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I INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa tem como tema: Hipoteses de interaçõese associação


medicamentosa em prescrição médica contendo medicamentos psicotrópicos em
pacientes atendidos no Hospital Psiquiatrico de Luanda no II° semestre de 2021.
Psicotrópicos, são substâncias sintéticas conhecidas há milênios e têm sido frequentemente
relacionadas ao tratamento de desordens mentais, também conhecidas como doenças
psiquiátricas, eles actuam no sistema nervoso central alterando e afetando as funções mentais
e emocionais dos indivíduos (ALMEIDA, 2006).
Interacção medicamentosa é o resultado de uma interferência no efeito de um medicamento
por outro medicamento, alimentos, bebidas ou ainda por alguns agentes químicos ambientais
(Oga et al., 2002; Miyasaka & Atallah, 2003). O resultado de tais reacções pode ser
prejudicial se a interacção provoca aumento na toxicidade do fármaco afectado (Almeida et
al., 1999). A presença de um grande número de medicamentos disponíveis no mercado para o
tratamento das diversas patologias tem contribuído para a ampliação dos riscos de interacções
medicamentosas entre as pessoas que ingerem mais de um tipo de medicamento (Oga et al.,
2002).
Os medicamentos são elementos importantes, amenizam o sofrimento humano e propiciam a
cura de vários males. Eles desempenham papel cada vez mais importante, sendo presentes em
vários procedimentos terapêuticos, autores alertam que ao mesmo tempo a frequência do uso,
a facilidade ao acesso, e a falta de restrições banalizam os medicamentos como se não
houvesse efeitos indesejados (FOELLMER; OLIVEIRA; MOREIRA, 2010).
1.1.1 Delimitação do tema

A pesquisa será realizada nos prontuários dos pacientes inetrnados no Hospital Psquiátrico de
Luanda durante o IIº Trimestre de 2021.

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1.2 Formulação do problema

Os aspectos quantitativos dos profissionais farmacêuticos nas instituições de saúde são


enfatizados para que haja garantia da segurança e da qualidade de assistência ao paciente e a
continuidade da vigília perante a diversidade de actuação nos cuidados e na atenção da equipa
de saúde.
Entre os eventos evitáveis, que podem comprometer a qualidade da assistência à saúde, estão
as interacções entre medicamentos. Elas podem ser devidas a erros que não atingiram o
paciente ou a eventos com danos (preveníveis ou não) (FREDERICO, 2012).
Com base neste contexto, para evidenciar melhor a nossa pesquisa, sendo assim Surgiu-nos a
seguinte pergunta:
Quais as hipóteses de interacção e associação medicamentosa em prescrição medica
contendo medicamentos psicotrópicos em pacientes atendidos no hospital Psiquiátrico
de Luanda no II° semestre de 2021?

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1.2 JUSTIFICATIVA
A escolha da temática desta investigação vai de encontro quer ao interesse pessoal, quer pelas
experiências vividas ao longo do percurso académico. Motivada pelo interesse despertado
durante o desenrolar dos ensinos clínicos, assim como a convivência pelo conteúdo teórico
aprendido ao longo deste percurso. Outro aspecto não menos importante que veio reforçar a
escolha da temática em estudo é o facto de verificar um aumento da morbimortalidade por
intoxicação ao longo dos tempos, e são uma das principais causas de morte e incapacidade em
todo mundo bem como em Angola, (MINSA, 2001) tornando assim uma questão de saúde
pública. Bem como a vontade de aumentar os conhecimentos sobre a mesma.
No entanto o problema da investigação é escolhido não só por questão que a interacção
medicamentosa ser uma questão de saúde pública, mas também pela importância da atenção
farmacêutica prestados aos utentes. Representa uma urgência e os farmacêuticos devem estar
capacitados, para actuarem de forma imediata, precisa e sistematizada, porque qualquer
demora na sua actuação pode carrectar intoxicação e mesmo a morte.
O uso indiscriminado dessas medicações está associado à diversos problemas clínicos, tais
como dependência física e/ou psíquica, mascaramento de sintomas orgânicos dificultando
outros diagnósticos, problemas com sono, mudanças de hábitos, problemas de
relacionamento, entre outros, o que justifica a necessidade de uma análise mais profunda
dessa prática e um conhecimento mais detalhado dos usuários dessas medicações.
Acreditamos que o resultado da nossa investigação poderá contribuir para o melhorar a
atenção prestado sobre a interacção medicamentosa em prescrição médica contendo
medicamentos psicotrópicos em pacientes atendidos no Hospital Psiquiátrico de Luanda no
II° Semestre de 2021.

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1.3 OBJECTIVOS
1.3.1 Objectivo Geral:
 Analisar a hipóteses de interacção medicamentosa em prescrição médica contendo
medicamentos psicotrópicos em pacientes atendidos no Hospital Psiquiátrico de Luanda
no II° semestre de 2019.
1.3.2 Objectivos Específicos:
 Caracterizar o perfil sociodemográfico: idade, género, nível académico, estado civil,
proveniência e ocupação;
 Identificar as principais patologias e os psicotrópicos mais usados;
 Analisar ocorrência de interacções medicamentosas e risco entre psicofármacos.

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II REFERENCIALTEÓRICA

2.1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

Interacções medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em que os


efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração simultânea ou anterior
de outros, ou através da administração concorrente com alimentos (SECOLI, 2001).
Medicamento, é toda a substância química apresentada como possuindo propriedades
curativas ou preventivas dos sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser
humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma acção
farmacológica, ou a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” (OMS, 2001).
O farmacêutico é o profissional da área de saúde que possui uma formação académica
voltada para as ciências farmacêuticas, mas também com conteúdo em outras áreas
científicas.
Os medicamentos psicotrópicos são aqueles que agem sobre o sistema nervoso central
(SNC), modificando suas reacções psicológicas. O termo indica o conjunto de substâncias
químicas, de origem natural ou artificial, que tem um tropismo psicológico, isto é, que são
susceptíveis de modificar a actividade mental sem prejudicar o tipo desta modificação.
Os benzodiazepínicos são considerados drogas potencialmente seguras, porém apresentam
algumas desvantagens, como a dependência. Esse fármaco esta presente nas unidades de
saúde dos municípios, compondo a lista de medicamentos do programa de saúde mental
(OMS, 1990).
A prescrição é o principal material de terapia do paciente enfermo. Nela, consta a terapia
medicamentosa, essencial para reabilitação do bem-estar do paciente. É elaborada após
avaliação do quadro clínico do paciente, devendo ser de acordo com o diagnóstico.
(ALMEIDA et al., 2013).
Médico é o profissional autorizado pelo Estado para exercer a Medicina; se ocupa da saúde
humana e/ou animal, prevenindo, diagnosticando, tratando e curando as doenças, o que requer
conhecimento detalhado de disciplinas académicas (como anatomia e fisiologia) por detrás
das doenças e do tratamento - a ciência da medicina - e também competência na sua prática
aplicada - a arte da medicina. (DICIONÁRIO DE LINGUA PORTUGUESA)

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2.2 BREVE HISTORIAL SOBRE PSICOTROPICOS

A busca de paliativos à dor, a angústia ou a insónia se remete à história da humanidade com o


estudo dos efeitos curativos e o emprego de ervas minerais e metais. As “poções” para a
sedação foram às bebidas alcoólicas, o láudano, a mandrágora e mais adiante os agentes
alucinógenos. Medicamentos como o brometo, o hidrato de cloral, foram usados antes de
1900 como hipnóticos e sedativos. Já no século vinte surgem os barbitúricos e mais tarde, na
década dos 1930, as anfetaminas. Também a terapia eletroconvulsiva para doenças mentais
crónicas. (MAIA NETO, 1990).
A partir dos anos cinquenta, ocorre uma revolução na psiquiatria com a chegada dos
psicofármacos. Em 1947 Paul Carpentier, em sua busca de novos anti-histamínicos e
melhoras em agentes anestésicos redescobre as fenotiazinas. Em 1949, John F. Cade destacou
os efeitos antimaníacos do urato de lítio e Henri Laborit, em 1952, procurando um coquetel
sedativo pré-anestésico descobre as vantagens sedativas e desinibidoras da clorpromazina.
Nesta mesma linha de achados conjunturais classificam-se as Drogas Inibidoras da
monoamina oxidase (IMAO) que surgem para o tratamento de transtornos depressivos
maiores a partir da busca de fármacos antituberculosos. As benzodiazepinas, cujo efeito
ansiolítico foi descoberto na busca de tratamentos para a esquizofrenia.
Em 1960, Richard Sternbach, dos Laboratórios Roche, inaugura a era das benzodiazepinas
com o Librium® (clorodiazepóxido). Depois, surgiram o Valium® (diazepam), lorazepam e
uma série de ansiolíticos muito usados naactualidade (ECURED, 2013). Já no final dos anos
1980, surgem as antidepressivas selectivas criadas pela biologia molecular. Nesse marco
surge a fluoxetina e sua marca mais conhecida, o Prozac®, como “droga da felicidade” (ABP,
2005; ROCHA, 1991; ZANINI, 1985).
Segundo a OMS (1981), os medicamentos psicotrópicos (psique=mente, topos=alteração),
agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e
cognição e levando a dependência, utilizados no tratamento de distúrbios psíquicos. A partir
da década de 1950 o uso de fármacos com eficácia demostrada em distúrbios psiquiátricos
tornou se disseminada, nos Estados Unidos 10-15% das prescrições destinam se a alterar os
processos mentais; sedando, estimulando ou alterando o humor, raciocínio ou comportamento
(GOODMAN; GILMAN, 2012).

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2.3 Neste sentido, as substâncias psicotrópicas podem ser convenientemente classificadas
em:
A) ANSIOLÍTICOS
B) ANTIDEPRESSIVOS
C) ANTIPSICÓTICOS
D) ALUCINÓGENOS
2.3.1 Ansiolíticos

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) está entre os transtornos da ansiedade e,


consequentemente, transtornos mentais, mais frequentemente encontrados na clínica. Embora
visto inicialmente como um transtorno leve, actualmente se avalia que o TAG é uma doença
crónica, associado a uma morbidade relativamente alta e a altos custos individuais e sociais.
Por exemplo, cerca de 24% dos pacientes classificados como grandes usuários de serviços
médicos ambulatoriais apresentam diagnóstico de TAG (Schweizer; 1995). Os
benzodiazepínicos são a classe de medicamentos mais comuns no tratamento de transtornos
de ansiedade.
2.3.1.1 Efeitos colaterais dos ansiolíticos

Os principais efeitos colaterais dos ansiolíticos (benzodiazepínicos) são a sedação e


sonolência, variável de indivíduo para indivíduo e depende da dose do medicamento. Um
aumento da pressão intra-ocular pode ocorrer mas, na prática clínica, trata-se de raríssima
observação. Os efeitos teratogênicos são ainda objeto de estudo, porém, tendo em vista sua
utilização clínica durante décadas, permite-se uma indicação mais flexível do diazepam
durante a gravidez, por haver relatos de fenda labial e palatina.( Ballone,2008)
Prática clínica tem demonstrado que a dependência aos benzodiazepínicos pode acontecer,
mas não invariavelmente. A tendência do paciente em aumentar a dose dos benzodiazepínicos
para obter o mesmo efeito, ou seja, a tolerância, acontece mas, não é o mais comum. Em
relacção a isso nota-se na maioria das vezes, uma má utilização da droga. Isto é, em quando
não tratada a causa básica da ansiedade esta se torna mais intensa, havendo maior necessidade
da droga. (Ballone, 2008)
Essa maior necessidade da droga decorrente do aumento da ansiedade, não deve, de forma
alguma, ser confundida com o fenómeno da tolerância. Aos sintomas de abstinência dos
benzodiazepínicos embora possa ser possível com algum deles, o que se observa com mais
frequência é o retorno dos sintomas psíquicos que promoveram sua indicação por ocasião de
sua retirada. Isso pode, eventualmente, ser confundido com abstinência na expressiva maioria
10
dos casos. Se a situação psicoemocional que determinou a procura da droga não foi
decididamente resolvida, mas apenas protelada, então, retirando-se o ansiolítico os sintomas
voltarão. Isso não pode ser tomado como síndrome de abstinência. ()13
Em poucos casos, de fato, observa-se sintomas de abstinência. Estes ocorrem,
predominantemente, com o clonazepam e lorazepam. Quando ocorre a síndrome de
abstinência aos benzodiazepínicos, esta tem início cerca de 48 horas após a interrupção da
droga e os sintomas correspondem à ansiedade acentuada, tremores, visão turva, palpitações,
confusão mental e hipersensibilidade a estímulos externos. Antes de confirmar o diagnóstico
de síndrome de abstinência convém observar se tais sintomas não são os mesmos que
anteriormente levaram o paciente a iniciar o tratamento (Ballone, 2007)
Os casos de dependência aos benzodiazepínicos descritos na literatura ou constatados na
clínica estão relacionados, na maioria das vezes, relacionada ao uso prolongado e com doses
acima das habituais. Há uma tendência atual em se considerar o fenómeno da dependência ao
benzodiazepínico, até certo ponto, mais dependente de traços da personalidade do que de
alguma característica da droga. 8 Se o benzodiazepínico não for bem indicado e estiver sendo
usado ora como paliativo de uma situação emocional não resolvida, ora como atenuante de
uma situação vivencial problemática, ou ainda como corretivo de uma maneira ansiosa de
viver, pode dar falsa impressão de dependência ou até de síndrome de abstinência.(Ortolani,
2008)
Na manipulação de fórmulas para emagrecer, era comum associar os benzodiazepínicos com
as drogas inibidoras de apetite (anfetaminas). Essa associação tinha o objectivo de diminuir a
ansiedade produzida pelas anfetaminas. (Lopes LMB, 2011)

2.3.2 Antidepressivos
Os antidepressivos são uma classe de fármacos indicada para o tratamento e remissão de
sintomas característicos da síndrome depressiva, em pelo menos um grupo de pacientes com
transtorno depressivo. Algumas substâncias com actividade antidepressiva podem ser
indicadas também no tratamento de transtornos psicóticos. O primeiro grupo de fármacos para
o tratamento da depressão surgiu na década de 1960, designado como tricíclicos (ADT), tendo
a imipramina e a amitriptilina como os protótipos desta geração. O segundo grupo é
representado pelos inibidores da monoaminoxidase (IMAO), com aparecimento também nos
anos 1960, sendo a iproniazida o primeiro fármaco. Em 1987, a agência reguladora de
medicamentos e alimentos, Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos,

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aprovou o primeiro fármaco (fluoxetina) do grupo dos inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (ISRS) (Coulter, 1995).
Os tricíclicos atuam sobre receptores noradrenérgicos e serotonérgicos (que, acredita-se,
mediam sua acção terapêutica), bem como histaminérgicos, alfa-adrenérgicos, muscarínicos e
dopaminérgicos, e são responsáveis por vários efeitos colaterais. Os mais descritos são:
hipotensão ortostática, boca seca, tremores, constipação, taquicardia, diminuição da pressão
arterial sistólica ao levantar. Tremor fino, de alta frequência, em geral das extremidades
superiores, ocorre em até 10% dos pacientes e parece ser devido à excessiva estimulação
adrenérgica (Moreno, 1999). Por sua acção anticolinérgica, ADTs podem causar efeitos
cognitivos. Efeitos anticolinérgicos também podem causar complicações em pacientes com
glaucoma de ângulo estreito ou desencadear retenção urinária em pacientes com prostatismo.
Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) por não apresentar efeitos sobre a
estabilidade de membranas e ter pequena afinidade por receptores adrenérgicos, colinérgicos e
histaminérgicos, os ISRS são geralmente bem tolerados e isentos de risco em cardiopatas.
Seus efeitos adversos mais comuns resultam do próprio bloqueio da recaptação de serotonina:
náuseas, vômitos, diarreia, insônia, ansiedade, agitação, acatisia, tremor, cefaleia e disfunção
sexual. As superdosagens são menos perigosas que as dos ADT, e seus sintomas incluem
agitação, nervosismo, náuseas, vômitos, convulsões e hipomania (Coulter; 1995).
Muitas revisões consideram os Inibidores selectivos da recaptação de serotonina (ISRS) a
primeira linha de tratamento para depressão nos idosos devido a seu perfil mais vantajoso de
efeitos colaterais (Coulter; 1995). Porém, com mais experiência em sua administração e mais
tempo de observação, tem-se descoberto que não são isentos de risco. O tratamento da
depressão baseia-se em um grupo variado de agentes terapêuticos antidepressivos, em parte
porque a depressão clínica é uma síndrome complexa de gravidade amplamente variada
(Goodman & Gilman; 2006).
2.3.4 Antipsicóticos

Os medicamentos antipsicóticos, utilizados no tratamento da esquizofrenia, foram


introduzidos na clínica na década de 1950. Inicialmente baptizados de “Neurolépticos”, ou
“Tranquilizantes Maiores” (em oposição aos benzodiazepínicos, os “Tranqüilizantes
Menores”), eles são atualmente agrupados em duas categorias: “Antipsicóticos Típicos” ou
“Antipsicóticos Atípicos” (King et al.; 2002). Os antipisicóticos típicos são antagonistas do
receptor D2 da Dopamina e são representados pelos seguintes fármacos, em ordem

12
decrescente de potência: clorpromazina, haloperidol, flupentixol, fluspirileno, sulpirida,
levomepromazina, clorprotixeno.

2.3.5 Anticonvulsivantes (Antiepiléticos e antiparkisonianos)

O valproato de sódio é um fármaco utilizado como coadjuvante no tratamento de transtornos


de humor. É um ácido carboxílico de estrutura molecular relativamente simples, cujas
características antiepilépticas foram descobertas por acaso na Europa, em 1963. Era utilizado
como veículo para outras drogas que eram pesquisadas para avaliar o potencial antiepiléptico
(Mcelroy et al.; 2000). A combinação do divalproato de sódio e lítio apresentou eficácia
superior ao uso isolado do lítio (associado com placebo) para prevenir episódios afectivos
(Solomon et al.; 1997). Os antiparkinsonianos, em especial o biperideno, têm seu lugar, como
medicação coadjuvantes da terapia das psicoses.
Os medicamentos psicotrópicos são de grande validade no tratamento de diversos distúrbios
psiquiátricos, mas não devem ser prescritos de uma forma crônica, a não se que façam ajustes
para uma reavaliação regular e cuidadosa do estado da paciente. A posologia e a duração do
tratamento devem ser adequadas para as necessidades de cada paciente. De forma geral, a
indicação para o uso de psicotrópicos irá depender do diagnóstico, considerando factores
como o tipo de droga, a dosagem, a farmacocinética e a sensibilidade individual (Santos;
1997).

2.6 Classificação geral dos fármacos que actuam no sistema nervoso central.
Os mecanismos pelos quais diversas drogas atuam no SNC nem sempre foram claramente
elucidados, assim como as causas de muitas das condições para as quais essas drogas são
utilizadas, que são pouco compreendidas. Por esses motivos, não surpreende que, no passado,
grande parte da farmacologia do SNC tenha sido puramente descritiva. Entretanto, nas últimas
três décadas houve avanços notáveis na metodologia desse estudo, o que possibilitou se
aprofundar e classificar esses fármacos por vários aspectos diferentes (KATZUNG;
MASTERS; TREVOR, 2014).
Os fármacos psicotrópicos são definidos como agentes que afectam o humor e o
comportamento. Como é difícil definir e medir esses índices de função cerebral, não existe
nenhuma base consistente para uma classificação exacta dos agentes psicotrópicos. Assim,
deparamo-nos com definições relaccionadas à estrutura química (benzodiazepínicos,
butirofenonasetc.), ao alvo bioquímico (inibidores da monoaminooxidase, inibidores da

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recaptação de serotonina etc.), ao efeito comportamental (alucinógenos, estimulantes
psicomotores etc.), ao uso clínico (antidepressivos, antiepiléticos etc.), juntamente com outras
categorias indefiníveis (agentes psicóticos atípicos, fármacos nootrópicos etc.) (RANG et al.,
2012).
2.7 Interacções medicamentosas
Os efeitos desejáveis e indesejáveis dos medicamentos estão geralmente relacionados com sua
concentração no sítio de acção, que por sua vez está relacionada a dose administrada,
absorção do fármaco, distribuição, metabolismo e/ou excreção (HUANG et al., 2007).
Sempre que dois fármacos são co-administrados, uma interacção fármaco-fármaco pode
ocorrer. Esta pode ser uma interacção química direta (interação farmacêutica), ou pode afectar
a concentração do fármaco por influenciar os processos de absorção, distribuição,
metabolismo e/ou eliminação (interações farmacocinéticas) ou um aumento ou atenuação dos
efeitos farmacológicos (interações farmacodinâmicas) (FUHR et al., 2008).
De particular importância para as interações medicamentosas são as vias metabólicas de
eliminação, sobretudo a família de enzimas do citocromo P450. As enzimas podem ser
inibidas ou induzidas pelo uso concomitante de fármacos resultando na alteração da, tendo
como concentração do fármaco ou metabólito no tecido ou sangue; formação de metabólitos
tóxicos ou ativos ou aumento da exposição a um composto de origem tóxico interferindo
diretamente na segurança e /ou eficácia do tratamento farmacoterapêutico (HUANG et al.,
2007).
Há também interações medicamentosas relacionadas ao transporte dos fármacos, como por
exemplo, aquelas que inibem ou induzem as proteínas de transporte, tais como glicoproteína P
(HUANG et al., 2007).
A figura 1 traz um resumo dos tipos de interações medicamentosas de acordo com seu
mecanismo (TATRO, 2008).
As interaCções podem resultar em efeitos benéficos ou prejudiciais. A interação
medicamentosa pode se mover entre os extremos, desde a geração de risco desnecessário ao
paciente até a necessidade da interação para que a terapia seja eficaz. (TATRO, 2008)
São consideradas interacções benéficas ou desejáveis quando há melhora da eficácia
terapêutica ou redução dos efeitos adversos. O conhecimento da interação medicamentosa
muitas vezes pode ser utilizado como vantagem terapêutica, como a administração de
ritonavir e saquinavir, aumentando a biodisponibilidade em mais do saquinavir em mais de 50

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vezes, observação que pode ser usada para permitir doses óptimas dos dois agentes quando
em combinação (HUANG; LESKO; WILLIAMS, 1999).

Fonte: MONTEIRO, 1999


As interações prejudiciais ou indesejáveis ocorrem quando há aumento exagerado dos efeitos
farmacológicos dos princípios ativos, ou estes se antagonizam a ponto de anular, mesmo que
parcialmente, seus efeitos terapêuticos (TATRO, 2008). Idealmente, deveriam ser evitadas,
portanto, devem ser empregadas cuidadosamente, quando há indicação apropriada para seu
uso, monitorando o paciente e reajustando a dose para evitar a ocorrência de EAM (TATRO,
2008). Quando a interação medicamentosa resulta em dano ao paciente passa a ser um erro de
medicação (OTERO LÓPEZ et al., 2003).
2.8 Associação de Medicamentos
Também denominada como “polifarmácia”, a associação de dois ou mais substâncias
farmacológicas podem levar em diversos efeitos. A administração conjunta pode afectar a
farmacocinética, alterando a eficácia, potencializando ou diminuindo o efeito terapêutico
esperado ou ainda levar a uma reacção adversa. (OLIVEIRA, 1986).
A polifarmácia pode causar efeito benéfico se recomendada por um profissional capacitado,
para o tratamento de patologias, ou ainda não causar nenhum efeito, porém, casos de ingestão
conjunta de medicamentos ainda são grandes responsáveis por hospitalizações com elevado
custo de tratamento e grande morbidade. (SECOLI, 202.8.1 Principais Objetivos
15
•Potencialização dos efeitos terapêuticos;
•Diminuição dos efeitos colaterais;
•Diminuição de doses terapêuticas;
•Prevenção da resistência;
•Proporcionar maior comodidade ao paciente.
2.8.2 Causas de Interacções Medicamentosa

 Introdução de fármacos cada vez mais activos


 Prescrição de vários fármacos simultaneamente (Polifarmácia).
 Automedicação
2.8.3 Interacções Medicamentosas
 Factores relacionados com o paciente
 Estados patológicos
 Função renal
 Função hepática
 Nível sérico de proteínas
 Ph Urinário
 Factores alimentares
 Idade
 Alterações na microbiota intestinal
2.8.4 Factores relacionados com administração dos fármacos.
 Sequência da administração;
 Via de administração;
 Duração da terapia;
 Dosagem;
2.9 Prescrição médica

A prescrição de medicamentos é importante para o processo de cuidados assistênciais e


representa acção médica fundamental. Contudo, a grande quantidade de fármacos e produtos
comerciais disponíveis no mercado, os frequentes lançamentos e a enorme quantidade de
interações de medicamentos e de efeitos adversos, faz com que esta importante etapa do
processo de atendimento seja susceptível a erros (DEL FIOL, 1999).

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Sabemos que há uma dificuldade de comunicação e atritos entre médicos (prescritores) e
farmacêuticos (dispensadores). Isso prejudica o cuidado com o paciente que pode resultar em
baixa adesão ao tratamento (PEPE; CASTRO, 2000).
A falta de informações sobre o medicamento (forma farmacêutica, dosagem e apresentação)
somado ao desconhecimento do seu modo de usar (posologia, via de administração, tempo de
tratamento) podem ser as possíveis causas do uso incorreto dos medicamentos que são reflexo
da baixa qualidade do atendimento médico e da dispensação. Seus efeitos inclusive podem ser
considerados uma patologia emergente e com grande impacto em termos de desperdício,
prejuízo terapêutico, tratamentos sem efetividade e inadequados (OTERO; DOMÍNGUES
2000).
2.10 Principais causas de erros de prescrição de psicotrópicos

As análises dos erros retratam que as suas causas são multifatoriais e muitas envolvem
circunstâncias similares de acordo com notificações enviadas por instituições para o Food
And Drug Administration (FDA) (MADRUGA; SOUZA, 2009).
O não cumprimento da legislação sobre o preenchimento adequado de receitas e notificações
de receitas, pode ocasionar erro nas prescrições, podendo levar os pacientes a situações de
desconforto devido a erros de dispensação ou dosagem incorrecta. (Pinto et al. 2015)
As falhas na prescrição médica podem ocasionar utilização inadequada do medicamento, visto
que pode não ser entendida quando se tem erros na escrita. Isso pode gerar falha na
farmacoterapia, consequentemente a um tratamento ineficiente, podendo agravar o quadro do
paciente (BATISTA; ANDRADE, 2012).
2.11 Erros de prescrições

Apesar de toda a regulamentação para prescrição das substâncias psicoactivas, alguns estudos
realizados, confirmam o uso irracional e uma série de práticas inadequadas que envolvem a
prescrição desses medicamentos (CAMARGO, 2005).
O erro de medicação é definido como qualquer evento que possa ser evitado e que, de facto
ou potencialmente, leve ao uso inadequado do medicamento podendo lesar o paciente. O risco
aumenta quando os profissionais não conseguem ler correctamente as prescrições, devido à
letra ilegível ou à falta de informações necessárias para a correta administração (ARAÚJO;
UCHÔA, 2011).
Os equívocos de decisão são relacionados aos conhecimentos do prescritor, podendo ser erro
na dose, prescrição de medicamento contra-indicado, prescrição de duplicidade terapêutica ou

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sem considerar insuficiência renal ou hepática. São considerados equívocos de decisão:
Concentração, forma farmacêutica, via de administração, intervalo e taxa e infusão incorrecta.
Já os equívocos de redacção estão relacionados ao processo de elaboração da prescrição, tais
como: omissão de forma farmacêutica, dose, concentração, via de administração, taxa de
infusão, intervalo, ilegibilidade, uso de abreviaturas confusas, entre outras (ROSA et al.,
2009). Ocorrem muitas mortes anualmente devidas a erros relacionados com o uso
inadequado de medicamentos, entre alguns factores, problemas relacionados à prescrição
médica (FIRMO et al., 2013).
A grande quantidade de medicamentos disponíveis no mercado, a complexidade das acções
farmacológicas dos medicamentos, dentre outras, facilitam o erro no processo de prescrever,
dispensar e administrar medicamentos. Mediante a todas essas questões os profissionais de
saúde envolvidos com a terapêutica devem buscar permanentemente, medidas de prevenção
de erros, através de novos conhecimentos, condutas e estratégias que visem proteger todos os
envolvidos, principalmente o paciente (FIRMO,2013).
2.12 Consumos de medicamentos psicotrópicos

O consumo indevido de medicamentos em geral, e de psicotrópicos em particular, representa


um grande problema de saúde pública. Os anabolizantes e derivados anfetamínicos se
destacam entre os medicamentos utilizados como drogas de abuso. Segundo relatório
divulgado e encaminhado a ONU, (Fevereiro/2006) pela Junta Internacional de Fiscalização
de Entorpecentes, (BRASIL, 2010a).
Três categorias apresentam grande importância quando se fala em controlo de vendas em
estabelecimentos farmacêuticos: os ansiolíticos (benzodiazepínicos), os antidepressivos e os
estimulantes psicomotores, pois a prevalência do consumo destes fármacos é elevada no
mundo, e quase sempre são prescritos por um clínico geral. Os benzodiazepínicos estão entre
os medicamentos mais usados no mundo todo, muitos indivíduos abusam desses
medicamentos para lidar com os problemas quotidianos e as reacções de estresse diário. Entre
os antidepressivos, os mais utilizados são os inibidores de captação de serotonina, devido ao
facto de serem mais seguros e mais bem tolerados. Mas ainda assim, a fluoxetina é
actualmente o medicamento antidepressivo mais prescrito no mundo (FIRMO et al., 2013).
Os medicamentos psicotrópicos são usados no tratamento de muitas patologias e estes
possuem aplicações em várias situações clínicas, como doenças psiquiátricas e oncológicas.
Porém, mesmo com diversas propriedades benéficas estes medicamentos apresentam alguns
riscos, podendo ocasionar dependência física ou psíquica. Sendo necessário que sejam usados
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clinicamente de forma racional e de acordo com indicações médicas (GONÇALVES et
al.,2012).
Os psicotrópicos são prescritos para diferentes circunstâncias, principalmente como
tratamento farmacológico para transtornos mentais. É uma classe de medicamento que pode
causar dependência, sendo assim, são prescritos através do controle especial, (A3, B1, B2, C1,
C2, C3, C4, C5 e D1), visto que, alteram as emoções, humor e comportamento dos seres
humanos (FIRMO et al, 2013).
Actualmente verifica-se um abuso no consumo de medicamentos psicotrópicos, devido uma
prescrição excessiva, em especial dos ansiolíticos e dos antidepressivos, por parte dos
médicos (PELEGRINI, 2003).
2.13 Dispensação e controlo de medicamentos psicotrópicos nos hospitais.
Para garantir o uso racional dos medicamentos psicotrópicos na prática hospitalar é necessário
estabelecer medidas educativas e de selecção, mas também medidas de controlo que garantem
o direito dos pacientes à melhor terapia quando as primeiras atingem seu limite (ZANINI,
1985).
O controlo deve ser feito de forma prévia à utilização do medicamento, especialmente no
momento da prescrição ou da dispensa, pois qualquer avaliação posterior será retrospectiva e
não impedirá o uso incorrecto (ZANINI, 1985).
Desta maneira, o Serviço de Farmácia Hospitalar se encontra numa posição fundamental
para exercer este tipo de controle. A responsabilidade do farmacêutico sobre o uso racional
de medicamentos (compartilhada por outros profissionais) e sobre o processo da dispensa
(em exclusiva) é a principal fonte de legitimação para exercer funções do controlo de um
determinado fármaco. Controlo que em nenhum momento se deve converter em fiscalização,
inspecção ou entrave, senão num serviço a oferecer para garantir o uso racional do
medicamento e a melhor farmacoterapia possível para os pacientes (PELEGRINI, 2003).
A dispensa dos psicoterápicos, na supervisão de um farmacêutico, compreende desde o
recebimento da prescrição ou da notificação de um medicamento até sua entrega ao próprio
paciente ou ao profissional responsável por sua administração. Este processo não é só um
acto físico, ela requer conhecimento de uma forma geral, pois garante o desempenho
profissional. Cada prescrição é única, assim como as circunstâncias do paciente, o que requer
prudência e tomada de decisões com frequência em situações de incerteza (dados
incompletos ou conhecimentos científicos insuficientes) na dispensação do medicamento
(ANDRADE, 2004).

19
Na verdade, todos os medicamentos, não somente os psicotrópicos deveriam ser objeto de
controlo. No entanto, os que formalmente se distribuem mediante uma dispensa controlada é
apenas uma pequena parte do total (PEREIRA, 2002).
Entende-se por dispensa controlada aquela que se realiza através de um procedimento
diferencial, com requisitos superiores à habitual ou então na qual se exige (eventualmente)
que o paciente reúna características especiais (PEREIRA, 2002).
Segundo Laranjeira, 1997, as razões básicas para que um fármaco seja incluído num
dispensação controlada são:
1. A existência de um regulamento específico (legislação aplicável);
2. Problemas graves de segurança;
3. Problemas no fornecimento ou aquisição;
4. Motivos de eficiência, geralmente, o alto preço dos tratamentos e ou a possibilidade
real de desvios do uso racional em porcentagens importantes do consumo.
Igualmente, os motivos habituais para o surgimento de uma legislação específica costumam
ser também os de segurança e os econômicos. O controle por motivos de eficiência, sempre
que se garanta a idoneidade e a qualidade da farmacoterapia, é tão importante como qualquer
outro e não deve ser mascarado sob outros supostos objetivos com base na crença de que
será mau aceito pela comunidade assistencial. Por exemplo, num estudo para avaliar as
atitudes dos anestesistas canadenses frente ao controlo de custos, 46,3% dos mesmos
considerava justificado o acesso restrito a fármacos caros (CARVALHO, 1981).
2.14 Actuação do farmacêutico na saúde mental.
Desde a segunda guerra mundial, mais especificamente na década de 50 com a descoberta dos
psicofármacos, o exercício profissional no sector da psiquiatria passou por diversas mudanças
significativas, suspendendo um tratamento que era voltado para a loucura para dedicar-se a
medicar os sintomas do sofrimento psíquico (GENTIL et al, 2007 apud FERNANDES et
al,2012) . Essa modificação no panorama da psiquiatria garantiu que muitos pacientes antes
destinados a passar o resto de suas vidas na mendicância ou em asilos, fossem reintegrados às
suas famílias, visto que a partir dessa década foi iniciada a síntese de medicamentos
psicoactivos, que desempenhavam um bom controlo dos sintomas psicopatológicos
(ARAUJO; SILVA; FREITAS, 2011).
No entanto, alguns factores relacionados ao processo de utilização de medicamentos se
reflectem no efeito terapêutico esperado, e, por esse motivo, esses medicamentos nem sempre
alcançam absolutamente sua função. Sendo assim, torna-se relevante instruir o paciente a

20
respeito do uso dos medicamentos psicotrópicos, mencionando possíveis barreiras que podem
prejudicar o sucesso do tratamento (SOUZA et al, 2011 apud ZANELLA; AGUIAR;
STOROIRTIS, 2015).
Uma vez que o tratamento das doenças mentais envolve muitas vezes o uso de psicofármacos,
sendo um tratamento prolongado, que pode causar vários efeitos adversos que precisam ser
considerados para uma correta adesão, ainda com o risco da polifarmácia dependendo do
diagnóstico; torna-se evidente a importância de inclusão do profissional farmacêutico na
equipe de saúde mental com o objectivo de direccionar a política de assistência farmacêutica e
orientação do uso de medicamentos focando no binómio medicamento-paciente
(COUTINHO, 2015).
Actualmente as doenças mentais são tratadas com o uso concomitante de diferentes
medicamentos, o qual resultou em uma prática muito comum e directamente relacionada ao
risco de interacções medicamentosas. Essa politerapia é empregada quando se espera atingir
efeito terapêutico sinergético, possibilitando assim uma maior eficácia no tratamento
(GRAVET; CORDIOLI, 2000). Porém, as combinações medicamentosas podem resultar em
interacções medicamentosas indesejadas provocando diversos problemas e reacções adversas.
Na maioria das vezes as interacções medicamentosas são indesejáveis e prejudiciais, contudo,
em alguns casos os efeitos provocados pela combinação desses medicamentos podem ser
benéficos (GILMAN et al, 2003).
É possível que aconteça várias interacções medicamentosas, especialmente quando se trata de
drogas que actuam no sistema nervoso central como antipsicóticos, antidepressivos,
anticonvulsivantes, ansiolíticos e estabilizadores do humor. As associações entre esses
fármacos são muito comuns, e nem sempre podem ser evitadas. Devido a esse grande número
de interacções que pode ocorrer nas associações de psicofármacos, é imprescindível que se
faça uma avaliação dos riscos dessas interacções, tal como, das possíveis maneiras de reduzir
o numero dos efeitos indesejados. O ideal seria que todas as interacções pudessem ser
evitadas, porém nem sempre é possível substituir por medicamentos que evitem a ocorrência
das interacções entre essa classe farmacológica, sendo assim, torna-se necessário o
esclarecimento da acção e da indicação desses fármacos, também, de suas possíveis
interacções medicamentosas (FERNANDES et al, 2012).
É importante ressaltar que a ocorrência de interacções medicamentosas tende a aumentar na
medida em que se prescreve um maior número de medicamentos. As associações entre esses
medicamentos precisam ser acompanhadas e avaliadas no momento da prescrição, visto que

21
as interacções medicamentosas podem ocasionar consequências graves para a saúde. Nesse
sentido, compete ao farmacêutico averiguar os possíveis riscos para o paciente e prevenir
eventuais erros de prescrição que possam invalidar os efeitos terapêuticos, potencializar a
acção de certo fármaco ou intensificar reacções adversas (LEITE et al, 2016).
Diante desses factores o farmacêutico tem muito a contribuir, explicando a necessidade e os
benefícios do tratamento medicamentoso ao paciente, uma vez que este possibilita a melhora
no seu quadro clínico, e esclarecendo que poderá ocorrer efeitos colaterais, que muitas vezes
fazem parte de um tratamento medicamentoso. Outro ponto importante é esclarecer para o
paciente que é de extrema importância que ele não deixe de tomar o medicamento, inclusive
no horário certo, para que não haja uma piora no tratamento (GOMES, 2013).
É muito importante que o tratamento seja realizado em conjunto, profissional e paciente,
inclusive porque o próprio paciente precisa compreender sua doença e o seu estado no
momento para alcançar sucesso no tratamento, envolve principalmente a mudança de hábitos
de vida do paciente e a intervenção terapêutica (SOUZA, 1999).
O farmacêutico tem muito a contribuir na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com
transtornos mentais, seja para esclarecer dúvidas a respeito da sua doença, seja para viabilizar
a aderência no seu tratamento medicamentoso, enfatizar a importância do uso racional dos
medicamentos assim como não praticar a automedicação. No entanto esse profissional precisa
saber lidar com o sofrimento psíquico do doente, entender sua subjectividade, ter consciência
de que esses pacientes em questão não precisam apenas de medicação para diminuir seus
problemas, mas necessitam de um apoio psicológico aliado ao paciente (GOMES, 2013).

22
III METODOLOGIA

3.1Tipo de estudo

Pretendemos realizar um estudo Observacional descritivo retrolectivo com abordagem


quantitativa; que segundo Richardson (1989) expõe que este método é frequentemente
aplicado nos estudos descritivos (aqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre
variáveis), os quais propõem investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as características de um
fenômeno como tal.

3.2 Local do estudo

O estudo será realizado no Hospital Psiquiátrico de Luanda I° Semestre de 2022, Luanda.

3.3 População

População: é um conjunto de indivíduos, elemento ou fenómeno que têm uma característica


comum (SILVA,2008, p.329)

A população do estudo será constituída pelo universo de prontuários dos doentes que
ocorreram no Hospital Psiquiátrico de Luanda no IIº Trimestre de 2021.

3.4Variáveis em estudo

Variáveis sociodemográficas:

 Idade;
 Género;
 Estado civil;
 Nível académico;
 Proveniência;
 Ocupação;
 Principais psicotopicos utilizado;
 Principias interacções medicamentosa.
3.5Critérios de inclusão

Serão incluídos para o estudo os Prontuários dos Doentes que ocorreram ao tratamento no
Hospital Psiquiátrico de Luanda no IIº trimestre de 2021.

23
.

3.6Critério de exclusão

Serão excluídos do estudo todos os prontuários de doentes que não que tinham o prontuario
preenchido no Hospital Psquiátrico de Luanda no IIº trimestre de 2021.

3.7 Aspectos éticos

O estudo será realizado no Hospital Psiquiátrico de Luanda e cumpriremos todos aspectos


éticos.

3.8Instrumento de recolha de dados

Os dados serão recolhidos manualmente através do questionário com perguntas fechadas,


onde constaram as variáveis em estudo(apêndice B).

3.9Processamento e análise de resultados

Os dados serão, digitados no programaMicrosoft wold e posteriormente apresentação e


analise dos resultados em power point.

N° ACTIVIDADE A REALIZAR Meses do ano


24
Ago
Jun

Jul

Set
1 Elaboração do projecto

2 Leitura e Fichamento

3 Redação da monografia

4 Apresentação da versão provisória

5 Correcção da versão provisória

6 Apresentação da versal final

7 Defesa da monografia

IV.CRONOGRAMA de ACTIVIDADE

V.ORÇAMENTO

DESCRIÇÃO Valor (akz) por unidade Valor total

Um computador 70.000,00 70.000,00

Duas resmas de papel A4 500,00 1000,00

Uma impressora 20.000,00 20.000,00

Duas esferográficas 50,00 100,00

Despesas com meio de transporte 20.000,00 20.000,00

TOTAL 110.550,00 111.100,00

VI REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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