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COMUNICAÇÃO E PSICOLOGIA

Disciplina: Estágio Básico I

Profa. Tamara Mesquita


Curso de Psicologia
tamaracmm@gmail.com
COMUNICAÇÃO E PSICOLOGIA
O psicólogo como receptor:

Nem sempre a mensagem pode ser totalmente compreendida;

Existem diversas interpretações para uma mesma situação e que, para


que uma mensagem seja devidamente transmitida, é necessário que o
receptor entenda a interpretação do emissor sobre determinada
situação;

O psicólogo, portanto, necessita compreender, além da mensagem


emitida, a interpretação feita pelo emissor - para, então, poder
investigá-la, indagá-la.
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O psicólogo como receptor:

Contextualizar as interpretações emitidas pelo sujeito: o contexto pode


explicar as representações que o sujeito faz do mundo e as situações
por traz do óbvio;

O tempo da comunicação nos espaços psicoterapêuticos não é


imediato;
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O psicólogo como receptor:

A comunicação com o outro é sempre inédita e singular: podemos


lançar mão de conhecimentos e técnicas, mas o que virá é tão somente
o que o outro nos endereça - Esse é o material que temos;

O discurso do sujeito - o que ele diz sobre um fato - deve ser o


protagonista;
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Possíveis confusões na comunicação:

É presunçoso imaginar o que o outro tem a nos dizer. Se não


compreendemos bem, precisamos de tempo, cautela e técnica para
acessar a "verdadeira" mensagem;

Suposições não são bem vindas;

É importante que o psicólogo busque entender verdadeiramente o


sentido da mensagem: por questões, associações, testes, entrevistas
com membros do grupo do paciente - a depender de sua abordagem.
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Buscar confirmar o que entendeu: devolver ao sujeito para que ele


ratifique;

Cuidado no uso dos "por quês?" - nem sempre há explicações para o


que o sujeito diz/faz, mas é necessário colher dele as associações feitas;

A demanda inicial nem sempre traduz, de fato a posição do sujeito em


relação ao problema. A pressa para atende-la pode ser um obstáculo à
interpretação correta.
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A escuta Psicológica:

Disponibilidade e atenção do psicoterapeuta com o seu


paciente/cliente;

Escutar é se fazer presente, se colocar ali à disposição, sem


necessariamente intervir;

Requer que o terapeuta se dispa dos estereótipos e julgamentos para


verdadeiramente enxergar o outro;
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ACOLHER: dar crédito, considerar válido um discurso.

Muitas vezes é a possibilidade de ser acolhido que mantém o paciente no


processo terapêutico.
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Ouvir não só o que é dito: tanto a comunicação verbal como a não
verbal mostram-se úteis no contexto terapêutico;

Permitem a expressão consciente ou inconsciente do indivíduo;

Ex.: posturas, gestos, o que o paciente "encena"/mostra para o psicólogo,


o que o paciente leva para o psicólogo (objetos);

O que o paciente direciona/endereça ao psicólogo pode ampliar a visão


do caso ou indicar, por exemplo, a posição do psicólogo no processo - o
que permite manejo;
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Ex.: no contexto do atendimento infantil, os desenhos, jogos e imagens podem
permitir um acesso mais amplo às questões do caso;

- como o sujeito ocupa/lida com a folha de papel

- como ele dispõe os personagens (altura, proximidade, etc.)

- como esse desenho "evolui"/se modifica no processo terapêutico

- o desenho está de acordo com o desenvolvimento motor esperado para a idade


da criança?

- qual o simbolismo daquele elemento desenhado para a cultura? E para minha


abordagem?

- o que a criança diz sobre o desenho?


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Ex.: Nise da Silveira e as "imagens do inconsciente"


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Cuidados ao interpretar o comportamento não verbal;

Identificar estranhamentos, mudanças de expressão são indicativos. O


mais importante é a palavra.

Ex.: lágrimas nem sempre traduzem tristeza; o sujeito ofegante não


necessariamente está ansioso;

Confirmar/questionar o sujeito sobre o que se percebe, se isto for ao


encontro do que é dito.
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TESTES E OUTROS DISPARADORES

Os testes podem ser uma forma de conhecer o paciente e até de


descontrair a tensão inicial, proporcionando uma intervenção que pode
trazer respostas ao psicólogo;

São instrumentos de avaliação, que buscam compreender determinado


conceito a partir de tarefas, imagens, desenhos, interpretações,
escolhas, desafios de um indivíduo.

São uma ferramenta, entre várias, que podem estabelecer um tipo de


comunicação entre terapeuta e paciente.
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TESTES E OUTROS DISPARADORES

Dinâmicas de grupo, oficinas ou vivências, podem ser instrumentos


estabelecedores de comunicação: abrem o caminho para o diálogo;

São considerados disparadores, pois é delicado concluir algo lançando


mão somente delas: é necessário conhecer o sujeito.
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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Segundo Cunha (2000, p. 45), entendemos por entrevista psicológica:

Um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido por


um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma
relação profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos
pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social),
em um processo que visa a fazer recomendações encaminhamentos ou
propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas.
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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Estruturada;

Semi-estruturada;

Não estruturada;
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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

O que visa uma entrevista psicológica?

No que devemos ter atenção ao realizar uma pergunta?


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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Atenção/interesse ao que o outro diz;


(Pedir que conte mais sobre o assunto, solicitar mais informações,
demonstrar presença, etc.)

Acolhimento das diferenças - segundo Moscovici, a negação do


diferente gera barreiras à comunicação (não apenas distorções, mas
também barreiras);

Relação estereótipo e comunicação: a negação da diferença faz com


que aquele que receba a mensagem só capte o que reforça
determinada imagem que se tem de um determinado indivíduo/grupo;
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A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

Atenção à transferência e contratransferência:

Aos sentimentos, às emoções e aos afetos que o paciente sente em


relação ao seu psicoterapeuta e vice-versa.

Processos determinantes na condução de um caso.


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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Princípio ético no trabalho do psicólogo: o paciente ou seus


responsáveis, os contratantes do serviço, etc. têm o direito de saber
sobre o andamento do caso;
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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Trata-se de um "processo que contribui para o desenvolvimento de


competências interpessoais, por meio da comunicação sobre como
uma ação, uma pessoa, ou grupo afeta outros indivíduos, sempre
objetivando o desenvolvimento, a melhoria do desempenho e,
consequentemente, a conquista dos próprios objetivos" (MOSCOVICI,
2008).
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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Interpretação do psicólogo acerca do processo: impressões e resultados


que colheu, de acordo com a demanda inicial ou objetivo proposto;

Pensar a condução de uma intervenção como algo que tem início, meio
e uma "finalidade".

Diferentes contextos: clínicos, avaliativos, de treinamento, de intervenção


em grupos, observação de equipes, etc.

Usar de uma linguagem acessível àquele que recebe o feedback.


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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Recursos e possibilidades para a realização do feedback:

Descritivo: Descrever um evento para que a pessoa realize sua própria


interpretação - evita reações defensivas;

Específico: Auxilia a pessoa a identificar ocasiões específicas em que


teve uma determinada atitude, o que a ajuda a entender melhor sua
forma de agir do que um comentário generalista.
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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Recursos e possibilidades para a realização do feedback:

"Empatia": A pessoa que comunica algo precisa levar em consideração


não apenas as próprias necessidades, mas também as do receptor,
caso contrário, pode ser um processo extremamente destrutivo;

Timing: Caso não solicitado, o psicólogo deve estar atento ao momento


mais oportuno para falar. Quanto mais próximo ao evento, mais efetivo,
mas é necessário se indagar se aquele momento é adequado ao
receptor.
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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Recursos e possibilidades para a realização do feedback:

Direção/enfoque: O comunicador deve dirigir seu olhar para os


comportamentos, atitudes, queixas, que são o foco de
intervenção/modificação. Usar a informação exclusivamente necessária
para aquele momento;

Clareza: a comunicação deve ser precisa; o comunicador deve checar


se não há dúvidas e se assegurar que a mensagem foi passada.
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O FEEDBACK OU DEVOLUTIVA

Recursos e possibilidades para a realização do feedback:

O feedback também é expresso através de documentos psicológicos


(veremos as variações mais adiante);

Em todos os casos, é necessário explicar o conteúdo do documento ao


paciente.
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Referências

Crédito digital referente à disciplina - disponível no SAVA.

SOUZA, Audrey Setton Lopes de.O desenho como instrumento


diagnóstico: reflexões a partir da psicanálise. Bol. psicol [online]. 2011,
vol.61, n.135, pp. 207-215.

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