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FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

INTENSIVISMO - PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM


PROCEDIMENTO ANESTÉSICO

ELIAN DE ALMEIDA CARDOSO

GIOVANA LOUSADA GALDINO

KLARISSE RODRIGUES FREITAS MANHÃES

MARIANE DIAS LOYOLA

MILENA AGLÍDIA THOM TAVARES RENES

NOVA VENÉCIA – ES

2023
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INTENSIVISMO - PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM


PROCEDIMENTO ANESTÉSICO

ELIAN DE ALMEIDA CARDOSO

GIOVANA LOUSADA GALDINO

KLARISSE RODRIGUES FREITAS MANHÃES

MARIANE DIAS LOYOLA

MILENA AGLÍDIA THOM TAVARES RENES

Trabalho apresentado à disciplina Prática


de Extensão Interdisciplinar IX do Curso
de Graduação em Medicina Veterinária
da Faculdade Capixaba de Nova Venécia
como requisito para avaliação.
Orientador: Profª. Heloisa Lourenço
Zucateli Zampirolli.

NOVA VENÉCIA – ES

2023
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3

2 DESENVOLVIMENTO...........................................................................................3

2.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA.................................................................3

2.2 CASO CLÍNICO..................................................................................................6

3 CONCLUSÃO........................................................................................................8

4 REFERÊNCIAS.....................................................................................................8
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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Almeida et al (2007), o intensivismo inclui o reconhecimento


precoce de uma situação de risco grave e imediato à vida, bem como as
intervenções necessárias para eliminar ou diminuir sua ocorrência. A medicina
veterinária intensiva se concentra na monitorização e cuidados intensivos contínuos
de animais que se encontram em estado crítico de saúde, por meio de
procedimentos complexos a fim de estabilizar o paciente.

Para se obter sucesso nas terapias intensivas é necessário possuir equipe


bem treinada para lidar com situações de risco grave de forma rápida e eficaz. Além
disso, é preciso possuir equipamentos de monitoração de funções vitais,
medicações de emergência e aparelhos de suporte à vida. O acometimento de
órgãos de manutenção imediata da vida, como cérebro, coração e pulmão, são
causas frequentes de necessidade de cuidados intensivos, e frequentemente se
apresentam com a parada desses órgãos, principalmente a parada
cardiorrespiratória (PCR) (YAGI, 2019).

O presente trabalho objetivou apresentar os principais aspectos da medicina


veterinária intensiva frente a uma parada cardiorrespiratória (PCR) e demonstrar
sua aplicabilidade em um caso clínico hipotético.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

A Parada Cardiorrespiratória (PCR) precisa ser reconhecida rapidamente


pela equipe de intensivismo e a reanimação cardiopulmonar deve ser realizada o
quanto antes possível para maiores chances de sobrevivência do paciente. Por isso,
dentro de uma internação é de suma importância identificar os pacientes que
possuem risco de PCR, de forma que a equipe fique mais atenta neste caso e inicie
a reanimação o mais rápido possível se for necessário (YAGI, 2019).

Ao se deparar com uma PCR é necessário realizar o suporte básico a vida


através da avaliação das vias aéreas, respiração e circulação (ABC do trauma) do
paciente, estudos mais recentes mostram que a circulação deve ser o primeiro sinal
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a ser corrigido visto que oxigenar um paciente que não tem circulação sanguínea
não é eficaz (YAGI, 2019).

A circulação é corrigida através das compressões torácicas ritmadas


totalizando 100 a 120 compressões por minuto. O local a se realizar as
compressões irá variar de acordo com o formato do tórax do animal. Cães
pequenos, gatos e cães com o tórax em formato de quilha devem receber as
compressões cardíacas sobre o coração, cães com o tórax achatado devem receber
as compressões sobre o esterno, enquanto os demais cães serão posicionados em
decúbito lateral e receberão as compressões no ponto mais alto do tórax (YAGI,
2019).

Imagem 1: Ilustração da massagem


cardíaca em cães. Massagem cardíaca
realizada no ponto mais alto do tórax
(A); massagem cardíaca realizada
sobre o coração (B); massagem
cardíaca realizada sobre o esterno (C).

Em cães e gatos filhotes ou de pequeno porte a massagem cardíaca pode ser


realizada sobre o esterno utilizando os dedos polegares (YAGI, 2019).

Imagem 2: Simulação de
compressões cardíacas realizada
com os polegares.
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As compressões cardíacas devem ser feitas de forma ritmada em ciclos de


2 minutos, após os dois minutos o animal precisa ser avaliado para notar se obteve
sucesso com a RCP, esta avaliação não pode ultrapassar 15 segundos, caso a
reanimação não tenha sido efetiva outro profissional deve iniciar um novo ciclo de
compressões e uma nova avaliação será feita após 2 minutos. Ao mesmo tempo
em que as compressões torácicas são realizadas, o animal deve ser intubado para
ventilação, o animal deve receber 10 respirações por minuto com 1 segundo de
inspiração em cada uma (YAGI, 2019).

Concomitantemente, o suporte avançado a vida também deve ser realizado


através de monitoramento dos parâmetros vitais do paciente, acesso venoso e uso
de medicações, além de desfibrilamento elétrico caso haja necessidade. As
medicações realizadas durante a RCP irão depender da individualidade do paciente
e da causa da PCR, a fluidoterapia é indicada em casos onde se observa
hipovolemia, a desfibrilação é recomendada para pacientes em fibrilação ventricular
e taquicardia ventricular sem presença de pulsação (YAGI, 2019).

Imagem 3: Simulação da desfibrilação elétrica realizada em decúbito lateral


e decúbito dorsal.

Mesmo que o animal obtenha sucesso após a RCP a taxa de sobrevivência


e de alta do paciente é baixa, variando entre 2 e 7%, por isso o cuidado intensivo
após a reanimação é essencial. Na internação o animal deve receber suporte
ventilatório, correção hemodinâmica através de fluidoterapia, permitir o correto
funcionamento do sistema cardiovascular utilizando vasopressores e inotrópicos
caso seja necessário, e utilizar fármacos neuroprotetores para prevenir convulsões,
pressão intracraniana elevada e hipotermia permissiva (YAGI, 2019)..

É importante destacar que para ter sucesso na reanimação cardiopulmonar


é preciso ter a disposição os equipamentos a serem utilizados, as medicações
necessárias e principalmente uma equipe intensivista bem treinada e pronta para
este tipo de situação (YAGI, 2019).
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2.2 CASO CLÍNICO

Identificação do paciente:

Nome: Cacau
Espécie: Canina
Sexo: Fêmea
Raça: SRD
Idade: 9 anos
Peso: 15,6 kg

Data do atendimento: 18 de agosto de 2023.

Anamnese: A paciente foi atendida na clínica veterinária da Faculdade Capixaba de


Nova Venécia – MULTIVIX para um procedimento de ovariohisterectomia em
decorrência de piometra. Antes da cirurgia foi solicitado os exames de hemograma
completo, bioquímico renal (uréia e creatinina) e bioquímico hepático (AST, ALT,
FA, Albumina). Hemograma revelou desvio a esquerda e bioquímico uma azotemia
moderada.

Exame físico: Temperatura 37,9º C, frequência cardíaca 120 bpm, frequência


respiratória 24 mpm, mucosas normocoradas, desidratação menor que 5% e
linfonodos não reativos, escore corporal 4 (escala de 1-9). Na ausculta cardíaca
observou-se presença de sopro grau 3.

Exames solicitados: hemograma, bioquímico (AST, ALT, FA, uréia, creatinina e


albumina) e eletrocardiograma e ecocardiograma. Porém, o tutor se recusou a
realizar os exames cardíacos devido a necessidade de ir a outro município para o
exame. Nesse caso o tutor foi orientado sobre os riscos e assinou termo de
consentimento livre e esclarecido e de recusa de exames.

Para o procedimento cirúrgico foi realizado o seguinte protocolo anestésico:

 MPA: Dexmedetomidina + Metadona


 Local: Epidural com lidocaína
 Indução: Propofol
 Manutenção: Isoflurano

Durante a cirurgia o paciente teve hipotensão seguida por parada


cardiorrespiratória. De imediato a equipe cirúrgica iniciou o suporte básico e
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avançado a vida. A equipe dividiu-se em um líder de RCP, uma pessoa para realizar
as compressões, outra para ficar responsável pela ventilação e por último uma
pessoa para realizar as medicações necessárias, além de um médico veterinário
supervisionando todo o processo. Foi feita a medicação cloridrato de atipamezol
(reversor dos efeitos da dexmedetomidina).

As compressões realizadas eram ritmadas de forma a manter em média 100 a 120


compressões por minuto. Após 2 minutos de massagem foi feita uma avaliação do
paciente e foi constatado que ainda estava sem batimentos cardíacos e sem
respiração espontânea. Foi feita a aplicação de adrenalina intravenosa e retomada
as compressões por mais 2 minutos. Após esse período verificou-se que os
batimentos retornaram.

Foi feita uma avalição geral dos parâmetros fisiológicos e ficou constatado:
taquicardia, hipotensão, bradipnéia e saturação de oxigênio em 88% e temperatura
em 35,5ºC. A cirurgia foi finalizada e a paciente encaminhada para internação com
os equipamentos de monitorização.

Foi realizado o reestabelecimento de temperatura com tapete térmico. A


fluidoterapia foi mantida juntamente com a oxigenioterapia. Foi realizada a
administração de noradrenalina na tentativa de retornar a normotensão, sem
sucesso. Paciente apresentava-se intensamente prostrada, seguiu sendo
monitorada e imediatamente tratada quando apresentava alteração grave.

Após 36 horas da cirurgia, durante uma das avaliações de parâmetros, constatou-


se crepitação pulmonar, indicando edema. Foi realizada a administração de
furosemida. Pressão arterial estava baixa, frequência cardíaca elevada e saturação
de oxigênio e 85%. Enquanto o plantonista preparava uma aplicação de
noradrenalina a paciente teve nova parada cardiorrespiratória. Foram realizadas as
compressões e demais alternativas do protocolo intensivo, porém, infelizmente o
quadro não pode ser revertido e a paciente evoluiu para óbito.
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3 CONCLUSÃO

Conforme explanado, a medicina veterinária intensiva possui importante


papel no cuidado dos pacientes em estado grave e demanda pessoal qualificado e
instalações adequadas e modernas para lidar com situações que necessitam de
intervenções imediatas. Apesar de sua importância, em casos como o de parada
cardiorrespiratória os cuidados intensivos, apesar de fundamentais, apresentam
baixas taxas de sucesso.

Nesse sentido, conforme demonstrado no caso clínico, uma situação de cirurgia


evoluiu para uma parada cardiorrespiratória, provavelmente causada por uma
cardiopatia não diagnosticada. Apesar de todos os esforços e recursos médicos
empenhados a paciente não resistiu.

4 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A.M. et al. Medicina Intensiva na Graduação Médica: Perspectiva do


Estudante*. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2007. Disponível em: <
https://www.scielo.br/j/rbti/a/Gx8sJYkd6y7crvWFMCwdkPg/?format=pdf&lang=pt >.
Acesso em: 09 set. 2023.
YAGI, K. Evidence-Based CPR: The RECOVER Guidelines. European Veterinary
Emergency and Critical Care Congress, 2019. Disponível em:
<https://www.vin.com/apputil/content/defaultadv1.aspx?pId=23848&id=9257822>.
Acesso em: 07 set. 2023.

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