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DO PACIENTE CRÍTICO
Profº Ms. Rafael Carvalho
ADMISSÃO DO PACIENTE CRÍTICO
NA UTI: PRINCÍPIOS BÁSICOS
O tratamento intensivo tem por objetivo o
restabelecimento das funções orgânicas naturais do
indivíduo (circulação, oxigenação, nutrição, integridade
cutâneo-mucosa, etc.), a fim de garantir o seu retorno à
vida diária com uma qualidade de vida melhor ou igual a
que ele apresentava previamente à internação. Isto é
possível pela ação conjunta da equipe multidisciplinar.
CRITÉRIOS DE ADMISSÃO
A decisão de admitir um paciente para UTI deveria ser
baseada no conceito de potencial benefício. Pacientes
clinicamente estáveis, que não contemplam expectativa de
recuperação, para uma qualidade de vida aceitável, não
deveriam ser admitidos. Idade não deve ser barreira para
admissão em UTI. Reconhece-se que está associada com
diminuição de reservas fisiológicas e com um aumento de
risco de doenças coexistentes (Parecer CREMEC N° 27/99).
As admissões em unidade de
tratamento intensivo (UTI) devem
ser baseadas em:
I) diagnóstico e necessidade do paciente;
II) serviços médicos disponíveis na instituição;
III) priorização de acordo com a condição do
paciente;
IV) disponibilidade de leitos;
V) potencial benefício para o paciente com as
intervenções terapêuticas e prognóstico.
A priorização de admissão na unidade de
tratamento intensivo (UTI) deve respeitar os
seguintes critérios:
Prioridade 1
Adulto: 16 a 20 irpm
Terminologia
Bradipnéia: FR abaixo do normal (< 12 irpm)
Taquipnéia: FR acima do normal (> 20 irpm)
Dispnéia: dificuldade respiratória.
Ortopnéia: respiração facilitada em posição vertical.
Apnéia: parada respiratória.
Hiperventilação: A frequência e a profundidade das
respirações aumentam.
Hipoventilação: A frequência respiratória é
anormalmente baixa, e a profundidade pode ser
deprimida.
Respiração de Cheyne-Stokes
A frequência e a profundidade respiratória são irregulares,
caracterizadas por períodos alternados de apnéia e
hiperventilação. O ciclo respiratório inicia-se com respirações
lentas e superficiais, que, gradualmente, aumentam para
frequência e profundidade anormais. O padrão reverte, a
respiração torna-se lenta e superficial, atingindo o máximo a
apnéia antes de a respiração retornar. Ex: Insuficiência
cardíaca congestiva, broncopneumonia, overdose, lesão do
sistema nervoso central.
Respiração de Kussmaul: As respirações são
anormalmente profundas, regulares e aumentadas em
frequência. Ex.: cetoacidose diabética.
Respiração de Biot: Períodos de respiração normal (3-4
ciclos) seguidos por um período variável de apnéia (10
segundos a 01 minuto)
OXIMETRIA DE PULSO
A oximetria de pulso é uma técnica de monitorização
não invasiva, utilizada para medir a saturação de
oxigênio arterial da hemoglobina.
A saturação normal de oxigênio num paciente em ar
ambiente é de 95% a 100%. Lembre-se que o método
tem algumas limitações:
Diminuição do sinal por hipotermia, hipotensão, uso de
drogas vasoconstrictoras e compressão arterial direta.
Posicionamento inadequado do sensor.
TEMPERATURA
A temperatura corporal é proveniente do calor produzido
pela atividade metabólica. O equilíbrio entre a produção
e a perda de calor deve-se basicamente ao seguinte
mecanismo, controlado pelo hipotálamo: quando há
necessidade de perda de calor, impulsos nervosos
provocam vasodilatação periférica com aumento do fluxo
sanguíneo na superfície corporal e estimulação das
glândulas 6 sudoríparas, promovendo a saída de calor.
Quando há necessidade de retenção de calor, estímulos
nervosos provocam vasoconstricção periférica com
diminuição do sangue circulante local e, portanto, menor
quantidade de calor é transportada e perdida na
superfície corpórea
Febre constante: hipertermia diária, com variações de até 1°C,
sem apresentar períodos de apirexia. Exemplo: sepse.
Febre recorrente: caracteriza-se por períodos de apirexia
prolongados (dias, semanas) intercalados com as crises febris.
Exemplo: doença de Hodgkin.
Febre intermitente: é aquela em que a hipertermia é
interrompida diariamente por um período de apirexia.
Apresenta os subtipos: diária (quotidiana) ou quartã (malária).
Febre remitente: hipertermia diária, com variações de
mais de 1°C, como na febre contínua, podendo haver
períodos de apirexia. Exemplo: tuberculose.
Os locais mais indicados para verificar a temperatura
são: boca, reto e axilas, sendo a retal a mais próxima da
temperatura real interna
DIURESE / BALANÇO HÍDRICO
O balanço hídrico é o resultado da quantidade de líquido
que entra e sai do corpo humano em um determinado
intervalo de tempo, que tem por objetivo monitorar os
parâmetros que permitam acompanhar o equilíbrio hídrico
do cliente diante do tratamento proposto, dependendo de
seu estado patológico, renal ou cardíaco.
O volume urinário médio no adulto é de 0,5 a 1,0
ml/kg/h
A Importância do Balanço Hídrico no
Paciente Crítico
Definir terminologias relacionadas a fluidos e eletrólitos.
Identificar os 3 compartimentos fluídicos corporais.
Identificar os mecanismos de ganho e perda de peso
diário.
Identificar os maiores desequilíbrios de balanço hídrico.
Identificar pacientes com déficit ou excesso de volume
hídrico.
Associar os dados fornecidos no balanço hídrico com a
evolução clínica do paciente.
Eletrólitos
São substâncias químicas ativas. Medida de atividade
química - mEq/l, miliequivalente por litro.
Cátions – carga positiva – sódio, potássio, cálcio,
magnésio e hidrogênio
Ânions – carga negativa – cloreto, bicarbonato, fosfato,
sulfato e proteinato.
Lembrete
É necessário manter a homeostase!!
O ganho e perda de líquidos deverão ser relativamente
iguais.
Ingestão – líquidos e alimentos orais – metabolismo
Excreção – rins (1ml/Kg/h), pele, pulmões, e trato GI
Exames laboratoriais
Osmolalidade – mede a [ ] de soluto no sangue e urina
Uréia – 10 a 20 mg/dl – aumento= função renal reduzida
Creatinina – 0.7 a 1.5 mg/dl - melhor indicador da função renal
Hematócrito – 44 a 52% (M) e 39 a 47%(F),
aumento=desidratação, redução=hidratação excessiva e
anemia.
Sódio urinário – 50 a 220 mEq/24hs. Sódio sérico 135 – 145
mEq/l
Mecanismos homeostáticos
Rins – controlam o balanço hidreletrolitico.
Coração e vasos sanguíneos – circulação do sangue,
manutenção da pressão de filtração
Pulmões – regulam o balanço hídrico e ácido-básico.
Glândulas – homeostase hidreletrolitica, ácido-básica e
controle pressão sanguínea
hipotálamo – ADH – antidiurético
supra-renal – aldosterona – retenção de Na e perda de
K
supra renal – cortisol - retenção de Na e perda de K
paratireóide –hormônio paratireóideo PTH, influencia a
absorção óssea, absorção de cálcio nos intestinos e
túbulos renais
Distúrbios hidroeletrolíticos
São mais comuns em pacientes com distúrbios renais,
cardiorrespiratórios graves, pacientes politraumatizados /
queimados / desnutridos e em pós –operatório.
Déficit de volume de líquido – hipovolemia – perda de
água e eletrólitos na mesma proporção em que existem
nos líquidos corporais.
Excesso de volume de líquido – hipervolemia,
relacionado à sobrecarga hídrica ou redução da função
dos mecanismos homeostáticos.
Desequilíbrios eletrolíticos: déficit de Na, K, Mg e Ca;
excesso de Na e K
Lembrete: pontos importantes
1ª passo – sinais vitais
2º passo – controlar a taxa de infusão de fluidos
3º passo – controlar ganhos e perdas
4º passo – avaliação paciente – Semiologia
O que ocorre quando há déficit de
volume hídrico
Diminuição hídrica do compartimento vascular.
Perda de peso.
Em geral, perde-se eletrólitos
Alterações da função cardiovascular.
Hemoconcentração, uréia e creatinina elevadas, urina
com alta concentração de solutos, perda de peso.
Baixo débito urinário
Tratamento = reposição do volume com soluções
isotônicas. Avaliação da causa.
O que ocorre quando há excesso de
volume hídrico
Expansão do compartimento extracelular
Causa primária é a disfunção cardiovascular
Causa secundária é um aumento do fluido corporal
Hemodiluição, o sódio e a osmolaridade estão
diminuídos, ganho de peso.
Tratamento = restringir sódio e água, diuréticos e
tratamento da causa.
Edema: manifestação comum na
hipervolemia
Os edemas podem aparecer sob duas formas: localizado
(tornozelo-artrite reumatóide) e sistêmico (insufs.
cardíaca e renal).
Edema generalizado = anasarca
O exemplo clássico de edema localizado é o edema
inflamatório, cuja constituição é rica em proteínas. Daí o
líquido desse tipo de edema ser denominado de
"exsudato".
O edema sistêmico é formado por líquido com
constituição pobre em proteínas. Esse líquido é
denominado de "transudato", estando presente, por
exemplo, no edema pulmonar.
EDEMA
+1 (depressão 2 mm)
+2 (depressão 4 mm)
+3 (depressão 6 mm)
+4 (depressão 8 mm)
ATENÇÂO: Enchimento capilar normal menor que 3
segundos.
OBSERVAÇÃO
QUADRO NA APOSTILA SOBRE RETENÇÃO E
ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS.
BALANÇO HIDRICO
Impresso próprio.
Calculadora.
Descrição da Técnica: Controlar os ganhos e perdas
do cliente nas 24 horas da seguinte forma.
Considerar como ganho/ entrada
Dietas por: CNG, CNE, ostomias.
Ingestão: água, sucos, chás, sopas.
Terapia medicamentosa: soros, medicações com
diluição, sangue, NPP.
Considerar como perda/ saída
Eliminações: vésico-intestinais (diurese e fezes líquidas e
semi líquidas).
Vômitos.
Drenagens.
Folha de Controles: computar perdas (exemplo: diurese)
ou ganhos (exemplo: soro, uma xícara de chá).
No final de 24 horas, somar o total de ganhos e perdas e
subtrair um do outro.
Exemplo
O cliente recebeu 1.200 ml entre dieta e medicações e
eliminou 980 ml entre diurese e drenagens.
1.200 ml - 980 ml = 220 ml
O Balanço das 24 horas neste caso é positivo, pois o
cliente teve mais ganho do que perdas.
Anotar o resultado final na folha de Controles,
comunicando ao enfermeiro de plantão qualquer
alteração.