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Monitorização em Anestesiologia


Universidade Federal Do Piauí – UFPI



Anestesiologia

Prof. João Matos


◻ Monitorar
• Vigiar, observar ou verificar, especialmente para um objetivo particular.

◻ Monitor
• O que adverte ou instrui.

◻ Objetivo Da Monitorização:
• Obter dados sobre as condições fisiológicas do paciente;
• Auxiliar na determinação do nível de anestesia;
• Analisar as respostas do paciente a determinado procedimento como a
reposição volêmica, a alteração da ventilação e da posição corporal;
• Diagnosticar um problema ou reconhecer precocemente uma tendência
prejudicial, acompanhando alterações produzidas por hemorragia,
politranfusão, compressão cirúrgica de coração, vasos sanguíneos e pulmões;
• Instituir precocemente terapêuticas adequadas, antes que as alterações nas
variáveis fisiológicas se tornem comprometedoras à homeostase.
Classificação Da Monitorização:

◻ Não-Invasiva.
◻ Invasiva.
Níveis de Monitorização:

◻ Monitorização rotineira, aplicável a todos os pacientes independentes


de seu estado fisiopatológico;
◻ Monitorização especializada para um problema patológico em
particular ( por exemplo, dosagem de glicose sérica no paciente
diabético) ou para o uso de uma técnica especializada(por exemplo,
hipotensão controlada);
◻ Monitorização ampla de todos os sistemas principalmente no paciente
grave e nos que estão sendo submetidos a cirurgias extensas afetando
todos os órgãos e funções teciduas(exemplo, cirurgia cardíaca com
desvio cardiopulmonar).
A Monitorização Básica Baseia-se Nos Elementos
Físicos:

◻ Inspeção
• Pele – Cor, reenchimento dos capilares, erupções, edema, hematoma.
• Leito ungueais – cor, reenchimento dos capilares.
• Mucosa – cor, umidade, edema
• Campo cirúrgico – cor dos tecidos e sangue, velocidade da perda
sanguínea, relaxamento muscular.
• Perda sanguínea – campos cirúrgicos, aventais, compressas, frascos de
aspiração.
• Posição – potencial para traumatismo(articulação, nervos circulação).
• Movimento – voluntário ou reflexo(paciente não paralisado), ventilação.
• Olhos – conjuntiva (cor, edema), pupilas(tamanho, reatividade direta e
consensual), alteração com estímulo nocivo.
◻ Palpação:
• Pele – temperatura, textura(por exemplo, erupção
papular, edema hematoma, enfisema
subcutâneo(crepitação).
• Pulsos – enchimento, frequência e ritmo.
• Tonus muscular.
◻ Percussão:
• Distensão da bexiga – urina.
• Distensão gástrica – ar
• Pneumotórax
◻ Ausculta:
• Ventilação – sons respiratórios (normais, patológicos,
ausentes, distribuição sobre os campos
pulmonares),colocação da sonda endotraqueal.
• Sons cardíacos – frequência, ritmo, extra-sístoles, sopros.
• Pressão arterial – esfigmanómetro.
• Localização da sonda nasogástrica – injeção ou aspiração
de ar gástrico.
• Localização da sonda vesical(diurese mínima de 05 a 1ml/
kg/h).
Monitorização Padrão para a Anestesia Geral

◻ Monitorização
Cardiovascular:
• Eletrocardiograma – É utilizado
para detectar arritmias, isquemia
miocárdica, desequilíbrio
eletrolítico e função do
marcapasso. Normalmente usa-se
a derivação DII que detecta
arritmias ou a Derivação V5 que
identifica isquemia miocárdica.
• Pressão Arterial:
■ Medida Não-Invasiva da pressão arterial (Ausculta dos sons de Korotkoff,
palpação da artéria radial, Oscilotonometria e os aparelhos automáticos).
■ Medida Invasiva da Pressão arterial – Técnica direta(Cateterização da
artéria radial a mais frequente).
◻ Indicações: Observação constante da pressão arterial nos casos de
aneurisma cerebral, doença carotídea, hipotensão induzida.
◻ Local, Técnica de cateterização da artéria radial(método de
transfixação, técnica de punção direta, dissecção da artéria).
◻ Complicações: Trombose, isquemia distal, fístula ou aneurisma.
Medida da Pressão Venosa Central

◻ Indicações: Medir as pressões de enchimento do coração direito


como guia de volemia, Administrar drogas na circulação central,
Propiciar acesso venoso em pacientes com dificuldade de via
periférica, Nutrição parenteral de longa duração, remover êmbolos
de ar e acesso para marcapasso venoso.
◻ Locais de Punção...
◻ PVC Normal: 8 a 15 cm de água.
◻ Complicações: Arritmias, Pneumotórax, hidrotórax, infecção e
embolia gasosa.
◻ Cateteres da artéria pulmonar (Swan-Ganz).
Ecocardiografia Transesofágica (ECT)

◻ Vantagens: Manter o sensor no esôfago em posição fixa,


Monitorização contínua do paciente anestesiado ou acordado,
Excelente resolução de imagem , possibilidade de correlacionar
alteração de mortilidade da parede e dos volumes a outros recursos
de monitorização.(ECG, DC. VS e Pressão de enchimento).
◻ Aplicações: Pacientes com doenças cardíacas e não-cardíaca,
diagnóstico de embolia gasosa, diagnóstico de defeitos congênitos,
avaliar a limitação de fluxo após cirurgia de correção de
valvulopatias.
Monitorização da Ventilação:

◻ Os estetoscópios esofágico e precordial – Permitem a ausculta


dos ruídos cardíacos e pulmonar: incluindo a medida eletrônica
da temperatura.
◻ Oxímetro de Pulso - Saturaçao Arterial De Oxigênio.
• Causas de valores Anormais de saturação: Fração de oxigênio
baixa, ventilação insuficiente, baixa perfusão de extremidade,
hipotermia e extremidades frias, hemoglobina anômolas
(metaemoglobina, carboxiemoglobina e
sulfaemoglobina),corantes injetáveis(azul de metileno), congestão
venosa, ausência de fluxo pulsátil, movimento do paciente.
• Causas de valores anormais devido ao monitor: Defeito do sensor,
Interferência elétrica, fontes de luz infravermelha elevadas, cabo
com defeito, tremores intrínsecos ou vibrações do ambiente
cirúrgico.
◻ Capnografia - Fornece a Pressão ou Percentagem de Dióxido
de Carbono no final da Expiração .
• Usos Clínicos: Confirmação do tubo endotraqueal, avaliação da
ventilação(embolia gasosa, hipertermia maligna).
• Curvas do dióxido de carbono no final da expiração corrente:
Normal, entubação de esôfago, filtro de cal sodada, tubo
endotraquea.
• Alterações do paciente(sinais de hipertermia maligna, estado de
baixa perfusão, embolia gasosa, gordurosa ou tromboembolia,
obstrução expiratória, absorção de dióxido de carbono da
cavidade peritoneal, repercussão após remoção de torniquete ou
clampe arterial de longa duração.
Monitorização da Temperatura

◻ Indicações: Hipertermia maligna, Bebês e crianças pequenas,


Adultos(queimaduras, exposição de cavidade peritoneal, transfusão
de líquidos frios e irrigação intensa), Circulação extracorpórea com
hipotermia induzida, paciente febril, paciente com disfunção do SNA.
◻ Locais utilizados para monitorizar a Temperatura: Pele, axila, reto,
esôfago, nasofaringe, membrana timpânica e bexiga.
Monitorização do Bloqueio Neuromuscular

◻ Objetivos da monitorização do BNM:


• Avaliar o grau de relaxamento Neuromuscular durante a cirurgia e o grau
de recuperação antes da extubação.
• Ajudar a determinar o momento da entubação
• Titular a dose do relaxante de acordo com a resposta do paciente
• Diagnosticar precocemente a existência de colinesterase atípica.
◻ Estimuladores de Nervos Periféricos.
• Estímulos Isolados (duração de 0,2ms e 0,1Hz).
• Estímulo tetânico (50 a 200Hz)
• Trem-de-quatro(quatro estímulos supramáximos de 2Hz).
Sistema Nervos Central

◻ EEC
◻ Potenciais evocados.
◻ PIC
◻ Pressão de líquor.
Monitorização da Profundidade da Anestesia

◻ Avaliação Clínica:
• Movimento
• Resposta a comandos
• Abertura ocular
• Reflexiliar
• Resposta pupilares e diâmetro pupilar
• Sudorese e lacrimejamento.
◻ Monitorização convencional:
◻ Pressão arterial
◻ Frequencia cardiaca
◻ ECG
◻ Analisador de gases expirados
◻ Capnografia.
◻ Índice biespectral-BIS
Monitorização da Diurese

◻ Objetivo: Monitorizar o débito urinário


◻ Indicações:
• ICC
• IR
• Hepatotia Avançada
• Choque
• Cirurgias Vascular
• Cirurgias Cardíacas
• Craniotomia
• Cirurgias com grandes desvios hídricos
• Cirurgias Demoradas
◻ Débito Urinário Esparado – 0,5 a 1 ml/kg/h
Monitorização Padrão para Anestesia Regional

◻ Inclui:
• ECG
• Pressão Arterial
• FC
• FR
• Saturação de oxigênio.
Administração de Líquidos no
Transoperatório

Universidade Federal Do Piauí – UFPI

Anestesiologia

Prof. João Matos


Diretrizes para Administração de Líquidos.

◻ Paciente com jejum após a meia-noite – reposição com solução de


manutenção (Soro Glicosado à 5%) 500ml/70Kg nos programadores para
RTUp, para estes administrar solução do tipo de reposição.
◻ Soro Glicosado à 5% deve ser omitido em pacientes programados para
procedimentos intracranianos. Neste administrar volumes suficientes para
manter a veia; até que o cirurgião feche a dura, para repor o Débito
Urinário intra-operatório.
Classificação das cirurgias quanto ao tipo de
administração de líquidos:

◻ Cirurgias do tipo de manutenção – são aquelas com mínima perda de


sangue e/ou líquidos. (Exemplo: Microcirurgia de ouvido, cirurgia
oftalmológica, cirurgia de extremidades com torniquete, cistoscopias e
várias tipos de biópsias). Nestes administrar líquidos do tipo de
manutenção.
Peso Taxa

Para os primeiros 10Kg 4ml/Kg/h

Para os próximos 10-20Kg Acrescentar 2ml/Kg/h

Para cada Kg acima de 20Kg Acrescentar 1ml/Kg/h

Exemplo: Quais são as necessidades hídricas de manutenção para uma criança de 25


Kg?
Resposta: 40 + 20 + 5 = 65 ml/h
◻ Cirurgias do tipo de reposição – são aquelas que se associam com perda
significativa de sangue e/ou líquidos. Nestes procedimentos administrar
solução do tipo de reposição. Estes procedimentos podem ser subdivididos
de acordo como grau de trauma cirúrgico em:
• Trauma cirúrgico mínimo – tonsilectomias e procedimentos plástico. (2ml/Kg/h
para suas necessidades de líquidos de manutenção + 4ml/Kg/h para o trauma
cirúrgico moderado. Solução balanceada.
• Trauma cirúrgico moderado – herniorrafias, apendicectomia (sem peritonite),
toracotomia e a maioria dos procedimentos superficiais do tronco. (2ml/Kg/h
para suas necessidades de líquidos de manutenção + 6ml/Kg/h para o trauma
cirúrgico). Solução Balanceada.
• Trauma cirúrgico extremo - cirurgias de quadril, ressecções intestinais para
processos obstrutivos, mastectomias radicais, etc. (2ml/Kg/h para as
necessidades de líquidos de manutenção + 8ml/Kg/h para o trauma cirúrgico).
Solução Balanceada.
Obs.:

Necessidades Típicas de Líquidos de Manutenção

Faixa Etária Quantidade (ml/Kg/h)

Adulto 1,5-2

Criança 2-4

Lactante 4-6

Recém-nascido 3
Líquidos Comercialmente Disponíveis para Uso
Parenteral

Soro Glicosado à 5%
Manutenção Solução glicosada à 4% + Ringer-Lactato
Solução glicosada à 5% + SF ao meio

Solução Ringer-Lactato
Reposição Soro glicosado à 5% + RL
Solução Fisiológica
Diretrizes para Líquidos de Rotina no Dia da Criança

◻ Etapa 01 – Iniciar a reposição endovenosa das perdas insensíveis com soluções do


tipo de manutenção, 2ml/Kg/h, para o intervalo desde a última ingesta oral.
◻ Etapa 02 – Mudar para soluções do tipo de reposição para perdas insensíveis intra-
operatório. Administrar RL ou SF, 2ml/Kg/h.
◻ Etapa 03 – Fazer estimativa do trauma cirúrgico e acrescentar volume apropriado
de solução do tipo de reposição ao que foi dado na Etapa 2. (Trauma mínimo,
acrescentar 4ml/Kg/h; Trauma moderado, acrescentar 6ml/Kg/h; Trauma extremo,
acrescentar 8ml/Kg/h).
◻ Etapa 04 – Dar solução coloidal apropriada para cada volume de sangue perdido
em 20% do volume sanguíneo estimado do paciente.
◻ Etapa 05 – Monitorizar os sinais vitais e o fluxo urinário. Ajustar os líquidos para
manter a diurese no mínimo entre 05-1ml/Kg/h.

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