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Emergências
Clínicas para
Estudantes
Curitiba - 2018
Liga Acadêmica de Emergências Clínicas – HCV Paraná
Orientadora:
Dra. Lorete Follador
Diretoria 2018:
Presidente:
Jessika Cazarotto Masquieto
Vice-Presidente:
Douglas de Lima Negrão
Diretora Acadêmica:
Mariana de Moura de Souza
Diretora Científica:
Caroline Boschetto
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Edição do Material
Capa:
Guilherme Ernesto Militz
Edição:
Niels Vinicius Pádua Carvalho
Álvaro Luiz Teixeira de Freitas
Mariana de Moura de Souza
Autores:
CAPÍTULO 1
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
Acadêmicos: Thaise de Araújo Wrubleski e Jordana Lima Braga
Revisor: Dr. Gustavo Lenci Marques
O atendimento da PCR pode ser dividido em duas etapas: avaliação primária (basic
life suport – BLS) e avaliação secundária (advanced life suport – ACLS), descritas a
seguir.
2.1 RECONHECIMENTO
Esta é a etapa mais importante da RCP e deve ser iniciada imediatamente após a
identificação da PCR. As compressões torácicas de alta qualidade devem ser rápidas
e eficientes, realizadas terço inferior do esterno, capazes de deprimir o tórax de 5 a 6
cm, permitindo seu retorno completo após cada compressão e mantendo uma
frequência de 100 a 120 compressões/minuto.
Para a abertura das vias aéreas, os profissionais habilitados devem utilizar a manobra
de elevação da mandíbula e hiperextensão da coluna cervical, exceto na suspeita de
lesão cervical, quando está indicada a manobra de tração da mandíbula sem
hiperextensão cervical.
A partir do momento que uma via aérea avançada for estabelecida, as ventilações
passam a ser realizadas numa frequência de 8 a 10 por minuto (em média 1 ventilação
a cada 6 segundos) não sincronizadas com as compressões torácicas, que passam a
ser realizadas sem pausa, checando o pulso a cada 2 min.
3.1 MOV
Um mnemônico bastante útil no manejo avançado de uma PCR é o MOV. Suas letras
revelam condutas essenciais durante o atendimento na emergência, são eles:
monitorização cardíaca + oxigenação + acesso venoso periférico ou intraósseo.
4 RITMOS CHOCÁVEIS
• Pode ocorrer como um evento curto/não sustentado (< 30 segundos) ou, mais
comumente, de forma sustentada (>30 segundos);
• De acordo com o ACLS: QRS alargado rápido + ausência de pulso + choque
ou insuficiência cardíaca = TV (até que se prove o contrário).
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4.1.1 TIPOS
4.2 CONDUTA
4.3.1 Assistolia
A AESP é observada quando uma atividade elétrica organizada (que não TV ou FV)
é observada no monitor cardíaco, mas o paciente está irresponsivo, não respira e não
tem pulso.
4.3.2.1 Causas
4.3.2.2 Conduta
A RCP extracorpórea pode ser considerada entre determinados pacientes com parada
refratários à RCP convencional inicial, em ambientes em que se possa implementá-la
rapidamente.
6 CUIDADOS PÓS-RESSUCITAÇÃO
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, H.P et al. Destaques da Atualização das Diretrizes da American Heart Association
2015 para RCP e ACE. Guidelines 2015.
MARTINS, H.S et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 11.ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
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CAPÍTULO 2
CHOQUE
Acadêmico: Douglas de Lima Negrão
Revisor: Dr. Mathias Augusto Ramos Lima
1 INTRODUÇÃO
Choque por definição é perfusão inadequada de oxigênio nos tecidos por meio de
etiologias variáveis, como veremos, que ocorrem quando os mecanismos
compensatórios na hemodinâmica não resolvem o dano e ocorre anoxia celular.
Condição fisiopatológica caracterizada clinicamente por hipotensão severa, pressão
arterial sistólica menor que 90 mmHg, ou ainda sistólica menor que 30 mmHg do basal
conhecido e rapidamente evolui para parada cardiorrespiratória. O choque é uma
emergência tanto clinica quanto cirúrgica e aqui vamos focar no reconhecimento de
tal situação, pois o diagnóstico deve ser precoce a fim de obter sucesso no tratamento.
A falta de O2 devido a uma hipotensão faz com que ocorra uma mudança metabólica
de aeróbio para anaeróbio e há ativação dos mecanismos compensatórios. Tais
mecanismos trabalham pela liberação de catecolaminas as quais resultam em
aumento da frequência cardíaca (FC) e da resistência vascular periférica (RVP) para
manter a pressão arterial (PA) em níveis aceitáveis. Caso a PA continue caindo ocorre
uma vasoconstrição da artéria esplênica por ação do sistema adrenérgico, com isso
há uma transferência de sangue da microcirculação para os grandes vasos, essa
medida é uma emergência para preservação de órgãos nobres (cérebro e coração)
em detrimento da circulação periférica.
1.2 CLASSIFICAÇÃO
em qual classe o paciente se enquadra, visto que são quatro e o tratamento muda de
uma para outra.
PA N N ou ↓ ↓ ↓
Entrando no choque obstrutivo que nada mais é que a obstrução mecânica do coração
podendo ser causado por um tamponamento cardíaco, trombo embolia pulmonar,
pneumotórax hipertensivo dentre outras causas. Déficit de débito cardíaco diferente
do choque cardiogênico é de causa extra cardíaca.
REFERÊNCIAS
Saad Junior, Roberto. Salles, Ronaldo Antonio Reis Vianna [et al.]. Tratado de cirurgia do CBC. 2.ed.
São Paulo: Editora Atheneu, 2015.
Herlon Saraiva Martins [et al.]. Emergências clinicas: abordagem pratica. 8.ed. rev. e atual. Barueri,
SP : Manole, 2013.
CARTA, Adriana; LUCCA, Maria Gabriela de; PIRES, Milton D. and LOBO, Suzana
Margareth. Sepsis-associated organ dysfunction and increased supportive care are associated
with high serum interleukin-6 levels. J. Bras. Patol. Med. Lab. [online]. 2016, vol.52, n.6 [cited 2017-
10-19], pp.367-373.
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CAPÍTULO 3
1 INTRODUÇÃO
Múltiplas patologias podem ter seu caminho final a sepse, uma síndrome grave e
muitas vezes fatal a qual é caracterizada por uma disfunção ameaçadora a vida em
decorrência da presença de resposta desregulada à infecção. Segundo o Sepsis-3,
além dos novos conceitos de sepse também foi esclarecido o conceito de choque
séptico como a sepse com necessidade de tratamento vasopressor para manutenção
de pressão arterial média maior ou igual a 65 mmHg e lactato maior que 2 mmol/L,
mesmo após adequada ressuscitação volêmica.
Quando se fala em prognóstico de sepse se fala em tempo, ou seja, quanto mais cedo
for realizado o diagnóstico, maior a chance de um paciente obter um melhor
prognóstico, porém, atualmente, não existe nenhum exame complementar que por si
só consiga ter uma sensibilidade e especificidade alta para se tornar o padrão ouro no
diagnóstico. Visto que o diagnóstico precoce é primordial para o melhor prognóstico,
em 2017 começou-se a utilizar o escore chamado quick SOFA (q-SOFA), o qual
pontua com ECG <15, FR>22/min e PAS< 100 mmHg. Se o paciente apresentar um
score ≥2 é considerado alto risco para sepse e se tratamento deve ser rapidamente
instituído.
2 APRESENTAÇÃO CLÍNICA
O ideal é que antibiótico de amplo espectro, por via endovenosa, seja prescrito dentro
da primeira hora após o diagnóstico ou a SUSPEITA de sepse, uma vez que, tal
medida reduz a mortalidade desses pacientes. As doses devem ser sem ajustes para
a função renal ou hepática, pois visam otimizar a redução da carga bacteriana ou
fúngica. Deve-se considerar o uso de diferentes classes de antibióticos para um
mesmo agente em pacientes com choque séptico ou uso de terapia combinada. Deve-
se realizar o descalonamento do antibiótico conforme evidência de resposta clínica ou
resolução da infecção.
Em pacientes hipotensos (PAS < 90 mmHg, PAM < 65 mmHg ou redução da pressão
sistólica em 40 mmHg da pressão habitual) ou com sinais de hipoperfusão ou com
hiperlactatemia inicial, devemreceber ressuscitação hemodinâmica. Esse volume, de
30mL/kg, deve ser infundido o mais rápido possível dentro das primeiras 3 horas de
atendimento. Porém, é necessário cautela na reposição volêmica em pacientes
cardiopatas que apresentem disfunção diastólica ou sistólica moderada a grave.
21
Caso a pressão arterial média (PAM) permaneça menor que 65 mmHg após a infusão
inicial de volume ou lactato sérico maior ou igual a 4 mmol/L (36 mg/dL) deve-se iniciar
vasopressores. A droga de escolha é a noradrenalina, podendo ser associada à
vasopressina em pacientes com choque refratário apesar de adequado ressucitação
volêmica ou quando se está utilizando elevadas doses de noradrenalina. Dopamina
pode ser utilizada quando exista evidência de baixo débito cardíaco ou sinais clínicos
de hipoperfusão tecidual e a dobutamina apenas pode ser utilizada em pacientes com
baixo risco de taquiarritmias e absoluto ou reduzido risco de bradicardia. Deve ser
realizar monitoramento da pressão venosa central (PVC) e saturação de oxigênio
venoso central (ScvO2).
O uso de corticóides é indicado apenas para pacientes com choque séptico refratário.
REFERÊNCIAS
DELLINGER, R. P.; CARLET, J. M.; MASUR, H.; GERLACH, H.; CALANDRA, T.; COHEN, J., et al.
Surviving Sepsis Campaign guidelines for management of severe sepsis and septic shock.
Intensive Care Med. 2004; 30(4):536-55.
DELLINGER, R. P.; LEVY, M. M.; RHODES, A.; ANNANE, D.; GERLACH, H.; OPAL, S. M.;
SEVRANSKY, J. E., et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management
of Severe Sepsis and Septic Shock: 2012. Critical Care Med. 2013; 41:580-637.
FINFER, S. The surviving sepsis campaign: robust evaluation and high-quality primary research
is still needed. Intensive Care Med. 2010; 36:187–189.
LEVY, M. M.; PRONOVOST, P. J.; DELLINGER, R. P., et al. Sepsis change bundles: converting
guidelines into meaningful change in behavior and clinical outcome. Critical Care Med. 2004.
32(11 Suppl):S595–S597.
LEVY, M. M.; DELLINGER, R. P.; TOWNSEND, S. R.; LINDE-ZWIRBLE, W. T.; MARSHALL, J. C.;
BION, J.; SCHORR, C. et al. The Surviving Sepsis Campaign: results of an international guideline-
based performance improvement program targeting severe sepsis. Critical Care Med. 2010,
38:367-374.
RHODES, A.; EVANS, L. E.; ALHAZZANI, W.; LEVY, M. M.; ANTONELLI, M.; RICARD, F.; KUMAR,
A.; SEVRANSKY, J. E. et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management
of Sepsis and Septic Shock: 2016. Critical Care Med. 2017, 43:304-377.
SCHMIDT, G. A; MANDEL, J. Evaluation and management of suspected sepsis and septic shock
in adults. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. http://www.uptodate.com (Acessado
em 10 de janeiro de 2017).
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CAPÍTULO 4
1.1.1 Fisiologia
1.1.2 Anamnese
Homens > 45 anos, Mulheres > 55 anos, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica
(HAS), diabetes mellitus (DM), HDL baixo, LDL aumentado, história familiar positiva
para doença cardíaca prematura, doença cardíaca em parentes homens de 1o grau <
55 anos, doença cardíaca em parentes mulheres de 1o grau < 65 anos, obesidade
(IMC > 30 kg/m2), sedentarismo, uso de cocaína.
1.3.1 Fisiologia
Sintoma predominante é dispneia, mas pode ter dor torácica início abrupto, forte
intensidade, sempre do lado acometido, tipo pleurítica ou facada, pior a medida que
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1.4.1 Fisiologia
Estresse na parede da aorta faz ruptura entre a camada íntima e a média, gerando
fluxo sanguíneo pulsátil que propaga a dissecção, com obstrução subsequente dos
ramos da aorta e isquemia dos órgãos perfundidos por eles.
percurso da aorta (70%), pode ter IAM associado (se dissecar coronária) ou isquemia
mesentérica (se dissecar aorta abdominal e ramos). Pode ter náuseas e vômitos
associados ou síncope, sintomas neurológicos e autonômicos (diaforese, palidez
cutânea).Discrepância no pulso ou na PA (> 20 mmHg), sinais de insuficiência aórtica,
déficit de pulso.
HAS (principal), idosos, sexo masculino, aneurisma de aorta, fatores de risco para
aterosclerose, uso de cocaína e doenças que enfraquecem a parede da aorta (tecido
conjuntivo): Síndrome de Marfan, valva aórtica bicúspide, gravidez, aneurisma de
aorta, coartação de aorta, Síndrome de Turner, vasculites.
1.5.1 Fisiologia
1.5.2 Anamnese
2.1 ANAMNESE
Lembrar de fazer uma monitorização contínua dos dados vitais. No exame neurológico
lembrar da escala de coma de Glasgow, déficits focais e pupilas. No exame de cabeça
e pescoço, lembrar da jugular e verificar sopro carotídeo. No cardiovascular, avaliar
as bulhas, procurar sopros e medir PA em ambos os membros. Já no respiratório ver
o MV, ruídos adventícios e sinais de esforço respiratório. Abdome: RHA, peritonite e
visceromegalias. Nos MMII, buscar por edema, empastamento e pulsos.
2.3 ELETROCARDIOGRAMA
Deve ser realizado e avaliado pelo médico em no máximo 10 minutos após a admissão
do paciente. Procurar sinais de isquemia, arritmias, outras características presentes
em doenças ameaçadoras da vida. Se ECG inespecífico e dor torácica persistente ou
suspeita alta de SCA, repetir o ECG em 1 hora.
2.6 ROTAS
2.6.1 Rota 1
São pacientes com dor tipo A. Administrar AAS 200 mg e nitrato sublingual 5mg a
cada 5 min, até 3 x (exceto se uso de inibidor da 5-fosfodiestesase nas últimas 24 h,
sinais de infarto de parede inferior/VD).
2.6.2 Rota 2
2.6.3 ROTA 3
Nessa rota estão os pacientes com dor tipo C e sem alterações no eletrocardiograma.
Assim como os pacientes da rota 2, devem realizar de forma seriada a dosagem de
marcadores de necrose miocárdica e o ECG.
2.6.4 ROTA 4
Pacientes com dor tipo D e sem alterações verificadas no ECG podem receber alta da
unidade de emergência, caso não haja outra queixa relevante.
REFERÊNCIAS
National Hospital Ambulatory Medical Care Survey: 2003 Emergency Department Summary
[database on the Internet]. Centers for disease control and prevention. 2005.
Owens PL, Barrett ML, Gibson TB, Andrews RM, Weinick RM, Mutter RL. Emergency department
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Gerber TC, Kontos MC, Kantor B. Emergency department assessment of acute-onset chest pain:
contemporary approaches and their consequences. Mayo Clinic proceedings. 2010;85(4):309-13.
Epub 2010/04/03.
Benjamin EJ, Blaha MJ, Chiuve SE, Cushman M, Das SR, Deo R, et al. Heart Disease and Stroke
Statistics-2017 Update: A Report From the American Heart Association. Circulation.
2017;135(10):e146-e603. Epub 2017/01/27.
Goodacre S, Cross E, Arnold J, Angelini K, Capewell S, Nicholl J. The health care burden of acute
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Pope JH, Aufderheide TP, Ruthazer R, Woolard RH, Feldman JA, Beshansky JR, et al. Missed
diagnoses of acute cardiac ischemia in the emergency department. The New England journal of
medicine. 2000;342(16):1163-70. Epub 2000/04/20.
Fruergaard P, Launbjerg J, Hesse B, Jorgensen F, Petri A, Eiken P, et al. The diagnoses of patients
admitted with acute chest pain but without myocardial infarction. European heart journal.
1996;17(7):1028-34. Epub 1996/07/01.
Bonow RO, Mann DL, Zipes DP, Libby P. Braunwald's Heart Disease E-Book: A Textbook of
Cardiovascular Medicine: Elsevier Health Sciences; 2011.
Lee TH, Rouan GW, Weisberg MC, Brand DA, Acampora D, Stasiulewicz C, et al. Clinical
characteristics and natural history of patients with acute myocardial infarction sent home from
the emergency room. The American journal of cardiology. 1987;60(4):219-24. Epub 1987/08/01.
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Kontos MC, Diercks DB, Kirk JD. Emergency department and office-based evaluation of patients
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Judd E Hollander MC, Robert S Hockberger, Jonathan Grayzel. Evaluation of the adult with chest
pain in the emergency department. UPTODATE; 2016 [cited 2017];
Martins HSBN, Rodrigo Antonio; Scalabrini Neto, Augusto; Velasco, Irineu Tadeu. Emergências
Clínicas - Abordagem Prática. 12, editor: Manole; 2017. 1580 p.
34
CAPÍTULO 5
A avaliação inicial deve incluir uma boa anamnese e um bom exame físico, porém
sucintos. Alguns itens devem ser abordados, quando o paciente estiver estável, para
entender melhor a situação, incluindo: duração e gravidade de uma hipertensão
prévia; história prévia de lesão de órgão-alvo; uso de medicações anti-hipertensivas,
aderência terapêutica e controle da PA; uso de drogas simpaticomiméticas ou drogas
ilícitas.
Deve ser avaliada a PA nos dois braços, palpação de pulsos em todos os membros,
ausculta pulmonar, ausculta cardíaca, exame de fundo de olho, e avaliação do estado
neurológico. Apesar de pouco aplicável na prática, cabe aqui também pesquisar
sopros vasculares. Abaixo (Quadro 1), algumas patologias que podem causar
emergência hipertensiva e seus achados:
35
2 EXAMES COMPLEMENTARES
Para todos os pacientes com crises hipertensivas deverão ser solicitados os seguintes
exames gerais: hemograma completo, ureia, creatinina, sódio, potássio, parcial de
urina, radiografia de tórax, eletrocardiograma e glicemia capilar. E de acordo com a
suspeita clínica devem ser realizados exames específicos para cada patologia. A
seguir (Quadro 2), mostra-se alguns dos exames que podem ser solicitados conforme
a etiologia da crise hipertensiva.
3 TRATAMENTO
O objetivo é a redução rápida e controlada da PA, a fim de evitar lesão de órgãos alvo.
A recomendação é uma redução ≤ 25% na primeira hora, com posterior redução dos
níveis pressóricos para valores < 160/100-110 mmHg em 2 a 6 horas e reduzir para
135/85 mmHg nas próximas 24 a 48 horas. Entretanto, no manejo da emergência
hipertensiva há particularidades de acordo com o órgão acometido.
Deve-se solicitar um ECG o mais breve possível. Monitorizar, oxigenar, obter acesso
venoso e coletar exames. Inicialmente, nitrato sublingual e morfina EV. Seguido de
metoprolol 5 mg EV em 5 minutos e nitroglicerina EV contínuo (10 a 20 mcg/ minuto).
A nitroglicerina é contraindicado, se uso recente (24 a 48 horas antes) de inibidores
da fosfodiesterases. O betabloqueador deve ser evitado se sinais de insuficiência
cardíaca ou evidências clínicas de baixo débito cardíaco.
Monitorizar, oxigenar, obter acesso venoso e coletar exames. Ventilação não invasiva
precoce se necessário. Nitroprussiato de sódio EV é a droga anti-hipertensiva de
escolha (0,3 a 0,5 mcg/kg/min). Associa-se furosemida EV 2 a 4 ampolas (ampola =
20 mg), podendo ser repetida conforme resposta clínica. Amplamente utilizada, a
morfina não tem evidência bem esclarecidas para o manejo do edema agudo de
pulmão. O uso da morfina pode ser indicada para alívio sintomático em paciente com
dispneia grave, entretanto possui como efeitos colaterais possíveis o rebaixamento de
nível de consciência, bradicardia, hipotensão e depressão respiratória, principalmente,
em pacientes depletados. Se crise hipertensiva com PAS <180 mmHg, nitroglicerina
EV é opção.
O principal fator de risco para AVE é a HAS. Deve-se realizar o exame neurológico
completo, avaliar a gravidade pela escala do NIHSS (National Institute of Health Stroke
Scale), além de definir o caráter hemorrágico ou isquêmico. De maneira geral,
aproximadamente 85% dos casos de AVE são isquêmicos, apesar de a crise
hipertensiva ter grande associação com casos de AVE hemorrágicos. A TC de crânio
e a RNM esclarecem o tipo e área envolvida.
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AVE isquêmico: pacientes sem indicação para trombólise e PA inicial > 220/120
mmHg, não se deve reduzir mais que 15 a 20% e deve-se manter PAD > 100 a 110
mmHg, nas primeiras 24 horas. Caso os níveis pressóricos com PAS ≤ 220 mmHg e
PAD ≤120 mmHg é consenso que não se deve instituir terapia anti-hipertensiva no
atendimento inicial. Considerar protocolo de trombólise depois do controle da PA. Em
pacientes com indicação para uso de trombolíticos e PA inicial > 185/110 mmHg,
deve-se reduzir a PA para <185/105 mmHg por pelo menos 24 horas após realização
do trombolítico.
REFERÊNCIAS
MALACHIAS, M.V.B., SOUZA, W.K.S.B.; PLAVNIK F.L.; RODRIGUES C.I.S.; BRANDÃO A.A.; NEVES
M.F.T.; et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial; Arquivos Brasileiros de Cardiologia; 2016;
107 (3); p. 79-82.
FEITOSA-FILHO, G.S.; LOPES, R.D.; POPPI, N.T.; GUIMARÃES, H.P. Emergências hipertensivas;
Revista Brasileira de Terapia Intensiva; 2008; 20(3); p.305-312.
MARTINS, H. S.; NETO, R. A. B.; VELASCO, I. T. Medicina de emergência: abordagem prática; 12ª
ed; São Paulo: Manole; 2017.
CAPÍTULO 6
1 CAUSAS DE DESCOMPENSAÇÃO
Fatores de descompensação da IC
2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Perfusão + Perfusão -
Congestão + B C
Congestão - A L
Sonolência B3
Hiponatremia Ortopneia
3 DIAGNÓSTICO
Apesar do diagnóstico de ICD ser realizado com base na história e no exame físico, a
realização de exames complementares é importante, pois, além de confirmarem o
diagnóstico, fornecem dados sobre a etiologia, a causa da descompensação, a
existência de comorbidades e grau de remodelamento cardíaco. Dentre os exames
complementares existentes, os importantes no caso de ICD são:
4 TRATAMENTO
Quadro 5 - Tratamento
• Furosemida IV (1 a 2 ampolas)
Perfil L – frio e seco Caso o paciente são responda ao volume considere inotrópicos ou
vasodilatadores
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Datasus: morbidade hospitalar do SUS por local de internação – Brasil
[Internet]. Brasília (DF):Ministério da Saúde; c2008. [citado 2013 Set 18]. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi. exe?sih/cnv/niuf.def
Filippatos G , Parissis JT. Heart failure diagnosis and prognosis in the elderly: the proof of the
pudding is in the eating. Eur J Heart Fail 2011;13:467–471.
The CONSENSUS Trial Study Group. Effects of enalapril on mortality in severe congestive heart
failure. Results of the Cooperative North Scandinavian Enalapril Survival Study (CONSENSUS). N Engl
J Med 1987;316:1429–1435.
MANGINI, Sandrigo et al . Insuficiência cardíaca descompensada. Einstein (São Paulo), São Paulo
, v. 11, n. 3, p. 383-391, Sept. 2013 .
MW, Montera et al . II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq. Bras. Cardiol., São
Paulo , v. 93, n. 3, supl. 3, p. 2-65, 2009 .
CAPÍTULO 7
1 INTERPRETAÇÃO DO ECG
• ‘’Milk the QRS’’: Começar a interpretação pelo complexo QRS promove a noção
do que está ocorrendo com a atividade elétrica ventricular. Se o QRS for normal
( QRS <120ms ) em pelo menos dois traçados do ECG, então o ritmo é
supraventricular. Se for anormal e largo ( QRS ≥ 120ms, ou seja, 3
quadradinhos no traçado), o ritmo é ou de origem ventricular ou
supraventricular com distúrbios na condução.
• “Cherchez le P”: Se após a análise do QRS, a origem arritmogênica ainda for
incerta, o próximo passo é procurar (‘’Cherchez’’) a onda P. Tal tarefa pode ser
complicada, especialmente em taquiarritmias. Para tanto, pode ajudar olhar a
derivação com menor disturbio na linha de base do ECG (com o menor
complexo QRS) – ‘’haystack principle’’. Outra observação que pode ajudar, é
verificar se há ondas P equidistantes de dois complexos QRS. Se sim, suspeitar
que há outras ondas P camufladas pelo complexo QRS, que podem ser
desmascaradas com manobras vagais - ‘’Bix rule’’.
Legenda: BAV: bloqueio atrioventricular; FA: fibrilação atrial; TV: taquicardia ventricular
Algoritmo 3 – tratamento de fibrilação atrial (o mesmo se aplica para flutter atrial, em linhas gerais).
Legenda: TV: Taquicardia ventricular; FA fibrilação atrial; CVE: cardioversão elétrica sincronizado.
Sinais de instablidade hemodinâmica: Baixo débito (palidez associado a hipotensão, enchimento
50
capilar prejudicado, sudorese), baixo fluxo cerebral (síncope, alteração no nível de consciência,
confusão), isquemia (angina, padrão isquêmico no ECG), falência de ventrículo esquerdo (congestão
associado a dispneia, edema pulmonar).
Fonte:Martins. 2016
Legenda: FC: frequencia cardíaca; VA: Via aérea; TC: trans cutâneo; TV: trans venoso.Sinais de
instablidade hemodinâmica: Baixo débito (palidez associado a hipotensão, enchimento capilar
prejudicado, sudorese), baixo fluxo cerebral (síncope, alteração no nível de consciência, confusão),
isquemia (angina, padrão isquêmico no ECG), falência de ventrículo esquerdo (congestão associado
a dispneia, edema pulmonar).
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Reynaldo Gomes de. BLACKBOOK: CLÍNICA MÉDICA. 2. ed. Belo Horizonte: Blackbook,
2014. 810 p
MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de
Emergência: Abordagem Prática. 11. ed. Barueri: Manole, 2016. 1509 p.
2014 AHA/ACC/HRS guideline for the management of patients with atrial fibrillation.
51
CAPÍTULO 8
Imagem 1
-
O edema agudo de pulmão (EAP) consiste sobremaneira em uma urgência clínica,
caracterizado por um acúmulo de fluidos nos espaços alveolares e intersticiais dos
pulmões, desencadeando quadros de dispneia intensa, cianose e agitação, com
52
As medidas inicias para os pacientes com EAP são oxigênio suplementar, diuréticos
potentes, como a Furosemida IV, vasodilatadores - exceto nos casos de hipotensão
pulmonar - e morfina.
2 PNEUMONIA
Imagem 2
3 PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO
Imagem 3
4 TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
56
Imagem 4
REFERÊNCIAS
ANDRADE FILHO, Laert Oliveira; CAMPOS, José Ribas Milanez de; HADDAD, Rui. Pneumotórax. J.
bras. pneumol., São Paulo , v. 32, supl. 4, p. S212-216, Aug. 2006.
SOUZA JUNIOR, Arthur Soares de. Curso de diagnóstico por imagem do tórax: Capítulo II -
Imagenologia da pleura. J. Pneumologia, São Paulo , v. 25, n. 2, p. 102-113, Apr. 1999.
Mendonça RM, Jorge TC, Albuquerque FN. Tromboembolismo pulmonar: como eu trato. Revista
Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2009;8(2):67-76.
LAUAND, Lygia de Souza Lima et al. Contribuição da interpretação da radiografia simples de tórax
na sala de emergência. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo, São Paulo, v. 53, n. 2,
p.64-75, nov. 2008.
58
CAPÍTULO 9
DPOC EXACERBADA
1 AVALIAÇÃO INICIAL
A exacerbação da DPOC pode ser definida como uma piora dos sintomas da doença
de base. Ela pode ser infecciosa ou não infecciosa, pode ser decorrente de outra
doença pulmonar ou não pulmonar que piore os sintomas de DPOC. Podemos,
portanto, usar vários critérios para definir uma exacerbação. Na prática e, ao longo
deste capítulo, consideraremos exacerbação da DPOC o quadro caracterizado
pela exacerbação dos sintomas próprios da doença (dispnéia, tosse,
expectoração), podendo esta exacerbação ser infecciosa (viral ou bacteriana)
ou não infecciosa. Exemplo de uma exacerbação infecciosa é a broncoinfecção (não
confundir com pneumonia), que é o “protótipo” da exacerbação aguda da DPOC.
Exemplo de uma exacerbação não infecciosa (ou pelo menos, inicialmente não
infecciosa) é a bronquite. Entenda-se por bronquite, neste caso, ao processo
inflamatório da via aérea, caracterizado por edema de mucosa com aumento da
secreção de muco, podendo haver broncoconstrição da musculatura lisa dos
brônquios, e que pode ser induzido por mudanças bruscas de temperatura ou
exposição a poluição atmosférica (material particulado, gases). O acúmulo de
secreção pode predispor à colonização bacteriana e à posterior broncoinfecção, bem
como uma bronquite viral pode preceder uma broncoinfecção bacteriana.
Devemos estar atentos para o diagnóstico correto. Num paciente que já tem um
diagnóstico estabelecido de DPOC, ou seja, que conta na história que é portador da
doença ou que seu diagnóstico pode ser inferido pela história clínica (sintomas
crônicos, histórico de tabagismo, medicamentos que está usando, etc) é mais fácil
definir que se trata de uma exacerbação da DPOC. Mas, em um paciente que não tem
um diagnóstico prévio de DPOC, pode ser mais difícil diagnosticar a exacerbação.
• Aumento da dispneia.
• Aumento no volume de expectoração ou quantidade de tosse.
• Presença de escarro purulento.
Deve-se, ainda, ser feita a triagem para definir se o tratamento será hospitalar ou
ambulatorial. Dentre os critérios para hospitalização dos pacientes com crises de
DPOC, estão:
A monitorização desses pacientes deve incluir, entre outras coisas: FC, FR, SpO2
(saturação de oxigênio medida por oximetria de pulso) e PA. A gasometria arterial
muitas vezes é realizada para identificar possível acidose respiratória e confirmar a
saturação arterial de oxigênio (SaO2).
2.1 OXIGENIOTERAPIA
São os principais fármacos na terapia desses pacientes, devido a sua rápida ação e
eficácia na broncodilatação. Dentro do hospital esses fármacos são administrados
através de nebulização. Um dos fármacos mais utilizados dessa classe é o Sulfato de
Salbutamol e o fenoterol.
REFERÊNCIAS
VOGELMEIER, Claus F. et al. Global strategy for the diagnosis, management and prevention of
chronic obstructive lung disease 2017 report. Respirology, v. 22, n. 3, p. 575-601, 2017.
CAPÍTULO 10
TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
1 INTRODUÇÃO
O TEP é definido como a obstrução do fluxo arterial pulmonar por trombos de origem
na circulação venosa sistêmica. Sua fisiopatologia está diretamente ligada com a
trombose venosa profunda (TVP), pois aproximadamente 79% dos pacientes com
TEP possuem um quadro concomitante de TVP e cerca de 50% dos pacientes com
trombose venosa profunda evoluem para TEP.
3 QUADRO CLÍNICO
4 ESCORES DE DIAGNÓSTICO
Todo paciente com suspeita de TEP deve ser submetido a avaliação clínica para
estratificação da probabilidade pré-teste do diagnóstico antes dos exames
complementares. Para isso, há dois escores principais: o de Wells e o de Genebra
67
5.1 ELETROCARDIOGRAMA
5.3 ECOCARDIOGRFIA
Podem ser encontrados sinais de hipertensão pulmonar pelo valor estimado da PSAP
(pressão sistólica da artéria pulmonar). Além de avaliar o grau de comprometimento
do ventrículo direito (a dilatação de VD é encontrada em até 25% dos pacientes com
TEP, mas deve-se atentar ao diagnóstico diferencial de doenças estruturais do
coração preexistentes).
5.4 D-DÍMERO
Por muito tempo foi o método diagnóstico de escolha, porém tem perdido espaço para
a angiotomografia, por ser um teste invasivo, necessitando da cateterização das
artérias pulmonares e da exposição do paciente a uma quantidade muito alta de
radiação. Hoje, seu uso é reservado para casos selecionados, em que os outros
métodos diagnósticos são contraindicados.
6 TRATAMENTO
REFERÊNCIAS
MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem prática. Manole, 2013.
CARAMELLI, Bruno et al. Diretriz de embolia pulmonar. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 83, p.
1-8, 2004.
PÓVOA, Rui. Tromboembolismo Pulmonar. Quadro Clínico e Diagnóstico. Arq Bras Cardiol, v. 67,
n. 3, p. 197-199, 1996.
VOLPE, Gustavo Jardim et al. Tromboembolismo pulmonar. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 43,
n. 3, p. 258-271, 2010.
71
CAPÍTULO 11
1 HDA
1.1 INTRODUÇÃO
1.2 ETIOLOGIA
O paciente com HDA deve ser tratado como um politraumatizado devido à gravidade
do quadro, dessa forma inicia-se com o controle da via aérea e ventilação adequada,
72
Perda
Pressão Frequência
Hemoglobina Sintomas sanguínea
arterial cardíaca
(Volume)
Sincope, sede,
Moderada Diminuída 100-120 bpm < 10 g/dl 500-1500 ml
oligúria
Sistólica
Confusão,
Grave >120 bpm <7 g/dl >1500 ml
extremidades frias
<80mmHg
.
A meta da reposição volêmica deve ser PA sistólica de 90-100 mmHg, para a
reposição de concentrado de hemácias a meta é manter a hemoglobina acima de 7g/dl
em pacientes jovens, ASA I/II, entre 7-8g/dl em cirróticos e acima de 9g/dl para idosos,
pacientes com baixa reserva fisiológica ou com comorbidades importantes (ex. ICC).
73
Uma anamnese bem feita é crucial para determinação da etiologia da HDA, pacientes
cirróticos compensados ou não nos levam a pensar em etiologia varicosa assim como
pacientes com história ou provenientes de áreas endêmicas de esquistossomose.
Múltiplos episódios de vômitos podem estar associados à síndrome de Mallory-Weiss;
histórico de H. Pylori pode sugerir úlceras ou causas neoplásicas e o uso crônico ou
abusivo de anti-inflamatórios podem predispor a úlceras.
Anti-inflamatórios não esteroidais não devem ser utilizados durante a fase aguda do
sangramento, o ácido acetilsalicílico como terapia antiagregante deve ser
descontinuado até que a hemostasia seja conseguida e reintroduzido após 1 – 3 dias
caso prevenção de eventos trombóticos seja necessária, o uso de clopidogrel e
antitrombóticos depois de conseguida a hemostasia deve ser avaliado caso a caso.
2 HDB
2.1 INTRODUÇÃO
2.2 DIAGNÓSTICO
A lesão esta localizada no cólon em mais de 90% das vezes embora a fonte do
sangramento pode não ser identificada em 15% dos casos. As principais causas de
HDB aguda são a doença diverticular e as angiodisplasias enquanto que na forma
crônica predominam as doenças neoplásicas e as hemorroidas (tabela 2).
Etiologia %
Divertículos 20 – 65
Colite isquêmica 1 – 19
Angiectasia 3 – 15
Neoplasia 7 – 10
Causas desconhecidas 9 - 12
O exame físico deve incluir sinais vitais buscando por possível hipovolemia, exame
cardiopulmonar, abdominal e exame digital do reto para evidenciar possíveis causas
78
2.3 MANEJO
Na literatura não existe consenso sobre a abordagem da HDB aguda, STRATE sugere
o fluxo descrito na figura 3.
79
REFERÊNCIAS
ANDREI, G. N. et al. Highlighted Steps of the Management Algorithm in Acute Lower Gastrointestinal
Bleeding - Case Reports and Literature Review. Chirurgia, Bucharest, v. 111, n. 1, p. 74-79, jan. 2016.
BAI, Y.; LI, Z. S. Guidelines for the diagnosis and treatment of acute non-variceal upper gastrointestinal
bleeding. Journal of Digestive Diseases, Nanchang, v. 17, n. 2, p. 79-87, fev. 2016.
BARACAT, F. et al. Endoscopic hemostasis for peptic ulcer bleeding: systematic review and meta-
analyses of randomized controlled trials. Surgical Endoscopy, New York, v. 30, n. 6, p. 2155-2168,
set. 2015.
BITTENCOURT, P. L. et al. Variceal bleeding: consensus meeting report from the Brazilian Society of
Hepatology. Arq Gastroenterol, Salvador, v. 24, n. 2, p. 202-216, abr./jun. 2014.
COELHO, F. F. et al. Tratamento da hemorragia digestiva alta por varizes esofágicas: conceitos atuais.
ABCD Arq Bras Cir Dig, [S.L: s.n], v. 27, n. 2, p. 138-144, mar. 2014.
COURTNEY, T.; DANIEL, B.. Sabiston: tratado de cirurgia: A Base Biológica da Pratica Cirúrgica
Moderna. 19 ed. Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2014. 2240 p.
FRANCHIS, Roberto De. Expanding consensus in portal hypertension Report of the Baveno VI
Consensus Workshop: Stratifying risk and individualizing care for portal hypertension. Journal of
Hepatology, Milão, v. 63, n. 3, p. 743-752, jun. 2015.
HARO, C. P.; FEY, A. Análise do perfil epidemiológico, tratamento e evolução dos pacientes com
hemorragia digestiva alta atendidos no pronto socorro do Hospital Regional Alto Vale. Arquivos
Catarinenses de Medicina, Santa Catarina, v. 39, n. 3, p. 51-56, jan./dez. 2010.
JOCIC, T. et al. Acute lower gastrointestinal bleeding. Med Pregl, Vojvodina, v. 67, n. 11, p. 361-366,
nov. 2014.
KHAMAYSI, I.; GRALNEK, I. M. Acute upper gastrointestinal bleeding (UGIB) – Initial evaluation and
management. Best Practice & Research Clinical Gastroenterology, Israel, v. 27, n. 5, p. 633-638,
out. 2013.
KURIEN, M.; LOBO, A. J. Acute upper gastrointestinal bleeding. Clinical Medicine - Jornal of the
Royal College of Physicians, London, v. 15, n. 5, p. 481-485, out./201.
81
CAPÍTULO 12
1 INTRODUÇÃO
2.1.1 Definição
Complicação aguda, típica (mas não exclusiva) do paciente diabético do tipo 1. Define-
se por hiperglicemia com cetonemia e acidose metabólica com ânion gap elevado.
Desencadeada por deficiência absoluta de insulina, por vezes ao diagnóstico e
primeira manifestação do diabetes e noutras por má aderência ao uso da insulina.
Doenças agudas (IAM, AVE, queimaduras, hemorragias digestivas, pancreatite), uso
de medicações (corticoides, antipsicóticos atípicos) e ingesta excessiva de álcool
também podem precipitar cetoacidose.
82
2.1.2 Diagnóstico
2.2.1 Definição
2.2.2 Diagnóstico
Alguns fatores podem auxiliar no diagnóstico entre CAD e EHH. A faixa etária mais
encontrada é superior a 40 anos, bem maior se comparada a CAD. Para EHH, o
quadro clínico é mais arrastado – os sintomas relacionados à poliúria, polidipsia,
astenia e desidratação bem acentuada costumam ocorrer durante semanas. Pode
apresentar sinais de déficit neurológico, seja focal ou mesmo sonolento e comatoso
(coma é mais frequente no EHH).
• Glicemia
• Gasometria arterial
84
3 HIPOGLICEMIA
3.1 DEFINIÇÃO
3.3 TRATAMENTO
quadro é importante orientar o paciente para ingerir algum alimento que contenha
carboidrato complexo tal como massas, pão, bolacha.
REFERÊNCIAS
HIRSCH, I. B.; EMMETT, M.; NATHAN, D. M.; MULDER, J. E. Diabetic ketoacidosis and
hyperosmolar hyperglycemic state in adults: Treatment. Literature review current through: Sep
2017. | This topic last updated: Jan 13, 2017. UpToDate, 2017.
NETO, D. N.; PIRES, A. C. Crises Hiperglicêmicas Agudas no diabetes mellitus, Aspectos Atuais.
Revista Brasileira de clínica Médica, V. 8, N.3, P. 246 – 253, 2010.
SERVICE, F. J.; VELLA, A.; HIRSCH, I. B.; MULDER J. E. Hypoglycemia in adults without diabetes
mellitus: Diagnostic approach. Literature review current through: Sep 2017. | This topic last updated:
Sep 18, 2017. UpToDate, 2017.
87
CAPÍTULO 13
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
1 INTRODUÇÃO
2 SÍNDROMES DE MANIFESTAÇÃO
3 MANEJO INICIAL
Quando o exame físico e a anamnese não forem condizentes com o estado clínico,
existe a possibilidade de ter ocorrido uma coleta equivocada de dados da história
clínica assim como a possibilidade de ter havido um intervalo de tempo mutio breve
ou muito prolongado em relação ao temo de exposição à substância. Neste caso as
reavaliações subsequentes, tanto do exame físico como de novas coletas de dados
da história, devem ser realizadas com frequência para determinar a evolução da
intoxicação e avaliar a necessidade de maiores intervenções.
4 CUIDADOS SUPORTIVOS
A) Vias aéreas: a intubação orotraqueal (IOT) deve ser feita nas situações em que
houver rebaixamento do nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow menor ou
igual a 8) ou sinais de insuficiência respiratória (hiper ou hipoventilação, agitação
excessiva, cianose, acidose grave, hipoxemia, hipercapnia). A IOT deve ser
imediatamente realizada nesses casos mas pode ser postergada desde que algum
suporte ventilatório efetivo possa ser ofertado e quando houver evidência de causa
rapidamente reversível como na hipoglicemia e nas intoxicações por opióides ou
benzodiazepínicos pois a ação destas substâncias pode ser rapidamente revertida
com antídotos específicos desde que disponíveis no local (naloxona e flumazenil
respectivamente). Nos casos em que, após análise da gasometria, identifica-se um
distúrbio ácido-base grave a IOT também pode ser indicada por haver necessidade
de melhora de correção do distúrbio através de ventilação mecânica. Uma possível
exceção para esta situação é na intoxicação por salicilato que também causa
desequilíbrio ácido-base mas que requer tratamento específico em conjunto às
medidas suportivaas, como o uso de carvão ativado, a indução de diurese alcalina e
a eliminação através de hemodiálise.
E: Expor o paciente e procurar por sinais de trauma, de uso de drogas, lesões de pele
ou mucosas e possíveis focos de infecções.
5 DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINAL
A seguir, estão listadas algumas situações clínicas de intoxicação que podem ocorrer
devido a um agente específico e seu respectivo tratamento:
91
7 ALGUNS ANTÍDOTOS
A lista a seguir faz uma relação dos principais antídotos e tratamentos específicos
disponíveis:
▪ Paracetamol: acetilcisteína
▪ Benzodiazepínicos: flumazenil
▪ Opioides: naloxona
▪ Isoniazida: piridoxina
93
REFERÊNCIAS
MARTINS, H.S.; NETO, R.A.B.; VELASCO, I.T. Medicina de Emergência - Abordagem prática: 11
ed. São Paulo: Editora Manole, 2016
SIVILOTTI, M. L. A. Initial management of the criticaly ill adult with an uknown overdose.
94
CAPÍTULO 14
EMERGENCIAS PSIQUIÁTRICAS
1 AGITAÇÃO PSICOMOTORA
• Abuso de substânicas
o Alcool, barbitúricos e benzodiazepínicos
o Cocaína, anfetaminas, fenciclidina e alucinógenos
o Hidrocarbonetos aromáticos (cola, tinta, gasolina)
o Esteróides
• Patologias intracranianas
o Trauma (recente ou passado)
o Infecções
o Neoplasias
o Defeitos anatômicos
o Malformações vasculares
o Acidentes vasculares cerebrais
o Doenças degenerativas
95
(Fonte: Kapczinski)
Pacientes com alto potencial de agressão devem ser contidos. A restrição física deve
durar o mínimo possível e ser feita com faixas ou lençóis por uma equipe treinada
utilizando técnicas específicas para evitar lesões. O paciente deve ser medicado
rapidamente para que se acalme e possa ser liberado da contenção fisica. A
contenção química deve ser realizada com medicamentos de rápida ação, facilidade
de administração, mínimos efeitos colaterais e mínimas interações medicamentosas.
Usualmente usa-se haloperidol (5 mg intramuscular, com aumento de dose de 30 em
30 minutos, até máximo de 45 mg em 24 horas), lorazepan (1 a 2 mg via oral) ou
midazolam (15 mg intramuscular). Como outras opções também pode-se utilizar
Diazepan (5 a 10 mg sempre via oral), olanzapina (10 mg intramuscular) ou
ziprasidona (20 mg intramuscular).
2 DELIRIUM
Síndrome de início agudo e curso flutuante que cursa com prejuízo cognitivo e
alterações comportamentais. Trata-se de um distúrbio da consciência, atenção,
cognição e sensopercepção, também sendo comum alterar a psicomotricidade, sono
e humor. É secundária a patologias orgânicas (traumas, distúrbios metabólicos,
infecções, doenças do SNC, uso de medicações, intoxicação ou abstinência por
drogas, entre outros). Sempre se apresenta com alteração do nível de consciência,
podendo ser hipocinético, hipercinético ou misto de acordo com a classificação de
96
CRITÉRIO CARACTERÍSTICA
Pacientes idosos internados por doença física são a população de maior risco.
Delirium está correlacionado a agravamento do prognóstico e aumento da
mortalidade. Diagnóstico diferencial com outras doenças psicológicas e neurológicas
(demência, depressão, esquizofrenia).
História clínica e exame físico adequados são essenciais para caracterizar o quadro,
buscar complicações, buscar fatores desencadeantes e orientar solicitação de
exames complementares. Os preditores de gravidade são: história de SAA prévia, uso
de sedativos, idade avançada e comorbidades (hipertensão arterial sistêmica,
hipoglicemia e distúrbios metabólicos). Exames complementares são: hemograma,
glicemia, ureia, creatinina, sódio, potássio, magnésio, cálcio, enzimas de função
hepática, amilase, lipase, urina tipo I, eletrocardiografia, radiografia de tórax. A
tomografia computadorizada de crânio pode ser utilizada em casos específicos
(convulsões, história de trauma craniano, confusão mental e déficit neurológico focal).
99
Deve-se atentar para condições clínicas que podem coexistir com a SAA, como
trauma cranioencefálico, hematoma subdural, acidente vascular cerebral, meningite,
encefalite, síndromes coronarianas agudas, insuficiência cardíaca, infecções, hepatite
alcoólica, pancreatite aguda, hipo e hiperglicemia, hemorragia digestiva, entre outras.
Além disso, deve-se monitorar o desenvolvimento de complicações (listadas na tabela
4).
COMPLICAÇÃO CARACTERÍSTICAS
4.1 TRATAMENTO
Se SAA leve ou moderada, prescrever via oral por poucos dias diminuindo
gradativamente a dose até descontinuação. Carbamazepina é indicada em SAA leve
e moderada pelo seu efeito anticonvulsivante sem causar depressão do sistema
nervoso central.Tiamina para evitar Síndrome de Wernicke-Korsakoff.
5 TENTATIVA DE SUICÍDIO
o sexo masculino
o faixas etárias entre 15 e 35 anos e acima de 65 anos
o estratos econômicos extremos
o desempregados (principalmente perda recente do emprego)
o Aposentados
o isolamento social
o solteiros, viúvos ou separados
o Migrantes
o sem filhos
• Condições psicológicas:
o perdas recentes
o perdas de figuras parentais na infância
o dinâmica familiar conturbada
o datas importantes
o personalidade com traços significativos de impulsividade
o agressividade, humor lábil
o eventos adversos na infância e adolescência
o História familiar e genética
o Traços de personalidade rígida e constricta
• Condições clinicas
o doenças orgânicas incapacitantes
o dor crônica
o lesões desfigurantes perenes
o Epilepsia
o trauma medular
o neoplasias malignas
o Aids
Após estabilização deve-se decidir entre manter paciente internado, encaminhar para
unidade especializada (pacientes graves – psicóticos, agitados ou gravemente
deprimidos) ou encaminhar para tratamento ambulatorial (bom suporte familiar,
arrependimento, sem ideação suicida e concordando em buscar atendimento se voltar
a ter, retirada de objetos letais de seu ambiente).
REFERÊNCIAS
MARTINS, Herlon Saraiva.; NETO, Rodrigo Antônio Brandão; VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de
Emergência: Abordagem Prática. 22ª edição. São Paulo: Editora Manole, 2017.
CORDEIRO, Daniel Cruz; BALDAÇARA, Leonardo. Emergências Psiquiátricas. São Paulo: Editora
Roca, 2007.
MANSUR, Carlos Gustavo. Psiquiatria para o médico genralista. Porto Alegre: Artmed, 2013.
CAPÍTULO 15
1 INTRODUÇÃO
Caso o paciente não apresente as habilidades acima descritas, ele não apresenta
capacidade de tomar decisões sozinho. Cabe ao médico responsável avaliar duas
situações:
3.1 DOR
Pela boca: A via de escolha para medicação sempre que possível deve ser a via oral,
poupando o paciente do incômodo das injeções.
Pelo relógio: Medicação analgésica para dor deve ser realizada em intervalos fixos
de tempo a fim de que a próxima dose seja aplicada antes que o efeito da anterior
tenha passado.
Pela escada: Para pacientes com dor leve a moderada o primeiro degrau é usar droga
não opiácea, associada ou não a um adjuvante. Se a droga não opiácea não aliviar a
dor mesmo na dose e frequência adequadas o próximo degrau é adicionar um opiáceo
fraco. Caso essa combinação ainda não for efetiva substitui-se por um opiáceo forte.
106
Atenção aos detalhes: Orientar bem o paciente e seus cuidadores com relação a
medicação que está sendo oferecida, às dosagens e intervalos bem como os
possíveis efeitos colaterais.
3.2 DISPNEIA
Caso esses sintomas sejam causados por indução química, ou seja, efeito adverso a
algum medicamento, as opções são metoclopramida, pela ação antidopaminérgica e
gastrocinética, por via subcutânea ou infusão continua; caso não seja possível
administrar essa droga uma segunda opção é o haloperidol ou ondansetrona.
Nos casos de vômito por hipertensão intracraniana -se utilizar corticoide em dose
elevada por via parenteral como escolha terapêutica.
REFERÊNCIAS
Halls S, Petkova H, Tsouros A, Constantini M, Higginson JJ. World Health Organization: Palliative care
for older people: better practices. Copenhagen: World Healt Organization; 2011
Chow GV, Czarny MJ, Hughes MT, Carrese JA. CURVES: A mnemonic for determining medical
decision-making capacity and providing emergency treatment in the acute setting.
CAPÍTULO 16
1 DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA
O acidente vascular cerebral pode ser conceituado como um déficit neurológico focal
súbito, ocasionado por uma lesão vascular, podendo ser isquêmico, quando ocorre
interrupção da passagem de oxigênio e glicose para o cérebro, ou hemorrágico, a
partir de um sangramento anormal para dentro das áreas extravasculares do cérebro.
O AVC tem etiologia multifatorial, que inclui hipertensão, diabetes, dislipidemia,
aterosclerose, tabagismo, etilismo, sedentarismo e obesidade, entre outros.
Isquêmico Lacunar
Trombótico
Embólico
Hemorrágico Intraparenquimatoso
109
Subaracnóide
O AVC trombótico é o mais comum (40% dos AVCs) e é causado pela aterosclerose
e trombose cerebral. Há o desenvolvimento de um coágulo de sangue ou trombo no
interior das artérias cerebrais ou dos seus ramos, o que vai originar enfarto ou
isquemia.
O AVC embólico ocorre em 30% dos casos de AVC e é criado por êmbolos cerebrais.
São pequenas porções de matéria como trombos, tecido, gordura, ar, bactérias ou
outros corpos estranhos, que são libertados na corrente sanguínea e que se deslocam
até às artérias cerebrais, produzindo oclusão ou enfarto.
O AVC lacunar é provocado em 20% dos casos de AVC é ocasionado por enfartes
muito pequenos, geralmente menores de 1,5 cm, por alteração da pequena circulação.
É comum o déficit motor puro ou sensitivo puro.
A maioria dos fatores de risco para AVC são passíveis de intervenção, portanto é
possível se fazer um tratamento preventivo (prevenção primária). Entre os fatores de
risco que podem ser modificados destacam-se: Hipertensão; Diabetes; Tabagismo;
Consumo frequente de álcool e drogas; Estresse; Colesterol elevado; Doenças
cardiovasculares, sobretudo as que produzem arritmias; Sedentarismo; Doenças
hematológicas.
O AVC subaracnoide tem como principal causa, entre os pacientes jovens, o trauma
e a ruptura de malformações vasculares, sobretudo os aneurismas intracranianos e
os angiomas arteriovenosos, enquanto nos idosos predomina a angiopatia amiloide.
110
2 DIAGNÓSTICO
Tontura
Incoordenação
1. Artéria Carótida Interna: Esta artéria é qualificada pela hemianópsia, afasia (se
for o hemisfério dominante), hemiplegia contra lateral e hemianestesia contra lateral.
Pode ocorrer um extenso edema cerebral, levando frequentemente ao coma e à
morte.
2. Artéria Cerebral Anterior: As lesões nesta artéria são raras. E é caracterizada
pela confusão mental, afasia (se for o hemisfério dominante), hemiplegia contra lateral
(com predomínio do membro inferior), hemianestesia contra lateral (com predomínio
do membro inferior), e pode haver apraxia de marcha, reflexo de sucção, reflexos de
preensão e incontinência urinária e fecal.
A avaliação clínica dos pacientes com quadro suspeito de AVE é incapaz de distinguir
tratar-se de lesão isquêmica ou hemorrágica. A utilização de exames complementares
definirá se a lesão é isquêmica ou hemorrágica. Os métodos de imagem aceitos para
a avaliação inicial são a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética
(RM) de crânio e tem como principal objetivo diferenciar o AVE isquêmico do AVE
hemorrágico, sendo a tomografia de crânio sem contraste o exame mais utilizado por
ter custo mais baixo, maior disponibilidade e menor tempo necessário para realização.
O edema isquêmico, sinal da artéria hiperdensa e edema cerebral são as alterações
potencialmente visíveis numa TC de crânio realizada nas primeiras horas após um
112
AVC isquêmico, porém a maioria do AVEs isquêmicos não provoca alterações visíveis
precocemente na TC de crânio, podendo esta estar normal nas primeiras 24 horas
após o AVE. É prudente que a TC seja repetida aproximadamente 48 horas do ictus,
para confirmação do infarto, caso o primeiro exame tenha sido normal. Já o AVC
hemorrágico costuma vir com imagem na tomografia indicando sangramento.
3 TRATAMENTO
O paciente deve ser internado em regime de UTI pela gravidade do quadro e de suas
possíveis complicações. Realizar monitorização cardíaca, oximétrica e pressórica.
- Decúbito dorsal com cabeceira elevada a 30 graus facilita a drenagem venosa pelas
jugulares e resulta em diminuição do edema encefálico;
- Glicemia capilar 4/4 horas, objetivando glicemia capilar entre 80 e 140 mg/dL;
- Escala do NIHSS a cada 3 horas até 24 horas após a instalação do ictus considerar
piora clinica quando aumenta 4 pontos em cada avaliação ou 02 pontos em 2
avaliações seguidas;
- Paciente com diagnóstico AVE isquemico, com NIHSS entre 4 e 24 e dentro dos
critérios de inclusão e fora dos critérios de exclusão são elegíveis para trombólise que
deve ser realizada em centros treinados para tal procedimento, sob rigoroso controle
clínico;
- Repouso no leito;
1. prevenção do ressangramento;
Deve ser realizado controle pressórico rigoroso até que seja realizado o tratamento
da causa deste AVE. Deve-se usar anti-hipertensivos não vasodilatadores
(objetivando uma PAM<130 mmHg ou uma PAS <180mmHg)
Nesses casos, o manejo clínico inicial deve ser igual ao do AVCI tratado como
urgência neurológica. No caso de sangramento devido ao uso de drogas
anticoagulantes, a reversão deve ser realizada o mais rápido possível, com plasma
fresco congelado e/ou complexos pró-trombínicos. No caso de inibidores da vitamina
K, a reposição desta na forma intravenosa deve ser realizada conjuntamente. Não há
indicação para profilaxia primária de crises epilépticas.
REFERÊNCIAS
FERRAZ, I.; NORTON, A.; SILVEIRA, C. Depressão e acidente vascular cerebral: Causa ou
consequência?. Arq Med, Porto, v. 27, n. 4, p. 148-153, ago. 2013.
HATANO, S. Experience from a multicenter stroke register: a preliminary report. Bull World Health
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LIMA, C.; et al. Características epidemiológicas e clínicas dos pacientes acometidos por acidente
vascular cerebral. Disponível em:
POLESE, J. C.; TONIAL, A.; JUNG, F. K.; MAZUCO, R.; OLIVEIRA, S. G.; SCHUSTER, R. C.;
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