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Processos

Psicológicos
Básicos
Prof. Me. LUCIANO BARBOSA DE
QUEIROZ
Atenção e
Consciência
Sternberg (2008)
• “[A atenção] é a tomada de posse pela mente, de
forma vívida e nítida, de um entre o que parecem

Conceitos
ser vários objetos ou linhas de pensamento
possíveis. (...) Implica afastar-se de algumas coisas
para lidar de forma efetiva com outras”
William James (Princípios de Psicologia, 1890)
Conceitos

• “A atenção é o meio pelo qual processamos ativamente uma quantidade


limitada de informação a partir da enorme quantidade disponível através de
nossos sentidos, de nossas memórias armazenadas e de nossos outros
processos cognitivos”;
• Você concorda que recebemos e retemos inúmeras informações?
• Informações do meio em que estamos, informações das nossas memórias,
informações de outros processos cognitivos...
• A atenção faz com que foquemos naquelas informações relevantes para
aquele momento;
Sternberg (2008)
Conceitos
• A atenção inclui processos conscientes e processos
inconscientes;
• Por isso, estamos estudando atenção juntamente com o
tema da consciência;
• P. ex. Nós continuamente recebemos informações
sensoriais do nosso corpo, mas damos atenção a apenas
parte delas;

Sternberg (2008)
Sternberg (2008)
Conceitos

• A atenção é muito importante:


• Parece que há alguns limites para nossos recursos mentais;
• Também há limites em relação à quantidade de informações em que
podemos concentrar esses recursos em um dado momento;
• Por isso, a atenção nos possibilita usarmos esses recursos mentais de
forma sensata;
• Ao diminuir a atenção sobre muitos estímulos exteriores (sensações) e
interiores (pensamentos e memórias), podemos focar nos estímulos que
nos interessam;
• A atenção aumentada é importante também para a memória;
Sternberg (2008)
Conceitos

• A consciência inclui o sentimento de percepção consciente e o conteúdo da


consciência, parte do qual pode estar sob o foco da atenção;
• Portanto, a atenção e a consciência formam dois conjuntos sobrepostos;
• Parte do processamento ativo de atenção da informação sensorial, da
informação lembrada e da informação cognitiva acontece sem consciência (p.
ex. escrever o nome);
• Os benefícios da atenção são bastante evidentes quando nos referimos à
atenção consciente;
Sternberg (2008)
Importância • Três aspectos mostram o importante papel
causal da atenção consciente sobre a
cognição:
da atenção • 1) Ajuda a monitorar nossas interações com

consciente o ambiente;
• 2) Ajudar a relacionarmos nosso passado
com o nosso presente: sentido de
continuidade da experiência;
• 3) Ajuda a controlar e planejar nossas ações
futuras;

Sternberg (2008)
Dúvidas?
• Algumas informações podem estar fora da
consciência, mas disponíveis;
• Elas ficam disponíveis no nível pré-
consciente da consciência;
• Vamos supor que eu pergunte agora a você:

Processamento
Como é o seu quarto?
• Você saberá responder mesmo que não

pré-consciente estivesse pensando sobre o seu quarto


antes da pergunta;
• As sensações também podem ser trazidas
da pré-consciência para a consciência;
• P. ex. O que estava acontecendo com o seu
pé direito antes de ler essa pergunta?

Sternberg (2008)
Processamento pré-consciente

• Os psicólogos estudam esse processamento pré-consciente pesquisando sobre um fenômeno


chamado “priming”;
• O “priming” ocorre quando o reconhecimento de determinados estímulos é afetado pela
apresentação anterior do mesmo estímulo;
• Suponhamos que eu, professor de Psicologia Cognitiva, tenha falado muito sobre processamento pré-
consciente durante a aula;
• Suponhamos também que, depois desta aula, você tenha aula de Psicanálise;
• Quando o professor de Psicanálise falar do pré-consciente (da primeira tópica freudiana), você
provavelmente vai se lembrar do processamento pré-consciente falado aqui!

Sternberg (2008)
Processamento pré-consciente

• Às vezes, trazer informações pré-conscientes para a consciência não é fácil;


• Fenômeno “ponta da língua”: a informação está na memória, mas não conseguimos
acessar essa informação;
• Em um estudo, alguns participantes não se lembravam do nome, mas o conheciam;
• Eles conseguiam dizer pequenas características da palavra com base em perguntas
específicas (p. ex. A resposta começa com qual letra?);
• Muitos finalmente falavam a resposta;
• “Esses resultados indicam que informações prévias pré-conscientes, embora não
estejam totalmente acessíveis ao pensamento consciente, estão disponíveis aos
processos da atenção”;

Sternberg (2008)
Processamento pré-consciente

• A percepção pré-consciente também tem sido observada em pessoas que têm lesões em algumas
áreas do córtex visual;
• Visão cega: traços de capacidade perceptiva visual em áreas cegas;
• Parece que ocorre algum processamento visual, mesmo quando os participantes não têm consciência
das sensações visuais;
• Não conseguem apresentar comportamento voluntário, como tentar pegar um copo de água que
esteja na região cega, mesmo quando estão com sede;

Sternberg (2008)
• Parece que sentimos, percebemos
e mesmo respondemos a muitos
estímulos que nunca entram em
Dúvida nossa consciência. Entretanto, a
pergunta é: quais processos
requerem ou não a consciência?

Sternberg (2008)
Processos
automáticos e
processos
controlados
Sternberg (2008)
Processos controlados e processos
automáticos

• Os processos cognitivos podem ser diferenciados quanto à sua exigência


ou não de controle consciente;
• Os processos automáticos não envolvem controle consciente, ainda que
seja possível estar consciente de realizá-los;
• Demandam pouco ou nenhum esforço ou intenção;
• São implementados como processos paralelos;
• Os processos controlados são acessíveis ao controle consciente e até
mesmo o requerem;
• São realizados em série (um “passo” de cada vez);
• Requerem mais tempo;
Sternberg (2008)
Processos • Os processos automáticos são ocultos da
consciência;
controlados e • Alguns sugerem que a atenção seria um
contínuo entre processos totalmente
processos automáticos e processos totalmente
controlados;
automáticos • Muitas tarefas que começam como
processos controlados podem se tornar
automáticas (p. ex. dirigir um carro, aprender
uma nova língua, habilidade de ler);

Sternberg (2008)
Processos automáticos e processos
controlados

• Os procedimentos que aprendemos no início da nossa vida, muitas vezes, são


mais automáticos e menos acessíveis à consciência do que os que foram
adquiridos mais tarde (p. ex. andar de bicicleta ou amarrar os sapatos);
• Processos e procedimentos de rotina adquiridos mais recentemente são
menos automáticos. Ao mesmo tempo, são mais acessíveis ao controle
consciente;
• A automatização (ou procedimentalização) é o processo pelo qual um
procedimento passa de altamente consciente para relativamente automático;
• Ela acontece como resultado da prática;
Sternberg (2008)
• Mas por que ocorre a automatização?
• Uma visão aceita é de que, à medida que o
indivíduo pratica repetidamente, os passos da

Processos tarefa – que antes eram componentes isolados –


são cada vez mais integrados, formando um todo
coerente;
automáticos • Nós deixamos de seguir um passo a passo como
momentos isolados para concebermos a tarefa
e processos como um todo bem integrado;
• À medida que isso ocorre, a tarefa passa a requerer
controlados pouco ou nenhum recurso cognitivo, como a
atenção;
• Ela foi automatizada;

Sternberg (2008)
Processos automáticos e processos controlados

• Outra teoria sobre a automatização é a teoria do exemplo (instance theory), de


Logan (1988);
• Sugere que a automatização ocorre porque acumulamos conhecimento de
modo gradual sobre determinadas respostas a determinados estímulos;
• P. ex. Primeiro aprendemos as operações básicas (somar, subtrair), depois a
resolver probleminhas, depois equações, depois inequações, depois funções
etc.
• À medida que caminhamos na aprendizagem, os passos anteriores vão se
automatizando porque guardamos “exemplares” deles na memória;

Sternberg (2008)
• Teoria do exemplo (instance theory), de Logan
(1988):
Processos • Continuação:

automáticos
• Quanto mais soluções antigas houver na memória,
mais chances teremos de resolver o problema por
meio da memória e mais rápido seremos capazes
e processos de resolver o problema;
• P. ex. Uma pessoa que aprendeu agora sobre
controlados funções já sabe fazer operações básicas
automaticamente;

Sternberg (2008)
Processos automáticos e
processos controlados

Detalhe: os efeitos da
A prática posterior faz
prática sobre o
cada vez menos
processo de
diferença no processo
automatização são
de automatização;
maiores no início;
Sternberg (2008)
Processos automáticos
• Em geral, comandam tarefas específicas e bem praticadas;
• A maioria comanda tarefas relativamente fáceis;
• Requerem pouco esforço ou controle consciente;
• Raramente estão sujeitos a controle consciente;
• Podem, inclusive, levar a consequências desagradáveis ou mesmo risco de vida;

Sternberg (2008)
Processos controlados

• Em geral, comandam tarefas relativamente novas;


• Em geral, comandam tarefas mais difíceis;
• Requerem esforço intencional;
• Requerem consciência total;
• Entretanto, com prática suficiente, até mesmo tarefas complexas (p. ex. ler)
podem se tornar automatizadas!
Sternberg (2008)
Processos automáticos e
processos controlados

• Como os comportamentos bastante automatizados requerem pouco


esforço ou controle consciente, muitas vezes, podemos ter
comportamentos automáticos múltiplos, mas raras vezes conseguimos
ter mais de um comportamento controlado automático que demande
muito trabalho.
Sternberg (2008, p. 79)
Vamos pensar nas
implicações?
• Rotinas de segurança podem se tornar automatizadas com
a prática repetida (p. ex. mergulhadores, bombeiros,
policiais etc.), levando a riscos de vida, caso algum detalhe
passe despercebido (“descuido”);
• Rotinas de saúde também podem se tornar automatizadas
(pense no ambiente de UTI);
• Você já planejou ir a um lugar antes de voltar para casa – o
qual passaria por um caminho diferente – mas acabou se
esquecendo e voltando pelo caminho de rotina (e não indo
aonde queria)?
• Você tem outros exemplos?
Sternberg (2008)
Equívocos e lapsos

Equívocos: envolvem Lapsos: muitas


erros em processos vezes, envolvem
controlados erros em processos
intencionais; automáticos;
Sternberg (2008)
Habituação e adaptação Sternberg (2008)
Habituação e adaptação

• A habituação está relacionada a nos acostumarmos com um estímulo, de


forma que, aos poucos, passemos a prestar cada vez menos atenção a ele;
• Vamos pensar sobre a habituação?
• Desabituação: uma mudança em um estímulo conhecido leva-nos a começar a
notá-lo outra vez;
• Podemos pensar em exemplos para desabituação?

Sternberg (2008)
Exemplos de • Quando pintamos a nossa casa de
outra cor, toda hora prestamos
habituação atenção nela;
• Já reparou que logo nos
“acostumamos” à nova cor? Nós nos
habituamos a ela?
• Mas se mudarmos novamente a cor,
voltamos a prestar atenção!

Sternberg (2008)
Habituação e adaptação

• A habituação e a desabituação são processos automáticos;


• Não requerem esforço consciente e nem precisamos estar conscientes deles para que
eles ocorram;
• A estabilidade e a familiaridade relativas do estímulo comandam esses processos;
• É possível exercermos controle consciente sobre a habituação;
• A habituação é um fenômeno de atenção que difere do fenômeno fisiológico da
adaptação sensorial;
• A adaptação sensorial é uma diminuição da atenção a um estímulo que não seja
objeto de controle consciente. Ela ocorre diretamente no órgão sensorial, e não no
cérebro (P. ex. a adaptação sensorial aos cheiros);

Sternberg (2008)
• Fatores que influenciam a habituação:
• 1) Variação interna dos estímulos;

Habituação • 2) Excitação subjetiva;

e adaptação • “A excitação é um grau de agitação fisiológica, é a


capacidade de resposta e prontidão para a ação,
em relação a uma condição inicial”;
• A excitação diminui com a habituação;

Sternberg (2008)
Exemplos de • Já reparou que trabalhadores de indústrias
não sentem os cheiros de lá? Mas nós,
adaptação quando passamos perto delas, sentimos?
• Já ouviu falar de “cheiro de loja”? Pois bem,
sensorial os olfatos dos trabalhadores logo se
adaptam a esse cheiro;
• Já reparou que trabalhadores que todos os
dias cozinham os mesmos pratos passam a
não sentir mais o cheiro deles?
• É que o olfato deles se adaptou ao estímulo;

Sternberg (2008)
Habituação e • A habituação não demanda qualquer esforço
consciente e requer poucos recursos de
atenção;
adaptação • Apesar de seu uso desprezível de recursos,
ela proporciona muito apoio aos processos
da atenção, permitindo-nos desviar com
facilidade nossa atenção dos estímulos
conhecidos e relativamente estáveis,
direcionando-os a estímulos novos e
instáveis;
• Sem a habituação, nosso sistema de atenção
sofreria uma demanda muito maior;

Sternberg (2008)
Atenção
Sternberg (2008)
Vamos falar agora das funções da atenção
Atenção

• Há três funções principais da atenção consciente:


• 1) Detecção de sinais: identificamos o surgimento de um estímulo
específico;
• 2) Atenção seletiva: escolhemos prestar atenção em alguns estímulos e
ignorar outros;
• 3) Atenção dividida: distribuímos os recursos da atenção para
coordenar nosso desempenho em mais de uma tarefa de cada vez;

Sternberg (2008)
Detecção de sinais

• Teoria da detecção de sinal: refere-se a como identificamos estímulos que


envolvam quatro possíveis resultados: presença ou ausência de um estímulo e
nossa detecção ou não detecção dele;
• Ela caracteriza nossas tentativas de detectar um sinal, um estímulo-alvo
• Acertos (verdadeiros positivos): detectamos algo que está presente;
• Alarmes falsos (falsos positivos): detectamos algo que não está presente;
• Falhas (falsos negativos): não detectamos algo que está presente;
• Rejeição correta;
Sternberg (2008)
• Já pensou na quantidade de alarmes falsos e
falhas em esquemas de segurança? Para se
evitar as falhas, rebaixa-se o critério.
Consequência: aumento de alarmes falsos;
Detecção de
sinais • P. ex. Revista de bagagem em aeroportos,
portas giratórias de bancos, detectores de
metais em escolas e em provas;

Sternberg (2008)
Vigilância

• É a capacidade de uma pessoa de prestar atenção a um campo de


estimulação por um período prolongado, durante o qual busca detectar o
surgimento de um determinado estímulo-alvo de interesse;
• P. ex. O comportamento do salva-vidas, do guarda, da pedagoga;
• O estímulo ocorre raramente, mas requer resposta imediata;

Sternberg (2008)
Vigilância
• A vigilância parece se deteriorar após algum tempo;
• Em participantes de pesquisa, isso se deveu à incerteza quanto ao
que observavam;
• Eles acabavam cometendo falhas para não darem alarmes falsos;
• A fadiga afeta a vigilância;
• Os processos de atenção que comandam a detecção de sinais são
muito influenciados pela expectativa;
• Já pensou na importância da vigilância no nosso dia a dia?

Sternberg (2008)
Busca
• Enquanto a vigilância envolve esperar passivamente que um sinal apareça, a busca envolve
procurar um alvo de forma ativa e habilidosa;
• A busca se refere a uma varredura do ambiente para encontrar características específicas;
• Assim como na vigilância, podemos responder com alarmes falsos;
• A busca é dificultada por fatores de distração;
• Fatores de distração: estímulos que não são alvo e que desviam a nossa atenção dos
estímulos-alvo;
• O número de alvos e de fatores de distração afeta a dificuldade das tarefas;

Sternberg (2008)
Busca
• Busca de características: simplesmente varremos o
ambiente em busca daquela característica ou aquelas
características;
• Busca conjunta: procuramos uma combinação específica
(conjunção) de características (p. ex. diferença entre T e L)

Sternberg (2008)
Atenção seletiva e
dividida
Sternberg (2008)

Sternberg (2008)
Atenção seletiva e dividida

• O problema do coquetel: o processo de acompanhar uma conversa junto


com a distração de outras;
• Cherry percebeu que, nos coquetéis, a atenção seletiva se destaca;
• Tarefa do sombreamento (criada por Cherry): escutar duas passagens
diferentes e repetir apenas uma delas o mais rápido possível, depois de
ouvi-la;
• Apresentação binaural: mostrar duas mensagens ou apenas uma aos dois
ouvidos;
• Apresentação dicótica: uma mensagem diferente para cada ouvido;
Sternberg (2008)
• Cherry descobriu que a atenção seletiva era
Atenção
mais fácil nos participantes submetidos a
apresentação dicótica;
seletiva e
dividida

Sternberg (2008)
Sternberg
(2008)

Teorias da
Atenção
Seletiva
Teorias de
atenção • Há vários modelos de atenção seletivos;

seletiva • Eles se diferem em dois aspectos principais:


• 1) Eles têm um “filtro” distinto para informações

baseadas recebidas?
• 2) Se há esse “filtro”, onde ocorre esse filtro no

em filtro e processamento da informação?

gargalo
Sternberg (2008)
Modelo de Broadbent

• Um dos primeiros modelos;


• Filtramos a informação imediatamente após registrá-la a nível sensorial;
• Isso significa que os dados sensoriais passam por um filtro da atenção antes do
processo de percepção (antes de os percebermos);
• Essa teoria foi sustentada por Colin Cherry: a informação sensorial pode ser notada
por um ouvido que não está prestando atenção;
• Entre os exemplos desse tipo de material estariam vozes masculinas versus femininas,
ou sinais sonoros versus palavras;
• Por outro lado, as informações que requeiram processos perceptuais superiores não
são observadas por esse ouvido; por exemplo, palavras em inglês versus alemão, ou
mesmo palavras apresentadas de trás para frente;
Sternberg (2008)
Modelo do filtro seletivo de
Moray
• Sugere que mensagens poderosas e altamente destacadas
podem romper o filtro de atenção seletiva, mas outras
podem não passar por ele;
• O filtro seletivo bloqueia a informação ao nível sensorial,
mas algumas mensagens muito destacadas são tão
poderosas, que também passam pelo mecanismo de
filtragem;

Sternberg (2008)
Modelo de • O mecanismo de filtragem simplesmente
atenua (diminui a força) dos estímulos
atenuação sensoriais;
• Para estímulos muito potentes, os efeitos

de da atenuação não são grandes o


suficiente a ponto de impedir que
penetrem no mecanismo enfraquecedor

Treisman de sinais.

Sternberg (2008)
Modelo de atenuação de Treisman
• Atenção seletiva envolve três etapas;
• 1) Analisamos, antes da atenção, as propriedades físicas de um estímulo (p. ex. volume
e tom):
• Se sim: sinal adiante;
• Se não: passamos versão enfraquecida do estímulo;
• 2) Analisamos se o estímulo tem um padrão (p. ex. fala, música):
• Se sim: sinal adiante;
• Se não: passamos versão enfraquecida do estímulo;
• 3) Concentramos a atenção aos estímulos que chegam a ela;

Sternberg (2008)
A filtragem ocorre após a análise
sensorial e, portanto, após
alguma análise perceptual e
Modelo do
conceitual de dados recebidos; filtro
posterior de
Se a informação não gera alguma
percepção, as pessoas a
Deutsch e
descartarão no mecanismo de
filtragem;
Deutsch

Sternberg (2008)
A atenção é flexível;
Teoria A seleção de uma mensagem pode ocorrer em qualquer
Multimodal momento do processamento da informação;

O processamento da informação ocorre em etapas:

Sternberg (2008)
Etapa 1: O indivíduo constrói representações sensoriais;

Etapa 2: O indivíduo constrói representações semânticas;

Etapa 3: As representações das etapas anteriores se


tornam conscientes;
Síntese de Neisser
• Neisser propôs que há dois tipos de processos que comandam a atenção:
• 1) Processos automáticos ou pré-atencionais;
• São rápidos e ocorrem em paralelo;
• Podem ser usados para observar apenas características sensoriais físicas da
mensagem a que não se presta atenção;
• Não discernem sentido ou relações;
• 2) Processos atencionais;
• Executados em série;
• Consomem recursos de tempo e atenção;
• Podem ser usados para observar relações entre características, servindo para
integrar fragmentos de um objeto em uma representação mental;
Sternberg (2008)
Teorias de atenção seletiva
baseadas em recursos de atenção

Sternberg (2008)
Teorias dos recursos • Teorias recentes se afastaram da ideia de
filtragem/bloqueio ou atenuação de sinais;
de atenção • Aproximam-se da ideia de alocação de recursos limitados
de atenção;
• As pessoas distribuem esses recursos de acordo com as
tarefas;
• Detalhe: as pessoas são muito melhores em dividir a sua
atenção quando as tarefas envolvem modalidades
sensoriais distintas (p. ex. ler e ouvir música);

Sternberg (2008)
Considerações
adicionais
Sternberg (2008)
Variáveis de tarefa, situação e pessoa

• Os modelos vistos até aqui parecem ser bastante mecanicistas e


simplistas;
• P. ex. A ansiedade afeta a atenção;
• A excitação geral também afeta a atenção (p. ex. estar cansado, tonto
ou drogado), diminuindo-a ou aumentando-a;
• O interesse específico em uma tarefa ou em um estímulo também afeta
a atenção;
• A natureza da tarefa afeta a atenção;
• Tarefas difíceis, complexas ou novas demandam mais atenção do que
tarefas rotineiras e simples;
Sternberg (2008)
• Mais prática e habilidade aumentam a atenção;
• Uma quinta consideração é a etapa de processamento na qual a atenção é
necessária. Essa etapa pode ser antes, durante e após algum grau de
processamento perceptual;
• Alguns processos de atenção ocorrem fora da nossa consciência;
• Outros estão sujeitos ao controle consciente;
• As descobertas da pesquisa cognitiva proporcionaram muitos conhecimentos sobre
a atenção, mas também se têm obtido outros por meio do estudo dos processos
de atenção no cérebro;
Sternberg (2008)

Variáveis de tarefa, situação e pessoa


Uma das tarefas mais
utilizadas em pesquisas
Efeito Stroop sobre atenção foi
formulada por Stroop;

Sternberg (2008)
• O efeito Stroop demonstra a dificuldade
psicológica de prestar atenção à cor da tinta e
tentar ignorar a palavra que está impressa com a
tinta daquela cor;
Efeito • 1ª explicação: ler já é um processo automático, não
estando prontamente sujeito ao seu controle
Stroop consciente (explicação cognitiva);
• 2ª explicação: a saída de uma resposta ocorre
quando os caminhos para a produção da resposta
são ativados suficientemente (explicação
neurocognitiva);

Sternberg (2008)
Atenção
Dividida
Sternberg (2008)
• Algumas vezes, o sistema de atenção deve
desempenhar duas ou mais tarefas
diferentes ao mesmo tempo;
• Neisser e Becklein (1975):

Atenção • Os participantes do estudo tiveram


grande dificuldade de realizar as duas
tarefas ao mesmo tempo;
Dividida • Os autores supuseram que as
melhorias no desempenho viriam da
prática;
• O desempenho de múltiplas tarefas
se basearia em habilidades
resultantes da prática;

Sternberg (2008)
Atenção
Dividida
• Spelke, Hirst e Neisser (1976):
• O desempenho dos participantes foi
inicialmente ruim, mas, com a prática,
melhorou;
• Com o tempo, o desempenho dos
participantes em ambas as tarefas atingiu
os mesmos níveis que os participantes
haviam demonstrado anteriormente para
cada tarefa isolada;

Sternberg (2008)
Atenção Dividida
• Pashler (1994):
• Tarefas extremamente simples que demandam respostas
rápidas;
• Duas tarefas rápidas sobrepostas: lentificação da resposta
a uma tarefa ou a ambas;
• A segunda tarefa começa em seguida ao início da
primeira: a velocidade de desempenho diminui;
Sternberg (2008)
Já parou para
pensar o quanto a
atenção dividida é
importante na
direção de um
automóvel?

Sternberg (2008)
Consciência
de processos
mentais
complexos
Sternberg (2008)
Os pesquisadores não acreditam que
as pessoas tenham acesso consciente
a processos mentais muito simples;
Consciência
de processos Até onde estamos conscientes de
nossos processos mentais complexos?
mentais
complexos Ericsson e Simon (1984): as pessoas
têm acesso muito bom a seus
processos mentais complexos;
Sternberg (2008)
Nisbett e Wilson (1977): o acesso
das pessoas as seus processos
mentais complexos não é muito
bom;

Consciência
As pessoas podem pensar que
de processos sabem como resolvem problemas
complexos, mas seus pensamentos
mentais são, muitas vezes, equivocados;

complexos
O acesso consciente das pessoas a
seus processos de pensamento e
mesmo o controle que elas têm
sobre eles são bastante reduzidos;

Sternberg (2008)
• Para nos adaptarmos às mudanças que acontecem
no ambiente, precisamos prestar atenção às
mudanças, precisamos ser sensíveis a elas para
agirmos de forma eficaz;
• Nem sempre a realidade é assim...
Cegueira às • Em um estudo, um estranho pede informação à
pessoa;
mudanças • Dois trabalhadores passam com uma porta de
madeira entre os dois e o estranho é substituído
por outro;
• Apenas 50% das pessoas notaram a mudança!

Sternberg (2008)
Cegueira às • Duas imagens são mostradas ao
participante da pesquisa: uma após a

mudanças outra em pouco tempo;


• As duas são muito semelhantes;
• Poucas pessoas, porém, conseguem notar
as diferenças;
• Esses resultados sugerem que as pessoas
são muito menos capazes de reconhecer
mudanças em seus ambientes do que se
pode esperar;

Sternberg (2008)
• A maioria das pessoas acham natural o processo
de atenção em seu dia a dia;
• Mas saiba que prestar atenção pode não ser
assim tão fácil;
Transtorno de Déficit de • É o caso de quem é diagnosticado com TDAH,
um transtorno em que as pessoas têm
Atenção/Hiperatividade dificuldade de prestar atenção;
• Descrito pela primeira vez em 1845, o TDAH,
muitas vezes, começa a se apresentar em
crianças na pré-escola ou nos anos iniciais do
ensino fundamental;

Sternberg (2008)
• Ninguém sabe ao certo o que causa;
• Pode ser uma condição, em parte, herdada;
• Há evidência de que tenha aumentado nos últimos
Transtorno de Déficit de anos, mas nada conclusivo;
Atenção/Hiperatividade
• Três características básicas: desatenção,
hiperatividade e impulsividade;

Sternberg (2008)
Transtorno de Déficit
de
Atenção/Hiperatividade

• Três tipos principais:


• 1) Predominantemente
hiperativo-impulsivo;
• 2) Predominantemente
desatento;
• 3) Combina desatenção,
hiperatividade e impulsividade;

Sternberg (2008)
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

• Predominantemente desatento:
• 1) É facilmente distraído por coisas irrelevantes;
• 2) Costuma não prestar atenção aos detalhes;
• 3) É susceptível a cometer erros no trabalho por falta de cuidado;
• 4) Deixa de ler instruções por completo ou com cuidado;
• 5) Tendem a esquecer ou perder coisas importantes para as tarefas (p.
ex. lápis, caneta, borracha);
• 6) Tendem a pular de uma tarefa incompleta para outra;

Sternberg (2008)
Transtorno de Déficit de
Atenção/Hiperatividade
• Tratamento: psicoterapia e medicação;
• Medicação mais comum: metilfenidato (Ritalina, Concerta
etc.) e dimesilato de lisdexanfetamina (Venvanse);

Sternberg (2008)
Abordagens
neurocientíficas
à atenção e à
consciência
Sternberg (2008)
Abordagens neurocientíficas à atenção e à
consciência

• A atenção é uma função do cérebro como um todo ou de módulos


distintos que a comandam?
• A atenção envolve, em sua maior parte, a interação de diversas áreas
específicas do cérebro;
• Não haveria áreas especializadas responsáveis apenas pelas funções de
atenção;

Sternberg (2008)
Sistemas de • Posner (1995):
• Sistema de atenção (rede de atenção) anterior no lobo
Atenção frontal;
• Ativado cada vez mais durante tarefas que requerem
consciência (p. ex. prestar atenção ao significado das
palavras);
• Atenção para a ação (p. ex. escolher o caminho a
seguir);
• Sistema de atenção posterior no lobo parietal;
• Ativado durante tarefas envolvendo atenção visual-
espacial (p. ex. busca visual e vigilância);

Sternberg (2008)
Sistemas de Atenção
• Os efeitos atencionais dependem da tarefa específica e da área do cérebro que está
sendo investigada;
• Para mapear essas áreas do cérebro envolvidas na execução das tarefas, usa-se, cada vez
mais, PET: tomografia por emissão de pósitrons;
• Os neuropsicólogos cognitivos já aprenderam muito sobre os processos de atenção no
cérebro estudando pessoas com déficits relacionados;
• P. ex. déficits gerais de atenção já foram relacionados a lesões no lobo frontal e nos
gânglios basais (ou gânglios da base);
• P. ex. déficits de atenção visuais foram relacionados ao córtex parietal posterior e ao
tálamo, bem como a áreas do mesencéfalo relacionadas aos movimentos dos olhos;

Sternberg (2008)
Uma abordagem psicofarmacológica
• Avaliação das mudanças de consciência e de atenção associadas a determinadas substâncias
químicas:
• P. ex. substâncias depressoras, substâncias estimulantes e substâncias perturbadoras do sistema
nervoso central;
• Também há estudos sobre os aspectos fisiológicos dos processos de atenção a um nível global de
análise:
• P. ex. como a excitação geral do organismo;
• Importância da formação reticular para a excitação geral;

Sternberg (2008)
• Anthony Marcel (1983a): propôs um modelo para
descrever de que forma as sensações e os
processos cognitivos que ocorrem fora da nossa
consciência podem influenciar nossas percepções e
cognições conscientes;

Atenção, • Nossas representações conscientes do que


percebemos, muitas vezes, diferem

percepção e qualitativamente de nossas representações não


conscientes dos estímulos sensoriais;

consciência • De acordo com o modelo de Marcel, uma vez que


haja uma associação adequada entre dados
sensoriais e hipóteses perceptivas com relação a
várias propriedades e a vários objetos, ela é
informada à consciência como "sendo"
determinadas propriedades e determinados
objetos;

Sternberg (2008)
Resumo
Sternberg (2008)
Atenção e consciência

• A atenção inclui todas as informações que um indivíduo está


manipulando (uma porção da informação disponível da memória, da
sensação e de outros processos cognitivos);
• A consciência inclui apenas a gama de informações mais estreita que o
indivíduo tem consciência de estar manipulando;
• A atenção permite-nos usar nossos recursos cognitivos limitados de
forma sensata;
• A consciência permite-nos monitorar nossas interações com o
ambiente, vincular nossas experiências passadas e presentes e controlar
e planejar ações futuras;
Sternberg (2008)
Atenção e consciência
• Conseguimos processar ativamente a informação em nível pré-consciente sem estar
conscientes disso (p. ex. priming, fenômeno “ponta da língua”);
• Os processos controlados são relativamente lentos, de natureza sequencial, intencionais
(requerem esforço) e conscientemente controlados;
• Os processos automáticos são relativamente rápidos, de natureza paralela e, na maior
parte das vezes, estão fora de nossa consciência;

Sternberg (2008)
Atenção e • Uma função principal envolvida na
atenção é a identificação de objetos e

consciência eventos importantes no ambiente (p. ex.


como na vigilância);
• As pessoas usam a atenção seletiva para
acompanhar uma mensagem ao mesmo
tempo em que ignoram outras;
• Atenção dividida: capacidade de prestar
atenção a duas ou mais tarefas ao mesmo
tempo;

Sternberg (2008)
• Quais são as teorias sobre atenção?
• Teorias do “filtro” ou gargalo: As informações
são seletivamente bloqueadas ou atenuadas
ao passarem de um nível de processamento a
outro;
• Teorias dos recursos de atenção: As pessoas
Atenção e têm uma quantidade limitada de recursos de
atenção que elas alocam de acordo com os
consciência requisitos percebidos das tarefas;
• Atenção e Sistema Nervoso:
• Os processos de atenção podem ser resultado
de uma ativação aumentada em algumas áreas
do cérebro, de atividade inibida em outras
áreas ou, talvez, de alguma combinação de
ativação e inibição;

Sternberg (2008)
Muito obrigado!
Prof. Me. LUCIANO BARBOSA DE QUEIROZ
E-mail: prof.lucianoqueiroz@gmail.com

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