Você está na página 1de 8

1

UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA – UNOESC

ÁREA DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CAMPUS APROXIMADO DE CAMPOS NOVOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

João Eduardo Visona, Vinicius Tormen, Willian Rodrigues

HEMIPLEGIA LARINGEANA EQUINA

Campos Novos – SC

2023
2
João Eduardo Visona, Vinicius Tormen, Willian Rodrigues

HEMIPLEGIA LARINGEANA EQUINA

Trabalho apresentado ao Curso de Medicina


Veterinária, Área das Ciências Agrárias, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina –
UNOESC, como requisito parcial para
aprovação no componente curricular clínica
cirúrgica de grandes animais

Docente: Lais Muniz Arruda Pereira

Campos Novos – SC

2023
3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 4
2 DESENVOLVIMENTO 5
2.1 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO E FUNÇÃO DA LARINGE 5
2.2 ETIOLOGIA 5
2.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DA DOENÇA 6
2.4 DIAGNÓSTICO 6
2.5 TRATAMENTO 7
3 CONCLUSÃO 7
4 REFERÊNCIAS 8
4
1. INTRODUÇÃO

Existem muitas enfermidades que são recorrentes em equinos, principalmente


as que afetam os sistemas locomotor e respiratório. Com o avanço populacional de
equinos no Brasil, a procura por profissionais especializados para atendimento vem
crescendo cada vez mais, para que as doenças possam ser evitadas com manejo e
cuidado adequado destes pacientes (AMORIN, 2018).

Dentre todas as doenças que acometem o trato respiratório superior dos


equinos atletas, a hemiplegia laringeana (HL) é considerada uma das principais e
mais corriqueiras. Também conhecida como paralisia da laringe, a HL resulta na
redução do fluxo de ar e consequentemente diminui as trocas gasosas, fazendo com
que os animais afetados apresentam ruídos no momento da inspiração, associado
com dispnéia, intolerância ao exercício e redução no desempenho (STEINER, et al.,
2013).

A HL pode ser unilateral ou bilateral, onde o lado esquerdo é o mais afetado


por esta patologia. Principalmente quando afetado o lado esquerdo, ocorre o bloqueio
da laringe por conta do aumento de pressão negativa durante a inspiração,
especialmente durante esforço físico exacerbado. Causando assim uma falha no
processo corniculado e da prega vocal ipsilateral, causando obstrução do lúmen da
laringe (OLIVEIRA, 2013).

O diagnóstico desta patologia se dá através da avaliação física do paciente e


com base em cada situação é mensurado o grau que a doença se encontra, levando
assim em consideração a capacidade de abdução da cartilagem aritenóide. O
tratamento é cirúrgico e a técnica realizada varia em cada caso, onde deve ser
avaliado o grau em que o paciente se encontra da doença, idade e tipo de atividade
realizada pelo mesmo (STEINER, et al., 2013).

O objetivo deste trabalho é discorrer sobre a hemiplegia laringeana em


equinos, dando ênfase na etiologia da doença, manifestações clínicas, diagnóstico e
tratamento. Para que com isso possa aperfeiçoar o entendimento dos acadêmicos
sobre a enfermidade em questão.
5
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 ANATOMIA DO TRATO RESPIRATÓRIO E FUNÇÃO DA LARINGE

De forma resumida, o aparelho respiratório dos equinos é dividido na porção


que conduz ar, a qual compreende as fossas nasais, nasofaringe, laringe, traquéia,
brônquios e bronquíolos. Já a porção inferior é composta pelos alvéolos, estes que
são responsáveis pelas trocas gasosas (OLIVEIRA, 2013).

A laringe trata-se de um órgão tubular que faz a conexão da faringe e a árvore


brônquica, onde estão localizados os alvéolos. O formato da laringe se dá por uma
estruturas de cartilagens ímpares e uma par (cricóide, tireóide, epiglótica,
correspondem às ímpares e a par é denominada de aritenóide) estas que
permanecem unidas por articulações (cricotireóideo, cricoaritenoide e a tireóide) e
ligamentos. A movimentação deste órgão é possível por conta dos músculos
extrínsecos os quais correspondem esternotireoideo, o tireoióideo e o hioepiglótico e
intrínsecos, estes compostos por cricotireóideo, cricoaritenóideo dorsal e lateral, o
aritenóideo transverso, tireoaritenoideo tireoaritenoideo acessório e tensor ventricular
lateral (OLIVEIRA, 2013).

A laringe é a principal porção do trato respiratório responsável pela entrada e


saída de ar, e além disso evita com que objetos estranhos adentrem a traqueia. Com
base em sua anatomia e composição ela pode alterar o tamanho da rima da glote
para facilitar a entrada de ar e com isso se tenha um controle da respiração. E quando
se tem lesão na inervação laríngea causa uma paralisia geral dos músculos
intrínsecos, exceto o músculo cricotireóideo, fazendo com que a prega vocal
desloque-se na porção medial da laringe, dificultando a passagem de ar pela rima da
glote (PINA, 2013).

2.2 ETIOLOGIA

A HL não possui predisposição por raça, mas machos Puro Sangue Inglês
apresentam maior incidência. Pode acometer animais jovens com poucos meses até
pacientes com 10 anos de idade e atinge ambos os sexos (ANDRADE et al., 2021).
A hemiplegia laringeana ocorre por conta de uma atrofia neurogênica do músculo
criocoaritenóide dorsal em conjunto com outros músculos intrínsecos. Esta alteração
ocorre por conta de uma degeneração idiopática do nervo laríngeo recorrente,
acometendo na maioria das vezes o lado esquerdo e isso se dá por conta dos axônios
desta região serem maiores em comparação ao lado oposto, facilitando assim a
predisposição de lesões. Outros fatores que podem estar relacionados à
predisposição desta enfermidade são as doenças metabólicas, características
genéticas, micoses da bolsa gutural, traumas, secundário a procedimentos cirúrgicos
no local e tumores na região (AMORIM, 2018).
6
Em relação a causa por alterações metabólicas, é carreada por uma deficiência
energética no axônio, que dificulta a produção energética normal para o
funcionamento correto do nervo. Isso acaba afetando os nervos mais longos e com
relação ao melhoramento genético, animais que são selecionados para corrida
apresentam-se maiores e com pescoço mais comprido, sendo assim mais rápidos e
fortes. Porém como consequência óbvia do seu aumento de tamanho, as inervações
laríngeas tornam-se mais longas também, predispondo essa falha metabólica
resultando na hemiplegia laringeana. Por esse fator a patologia está altamente
relacionada com animais atletas (ANDRADE et al,, 2021).

2.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CLASSIFICAÇÃO DO GRAU DA DOENÇA

Os animais com hemiplegia laringeana vão apresentar sinais clínicos que


cursam com características respiratórias como, ruídos na inspiração, cianose,
hipoventilação, apresentam baixa performance e principalmente intolerância ao
exercício. A presença do ruído se dá por conta da falta da abdução da cartilagem
aritenóide, causando dificuldade na passagem do ar (ANDRADE et al,, 2021).

As classificações do grau que o paciente se encontra da doença vai ser de


acordo com gravidade das manifestações clínicas. A HL tem quatro graus, onde no
grau 1 o paciente apresenta todos os movimentos laríngeos normais e sincronia das
cartilagens aritenóides esquerda e direita. No grau 2 tem movimento irregular das
cartilagens, imobilização do movimento adutor da aritenóide do lado afetado ou
ambos, porém a abdução permanece a mesma. O grau 3 é semelhante ao grau dois,
porém a abdução da aritenóide não é mantida pela deglutição ou oclusão nasal. O
último grau, o qual seria o 4 tem total imobilidade da aritenóide e da corda vocal. Ou
seja, os graus de classificação estão relacionados com a capacidade e efetividade da
movimentação da cartilagem aritenóide e quanto mais danificada prejudica a
passagem do ar, causando os ruídos respiratórios, tornando assim o sinal
patognomônico da doença (STEINER, 2013 & OLIVEIRA, 2013).

2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico se dá pela presença dos sinais clínicos e histórico do paciente.


O exame físico também é muito importante para auxiliar no diagnóstico, pois é nesse
processo que pode ser identificada a atrofia muscular. Um teste utilizado que também
ajuda é o de reflexo toracolaríngeo, o qual avalia a movimentação adutora da
musculatura da laringe e conforme o grau, quanto maior, menor é o reflexo
apresentado e nos casos mais graves não ocorre a adução da cartilagem. O
diagnóstico definitivo se dá através da endoscopia, neste exame é avaliado
diretamente a simetria da rima da glote e com esse mesmo exame é obtido o grau da
doença (AMORIM, 2018 & OLIVEIRA, 2013).
7
A realização da endoscopia deve ser realizada preferencialmente com o animal
em estação e se o paciente for tolerante recomenda-se fazer sem sedação, para que
não tenha nenhuma alteração que possa prejudicar o resultado do exame. O
diagnóstico então é confirmado pelo exame quando é observado que uma ou ambas
as cartilagens não se afastam completamente, fazendo com que altere a anatomia e
funcionalidade da laringe (AMORIM, 2018).

2.5 TRATAMENTO

O objetivo do tratamento da hemiplegia laríngea é reparar as alterações da


rima glótica, reconstruindo o diâmetro da mesma, para que desta forma seja evitado
obstruções e alterações funcionais futuras. Porém, nem todos os casos precisam de
tratamento, alguns pacientes vivem tranquilamente com a doença e quando pacientes
apresentam intolerância ao exercício e a HL está em graus menores que o grau 3, o
problema pode ser resolvido com alteração na posição do pescoço e da cabeça,
deixando estes menos flexionados. Mas, em casos graves, onde os pacientes
atingem os graus 3 e 4, o tratamento é cirúrgico (OLIVEIRA, 2013).

As técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas para correção incluem,


laringoplastia, ventriculectomia, ventriculocordectomia, reinervação do músculo
cricoaritenóide dorsal e aritenoidectomia. Para a escolha do procedimento é levado
em consideração os sinais clínicos apresentados com base no grau da doença, idade
e função que o paciente exerce. A técnica mais comumente utilizada é a laringoplastia
protética, podendo ser associada com ventriculectomia ou ventriculocordectomia e
reinervação da laringe, para assim diminuir o ruído inspiratório. A associação entre as
técnicas de laringoscopia com ventriculocordectomia e ventriculectomia é muito
efetiva, pois é realizado o aumento do diâmetro da rima glótica, fazendo com que
melhore o fluxo de ar, quando comparado com a laringoscopia sozinha. (STEINER,
2013 & OLIVEIRA, 2013).

3 CONCLUSÃO

Com a elaboração deste trabalho foi possível concluir que a hemiplegia


laríngea não possui predisposição por raça, idade ou sexo, porém é mais comum
acometer equinos atletas, por conta das suas características anatômicas. Esta
patologia causa perda do desempenho e dependendo do grau em que a doença se
encontra os animais possuem dificuldades respiratória e nesta situação é
recomendado o tratamento cirúrgico, onde o mais efetivo é realizado com
associações de técnicas cirúrgicas, para que o tratamento se torne o mais efetivo
possível.
8
4 REFERÊNCIAS

AMORIM, Rodolfo Andrè Ribeiro. HEMIPLEGIA LARÍNGEA GRAU IV EM EQUINO:


RELATO DE CASO. 2018. 40 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinaria,
Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2018. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/3753/1/RARA14032018.pdf.
Acesso em: 20 out. 2023.

OLIVEIRA, Natália Franco de. PATOLOGIAS DA LARINGE DE EQUINOS. 2013. 111


f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinaria, Universidade de Brasília,
Brasília, 2013. Disponível em:
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/5952/1/2013_NataliaFrancoDeOliveiraEOliveira.
pdf. Acesso em: 18 out. 2023.

PINA, Paulo Roberto Tôrres. HEMIPLEGIA LARINGEANA EM EQUINOS. 2013. 34


f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina Veterinaria, Universidade Federal de
Campina Grande, Patos, 2013. Disponível em:
http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/riufcg/24771/PAULO%20R
OBERTO%20T%c3%94RRES%20PINA%20%20-
%20TCC%20MED.%20VETERIN%c3%81RIA%20CSTR%202013.pdf?sequence=1
&isAllowed=y. Acesso em: 20 out. 2023.

STEINER, Denis et al. HEMIPLEGIA LARÓNGEA EM EQUINOS. Centro Cientifico


Conhecer, Goiânia, v. 9, n. 17, p.1583 , dez. 2013. Disponível em:
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2013b/CIENCIAS%20AGRARIAS/Hemiplegia.
pdf. Acesso em: 15 out. 2023

Você também pode gostar