo a síntese de leucotrienos pró- inflamatórios e faz
com que a enzima lipoxigenase induz a permeabilidade capilar, causando assim proteinúria
por alterar a barreira de filtração glomerular.( Castel BMM et al. 2004)

2.4 Farmacocinética

A diversidade química dos AINEs é responsável pela ampla variedade de características


farmacocinéticas. Mas, de forma geral, possuem propriedades básicas em comum. São ácidos
orgânicos fracos, com exceção da nabumetona que é pró- fármaco. A maior parte dos
medicamentos é bem absorvida por via oral, e a sua biodisponibilidade não é
consideravelmente modificada pela presença de alimentos (FURST; ULRICH, 2010).
O metabolismo se dá principalmente, pelo fígado, através das famílias CYP3A ou CYP2C das
enzimas P450. Embora, a eliminação final mais importante seja via renal, quase todos os
AINEs sofrem variações de excreção biliar e reabsorção (circulação êntero-hepática). A maior
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parte da classe terapêutica liga-se altamente à albumina plasmática, cerca de 98%. Pacientes
com hipoalbuminemia apresentam maiores concentrações da forma livre da substância, que
corresponde à sua forma ativa (FURST; ULRICH, 2010).

Todos os AINEs podem ser encontrados após administração repetida, no líquido sinovial. Os
fármacos com meias- vidas curtas permanecem nas articulações por maior período de tempo
comparado com o previsto, enquanto os fármacos com meias-vidas mais longas desaparecem
do líquido sinovial em uma taxa proporcional às suas meias-vidas. Os AINEs mais
lipossolúveis penetram o sistema nervoso central (SNC) com facilidade e estão associadas a
leves alterações de humor e na função cognitiva (FURST, 2010; MONTEIRO et al., 2008;
ULRICH, 2010).

2.4 Farmacodinâmica

Sabe-se que as PGs são produtos do ácido araquidônico, o qual é o mais abundante e
importante precursor dos eicosanóides obtido do ácido linoleico ou em dieta (FITZGERALD;
SMYTH, 2010).

Para que ocorra a síntese de eicosanóides, o araquidonato deve ser liberado dos fosfolipídios
da membrana pela enzima fosfolipase A2. Mediadas por duas vias enzimáticas, a sua
metabolização ocorre em etapas sequenciais; a via das COX desencadeia a biossíntese das
PGs, prostaciclinas e tromboxanos, coletivamente denominados prostanóides; e a via das
LIPOX, responsáveis pela síntese dos leucotrienos, e outros compostos (CARVALHO, 2010;
FURST; ULRICH, 2010).

A ação principal dos AINEs decorre da inibição da biossíntese de PG, efetuada mediante a
inativação das COX. No entanto, alguns AINE possuem mecanismos de ação adicionais
como, inibição da quimiotaxia, infra-regulação da produção de interleucina1, diminuição na
produção de radicais livres e superóxido e interferência nos eventos intravasculares mediados
pelo cálcio (FURST; ULRICH, 2010).

A PG produzida pela COX está envolvida em diversos processos fisiológicos e patológicos.


Na secreção gástrica, homeostasia e manutenção da função renal, as PGs participam de forma
fisiológica mediadas pela COX-1. Enquanto a COX-2 é induzida na inflamação, como
resposta do tecido lesado, contribuindo para o desenvolvimento de alterações patológicas
(CARVALHO, 2010).
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2.5 Efeitos Farmacológicos

Todos os AINEs são antipiréticos, analgésicos e anti-inflamatórios, com exceção do


paracetamol que tem ação antipirética e analgésica, mas praticamente não possui atividade
anti-inflamatória (BURKER; FITZGERALD; SMYTH, 2006).
O hipotálamo regula a temperatura corporal mantendo o equilíbrio entre a produção e a perda
de calor. Com o desequilíbrio desse termostato, ocorre a febre refletida a partir de uma
infecção ou resultado de uma lesão ou doença maligna. Em todas essas condições, aumentam
a formação de citocinas, seguido de aumento das PGs no hipotálamo. A ação antipirética dos
AINE está fundamentada por inibir a produção de PG no hipotálamo (RANG, et al, 2007).
Os AINE são eficazes em dor leve a moderada, especialmente em dores originadas no
processo inflamatório ou lesão tecidual. Há dois sítios de ação no qual os fármacos podem
agir. Em primeiro instante, perifericamente, diminuindo a produção de PG sensibilizando os
mediadores químicos da inflamação e seus eventos vasculares. Sua segunda ação é central,
menos caracterizada possivelmente na medula espinhal. As lesões inflamatórias aumentam a
liberação de PG na medula, o que facilita a transmissão de dor através de neurônios (RANG,
et al, 2007).

As reações inflamatórias são coordenadas por muitos mediadores e podem ser produzidas por
vários mecanismos independentes. Os AINEs reduzem principalmente os componentes da
resposta inflamatória em que as PGs derivadas da COX-2, desempenham papel significativo.
A dor, o edema e o aumento de fluxo sanguíneo associado à inflamação, sofrem ação direta
dos AINE, todavia o progresso da doença adjacente não sofre nenhuma interferência (RANG,
et al, 2007).

2.6A Importância do Farmacêutico no Uso Racional de Medicamentos

O uso indiscriminado de medicamentos também pode ocasionar maiores resultados


indesejáveis do que benefícios. Além disso, o indivíduo pode apresentar alergia a
determinados ingredientes da formulação medicamentosa e, em consequência, desenvolver
intoxicação (LIMA & RODRIGUES, 2008; apud CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA
DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2012).
É nesse cenário que o papel do farmacêutico, enquanto profissional de saúde responsável pela
orientação da utilização correta dos medicamentos, faz-se fundamental. Os AINEs compõem

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uma categoria de medicamentos na qual a orientação e intervenção farmacêutica é o principal
factor para o sucesso e segurança da terapia (RANG, et al, 2007).

O farmacêutico é o profissional que tem como obrigação aconselhar o meio mais adequado
para que o paciente se sinta melhor com o tratamento, exigindo, deste profissional,
conhecimentos sobre indicações e contraindicações, interações e o acompanhamento com o
médico. Neste processo, o farmacêutico deve encaminhar o paciente ao médico sempre que
necessário, atuando com complementaridade (ARANDA DA SILVA, 2007; apud CRF-SP,
2012).

Visto que a utilização prolongada e/ou inadequada de AINEs traz riscos e malefícios à saúde
do usuário, faz-se necessária a presença do profissional farmacêutico exercendo suas
responsabilidades e habilidades na assistência farmacoterapêutica ao paciente.

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3. METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo

Pretendemos realizar um estudo observacional descritivo transversal com abordagem


quantitativa.

3.2 Local do estudo

O estudo será realizado no Instituto Médio de Saúde VISAMAC, localizado no município de


Viana no distrito da Estalagem.

3.3 População

A população do estudo será todos os alunos que frequentam o curso de farmácia do Instituto
Médio de Saúde VISAMAC.

3.4 Variáveis em estudo

Variáveis sociodemográficas:

 Idade,
 Género,
 Classe de frequência,
3.5 Critérios de inclusão
Serão incluídos os estudantes os alunos que frequentam o curso de farmácia do Instituto
Médio de Saúde VISAMAC que estiverem disponíveis para responder as questões e
preencherem o formulário:

3.6 Critério de exclusão

Serão excluídos todos os estudantes os alunos alunos que frequentam o curso de farmácia do
Instituto Médio de Saúde VISAMAC que não estiverem capacitados para responder as
questões.

3.7 Procedimentos éticos

O estudo será realizado Instituto Médio de Saúde VISAMAC, localizado no município de


Viana no distrito da Estalagem, Para autorização de recolha de dados será apresentado um

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credencial passado pelo Instituto Superior da Ciência da Saúde solicitando á autorização á
direcção do Instituto Médio de Saúde VISAMAC.

3.8 Procedimentos de recolha de dados

Os dados serão recolhidos manualmente através de um questionário com perguntas fechadas,


onde irá constar as variáveis em estudo (apêndice B).

3.9 Processamento e análise de resultados

Os dados serão, digitados no programa Microsoft world e posteriormente apresentação e


análise dos resultados em forma de tabelas e em power point.

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IV. CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES
N° ACTIVIDADE A REALIZAR MESES DO ANO
AGO SET OUT NOV DEZ JAN
1 Elaboração do projecto
2 Leitura a Fichamento
3 Redação da monografia
4 Apresentação da versão provisória
5 Correcção da versão provisória
6 Apresentação da versal final
7 Defesa da monografia

V. ORÇAMENTO

DESCRIÇÃO VALOR (AKZ) POR UNIDADE VALOR TOTAL


Um computador 70.000,00 70.000,00
Duas resmas de papel A4 500,00 1000,00
Uma impressora 20.000,00 20.000,00
Duas esferográficas 50,00 100,00
Despesas com meio de transporte 20.000,00 20.000,00
TOTAL 110.550,00 111.100,00

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

DICIONÁRIO BÁSICO DE LINGUA PORTUGUESA, 2014.

GILMAN, A. G.; As bases farmacológicas da terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: Mc


Graw Hill, 2006.

GOODMAN, L.S.G.; HARDMAN, J.G.; LIMBIRD, L.E.; As bases farmacológicas da


terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2010.

INFARMED. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. Folheto


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KULKARNI, S.K. On the safety of nimesulide, a preferential COX-2 inhibitor. Current


Science, 2002.
Laporta, Anti-inflamatórios não esteróides, analgésicos, antipiréticos e drogas utilizadas
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Janeiro, 2010.

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NFARMED. Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. Folheto
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www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.hp?med_id=37286&tipo_doc=fi>. Acesso em:
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ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Consenso Brasileiro de Atenção


Farmacêutica. Proposta Brasília: OPAS/MS, 2002.

RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia. Tradução Patrícia Josephine


Voeux. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M. Farmacologia. Tradução Patrícia Josephine
Voeux. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.2000.
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SILVA, J. M.; MENDONÇA, P.P.; PARTATA, A.; Anti-inflamatórios Não-Esteroidais e
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20
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