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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

TRABALHO DE PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL

CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DO ACIDENTE VASCULAR


CEREBRAL (AVC). CASO DE ESTUDO: CLÍNICA GIRASSOL,
MUNICÍPIO DA MAIANGA EM LUANDA.

Elaborado por:

Nayma De Pina Pinto Leite

ID - 1000028406

Luanda, 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DO ACIDENTE VASCULAR


CEREBRAL (AVC). CASO DE ESTUDO: CLÍNICA GIRASSOL,
MUNICÍPIO DA MAIANGA EM LUANDA.

Trabalho de investigação apresentado à Universidade Católica de Angola para obtenção


de nota de avaliação contínua

Cadeira de Psicologia Comportamental

Docente: Maria da Encarnação Pimenta

Auxiliar: Adão Octávio

Luanda, 2023
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que me apoiaram ao longo desta jornada,
primeiramente aos meus pais, que me ajudaram incondicionalmente, incentivaram e
aconselharam para o desenvolvimento deste trabalho. Aos meus professores, cuja
orientação e conhecimento juntamente com as suas palavras sábias e encorajadoras foram
cruciais para cada passo deste processo, e aos meus amigos e colegas que me motivaram
e compartilharam conhecimentos valiosos.

Dedico a todos aqueles que contribuíram directa ou indirectamente para a realização


deste trabalho, resultado de uma rede de apoio, sabedoria e muito esforço.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus Todo-Poderoso, que permitiu que eu tivesse saúde


e me possibilitou ter foco e dedicação para a conclusão deste projecto. Aos meus pais,
amigos, profissionais de saúde, pacientes e outros membros que contribuíram de forma
significativa fornecendo informações valiosas e bastante incentivo.

À professora Encarnação Pimenta e ao professor Adão Octávio, por se terem


dedicado a orientar todos os estudantes, e por nos proporcionarem o caminho para o
sucesso.
RESUMO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma condição médica que ocorre quando há
entupimento ou rompimento dos vasos que transportam sangue e oxigénio ao cérebro,
causando a paralisia da região afectada. Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS)
é a segunda causa de morte a nível mundial, sendo uma patologia que ocorre
predominantemente em adultos de meia-idade e idosos, e pode resultar numa série de
consequências psicológicas significativas para os as suas vítimas, dentre elas a depressão,
ansiedade, transtornos de personalidade, distúrbios de memória, problemas de
concentração, dificuldades na comunicação, etc. Assim sendo, a presença de um
psicólogo clínico torna-se crucial, possibilitando assim uma melhor qualidade de vida
àqueles que sofrem com esta patologia.

Palavras-chave: Acidente Vascular Cerebral (AVC), patologia, consequências,


psicológicas.

V
ABSTRACT

Cerebrovascular accident (CVA) is a medical condition that occurs when there is a


blockage or rupture of the vessels that carry blood and oxygen to the brain, causing
paralysis of the affected region. According to the World Health Organization (WHO) it is
the second cause of death worldwide, being a pathology that occurs predominantly in
middle-aged and elderly adults, and can result in a series of significant psychological
consequences for its victims, these include depression, anxiety, personality disorders,
memory disorders, concentration problems, communication difficulties, etc. Therefore, the
presence of a clinical psychologist becomes crucial, thus enabling a better quality of life
for those who suffer from this pathology.

Keywords: Cerebrovascular accident (CVA), pathology, consequences,


psychological.

VI
ÍNDICE

RESUMO ................................................................................................................... V
ABSTRACT ..............................................................................................................VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................. 9
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10
OBJECTIVOS DE INVESTIGAÇÃO ..................................................................... 11
OBJECTIVO GERAL........................................................................................... 11
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 11
JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 11
PERGUNTA DE PARTIDA ...................................................................................... 11
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................ 12
CAPÍTULO I – CONCEITUALIZAÇÃO ............................................................... 13
1.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................... 13
1.2 TIPOS .......................................................................................................... 13
1.3 FACTORES DE RISCO ............................................................................. 14
1.4 CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS DO AVC .................................................... 15
CAPÍTULO II – O IMPACTO PSICOLÓGICO DO AVC ..................................... 16
2.1 CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DO AVC ........................................... 16
2.2 DEPRESSÃO ................................................................................................... 17
2.3 TEORIA HUMANISTA................................................................................... 18
2.4 IMPORTÂNCIA DE UM PSICÓLOGO CLÍNICO PARA UM PACIENTE
COM AVC .............................................................................................................. 20
2.5 PSICOLOGIA POSITIVA E O AVC ............................................................... 21
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. 22
3.1 RESULTADOS................................................................................................. 22
3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 24
3.3 DISCUSSÃO .................................................................................................... 27
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 28
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 29
APÊNDICE ............................................................................................................... 32
ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................ 26

8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC – Acidente Vascular Cerebral

AVE – Acidente Vascular Encefálico

OMS – Organização Mundial da Saúde

9
INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma patologia frequentemente associada a


impactos significativos na saúde física, porém, as suas complicações não abrangem
apenas o sistema nervoso somático. Este evento neurológico que ocorre devido a
interrupções do fluxo sanguíneo para o cérebro, tem sido objecto de pesquisas devido
também às suas diversas implicações psicológicas, que actualmente são um tópico de
interesse para a sociedade, uma vez que, têm influenciado bastante na qualidade de vida
das suas vítimas.

Neste trabalho serão apresentados alguns aspectos fisiológicos acerca da patologia


em questão, e com maior destaque, as suas interacções com o psicológico dos indivíduos,
no qual serão destacadas alterações a nível comportamental, e a importância de um
psicólogo clínico para o processo de recuperação das suas vítimas.

10
OBJECTIVOS DE INVESTIGAÇÃO

O presente trabalho apresenta os seguintes objectivos:

OBJECTIVO GERAL

Compreender o conceito de AVC bem como o seu impacto psicológico em vítimas


da patologia.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

✓ Apresentar o conceito e os tipos de AVC;


✓ Apresentar as consequências físicas do AVC;
✓ Compreender as consequências psicológicas do AVC e a importância de um
psicólogo clínico no processo de reabilitação de uma vítima.

JUSTIFICATIVA

O AVC é uma condição médica que pode resultar em diversas consequências, não
apenas físicas, como também psicológicas para os indivíduos afectados. Actualmente na
nossa sociedade, nos deparamos com diversos casos, e nos centramos apenas nas questões
físicas, fazendo com que não se preste a devida atenção às consequências psicológicas,
que também afectam de forma significativa a vida quotidiana das suas vítimas. O estudo
deste tema tende a proporcionar informações para conhecimento tendo em conta a área
de formação, e possibilitar também a compreensão da importância da presença de um
psicólogo clínico neste contexto, que é crucial para a realização de um tratamento mais
eficaz, e para a implementação de estratégias de reabilitação, melhorando assim a
qualidade de vida dos indivíduos afectados.

PERGUNTA DE PARTIDA

Até que ponto as vítimas de AVC podem ser afectadas psicologicamente pela
patologia?

11
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Metodologia é o conjunto de conhecimentos sistemáticos e precisos,


metodicamente organizados e ordenados a serviço de um determinado ramo do saber. A
metodologia utilizada para a pesquisa foi a qualitativa, que consiste na recolha de dados
por meio da entrevista individual ou colectiva, da observação, da grelha de análise
documental, de filmagens, fotografias entre outros. (Rampazzo, 2004, p.13 apud
Tumbula, 2023, p.30).

A pesquisa prática foi realizada por meio da entrevista, que segundo Coelho (2020),
é um diálogo realizado entre duas pessoas (pesquisador e a pessoa entrevistada) que tem
o objectivo de compreender algum fenómeno objecto da pesquisa científica, ou seja, é o
contacto directo entre o pesquisador e o entrevistado para responder ao problema da
pesquisa científica.

A entrevista está dividida em duas categorias, sendo a primeira constituída por onze
perguntas direccionadas a psicólogos clínicos, e a segunda por treze perguntas
direccionadas a vítimas de AVC. Ambas possuem perguntas abertas e as questões das
mesmas constam no apêndice do presente trabalho. Participaram da entrevista quatro
indivíduos, dos quais uma profissional de saúde licenciada em psicologia clínica e
especializada em neuropsicolgia, e três indivíduos com sequelas de AVC. Não houve
qualquer restrição relacionada ao sexo ou à faixa etária.

A variável utilizada foi a dependente, que segundo Lakatos & Marconi (2003),
representa o efeito do resultado do que se está a observar, medir e analisar, em relação às
mudanças ou intervenções realizadas nas mudanças independentes. Neste caso, a inclusão
desta variável é crucial para compreender as consequências psicológicas do AVC, ou seja,
é fundamental para avaliar e compreender os efeitos psicológicos resultantes desta
condição médica, referindo-se a elementos psicológicos que podem variar dependendo de
factores específicos, como lesões cerebrais, apoio social, estilo de vida do paciente, etc.

12
CAPÍTULO I – CONCEITUALIZAÇÃO

1.1 DEFINIÇÃO

O AVC, também chamado de AVE, infarto cerebral, isquemia cerebral, trombose


cerebral ou derrame é uma complicação do sistema nervoso central que ocorre devido a
uma interrupção do fornecimento de sangue e oxigénio para o cérebro, ou a uma obstrução
de algum vaso sanguíneo no cérebro. (Costa, 2023; Pinheiro, 2023).

Como resultado do AVC, surge o desenvolvimento rápido de sintomas e sinais


focais ou globais de alguma perturbação da função cerebral. Estes sintomas podem durar
mais de 24 horas ou podem conduzir à morte sem outra causa aparente além da origem
vascular. Manifesta-se de modo diferente de pessoa para pessoa, tendo em conta a área
do cérebro lesada, a extensão dessa lesão, antecedentes de comorbilidades prévias, as
características individuais e familiares e o estado geral de saúde. (OMS, 2009, apud
Cunha, 2014, p. 29).

1.2 TIPOS

Segundo Pereira (2023), os principais tipos de AVC são:

➢ Isquémico;
➢ Hemorrágico.

AVC Isquémico: ocorre quando uma artéria no cérebro é obstruída, normalmente


por um coágulo sanguíneo e/ou um depósito de gordura que reduz a passagem de oxigénio
e nutrientes necessários para as células cerebrais, provocando irrigação sanguínea
insuficiente e consequentemente a diminuição ou ausência da actividade funcional na área
do cérebro afectada. (Chong, 2020).

AVC Hemorrágico: ocorre quando há o rompimento de um vaso cerebral,


ocasionando um extravasamento de sangue em alguma região no interior ou ao redor do
cérebro. (Mendonça, 2023).

13
1.3 FACTORES DE RISCO

As causas de um AVC prendem-se aos factores de risco individuais, podem estar


relacionados a determinados comportamentos, como mudanças nos estilos de vida,
adopção de uma alimentação saudável, exercícios físicos, tratamento médico para o
controle do colesterol, hipertensão arterial, diabetes e coagulação. A classificação mais
tradicional dos factores de risco para o AVC tem como critério a possibilidade de serem
alvos de intervenção ou não. (Santos, 2004, apud Moreira, 2011, p. 5).

Segundo a OMS (2006), o AVC é uma doença multifactorial em que uma


combinação de factores de risco pode influenciar nas chances futuras de um indivíduo o
adquirir. O manejo adequado dos factores de risco diminui a probabilidade de uma pessoa
ter um AVC.

Os principais factores de risco de acordo com a OMS (2006), podem ser divididos
nas seguintes categorias:

• Modificáveis;
• Não modificáveis.

Os factores de risco modificáveis são aqueles sobre os quais é possível intervir,


modificar ou prevenir. Os profissionais de saúde têm o intuito de modificar o quadro
clínico do paciente, uma vez que a soma destes factores proporciona o desenvolvimento
do AVC. Já os factores de risco não modificáveis, são aqueles em que os profissionais de
saúde não podem intervir, tratar ou modificar. É de extrema importância o conhecimento
sobre eles, pois elevam de forma significativa o risco e devem ser observados junto aos
modificáveis no agravamento que o paciente possa ter. (Carvalho & Deodato, 2016).

Os mesmos autores apresentam os seguintes factores de risco:

Factores de risco modificáveis:

• Diabete;
• Tabagismo;
• Hipertensão;
• Colesterol alto;
• Obesidade;
• Fibrilação arterial (doença cardíaca);

14
• Sedentarismo;
• Dieta;
• Consumo excessivo de álcool;
• Consumo de drogas.
• Uso de contraceptivos orais, etc.

Factores de risco não modificáveis:

• Idade;
• Raça;
• Sexo;
• Factores genéticos;
• Etnia;
• Histórico Familiar, etc.

1.4 CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS DO AVC

De acordo com Hood e Dincher (1995), os sinais neurológicos variam conforme a


localização do AVC no cérebro, uma vez que todas as suas zonas são irrigadas por artérias
específicas.

Lima (2023), destaca as principais consequências físicas do AVC:

• Fraqueza muscular;
• Perda do controle motor;
• Assimetria da face;
• Dificuldade de comunicação;
• Alterações na visão;
• Incontinência urinária ou fecal;
• Disfagia (dificuldade para engolir os alimentos);
• Dor de cabeça súbita;
• Paralisia num lado do corpo, etc.

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CAPÍTULO II – O IMPACTO PSICOLÓGICO DO AVC

2.1 CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DO AVC

Para Rabello (2018), os danos psicológicos mais comuns do AVC estão ligados a
sintomas depressivos como apatia, desânimo, tristeza, irritabilidade, baixa tolerância a
frustrações e perda da autoestima, o que leva o paciente a perder a esperança na
recuperação plena das suas funções e a reduzir os seus esforços para o processo de
reabilitação.

Os aspectos psicológicos podem afectar de forma significativa a capacidade


funcional, assim como a qualidade de vida. As diferentes condições de vida do paciente
associadas às incapacidades tendem a alterar o senso positivo de bem-estar. A percepção
subjectiva e a avaliação da situação pelo próprio são de tamanha importância para a
adaptação, pois funcionam como recursos de enfrentamento. Os pacientes com AVC que
vivenciam essa condição apresentam problemas psicológicos de ajustamento
relacionados à aceitação dos limites impostos pela patologia. (Terroni et al., 2008).

Fortes e Néri (2004) afirmam que sofrer um AVC é um episódio inesperado, com
alto potencial para ser vivenciado de forma estressante, sendo uma ameaça ao senso de
controle pessoal. Exige dos pacientes um grande esforço adaptativo a partir do
accionamento de recursos emocionais e cognitivos, reflectido no enfrentamento dos
desafios provenientes deste evento indesejado, que causa desequilíbrio no funcionamento
psicológico.

Quando as incapacidades residuais do AVC limitam aspectos proeminentes da


identidade pessoal do indivíduo, ou seja, quando impedem que a pessoa realize
actividades que constituem um importante componente pessoal para ela, é estabelecida
uma relação entre as capacidades e a diminuição no bem-estar. O indivíduo poderá sentir-
se insatisfeito consigo mesmo, desapontado com o que aconteceu na sua vida e desejoso
de ser diferente do que é. É relevante notar que a adaptação e o enfrentamento de uma
determinada situação desafiadora dependem, em parte, de uma autoavaliação positiva,
que incluem sentir-se autónomo, capaz de se relacionar bem com as outras pessoas e de
reconhecer as suas próprias limitações, para assim poder conviver da melhor maneira
possível com elas. (Clarke, 2003).

16
2.2 DEPRESSÃO

Segundo Jouvent in Dicionário de psicologia (2001), a depressão é dominada pela


associação do humor depressivo e de uma lentificação psicomotora. A culpabilidade, o
desespero, a visão pessimista da existência e os sinais somáticos como insónia, astenia,
falta de apetite e modificações de peso completam o quadro clínico e encontram-se em
proporções variadas de um sujeito para o outro.

A depressão é uma consequência de experiências vividas que apresentam um


sofrimento significativo e prejudicial no funcionamento das relações sociais, familiares e
profissionais. A angústia está relacionada com a resposta face a um acontecimento
ameaçador no futuro, por vezes com manifestações de pânico. (Berg, 2000, apud Pina,
2013, p.27).

A depressão é a complicação psicológica mais frequente do AVC, está associada ao


aumento da mortalidade, à hospitalização mais prolongada e à redução da qualidade de
vida. Surge como resposta às incapacidades e desvantagens sociais, ou pode ser induzida
pelas lesões cerebrais provocadas pela patologia. (Terroni et al., 2008).

É frequente o surgimento de modificações de humor associadas a esta patologia,


podendo a depressão surgir ou agravar-se após o episódio. Esta perturbação pode aparecer
na fase aguda do AVC e prolongar-se durante algum tempo. (Santos, 2004, apud Moreira,
2011, p.14).

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais


(2014), as perturbações depressivas incluem: a perturbação de desregulação do humor
disruptivo, perturbação depressiva maior, perturbação depressiva persistente, perturbação
disfórica pré-menstrual, perturbação induzida por substância ou medicamento,
perturbação depressiva com outra especificação e perturbação depressiva não
especificada.

Mello (2015), aponta que o transtorno depressivo mais frequente e relevante em


casos de AVC é o Transtorno Depressivo Maior, cujo principal sintoma é a presença de
um ou mais episódios depressivos maiores, dentre eles o humor deprimido, perda do
interesse ou da capacidade de sentir prazer, perda ou ganho significativo de peso, insónia
ou hipersónia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de

17
inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, capacidade diminuída de pensar ou
concentrar-se, ou indecisão e pensamentos suicidas.

A depressão após o AVC pode impedir não só a reabilitação e recuperação de


habilidades funcionais, como também reduzir a qualidade de vida do paciente e o seu
tempo de vida. A interrupção no decurso normal da vida da pessoa e a necessidade de
adaptação às novas circunstâncias de vida após o AVC, podem contribuir para o
desenvolvimento da perturbação emocional para algumas pessoas, independentemente do
sexo ou da idade, devido à transição no ciclo vital, como consequência do défice funcional
e pela consciência da situação. (Moreira, 2011; Pina, 2013).

2.3 TEORIA HUMANISTA

A teoria humanista é uma abordagem optimista na qual os seres humanos são seres
activos. Enfatiza o potencial, o crescimento pessoal e a autorrealização do indivíduo, que
é considerado um ser holístico, ou seja, é visto como um todo, que inclui o seu corpo,
mente, espírito e emoções, valorizando as suas experiências e sentimentos e a busca pelo
significado da vida. É considerado um ser único, com a sua psique naturalmente saudável
e como um indivíduo bom, capaz de se transformar no melhor que deseja e pode ser.
(Pimenta, 2019).

Maslow e Rogers acreditavam que os seres humanos têm o desejo natural de


alcançar a autorrealização, ou seja, que tinham o desejo de alcançar o seu nível máximo
de potencial. (Pimenta, 2019).

Rogers acreditava que o indivíduo tem no seu interior a capacidade de crescimento


pessoal e autorrealização, que seria “despertada” por meio da terapia centrada no cliente,
também denominada teoria centrada na pessoa, que enfatiza a necessidade de um
ambiente terapêutico com três principais componentes:

- Autenticidade: para que o paciente não tenha razões para disfarçar sentimentos
perante determinadas situações ou outros indivíduos;

- Empatia: para compreender as questões problemáticas apresentadas pelo mesmo


a partir das percepções dele, de modo a procurar aprofundar a avaliação dos seus
incómodos;

18
- Aceitação incondicional positiva: o profissional deve aceitar os pacientes como
eles são e recebê-los com afectividade independente das suas queixas emocionais.
(Pimenta, 2021).

Maslow acreditava que as pessoas apresentam uma hierarquia de satisfação das


necessidades, ou seja, acreditava que as pessoas estabelecem uma escala de prioridades a
respeito do que buscam para a autorrealização. Dividiu as necessidades humanas em cinco
níveis de categorias, sendo estas: fisiológicas, de segurança, de relacionamento, de estima
e de autorrealização, sendo que na base da pirâmide estão as necessidades mais urgentes.
(Gallardo, 2020).

Para Maslow, sentimos o desejo de satisfazer a necessidade de um próximo estágio


após satisfazermos a necessidade do nível anterior, portanto, os desejos da pirâmide são
realizados de forma gradual. (Galardo, 2020).

Relacionada com as consequências psicológicas do AVC, a teoria humanista pode


oferecer uma perspectiva e centrada na pessoa ao lidar com as suas consequências
psicológicas. Essa perspectiva, citada anteriormente, foca no indivíduo como um ser
único, com a capacidade de crescimento e autorrealização.

Após o AVC, os indivíduos podem passar por mudanças significativas nas suas
vidas, incluindo limitações físicas e cognitivas, afectando a sua autonomia e a sua
liberdade, podendo ter como resultado a depressão, ansiedade e stress pós-traumático.
Estes factores podem criar um conflito interno entre as experiências do indivíduo e os
seus desejos pessoais.

As mudanças repentinas na saúde física e na autonomia podem gerar uma série de


dificuldades emocionais e psicológicas, podendo afectar a autoestima, resultando em
sentimentos de incapacidade e frustração e sensação de perda de controle da própria vida,
que vai contra os princípios da teoria humanista. Estas mesmas consequências podem
representar um obstáculo ao crescimento pessoal e à autorrealização, pois as limitações
funcionais, a dependência de cuidadores e as mudanças na identidade podem dificultar o
processo de busca pelos pilares desta teoria.

Na teoria humanista, o apoio psicológico pós-AVC pode ser desafiador, uma vez
que as limitações causam obstáculos no enfrentamento das novas realidades que exigem
do indivíduo adaptações da abordagem terapêutica.

19
As consequências psicológicas do AVC podem entrar em conflito com os princípios
da teoria humanista, representando desafios significativos relativamente ao crescimento
pessoal e autorrealização.

Assim sendo, a teoria humanista permite compreender a variedade de experiências


emocionais e psicológicas de pacientes ou sobreviventes de AVC, desde a resiliência e
crescimento até aos desafios emocionais, à necessidade de dar apoio para lidar com as
mudanças drásticas e a reconstrução da sua identidade.

2.4 IMPORTÂNCIA DE UM PSICÓLOGO CLÍNICO PARA UM PACIENTE


COM AVC

A presença de um psicólogo clínico é importante para oferecer a devida escuta ao


paciente e aos seus familiares, com o objectivo de tentar amenizar a ansiedade e promover
a motivação para buscar recuperação e evitar crises depressivas e outros transtornos de
ordem psicológica. (Maestri & Rossi, 2007).

As mesmas autoras apresentam um dos conceitos que os psicólogos adoptam para


procurar elevar o seu amor próprio e auxiliando-os a aceitar as novas condições físicas e
ou cognitivas, sendo este a resiliência.

A psicologia promove a identificação e avaliação das alterações emocionais e


psicológicas que surgem após o AVC. Através destes aspectos é possível realizar
entrevistas clínicas, e aplicar escalas de depressão e ansiedade a partir de instrumentos
que possibilitam a compreensão do estado emocional do paciente, mesmo quando este
não expressa verbalmente as suas dificuldades.

O trabalho do psicólogo durante o processo de reabilitação abrange diversas


dimensões, não sendo simplesmente a recuperação de funções perdidas ou alteradas, uma
vez que é algo que envolve o indivíduo por inteiro. Além disso, é importante ressaltar que
reabilitar não significa curar. Reabilita-se a pessoa fazendo com que o ser humano se
adapte e melhore na sua magnitude física, emocional e social. (FARO, 2006, p.129 apud
Souza et al., 2023).

É necessária a inclusão de um programa de reabilitação cognitiva, a fim de


compreender todas as variáveis do dano cerebral e sua evolução, considerando que as

20
sequelas podem ser temporárias ou permanentes. Proporciona ao paciente uma nova
concepção de tratamento humanizado, com a intenção de ajudar o mesmo a melhorar e
adaptar-se ao novo estilo de vida, por meio de técnicas psicológicas com o foco na
redução e diminuição de pensamentos disfuncionais gerados pelas sequelas do AVC.
(Rangel, et al., 2013, apud Souza et al., 2023.).

Assim sendo, relata-se a importância da presença e a intervenção de profissionais


de psicologia clínica como sendo essencial por desempenhar um papel vital na gestão das
consequências psicológicas do AVC, fornecendo suporte emocional, identificando
necessidades, promovendo adaptação e oferecendo estratégias para uma melhor qualidade
de vida, podendo ser uma delas a psicologia positiva.

2.5 PSICOLOGIA POSITIVA E O AVC

Segundo Nunes (2007), a Psicologia Positiva trata do estudo das experiências


positivas subjectivas, dos traços positivos do ser humano e das instituições que permitem
a experiência e a manifestação destes traços. Tem como objectivo levar os psicólogos a
adoptarem uma postura mais apreciativa dos potenciais, das motivações e das capacidades
dos indivíduos, procurando transformar as antigas questões em novas oportunidades de
compreender eventos psicológicos como satisfação (com o passado), felicidade (no
presente), esperança e optimismo (para o futuro), contentamento, altruísmo, e outros
elementos importantes para a investigação quanto depressão, ansiedade, angústia e
agressividade.

A mesma autora afirma que as diferenças individuais de cada pessoa se manifestam


na forma como elas encaram e vivenciam emoções positivas, que podem ser uma
estratégia eficaz para a promoção e construção de habilidades e atitudes saudáveis diante
de circunstâncias negativas.

Relacionada com o AVC, ela proporciona o bem-estar emocional e mental,


promovendo esperança, optimismo e resiliência, ajudando assim as vítimas a lidarem com
os desafios emocionais e a desenvolverem uma mentalidade mais positiva durante o
processo de recuperação.

21
CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 RESULTADOS

Entrevista nº 1

Idade: 40

Sexo: Feminino

Profissão: Psicóloga Clínica

Relativamente às consequências psicológicas do AVC, a profissional de saúde


relatou que o senso de tristeza, desespero, preocupação relacionada às sequelas da
doença, negação, ansiedade, angústia e depressão são as mais comuns, sendo esta última
considerada a mais frequente.

De acordo a mesma, os desafios mais enfrentados pelos pacientes são a perda


funcional e da autonomia, podendo depender também das sequelas. No caso de afasia,
o principal desafio é a perda de comunicação, ocasionando assim a frustração. Ressaltou
também a importância da intervenção psicológica precoce como sendo essencial para
evitar ou prevenir o início da depressão por meio da interacção social, estímulo da
autonomia e apoio emocional por parte dos familiares.

Entrevista nº 2

Idade: 42

Sexo: Feminino

Profissão: Gestora de informação

A entrevistada nº 2 relatou ter sofrido uma perda temporária de memória e


confusão mental. Relatou a recepção de apoio incondicional por parte da família, e por
conta disso sentiu-se emocionalmente forte, resiliente e capaz. Teve preocupações

22
relacionadas com a sua mobilidade devido ao défice de equilíbrio e redução de força nas
mãos.

Psicologicamente sentiu-se totalmente dependente nas suas tarefas do quotidiano,


causando assim uma depressão para a qual realizou um tratamento por 60 dias.
Posteriormente desistiu da medicação e seguiu em frente sem a mesma. Não relatou
alterações na sua autoestima e autoconfiança, e é tolerante nas suas relações
interpessoais. Paciência e tempo foram as suas estratégias de enfrentamento. Ressaltou
o suporte psicológico, estabilidade familiar e equilíbrio emocional como sendo os seus
três principais pilares para o sucesso no tratamento e na recuperação, pois fizeram com
que pudesse ter força e resiliência no seu propósito. Actualmente considera-se uma
pessoa cheia de Fé e amor, e aconselha as pessoas a darem importância aos sinais do
corpo.

Entrevista nº 3

Idade: 56

Sexo: Masculino

Profissão: Engenheiro informático

O entrevistado nº 3 relatou ter se sentido emocionalmente péssimo, perdeu a sua


autoestima, sente-se incapaz por estar sem trabalhar e raramente se observa ao espelho.
Passou por um período de depressão, teve como preocupação o comportamento dos
filhos mediante à sua complicação e actualmente lida com o seu stress excessivo e
preocupa-se com a sua deficiência física que ocasiona uma estranheza interior. Não
consegue conviver com outras pessoas durante longos períodos como antes, e as suas
estratégias de enfrentamento são as sessões de terapia, Fé e força de vontade. Para este,
o suporte psicológico é importante para evitar a depressão e outras crises. Actualmente
tem a mente mais aberta e aconselha a juventude a viver de forma regrada e sem
excessos.

23
Entrevista nº 4

Idade: 43

Sexo: Feminino

Profissão: Secretária

A entrevistada nº 4 relatou que o seu emocional foi abalado devido à estranheza


por parte dos seus filhos, e passou por uma fase de depressão na qual tentou tirar a
própria vida. Teve uma preocupação relacionada à sua forma física e ao seu receio de
ser eternamente dependente.

Psicologicamente sentiu- se abalada por ter perdido a sua autonomia e ter sofrido
alterações na sua capacidade cognitiva e autoestima. Mantém uma boa relação com as
outras pessoas, dependendo de quem se trata. Tem como principal estratégia de
enfrentamento a igreja, e ressaltou a importância de ter um acompanhamento
psicológico devido aos pensamentos suicidas que teve. Actualmente dedica mais
atenção aos seus filhos e aconselha autocuidado e amor próprio.

3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados foi procedida mediante a compilação das informações


obtidas nas entrevistas. Os conteúdos foram agrupados por similaridades nos relatos,
tendo como foco os seguintes aspectos: experiência pessoal que inclui o impacto
emocional e psicológico pós-AVC; relações interpessoais, estratégias de enfrentamento
que inclui o suporte psicológico e familiar.

3.2.1 EXPERIÊNCIA PESSOAL

Os entrevistados relataram ter passado por diversas reacções psicológicas após o


AVC, dentre elas a perda de memória e a dificuldade na recuperação. Houve sentimentos
de confusão, desafios e apoio familiar. Foram mencionados diversos aspectos como
aumento da autoconfiança e da Fé, reduções significativas na autoestima e
autoconfiança, e preocupações relacionadas à mobilidade física, à aceitação familiar
24
relacionada à constante dependência e alterações cognitivas. Os sentimentos variaram
desde força e resiliência até uma luta contínua contra a depressão, stress e ansiedade,
que foram identificados como desafios persistentes. A sensação de incapacidade e os
desafios emocionais foram frequentemente mencionados.

Um dos principais desafios relatados pela profissional foi a perda funcional, que
causa frustração, dificuldade na adaptação a mudanças e as dificuldades de comunicação
para aqueles que sofrem de afasia.

3.2.2 RELAÇÕES INTERPESSOAIS

As relações interpessoais foram impactadas de maneira diferente, variando de


melhoria na tolerância à dificuldade de conviver com as outras pessoas por longos
períodos.

3.2.3 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

Os entrevistados adoptaram estratégias de enfrentamento variadas, relataram a


realização de terapias, crenças religiosas, paciência com o próprio tempo e força de
vontade. Afirmaram ter recebido apoio incondicional proveniente dos familiares, e
destacaram o suporte psicológico, a estabilidade emocional e o equilíbrio familiar como
sendo essenciais para o processo de recuperação.

A experiência pós-AVC alterou as perspectivas de vida dos pacientes, resultando


na reflexão da importância de ser boa pessoa para o próximo, expressar as emoções e
sentimentos e dedicar mais atenção à família. Os conselhos incluíram cuidar da saúde,
evitar excessos e viver com moderação.

25
3.2.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

RESULTADOS Entrevistado 1 Entrevistado 2 Entrevistado 3 Entrevistado 4


DAS (Profissional de (Paciente) (Paciente) (Paciente)
ENTREVISTAS saúde)

Idade; Sexo 42; Feminino 56; Masculino 43; Feminino


40; Feminino

Profissão Psicóloga Clínica Gestora de Engenheiro Secretária


informação informático

Senso de tristeza; Perda temporária


de memória e Emocionalmente Emocional
Desespero; confusão mental; péssimo; abalado;

Preocupação; Emocionalmente Perda da Depressão;


forte, resiliente e autoestima;
Preocupação
Negação; capaz;
Depressão; relacionada à
Ansiedade; Preocupação sua forma física;
Preocupação
Consequências relacionada ao
relacionada à Receio de
Relatadas Angústia; défice de
equilíbrio; família; dependência;
Depressão.
Estresse Perda da
Depressão;
excessivo; autonomia;
Não sofreu Preocupação Alterações na
alterações na
relacionada à capacidade
autoestima;
deficiência cognitiva;
Tolerância nas física;
Redução da
relações
Pouca interacção autoestima.
interpessoais.
nas relações
interpessoais.

Tabela 1: Apresentação dos resultados

26
3.3 DISCUSSÃO

As experiências vividas pelas vítimas de AVC reflectem a complexidade e as


múltiplas facetas das consequências psicológicas deste evento. Os relatos abrangem uma
diversidade de emoções, desafios e estratégias de enfrentamento adoptadas pelas
vítimas. Os desafios físicos como a perda de mobilidade e autonomia, contribuíram
significativamente para o impacto emocional, reflecido na oscilação entre diversos
sentimentos de força, resiliência, depressão, ansiedade e baixa autoestima.

O suporte psicológico e familiar demonstram relevância para a recuperação. As


famílias desempenharam um papel crucial na organização e no cuidado, mas também
enfrentaram os seus próprios desafios. As mudanças nas perspectivas de vida, as novas
visões sobre cuidados familiares e a necessidade de priorizar a saúde e o bem-estar
foram aspectos destacados após a experiência do AVC.

As experiências descritas ressaltam a necessidade de uma abordagem integral para


a recuperação, que não abrange somente o aspecto físico, mas também as complexidades
emocionais e psicológicas, enfatizando a importância do suporte social e cuidados
multidisciplinares.

A intervenção psicológica precoce pode prevenir o desenvolvimento de


complicações emocionais mais graves, como depressão crónica ou ansiedade
generalizada. Identificar essas questões com a devida antecedência permite um
tratamento mais eficaz a fim de diminuir o impacto psicológico do AVC, pois os
psicólogos clínicos trabalham para promover a autonomia e o bem-estar emocional do
paciente após o AVC. Inclui estratégias para aumentar a autoestima e promover a
confiança e a resiliência, ajudando-o a reconstruir a sua identidade.

27
CONCLUSÃO

De acordo com as pesquisas realizadas, concluiu-se que a depressão, ansiedade,


preocupação excessiva, frustração e baixa autoestima são as consequências psicológicas
mais comuns do AVC. São factores desafiantes que afectam na qualidade de vida do
indivíduo interferindo nas suas relações interpessoais dentro e fora do seio familiar, e
reduzindo a sua capacidade funcional, autonomia e consequentemente o seu bem-estar.
Indivíduos que sofrem um AVC frequentemente enfrentam uma variedade de emoções
que requerem de técnicas de enfrentamento, encorajamento e apoio emocional para
auxiliar no processo de recuperação.

O reconhecimento e abordagem destes impactos emocionais e psicológicos é


crucial para promover uma recuperação e reintegração eficaz na vida quotidiana. O apoio
psicológico contínuo, a adaptação a novas circunstâncias e a consciencialização sobre os
desafios emocionais e psicológicos após o AVC são passos essenciais para auxiliar os
pacientes a reconstruir as suas vidas após esta condição.

Assim sendo, o enfrentamento das consequências psicológicas do AVC requer não


apenas a assistência médica especializada, mas também um suporte emocional e
psicológico abrangente de forma a ajudar os pacientes a lidarem com os diversos desafios
relacionados às suas funcionalidades mentais. A intervenção precoce por parte dos
profissionais de psicologia clínica torna-se crucial para aliviar o impacto dessas
consequências, podendo assim promover autonomia e bem-estar aos pacientes após o
evento traumático.

28
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30
Tumbula, S. (2023). Metodologia de Investigação Científica. Luanda, Angola: Elite-
Editora, da Firma CPA.

31
APÊNDICE

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, Nayma De Pina Pinto Leite, estudante do 3º ano de Psicologia Clínica da


Universidade Católica de Angola, convido-o(a) a participar de uma pesquisa sobre as
consequências psicológicas do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Trata-se de um estudo
que serve como base para um trabalho de avaliação contínua na cadeira de Psicologia
Comportamental, e a sua participação tem como objectivo preencher o guião de uma
entrevista semi-estruturada acompanhada por este Termo de Consentimento. Os dados
serão analisados de forma individual, e o guião respondido ficará sob minha guarda e
responsabilidade. Informações pessoais não serão divulgadas sob nenhum pretexto,
garantindo assim o seu sigilo. Os resultados do estudo serão tornados públicos apenas em
meios académicos e científicos, de forma consolidada sem qualquer identificação
individual. A sua participação é de total liberdade, podendo a qualquer momento desistir
de participar e retirar o seu consentimento. Caso concorde em participar desta pesquisa,
por favor deixe a sua assinatura no final deste documento, acompanhada pela assinatura
da estudante que o(a) irá entrevistar.

O entrevistador O entrevistado

_________________________ _______________________

Luanda, 2023

32
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

GUIÃO DE ENTREVISTA PARA PSICÓLOGOS CLÍNICOS

1- O que é o AVC?
2- Com que frequência atende pacientes com AVC?
3- Quais são as principais consequências psicológicas observadas?
4- Existe algum método específico para identificar se alguém está psicologicamente
afectado por conta do AVC?
5- Como é que um psicólogo lida com os pacientes que não falam ou preferem não
se pronunciar?
6- Quais são os principais desafios que os pacientes enfrentam?
7- Como é que o diagnóstico e a intervenção precoce podem fazem diferença na
gestão das consequências psicológicas?
8- Quais são as medidas preventivas que se pode fornecer aos pacientes para
minimizar o risco de consequências psicológicas após um AVC?
9- Como profissional, como lidou com esses desafios no contexto emocional?
10- Como é que a família pode ajudar nesse processo de recuperação para pacientes
com AVC?
11- Tem algo para compartilhar ou aconselhar?

Elaborado por:

Nayma Leite

33
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA CLÍNICA

GUIÃO DE ENTREVISTA PARA VÍTIMAS DE AVC

1- O que entende por AVC?


2- Como descreve a sua experiência pessoal quando sofreu o AVC?
3- Como se sentiu emocionalmente após o AVC?
4- Houve alguma preocupação específica após o ocorrido?
5- De que forma o AVC o afectou psicologicamente?
6- Percebeu mudanças na sua autoestima e autoconfiança?
7- Passou por fases de depressão, ansiedade ou stress?
8- Como isso afectou a sua autoestima?
9- Como o AVC afectou as suas relações próximas e a forma como lida com as
pessoas?
10- Que estratégias utilizou para conseguir lidar com esse desafio?
11- Acha que o suporte psicológico é essencial para vítimas de AVC? Porquê?
12- Sentiu que o AVC trouxe uma visão diferente sobre algum aspecto da vida?
13- Há algo que queira aconselhar ou compartilhar?

Elaborado por:

Nayma Leite

34

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