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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E SAÚDE PÚBLICA
CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

JESSICA MARIA MOTTIM

LAURIELI PEREIRA DE OLIVEIRA

ELETROCONVULSOTERAPIA

PONTA GROSSA
2022
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SUMÁRIO
1 O QUE É? ......................................................................................................... 2
2 QUANDO E COMO SURGIU? ......................................................................... 2
3 COMO É FEITO? ............................................................................................. 3
4 EFEITOS COLATERAIS .................................................................................. 3
5 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES ......................................................... 3
6 RESULTADOS ................................................................................................. 4
6.1 SEGUNDO O ARTIGO REFERENCIADO ...................................... 4
6.2 QUAIS SÃO OS RESULTADOS ESPERADOS COM O USO DA
ECT ................................................................................................4
6.3 VALORES PREDITIVOS PARA RESULTADOS SUPERIORES NA
ELETROCONVULSOTERAPIA ..................................................... 5
7 CUIDADOS DE ENFERMAGEM ...................................................................... 5
8 POLÊMICAS E CURIOSIDADES ..................................................................... 6
9 CONCLUSÃO .................................................................................................. 7
10 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 8
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1. O que é?
A ECT, também conhecida por eletrochoque, é definida como um tratamento
psiquiátrico, no qual são provocadas alterações na atividade elétrica do cérebro,
induzidas por meio de passagem de corrente elétrica sob efeito de anestesia geral,
com a finalidade de induzir uma crise convulsiva que dura em torno de 30 segundos.
O tratamento é feito em sessões e o número de aplicações é definido pelo médico
psiquiatra.

2. Quando e como surgiu?


Nos anos 1930, existia a crença de que pacientes epiléticos que tinham convulsões
não apresentavam psicoses e alguns pesquisadores se interessaram pelo assunto.
Von Meduna, um médico húngaro, começou a estudar a cânfora que injetava nos
pacientes para provocar convulsão e constatou que ocorria melhora.

A partir de 1938, dois médicos da Universidade de Roma – Ciarleti e Bini – começaram


a usar estímulos elétricos cerebrais para induzir convulsões. A experiência piloto foi
realizada com um paciente conhecidíssimo em Roma por sua história de internações
e que vivia perambulando pelas ruas com um discurso repleto de fantasias. A melhora
indescritível que ele apresentou depois da aplicação do eletrochoque, reforçou a tese
de que realmente o estímulo elétrico poderia ser usado para induzir convulsões com
fins terapêuticos.
Em 1937, os pesquisadores italianos Ugo Cerletti e Lucio Bini conseguiram substituir
as injeções endovenosas de cardiazol pela passagem, através do cérebro, de uma
corrente elétrica que provocava uma convulsão generalizada. Por ser de fácil
aplicação, o método foi imediatamente adotado pelas instituições psiquiátricas,
fazendo com que o período subseqüente fosse chamado, na história da Psiquiatria,
de Era dos Eletrochoques. A utilização indiscriminada do tratamento fez com que esse
recurso, a despeito de suas possibilidades terapêuticas, ficasse associado ao castigo
físico e ao controle disciplinar. A terapia eletroconvulsiva desapareceu, na Europa,
com o fim da Segunda Guerra, enquanto, no Brasil, foi abolida, na rede pública de
Saúde Mental, somente na década de 80. Apesar disso, continua a ser utilizada como
recurso extremo no tratamento da catatonia e da depressão.
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3. Como é feito?
Historicamente a ECT foi usada como método de tortura, castigo, imposição do
sofrimento, da dor e punição. A aplicação era feita sem anestésicos e sem o uso de
relaxantes musculares, levando o paciente de fato a uma convulsão, sendo necessária
nesse caso a contenção pela equipe com o auxílio de faixas, levando muitas vezes no
fim da sessão a hematomas, lesões e fraturas no indivíduo. Essa questão histórica, é
o que leva muitos opositores a argumentarem sobre a necessidade da proibição dessa
prática. Outro fator que influencia nessa resistência em relação ao uso de ECT é a
desinformação, além de uma abordagem inadequada sobre a prática em filmes e
séries.

Hoje em dia, na sala onde ocorre o procedimento o paciente é colocado em posição


de decúbito dorsal horizontal, o anestesista administra por via endovenosa um
anestésico de ação curta e um relaxante muscular para impedir contrações
musculares fortes durante a convulsão. Um bloqueador de via aérea ou mordedor é
colocado na boca do paciente e este é posicionado de modo a facilitar que as vias
aéreas se mantenham pérvias. São colocados eletrodos sobre as têmporas para
aplicar o estímulo elétrico. Após o procedimento muitos pacientes despertam dentro
de 10 ou 15 minutos e na maioria das vezes mostram se confusos.

4. Efeitos colaterais
Em relação aos efeitos colaterais da anestesia administrada, alguns são: torpor,
desorientação e certa confusão. Já em relação aos efeitos mais específicos do ECT é
possível citar: dor de cabeça e dores musculares, que são totalmente manejáveis com
medicações e amnésia do tipo anterógrada (não lembra coisas novas, coisas que
aconteceram recentemente). Essa amnésia normalmente regride ao longo das
semanas de tratamento (3x por semana, geralmente levando de 8 a 12 sessões) e
raramente permanece ao longo dos meses, sendo um efeito colateral benigno.

5. Indicações e contraindicações
 Indicações: Depressão grave com ideação suicida, catatonia, psicose
puerperal, depressão gestacional, síndrome neuroepiléptica maligna,
esquizofrenia, transtorno bipolar do humor e doença de Parkinson.
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 Contraindicações (maiores riscos): Casos que são considerados de alto risco


que requerem precauções adicionais como os pacientes com tumor ou infarto
cerebral, histórico de infarto do miocárdio ou arritmias cardíacas, marca passo
cardíaco, aneurisma, descolamento de retina, feocromocitoma e doenças
pulmonares.

6. Resultados
6.1 Segundo o artigo referenciado:
Os principais achados desta revisão foram:
1) A eletroconvulsoterapia é mais efetiva do que qualquer medicação
antidepressiva;
2) A remissão da depressão com a eletroconvulsoterapia varia, em geral, de 50
a 80%;
3) Ainda é controverso o efeito da eletroconvulsoterapia nos níveis de fator
neurotrófico derivado do cérebro;
4) A eletroconvulsoterapia tem efeito positivo na melhora da qualidade de vida;
5) Os pacientes submetidos à eletroconvulsoterapia, em geral, têm uma
percepção positiva do tratamento.

6.2 Quais são os resultados esperados com o uso da ECT?


Estudos indicam que a ECT pode ser significativamente mais eficaz do que a
farmacoterapia, onde 50 a 60% dos pacientes obtiveram remissão de
depressão depois do uso rápido da ECT, comparado com 10 a 40% em uso de
farmacoterapia e psicoterapia. A ECT apresenta melhora clínica imediata e está
associada a um risco sem número de hospitalizações psiquiátricas, além de
reduzir os índices de suicídio.
A ECT otimizada comumente produz taxas de remissão superiores a 80% em
pacientes gravemente deprimidos, mas a recaída é frequente quando o
tratamento é cessado.
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6.3 Valores preditivos para resultados superiores na


eletroconvulsoterapia:
 Psicose: segundo estudo realizado pelo CORE, a taxa de remissão para
pacientes psicóticos é de 95% e para não psicóticos é de 83%. Após o
estudo de ECT, em 38,2% dos pacientes houve uma melhora, após seis
sessões em 61,1% e após nove sessões de ECT em 76,3% dos
pacientes.
 Transtorno de humor bipolar: possui boa resposta de remissão de
transtorno de mania e depressão.
 Idade: os pacientes idosos são favorecidos por bons resultados, sendo
a idade de evolução da doença um preditor de resposta à ECT. Sendo
considerado um bom tratamento quando considerado a baixa resposta
e tolerância a farmacoterapia e psicoterapia.

7. Cuidados de Enfermagem na Eletroconvulsoterapia


O enfermeiro tem suas funções e responsabilidades na aplicação da técnica, no
preparo do paciente, da família, da preparação dos materiais e do ambiente
terapêutico. Deve também garantir o jejum recomendado para o paciente que deve
ser de no mínimo 8 horas.
Para a realização do procedimento, o enfermeiro deve orientar o paciente a vestir a
roupa adequada (disponibilizada pelo hospital), sendo que em seguida deverá
conduzir o paciente até a sala, realizando o posicionamento dos eletrodos,
observando-o durante a crise e protegendo o mesmo caso necessário. É da função
do enfermeiro realizar o registro no prontuário, preencher a ficha do procedimento e
por fim, encaminhar o paciente para a sala de recuperação pós-anestésica.
É de extrema importância que o enfermeiro tenha um vínculo terapêutico com o
paciente e a família, proporcionando confiança, segurança, alívio do medo e
transmitindo tranquilidade, trazendo seu conhecimento de forma clara a estes
indivíduos.
Conclui-se que a participação da enfermagem nesse tipo de terapia está relacionada
ao apoio e aos cuidados pré e pós o desenvolvimento da técnica.
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8. Polêmicas e curiosidades
Por historicamente a ECT ser utilizada como uma forma de tortura, castigo, e punição,
além de uma aplicação sem anestésicos no passado, hoje em dia frequentemente se
tem uma forte oposição em relação a esse tratamenoto.
O Movimento da Anti-Psiquiatria é um grande opositor desse método, dizendo que
essa terapia não se passava de invenção e que a prática da ECT nada mais era do
que uma medida de punição brutal. Outro marco importante foi o “Manifesto Nacional
pela Proibição das Experiências com Eletrochoque” em 2004, onde o escritor Carrano
Bueno, representante dos Usuários do Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica no
Ministério de Saúde do Brasil, condenou a liberação de verbas e proibiu a participação
dos portadores de transtorno mental em pesquisas com a utilização da técnica,
alegando que a terapia era uma forma de tortura. O Conselho Federal de Psicologia
é um dos conselhos profissionais que formalmente sustenta uma posição contrária ao
uso da ECT em defesa dos Direitos Humanos, em apoio à luta antimanicomial e às
manifestações dos usuários do sistema de saúde mental, que lutam pelo direito de
recusa à aplicação da ECT.
Depois de toda a evolução vivida pela técnica da aplicação da ECT como a obrigação
de anestesia geral e uso de relaxantes musculares, esta visão ruim em relação ao
tratamento foi diminuindo com o tempo e a tendência é que essa visão se amplie cada
vez mais, já que estudos comprovando sua eficácia tem ganhando “voz”.
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9. Conclusão
Conclui-se então, que a ECT quando aplicada com a técnica modificada, com a devida
assistência e as indicações precisas, consiste em um tratamento eficaz, seguro e
capaz de promover melhora na qualidade de vida dos pacientes, através da redução
dos sintomas em curto prazo. Mais do que uma prática técnica, a ECT necessita ser
discutida como um tratamento que gera rejeições e que traz um marco histórico de
punições e dor social, difícil de esquecer, devendo as questões ao redor desse tema
serem respeitosamente enfrentadas e discutidas.
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REFERÊNCIAS

ALLAN IF SCOTT. O Colégio Real de Psiquiatras (ed.). O Manual do ECT . 2. ed.


Londres, British Library Cataloguing, 2009. 256 p.

ANTUNES, P, B; et al. Eletroconvulsoterapia na depressão maior: aspectos atuais.


Porto Alegre, jun. 2009. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbp/a/5S75ctxG4FFFVmdFCLYTkBz/?lang=pt>. Acesso em:
17 jun. 2022

Charles H. Kellner. Consórcio de Pesquisa em Eletroconvulsoterapia (CORE). Terapia


eletroconvulsiva de continuação versus farmacoterapia para prevenção de recaídas
na depressão maior : um estudo multisite do consórcio para pesquisa em terapia
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Unidos, pág. 1337-1344. 12/2016. Acesso em: 27 jun. 2022

GOMPERTZ, R. Jornal da USP. Eletroconvulsoterapia é alternativa em casos graves


de depressão, 2019. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/eletroconvulsoterapia-e-alternativa-em-casos-
graves-de-depressao/>. Acesso em: 15 jun. 2022

GUIMARÃES, J, C, S; et al. Electroconvulsive therapy: historical construction of


nursing care (1989-2002). Revista Brasileira de Enfermagem, mai. 2018. Disponível
em:<https://www.scielo.br/j/reben/a/bknMSshqpGzKXSPbRJybjwM/?lang=pt>.
Acesso em: 15 jun. 2022

MACHADO, F, B; et al. Eletroconvulsoterapia: implicações éticas e legais. Rev. Cient.


Sena Aires. 2018; 7(3): 228-40.
PEBMED. Eletroconvulsoterapia (ECT): da história aos procedimentos envolvidos,
2019. Disponível em: <https://pebmed.com.br/eletroconvulsoterapia-ect-da-historia-
aos-procedimentos-envolvidos/amp/>. Acesso em: 15 jun. 2022

ROSA, M, A; ROSA, M, O. Fundamentos da Eletroconvulsoterapia. Artmed Editora


LTDA, 2015. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=EevYBAAAQBAJ&oi=fnd&pg=PP1&dq=como+era+a+eletroconvulsotera
pia+antes&ots=JUL-
POyoIv&sig=dATMD3z6z3_3UZsa1XvsNTyD9P4#v=onepage&q=como%20era%20a
%20eletroconvulsoterapia%20antes&f=false>. Acesso em: 15 jun. 2022

SOARES, M, M. Drauzio. Eletroconvulsoterapia: entrevista, 2012. Disponível em:


<https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/eletroconvulsoterapia-
entrevista/amp/>. Acesso em: 17 jun. 2022

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