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COMO O NEUROYOGA PODE AUXILIAR NA
RECUPERAÇÃO DO PACIENTE PÓS-AVC
O
aumento significativo de casos aos fatores de risco, eles podem estar relacionados à
de Acidente Vascular Cerebral hipertensão, diabete, tabagismo, consumo excessivo
(AVC) tornou-se uma questão de álcool ou substâncias ilícitas, estresse crônico, bem
de grande relevância para a como o sedentarismo, entre outros.
saúde pública global. Nas Américas, de acordo
com dados da Organização Pan-Americana É importante ressaltar que essa é uma emergência
de Saúde (OPAS), essa condição figura como médica de urgência, logo, é essencial buscar ajuda
uma das principais causas de morte no hospitalar ainda nos primeiros sintomas. Após sofrer o
continente. Em termos populacionais, o controle derrame cerebral, o paciente passa por um processo
inadequado da pressão arterial é o fator de de reabilitação focado na recuperação da mobilidade,
risco mais importante. das habilidades funcionais e cognitivas e, também, no
bem-estar emocional.
Segundo a Rede Brasil AVC, uma organização
não governamental criada em 2008 com o Cada indivíduo pode demandar um tratamento
intuito de aprimorar a assistência global a específico, mas, geralmente, requer paciência e
pacientes com tais condições no Brasil, a cada determinação tanto da pessoa afetada quanto de
seis segundos uma pessoa morre devido a esse familiares ou cuidadores. O objetivo dos programas
tipo de problema mundialmente. Além disso, de reabilitação é recuperar a força, o equilíbrio e o
estatisticamente, uma em cada quatro pessoas movimento essenciais para o indivíduo retornar à vida
enfrentará um evento relacionado à circulação normal rapidamente.
sanguínea no cérebro em algum momento de
suas vidas, independentemente da faixa etária. Nesse processo, é essencial buscar recursos que
tornem o processo de recuperação mais eficiente,
Um AVC tem origem quando ocorre uma como yoga. Alguns estudos demonstram que essa
modificação no fluxo de sangue para uma prática pode ser eficaz na melhoria da saúde cerebral
região do cérebro. Isso pode ocorrer em forma de e cardiovascular. As pesquisas indicam que, após um
interrupção sanguínea, conhecida como AVC período de prática, foi possível observar melhorias
hemorrágico, ou mesmo como uma redução, no equilíbrio, aumento da segurança, reduzindo
caracterizando um evento isquêmico. Quando o medo de quedas e promoção da independência
o suprimento sanguíneo é interrompido, as nas atividades diárias, entre outros benefícios que
células cerebrais também deixam de receber agregam qualidade de vida ao paciente.
oxigênio, danificando o tecido cerebral e, em
alguns casos, causando a morte. Como as posturas estimulam a circulação sanguínea,
reduzem o risco de coágulos que podem causar
O dano varia conforme a parte afetada, ou um AVC isquêmico; diminuem o estresse
seja, aquela que deixa de receber o oxigênio por conta do seu efeito sob o sistema
presente no sangue, resultando em problemas nervoso, acalmando
na fala, na memória ou na mobilidade, inclusive a mente;
impactando o equilíbrio ou coordenação. Quanto
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"Como as posturas estimulam a circulação
sanguínea, reduzem o risco de coágulos que
podem causar um AVC isquêmico [...] auxiliam no
c o n t r o l e d a p r e s s ã o a r t e r i a l , f o r ta l e c e m
os músculos e melhoram a coordenação motora."
Neste e-book, vamos explorar alguns estudos científicos sobre AVC que mostram desde
o impacto da doença no cotidiano das pessoas, até os recursos que podem contribuir para
a prevenção e a reabilitação pós-AVC. Este trabalho é parte das pesquisas realizadas pelo
Instituto Kaiut Yoga, portanto, explora a inter-relação entre a prática de yoga e a neurociência,
utilizando o conceito de neuroyoga.
Essa abordagem tem em vista promover uma melhora da saúde física e mental a partir
da prática de yoga, considerando a capacidade da prática de regular o sistema nervoso
e alterar a neuroquímica do cérebro. Diante disso, reconhecer que o yoga estimula a
neuroplasticidade cerebral, torna o aluno mais saudável e capaz de utilizar todo seu
potencial físico.
Boa leitura!
Francisco Kaiut
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Kaiut Yoga
Para mim, esta é a principal informação na qual precisamos nos concentrar: como evitar. A chave é adotar
hábitos saudáveis que podem ajudar não apenas em relação ao AVC, mas em inúmeros outros males. Porém,
"A j u v e n t u d e é u m a d a s fa s e s m a i s c o m p l e x a s d o
d e s e n v o lv i m e n t o h u m a n o [ . . . ] "
é essencial entender como ela ocorre e buscar recursos para prevenção e auxiliar no processo de recuperação
das pessoas que tiveram derrame.
Antes, gostaria de voltar aos dados do mais recente relatório da Organização Mundial do AVC para
termos as reais dimensões da doença. No documento, fala-se que deve aumentar em 50%, levando à
morte aproximadamente 9,7 milhões de pessoas até 2050. Pior, é que o estudo detectou um crescimento da
prevalência de fatores de risco, incluindo hipertensão e diabete, entre uma população mais jovem e de meia-
idade (menos de 55 anos).
Estima-se que apenas em 2023 mais de 12 milhões de pessoas devam enfrentar a doença. Além
disso, mais de 100 milhões de pessoas vivem com sequelas decorrentes da doença, que podem variar
desde falta de mobilidade, dificuldade na fala e comunicação, questões emocionais até problemas na
elaboração do pensamento.
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Como identificar
rapidamente um AVC
Utilizar a sigla "R.Á.P.I.D.O."
pode ser útil, assim:
R: Rosto caído
Á: Alteração do equilíbrio
P: Perda de força no braço ou perfuração
I: Impedimento visual repentino
D: Dificuldade para conversar
O: Obter ajuda imediatamente
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A absorção de novas informações pode ser uma Outro aspecto comum é a confusão em relação
tarefa árdua após um AVC, muitas vezes exigindo a detalhes temporais e eventos. É comum que
repetições frequentes para a informação ser sobreviventes de AVC confundam a sequência
processada e retida. Além disso, a transferência de cronológica de eventos ou misturem detalhes sobre
aprendizado pode ser desafiadora. Embora possam quem esteve presente em determinada ocasião.
realizar tarefas em ambientes controlados, como Estes desafios evidenciam a complexidade dos
hospitais, o mesmo desempenho pode não ser efeitos neurológicos do AVC na memória e no
replicado em ambientes familiares, mostrando uma pensamento.
discrepância na adaptação às diferentes situações.
Reabilitação pós-AVC
E A IMPORTÂNCIA DA
neuroplasticidade
Após um AVC, o sucesso da recuperação está As diretrizes da American Stroke Association
diretamente relacionado à qualidade do apoio que o estabelecem padrões essenciais para programas
sobrevivente recebe. O derrame, por afetar o cérebro, de reabilitação pós-AVC. Entre as recomendações,
pode impactar várias funções controladas por esse destaca-se a importância de três horas de terapia
órgão, desde paralisia e fraqueza até habilidades diária, cinco dias por semana, em um centro de
motoras, fala, conhecimento, visão e emoções. O reabilitação para pacientes internados, sempre
processo de reabilitação desempenha um papel que clinicamente viável. Além disso, a avaliação
crucial na maximização das chances de uma funcional por um médico experiente no processo
recuperação mais completa. é indicada para pacientes com perda de função.
Nos primeiros três meses após o AVC, conforme Pacientes com equilíbrio deficiente, baixa
informações do site da AHA, o cérebro assemelha-se confiança no equilíbrio, medo de quedas e/ou em
a um terreno fértil pronto para aprender e estabelecer risco de quedas devem receber um programa de
novas conexões. Essa capacidade de adaptação treinamento de equilíbrio. A jornada de reabilitação
cerebral, denominada neuroplasticidade, é crucial na pós-AVC requer uma equipe multidisciplinar
recuperação do paciente pós-AVC. Após esse período comprometida.
inicial, a neuroplasticidade alcança um estágio mais
estável, embora o sobrevivente ainda possa trabalhar Um ponto fundamental, segundo a AHA, é que a
para recuperar funções e melhorar, o processo ocorre reabilitação hospitalar auxilia o paciente a retornar
em um ritmo mais lento. para casa com segurança, mas não aborda todas
as suas necessidades funcionais e de reabilitação.
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permitindo uma espécie de roteamento de sinais aprendizagem sináptica — após o derrame — deve
sensoriais e motores para o cérebro e para fora ser dividido em duas classes e fases temporais,
dele. Partindo desse princípio, os pesquisadores dizem os pesquisadores.
alegam que estratégias de aprendizado, ancoradas
em sinapses dependentes da atividade, podem Primeiramente, os mecanismos homeostáticos
atuar como catalisadores para fortalecer e garantem que cada neurônio receba uma
aprimorar esses circuitos. quantidade adequada de entrada sináptica,
semelhante à plasticidade homeostática; em
Essa restauração — nos circuitos com função segundo lugar, ocorrem mecanismos hebbianos
parcial — é facilitada ao longo de dias a semanas (aqueles que sugerem que as sinapses
por meio de um remapeamento compensatório. serão mais efetivas quando estimuladas
Eles explicam que a plasticidade no cérebro repetidamente da célula pós-sináptica),
adulto após o acidente vascular cerebral é durante os quais a força sináptica é redistribuída
possibilitada por uma quantidade surpreendente para favorecer a atividade coincidente e o
de conectividade difusa e redundante no Sistema funcionamento adequado dos circuitos.
Nervoso Central e pela capacidade de formação
de novos circuitos estruturais e funcionais Em suma, o trabalho defende que a necessidade
através do remapeamento entre regiões de um aprofundamento na compreensão da
corticais relacionadas. neuroplasticidade pós-AVC e a consideração
de formas alternativas da doença, como o AVC
Assim, uma reabilitação bem-sucedida, é essencial oculto, para direcionar abordagens terapêuticas
para alinhar as intervenções comportamentais mais eficazes.
com os períodos críticos. Para isso, o processo de
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Contudo, a idade avançada foi associada a um Embora o estudo piloto tenha sido realizado com
equilíbrio deficiente, mas não necessariamente à um pequeno número de participantes, limitando a
depressão. generalização. Sabemos que cada pessoa guarda
características únicas que implicam em processos
Outro achado relevante foi a correlação entre uma de evolução durante algum tipo de tratamento. Ao
melhor pontuação no equilíbrio após a intervenção mesmo tempo, as descobertas científicas mostram
e uma menor pontuação na escala de depressão, que a reabilitação pós-AVC, incorporando o yoga
indicando uma possível relação entre um melhor pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar tanto
condicionamento físico e um estado emocional mais o estado emocional quanto o equilíbrio dos pacientes,
positivo após a conclusão da reabilitação. além de contribuir para melhorar o estado geral de
saúde do paciente.
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a reduzir o estresse, permitindo melhor controle uma possível modalidade de tratamento para
da pressão arterial e melhorando a coordenação uma variedade de distúrbios neurológicos e
motora — fatores fundamentais na prevenção e psicossomáticos.
reabilitação de um derrame.
Acredita-se que os efeitos positivos do yoga
O neurocientista indiano Pratap Sanchetee, em seu para a saúde estejam diretamente ligados aos
livro “Reabilitação Pós-AVC”, dedicou um capítulo sistemas nervoso autônomo, central e endócrino
ao impacto do yoga na reabilitação pós-AVC. Ele e imunitário. Isso acontece porque a prática
explica que os pacientes necessitam de estratégias regula o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
de longo prazo, porém, nem sempre têm acesso a um (HPA) e o sistema nervoso simpático, fazendo
tratamento que atenda essas necessidades. Por isso, com que o sistema parassimpático prevaleça
buscou entender o papel de uma intervenção de yoga sobre o outro.
na reabilitação.
Outro ponto é que a prática melhora o controle
Ele reforça que a neuroreabilitação pode da respiração e, por meio do estado meditativo,
otimizar o funcionamento físico, psicológico e aumenta o controle autonômico, reduzindo
cognitivo dos pacientes com comprometimento a pressão arterial, a frequência cardíaca e a
neuropsicológico, especialmente nos primeiros 3 respiração. É nesse contexto que o yoga tem
a 6 meses após o AVC. A abordagem não deve ser um efeito na reabilitação pós-AVC, restaurando
única, mas sim combinar intervenções para tratar a saúde física e mental, a coordenação
deficiências motoras e sensoriais, déficits cognitivos e de movimentos complexos, o equilíbrio, o
problemas psicológicos. fortalecimento e a respiração.
Atualmente, técnicas que envolvem tarefas O pesquisador reforça que estudos sugerem
repetitivas, terapia de movimento induzido por que o yoga também pode alterar os hormônios
restrição, estimulação não invasiva cerebral, do estresse, como o cortisol, que comprometem
reabilitação cognitiva e neurofeedback estão entre as o sistema imunológico. Há relatos de que a
mais modernas incorporadas ao tratamento. O yoga meditação eleva níveis de fatores de crescimento
e a meditação são recursos que podem ser somados (neurotrófico, endotelial vascular, hepatócitos
a esse arsenal, pois podem ser administrados em entre outros) que melhoram a neuroplasticidade,
qualquer lugar e envolvem interações físicas sutis. a morfologia cortical e a reorganização cortical,
resultando em melhores funcionalidades após
Sanchetee explica que as práticas de yoga e de doenças neurológicas.
meditação fortalecem a força de vontade,acalmam
a mente e oferecem mais disposição para o corpo Segundo o neurocientista, yoga e meditação
trabalhar em completa sinergia. são novas abordagens terapêuticas para
melhorar os resultados neurológicos e as
Ambas são conhecidas por promover a saúde capacidades cognitivas. Essas práticas devem
cardiorrespiratória e metabólica (reduzindo a ser adaptadas para cada paciente, com
aterosclerose carotídea, dislipidemia, hipertensão, intervenções personalizadas para o perfil e as
diabete e doença arterial coronariana) e como necessidades de reabilitação de cada indivíduo.
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Além disso, são práticas não farmacológicas que práticas similares, como meditação e Tai Chi Chih,
aliviam estados psicológicos estressantes, reduzindo podem reduzir as respostas ao estresse.
ansiedade e depressão.
Além disso, os resultados indicam que os
Pesquisadores da Universidade do Estado de benefícios do yoga podem ser mais evidentes
Ohio conduziram um estudo abrangente sobre os em praticantes experientes, destacando a
efeitos da prática de yoga na redução do estresse, possibilidade de que tais benefícios se manifestem
observando as respostas inflamatórias e endócrinas apenas após anos de prática regular. O trabalho
dos participantes. A pesquisa, realizada por mostra como o yoga pode impactar os aspectos
especialistas em Psiquiatria, Medicina, Psicologia, fisiológicos e a saúde.
Virologia Molecular, Imunologia e Genética Médica,
teve como objetivo compreender os benefícios dessa Para mim, isso atesta que a regularidade
prática milenar. pode trazer mais benefícios para o aluno. Como
observado acima, a prática pode atenuar as
O estudo envolveu 50 mulheres, com média de alterações imunológicas, endocrinológicas e
idade de 41 anos. Metade delas praticava yoga há cardiovasculares associadas ao estresse. Sua
pelo menos 2 anos, enquanto a outra metade era prática regular pode resultar em benefícios
novata, com no máximo 12 sessões de prática. Elas substanciais para a saúde.
participaram de aulas de yoga com duração de uma
hora e quinze minutos. Os resultados revelaram A nutricionista e doutora em filosofia e promoção
um efeito positivo da prática em comparação com de saúde da Universidade do Mississippi, Catherine
as condições de controle. Entretanto, não foram Woodyard, afirmou em um artigo sobre os
observadas diferenças gerais significativas nas efeitos terapêuticos da prática e como ela pode
respostas inflamatórias ou endócrinas que fossem aumentar a qualidade de vida no “International
exclusivas da sessão de yoga. Journal of Yoga”, que o yoga deve ser considerado
uma terapia complementar ou método
Um dado importante observado foi que, mesmo não alternativo de terapia médica no tratamento
havendo diferenças marcantes em características- de estresse, ansiedade, depressão e outros
chave entre novatas e especialistas, como idade, transtornos de humor.
adiposidade abdominal e aptidão cardiorrespiratória,
os níveis séricos de interleucina-6 (uma citocina Essa constatação surgiu da análise de alguns
inflamatória)nas novatas foram 41% maiores do resultados de estudos sobre o efeito terapêutico
que nos especialistas em todas as sessões. Além do yoga. Assim, percebeu-se que a prática
disso, as chances de uma novata ter a proteína C gera uma maior sensação de bem-estar,
reativa (também uma das citocinas inflamatórias) aumenta a sensação de relaxamento, melhora a
detectável foram 4,75 vezes maiores do que as de um autoestima, confiança e imagem corporal, torna
especialista. o corpo mais funcional e impulsiona as relações
interpessoais, entre outros benefícios. Para ela,
Apesar das diferenças na inflamação entre os os pesquisadores estão apenas começando
grupos, outros parâmetros, como a produção de fator a compreender o impacto da prática e outras
de necrose tumoral alfa, induzida pelo estresse, ou nos terapias corpo e mente.
níveis de cortisol e catecolaminas não apresentaram
alterações significativas entre novatas e especialistas. Ela diz que, ao reconhecer a unidade entre
Isso pode ser atribuído à resposta diferenciada de mente, corpo e espírito, recursos como o yoga
citocinas a fatores de estresse laboratoriais e à podem ajudar as pessoas na busca por calma,
influência do horário das sessões matinais. maior plenitude e integração em suas vidas.
Outro ponto que destaca é a necessidade
Os pesquisadores citaram ainda que estudos de os profissionais de saúde, educadores
anteriores também corroboram a ideia de que de saúde e similares terem conhecimento
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sobre o potencial dessa prática milenar A sugestão dela é seguir com a maior
como um componente de um plano de frequência possível, especialmente no início. A
bem-estar pessoal. duração da fase inicial varia conforme o nível
de aptidão física e o estado de saúde de cada
Apesar de não haver consenso quanto à pessoa. Quanto mais desafiadora a prática no
frequência necessária de yoga para colher começo, mais o corpo pode se beneficiar dela.
seus benefícios, é reconhecido que quanto mais
regular for, melhor. Trata-se de uma jornada Apesar dos avanços da medicina moderna
personalizada, na qual a frequência e a duração na cura de doenças físicas e no tratamento de
são questões individuais, com respostas únicas distúrbios psicológicos, há discussões sobre a
para cada praticante. A pesquisadora alerta sua eficácia na cura das camadas emocionais,
ainda que é preciso adaptar as aulas às intelectuais e de personalidade do ser humano.
necessidades e aos objetivos individuais. O yoga oferece um modelo holístico e atemporal
de saúde e cura.
conclusÃo
O acidente vascular cerebral é uma condição Se por um lado, alguns artigos acadêmicos
que causa danos significativos ao cérebro, mostram que a prática regular pode ter impactos
muitas vezes resultando em incapacidades positivos na saúde física e mental, outros
físicas severas. Devido à falta de oxigênio no evidenciam a regulação do sistema nervoso
cérebro, muitas funções do corpo podem ser como fator primordial para gerar ganhos por
afetadas, incluindo mobilidade e habilidade meio da prática. Nesse contexto, o Instituto
cognitiva. Devido à gravidade da doença e as Kaiut Yoga tem dedicado especial atenção ao
possíveis sequelas, o processo de recuperação neuroyoga. Ele surge como uma promissora e
deve combinar recursos médicos, fisioterápicos inovadora abordagem na recuperação pós-
e incluir outros recursos para tratar todos os AVC, representando a combinação entre a
aspectos da doença. Neurociência e a prática ancestral da Yoga.
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