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Elaborado por:
ENFERMEIRA Eliane Tricarico
Especialista em Urgência , Emergência e APH
Especialista em UTI NeoNatal e Pediátrica
Especialista em Estratégia de saúde da família
Instrutora STOP THE BLEED
NURSE EMR #ID 88.111
SUMARIO
Sumario......................................................................................02
Unidade 1 – o bls no aph..........................................................03
Atendimento pré-hospitalar fixo...................................................03
Atendimento pré-hospitalar móvel...............................................04
Primeiros socorros.......................................................................04
Aspectos legais do atendimento..................................................05
Unidade 3 – manobras...............................................................13
Ovace...........................................................................................13
Obstrução leve.............................................................................13
Obstrução severa com responsividade........................................13
Obstrução severa com perda de consciência..............................13
Manobra de desobstrução...........................................................14
Inserção da cânula orofaríngea...................................................14
Pcr-parada cardiorespiratoria (rcp-reanimação cardiopulmorar).14
Manobra de PCR.........................................................................15
Sequência da RCP......................................................................17
Desfibrilação................................................................................18
Desfibrilação Pediátrica...............................................................19
Referências..................................................................................20
1 CEEN – Centro de Estudos, Atendimento Pré-hospitalar e primeiros socorros: qual a diferença? Disponível em
https://www.ceen.com.br/atendimento-pre-hospitalar/
Primeiros socorros
Os primeiros socorros são um conjunto de procedimentos de urgência que são realizados em
vítimas de acidentes ou agravos à saúde, de origem clínica ou traumática. O principal objetivo dos
primeiros socorros é o de manter estáveis os sinais vitais do paciente até que um atendimento
especializado chegue e a assistência à saúde possa ser continuada de maneira mais específica.
Isso significa que, para atuar nos primeiros socorros, a pessoa não precisa ser profissional da
saúde. Ela precisa apenas ter um treinamento específico. Os cuidados de primeiros socorros são
acionados quando a própria vítima não pode cuidar de si. A partir daí, uma pessoa devidamente
treinada pode começar os procedimentos necessários, enquanto outra entra em contato com um
serviço de urgência. Dessa maneira, os primeiros socorros acontecem antes do APH (que será
prestado por profissionais especializados).
Os principais conteúdos que, normalmente, são abordados em cursos de primeiros socorros são:
avaliação inicial da vítima; cuidado de hematomas e hemorragias; feridas; corpos estranhos;
intoxicações; convulsões; tontura e desmaio; afogamento; asfixia; parada cardiorrespiratória; e
choque elétrico. O objetivo é que a vítima receba os primeiros cuidados básicos essenciais até
que os profissionais de saúde cheguem ao seu encontro.
Se possível, é interessante que a pessoa que está prestando os primeiros socorros fale
diretamente com um profissional de saúde do serviço de urgência durante os procedimentos até
que a assistência chegue ao local. Dessa maneira, é possível passar mais informações sobre o
acidente e a vítima, e o profissional de saúde pode indicar manobras adequadas.
É indicado que toda instituição (escolas, supermercados, empresas, restaurantes) tenha uma
pessoa ou uma equipe de pessoas com formação em primeiros socorros. Isso garante uma
primeira assistência em caso de agravos à saúde dos próprios funcionários ou de outras pessoas
que estiverem no local.
diferença é que a pessoa que faz o curso de primeiros socorros é chamada de atendente de
emergência, enquanto o profissional do atendimento pré-hospitalar é chamado de socorrista.
O socorrista do APH tem todos os conhecimentos dos primeiros socorros e diversos
conhecimentos específicos para o manejo de urgências em saúde, como: uso do desfibrilador
externo automático e manual; ressuscitação cardiopulmonar completa; manejo de vítimas de
trauma; manejo de urgências respiratórias; manejo de urgências neurológicas (acidente vascular
cerebral isquêmico ou hemorrágico, convulsões, síncopes); manejo de agravo de condições
crônicas (crise hipertensiva, hipoglicemia no diabético).
Tanto os primeiros socorros como o atendimento pré-hospitalar são essenciais para a condução
de vítimas de saúde. Estar preparado para lidar com a situação é essencial para evitar que a
condição do paciente se agrave e possa evoluir para complicações irreparáveis ou até mesmo a
morte. Por isso, vale a pena investir em cursos na área para conseguir socorrer uma vítima em
casos emergenciais. Para os profissionais de saúde, existem diversos cursos de suporte avançado
de vida em geral ou em situações específicas, como pediatria ou emergências neurológicas. Para
as pessoas que não são da área, o ideal é fazer o curso de primeiros socorros.
• Consentimento Expresso: Pode ser obtido de vítimas conscientes por gesto ou palavras,
desde que estas possam assumir suas responsabilidades. Pessoas idosas, menores de idade e
pessoas com deficiência mental não podem responder pelos seus atos.
Negligência
O artigo 135 do Código Penal Brasileiro é bem claro: deixar de prestar socorro à vítima de
acidentes ou pessoas em perigo iminente, podendo fazê-lo, é crime. Atender a vítima de forma
inadequada sem observar os protocolos estabelecidos pelas instituições competentes. A
negligência é caracterizada quando:
• Omitir socorro quando está é sua função;
• Prestar um socorro fora de protocolos;
• Agravar as lesões existentes ou provocar novas lesões.
2
MORETO, R.W., RIBEIRO, J.C., Cuidados de enfermagem no atendimento APH à vitima de queimaduras,
CONIC, 2016
Se não houver PCR, deve-se retirar roupas, expondo as áreas queimadas, retirar
todos os adornos que podem levar a um garroteamento devido a edema (joias, anéis,
pulseiras, relógios, etc.) e cobrir as lesões com gaze estéril ou curativo algodonado de
preferência úmidos e em seguida cobrir com plástico apropriado.
As roupas devem ser removidas desde que não estejam aderidas à pele e busca-se
resfriar a lesão e aquecer o paciente, através de manta térmica ou cobertores. Em casos de
queimaduras químicas, retirar o excesso do agente causado com gaze e irrigar os olhos
exaustivamente em caso de lesão ocular. Pomadas e medicamentos tópicos não devem ser
usados nesta etapa de atendimento, já que esta é uma competência hospitalar e a prioridade
é estabilizar os parâmetros vitais
O papel do enfermeiro nesta etapa é avaliar os sinais vitais, realizar anamnese,
monitorização, providenciar acesso venoso de rápida infusão, controlar a diurese a partir de
sondagem vesical de demora e buscar sinais de outros traumas que podem estar
associados. Em conjunto, avaliar as condições das vias aéreas, retirar próteses dentárias e
verificar a presença de outros corpos estranhos. Retirar qualquer tipo de obstrução e aspirar
se necessário. Administrar oxigênio a 100% (máscara com reservatório), manter a cabeceira
elevada a 30º para facilitar a ventilação
A ocorrência de suspeita de lesão inalatória é evidenciada por queimaduras em
ambientes fechados com acometimento de face, presença de ruídos adventícios na ausculta
pulmonar, escarro carbonáceo, queimaduras em vibrissas e insuficiência respiratória,
providenciar suporte respiratório, ou via aérea segura e definitiva através de intubação de
cânula laríngea (procedimento médico e de enfermagem) ou tubo endotraqueal
(procedimento médico). Indica-se intubação endotraqueal, também, em casos que a Escala
de Coma de Glasgow esteja menor ou igual a 8, a dessaturação de oxigênio (O²) for menor
que 90% na oximetria e houver edema importante na face e orofaringe.
O enfermeiro deve prover um acesso venoso periférico e de alta perfusão mesmo em
área queimada e se não houver possibilidade, utilizar acesso venoso central ou providenciar
acesso intraósseo. Realizar sondagem vesical de demora para controle da diurese e balanço
hídrico em superfície corpórea queimada (SCQ) superior a 20% no adulto e 10% em
crianças.
Após estes procedimentos, o paciente deve seguir monitorado pela equipe até o
pronto socorro, hospital de referência ou unidade de queimados onde será recebido pela
equipe intra-hospitalar, que deve manter e dar prosseguimento aos parâmetros seguidos
pela equipe de APH, prover curativos nas lesões e realizar exames complementares para
diagnóstico dos outros traumas que podem ter acontecido durante o acidente.
Intoxicação3
O paciente intoxicado frequentemente representa uma emergência de início agudo,
com comprometimento de múltiplos órgãos, se assemelhando frequentemente a pacientes
politraumatizados. Além do tradicional ABC de reanimação, no paciente intoxicado são
necessárias outras medidas gerais de desintoxicação, como a descontaminação e
administração de antídotos. O profissional de saúde deve sempre tentar identificar o agente
tóxico, mas sua busca não deve nunca retardar o início das medidas terapêuticas vitais para
o paciente.
Tem-se como medidas gerais para intoxicação:
• Realizar avaliação primária e secundária;
• Manter a permeabilidade das vias aéreas: VA avançada se indicado;
• Administrar O2 por máscara, 4 a 6 L/min, se necessário ou ventilação assistida se
indicado;
• Realizar monitorização cardíaca, de pressão arterial e oximetria;
3
SAMU – SP, Protocolos de Atendimento Pré- Hospitalar, 2014, disponível em https://www.prefeitura.sp.gov.br/
cidade/secretarias/upload/saude/protocolodeatendimentoprehospitalar.pdf
Desidratação
Diversas ocorrências podem causar desidratação em pacientes e o enfermeiro deverá
atentar para sinais e sintomas de cada caso. A febre em determinados pacientes, também
pode causar a desidratação.
Deve-se ter cuidado quando a desidratação for casos de intoxicação por anfetamina,
pois deve ser corrigida de forma lenta; deve-se ter cuidado com a vontade do paciente de
beber grandes volumes de água; pois existe o risco de coma/óbito por hiponatremia. Em
casos de hiperglicemia, é necessário observar e reavaliar sempre olhos encovados, pele
seca, diminuição do turgor e alteração de sinais vitais. Em caso de pacientes pediátricos,
deve ser observado mucosas secas, olhos encovados, fontanela deprimida, diminuição do
turgor da pele (turgor pastoso), extremidades frias e pulsos finos.
Em casos de AVC agudo, os líquidos isotônicos são usados pra manter a hidratação
dos pacientes, pois a desidratação causa um aumento da viscosidade do sangue e a redução
do fluxo sanguíneo cerebral.
Choques4
O choque ainda é um dos quadros clínicos mais complexos em emergências médicas
e medicina intensiva, resultando em altos índices de letalidade devido à combinação entre
diagnóstico tardio, terapêutica inadequada e conhecimento insuficiente, mesmo com os
avanços no conhecimento das últimas décadas. Por se manifestar através de sinais e
sintomas inespecíficos, é necessário um alto grau de suspeição e uma avaliação cuidadosa
para o seu reconhecimento precoce a fim de corrigir as suas disfunções, sendo que quanto
mais precoce for o tratamento, melhor será o prognóstico para o paciente.
O choque, em sua definição, é uma síndrome caracterizada por uma redução
considerável da perfusão tecidual sistêmica devido a diferentes etiologias e fisiopatologias,
levando a uma baixa oferta de oxigênio e nutrientes aos tecidos, bem como de sua efetiva
utilização. A hipóxia prolongada pode levar à morte celular, lesão de órgãos-alvo, falência
múltipla de órgãos e morte. A hipotensão é um componente importante do choque, porém
não necessariamente está presente, sendo que a hipóxia celular pode ocorrer mesmo com
normotensão ou hipertensão, e o manejo agressivo para reverter o choque e restaurar a
perfusão não deve aguardar pela sua presença.
O choque pode ser classificado em 4 tipos principais, baseados tradicionalmente no
seu perfil hemodinâmico: hipovolêmico, cardiogênico, obstrutivo e distributivo. Tem sido
proposta a inclusão de uma quinta categoria que englobaria o choque secundário às causas
de hipóxia histotóxica (p.ex. intoxicação por cianeto, monóxido de carbono, ferro).
Principais etiologias do choque para cada classificação:
• Hipovolêmico: Hemorragias externas ou internas (trauma, hemorragia digestiva);
perdas cutâneas (queimaduras extensas, febre), gastrointestinais (diarreia, vômitos)
ou urinárias; sequestro de líquidos para o terceiro espaço (pancreatite, peritonite);
• Cardiogênico: IAM (principalmente afetando ventrículo esquerdo); arritmias;
miocardiopatia dilatada avançada; causas mecânicas (defeitos valvares, ruptura de
septo, aneurisma de parede); insuficiência mitral aguda;
• Obstrutivo: Tromboembolismo pulmonar maciço; tamponamento cardíaco;
pneumotórax hipertensivo; hipertensão pulmonar; coartação de aorta;
• Distributivo: Choque séptico; choque anafilático; choque neurogênico (traumatismo
raquimedular); insuficiência adrenal; e coma mixedematoso.
Observa-se que:
• Choque Hipovolêmico – O choque hipovolêmico é resultante da redução do volume
intravascular secundário a perda de sangue ou fluidos e eletrólitos, gerando assim
uma redução da pré-carga e consequentemente do débito cardíaco (DC). A
resistência vascular sistêmica (RVS) aumenta numa tentativa de manter a perfusão
de órgãos vitais. Sua causa mais comum é a hemorragia.
• Choque Cardiogênico – Ocorre como consequência de uma falência da bomba
cardíaca, resultando na incapacidade do coração de manter uma adequada perfusão
tecidual, mesmo na presença de volume intravascular adequado. O infarto agudo do
miocárdio (IAM) afetando ventrículo esquerdo representa 74,5% das suas causas.
• Choque Obstrutivo – Resulta de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco,
causando a hipoperfusão.
• Choque Distributivo – É caracterizado pela presença de má distribuição do fluxo
sanguíneo relacionado a uma inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de
oxigênio, fenômeno descrito como shunt. O choque séptico é o exemplo clássico,
mais importante e mais prevalente do choque distributivo, levando a altas taxas de
4
ROHR, R.D., NICODEM, M.A., CASTRO, J.C., Choque: princípios gerais de diagnóstico e manejo inicial,
2014. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882566/choque-principios-gerais-de-
diagnostico-precoce-e-manejo-inicial.pdf
mortalidade, que variam entre 20-50%. Entre outras causas, estão ainda a anafilaxia
e o choque neurogênico. Diferentemente dos outros tipos de choque, o distributivo é
consequência de uma redução severa da RVS, e o DC aumenta após a administração
de fluidos numa tentativa de compensar a RVS diminuída.
Corpo estranho5
Obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE) consiste na obstrução de vias
aéreas causada por aspiração de corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou
traqueia. A aspiração de corpo estranho é a quinta principal causa de morte nos EUA, com
risco aumentado em pacientes idosos. Ao prestar atendimento a uma pessoa com OVACE,
o enfermeiro deve classificar o grau de obstrução e em seguida realizar manobras de
desobstrução conforme a faixa etária.
São classificadas em obstrução leve, capacidade de responder, tossir e respirar
preservadas; e obstrução severa, vítima consciente ou inconsciente, não consegue respirar
ou apresenta ruídos à respiração e/ou tosse silenciosa.
As condutas de enfermagem na obstrução de vias aéreas
5
ARAUJO, J.C.S, Obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE) em adultos, 2019. Disponível em
https://pebmed.com.br/obstrucao-de-vias-aereas-por-corpo-estranho-ovace-em-adultos/
Crise convulsiva6
A convulsão é uma desordem cerebral. Durante breve período de tempo, o cérebro
deixa de funcionar normalmente e passa a enviar estímulos desordenados ao resto do corpo,
iniciando as crises convulsivas, também conhecidas por ataques. A convulsão é um sintoma
comum em uma população em geral e em países em desenvolvimento pode chegar a 50
casos a cada 1.000 habitantes.
Ela é mais comum na infância, quando é maior a vulnerabilidade a infecções do
sistema nervoso central (meningite), acidentes (traumatismos do crânio) e doenças como
sarampo, varicela e caxumba, cujas complicações podem causar crises epiléticas.
Traumatismo cranioencefálico, infecções, parasitoses (principalmente
neurocisticercose), mal formações e tumores cerebrais e abuso de drogas e álcool são as
causas mais comuns de convulsão em adultos. Quando a vítima apresenta crises
convulsivas repetidas ao longo de sua vida caracteriza-se então uma doença denominada
epilepsia, que não é contagiosa.
Às vezes, a pessoa com epilepsia perde a consciência, mas outras experimenta
apenas pequenos movimentos corporais ou sentimentos estranhos. Se as alterações
epiléticas ficam restritas a uma parte do cérebro, a crise chama-se parcial; se o cérebro
inteiro está envolvido, chama-se generalizada
A convulsão pode ou não ser precedida de algum sintoma que avisa que ela está se
iniciando. Logo a seguir, a crise se inicia com um grito que precede a perda súbita de
consciência e enrijecimento (fase tônica) do corpo seguido por movimentos tipo abalos (fase
clônica) das quatro extremidades, face e cabeça. Durante a crise a vítima pode apresentar
queda e se ferir, morder a língua ou ter perda de urina. A convulsão demora em média três
a cinco minutos e é seguida por um período de inconsciência. A consciência é recuperada
aos poucos e o paciente pode apresentar dor de cabeça, vômitos e confusão mental.
Outro tipo comum de epilepsia é o “pequeno mal” ou “crise de ausência”, quando a
pessoa fica com o olhar fixo por alguns instantes, sem se lembrar depois daquele
desligamento. Existem vários outros tipos de crise, mas sem importância no atendimento
pré-hospitalar.
Se as crises duram muito tempo (crises prolongadas, ou crises seguidas sem
recuperação de consciência) com duração igual ou superior a 30 minutos, se caracterizam
uma emergência clínica podendo nesse caso haver risco de morte e a vítima deverá ser
encaminhada ao hospital pois poderá ocorrer dano ao cérebro; são as chamadas crises
subentrantes ou estado de mal epiléptico. Porém, a maioria das crises não provoca danos,
pois são de curta duração e autolimitadas
Os procedimentos de enfermagem são:
• Manter-se calmo e procurar acalmar os demais;
• Colocar algo macio sob a cabeça da vítima protegendo-a;
• Remover da área objetos que possam causar-lhe ferimento;
• Afrouxar gravata ou colarinho de camisa, deixando o pescoço livre de qualquer coisa
que o incomode;
• Girar-lhe a cabeça para o lado. Visando a que a saliva não dificulte sua respiração –
desde que não haja qualquer suspeita de trauma raquimedular;
• Não introduzir nada pela boca, não prender sua língua com colher ou outro objeto
(não existe perigo algum de o paciente engolir a própria língua);
• Não tentar fazê-lo voltar a si, lançando-lhe água ou obrigando-o a tomá-la;
• Não o agarre na tentativa de mantê-lo quieto. Não se oponha aos seus movimentos
apenas o proteja de traumatismos.
• Ficar ao seu lado até que a respiração volte ao normal ele se levante;
6
SIATE/CBPR, Manual do Atendimento Pré-Hospitalar, Emergências Clinicas, disponível em:
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1340458795cap_25_emerg_clinicas.pdf
O socorrista deve estar atento a pseudocrises que têm uma origem em alterações
emocionais e são desencadeadas por um desejo consciente ou inconsciente de mais
atenção e cuidados. Quando se analisa com cuidado o passado recente e remoto dessas
pessoas (incluindo crianças), frequentemente existe história de abuso, negligência ou
conflitos muito intensos nas relações interpessoais. Muitas vezes, essas falsas crises são
muito parecidas com crises verdadeiramente epilépticas e é necessário o atendimento por
um especialista para fazer um diagnóstico certeiro.
Ventilação mecânica7
O suporte ventilatório é um método que fornece suporte no tratamento de pacientes
com insuficiência respiratória. Os objetivos da terapia respiratória são manter ou modificar a
troca gasosa pulmonar, aumentar o volume pulmonar e reduzir o trabalho muscular
respiratório.
Sendo assim, ele pode ocorrer de duas formas:
• Ventilação mecânica invasiva: quando o equipamento é conectado ao paciente
por meio de tubo endotraqueal ou traqueostomia.
• Ventilação mecânica não invasiva: quando o equipamento é conectado ao
paciente através de máscaras.
Monitorização cardíaca
7
CPAP VITAL, Ventilação: quais os tipos? 2019. Disponível em: https://www.cpapvital.com.br/blog/ventilacao-
tipos/
Unidade 3 – MANOBRAS
(OVACE) - Obstrução de vias aéreas por corpo estranho consiste na obstrução de vias aéreas
causada por aspiração de corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou traqueia. A aspiração
de corpo estranho é a quinta principal causa de morte nos EUA, com risco aumentado em pacientes
idosos. Ao prestar atendimento a uma pessoa com OVACE, o enfermeiro deve classificar o grau de
obstrução e em seguida realizar manobras de desobstrução conforme a faixa etária.
• Obstrução leve:
1. Acalmar o paciente;
2. Instruir o paciente a realizar tosses vigorosas;
3. Se possível, monitorar oxigenação;
4. Se possível, suplementar oxigênio;
5. Não colocar a mão na boca do paciente enquanto ele mostrar-se nervoso;
6. Em casos de obstrução por espinha de peixe, retirar com pinça
MANOBRA DE DESOBSTRUÇÃO
8
SILVA, L., CARVALHO, V.R.J., O conhecimento do Enfermeiro frente aos ritmos chocáveis e não chocáveis,
disponível em http://repositorio.unis.edu.br/bitstream/prefix
• Atividade elétrica sem pulso (AESP): é caracterizada pela ausência de pulso detectável
na presença de algum tipo de atividade elétrica. O importante é garantir o SBV e tentar identificar a
provável etiologia da PCR.
Os ritmos chocáveis (que podem ser revertidos) são FV/TV. O atendimento à parada
cardiorrespiratória é de competência do enfermeiro que deve possuir papel de líder e precisa
ter conhecimento teórico para coordenar a equipe de enfermagem, é ele quem delegará as
funções de cada membro e proporcionará agilidade ao atendimento.
Manobra de PCR9
O conjunto de manobras que visa garantir o fornecimento de oxigênio por meio da circulação
sanguínea a pessoas que estão em PCR, parada cardiorrespiratória, é atualizado de tempos em
tempos a fim de assegurar a sua eficácia. A última versão das atualizações das diretrizes de RCP
é de 2020, e direcionada para o atendimento de Suporte Básico de Vida (SBV ou BLS) tanto de
adultos quanto de crianças, em diferentes ocasiões, incluindo a prestação dos primeiros socorros
realizado por leigos e profissionais.
O protocolo utilizado para a realização da RCP deve seguir uma sequência lógica e fundamentada.
Para isso, deve-se respeitar a chamada “cadeia de elos de sobrevivência”, que são:
• vigilância e prevenção;
9
Atualizações das diretrizes de RCP, disponível em: https://cpr.heart.org-mediacpr-filescpr-guidelines-
fileshighlightshghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf
Isso garante o fluxo sanguíneo adequado para manter a vítima até a chegada do socorro
especializado.
SEQUÊNCIA DA RCP
Em uma situação de PCR, os passos do atendimento em SBV são representados pelo “CABD”
primário, onde:
D – Desfibrilação: preparar o DEA para uso, abrindo e ligando o aparelho; abrir a embalagem dos
eletrodos de acordo com as instruções do rótulo observando se estão no tamanho adequado para
a idade do paciente (adulto ou pediátrico); colocar os eletrodos no peito do paciente, pressionando
para a aderência adequada à pele; aguardar a análise do ritmo: se choque indicado, o aparelho
dará uma advertência para todos se afastarem do paciente e pressionar o botão de choque;
pressionar o botão de choque; reiniciar a RCP, numa sequência de 30 compressões (conforme
técnica já detalhada), e 2 ventilações.
Desfibrilação10
A desfibrilação é o uso terapêutico da eletricidade não sincronizada para despolarizar o miocárdio,
de modo que podem ocorrer contrações coordenadas. O termo desfibrilação é comumente aplicado
a uma tentativa de terminar um ritmo não efetivo (por exemplo, fibrilação ventricular [FV] ou
taquicardia ventricular [TV] sem pulso).
Ao se preparar para a desfibrilação, deve-se verificar o paciente e o ritmo para garantir que um
choque seja realmente indicado. Artefatos de movimento ou fios soltos podem simular FV. Novos
desfibriladores com tecnologia avançada podem filtrar artefatos de compressão ou movimento de
forma a não serem confundidos com FV.
Os desfibriladores externos automáticos (DEAs) não conseguem, por outro lado, eliminar os
artefatos. Recomenda-se a interrupção de todas as compressões, bem como o movimento do
paciente (por exemplo, durante o transporte) antes de iniciar o modo de análise com o DEA. Ao
10
MEDICINA.NET, Desfibrilação e Cardioversão, disponível em:
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/7692/desfibrilacao_e_cardioversao.htm
utilizar o DEA, deve-se certificar de que nenhum socorrista esteja inadvertidamente em contato com
o paciente quando um choque é realizado.
Os desfibriladores devem ser mantidos em um estado constante de prontidão. Os usuários devem
ser treinados no uso adequado, e verificações do aparelho devem ser realizadas com frequência
(em todos os turnos de plantão). Idealmente, o procedimento deve ser realizado em local ou sala
apropriada, mas não deve ser atrasado para deslocamento do paciente para essa área. O paciente
deve permanecer monitorizado após o procedimento.
• Anteroposterior - o eletrodo anterior é colocado de tal forma que o centro da área ativa
fique entre o processo xifoide e o mamilo esquerdo. Isso faz com que o centro do eletrodo anterior
seja posicionado perto do apical cardíaco.( muito utilizado em crianças ,lactentes e neonatos
Desfibrilação Pediátrica
A FV em crianças é relativamente incomum e, em geral, a PCR nesta população tem causas
respiratórias. O tratamento deve ser direcionado para prevenir a parada cardíaca, privilegiando a
ventilação e a respiração. No caso de FV, usa-se uma carga relacionada com o peso de 4J/kg de
peso corporal para o primeiro e quaisquer choques subsequentes.
Para TV com pulso, a CARDIOVERSÃO é realizada com 1J/kg sincronizado. Isso pode ser
aumentado para 4J/kg se necessário. Pás pediátricas especiais ou almofadas estão disponíveis.
Alguns DEAs também vêm com atenuadores pediátricos. Em uma criança, é possível desfibrilar
com o paciente apoiado no lado, usando-se a colocação de remo anteroposterior.
Possíveis complicações incluem queimaduras na pele, choque elétrico inadvertido e dano
miocárdico induzido por desfibrilação, sendo o principal a indução de outras arritmias. No entanto,
essas complicações são mínimas comparadas com a morte do paciente se a desfibrilação não for
bem-sucedida ou não for tentada.
Referências
1 CEEN – Centro de Estudos, Atendimento Pré-hospitalar e primeiros socorros: qual a diferença? Disponível em
https://www.ceen.com.br/atendimento-pre-hospitalar/
2
MORETO, R.W., RIBEIRO, J.C., Cuidados de enfermagem no atendimento APH à vitima de queimaduras,
CONIC, 2016
3
SAMU – SP, Protocolos de Atendimento Pré- Hospitalar, 2014, disponível em
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/protocolodeatendimentoprehospitalar.pdf
4
ROHR, R.D., NICODEM, M.A., CASTRO, J.C., Choque: princípios gerais de diagnóstico e manejo inicial,
2014. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882566/choque-principios-gerais-de-
diagnostico-precoce-e-manejo-inicial.pdf
5
ARAUJO, J.C.S, Obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE) em adultos, 2019. Disponível em
https://pebmed.com.br/obstrucao-de-vias-aereas-por-corpo-estranho-ovace-em-adultos/
6
SIATE/CBPR, Manual do Atendimento Pré-Hospitalar, Emergências Clinicas, disponível em:
https://www.saudedireta.com.br/docsupload/1340458795cap_25_emerg_clinicas.pdf
7
CPAP VITAL, Ventilação: quais os tipos? 2019. Disponível em:
https://www.cpapvital.com.br/blog/ventilacao-tipos/
8
SILVA, L., CARVALHO, V.R.J., O conhecimento do Enfermeiro frente aos ritmos chocáveis e não
chocáveis, disponível em http://repositorio.unis.edu.br/bitstream/prefix
9
Atualizações das diretrizes de RCP, disponível em: https://cpr.heart.org-mediacpr-filescpr-guidelines-
fileshighlightshghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf
10
MEDICINA.NET, Desfibrilação e Cardioversão, disponível em:
https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/7692/desfibrilacao_e_cardioversao.htm