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SUPORTE BÁSICO DE VIDA: ABORDAGEM À VÍTIMA

ADULTA E CRIANÇA

Curso de Ciências e Tecnologias || Disciplina Educação Física

Professor Orientador: Emanuel Branco

Matilde Vieira Gonçalves, Nº 23, 10ºB

Ana Catarina Frutuoso, Nº 1, 10ºB

Daniel Ferreira, Nº 6, 10ºB

Francisco Pereira, Nº 8, 10ºB

Beatriz Rodrigues, Nº 4, 10ºB

Venda do Pinheiro, fevereiro 2023

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ABERVIATURAS E SIGLAS

APA- American Psychological Association

CDI Cardioversor Desfibrilhador Implantado

CODU Centro de Orientação de Doentes Urgentes

DAE Desfibrilhador Automático Externo

ERC European Resuscitation Council

FV Fibrilhação Ventricular

INEM Instituto Nacional de Emergência Médica

OVA Obstrução da via aérea

PCR- Paragem Cardiorrespiratória

PLS Posição Lateral de Segurança

RCP- Reanimação Cardiopulmonar

SBV- Suporte Básico de Vida

VA- Via aérea

VOS- Ver, Ouvir, Sentir

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Índice

Introdução....................................................................................................................................4
1. A cadeia de sobrevivência....................................................................................................5
2. Suporte básico de vida (sbv).................................................................................................6
2.1. Para adultos..................................................................................................................6
2.1.1. Avaliar as condições de segurança: reanimador, vítima e terceiros.................7
2.1.2. Avaliar o estado de consciência da vítima............................................................7
2.1.3. Permeabilização da via aérea................................................................................7
2.1.4. Avaliar a respiração..............................................................................................8
2.1.5. Ligar 112..............................................................................................................9
2.1.6. Compressões torácicas..........................................................................................9
2.1.7. Dispositivos de ventilação..................................................................................10
2.1.8. Desfibrilhação automática externa (dae).............................................................11
2.2. Para crianças (pediátrico)...........................................................................................13
2.2.1. Compressões torácicas pediátricas......................................................................14
2.2.2. Ventilações pediátricas.......................................................................................14
3. Posição lateral de segurança...............................................................................................15
3.1. Definição de posição lateral de segurança..................................................................15
3.2. Técnica para colocar uma vítima em pls.....................................................................15
4. Obstrução da via aérea.......................................................................................................17
4.1. Obstrução da via aérea (ova)......................................................................................17
4.2. Algoritmo de desobstrução da via aérea- adulto.........................................................17
4.2.1. Pancadas inter-escapulares.................................................................................17
4.2.2. Compressões abdominais....................................................................................18
4.3. Algoritmo de desobstrução da via aérea- criança........................................................19
4.3.1. Pancadas interescapulares...................................................................................19
4.3.2. Compressões torácicas........................................................................................19
Conclusão...................................................................................................................................21

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INTRODUÇÃO
No âmbito da disciplina de Educação Física foi proposto a realização de um trabalho de
pesquisa e análise sobre o tema “Suporte básico de vida”.

A PCR é um acontecimento súbito, constituindo-se como uma das principais causas de


morte na Europa e nos Estados Unidos da América. Afeta entre 55-113 pessoas /100 000
habitantes, estimando-se entre 350 000-700 000 indivíduos afetados por ano, só na Europa.
A análise efetuada aos equipamentos de DAE utilizados logo após uma paragem
cardíaca, indica uma elevada percentagem (76%) de vítimas com um incidente arrítmico
particular: Fibrilhação Ventricular.
Constitui-se assim como fundamental a intervenção rápida de quem presencia uma
PCR, com base em procedimentos específicos e devidamente enquadrados pela designada
Cadeia de Sobrevivência. A Cadeia de Sobrevivência interliga os diferentes elos, que se
assumem como vitais, para o sucesso da reanimação: ligar 112, Reanimar, Desfibrilhar e
Estabilizar. Os procedimentos preconizados, quando devidamente executados, permitem
diminuir substancialmente os índices de morbilidade e mortalidade associados à PCR e
aumentar, de forma significativa, a probabilidade de sobrevivência da vítima.
Assim, a formação em suporte básico de vida (SBV) na comunidade reveste-se como
uma ferramenta primordial para a prestação de cuidados de saúde em situação de emergência.
Para o Concelho Português de Ressuscitação, ensinar o SBV ao maior número de
pessoas possível é um dos processos mais eficazes para salvar pessoas. A evidência científica
demonstra que o inicio precoce da formação em SBV traz ganhos efetivos na diminuição da
morbilidade e mortalidade por PCR em ambiente pré-hospitalar.
Nesse sentido, a American Heart Association (2011) recomenda a incorporação da
formação em SBV nas escolas.
Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo dar a conhecer a importância do
SBV, bem como capacitar os estudantes para a forma de atuação, tendo em conta o SBV, em
situações de emergência médica.
Deste modo, o presente trabalho irá, numa primeira instância, abordar a cadeia de
sobrevivência e os conceitos gerais do SBV, de seguida, será abordado o SBV no que respeita a
abordagem à vítima e algoritmo e, posteriormente, será feita menção à posição lateral de
segurança e abordagem à via aérea obstruída.

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1. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA

A cadeia de sobrevivência consiste na melhor forma de socorro perante uma situação de


paragem cardiorrespiratória (PCR), sendo o processo que proporciona à vítima maiores chances
de sobrevivência.
Esta é uma cadeia formada por quatro elos, todos eles de grande importância, onde a
aplicação com sucesso de cada elo ou ação é fundamental numa situação de emergência,
podendo mesmo fazer a diferença entre a vida e a morte da pessoa em risco.
De seguida, encontram-se os quatro elos que constituem a cadeia de sobrevivência:
• Acesso ao Sistema Integrado de Emergência Médica-112;
• Início de (SBV) Suporte Básico de Vida;
• Desfibrilhação;
• Suporte Avançado de Vida (SAV)
Podemos ainda encontrar todos estes passos resumidos de uma outra forma (Figura 1):

Figura 1: Cadeia de sobrevivência

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1. Comunicar 112: Chamar os serviços de emergência (112) imediatamente, mesmo de
forma prévia à eventual ocorrência de uma Paragem Cardiorrespiratória (PCR),
aumentando assim a probabilidade de sobrevivência da vítima. O número europeu de
emergência nos países da União Europeia é o 112. Em Portugal, ao ligar 112, a resposta
na área da saúde é assegurada pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes
(CODU), do INEM. O CODU desempenha um papel importante no reconhecimento da
PCR, bem como na instrução e acompanhamento das manobras de reanimação. Sempre
que possível, este contacto deve ser realizado junto da vítima e se o telefone tiver a
função de alta voz, esta poderá ser acionada. As instruções podem ser seguidas
mantendo o diálogo com o operador preparado para instruir o contactante de modo a
que este, rapidamente, identifique que a vítima está inconsciente e não respira
normalmente. Uma respiração mais lenta, profunda e ruidosa, não deve ser confundida
com uma respiração normal e deve ser entendido como a vítima estando PCR. O CODU
deve dar indicação para iniciar manobras de reanimação.
2. Suportar: No intervalo de tempo que decorre entre a ativação e chegada dos serviços
de emergência ao local da ocorrência, devem ser iniciadas de imediato as manobras de
Suporte Básico de Vida (SBV). O SBV permite ganhar tempo, mantendo alguma
ventilação e circulação na vítima, até à chegada dos serviços de emergência. No caso de
existirem dois reanimadores, um deles pode iniciar de imediato as manobras de SBV
enquanto o outro procede à ligação aos serviços de emergência. *
3. Restabelecer: A maioria das paragens cardiorrespiratórias no adulto ocorrem devido a
uma perturbação do ritmo cardíaco chamada Fibrilhação Ventricular (FV). E o único
tratamento capaz de inverter esta situação é a chamada Desfibrilhação que consiste na
aplicação de um choque térmico, através de um desfibrilhador, externamente, ao nível
do tórax da vítima. Este procedimento, se feito eficazmente, pode ser determinante na
sobrevivência do indivíduo.
4. Estabilizar: Esta fase da cadeia revela-se importante por conseguir uma ventilação
mais eficaz (através da entubação endotraqueal) e também uma circulação mais
eficiente (pela administração de medicamentos). Este segmento da cadeia será,
idealmente, iniciado na fase pré-hospitalar e continuado no hospital, permitindo a
estabilização das vítimas recuperadas de paragem cardiorrespiratória. Cada minuto de
atraso na desfibrilhação reduz a probabilidade de sobrevivência entre 10 a 12%, sendo
que nos casos em que o SBV é realizado, o declínio da taxa de sobrevivência é mais
gradual (3-4%).

2. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)

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2.1. PARA ADULTOS

O SBV constitui um conjunto de procedimentos que tem, como objetivo, a manutenção das
funções vitais até à chegada dos meios diferenciados.
Para tal, é necessário que se reconheça a PCR e inicie, de imediato, RCP de elevada
qualidade, com ventilação eficaz, recorrendo a dispositivos barreira sempre que possível.
Qualquer pessoa pode salvar uma vítima de PCR, no entanto, o treino, a experiência, a
proficiência, bem como a disponibilidade de equipamentos, poderão determinar a abordagem à
vítima:
• RCP só com as mãos - Um indivíduo, enquanto sozinho, pode fazer RCP, aplicando
apenas as compressões até à chegada de outros elementos.
• RCP 30:2 - O indivíduo deve, sempre que possível, executar uma RCP com
compressões e ventilações, numa relação de 30 compressões e 2 ventilações
• Trabalho em equipa - Uma equipa pode administrar RCP de forma coordenada, um
profissional de saúde realiza compressões torácicas, o segundo profissional de saúde faz
ventilações com um insuflador manual e um terceiro profissional de saúde utiliza o
desfibrilhador. Uma equipa coordenada pode realizar várias ações em simultâneo,
aumentando a probabilidade de sucesso da RCP.

2.1.1. AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA:


REANIMADOR, VÍTIMA E TERCEIROS
Antes de se aproximar da vítima que possa, eventualmente, estar em perigo de vida, o
reanimador deve assegurar-se de que não irá correr riscos:
 Ambiental (choque elétrico, derrocas…)
 Toxicológico (exposição a gás, tóxicos…)
 Infecioso (tuberculose, hepatite…)

2.1.2. AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA


Para avaliar o estado de consciência da vítima, deverá colocar-se lateralmente em relação à
vítima e, de seguida, abanar os ombros da mesma com cuidado e perguntar em voz alta “ Está a
ouvir-me?” (Figura 2).
No caso da vítima estar consciente:
1. Verifique a segurança do local;
2. Mantenha-a na posição em que a encontrou;
3. Tente identificar as causas para o estado em que vítima se encontra;
4. Ligue para o 112;

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5. Reavalie com regularidade.
Figura 2: Avaliação do estado de
No caso da vítima se encontrar em inconsciente privilegia-se a consciência da vítima

permeabilização da via aérea (VA).

2.1.3. PERMEABILIZAÇÃO DA VIA AÉREA


A queda da língua pode obstruir, numa vítima inconsciente, a via aérea. Existem 2 métodos

para permeabilizar a VA:

Método 1- Extensão da cabeça e elevação do maxilar inferior: Uma mão é colocada


sobre a testa e os dois dedos da outra mão ao nível do maxilar inferior, sobre a parte óssea e
nunca fazendo pressão sobre os tecidos moles (pescoço). Deverá ser feito um movimento da
cabeça para trás. Não pressione os tecidos moles porque pode obstruir a via aérea e não
feche completamente a boca.

Método 2- Elevação da mandíbula: Deverá ser colocada uma mão de cada lado da cabeça
da vítima, com os cotovelos apoiados na superfície em que
está o doente. Colocar os dedos sob os ângulos da
mandíbula e elevá-la com as duas mãos, deslocando a mandíbula para a frente. O método de
subluxação da mandíbula é utilizado para doentes com suspeita de traumatismo craniano ou
trauma cervical

Figura 3: Permeabilização da VA segundo método 2

Figura 4: Permeabilização da
VA segundo método 1

A permeabilização da via aérea e o restabelecimento da ventilação são objetivos essenciais


em SBV, com o propósito de evitar lesões por insuficiente oxigenação dos órgãos nobres, em
particular do cérebro.

2.1.4. AVALIAR A RESPIRAÇÃO


Mantendo a VA permeável, verificar se a vítima respira normalmente, realizando o VOS
(Figura 5) até 10 segundos:
 VER os movimentos torácicos;

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 OUVIR os sons respiratórios;
 SENTIR o ar expirado na face;
 Se a vítima respirar normalmente, coloque-a na Posição Lateral de Segurança (PLS)
(Figura 6).

Figura 6: Posição Lateral de Segurança


Figura 5: Processo VOS

2.1.5. LIGAR 112


Se a vítima não responder, nem tiver uma respiração normal, ligue para o 112 e ative de
imediato o serviço de emergência médica:
 Irá responder ás seguintes questões: Onde; O Quê; Como; Quem.
 Se estiver mais alguém, inicie as manobras de SBV, enquanto outro indivíduo liga pra o
112.
 Se estiver sozinho, não abandone o local, use a chamada em altifalante, enquanto
procede as manobras de SBV.

2.1.6. COMPRESSÕES TORÁCICAS


Antes da realização das compressões torácicas, deverá Certificar-se de que a vítima
está sobre uma superfície plana e ajoelhar ao lado de quem está a fazer o SBV e
Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima.
Deverão ser realizadas 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de
pelo menos 100 por minuto e não mais que 120 por minuto.
Para a realização das compressões, deverão ser executados os seguintes passos:
1. Colocar a base de uma mão no centro do tórax, deixando a outra sobre a primeira e
entrelaçando os dedos (evitando pôr as mãos sobre o osso xifoide, na extremidade inferior do
esterno, pois este é frágil).
2. Colocar os braços e os cotovelos esticados, com os ombros na direção das mãos.

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3. Aplicar compressões sobre o esterno, deprimindo-o 5-6 cm a cada compressão (as
compressões podem não produzir um fluxo sanguíneo adequado).
4. No final de cada compressão, aliviar toda a pressão sem remover as mãos do tórax.
5. Aplicar 30 compressões de forma rítmica, com uma frequência de pelo menos 100/minuto (e
não mais de 120/ minuto).

Figura 6- Compressões Torácicas

Após as compressões, inicie as ventilações:


1. Colocar a máscara de bolso sobre o nariz e a boca da vítima e, com as duas mãos, fixá-la à
cara da vítima.
2. Garantir que a cabeça da vítima está em extensão e que o queixo está levantado.
3. Insuflar ar pela válvula da máscara para o interior da boca da vítima durante um segundo,
observando a expansão do tórax.
4. Deixar o ar sair, observando a descida do tórax, e fazer uma segunda insuflação. As duas
insuflações não devem durar mais do que 5 segundos. Repetir os procedimentos anteriores,
alternando 30 compressões com 2 ventilações. Nunca se deve interromper as compressões por
mais de 5 segundos, pois nas vítimas em PCR o sangue não circula se não forem realizadas as
compressões torácicas.

NOTA: Se não tiver máscara, deve apertar o nariz da vítima entre o indicador e o
polegar, de modo que este fique bem vedado. Inspirar profundamente e colocar a
própria boca em volta da vítima, garantindo que não há fugas de ar. Caso não
existam condições de segurança para realizar as ventilações sem máscara, fazer
apenas as compressões de forma contínua, sem parar e mantendo o ritmo.

2.1.7. DISPOSITIVOS DE VENTILAÇÃO


Existem dois tipos de dispositivos de ventilação:

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o Máscara de bolso com válvula unidirecional: A ventilação através de uma máscara
de ventilação artificial, poderá ser um método escolhido no início da RCP. Este tipo de
dispositivo evita o contacto direto e o risco de infeções cruzadas. A sua fixação deve ser
feita com ambas as mãos, obtendo uma boa selagem, e mantendo a cabeça em extensão.
O ar que inalamos contém cerca de 21% de oxigénio e o ar que exalamos terá cerca de
17% de oxigénio. Assim, o ar que reanimador fornece á vítima tem a quantidade de
oxigénio de que ele necessita.
o Insuflador manual de balão: O insuflador manual de balão é um dispositivo bastante
eficaz, que permite fornecer ventilação com pressão positiva num doente que não
respira ou que não respira normalmente.
Durante a utilização do insuflador manual de balão, o reanimador deve estar posicionado
atrás da cabeça da vítima e fixar a máscara com a técnica C-E (o polegar e o indicador formam
um C e os restantes dedos fazem um E) (Figura 7). Manter sempre a cabeça em extensão e fazer
cada ventilação durante 1 segundo.

Ao interromper as compressões torácicas para administrar duas ventilações, é necessário ter


em atenção:
o Cada ventilação deve ter a duração de 1 segundo;
o Deve permitir uma expansão torácica normal;
o Deve reiniciar as compressões em menos de 10 segundos.
Se a primeira ventilação não fizer o tórax subir, verifique se a cabeça está na posição correta
e se a máscara está bem-adaptada à face da vítima. Não se deverá fazer mais que duas tentativas
de ventilação, antes de retornar às compressões.
Após as 2 ventilações, que não devem interromper as compressões por mais que 10
segundos, deverão ser feitas mais 30 compressões. O reanimador que está nas compressões deve
ser substituído a cada 5 ciclos ou 2 minutos (se existirem outros indivíduos presentes no local).

2.1.8. DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA (DAE)


A utilização de um DAE pode ser feita, hoje em dia, por qualquer pessoa, desde que tenha a
formação adequada.
A disseminação dos DAE por lugares públicos, mostra só por si, a importância da sua
utilização precoce nas situações de PCR.
O DAE é um dispositivo com a capacidade de identificar um ritmo cardíaco anormal
(fibrilhação ventricular), pode fornecer um choque capaz de interromper o mesmo, o que

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Figura 7: Técnica C-E, com insuflador manual


possibilita que o coração retome o seu ritmo cardíaco normal, permitindo o restabelecimento da
circulação sanguínea.
O kit de apoio à utilização do DAE inclui: luvas, tesoura, máquina manual de barbear,
compressas e máscara de bolso.

Figura 8: Disfibrilhador automático externo (DAE)

A utilização do DAE deve respeitar os seguintes passos:


1. Colocar o DAE ao nível da cabeça do doente e ligá-lo de imediato. Seguir as
indicações emanadas do DAE. Se estiverem dois reanimadores no local, um
mantém as compressões, enquanto o outro começa por colocar o DAE.
2. Olhar para o tórax do doente e verificar se necessita de alguma ação antes da
aplicação dos elétrodos de desfibrilhação:
o No tórax molhado, limpar com um pano ou compressa;
o No tórax com excesso de pelos, rapar com uma máquina manual de barbear;
o Retirar adesivos medicamentosos (nitratos, fentanil);
o Na vítima com Pacemaker, coloque os elétrodos de desfibrilhação 1cm afastado
do Pacemaker.
3. Colar os elétrodos de desfibrilhação no tórax da vítima, de acordo com as
indicações verbais e/ou visuais. Um elétrodo é colocado à esquerda, abaixo da axila
(5 a 10 cm) e alinhado com o mamilo. O outro elétrodo é colocado à direita abaixo
da clavícula e junto ao bordo direito do esterno (Figura 9). Conecte o cabo dos
elétrodos ao DAE se for o caso. Alguns cabos de DAE já vêm conectados ao
dispositivo.

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Figura 9: Desfibrilhador automático
externo DAE e posição dos elétrodos

4. Quando o DAE iniciar a análise, deve isolar-se o doente e assegurar que ninguém
está em contacto com o mesmo. O DAE indicará se o choque é necessário:
o Se o choque for recomendado é necessário afastar do doente e assegurar que
ninguém está a tocar no mesmo, e, em seguida pressionar o botão de choque.
Após o choque, deve iniciar-se de imediato SBV com 30 compressões e 2
insuflações e continuar a seguir as indicações do DAE;
o Se o choque não for recomendado deverá reiniciar-se imediatamente SBV
com 30 compressões e 2 insuflações até nova indicação do DAE para parar.
5. Se o doente apresentar sinais de vida, pare o SBV, deve confirmar-se se respira
normalmente e, se estiver inconsciente, deverá colocar-se em PLS ou numa posição
lateralizada. Deve manter-se os elétrodos de desfibrilhação colados ao tórax do
doente e não desligar o DAE.
Os DAE existentes estão preparados para a utilização em vítimas adultas e crianças de 1 ano até
aos 8 anos de idade. No caso dos bebés até 1 ano de idade, é preferível utilizar um
desfibrilhador manual porque permite administrar cargas de energia muito baixas. Nas crianças
abaixo dos 8 anos, é recomendada a utilização de um DAE com elétrodos pediátricos.
No entanto, usar pás para adulto ou carga de choque para adulto é melhor do que não tentar a
desfibrilhação num lactente ou numa criança, caso não estejam disponíveis os dispositivos
recomendados para a criança abaixo de 8 anos ou para o lactente.
O sucesso da desfibrilhação diminuí drasticamente com o tempo, por isso, a desfibrilhação
precoce é um fator determinante para a sobrevivência.

2.2. PARA CRIANÇAS (PEDIÁTRICO)

A criança e o lactente têm particularidades anatomofisiológicas, pelo que se torna


necessário adaptar os procedimentos de SBV, uma vez que as suas estruturas são mais frágeis e
mais pequenas. As situações de PCR na criança e no bebé são devidas, na maioria das situações,
a uma causa respiratória.
No SBV Pediátrico, considera-se o lactente até um ano de idade (excluindo os RN), sendo
considerada criança, de um ano de idade até à puberdade.
O processo de SBV pediátrico é semelhante ao do adulto:
1. Deve assegurar-se que as condições de segurança estão mantidas.

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2. Avaliar se o lactente/criança responde a algum estímulo, chame por ela e estimule
ao nível dos pés e mãos se se tratar de um lactente, ou ao nível dos ombros se for
uma criança.
3. Se o lactente/criança reagir, deverá ser deixado na posição em que está, e avaliar
possíveis traumatismos.
4. Para que a RCP seja iniciada o mais brevemente possível, deve avaliar a respiração
e o pulso em simultâneo, num tempo máximo de 10 segundos:
o Para verificar a respiração, observe, no máximo durante 10 segundos,
se o tórax se eleva. Atenção ao gasping (sinal de PCR)
o Para verificar o pulso: No lactente, palpe o pulso na artéria braquial;
Na criança, palpe o pulso carotídeo ou o pulso femoral. Determinar a
presença ou ausência de pulso pode ser difícil em qualquer doente,
particularmente em lactentes ou crianças, por isso, se não sentir pulso
em 10 segundos, inicie, de imediato, RCP pelas compressões torácicas.
5. Se o lactente/criança respirar normalmente e houver pulso, deve ser monitorizado
até à chegada da ajuda já pedida.
6. Se o lactente/criança não respirar normalmente, mas houver pulso, administre 1
ventilação a cada 3 a 5 segundos, ou cerca de 12 a 20 ventilações por minuto e
verifique o pulso a cada 2 minutos.
7. Se não respirar normalmente e não houver pulso, inicie compressões torácicas de
imediato, alternando com 2 insuflações. Mesmo que sinta pulso, se este é igual ou
inferior a 60 p/min acompanhado de sinais de perfusão inadequada, inicie, na
mesma, RCP.
Os sinais de perfusão inadequada são extremidades frias, alteração do estado de consciência
com diminuição da capacidade de resposta/prostração, pulsos fracos, palidez, cianose das
extremidades e mucosas.

2.2.1. COMPRESSÕES TORÁCICAS PEDIÁTRICAS


A vítima deverá ser colocadas sobre uma superfície firme e plana. Deverá retirar-se a roupa
que cobre o tórax:
No Lactente - Utilize a ponta de dois dedos, na vertical, sobre a metade inferior do
esterno, abaixo da linha dos mamilos, para comprimir o tórax. Não pressione a ponta do esterno.
Comprima no mínimo um terço do diâmetro do tórax ou aproximadamente 4 cm.
Na Criança – Para a maioria das crianças, uma ou duas mãos podem ser usadas para
realizar compressões torácicas. Comprima, no mínimo, um terço do diâmetro do tórax ou
aproximadamente 5 cm.
 Comprima a uma frequência de 100 a 120/min.

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 Após cada compressão, alivie por completo a pressão e permita o retorno total do
tórax.
 Minimize interrupções nas compressões torácicas.
 O tempo de compressão e descompressão torácicas devem ser iguais.

2.2.2. VENTILAÇÕES PEDIÁTRICAS


Após a execução de 30 compressões, abra a via aérea e faça duas ventilações, cada uma
com a duração de 1 segundo, interrompendo o mínimo possível o tempo entre os ciclos de
compressões.
Permeabilize a via aérea do lactente com posição neutra da cabeça, ao inclinar a cabeça do
lactente, a via aérea fica bloqueada.
Permeabilize a via aérea da criança com inclinação da cabeça e elevação do queixo.
Se houver suspeita de traumatismo craniano ou vertebro-medular, use a manobra de
subluxação da mandibula para abrir a via aérea, se não conseguir, use a inclinação da cabeça e
elevação do queixo.
As insuflações são realizadas utilizando uma máscara e insuflador próprios para pediatria. A
quantidade de ar a insuflar é a estritamente necessária para fazer elevar o tórax. Evite
ventilações excessivas.
Se a vítima estiver com uma via aérea avançada, as compressões não são interrompidas para
a execução das ventilações. Faça uma ventilação a cada 6 segundos (10 ventilações por minuto),
sem interrupção das compressões, que se mantêm a uma frequência de 100 a 120/min.
Se iniciou o suporte básico de vida sozinho e chega posteriormente outro reanimador que o
vai ajudar na RCP, passe da sequência 30:2 para a sequência 15:2, e o método de compressão
passa a ser com a técnica de envolvimento do tórax.
Continue RCP de alta qualidade e use um DAE assim que disponível, pare, somente quando
a equipa de emergência assumir a vítima ou se a mesma começar a respirar ou a mover-se.

3. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA


3.1. DEFINIÇÃO DE POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA

Nas situações em que a vítima se encontra não reativa e com respiração eficaz, ou se
tiverem sido restaurados os sinais de vida após manobras de reanimação, a manutenção da
permeabilidade da via aérea deverá ser obrigatoriamente garantida. A PLS garante a
manutenção da permeabilidade da via aérea numa vítima inconsciente que respira normalmente:
• Diminuindo o risco de aspiração de vómito;
• Prevenindo que a queda da língua obstrua a VA;

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• Permitindo a drenagem de fluidos pela boca;
• Permitindo a visualização do tórax;
• Não estão demonstrados riscos associados à sua utilização.

3.2. TÉCNICA PARA COLOCAR UMA VÍTIMA EM PLS


Em primeiro lugar, deverá ajoelhar-se ao lado da vítima:

• Remova objetos estranhos ao corpo da vítima, os quais ao posicioná-la possam


eventualmente causar lesões (ex: óculos, canetas);
• Assegure-se que as pernas da vítima estão estendidas (Figura10);

Figura 10: Estender as pernas da


vítima

• Coloque o braço mais perto (do seu lado) em ângulo reto com o corpo, com o cotovelo
dobrado e a palma da mão virada para cima (Figura 11);

Figura 11: - Coloque o braço da


vítima em ângulo reto com o corpo

• Segure o outro braço (mais afastado) cruzando o tórax e fixe o dorso da mão na face do
seu lado;

Figura 12: Coloque o dorso da mão da


vítima na respetiva

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• Com a outra mão levante a perna do lado oposto acima do joelho dobrando-a, deixando
o pé em contacto com o chão;

Figura 13: Levante a perna da


vítima, dobrando-a

• Enquanto uma mão apoia a cabeça a outra puxa a perna do lado oposto rolando a vítima
para o seu lado;
• Estabilize a perna de forma a que a anca e o joelho formem ângulos retos;
• Incline a cabeça para trás assegurando a permeabilidade da VA;
• Ajuste a mão debaixo do queixo, para manter a extensão da cabeça;
• Reavalie regularmente a respiração (na dúvida desfazer a PLS, permeabilizar a VA e
efetuar VOS até 10 segundos).

Figura 14: Vítima rodada - em PLS

Se trauma ou suspeita de trauma reafirma-se uma vez mais a contraindicação da PLS no trauma
ou na sua suspeita e deve garantir-se a proteção da coluna, promovendo o mais possível do seu
alinhamento.

4. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA


4.1. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (OVA)

A obstrução da via aérea por corpo estranho é pouco frequente, mas constitui-se como uma
causa de PCR acidental potencialmente reversível. Normalmente associada à alimentação e
comumente presenciada, as vítimas apresentam-se inicialmente conscientes e reativas, pelo que
as oportunidades de intervenção precoce podem de forma mais fácil resolver a situação.
O reconhecimento precoce da obstrução da via aérea é fundamental para o sucesso da
evolução da situação de emergência. É importante distinguir esta situação de emergência do
desmaio/síncope, do “ataque cardíaco” (enfarte agudo do miocárdio), das convulsões, da

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overdose por drogas e de outras condições que possam causar dificuldade respiratória súbita,
mas que requerem um tratamento diferente. O reanimador treinado deve identificar sinais de
obstrução da VA.
O risco de OVA é mais elevado em vítimas que apresentem algumas das seguintes
situações: redução do nível de consciência, intoxicação por álcool e/ou drogas, alterações
neurológicas com dificuldade de deglutição e diminuição do reflexo da tosse, alterações
mentais, demência, dentição inexistente e idosos.

4.2. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA- ADULTO


O algoritmo que a seguir se descreve aplica-se tanto a adultos como a crianças com mais de
1 ano de idade.

4.2.1. PANCADAS INTER-ESCAPULARES


• Coloque-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima, com uma das pernas encostadas
de modo a ter apoio;
• Passe o braço por baixo da axila da vítima e suporte-a a nível do tórax com uma mão,
mantendo-a inclinada para a frente, numa posição tal que se algum objeto for deslocado
com as pancadas possa sair livremente pela boca;
• Aplique até 5 pancadas com a base da outra mão na parte superior das costas, ao meio,
entre as omoplatas, isto é, na região interescapular;
• Cada pancada deverá ser efetuada com a força adequada tendo como objetivo resolver a
obstrução;
• Após cada pancada deve verificar se a obstrução foi ou não resolvida;
• Aplique até 5 pancadas no total.

Figura 15: Pancadas inter-escapulares

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4.2.2. COMPRESSÕES ABDOMINAIS
As compressões abdominais devem ser aplicadas no caso de as pancadas interescapulares
não serem eficazes.
Com a vítima de pé ou sentada:
• Fique por detrás da vítima e circunde o abdómen da mesma com os seus braços; •
Incline a vítima para a frente;
• Feche o punho de uma mão e posicione-o acima da cicatriz umbilical, com o polegar
voltado contra o abdómen da vítima;
• Sobreponha a 2.ª mão à já aplicada;
• Aplique uma compressão rápida para dentro e para cima;
• Repita as compressões até que o objeto seja expelido da VA;
• Aplique cada nova compressão (até 5) como um movimento separado e distinto;

• Após cada compressão abdominal deve verificar se a obstrução foi ou não resolvida.

Figura 16: Compressões abdominais (Manobra de Heimlich)

4.3. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA- CRIANÇA


4.3.1. PANCADAS INTERESCAPULARES

Sente-se ou ajoelhe-se com o lactente que está asfixiado. Se for fácil, remova a roupa que
cobre o tórax, depois segure-o de barriga para baixo, apoiando-o com o seu antebraço e com a
cabeça mais baixa que o tórax. Segure a cabeça e a mandibula com a mão e tenha cuidado para
não comprimir os tecidos moles da via aérea. Apoie o antebraço sobre a coxa. Aplique 5
pancadas interescapulares e depois vire o corpo do lactente, apoiando a cabeça e pescoço.
Segure-o de barriga para cima, mantendo o antebraço sobre a coxa. Mantenha a cabeça do
lactente em posição mais baixa do que o tronco e administre até 5 compressões torácicas.

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Figura 17: Pancadas interescapulares - Lactente

4.3.2. COMPRESSÕES TORÁCICAS


Estas compressões são executadas no meio do tórax, sobre a metade inferior do esterno
utilizando dois dedos (mesmo local que na RCP). Cada compressão deverá ter a duração de 1
segundo. Repita a sequência de cinco pancadas nas costas e cinco compressões torácicas, até
que o objeto seja removido ou o lactente deixe de responder.

Figura 18: Compressões torácicas - Lactente

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CONCLUSÃO

Através da realização deste trabalho, podemos depreender a importância e relevância destas


manobras e técnicas enunciadas no decorrer do mesmo. Encontramo-nos agora aptos para
socorrer uma vítima. Aconselhamos a participação em formações de primeiros socorros para
dominar o tema e ter uma maior noção dele na realidade.

Deste modo é importante reter que em caso de emergência, devemos ligar para o 112 e
colaborar nas questões que nos são colocadas. Neste sentido, o bom funcionamento da cadeia
de sobrevivência permite salvar vidas em risco, sendo que, todos os elos nela constituídos tem
igual importância.

É fundamental saber como e quando pedir ajuda e iniciar atempadamente as manobras de


SBV, e garantir que este é executado de forma ininterrupta e com qualidade. Quando a vítima
se encontra inconsciente e que respiram devem ser colocadas na PLS (desde que não haja
suspeita de traumatismo), deste modo, a PLS permite a permeabilidade das vias aéreas, pois a
obstrução destas é uma situação emergente que pode levar á morte da vítima em poucos
minutos.

Resumindo, reconhecer a situação e iniciar de imediato medidas adequadas pode evitar a


paragem cardiorrespiratória e salvar uma vida.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.inem.pt/wp-content/uploads/2017/09/Suporte-B%C3%A1sico-de-Vida-
Adulto.pdf
https://www.inem.pt/wp-content/uploads/2021/02/Manual-Suporte-Avancado-de-Vida-
2020.pdf
https://www.inem.pt/wp-content/uploads/2017/09/Suporte-B%C3%A1sico-de-Vida-com-
Desfibrilha%C3%A7%C3%A3o-Autom%C3%A1tica-Externa.pdf
https://www.inem.pt/wp-content/uploads/2017/09/Suporte-B%C3%A1sico-de-Vida-Pedi
%C3%A1trico.pdf
https://www.ordemenfermeiros.pt/arquivo/projectos/Documents/
Projetos_Melhoria_Qualidade_Cuidados_Enfermagem/
CentroHospitalarOeste_CaldasRainha_AprenderSBVParaSalvarInicioUmPercurso.pdf

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