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Apoio
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Nota
Esse é material de apoio do Curso de Medicina de Emergência Online
“Abordagem ao Paciente em Sala de Emergência”, e seu uso é exclusivo para o curso,
esse material foi elaborado pelos membros da Liga “Programa Caririense de
Emergência e Trauma” e não tem qualquer finalidade de lucro ou promoção de alunos,
elaboramos esse material sobre temas de emergência no contexto da Pandemia de
Covid-19 para que pudéssemos passar conhecimentos uns para os outros.
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Quem Somos
O Programa Caririense de Emergência e Trauma (PCET) é um projeto de
extensão da Universidade Federal do Cariri, que vem renovando suas atividades junto à
Pró Reitoria de Extensão a cada ano, desde 2016, o PCET tem ações em quatro áreas de
atuação: extensão, ensino, pesquisa e cultura. O Programa surgiu a partir da necessidade
que a sociedade possui por informação para a prevenção de acidentes, por atendimento
de Primeiros Socorros pré hospitalar ou hospitalar, Suporte Básico de Vida e Suporte
Avançado de Vida. Sociedade essa que vive um cenário em que as principais causas de
óbito, atualmente, envolvem Doenças Cardiovasculares (DCV), Doenças
Cerebrovasculares e acidentes de trânsito com vítimas fatais.
O PCET é formado por estudantes do curso de medicina da UFCA, que sob a
coordenação do Professor Cláudio Gleidiston Lima da Silva, atua nas Escolas e
Universidades públicas e privadas, no trânsito, nas praças, nos Shoppings e também em
grandes eventos, sempre levando educação e saúde para a sociedade, seja com ênfase
em prevenção ou no atendimento, para o público leigo ou do nicho da saúde, como
Agentes Comunitários de Saúde, Técnicos de Enfermagem, Fisioterapeutas, Educadores
Físicos, Enfermeiros, Cuidadores, Dentistas, Nutricionistas, Professores da rede infantil
ao ensino superior, Crianças, Adolescentes, Pais e Mães, Gestantes, Médicos e a quem
mais interessar o conhecimento e a prática em emergências.
No ensino buscamos aperfeiçoar nosso conhecimento acadêmico e habilidade de
didática e comunicação por meio de encontros semanais para discussão de temas
escolhidos por nossos membros, discussão e publicação de artigos científico de temas
de emergência, além de promover capacitações interna. Possuímos alguns materiais
adquiridos com recurso próprio para uso em aulas práticas, treinamentos e capacitações.
Na área da pesquisa, o compromisso com a medicina baseada em evidências é o
que garante uma boa atualização médica, segura e sempre se espelhando nas boas
práticas e as melhores práticas em medicina de emergência, que se renovam muito
diante dos achados da ciência.
Na área da cultura buscamos unir o conhecimento científico com a arte para
informar de forma lúdica, ensinando crianças e adultos, seja via cordel ou música.
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Participa do quadro também a dramaturgia dos atores-pacientes, de forma a simular o
ambiente das emergências no ambiente de ensino.
O PCET mantém estágio de Emergências Clínicas e Neurológicas em parceria
do Hospital e Maternidade Santo Antonio/CE, mantém também estágio de Emergências
Clínicas e Cirúrgicas e Emergências Ginecológicas e Obstétricas em parceria com o
Hospital Regional de Iguatu/CE, em que cada estagiário tem compromisso mensal de 48
horas.
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A EQUIPE PCET 2020
Coordenador Docente: Cláudio Gleidiston Lima da Silva
Coordenação Geral: Bruno Barreto Isaías
Coordenação de Mídias: Henrique Heine Lira Reis Filho
Coordenação de Cultura: Luiz Osmar Pinheiro Júnior
Coordenação de Ensino: Célio Augusto Campos Portela
Coordenação de Extensão: Thalya Gonçalves Lôbo no Nascimento
Coordenação de Estágio: Kellen Williane Leite Barbosa Silva
Coordenação de Pesquisa: Gustavo Barreto Santiago Lima
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AGRADECIMENTO
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Sumário
7. Emergências Hiperglicêmicas………………………………………………….58
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Capítulo 1
Acidente Vascular Cerebral
Dr. Alysson Macedo
INTRODUÇÃO
O acidente vascular cerebral (AVC) compreende um grupo heterogêneo de
doenças cerebrovasculares. De forma geral, pode -se dividir o AVC em isquêmico ou
hemorrágico, sendo o primeiro subtipo responsável por 87% dos casos.
O acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) se caracteriza pelo
sangramento em uma parte do cérebro, em consequência do rompimento de um vaso
sanguíneo. Pode ocorrer para dentro do cérebro ou tronco cerebral (acidente vascular
cerebral hemorrágico intraparenquimatoso) ou para dentro das meninges (hemorragia
subaracnóidea).
O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) é o infarto de um território
encefálico nutrido por uma artéria que sofre oclusão aguda. Na região com isquemia o
dano estrutural é irreversível, mas existe uma região chamada zona de penumbra
isquêmica, que está funcionalmente comprometida, mas estruturalmente viável.
EPIDEMIOLOGIA
O AVC é a segunda maior causa de morte no mundo, com aproximadamente 5,7
milhões de casos por ano, caracterizando cerca de 10% de todos os óbitos mundiais. São
descritos que 85% dos óbitos são relacionados com países não desenvolvidos ou em
desenvolvimento (LOPEZ et al., 2006 apud CABRAL, 2009).
Apesar dos declínios das taxas de mortalidade no Brasil, o AVC continua sendo
a primeira causa de morte e incapacidade no país. Dados do estudo prospectivo nacional
indicaram uma incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes (BRASIL, 2013).
A Sociedade Brasileira de Neurologia afirma que no Brasil são registrados
aproximadamente 100 mil óbitos por ano devido ao AVC, e a cada 5 minutos morre
uma pessoa em decorrência deste acometimento (CESÁRIO, PENSASSO, OLIVEIRA,
2006).
ETIOLOGIA
O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda maior causa de mortalidade e a
terceira maior causa de incapacidade no mundo. O AVCi pode ser provocado por
múltiplos mecanismos. Dessa forma, os fatores que aumentam o risco de sua ocorrência
podem variar de acordo com o mecanismo subjacente.
No entanto, os fatores de risco mais importantes para a maioria dos AVCi são:
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III. Aterosclerose Carotídea;
IV. Fibrilação Atrial.
FISIOPATOLOGIA
Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi): É o infarto de um território
encefálico nutrido por uma artéria que sofre oclusão aguda. Na região com isquemia o
dano estrutural é irreversível, mas existe uma região chamada zona de penumbra
isquêmica, que está funcionalmente comprometida, mas estruturalmente viável.
CLÍNICA
AVCI
Principal sintoma que leva à suspeita: déficit neurológico de início súbito ou de
rápida progressão.
Agentes que dificultam o exame: déficits sutis, rebaixamento do nível de
consciência e indeterminação do início dos sintomas.
Outros sintomas: déficit motor, déficit sensitivo, afasia, alterações de campo
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visual, rebaixamento do nível de consciência, náusea, vômitos, tontura, alterações
cerebelares, PA elevada.
Diagnósticos diferenciais:
● Síncope
● Crise epiléptica
● Hipoglicemia
● Aura de enxaqueca
● Encefalopatia de Wernicke
● Hemorragia subdural crônica agudizada
● Tumor cerebral
● Transtorno conversivo
PROCEDIMENTOS
Glicemia Capilar + Acesso Venoso + Coleta de Exames + Monitorar SSVV +
Estabilização Clínica (ABC) + Exame Neurológico Sucinto + Cálculo do NIHSS.
O NIHSS é a escala mais utilizada para a avaliação da gravidade e
acompanhamento clínico do AVC.
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EXAMES COMPLEMENTARES
Úteis no tratamento da fase aguda:
● Glicemia capilar
● Tempo de protrombina
● Tempo de tromboplastina parcial ativada
● Atividade do fator Xa direto
● Tempo de trombina
● Tempo de coagulação de ecarina
● Plaquetas
TRATAMENTO
Cuidados Gerais com terapia antitrombótica para evitar o risco de complicações.
O Tratamento Cirúrgico visa solucionar a causa do sangramento e aliviar a PIC.
Deve ser decidida por neurocirurgião.
CLÍNICA
A apresentação do quadro clássico é cefaleia e vômitos repentinos associados à
déficits neurológicos focais progressivos.
As demais manifestações neurológicas são dependentes do local de
acometimento, sendo frequentes no Putâmen, regiões subcorticais, cerebelo, tálamo e
ponte.
Outros sintomas são a PAS > 220 mmHg, o rebaixamento do nível de
consciência e a progressão rápida dos sintomas (minutos ou horas).
Avaliação clínica:
● Escala NIHSS
● Escala de coma de Glasgow
● Exame por sistema
● Exame neurológico focalizado
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EXAMES COMPLEMENTARES
Realizar em todos os pacientes com suspeita de AVCH:
● Função renal
● Eletrólitos
● Hemograma
● Coagulograma
● Glicemia
● Troponina
● Exame toxicológico
● Exame de urina
● Teste de gravidez
Exames de neuroimagem:
DIAGNÓSTICO
Clínico + Exames Complementares + Exame de Neuroimagem
TRATAMENTO
● Monitorização
● TC de crânio
● Constatada a hemorragia - medidas de suporte e internação em UTI
● Corrigir PA elevada e coagulopatia, se presentes
● Neurocirurgia, mediante caso e necessidade
SEGUIMENTO
Internamento em UTI, com modificação dos fatores de risco para recorrência.
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QUESTÃO
HMRN (2007) Com relação à doença encéfalo-vascular, podemos afirmar que:
REFERÊNCIA
VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de Emergência: abordagem prática. 13ª edição,
Manole, 2019.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
*Gabarito: letra E
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Capítulo 2
Asma e DPOC no Departamento de Emergência
Dr. Demósthenes Neto
ASMA
INTRODUÇÃO
Asma é uma doença inflamatória crônica e intermitente das vias aéreas,
caracterizada por exacerbações de dispneia, tosse, sibilos, obstrução variável e
hiperresponsividade das vias aéreas. Normalmente é reversível, mas pode ser grave e
fatal. Exacerbações são episódios de piora dos sintomas que usualmente são
progressivos, mas que podem em um subgrupo de pacientes se apresentar agudamente e
que podem necessitar de tratamento no Departamento de Emergência (DE).
EPIDEMIOLOGIA
A asma é uma das doenças mais comuns em países desenvolvidos e tem uma
prevalência mundial de 7 a 10%. No Brasil estima-se uma prevalência de asma de 4,5 a
8,5%, com cerca de 20 milhões de asmáticos no país. No ano de 2015 foram registradas
113.700 internações hospitalares no DATASUS. O número de mortes por asma nesse
mesmo ano foi de 543, o que representa uma queda importante em relação aos níveis
habituais de 2.000 mortes/ano.
ETIOLOGIA / FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia da asma é complexa e envolve diversos mecanismos. Entre
esses mecanismos provavelmente o mais importante é o da inflamação das vias aéreas.
A inflamação da submucosa, com hiperirritabilidade da musculatura lisa de vias aéreas,
pode ser precipitada por exposição a alérgenos, poeira, agentes químicos, infecções
virais e fatores não identificados.
Os níveis séricos de IgE estão frequentemente aumentados, o que sugere uma
ativação crônica da imunidade humoral. A visão clássica é que a asma é uma doença
com resposta Th2-dependente em grande parte mediada por IgE,mas outras vias estão
envolvidas.
Os pacientes asmáticos apresentam dois padrões de resposta aos aeroalérgenos,
uma precoce e outra tardia. A resposta precoce tem início imediato, resolvendo-se em
1-2 horas. Em 50% dos pacientes essa resposta imediata é seguida de resposta tardia,
3-12 horas após com hiper-responsividade e inflamação das vias aéreas. O mecanismo
de ambos os tipos de resposta envolve ativação induzida dos mastócitos pelo alérgeno,
mediada por IgE, e dos linfócitos T, resultando em contração da musculatura lisa,
aumento da permeabilidade vascular e acúmulo de eosinófilos e mastócitos. Em
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pacientes com asma grave/exacerbações agudas de asma encontra-se um aumento de
neutrófilos nas vias aéreas, que parece ser mediado por secreção de interleucina-8 pelas
células epiteliais das vias aéreas.
O processo inflamatório crônico de vias aéreas pode em longo prazo levar ao
remodelamento das vias aéreas com fibrose e hipertrofia de musculatura lisa. Da mesma
forma, alterações estruturais nas vias aéreas de indivíduos asmáticos contribuem para o
desenvolvimento e a progressão da doença; dentre os casos graves, a obstrução das vias
respiratórias por hipertrofia de células mucoides é comum.
Um outro mecanismo envolvido na crise asmática está relacionado à inervação
autonômica das vias aéreas. Dados experimentais sugerem que a ativação de células
inflamatórias e a liberação de mediadores inflamatórios como leucotrienos e
bradicininas alteram o limiar de despolarização de neurônios dos brônquios e
bronquíolos, o que pode causar aumento da irritabilidade das vias aéreas.
O fator precipitante mais comum da crise asmática são as infecções virais, que
representam cerca de 80% das exacerbações agudas. A exposição a aeroalérgenos e as
mudanças climáticas também são fatores precipitantes de crise aguda de asma e podem
desencadear uma crise asmática mais rapidamente (apenas algumas horas). Infecções
bacterianas(Mycoplasma Pneumoniae, C. pneumoniae e outras bactérias), uso de
algumas medicações (em particular ácido acetilsalicílico e betabloqueadores), estresse
emocional e exercício físico também são causas bem descritas de exacerbação aguda de
asma.
CLÍNICA
A asma é caracterizada pela tríade clínica – Dispnéia, Opressão Torácica e
Sibilância à ausculta pulmonar. Na imensa maioria dos pacientes, pelo menos um desses
sinais e sintomas está presente. A dispnéia asmática é referida como uma “dificuldade
para fazer o ar entrar nos pulmões”. Além dessa queixa, alguns dados da História clínica
norteiam o pensamento diagnóstico para a possibilidade de Asma Brônquica (tabela 1).
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No exame físico, devemos atentar para a presença de sinais que corroborem a
hipótese de doença obstrutiva, como a Sibilância à ausculta. No entanto, sua ausência
não exclui a possibilidade. Deve-se atentar ao exame físico, pois ele é útil não só para o
diagnóstico, quanto para a classificação de sua gravidade.
EXAMES COMPLEMENTARES
O diagnóstico no DE é iminentemente CLÍNICO. A radiografia de Tórax não
tem indicação rotineira pois não modifica conduta, só sendo indicada em casos de
confusão diagnóstica. A monitorização da SpO2 está indicada para todos os pacientes,
indicando a necessidade de suplementação de O2 para manutenção de seu nível acima
de 93%. Em pacientes que apresentam Hipoventilação, recomenda-se colher Gasometria
Arterial. Um dos exames mais importantes para o diagnóstico é a Prova de Função
Pulmonar ou, se não for possível sua realização, ao menos a aferição do Pico de Fluxo.
TRATAMENTO
O tratamento imediato da crise asmática no DE tem como ator principal os
B2-Agonistas, sendo recomendadas inalações sequenciadas, completando-se, pelo
menos, 3 inalações na primeira hora de tratamento. Embora o representante mais
popular dessa classe farmacológica em nosso país seja o Fenoterol, o mais recomendado
para esta conduta é o Salbutamol. Depois da primeira hora, deve-se reavaliar
clinicamente o paciente, adequando a terapêutica ao desenrolar de seu quadro. A via
recomendada é sempre a Inalatória, uma vez que minimiza efeitos sistêmicos das
drogas, sendo a via parenteral apenas indicada em casos graves e refratários ao uso
inalatório.
Outra classe de drogas empregadas no tratamento da crise asmática no DE é a
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dos anticolinérgicos, representados, nesta situação, pelo Brometo de Ipratrópio. Seu uso,
associado aos B2-Agonistas reduz significativamente a taxa de internação hospitalar,
sendo sempre recomendado em exacerbações graves.
Os emprego de corticosteróides possui vasto embasamento na literatura, tendo
como benefícios principais uma mais rápida resolução do quadro obstrutivo e a
diminuição das taxas de recidiva. O uso é preferencialmente por VO. Após a alta do
paciente, o corticóide inalatório pode ser prescrito em associação com a Prednisona VO
(5-7 dias).
Vários estudos demonstraram que as Metilxantinas falharam em produzir efeito
broncodilatador maior que doses adequadas de B2-Agonistas. Além disso, seu uso
aumenta a chance de ocorrência de eventos adversos. Logo, recomenda-se sua
prescrição apenas em casos selecionados e atentando-se para a possibilidade de Efeitos
Adversos.
A Oxigenioterapia é recomendada para manutenção de níveis de SpO2 acima de
93%. Quando o paciente chega ao DE em falência respiratória, risco iminente de PCR,
alteração do Nível de Consciência ou risco de morte, a IOT é recomendada. A técnica
recomendada é a intubação de sequência rápida. O paciente asmático possui excelente
prognóstico e a IOT deve ser empregada pelo mínimo tempo possível.
SEGUIMENTO
Se possível, deve-se agendar consulta de seguimento em 7 dias. Prescrever
Corticosteróides VO por 5-7 dias, orientar o uso adequado dos broncodilatadores
inalatórios e identificar fatores de risco para novas exacerbações e abordá-los se
possível.
DPOC
INTRODUÇÃO
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por uma
obstrução fixa da via aérea causada por enfisema, bronquite crônica ou ambos.
Funcionalmente é caracterizada por redução no volume expiratório forçado de primeiro
segundo (VEFl) <80% do predito após uso de broncodilatador ou uma relação do VEFl
sobre a capacidade vital forçada(CVF) < 70%.
A Global Initiative of Obstructive Lung Disease(GOLD) define exacerbação
aguda de DPOC como "um evento agudo caracterizado por um agravamento dos
sintomas respiratórios do paciente que está além das variações normais do dia a dia e
que leva a uma mudança na medicação". Isso geralmente inclui uma mudança aguda em
um ou mais dos seguintes sintomas cardinais:
1. A dispneia aumenta;
2 .A produção de expectoração aumenta em volume;
3. Há mudança nas características do escarro.
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EPIDEMIOLOGIA
DPOC é a quarta maior causa de morte no mundo (5 milhões de mortes anuais
ou 6% do total). Estima-se que pelo menos 7 milhões de brasileiros sejam portadores de
DPOC, com prevalência entre tabagistas de longa data de aproximadamente 15%. A
doença é responsável por 107 mil internações e mais de 35 mil mortes ao ano. As
exacerbações agudas de DPOC representam cerca de dois terços do custo financeiro
total direto com doença. Os pacientes com DPOC apresentam exacerbações regulares,
em média 2 a 3 vezes ao ano. Os pacientes tabagistas ativos têm exacerbações mais
frequentes do que os não tabagistas; assim,parar de fumar pode reduzir em até um terço
os episódios de exacerbações. A taxa de mortalidade intra-hospitalar de DPOC que
cursa com acidose e hipercapnia é de cerca de 11 %, com taxas de mortalidade em seis
meses e um ano de 33% e 43%, respectivamente. Aqueles que sobreviveram à primeira
hospitalização apresentam uma taxa de 50% de reinternação em seis meses após a alta.
ETIOLOGIA / FISIOPATOLOGIA
A DPOC apresenta classicamente dois polos de doença, que apresentam
definições clínicas e anatomopatológicas diferentes:
Bronquite crônica: tosse produtiva por mais de três meses por dois anos
consecutivos sem outra explicação aceitável.
Enfisema pulmonar: destruição da parede dos espaços aéreos distais ao
bronquíolo terminal. Vários processos fisiopatológicos pulmonares podem cursar com
enfisema, mas na DPOC o enfisema ocorre sem fibrose significativa.
Os processos não são excludentes e, em geral, coexistem no mesmo paciente.
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A inalação de fumaça de cigarro, de fumaça ambiental ou de outras partículas
nocivas pode causar destruição do parênquima pulmonar (enfisema), a partir de
inflamação crônica, diminuição das vias de reparo, fibrose de pequenas vias aéreas e
represamento e limitação progressivos do fluxo aéreo.
Existe evidência robusta de que o desbalanço entre as proteases, que fagocitamo
tecido conectivo pulmonar,e antiproteases que contrabalançam este efeito,acarreta a
destruição da elastina, que é um importante componente do parênquima pulmonar. A
deficiência de produção de inibidores endógenos das metaloproteinases também
representa papel importante no processo.
Fonte: SanarFlix.
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Fonte: Medicina de Emergência da USP 13ª edição.
CLÍNICA
Tanto a história quanto o exame físico possuem baixa sensibilidade nesta
afecção. Alguns dos achados que nos alertam para a possibilidade de Doença pulmonar
são:
1. SIBILOS
2. SINAIS DE HIPERTENSÃO PULMONAR
3. SINAL DE KUSSMAUL
4. CIANOSE E PLETORA (TARDIAMENTE)
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Pacientes que possuem História positiva para as perguntas acima e apresentam-se com:
1. DISPNEIA
2. AUMENTO DA SECREÇÃO
3. SECREÇÃO COM ASPECTO PURULENTO
São pacientes com quadros que configuram casos suspeitos para exacerbações da
DPOC.
EXAMES COMPLEMENTARES
Em formas leves o Rx de Tórax pode ser normal. Em casos mais avançados,
podemos notar a retificação das cúpulas diafragmáticas, o aumento dos espaços
intercostais e a hipertransparência pulmonar.
A TC de tórax tem maior sensibilidade e especificidade. No entanto, raramente é
necessária. A GA está indicada sempre que o paciente for internado. As provas de
função pulmonar são bastante úteis, pois selam o diagnóstico de DPOC e servem para
seu estadiamento.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser baseado nos seguintes princípios:
1. Corrigir a Hipoxemia
2. Uso de broncodilatadores
3. Corticosteróides
4. Antibioticoterapia
5. Compensar comorbidades e/ou distúrbios associados
6. Se necessário, suporte ventilatório
BRONCODILATADORES
Geralmente produzem pouca melhora espirométrica, contrastando com grande
melhora clínica. Associando-se B2-Agonistas com Anticolinérgicos há sinergia e efeito
ampliado. Entretanto, o GOLD recomenda o uso isolado dos B2. Caso não haja melhora
significativa, recomenda-se então a associação.
ANTIBIOTICOTERAPIA
Tópico bastante controverso. Mesmo na presença de escarro purulento, não há,
necessariamente, infecção bacteriana instaurada. A antibioticoterapia deve ter como
espectro os germes – PNEUMOCOCO, MORAXELLA E HAEMOPHILUS. O agente
mais comum é o Pneumococo. Recomenda-se:
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2. Para exacerbações com fatores de risco associados – Considerar
Amoxicilina + Clavulanato (Inibidor de Betalactamase).
3. Para pacientes em VM ou possivelmente colonizados por Pseudomonas –
Fluoroquinolonas (Levofloxacino, Norfloxacino…).
O2
Pacientes DPOC são cronicamente “acostumados à hipóxia”. Portanto, o
objetivo deve ser manter a SpO2 abaixo de 95%, evitando-se a hiperoxigenação, uma
vez que essa pode ter efeito paradoxal.
CORTICOSTERÓIDES
O uso dos sistêmicos está recomendado nas exacerbações da DPOC. Deve-se, no
entanto, evitar a cronificação de seu uso.
IOT + VM
Segue os mesmos critérios para IOT da asma. Quando bem indicada, a IOT é
uma intervenção MODIFICADORA DE PROGNÓSTICO e não deve ser adiada.
SEGUIMENTO
Para seguimento, recomenda-se estabilizar demais comorbidades do paciente,
suporte domiciliar e social adequados, fazer o paciente entender a prescrição e
orientá-lo quanto ao correto uso dos medicamentos.
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QUESTÕES
1) Homem, 66 anos, tabagista de longa data, apresenta quadro de queda do estado geral,
tosse produtiva com expectoração purulenta, dispneia aos pequenos esforços, febre,
cianose de extremidades e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax.
Radiografia de tórax mostra hiperinsuflação pulmonar com área de hipotransparência
em base direita e aumento de ventrículo direito. A gasometria arterial mostra hipóxia
e hipercapnia e há policitemia no hemograma. O diagnóstico provável é o de DPOC,
pneumonia e cor pulmonale, a esse respeito, pode-se afirmar:
REFERÊNCIA
VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de Emergência: abordagem prática. 13ª edição,
Manole, 2019.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
Gabarito:
1) B
2)A
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Capítulo 3
Conduta no Abdome Agudo
Dr. Fábio Colagrossi
INTRODUÇÃO
Síndrome dolorosa abdominal aguda que leva o doente a procurar um médico ou
serviço de emergência e requer tratamento imediato ou cirúrgico. Não tratado, evolui
com piora dos sintomas e progressiva deterioração do estado geral.
ETIOLOGIA
Qualquer órgão intra ou extra peritoneal;
Pode acontecer em vísceras previamente normais, ou por agudização de doenças
crônicas;
Período crítico de dor classicamente é de 6h, mas pode ser de 1 à 72h;
OBS: Trauma abdominal NÃO é abdome agudo é uma entidade à parte, desencadeado
por mecanismos diferentes. Temos uma classificação em trauma abdominal fechado ou
penetrante.
CLASSIFICAÇÃO
1. INFLAMATÓRIO
É o mais comum;
Paciente apresenta quadro arrastado, geralmente demora para chegar ao Pronto-Socorro;
Dor visceral que evolui para dor parietal;
Muitas vezes acompanhado de náuseas, vômitos e hiporexia;
Pode ter febre, mas geralmente não é de apresentação precoce, costuma ser tardia.
2. OBSTRUTIVO
Paciente com obstrução intestinal, principalmente por Bridas e Aderências, mas
também, pode ser por tumor de cólon, volvo, intussuscepção, íleo biliar, hérnia inguinal.
No geral, é um paciente que tem como quadro clínico a presença de vômitos, parada de
eliminação de fezes, distensão abdominal, dor tipo cólica e Raio X característico;
Características do Raio X de Abdome: Alças dilatadas, paredes espessas, presença de
níveis hidroaéreos, padrão de empilhamento de moedas.
3. PERFURATIVO
Principal causa é a perfuração de vísceras ocas, a associação mais comum é a úlcera
péptica perfurada;
Porém, pode ser uma perfuração por um corpo estranho, divertículo, etc;
Raio X de Tórax pode apresentar sinais de Pneumoperitônio;
Exame Físico: Abdome em tábua, chega ou procura rapidamente o Pronto-Socorro,
abordagem cirúrgica de emergência.
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4. VASCULAR (ISQUÊMICO)
Obstrução de vasos mesentéricos;
Principal causa: Embolia da Artéria Mesentérica Superior, mais comum em pacientes
cardiopatas;
Existe uma desproporção entre a clínica e o exame físico;
Pacientes extremamente graves e com alta mortalidade.
5. HEMORRÁGICO
Paciente apresenta sangue livre na cavidade abdominal;
É diferente de sangue dentro do estômago ou intestinos, isso configura Hemorragias
Digestivas;
Principais causas: Gravidez tubária rota, aneurismas, tumores hepáticos rotos, cisto de
ovários roto;
Há grandes chances do paciente chegar ao Pronto-Socorro chocado, choque do tipo
hipovolêmico, exige intervenção cirúrgica imediata, podendo ser necessário
hemotransfusão.
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico é clínico, e a dor é o principal sintoma;
Estímulo doloroso das vísceras ocas abdominais - Distensão ou Contração;
Anamnese detalhada;
Exame Físico completo.
ANAMNESE
Tipos de Dor
Dor Visceral pura ou verdadeira
Localização mal definida: Linha média do abdome, em cólica (Ex: Apendicite no
início);
Dor mediada pelo Sistema Nervoso Autônomo e conduzido pelo Plexo Celíaco, não tem
uma localização na parede abdominal clara, costuma ser uma dor vaga;
Apresenta fenômenos autonômicos: Náuseas, vômitos, diarreia, constipação sudorese
palidez.
Dor Referida ou Víscero-parietal
Quando ocorre a inflamação da víscera propriamente dita;
Dor aguda, mal definida;
Localização topográfica relacionada à víscera comprometida.
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Caracterização da dor
Caráter
Localização
Irradiação
Duração
Periodicidade
Intensidade
Fatores que antecedem
Fatores de melhora e piora
Antecedentes
História prévia: Abdome agudo pode ser consequência de doença crônica;
Cirurgias prévias: Bridas;
Medicamentos em uso: Anticoagulantes, anticoncepcionais, anti-inflamatórios;
Doenças associadas: DPOC, aterosclerose, diabetes, colagenoses;
Ginecológico: Atraso menstrual, leucorreia.
EXAMES COMPLEMENTARES
Laboratório
-Hemograma;
-Urina I (EAS- Elementos Anormais e Segmentos);
-Amilase/ lipase (Pancreatite);
Imagem
-Raio X (Tórax – PA, Abdome – em Pé ou em Decúbito lateral E com raios
horizontais). Confirma o diagnóstico no Abdome Agudo Obstrutivo e no Perfurativo;
-Ultrassom (Não é muito bom no Obstrutivo);
-Tomografia Computadorizada
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Exemplos de Falso Abdome Agudo
-Pleuropulmonares: Pneumonia, derrame pleura/pleurite;
-Cardíacas: IAM de parede inferior, pericardite constritiva;
-Geniturinárias: Infecção do trato urinário, litíase;
-Infecciosa: Herpes-zóster;
-Gastrointestinais: Gastroenterocolite aguda, febre tifóide, tuberculose peritoneal;
-Colagenases: Periarterite, Lúpus Eritematoso Sistémico;
-Metabólicas: Diabetes, saturnismo, porfiria aguda, uremia;
-Hematológica: Anemia Falciforme.
Situações Especiais
Idosos;
Crianças;
Gestantes;
Obesos;
Imunossuprimidos;
Desnutridos;
Corticoterapia;
Quimioterapia;
Antibioticoterapia (pode mascarar os sintomas);
Transplantados.
CONDUTA
Fase inicial: Diagnóstico difícil, tratamento fácil, recuperação rápida;
Fase tardia: Diagnóstico fácil, tratamento difícil, recuperação demorada.
Definir síndrome;
Conduta: Operar ou não?
QUESTÕES
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3) Paciente do sexo masculino com 87 anos comparece ao setor de urgência/emergência
com quadro de abdome agudo, com dor abdominal de forte intensidade de aparecimento
há uma hora. Apresenta como antecedentes o tabagismo, a estenose de carótida direita
(já submetido a implante de prótese), coronariopatia (submetido a angioplastia e
colocação de stent), amputação de membro inferior direito em virtude de trombose
arterial. O exame físico mostra abdome distendido, levemente doloroso à palpação
profunda (apesar da dor intensa que o paciente refere), sem sinais de irritação
peritoneal, RHA presentes e diminuídos, sem ascite. O principal diagnóstico sindrômico
a ser considerado neste caso:
A) Abdome agudo vascular.
B) Abdome agudo obstrutivo.
C) Abdome agudo inflamatório.
D) Abdome agudo perfurativo.
REFERÊNCIAS
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
GABARITO
1-B 2-C 3-A
30
Capítulo 4
Sedação, intubação e estabilização do paciente grave
Dr. Thiago Amorim
INTRODUÇÃO
Intubação endotraqueal ou orotraqueal (IOT) é um procedimento de suporte
avançado de vida onde é introduzido um tubo na traqueia (tubo endotraqueal) para
permitir a ventilação mecânica ou manual do paciente. É o método mais comum de IOT
atualmente por demandar menos tecnologia para realização. Videolaringoscopia, se
disponível, é o método de laringoscopia de escolha no departamento de emergência,
estando relacionado a menores taxas de intubação esofágica e a maiores taxas de
sucesso na primeira tentativa de intubação. Consiste no uso de equipamentos de vídeo
acoplados a uma lâmina de laringoscópio.
INDICAÇÕES
● Paciente incapaz de proteger a via aérea (Glasgow </= 8);
● Paciente com falhas de oxigenação ou de ventilação;
● Paciente em que a evolução clínica seja de possível agravamento das condições
da via aérea;
● Paciente se beneficiaria de uma intubação devido o manejo clínico para com sua
patologia de base (exemplo: paciente que necessite de sedação profunda para controle
de sua doença pode necessitar de intubação como forma de manter a perviedade e
proteção da via aérea).
PROCEDIMENTO
● Sequência rápida de intubação: método preferencialmente escolhido para maior
parte das intubações no departamento de emergência. Depende de sete passos
fundamentais (7 P’s)
● Preparação: consiste em monitorizar o paciente, escolher e preparar as
medicações, escolher e testar o laringoscópio, tubo endotraqueal com balonete, AMBU,
aspirador e seringa.
● Pré-oxigenação: deve-se fornecer oxigênio com a maior concentração disponível
ao paciente por no mínimo 3 minutos antes da indução/sedação, com o objetivo de
saturar o máximo, assim, possibilitando maior tempo de apneia após a indução. Existem
duas formas preconizadas de pré-oxigenação: Ambu (bolsa-válvula-máscara) com
reservatório ligado a fluxômetro de oxigênio a 15 litros por minuto e Bolsa não
reinalante com reservatório ligado ao fluxômetro de oxigênio completamente aberto.
31
● Pré-tratamento (Estabilização pré-intubação): identificar e corrigir possíveis
fontes de descompensação previamente ao procedimento. Exemplo: normalizar a
pressão arterial de pacientes hipotensos com uso de vasopressor/expansão volêmica.
● Posicionamento: a altura da cama deve corresponder à altura do processo xifóide
do médico que realizará a intubação. O paciente deve ser levado o mais próximo
possível da cabeceira da cama e deve-se elevar a cabeça do paciente de forma que o
processo mastóide fique na mesma altura do esterno. Essa elevação é feita com coxim
na região occipital do paciente. No caso de pacientes obesos, também se deve elevar o
tórax deles com auxílio de lençóis dispostos na região escapular.
● Paralisia (Sedação e analgesia): A sedo-analgesia eficaz minimiza a dor, reduz a
consciência e resistência, diminui a duração e aumenta a taxa de sucesso na realização
do procedimento.
● São os medicamentos normalmente utilizados no procedimento:
1. Analgesia:
● Fentanil (2 mcg/kg): Seu uso traz risco maior de hipotensão. É utilizada porque a
intubação é um procedimento doloroso e incômodo.
2. Hipnóticos: Indutores do sono.
● Etomidato (0,3 mg/kg (EV)): É uma medicação sem efeitos cardiovasculares
significativos, com rápido início de ação e com meia-vida curta, tornando-a ideal para o
uso no ambiente do departamento de emergência.
● Cetamina(1-2 mg/kg (EV)): tem efeito hemodinâmico baixo. Com seu uso, há
efeito broncodilatador, tornando-a a medicação de escolha no caso de broncoespasmo.
● Propofol(1,5-2 mg/kg (EV)): Tem efeitos vasodilatador e cardiodepressor; É a
medicação de escolha nas pacientes grávidas.
● Midazolam(0,3 mg/kg (EV)): Não é adequado em procedimentos de emergência;
seu uso deve ser restrito apenas ao caso de indisponibilidade das outras medicações
citadas, devido ao longo tempo de início de ação.
3. Bloqueadores neuromusculares: Entre as drogas apresentadas a seguir, não há
evidência de superioridade. Ambas são classe C na gravidez.
● Succinilcolina (1,5mg/kg (EV)); Contraindicações: Hipertermia maligna,
miopatias, Lesão ou desnervação muscular aguda, Doenças neuromusculares
progressivas, hipercalemia.
● Rocurônio (1mg/kg (EV)): É a droga de escolha para intubação em centros
cirúrgicos devido à possibilidade de reversão do seu efeito com sugammadex em casos
de falha da intubação. Seu uso é realizado na emergência nos casos de contraindicação
da succinilcolina.
32
devidamente pré-oxigenados podem receber múltiplas tentativas de intubação antes que
a saturação de oxigênio fique abaixo de 93 %. Se a saturação ficar abaixo desse limiar
durante a tentativa de intubação, deve-se interromper o procedimento para ventilar o
paciente.
● Pós-intubação: o paciente deve ser conectado ao ventilador mecânico com
ajustes personalizados a seu tamanho e patologia. Deve-se permanecer ao lado de
paciente nos momentos que se seguem ao procedimento, uma vez que a instabilidade
hemodinâmica pode ocorrer e requer correção precoce, como também deve ser realizado
o manejo de outras condições associadas e prescrição de sedação pós-intubação.
QUESTÕES
01. (UNIFESP 2015) Durante um assalto um jovem de 22 anos de idade sofre um
ferimento por arma branca em região cervical. Na sala de emergência apresenta
confusão mental, agitação, murmúrio vesicular simétrico com roncos bilateralmente, FR
28 ipm e Sat O2 92%, hematêmese e sangramento ativo pelo ferimento de 4cm
localizado no terço médio do músculo esternocleidomastoideo esquerdo. Pressão arterial
70x40 mmHg e FC 148 bpm. Escolha dentre as alternativas abaixo quais medidas
devem ser tomadas no atendimento inicial:
33
02.(UFRN 2010) Considerando-se o procedimento de intubação orotraqueal com
Protocolo de Sequência Rápida, em paciente criticamente enfermo, a sequência correta
dos procedimentos a serem realizados é:
REFERÊNCIAS
VELASCO, Irineu Tadeu; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; SOUZA, Heraldo
Possolo de; et al. Medicina de emergência: abordagem prática. [S.l: s.n.], 2019.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
GABARITOS:
1-E 2-C
34
Capítulo 5
Atendimento inicial da parada cardiorrespiratória
e cuidados pós-parada
Dr. Gilvan Júnior
INTRODUÇÃO
A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma emergência médica em que o paciente
tem uma interrupção repentina da função mecânica do coração e um consequente
colapso hemodinâmico, associado a ausência de respiração.
A sobrevivência a essa situação depende da rapidez no reconhecimento e início
imediato das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Quando tratada rápida e
efetivamente, a PCR pode ser reversível, podendo evoluir para óbito nos casos em que
essa postura não é adotada.
Dessa forma, para casos rapidamente reconhecidos e que têm a possibilidade do
retorno da circulação espontânea (RCE) pelas manobras de RCP o termo “parada
cardiorrespiratória” pode ser utilizado. Já em casos que evoluíram para óbito ou em que
a RCP não foi realizada, a classificação deve ser “morte súbita cardiovascular”.
EPIDEMIOLOGIA
A PCR acomete aproximadamente 6,5 a 8,5 milhões de pessoas no mundo ao
ano, nas quais cerca 50% delas têm menos de 65 anos. A maioria das PCRs ocorrem no
ambiente extra-hospitalar e, aproximadamente, 80% das que acontecem nesses locais
ocorrem em ritmos chocáveis (fibrilação ventricular – FV ou taquicardia ventricular
sem pulso – TVsp), demonstrando a importância do desfibrilador externo automático
(DEA) em locais fora dos hospitais. Já as PCRs ocorridas em ambiente intra-hospitalar
os ritmos mais frequentes são a assistolia e a atividade elétrica sem pulso (AESP), tendo
na maioria dos casos um pior prognóstico e baixa taxa de sobrevida.
A PCR é uma emergência cardiovascular de alta prevalência no mundo e possui
elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Alguns protocolos internacionais
padronizam e organizam os manejos com paciente em PCR, visando a redução da
mortalidade por essa ocorrência.
O prognóstico de paciente com PCR depende da condição do SNC, que está
atrelada ao rápido reconhecimento e à adequada RCP, que se realizada de forma
imediata pode duplicar ou triplicar as chances de sobrevivência a uma FV. Se esse ritmo
permanecer por 15 minutos, pode se agravar para uma assistolia. Cada minuto de um
ritmo chocável sem desfibrilação diminui em 10% a chance de sobrevivência, de modo
que após 12 minutos essa chance varia de 0 a 5%. Apesar da disseminação visando ao
atendimento básico de vida pelo leigo, apenas 45% deles iniciam a RCP, com o uso de
DEA em apenas 1% desses casos domiciliares e em 8% desses casos em ambientes
públicos.
35
ETIOLOGIA
Na maioria dos casos, a PCR é decorrente de patologias cardíacas,
principalmente infarto agudo do miocárdio pela doença arterial coronariana. Dentre as
causas metabólicas, a mais comum é a hipercalemia, observada muitas vezes em
pacientes com insuficiência renal. Esse distúrbio metabólico tem, na maioria das vezes,
a AESP como ritmo de parada. Ainda, um indivíduo eletrocutado também pode evoluir
com uma PCR por disritmias ou apneia, podendo cursar com FV ou assistolia.
Além disso, a hipotermia é uma causa que pode conduzir a qualquer ritmo de
parada, sendo necessárias medidas invasivas de aquecimento do paciente e de
ressuscitação prolongada. Vale ressaltar que o afogamento é acompanhado de
hipotermia, logo as medidas para resolução da hipotermia também se aplicam nos casos
de afogamentos.
Em alguns casos, a PCR é desencadeada por uma condição aguda, em que não
adianta fazer a RCP se o motivo da parada não for resolvido. As principais causas
dessas PCR reversíveis são conhecidas como “5Hs e 5Ts” e devem ser lembradas tanto
em PCR com ritmos não chocáveis quanto em PCR prolongada. Os 5Hs reversíveis são
Hipovolemia, Hipóxia, Hiper/Hipocalemia, Hidrogênio (H+) – acidose - e Hipotermia.
Já os 5Ts, são Trombose coronariana (infarto agudo do miocárdio), Tromboembolismo
pulmonar, Tóxicos (intoxicação exógena), Tamponamento cardíaco e Tension
Pneumothorax(pneumotórax hipertensivo). Tais condições necessitam de medidas além
da RCP de alta qualidade.
CLASSIFICAÇÃO
● Ritmos cardíacos encontrados nas paradas cardiorrespiratórias
36
Na pseudo-AESP, há contração cardíaca, mas não há pulso. Ela produz
taquicardia com ondas P e QRS estreito e deve ser considerada como um retorno da
circulação espontânea. Sugere causas mecânicas, indicando avaliação ultrassonográfica
para suspeita de tromboembolismo pulmonar, tamponamento cardíaco, pneumotórax
hipertensivo e hipovolemia, sendo a última a causa mais prevalente. Seu manejo deve
priorizar expansão volêmica ou uso de vasopressores e inotrópicos antecedendo a
avaliação ultrassonográfica.
Já na AESP verdadeira, na qual não há contração mecânica nem há pulso, ocorre
bradicardia com QRS largo e ausência de ondas P, sugerindo causas metabólicas, como
hipercalemia e intoxicação por bloqueador de canal de sódio, tendo a administração de
cloreto de cálcio e de bicarbonato de sódio uma boa resposta.
A assistolia é a completa cessação da atividade elétrica miocárdica. Geralmente
é o estágio final de uma PCR não tratada ou refratária. Ao se deparar com uma
assistolia, deve-se confirmar a ausência de qualquer ritmo, checando cabos e conexões e
mudando a derivação disposta no paciente. Após essa checagem, inicia-se RCP de alta
qualidade e administração de drogas.
FISIOPATOLOGIA
Fases da PCR
- Fase elétrica: São os primeiros 4 a 5 minutos da PCR, o início da parada. Nessa
fase, faz-se necessária a desfibrilação e a RCP de qualidade para melhorar a
sobrevivência do paciente.
CLÍNICA
O diagnóstico da PCR deve ser rapidamente realizado e a apresentação clínica
dessa fatalidade compreende três parâmetros: responsividade, respiração e pulso.
Através de estímulo verbal e tátil, como falar de forma firme e dar batidas vigorosas nos
dois ombros do paciente, a responsividade é testada. Se não obtiver resposta, a vítima
pode ser considerada em estado grave, devendo o socorrista pedir ajuda médica de
emergência. O próximo ponto de checagem é a respiração. Se o paciente não apresentar
movimentação de tórax ou abdome, deve-se checar a possibilidade de obstrução de via
aérea, realizando hiperextensão da cabeça e elevação do mento ou, em casos de trauma,
a elevação da mandíbula. Em seguida, inicia a checagem de pulso carotídeo ou femoral,
37
que deve durar no máximo 10 segundos. Após todas essas checagens, se obtiverem
resultado negativo, o diagnóstico de PCR é efetuado e as manobras de suporte básico de
vida devem ser iniciadas.
EXAMES COMPLEMENTARES
Amostras sanguíneas para coleta de eletrólitos podem ser usadas para descartar
causas reversíveis de PCR, por exemplo a hipo/hipercalemia. Entretanto, em caso de
suspeita a terapia deve ser iniciada de forma empírica. Outros exames podem ser feitos
após a ressuscitação bem-sucedida para confirmação de diagnóstico.
O uso do ultrassom point-of-care (POCUS) pode ser usado em pacientes em
PCR, principalmente devido à facilidade e à rapidez na identificação de causas
reversíveis de parada, como a tromboembolismo pulmonar. Entretanto, o uso desse
aparelho aumenta as interrupções nas compressões, podendo prejudicar a RCP de alta
qualidade.
Para tentar amenizar o problema das interrupções, foi criado o Cardiac Arrest
Sonographic Assessment (CASA). Ele consiste em 3 avaliações feitas no momento de
checagem de pulso do paciente e devem durar menos de dez segundos. A primeira
avaliação tenta identificar tamponamento cardíaco; a segunda, tromboembolismo
pulmonar; e a terceira, presença ou ausência de atividade mecânica cardíaca. Durante
essas avaliações, pode haver a investigação de pneumotórax hipertensivo e, em casos de
suspeita, aneurisma de aorta abdominal.
O uso de parâmetros fisiológicos para monitorar e melhorar a qualidade da RCP,
além de guiar a terapia vasopressora e detectar a RCE é bastante positivo.
38
retorno da circulação espontânea. Essa monitorização é o padrão-ouro para a verificação
do correto posicionamento do tubo após tentativa de IOT.
TRATAMENTO
MANOBRAS E PROCEDIMENTOS
Compressões torácicas
A compressão torácica é uma técnica demasiadamente importante para a
circulação sanguínea do paciente em PCR. O início rápido de compressões de alta
qualidade demonstra-se como a intervenção mais importante para que ocorra o RCE e a
recuperação neurológica. Por esse motivo, a American Heart Association (AHA) em sua
última publicação, reorganizou a sequência de “ABC” para “CAB”.
A AHA recomenda uma RCP com 100 a 120 compressões/minuto com
profundidade de 5-6 cm em posição supina sobre superfícies rígidas. Acima de 120
compressões/minutos existe um aumento da chance de ocorrer uma inadequada
profundidade torácica, bem como uma profundidade maior que 6 cm se associa a um
aumento de lesões torácicas.
As compressões devem ser minimamente interrompidas, tendo em vista que
podem reduzir o fluxo sanguíneo e a perfusão orgânica, além disso após a interrupção, é
necessário cerca de um minuto de RCP de alta qualidade para restabelecer a pressão
coronariana e tecidual adequadas.
Na ausência de uma via aérea avançada, devem ser realizadas 30 compressões a
cada 2 ventilações. Quando estabelecida uma via aérea avançada, as compressões
devem ocorrer contínua e simultaneamente às ventilações, as quais são feitas a cada 6
segundos.
Mesmo executando as compressões de maneira adequada podem ocorrer
complicações, como fratura de arcos costais ou do esterno, contusão pulmonar ou
miocárdica, pneumotórax, derrame pericárdico e laceração hepática ou esplênica.
Desfibrilação
A desfibrilação elétrica tem como objetivo a interrupção da fibrilação e a
restauração do ritmo sincronizado do miocárdio a partir do nó sinusal.Durante o
atendimento pré-hospitalar, utiliza-se o desfibrilador automático externo (DEA). Ele é
utilizado de forma fácil, podendo ser usado por socorristas leigos. Analisa o ritmo
automaticamente e indica se é necessária a aplicação do choque ou não.
Assim que o DEA estiver presente na situação de um paciente em PCR, deve-se
analisar o ritmo do paciente. Em caso de ritmo chocável, a desfibrilação deve ser
realizada o mais rápido possível, com interrupção da RCP apenas no momento do
39
choque. Vale ressaltar que é muito importante que não haja ninguém em contato com o
paciente durante o choque, pois a corrente pode induzir a fibrilação ventricular em outro
indivíduo. Em pacientes molhados e com muitos pelos deve ser realizada,
respectivamente, a secagem e a tricotomia dele, já em pacientes com marca-passo, é
preciso manter pelo menos 12,5 cm de distância entre as pás e o dispositivo.
Vias aéreas
A abertura da via aérea em casos de pacientes em parada respiratória ou com
necessidade de ventilação deve ser feita de maneira adequada. Em indivíduos com
história de trauma, a manobra recomendada é a “jawthrust”, que consiste em elevar a
mandíbula para frente pelo ângulo da mandíbula, pois abre a via aérea com a cervical
estável. Caso não haja história de trauma, deve-se realizar a manobra “headtilt-chinlift”,
que é a elevação do queixo e extensão da cabeça. Após essas manobras, deve-se avaliar
a cavidade oral para identificar se não há a obstrução da via aérea pela presença de
secreções ou de corpo estranho.
Acesso venoso
A colocação de acessos venosos durante a PCR pode gerar diversas interrupções,
o que pode prejudicar uma RCP de alta qualidade. Entretanto, em muitos casos, é
necessária a administração de medicamentos ou volume para correção de possíveis
causas reversíveis.
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Medicações durante a parada cardiorrespiratória
41
No ambiente intra-hospitalar, o primeiro passo é a prevenção da PCR, contando
com um sistema de vigilância ao paciente. Caso ocorra a PCR, ela é reconhecida,
devendo ser solicitado o atendimento do SME. Após solicitado, deve-se iniciar RCP
imediata de alta qualidade e assim que disponível é necessária a realização de rápida
desfibrilação. Depois deve ser oferecido o suporte avançado de vida, bem como
cuidados pós-PCR.
Checagem de pulso
A checagem de pulso,
carotídeo ou femoral, deve ser
realizada em até 10 segundos no
atendimento inicial para
diagnóstico e após 2 minutos ou 5
ciclos de compressões e
ventilações
42
cérebro, evitando isquemia e anoxia. Ela é composta por compressões torácicas na
metade inferior do esterno, na velocidade de 100-120 compressões/minuto,
profundidade de 5 a 6 cm, permitindo a expansão do tórax do paciente após a
compressão e minimizando interrupções. Além disso, ventilações também compõem a
RCP, as quais devem ser realizadas duas após 30 compressões.
43
Situações especiais de parada cardiorrespiratória
Gestantes, a presença de paciente gestante é um evento raro e ocorre, na maioria
dos casos, por causa de traumas. É de extrema importância o adequado posicionamento
da gestante em decúbito lateral esquerdo ou o deslocamento lateral para a esquerda do
útero, aumentando o débito cardíaco e a chance de RCE, tendo em vista que ocorre a
compressão aortocaval pelo útero gravídico. Após 4 minutos de RCP sem RCE em
gestantes a partir da 23ª semana de gestação, indica-se a cesárea perimortem, realizada
sem a paralisação da RCP, pois tal medida apresenta melhores chances de RCE à mãe e
melhores chances de sobrevivência ao feto.
CUIDADOS PÓS-PCR
INTRODUÇÃO
O manejo pós-PCR tem foco sobre várias condições simultaneamente, por
exemplo a determinação da causa da PCR e o tratamento correto, a minimização da
lesão cerebral e o controle da disfunção cardiovascular e dos problemas consequentes a
lesão induzida por isquemia-reperfusão.
O manuseio hemodinâmico do choque que geralmente ocorre após o RCE é
complexo e apresenta a síndrome pós-PCR, que são vários processos fisiopatológicos
envolvidos. A combinação entre estresse oxidativo, trombose de microcirculação,
sobrecarga adrenérgica, liberação de citocinas e lesão miocárdica de
isquemia-reperfusão podem gerar disfunção cardíaca secundária.
A identificação rápida e adequada das características hemodinâmicas de choque
após a PCR é fundamental para um manejo individualizado adequado, tendo relevância
no prognóstico do paciente.
Durante as primeiras seis horas pós-PCR é necessária a adequação da
oxigenação e da ventilação e, também, da correção de anormalidades eletrolíticas. Com
a intenção de melhorar o desfecho, deve-se identificar a causa da PCR e iniciar o
tratamento adequado durante a ressuscitação.
Determinação da causa e da extensão da lesão pós-parada cardiorrespiratória
CLÍNICA
A história clínica deve ser colhida de qualquer pessoa que tenha testemunhado a
PCR, já que na maioria das vezes o paciente fica em estado comatoso após a
ressuscitação. A avaliação clínica do paciente deve ser feita por meio do ABC (vias
aéreas, respiração e circulação).
Exame neurológico
Esse exame realizado de forma básica tem como objetivo determinar a causa
base da PCR. Ele é útil para obter uma informação prognóstica inicial que será
melhorada no futuro. Alguns reflexos neurológicos necessitam de exame como
fotomotor, consensual corneopalpebral, oculocefálico, drive respiratório e tosse. A
escala de coma de Glasgow faz parte da avaliação inicial, chamando a atenção para a
44
resposta motora, a qual apresenta correlação com desfechos neurológicos. Os achados
assimétricos nesses exames indicam lesões intracranianas.
DIAGNÓSTICO COMPLEMENTAR
Eventos cardíacos primários são as causas mais comuns de PCR. Um
Eletrocardiograma logo após o RCE é obrigatório.
O raio X de tórax é útil na avaliação de condições pleuro-pulmonares
associadas e para confirmação do posicionamento adequado da cânula orotraqueal. A
ultrassonografia point of care pode ser usada também na complementação diagnóstica
pós-PCR. Há recomendação ainda para a realização de tomografia de crânio em
pacientes pós-PCR, tendo em vista que uma pequena porcentagem apresenta hemorragia
intracraniana.
Após RCE, com intenção de definição da causa e avaliação da extensão da lesão
tecidual induzida pela PCR, tais exames são indicados: Gasometria arterial,
eletrólitos, hemograma e coagulograma, troponina, lactato, estudos toxicológicos
específicos e funções renal e hepática.
TRATAMENTO
Manejo do sistema respiratório
A primeira intervenção tem como objetivo assegurar a via aérea. Em relação a
ventilação mecânica, deve-se ter cuidado para evitar tanto a hipóxia e a acidose quanto
hiperventilação e hiperóxia, as quais podem ser bastante prejudiciais ao indivíduo. Em
se tratando de capnografia, é interessante ressaltar que a resposta fisiológica
cerebrovascular à PaCO2 se mantém no contexto pós PCR, logo é importante ajustar a
ventilação para mantê-la entre 40 e 45 mmHg, ou seja, em normocapnia.
Manejo hemodinâmico
Alguns estudos em pacientes pós-PCR evidenciaram que níveis adequados de
pressão arterial média (PAM) se associam a maior compatibilidade entre perfusão
regional cerebral e atividade metabólica. Contudo, a autorregulação do fluxo sanguíneo
cerebral é comprometida no pós-PCR e a perfusão cerebral diminui em níveis de PAM
abaixo de 80 a 100 mmHg. Dessa forma, manter a PAM acima do valor citado vai
otimizar a perfusão cerebral e acima de 65 mmHg vai reverter o quadro de choque.
Em alguns serviços, há indicação de cateterismo cardíaco de emergência a todos
os pacientes em PCR extra-hospitalar por causa da alta incidência de doença
coronariana nesses indivíduos.
Em paciente com progressiva instabilidade hemodinâmica secundária a choque
cardiogênico, com níveis ascendentes de troponina ou com hipocontratilidade segmentar
à ecocardiografia, a coronariografia de emergência é indicada.
45
Controle ativo de temperatura
Lesão neurológica é a principal causa de óbito em pacientes que tiveram PCR
extra-hospitalar. Diversos estudos evidenciam que o controle da temperatura nas
primeiras horas de RCE otimizam os desfechos neurológicos. Esse controle se trata da
hipotermia terapêutica, mantendo a temperatura central entre 32 e 34ºC, e do controle
ativo de temperatura, o qual tende a manter a temperatura central abaixo de 36ºC. É
extremamente importante que a hipertermia seja evitada no pós-PCR. Vale ressaltar que
o uso da hipotermia terapêutica não deve ocorrer em caso de sangramento ativo em
sítios não compressíveis.
Após o uso de hipotermia terapêutica deve ser feito o reaquecimento do
paciente, por meio de cobertores térmicos, precisando ocorrer de forma lenta e
progressiva, estando sujeito a efeitos adversos em casos de taxas mais rápidas.
46
QUESTÃO
Paciente de 50 anos, hipertenso e diabético foi admitido em leito monitorizado
por suspeita de síndrome coronariana aguda. Foram iniciadas as medidas adequadas,
porém paciente evoluiu para parada cardiorrespiratória em fibrilação ventricular.
Imediatamente o paciente recebe desfibrilação. A conduta a ser tomada a seguir é:
REFERÊNCIAS
1. Medicina de emergência: abordagem prática/ professor titular e coordenador
Iríneu Tadeu Velasco; editor chefe Rodrigo Antonio Brandão Neto; editores Heraldo
Possolo de Souza ... [et al.]. - 13. ed., rev., atual. e ampl. - Barueri [SP]: Manole, 2019.
2. Bernoche C, Timerman S, Polastri TF, Giannetti NS, Siqueira AWS, Piscopo A
et al. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados de
Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. ArqBrasCardiol. 2019;
113(3):449-663
3. FALCAO, Luiz Fernando dos Reis; FEREZ, David; AMARAL, José Luiz
Gomes do. Atualização das diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar de interesse ao
anestesiologista. Rev. Bras. Anestesiol., Campinas, v. 61, n. 5, p. 631-640, Oct. 2011.
Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-7094201
1000500013&lng=en&nrm=iso>. accesson 18 May 2020.
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-70942011000500013.
4. Destaques das Atualizações Focadas em Recomendações de 2018 da American
Heart Association para RCP e ACE: Suporte Avançado de Vida Cardiovascular e
Suporte Avançado de Vida em Pediatria.
5. Destaques da American Heart Association 2015. Atualização das Diretrizes de
RCP e ACE.
6. PAZIN-FILHO, Antonio; SANTOS, Jose Carlos dos; CASTRO, Renato Barroso
Pereira de; BUENO, Claudia Dizioli Franco; SCHMIDT, Andre. Parada
cardiorrespiratória (PCR). Medicina, Ribeirão Preto, 36: 163-178, abr./dez. 2003.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
47
Capítulo 6
Injúria Renal Aguda
Dra. Nara Martins
INTRODUÇÃO
Injúria renal aguda (IRA) ou lesão renal aguda é definida como uma perda súbita
e rápida (horas ou poucos dias) e potencialmente reversível do ritmo de filtração
glomerular (TGF), com consequente retenção de substâncias do metabolismo
nitrogenado, como uréia e creatinina plasmáticas, e outros produtos excretados pelos
rins, além de promover redução da diurese. A IRA é uma síndrome frequente em
pacientes admitidos no departamento de emergência (DE), hospitalizados e críticos.
A IRA afeta duas das principais funções dos rins que são excreção e manutenção
do equilíbrio acidobásico e hidroeletrolítico. Dessa forma, sua sintomatologia, em
grande parte, é decorrente da perda dessas duas funções. Sua incidência varia com base
nos critérios diagnósticos utilizados e deve ser interpretada com cuidado.
Devido a heterogeneidade das etiologias, da gravidade da apresentação e das
comorbidades, o diagnóstico é frequentemente complexo, requer admissão hospitalar e
frequentemente em UTI e associa-se a longa permanência hospitalar e desfechos
desfavoráveis de curto e longo prazo com altas taxas de morbidade e mortalidade. Para
reduzir essas taxas, deve-se realizar medidas para evitar a progressão da IRA e
desenvolvimento de complicações. Uma medida capaz de otimizar o diagnóstico
diferencial e os mecanismos que ocasionam a IRA é a utilização combinada da
classificação clínica com a dosagem de biomarcadores.
IRA CLÍNICA
A definição, o diagnóstico e o estadiamento da IRA dependem de variáveis que
estimam a taxa de filtração glomerular (TFG) através de biomarcadores como a
creatinina sérica. São utilizados 3 métodos para classificar a IRA clínica (Tabela 1):
● RIFLE: trata-se de um acrônimo de progressão de gravidade (risco, lesão,
falência) - que utiliza os níveis séricos de creatinina e o débito urinário - e de desfecho
(perda de função, doença renal estágio final) – que remete a duração da perda de função
renal. Essa classificação considera a alteração da função em relação ao basal, avaliando
o aumento da creatina sérica de >50% a desenvolver ao longo de 7 dias.
● AKIN (Acute Kidney Injury Network): acrescenta uma correlação temporal na
definição da IRA. Evidências sugerem que mesmo pequenos aumentos na creatina
sérica, como uma elevação de 0,3 mg/dL ou >50% a desenvolver ao longo de 48 horas,
estavam associados como fator de risco independente para o óbito. Assim, piora de
creatinina acima de determinado limite em uma dimensão cronológica de 48 horas
definia IRA.
● KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes): considera uma
elevação da creatinina sérica dentro de 48 horas ou um declínio na TFG ao longo de 7
dias. Corresponde a uma junção dos dois critérios anteriores com o intuito de
padronizar a definição e a classificação da IRA.
48
IRA SUBCLÍNICA
49
tubular proximal. Ao contrário da creatinina, não é excretada via secreção tubular.
Assim, os níveis urinários elevados refletem a incapacidade dos túbulos contorcidos
proximais em reabsorver essa proteína, portanto, lesão a esse epitélio. Sua concentração
sérica varia conforme a TGF e torna-se detectável em circunstâncias nas quais a
creatinina não se elevaria (TGF 60-90 ml/min).
● KIM-1 (kidney in jwy molecule-1): glicoproteína de membrana detectável na
urina da IRA, circunstância em que a molécula pode facilitar o remodelamento do
epitélio lesado pelo aumento da fagocitose de células apoptóticas.
EPIDEMIOLOGIA
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
A taxa de filtração glomerular normal é mantida em parte pela regulação de
arteríolas aferentes e eferentes. Situações de hipovolemia ou de redução do débito
50
cardíaco desencadeiam alterações compensatórias. Essa compensação é feita,
basicamente, por dois mecanismos: vasodilatação das arteríolas aferentes e
vasoconstrição das arteríolas eferentes.Entretanto, a autorregulação renal geralmente
falha quando a pressão arterial sistólica é menor que 80 mmHg. Além disso, na
aterosclerose, hipertensão crônica e idade avançada essa autorregulação não é efetiva.
Alguns fármacos, também, podem afetar tais respostas. Entre eles, os AINEs (inibem a
síntese das prostaglandinas e limitam a vasodilatação aferente renal) e os inibidores da
ECA e os antagonistas do receptor da angiotensina (limitam a vasoconstrição eferente
renal). Assim, pacientes com baixo fluxo renal sofrem risco à administração desses
fármacos, como aqueles com ICC descompensada, nefropatia crônica e cirrose hepática.
FISIOPATOLOGIA
LRA ASSOCIADA A SEPSE
As reduções da taxa de filtração glomerular associadas à sepse podem ocorrer
mesmo quando não há hipotensão. Embora haja lesão tubular nítida nos casos de LRA
associada à sepse, outros fatores devem ser considerados na fisiopatologia, como
inflamação, disfunção mitocondrial e edema intersticial. Na sepse, há uma vasodilatação
arterial generalizada mediada por citocinas que intensificam a expressão do óxido
nítrico (NO) nos vasos sanguíneos. Esse efeito hemodinâmico pode reduzir a taxa de
filtração glomerular. Os mecanismos envolvidos são a vasodilatação arteriolar eferente
e a vasoconstrição renal. A sepse pode, ainda, causar lesão endotelial, que acarreta
trombose microvascular, ativação de radicais livres e migração de leucócitos. Com isso,
há lesão das células dos túbulos renais.
51
causar injúria renal aguda especialmente em casos de doença renal crônica, idade
avançada, sepse, exposição a fármacos vasoativos ou nefrotóxicos, rabdomiólise e
estados inflamatórios sistêmicos.
FISIOPATOLOGIA
Durante as primeiras horas após a obstrução, há um aumento súbito da pressão
intratubular, que promove uma produção de prostaglandinas pelo parênquima renal.
Essas substâncias causam a vasodilatação das arteríolas aferentes, caracterizando o
período inicial de hiperemia. Entretanto, esse período é seguido por uma vasoconstrição
intrarrenal devido às sínteses de angiotensina II, tromboxano A2 e vasopressina e à
redução dos níveis de NO. Isso leva à diminuição da taxa de filtração glomerular, que,
se for persistente, resultará em nefropatia obstrutiva.
CLÍNICA
Uma história clínica e exame físico cuidadosos são importantes na avaliação de
pacientes com suspeita de IRA. Fatores de risco para IRA devem ser lembrados no
atendimento: doença renal crônica, insuficiência cardíaca, cirrose hepática, doença
pulmonar crônica e diabetes.
52
Anamnese deve atentar para:
● Antecedentes:
▪ Doença renal crônica de qualquer etiologia cardiovasculares (diabetes,
hipertensão, idade avançada)
▪ Redução de volemia efetiva e/ou edema (insuficiência cardíaca, cirrose
hepática, desidratação, diuréticos, IECA ou ARA-II)
▪ Condições crônicas (autoimunes, pneumopatias, câncer, mieloma, anemia,
hipoalbuminemia, icterícia)
● Circunstâncias de aparecimento da IRA:
▪ Contexto patológico (uso de medicamentos nefrotóxicos, infecções, cirurgias,
traumatismos, contato com tóxicos diversos, gestação);
▪ Existência ou não de dores relacionadas aos rins e às vias urinárias;
▪ Vômitos, diarreia, excesso de diuréticos, idosos em períodos de intenso calor
(pré-renal).
53
Tabela 2 Renal angina index .
EXAMES COMPLEMENTARES
ANÁLISE DA URINA
Hematúria
O aumento no número de hemácias eumórficas sugere hematúria de origem no
trato urinário baixo. Já o aumento de hemácias dismórficas indica hematúria de origem
glomerular. Se não apresenta hemácias, sugere nefropatia por pigmento, indicando
mioglobinúria ou hemoglobinúria. Se não apresenta hemácias, porém há a presença de
cilindros granulosos (característicos de pacientes com lesão tubular aguda), é uma
possível nefrite intersticial aguda, vasculite, glomerulonefrite.
Leucócito esterase
Leucocitúria e Cilindros leucocitários indicam infecção urinária, nefrite
intersticial aguda ou glomerulonefrite.
Proteinúria
Quando a relação Proteína urinária/Proteína creatinina é maior que 2g/24 horas,
trata-se de proteinúria de origem glomerular.
54
Creatinina sérica
A creatinina sérica é habitualmente solicitada em conjunto com a ureia.
A relação uréia/creatinina superior a 40 é sugestiva de IRA pré -renal e de
melhor prognóstico.
Há diversos fatores que interferem nos níveis séricos de ureia, por exemplo, a
nutrição (ingestão de proteínas e catabolismo), sangramento gastrointestinal e
corticosteróide (elevam a ureia) e hepatopatia avançada (reduzem a ureia). A creatinina,
por sua vez, é afetada por massa muscular, idade, raça e gênero.
Métodos de Imagem
A ultrassonografia (USG) renal com doppler é um exame de grande utilidade na
avaliação da IRA. Alterações parenquimatosas renais podem ser facilmente distinguidas
pelo ultrassom, com o achado de aumento da ecogenicidade, com especificidade de
96%. Outra utilidade da USG é na IRA pós-renal. A sensibilidade do exame é de 100%
quando há hidronefrose de moderada a importante. A utilização do Doppler é útil ao se
avaliar a velocidade de fluxo sanguíneo por meio do índice de resistividade. Níveis
elevados do índice de resistividade são encontrados em obstrução, sepse e síndrome
hepatorrenal.
TRATAMENTO
A princípio, é fundamental buscar e tratar a etiologia da LRA, enquanto os
sintomas são revertidos. Assim, é importante coletar rapidamente amostras de sangue e
de urina para facilitar o diagnóstico. Pacientes com achados mais graves devem ser
imediatamente conduzidos para a sala de emergência, com monitorização, acesso
venoso e coleta de exames. Pacientes com achados de LRA pré-renal, devem passar por
restauração volêmica, identificação e tratamento da causa do quadro.
Hipovolemia
É recomendada a infusão de cristaloides para a normalização do volume efetivo
circulante. Em choques traumáticos, a transfusão de hemácias está indicada. Se não for
possível atingir pressão arterial média ideal após a expansão com fluidos, deve-se
iniciar o uso de drogas vasopressoras.
Hipervolemia
O uso de diurético pode ser considerado em paciente oligúrico com significativa
hipervolemia. Todavia, não se recomenda para paciente anúrico. O fármaco indicado é
furosemida IV, inicialmente com dose de 1 a 1,5 mg/kg e, posteriormente, caso o
paciente tenha uma diurese satisfatória, na dose de 10 a 40 mg/hora, em bomba de
infusão contínua.
55
Hiperpotassemia
Esse distúrbio pode ser tratado com cálcio, inalação com β-agonista, soluções
polarizantes, furosemida, bicarbonato de sódio e diálise
Acidose metabólica
Em pacientes com LRA, oligúria, hipervolemia e pH < 7,10, é indicada a diálise.
Em geral, é recomendado bicarbonato de sódio oral e/ou intravenoso.
SEGUIMENTO
A mortalidade dos portadores de IRA é bem variada, dependendo de suas
características (menor mortalidade nas IRA obstrutiva e pré-renal se comparadas à
renal), a idade dos pacientes (maior em idosos e lactentes) e presença de falência de
outros órgãos ou sistemas de forma associada. Há crescente interesse no efeito da IRA
no desenvolvimento de doença renal crônica em estágio final (end-stage renal disease -
ESRD). Acredita -se que otimizar o prognóstico de IRA acarretaria em menor
incidência de DRC e ESRD.
Um risco alarmante de 40% de óbito em 2 anos após alta de pacientes com IRA
foi observado em estudos. Assim, os guidelines do KDIGO recomendam seguimento
com nefrologista dentro de 90 dias após a IRA, o que reduz em 24% esse risco de óbito
em 2 anos.
QUESTÕES
1 - (PUC-2016) Mulher, 20 anos, primigesta, com história de infecção urinária de
repetição, chega à emergência com 26 semanas de gestação, inconsciente, acompanhada
pelo esposo, que relata febre de início recente, com náuseas, vômitos e diarreia. Ao
exame, PA = 80 x 40 mmHg; taquicárdica; pulsos finos; temperatura axilar de 37,8°C;
sudorética. Exames de pré-natal: creatinina 0,7 mg/dl, EQU normal e urocultura
negativa. Paciente evoluiu com anúria e creatinina de 1,4 mg/dl. A ecografia abdominal
evidenciou discreta dilatação pélvica e ureteral à direita; feto com vitalidade. A causa
mais provável da perda de função renal é ____________, e o tratamento indicado neste
momento é _______________.
A) Pré-renal – reposição de volume.
B) Pré-renal – pronto início de terapia renal substitutiva.
C) Renal – reposição de volume e diurético de alça.
D) Pós-renal – pielolitotomia.
E) Pós-renal – passagem de cateter duplo J.
56
2 - (UFPB-2020) Sobre a Insuficiência Renal Aguda, é correto afirmar:
A) A fração de excreção de sódio renal é maior que 1% na IRA pré-renal e menor
que 1% na IRA intrínseca.
B) A síndrome hepatorrenal é uma das causas de insuficiência renal aguda, que
comumente responde à expansão volêmica com cristalóide.
C) A normalização da pressão arterial na Hipertensão Arterial Maligna nas
primeiras 4h evita a instalação da insuficiência renal aguda.
D) Pacientes com azotemia pré-renal e ICC (“síndrome cardiorrenal”) podem
apresentar distensão venosa jugular, ritmo de galope, S3 e edema periférico e pulmonar.
E) Os pacientes com azotemia pré-renal devido à depleção de volume, geralmente,
demonstram hipotensão ortostática, taquicardia, baixa pressão venosa jugular e
membranas mucosas ressecadas e edema pulmonar.
REFERÊNCIAS
BENSEÑOR, Isabela M.; ATTA, Jose Antonio; MARTINS, Mílton de Arruda.
Semiologia clínica. [S.l: s.n.], 2002.
PORTO, CelmoCeleno. Exame Clínico - Bases para a Prática Médica. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara-Koogan, 2017.
Kasper, DL. et al. Harrison Medicina Interna. 19ª Edição. Porto Alegre: McGrawHill,
2017.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
GABARITO:
1- A
2- D
57
Capítulo 7
Emergências Hiperglicemicas
Dra. Patrícia Figueiredo
INTRODUÇÃO
As crises hiperglicêmicas ou diabéticas, incluindo na definição tanto a
Cetoacidose Diabética (CAD) quanto o Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar (EHH)
são emergências médicas e, como tal, colocam o paciente em risco de morte rápida se
não manejadas de forma adequada.
A CAD é caracterizada pela associação de hiperglicemia, acidose metabólica e
cetonemia. O EHH, pela tríade de hiperglicemia severa, aumento da osmolalidade
plasmática e desidratação.
EPIDEMIOLOGIA
A CAD representa de 4 a 9% das internações por diabetes mellitus (DM) e o
EHH representa menos de 1 % das internações por DM.
A mortalidade, no caso da CAD, reduziu muito desde o advento da insulina,
sendo atualmente menos que 1% na população adulta. Já o EHH, mais comum em
adultos mais velhos e com comorbidades, tem mortalidade de 10-20%.
ETIOLOGIA
As infecções são as causas etiológicas mais comuns para as emergências
hiperglicêmicas descritas, todavia há quadros que são mais frequentes em cada um dos
casos.
● CAD
● EHH
58
betabloqueadores, diuréticos tiazídicos, quimioterápicos e antipsicóticos). Adesão
inadequada ao tratamento e abertura do quadro de DM são fatores precipitantes
importantes, porém menos frequentes no EHH.
FISIOPATOLOGIA
● CAD
● EHH
CLÍNICA
Os dados da anamnese e do exame físico podem nos direcionar em um primeiro
momento para qual quadro de crise hiperglicêmica o paciente está evoluindo.
● CAD
O paciente frequentemente refere poliúria, polidipsia ou polifagia, associados a
astenia e perda ponderal, principalmente nos dias anteriores à instalação do quadro.
Náuseas e vômitos por gastroparesia são frequentes e contribuem para a espoliação do
paciente. Dor abdominal, principalmente em crianças, pode estar presente e ser intensa a
ponto de simular um abdome cirúrgico.
O paciente tipicamente se apresenta hipohidratado, taquicárdico e
hiperventilando (respiração de Kussmaul – respiração rápida e profunda), como resposta
à acidemia.
O hálito cetônico (cheiro de “maçã podre”) é característico. Alterações do nível
de consciência, incluindo o coma, podem ocorrer, especialmente com níveis muito
elevados de glicemia.
59
● EHH
Embora a história possa ser pobre ou ausente em alguns casos, a simples
presença de depressão do nível de consciência em um paciente idoso nos obriga a
pensar no diagnóstico de EHH. Em até 40% dos casos o diagnóstico de diabetes pode
não ter sido ainda estabelecido. Tipicamente há relato de desidratação progressiva ao
longo de vários dias, associado à pneumonia ou infecção urinária. O uso das drogas
anteriormente citadas ou mesmo à submedicação com insulina são fatores
potencialmente desencadeantes e devem ser questionados.
Sinais clínicos de desidratação intensa estão geralmente presentes. Hipotensão e
oligúria são manifestações de hipovolemia importante, com perda de 20 a 40% da água
corporal total. Infecção respiratória ou de outro sítio pode ser evidenciada pelo exame
físico cuidadoso. Distensão e dor abdominal com náusea e vômitos são comuns.
Convulsões focais ou generalizadas ocorrem em até 25% dos casos. O estado de
hemoconcentração e hiperviscosidade sanguínea predispõe a fenômenos
tromboembólicos, evidenciados por empastamento e edema de membros ou, na
presença de embolia pulmonar, pela dispneia e demais manifestações características.
EXAMES COMPLEMENTARES
Exame laboratorial:
- Embora o exame físico forneça informações valiosas para o discernimento da crise
hiperglicêmica, os critérios diagnósticos são definidos por exames laboratoriais:
60
61
62
57
.
63
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO
SEGUIMENTO
Após resolução da crise diabética, todo paciente deve ter a prescrição ajustada
para insulina subcutânea. A primeira dose da insulina de ação lenta deve ser feita pelo
menos 2 horas antes da suspensão do protocolo IV, a fim de evitar hiperglicemia rebote
(já que a insulina IV tem meia vida muito baixa).
Se o paciente já fazia uso de insulina antes, pode-se retornar com a dose
habitual. Se não, o indicado é iniciar com 0,5 a 0,7 UI/kg/dia divididos em 50% para
insulina de ação lenta (uma vez ao dia) e 50% para insulina de ação rápida (divididos
entre antes do café, do almoço e do jantar).
É importante lembrar que pacientes com CAD/EHH costumam ser reincidentes,
com várias reinternações por novas crises. Então, é importante investir na prevenção dos
casos, especialmente com estratégias e educação e acompanhamento psicológico (para
reduzir a omissão da insulinoterapia ou outras condições como o abuso de álcool).
64
QUESTÕES
65
4) RESIDÊNCIA MÉDICA 2017(ACESSO DIRETO 1) HOSPITAL DE CÂNCER DE
MATO GROSSO – MT
– Durante o tratamento de uma criança com cetoacidose diabética, além da hidratação e
insulina, devemos nos preocupar com a reposição de:
A) Magnésio.
B) Potássio.
C) Cálcio.
D) Bicarbonato.
A) Hipocalcemia.
B) Hipercalemia.
C) Hipoglicemia.
D) Edema cerebral.
66
8) RESIDÊNCIA MÉDICA 2016(ACESSO DIRETO 1) FUNDAÇÃO BANCO DE
OLHOS DE GOIÁS – GO
– Paciente feminina, 15 anos, deu entrada no hospital com dispneia, mal-estar e grande
agitação. Sua respiração era ruidosa, com alta frequência e com hiperventilação. Em
seus exames, foi encontrada acidose metabólica bem como glicemia de 620 mg/dl.
Sendo, então, abordada como cetoacidose metabólica decorrente de primeira
manifestação clínica, assim hidratada e iniciada insulina. Após melhora inicial,
começou novo quadro, agora de rebaixamento de consciência e nova dificuldade
respiratória. Sendo suspeitada complicação cerebral. Aponte a alternativa contendo o
possível diagnóstico para esse quadro clínico:
REFERÊNCIAS
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
67
Capítulo 8
Síndrome Coronariana Aguda
Dr. Marcelo Cruz
INTRODUÇÃO/DEFINIÇÃO
A síndrome coronariana aguda (SCA) constitui um espectro de diagnósticos de
menor a maior risco iniciando na angina estável, progredindo por angina instável e IAM
sem supradesnivelamento de segmento ST até o IAM com supradesnivelamento do
segmento ST.
EPIDEMIOLOGIA
A doença do aparelho circulatório tem importância cada vez maior no Brasil.
Segundo levantamento do DATASUS de 2014 a 2016, doenças do aparelho circulatório
foram a principal causa de morte, representando 28% dos óbitos.
Além da mortalidade, esse grupo de doenças também representa um número
importante de internações no SUS. São 1.131.817 internações por ano, sendo que um
quarto delas são doenças isquêmicas e infarto agudo do miocárdio, 36.579 internações
por outras doenças do coração, 8.578 internações por doenças do aparelho circulatório e
7.265 internações por embolia pulmonar.
Não existem dados nacionais sobre o número de atendimentos por dor torácica
ou outros sintomas sugestivos de síndrome coronariana aguda (SCA) nas salas de
emergência. Estudos locais mostram que a dor torácica é uma das principais queixas de
procura ao departamento de emergência, representando 4,7% a 6,2% dos atendimentos.
ETIOLOGIA
Os fatores de risco clássicos para coronariopatia são hipertensão, diabetes,
dislipidemia, tabagismo e história familiar de coronariopatia precoce. No entanto, o
número de fatores de risco tem associação fraca com um episódio de dor no DE, então
sua valorização é questionável.
FISIOPATOLOGIA
Existem três mecanismos de instabilização de placa que levam à SCA sem
supradesnivelamento do segmento ST: ruptura de placa, erosão de placa e exposição de
nódulo calcificado.
68
Enquanto no infarto agudo transmural o principal mecanismo é a ruptura de
placa, no IAM sem supradesnivelamento de ST o principal mecanismo fisiopatológico é
a erosão de placa aterosclerótica, com 48% dos casos em um levantamento , seguida de
ruptura de placa com 32% dos casos e de nódulo calcificado com os 20% restantes. A
abertura da placa aterosclerótica expõe uma superfície trombogênica e libera o núcleo
necrótico, que contém micropartículas pró-trombóticas.
Em se tratando de IAM sem supra, ocorre uma desvitalização tecidual não
transmural, pois a coronária está sub-ocluída ou mesmo ocluída e existe a presença de
colaterais.
No caso da angina instável, existe desequilíbrio entre oferta e demanda,
ocasionando sintomas, mas não o suficiente para levar à necrose de cardiomiócitos.
Assim como no IAM sem supra, existem três mecanismos de instabilização de
placa que provocam IAM com supra. O mecanismo mais comum é a ruptura de placa
aterosclerótica (70% dos casos), seguida de fenômeno erosivo (25% dos casos) e por
último nódulo calcificado (5% dos casos).
CLÍNICA
A dor torácica típica é descrita como tendo duração de 10 a 20 minutos, com
localização retroesternal ou precordial, irradiação para ombro e face medial do braço
esquerdo. A dor pode ser em aperto ou queimação.
Além de dor torácica, são equivalentes anginosos dispnéia, náuseas e vômitos,
sudorese, hipotensão e síncope. Nenhuma combinação ou ausência de sinais e sintomas
é capaz de confirmar ou excluir completamente a Síndrome Coronariana Aguda.
O exame físico tem poucos achados em pacientes com suspeita de SCA sem
supra de ST. A ausculta cardíaca pode revelar um sopro sistólico devido à insuficiência
mitral isquêmica, que está associada a mau prognóstico.
EXAMES COMPLEMENTARES
O eletrocardiograma (ECG) pode mostrar sinais isquêmicos como alteração do
segmento ST e onda T, bloqueio atrioventricular, alterações dinâmicas entre ECGs
seriados e alguns padrões específicos de ECG isquêmicos, como Wellens e de Winter.
Pacientes com ECG completamente normal possuem baixa possibilidade de SCA, mas
não é excluída.
Já aqueles pacientes com alterações inespecíficas têm uma possibilidade de 9%
de terem uma SCA. O eletrocardiograma fornece pistas para alterações isquêmicas que
sugerem infarto oclusivo ou não oclusivo. A principal alteração que sugere infarto
oclusivo é o supradesnivelamento de segmento ST. O segmento ST é o trecho do ECG
entre o complexo QRS e a onda T.
No infarto sem supra (não oclusivo) ou angina instável, a isquemia leve pode se
manifestar como ondas T altas e apiculadas e é conhecida como isquemia
subendocárdica. Finalmente, o grau maior de isquemia leva a infradesnivelamento de
segmento ST, denominado lesão subendocárdica.
69
TRATAMENTO
SCA sem supra de ST
70
SCA com supra de ST
SEGUIMENTO
● Atividade física
● Dieta
● Cessação do tabagismo
● Controle glicêmico
● Controle do peso
● Controle de lipídeos e PA
71
QUESTÃO
UNIFESP (2015) Nos pacientes com Síndrome Coronária Aguda, assinale a alternativa
correta:
REFERÊNCIA
VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de Emergência: abordagem prática. 13ª edição,
Manole, 2019.
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
Gabarito: letra B
72
Capítulo 9
Paciente com sepse e choque séptico
Dr. Lucas Grangeiro
INTRODUÇÃO / DEFINIÇÃO
Sepse é uma síndrome clínica caracterizada por alterações biológicas,
fisiológicas e bioquímicas no hospedeiro, culminando em disfunção de órgãos e
sistemas, secundária à resposta inflamatória desregulada do hospedeiro a uma infecção.
EPIDEMIOLOGIA
A incidência de sepse nas unidades de terapia intensiva (UTI) do Brasil é de 36
por 1.000 pacientes/dia com mortalidade de cerca de 55%. A sepse é responsável por
mais de 80.000 internações em terapia intensiva ao ano. É uma das principais causas de
mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer.
As possíveis razões para o aumento de sepse no mundo incluem o maior número
de pacientes imunossuprimidos, o desenvolvimento de microorganismos
multirresistentes e o aumento da expectativa de vida da população.
ETIOLOGIA / CLASSIFICAÇÃO
A causa mais comum de sepse é a pneumonia. Estima-se que 48% dos pacientes
admitidos para internação com diagnóstico de pneumonia evoluem com sepse.
Cerca de 80% dos casos de sepse tratados no hospital surgem na comunidade e
os sítios mais comuns de infecção por sepse são os pulmões (64%), abdome (20%),
corrente sanguínea (15%) e tratos renais e geniturinários (14%).
O estudo SOAP relatou uma prevalência quase igual de infecções bacterianas
Gram-positivas (Staphylococcus aureus) e Gram-negativas (Pseudomonas e Escherichia
coli).
73
ETIOLOGIAS E QUADRO CLÍNICO INICIAL
FISIOPATOLOGIA
A sepse ocorre quando a liberação de mediadores pró-inflamatórios em resposta
a uma infecção excede os limites do ambiente local, levando a uma resposta
generalizada. Sepse, portanto, pode ser definida como uma inflamação intravascular
descontrolada, não regulada e autossustentável, que pode levar a lesão celular.
A causa da generalização é provavelmente multifatorial e pode incluir o efeito
direto dos microrganismos invasores ou de seus produtos tóxicos, por exemplo,
componentes da parede celular bacteriana (endotoxina, peptidoglicano e ácido
lipoteicóico) e bacterianos (enterotoxina estafilocócica B, toxina do choque tóxico – 1,
exotoxina A de Pseudomonas A e proteína M de estreptococos hemolíticos do grupo A);
a liberação de grandes quantidades de mediadores pró-inflamatórios, que incluem o
fator de necrose tumoral alfa (TNFa) e interleucina-1 (IL-1); e a ativação do
complemento. Além disso, alguns indivíduos podem ser geneticamente suscetíveis ao
desenvolvimento de sepse.
Lesão celular é o mecanismo precursor da disfunção orgânica na sepse. Os
mecanismos propostos para explicar a lesão celular incluem: isquemia tecidual, lesão
citopática (lesão celular direta, principalmente secundária a disfunção mitocondrial por
mediadores pró-inflamatórios e por outros produtos de inflamação) e aumento de
apoptose, inclusive de linfócitos.
74
CLÍNICA
Os pacientes com quadro de sepse geralmente apresentam taquicardia, febre e
leucocitose. Com a evolução do processo, sinais de choque e disfunção orgânica se
desenvolvem.
É importante ressaltar que a apresentação inicial da sepse é inespecífica e
devemos ficar atentos a alguns sinais e sintomas sugestivos de infecção, como
temperatura > 38,3 ou < 36°C; taquicardia (frequência cardíaca > 90 batimentos/min ou
mais de dois desvios-padrão acima do valor normal para a idade); taquipneia
(frequência respiratório > 20 respirações/min); pele quente nas fases iniciais da sepse
costuma estar presente.
O diagnóstico de sepse, do ponto de vista prático, é feito quando há aumento de
2 ou mais pontos no escore SOFA (SequentialSepsis-relatedOrganFailureAssesment).
EXAMES COMPLEMENTARES
Os exames laboratoriais podem ser úteis para determinar o foco infeccioso e
verificar a evolução do paciente. Exames recomendados incluem os níveis de lactato,
contagem de leucócitos, concentrações plasmáticas de proteína C-reativa ou
pró-calcitonina, bem como testes de função urinária, enzimas hepáticas e testes de
função e coagulação.
EXAMES LABORATORIAIS
75
Não há sinais radiológicos específicos para a identificação de sepse além
daqueles associados à infecção. A ultrassonografia point of care (USPOC) é de
fundamental importância nestes pacientes, pois orienta reposição volêmica e detecta
depressão sistólica ou diastólica cardíaca.
Devemos nos alertar para alguns exames utilizados para pesquisar foco
infeccioso, como 2 pares de hemocultura de punção diferentes, urina I e urocultura,
cultura de secreção traqueal, radiografia de tórax, ultrassonografia de abdome,
tomografia de tórax, líquor, tomografia de crânio.
O diagnóstico de sepse, do ponto de vista prático, é feito quando há aumento de
2 ou mais pontos no escore SOFA (SequentialSepsis-relatedOrganFailureAssesment).
ESCORE SOFA
76
suspeita de infecção. Ressalta-se que o qSOFA não pode ser utilizado para o diagnóstico
de sepse.
QSOFA
TRATAMENTO
A ressuscitação inicial do paciente séptico deve ser realizada com a rápida
restauração da perfusão orgânica e a administração precoce de antibióticos.
Os objetivos que devemos seguir no cuidado do paciente séptico: identificação
precoce de pacientes com risco de sepse, diagnóstico precoce de sepse, atendimento em
sala de emergência, monitorização não invasiva, suporte de oxigênio conforme
necessidade, antibioticoterapia precoce adequada, acesso venoso (obs.: a inserção de um
cateter venoso central não deve atrasar a administração de fluidos ou de antibióticos),
ressuscitação volêmica conforme necessidade, investigação de foco infeccioso e
transferência para unidade de internação ou unidade de terapia invasiva.
A antibioticoterapia deve ser iniciada precocemente, no máximo em uma hora, e
deve ser direcionada para o foco suspeito de infecção. Preferencialmente, após a coleta
de culturas. Alguns fatores que influenciam a decisão de antibioticoterapia empírica são:
foco de infecção, uso prévio de antibióticos, internação recente ou uso de serviços de
saúde, comorbidades a imunodepressão, dispositivos invasivos e padrões de resistência
locais.
77
Ademais, pode ser necessário ainda outros tratamentos dependendo da gravidade
do paciente, como por exemplo, oxigênio, soro e outros medicamentos para manter a
pressão arterial ou diálise se os rins pararem de funcionar. Um aparelho de respiração
artificial pode ser utilizado em caso de dificuldade respiratória grave.
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DROGAS VASOPRESSORAS NO CHOQUE SÉPTICO
SEGUIMENTO
A unidade de internação preferível para pacientes sépticos varia de acordo com
as características individuais, assim como a disponibilidade de leitos.
Pacientes com choque séptico ou em insuficiência respiratória com necessidade
de vasopressores ou de ventilação mecânica necessitam de internação em UTI. Já
pacientes sem choque e que respondem rapidamente a antibioticoterapia podem ser
transferidos com segurança para leito de internação. Pacientes limítrofes devem ter
avaliação cuidadosa e o limiar para escolha de UTI deve ser baixo.
79
80
QUESTÃO
1. Considere três pacientes com quadro de sepse e as seguintes hemoculturas:
I. Staphylococcus aureus resistente a oxacilina.
II. Escherichia coli produtora de ESBL.
III. Pseudomonas aeruginosa resistente a carbapenêmicos.
A) I, III e II.
B) I, II e III.
C) III, I e II.
D) II, III e I
E) III, II e I.
A) Vancomicina e rifampicina.
B) Vancomicina e gentamicina.
C) Moxifloxacina e rifampicina.
D) Gentamicina e rifampicina.
E) Moxifloxacina e gentamicina.
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5. A sepse é uma das principais causas de óbito no ambiente hospitalar e o seu
manejo tem sido extensivamente discutido e pesquisado. Dentre as medidas iniciais no
manejo de sepse grave, assinale a alternativa que apresenta somente opções que
comprovadamente aumentam a chance de sobrevida do paciente.
A) Mulher de 45 anos com tosse produtiva e febre há 3 dias. PA: 80x50 mmHg, FC:
128 bpm, SatO2: 97%. Hemograma com 24.000 leucócitos e 15% de bastonetes.
B) Homem de 24 anos com história de queimaduras de 2º grau em 40% da
superfície corporal há 1 dia. PA: 70 x 40 mmHg, FC: 140 bpm, SatO2: 88%.
Hemograma com 32.000 leucócitos e 21% de bastonetes.
C) Mulher de 40 anos com febre há 2 dias. Em tratamento de câncer de mama, foi
submetida a um ciclo de quimioterapia há 10 dias. PA: 110x80 mmHg, FC: 88 bpm,
SatO2: 94%. Hemograma com 670 leucócitos.
D) Mulher de 38 anos com quadro de disúria, febre e dor lombar há 3 dias. PA:
140x90 mmHG, FC: 120 bpm, SatO2: 96%. Hemograma com 16.500 leucócitos e 12%
de bastonetes.
E) Homem de 75 anos com diarreia, febre e rebaixamento do nível de consciência
há 2 dias. PA: 110x70 mmHg, FC: 96 bpm, SatO2: 95%. Hemograma com 4.000
leucócitos e 22% de bastonetes.
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7. O tratamento da sepse e da sepse grave tem sido amplamente discutido, visto os
altos índices de mortalidade que ainda persistem, mesmo com a implantação de
estratégias dirigidas (Early Goal Directed Therapy). Os resultados obtidos por Rivers
(2001) têm sido cada vez mais questionados, principalmente algumas medidas
terapêuticas como a monitorização da pressão venosa central e o uso da dobutamina.
Sobre o tratamento da sepse e da sepse grave, assinale a alternativa correta.
83
10. Paciente jovem, com quadro de início há 72 horas de febre alta, desorientação,
desconforto precordial e surgimento de petéquias subungueais, procura atendimento
hospitalar. Durante exame clínico observa-se PA: 85x42mmHg; FC: 126bpm regular;
FR: 36bpm e Tax: 41°C com presença de petéquias subconjuntivais, estertores finos
bibasais e sopro sistólico tipo ejetivo. Definida a internação hospitalar e iniciada
hidratação venosa, observa-se melhora dos níveis tensionais, com PA: 125x85mmHg.
Os exames laboratoriais revelam leucocitose com desvio até metamielócitos, VHS
elevado, aumento da proteína C reativa e das transaminases. Gasometria arterial na
admissão com acidose metabólica, regularizada após hidratação venosa. No segundo dia
de internação, a hemocultura mostra crescimento bacteriano. Diante desse quadro,
pode-se classificar esse paciente como tendo:
A) Sepse grave.
B) Síndrome da resposta inflamatória sistêmica.
C) Choque séptico.
D) Bacteremia sintomática.
E) Síndrome de disfunção orgânica múltipla.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Medicina de emergência, abordagem prática – USP 13ª edição, 2019
-http://www.blog.saude.gov.br/index.php/geral/53974-sepse-diagnostico-precoce-e-fund
amental-para-tratar-a-doenca
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
GABARITO
1 – E; 2 – A; 3 – B; 4 – B; 5 – D; 6 – E; 7 – C; 8 – C; 9 – B; 10 – A.
84
Capítulo 10
Abordagem inicial no paciente politraumatizado
Dr. Fábio Colagrossi
INTRODUÇÃO
Define-se o Trauma como um evento nocivo que advém da liberação de
formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia. Dessa
forma, o paciente Politraumatizado se caracteriza como aquele paciente que sofreu
múltiplos traumas a partir do mesmo evento nocivo ou de eventos nocivos múltiplos.
EPIDEMIOLOGIA
No mundo todo o trauma é uma das principais causas de morte e incapacidade
física. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acidentes de trânsito são
responsáveis por cerca de 1,35 milhão mortes por ano e são a principal causa de morte
entre crianças e jovens de 5 a 29 anos.
As taxas de mortalidade são maiores em países com menor grau de
desenvolvimento.
As consequências econômicas do trauma decorrem também de sequelas de
acidentes não fatais, somando mais de 50 milhões de vítimas de acidentes de trânsito,
levando a relevante oneração relacionada a gastos médicos e perda de produtividade.
85
AVALIAÇÃO INICIAL DO PACIENTE
O atendimento inicial ocorre por meio da avaliação primária. A ordem da
avaliação primária, segue o mnemônico ABCDE, conforme sugerido pelo Advanced
Trauma Life Support (ATLS).
Mnemônico ABCDE
PROCEDIMENTO
Pode-se realizar as manobras de
elevação do mento e tração mandibular :
Como avaliar se existe ou não
obstrução de vias aéreas?
Para isso podemos fazer
perguntas simples ao paciente, a exemplo
de questioná-lo sobre seu nome e sua
idade. Caso se observe, por meio da
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resposta do paciente, que sua capacidade de fonação e deglutição estejam presentes,
podemos considerar que neste momento a via aérea mantém-se protegida.
Em caso de dúvida acerca da capacidade do paciente em proteger sua via
aérea, uma via aérea avançada deve ser obtida.
A restrição de mobilidade cervical pode ser obtida por meio do uso de um
colar cervical.
Dispositivos extra-glóticos, como máscaras e tubos laríngeos, por serem
adjuntos no manejo das vias aéreas e devem sempre estar à disposição durante o
atendimento de um politraumatizado grave.
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B: Ventilação e Respiração
Nesta etapa devemos nos atentar para os problemas que afetem as estruturas
orgânicas responsáveis pela boa ventilação e oxigenação, como os pulmões, a caixa
toráxica e o diafragma.
Na inspeção se inicia com a busca pela turgência jugular e desvio de traquéia
,estendendo-se para o tórax, que neste momento deve ser exposto.
Deve-se realizar a ausculta e palpação de toda a caixa torácica.
A percussão tem pouca utilidade em um ambiente ruidoso como uma sala de
emergência.
Simultaneamente deve ser instalada a oximetria de pulso e deve-se acopla-se
uma máscara não reinalante para ofertar oxigênio suplementar ao paciente.
Na avaliação primária, deve-se realizar o diagnóstico e tratamento das
seguintes lesões ameaçadoras à vida:
APRESENTAÇÃO
● Hemoptise.
● Enfisema subcutâneo cervical.
● Cianose.
TRATAMENTO
Intubação com fibroscópio pode posicionar o cuff além da lesão ou seletiva do
brônquio-fonte sadio como medida temporária até o procedimento cirúrgico.
Drenagem torácica (pode ser necessário mais de um dreno caso haja
persistência de alto débito aéreo no primeiro dreno).
Avaliação cirúrgica de urgência.
Pneumotórax Hipertensivo
APRESENTAÇÃO
● Abolição do murmúrio vesicular unilateral.
● Hipotensão.
● Turgência jugular (pode estar ausente em paciente hipovolêmico).
● Dor torácica.
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● Taquicardia.
● Hemitórax elevado sem movimentos respiratórios.
● Hipoxemia.
TRATAMENTO
Punção de alívio com cateter 14G no 5° espaço intercostal ligeiramente
anterior à linha axilar média.
Se houver falha na punção: toracotomia digital.
Tratamento definitivo: drenagem torácica
Pneumotórax Aberto
Lesões extensas da parede torácica com orifício externo maior do que 2/3 do
diâmetro da traqueia em que o ar segue o caminho de menor resistência, ou seja, o
orifício torácico, impossibilitando a ventilação.
Geralmente tratado pela equipe pré-hospitalar.
APRESENTAÇÃO
● Lesão torácica compatível.
● Abolição do murmúrio vesicular unilateral.
● Passagem audível do som através da caixa torácica.
TRATAMENTO
Curativo de três pontos (mecanismo valvar, possibilitando a saída do ar sem
seu retorno ao tórax).
Tratamento definitivo: drenagem torácica em selo d'água.
Hemotórax Maciço
TRATAMENTO
- Ressuscitação hemodinâmica.
- Avaliação cirúrgica com urgência.
- Drenagem torácica em selo d'água.
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Tamponamento Cardíaco
APRESENTAÇÃO
● Abafamento de bulhas cardíacas.*
● Turgência jugular.*
● Hipotensão.*
● eFAST usado repetidamente tem acurácia de 90-95%.
TRATAMENTO
Toracotomia de emergência; ou esternotomia.
Na ausência de cirurgião ou emergencista capacitado nesse procedimento
participando do atendimento pode-se realizar pericardiocentese guiada por ultrassom
(US) como medida temporária.
90
Ele deve administrado em pacientes com pressão arterial sistólica abaixo de
90mmHg e taquicardia acima de 120 bpm na dose de 1 g IV em 10 min em até 3 horas
do trauma seguido de 1 g IV nas próximas 8 horas.A primeira dose deve ser realizada
preferencialmente ainda no ambiente pré-hospitalar.
Alguns pacientes são candidatos a receberem transfusão maciça a depender do
quadro clínico apresentado na admissão da sala de emergência, sendo guiados também
por escores de risco, por exemplo, o escore ABC.
São administrados concentrados de hemácias, plasma e plaquetas na
proporção de 1:1:1 em grande parte dos protocolos de transfusão maciça.
Tromboelastografia e tromboelastometria rotacional auxiliam na identificação e no
tratamento de coagulopatias secundárias ao choque hemorrágico e, se disponíveis,
devem ser utilizadas em pacientes com hemorragia extensa e submetidos à transfusão
maciça.
Antes de realizar a intubação, se possível, deve-se realizar um exame
neurológico utilizando a escala de coma de Glasgow, pupilas e resposta motora e
sensitiva nos quatro membros.
D: Exame Neurológico
Após a avaliação das vias aéreas, respiração e circulação, devemos dar início
ao exame neurológico mais focado. O objetivo neste momento é determinar o nível de
consciência, realizar a avaliação das pupilas observando seu tamanho e reação à luz,
assim como identificar sinais de lateralização. Também deve-se avaliar rapidamente o
nível do trauma raquimedular se este estiver presente. Busca-se prevenir lesão cerebral
secundária, mantendo boa oxigenação e perfusão cerebrais. Assim que identificada
lesão, deve-se obter uma avaliação neurocirúrgica o mais breve possível.
TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE
Ao fim da avaliação primária deve-se considerar a necessidade de
transferência do paciente para um hospital com os recursos necessários para manejar
afecções que não puderem ter seu tratamento definitivo no local onde o paciente
iniciou o atendimento. Não se deve atrasar a transferência para a realização de exames
diagnósticos além do necessário na avaliação primária.
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o momento em que buscamos lesões que não ameaçam imediatamente a vida, mas que
podem gerar sequelas, desconforto ou evoluir com piora do quadro clínico. Sinais
vitais, monitorização e responsividade devem ser checadas constantemente durante o
exame. Havendo deterioração no quadro clínico em qualquer momento, devemos
prontamente refazer a avaliação primária. Iniciamos pela história e prosseguimos com
o exame físico detalhado. O mnemônico AMPLA pode ser usado para que se lembre o
que deve ser questionado no momento da história de uma vítima de trauma:
- A: Alergias.
- M: Medicamentos em uso.
- P: Passado médico/prenhez.
- L: Líquidos e alimentos ingeridos recentemente.
- A: Ambiente e eventos relacionados ao trauma.
- O exame físico neste momento deve focar em não deixar nenhuma lesão passar
despercebida. Realizamos uma avaliação minuciosa craniocaudal como descrito a
seguir.
Cabeça
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Tórax
Abdome e pelve
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Toque vaginal deve ser realizado em paciente em risco para este tipo de lesão.
Musculoesquelético
Neurológico
Reavaliação
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QUESTÕES
1) Sobre o atendimento inicial ao paciente politraumatizado, é correto afirmar :
I. O colar cervical não pode ser retirado em hipótese alguma enquanto não se
houver descartado em definitivo a possibilidade de lesão de coluna cervical,
devendo-se inclusive intubar o paciente sem removê-lo.
II. Contra-indicação absoluta à intubação naso-traqueal é a apnéia (ausência de
ventilação espontânea).
III. As radiografias panorâmica de bacia, de coluna cervical (em 2 incidências
pelo menos) e de tórax em AP devem ser obrigatoriamente realizadas em todo paciente
politraumatizado, mesmo naqueles sem queixas.
IV. O paciente politraumatizado vítima de traumatismo crânio-encefálico pode
ser sedado para ser intubado, podendo-se utilizar midazolam, fentanil e até mesmo
bloqueadores neuromusculares como a succinilcolina.
V. Paciente politraumatizado, após queda de andaime de 6 metros de altura, dá
entrada no serviço de emergência com dor abdominal em flanco esquerdo, frequência
cardíaca de 115 bpm, pressão arterial de 110 x 80 mmHg, ansioso e com frequência
respiratória de 25 irpm. Encontra-se portanto em choque, sendo de causa hemorrágica
até prova em contrário. entes em choque hemorrágico sempre que houver uma resposta
transitória após infusão de 2 + 2 litros.
VI. Hemoderivados devem ser prescritos em paci de cristalóides rapidamente,
ou quando não houver nenhuma resposta após infusão de 2 litros de cristalóides, sendo
o sangue tipo O indicado naqueles pacientes com hemorragia grave, na ausência de
sangue tipo específico ou no uso emergencial. Apenas em meninas e mulheres em
idade fértil deve-se preocupar em administrar o tipo O - .
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B) Tomografia computadorizada com contraste.
C) Radiografia de crânio.
D) Ressonância magnética sem contraste.
E) Ressonância magnética com contraste.
REFERÊNCIA
-USP-Medicina de Emergência 13ª edição. Seção VII - Emergências
Relacionadas Ao trauma
Obs.: este material deve ser utilizado apenas como guia inicial de estudo. Para aprender
em profundidade e detalhamento o assunto, sugerimos leitura na íntegra do assunto, que
se encontra na bibliografia.
GABARITO: 1- C 2- E 3- A
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