Você está na página 1de 9

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

AMAZONAS

CAMPUS MANAUS - ZONA LESTE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

CAROLINA FREITAS VILHENA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: HEMIPLEGIA LARINGEANA

Manaus/AM

2019

1
CAROLINA FREITAS VILHENA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: HEMIPLEGIA LARINGEANA

Trabalho solicitado pelo professor


Eduardo para o oitavo período do curso
de Medicina Veterinária do Instituto
Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas (IFAM), como
requisito parcial de avaliação na
disciplina de Clínica Médica e Cirúrgica
de Equinos.

Manaus/AM

2019

2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................pg.04
2. PATOGENIA......................................................................................pg.04
3. GRAUS DA HEMIPLEGIA LARINGEANA.........................................pg.05
4. ETIOLOGIA........................................................................................pg.05
5. DIAGNÓSTICO..................................................................................pg.06
6. TRATAMENTO..................................................................................pg.07
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................pg.07
8. IMAGENS...........................................................................................pg.08
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................pg.08

3
1. INTRODUÇÃO

"As doenças respiratórias representam a segunda causa de intolerância


ao exercício, sendo as afecções do trato respiratório anterior comuns em todas
as raças de cavalos de alta performance (LAGUNA, 2006)." relata BOSI, 2013.

O diagnóstico de afecções do sistema respiratório em equinos é de


extrema importância, tendo em vista que, nessa espécie específica, a
respiração eficiente só acontece através das narinas, sendo a cavidade oral
utilizada apenas como recurso em casos extremos, de acordo com STICK,
1990 e DERKSEN, 1991 (D'UTRA-VAZ, 1998).

Considerada a principal afecção que acomete o sistema respiratório de


equinos, a Hemiplegia de Laringe é mais incidente em cavalos de corrida e
pode ser encontrada desde animais de poucos meses de idade até equinos de
10 anos, de ambos os sexos, sendo mais prevalente em animais entre 2 a 5
anos de idade e machos da raça Puro Sangue Inglês.

Dentre os sinais comumente encontrados em equinos que apresentam


hemiplegia laringeana, pode-se destacar a intolerância a exercícios de alta
velocidade e a presença de ruídos respiratórios anormais, causados pelo
estreitamento da rima glotis e a passagem de ar pelas cordas vocais e
ventrículos afetados (STEINER, 2013).

2. PATOGENIA

A hemiplegia de laringe pode ser uni ou bilateral, sendo a maioria dos


casos unilaterais esquerdos de origem idiopática, por uma axôniopatia do nervo
laríngeo recorrente esquerdo, onde este sofre uma perda progressiva da
mielinização dos axônios, isso limita a performance dos cavalos por diminuir a
área de abertura da rima da glote devido a uma falha na abdução da cartilagem
aritenoide, causando aumento de resistência respiratória, hipercapnia,
hipoxemia, intolerância a exercícios e ruído respiratório excessivo(síndrome do
cavalo roncador), sendo responsável por 95% dos casos. Já a hemiplegia
direita tem como principal causa um defeito no quarto arco braquial ou a má
formação congênita da cartilagem, sendo o tipo menos recorrente.

"Os ruídos produzidos são caracteristicamente agudos,


vibratórios, semelhantes a um assobio e produzidos somente
durante a inspiração. Por isso, são conhecidos popularmente
como "chiados", diferente dos ruídos produzidos por outras
obstruções laringeanas ("roncos"), como as provocadas pelo
deslocamento dorsal de palato mole e encarceramento de
epiglote, em que os sons são de maior vibração e presentes tanto
na inspiração como na expiração (LAGUNA, 2006)." BOSI, 2013

4
Na maioria dos casos, cavalos portadores conseguem correr bem, porém
nos últimos 400 a 600 metros não conseguem mais acelerar, diminuindo
consideravelmente a velocidade (ANDERSON et al., 1997).

3. GRAUS DA HEMIPLEGIA

"Apesar de a condição ser denominada de hemiplegia laringeana, existe


uma grande variação na apresentação da doença dependendo do grau,
variando de hemiparesia a hemiparesia grave e hemiplegia propriamente dita
(RUSH & MAIR, 2004b)." (OLIVEIRA, 2013), sendo a hemiparesia subclínica a
de maior incidência, de acordo com estudos realizados por DUNCAN et al,
(1977).

A hemiplegia laringeana esquerda é dividida em 4 graus, sendo estes:

 Grau I: abdução e adução completas e sincronizadas das


cartilagens aritenoides;
 Grau II: movimento assimétrico da cartilagem aritenoide
esquerda durante todas as fases da respiração. Abdução
completa é possível se estimular a deglutição ou realizar
oclusão nasal;
 Grau III: movimento assimétrico da cartilagem aritenoide
esquerda durante todas as fases da respiração, mas não há
abdução completa após estímulo de deglutição ou oclusão
nasal;
 Grau IV: paralisia completa da cartilagem aritenoide esquerda.

Os graus I e II de hemiplegia não interferem na função atlética dos


animais, assim como alguns casos de grau III.

4. ETIOLOGIA

Quanto a etiologia da hemiplegia laringeana, esta não está devidamente


esclarecida, por isso aplica-se o termo hemiplegia laringeana idiopática como
sinônimo. Entretanto,em alguns grupos de casos específicos após estudos,
foram indicados como promotores de hemiplegia laringeana: injeções
perivasculares, micose de bolsa gutural, neoplasias, intoxicações por
organofosforados e plantas tóxicas. "Em 1987, Cahill & Goulden (apud
ALMEIDA NETO, 2009), sugeriram que a etiologia da hemiplegia está
relacionada a um metabolismo energético anormal do axônio, causado por
deficiência dos cofatores associados à produção de energia ou por deficiências
enzimáticas hereditárias, que são essenciais para o funcionamento normal do
nervo." (OLIVEIRA, 2013).

5
5. DIAGNÓSTICO

A suspeita de diagnóstico pra hemiplegia de laringe se dá, inicialmente,


pelo aparecimento de sinais clínicos, tais como a intolerância a exercícios,
queda no desempenho de exercícios de alta velocidade e o aparecimento de
ruídos respiratórios anormais durante os exercícios (roncos).

Ao exame físico é necessário realizar a palpação do pescoço e laringe,


uma vez que tal afecção apresenta atrofias palpáveis do músculo
cricoaritenoideo dorsal e uma proeminência percutânea do processo muscular
da cartilagem aritenoide. "Leve assimetria é encontrada facilmente em cavalos
com função laringeal normal, mais assimetrias mais evidentes, geralmente,
consistem com a incapacidade do equino em atingir completa abdução da
aritenoide deste lado (PARENT, 2011)", como relata STEINER, 2013.

Para diagnóstico definitivo da hemiplegia de laringe é necessário a


realização de endoscopia, com o animal em estação para que não ocorram
alterações anatofisiológicas, para se observar a simetria da rima da glote, o
posicionamento assimétrico ou amplitude de movimento das cartilagens
aritenoides e relaxamento das pregas vocais do lado acometido.

Algumas manobras devem ser realizadas para melhor avaliar o


funcionamento da laringe, como o “slap test”, a oclusão nasal e a indução da
deglutição (em animais hígidos uma máxima abdução ocorre logo após a
deglutição) como a partir da água que sai do aparelho de endoscópio, para
avaliação da simetria aritenoide.

O exame endoscópico em movimento na esteira de alta velocidade é


necessário para fornecer uma avaliação completa da função laringeana, tendo
em vista que o exame em repouso pode não diagnosticar algumas afecções
que levam ao colapso dinâmico da laringe. O exame em movimento é
recomendado principalmente para aqueles animais com grau III de hemiplegia
ou para aqueles que o histórico e o exame em repouso não se correlacionam
(RUSH & MAIR, 2004b; DIXON, 2011), enquanto que a esteira de alta
velocidade ajuda no diagnóstico dos níveis I e II da hemiplegia, onde não há
colapso laríngeo.

Outro método utilizado para diagnóstico é a realização de


ultrassonografia, ao se observar o aumento da ecogenicidade do músculo
cricoaritenoideo lateral.

A endoscopia é o exame de eleição da na hora de se confirmar um


diagnóstico de hemiplegia de laringe, uma vez que torna capaz a observação
da perda parcial ou completa da função abdutora na face afetada da laringe.

6
No entanto, há a necessidade de se realizar o exame com o animal em
exercício intenso, em esteira de alta velocidade.

6. TRATAMENTO

Nem todos os casos de hemiplegia necessitam de tratamento, como por


exemplo os graus I e II, apenas trabalhando com a cabeça e o pescoço menos
flexionados. No entanto, a maioria dos casos de hemiplegia de laringe de graus
III e IV devem passar por tratamento cirúrgico, sendo esta a única maneira de
correção da hemiplegia.
Para o tratamento da hemiplegia existem diversas opções cirúrgicas que
podem ser feitas, como por exemplo: ventriculectomia e cordectomia vocal,
laringoplastia prostética, traqueostomia permanente e temporária,
aritenoidectomia subtotal e reinervação laringeana. Há também a possibilidade
de realizar eletroestimulação do nervo laríngeo recorrente, mas esta apresenta
resultados satisfatórios apenas em afecções de graus I, II e III.
A escolha da técnica cirúrgica depende não somente do médico
veterinário, como também da queixa apresentada, idade do animal, tipo de
trabalho que este realiza e o grau de hemiplegia.
A aritenoidectomia era a técnica mais utilizada na correção de hemiplegia
de laringe, porém, a maioria dos animais apresentava disfagia pós-cirúrgica
devido ao aumento do lúmen laríngeo. Sendo assim, esta técnica vem sendo
substituída pela laringoplastia (que consiste ne colocação de uma prótese),
mas ainda é realizada em casos de insucesso da segunda citada.
A técnica mais comum é a laringoplastia protética. Frequentemente
ventriculectomia ou ventriculocordectomia é realizada em conjunto com a
laringoplastia ou reinervação da laringe, pois reduzem o ruído inspiratório.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A hemiplegia de laringe, ainda que seja considerada uma afecção rara no


trato respiratório, permanece sendo a segunda principal causa de perda de
desempenho, principalmente no que diz respeito a cavalos atletas. Desta
forma, conhecer tal patologia e sua forma de corrigi-la é de extrema
importância para médicos veterinários, em especial os ligados à área de clínica
e patologia cirúrgica de equinos, visando um diagnóstico preciso e uma
correção definitiva da hemiplegia, contribuindo para a continuidade das
atividades físicas de alto desempenho dos animais acometidos.

7
8. IMAGENS

https://www.google.com/url?sa=i&url=http%3A%2F
%2Fnogalope.com.br%2Fhemiplegia-laringea-cavalo-roncador
%2F&psig=AOvVaw0EQB18TxrDj1dslP4Aa2q5&ust=1575916045739000&source=images&cd=vfe&ved=2ah
UKEwjdjovy1qbmAhUcCLkGHU1kAdwQr4kDegUIARDVAQ

https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A
%2F%2Finfoequestre.vet%2Fclinica%2Fhemiplegia-laringeana
%2F&psig=AOvVaw0EQB18TxrDj1dslP4Aa2q5&ust=1575916045739000&source=images&cd=vfe&ved=2ah
UKEwjdjovy1qbmAhUcCLkGHU1kAdwQr4kDegUIARDjA

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSI, A. M.; SPADETO JR, O.; COELHO, C. S.; ALVES, G. E. S.


Retorno à Função Esportiva de um Cavalo Submetido à
Eritenoidectomia e Ventriculectomia para Tratamento de Hemiplegia
Laríngea Direita Não Responsiva à Aritenoidepexia - Relato de Caso.
ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, v.29, n.1, 001-007, 2013.

D'UTRA-VAZ, B. B.; THOMASSIAN, A.; HUSSNI, C. A.; NICOLETTI, J.


L.; RASMUSSEN, R. Hemiplegia Laringeana e Condrite da Aritenoide
em Equinos. Santa Maria. 1998.

8
FULTON, I. C. Larynx. In: AUER, J. A; STICK, J.A. Equine Surgery, 4. ed
St. Louis:
Elsevier, p.592-605, 2012.

OLIVEIRA, N. F. Patologias da Laringe de Equinos. Trabalho de


Conclusão de Curso. Brasília. 2013

STEINER, D.; ALBERTON, L. R.; BELETTINI, S. T. Hemiplegia Laríngea


em Equinos. 2013.

Você também pode gostar