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CONTEXTUALIZANDO
Quando uma criança está na fase aguda de uma doença ou passou por
uma ocorrência de trauma, ela imediatamente é encaminhada ao serviço de
urgência e emergência com risco de morte, exigindo dos profissionais
responsáveis o desenvolvimento de suas potencialidades para prover o melhor
atendimento àquele paciente e à sua família. O enfermeiro tem a
responsabilidade pelos cuidados intensivos da criança em estado crítico, por
meio da avaliação permanente, da vigilância e da realização de procedimentos e
técnicas que complementam a terapêutica médica(1). Não se pode deixar de lado
a relevância em atuar também na orientação e no acolhimento dos familiares.
Devido às particularidades biológicas e psicológicas, nas situações
emergenciais, a criança é quase sempre a principal vítima, necessitando de
recursos materiais e humanos especializados em atendimento emergencial.
Diversos fatores colocam a criança em situação de risco, como os agravos das
doenças respiratórias, os estados convulsivos, as intoxicações e os traumas,
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provocando, muitas vezes, a parada cardiorrespiratória, que constitui a principal
situação de emergência(1).
Destarte, serão analisados os seguintes temas pertinentes:
1. Atendimento à criança em parada cardiorrespiratória
2. Abordagem à criança politraumatizada
3. Acidentes mais comuns na infância
4. Transporte da criança gravemente enferma
5. Aspectos éticos no cuidado à criança grave
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“O diagnóstico de PCR não precisa ser preciso e definitivo para que as
medidas de suporte básico de vida sejam iniciadas”. Basta que a criança
apresente um ou mais dos sinais de alerta, que são(2):
“apneia ou gasping;
palidez ou cianose;
pupilas dilatadas”(2).
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Quando são identificados sinais de PCR, o enfermeiro deve imediatamente
solicitar apoio da equipe para dar início às manobras de ressuscitação
cardiopulmonar (RCP), seguindo o algoritmo preconizado pela AHA, 2015 (2):
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– B, sendo C – Circulação, A – Vias áreas e B – Ventilação inicial. Isso é para
garantir que as compressões no tórax serão iniciadas mais cedo, enquanto o
sangue ainda estiver bem oxigenado(4).
Nos bebês, a técnica das compressões deve ser realizada utilizando dois
dedos ou dois polegares e a ventilação deve ser feita com ambu, ou, quando na
ausência do ambu, colocando-se a boca do socorrista sobre a boca e o nariz do
bebê (ventilação boca/boca-nariz) com as devidas precauções de contaminação.
Nas crianças maiores de um ano e que ainda não tenham entrado na puberdade,
a técnica das compressões torácicas a ser utilizada é a de uma mão. A ventilação
deve ser preferencialmente com o ambu e, na ausência do ambu, boca-boca com
as devidas precauções de contaminação. Nos adolescentes, a técnica de
compressões e ventilação é a mesma do adulto(2,4-5). Seguem demonstrações:
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Fonte: AHA, 2015.
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No que se refere ao atendimento pré-hospitalar, ou seja, aquele prestado
no local do trauma, a equipe de socorro deve agilizar o tratamento de tal modo
que o hospital que receberá o paciente seja notificado antes mesmo da
condução(8). “Nessa fase, deve ser dada ênfase à manutenção das vias aéreas,
à manutenção da circulação sanguínea e ao controle dos sangramentos externos
e do choque e à imobilização da criança”(9), lembrando que todo esforço deve
ocorrer para abreviar o tempo de permanência no local do acidente. É importante
se informar sobre detalhes do acidente, como horário, eventos relacionados ao
trauma e história da criança(9). Sendo assim, é de suma importância que o
socorrista busque identificar os pais da criança, se possível, ou alguém próximo
a ela(7).
Geralmente os casos de crianças politraumatizadas estão relacionados a
hemorragias, por isso esses casos são considerados como a principal causa de
morte pós-traumática evitáveis. Portanto, é essencial a avaliação rápida e precisa
do estado hemodinâmico da criança. Os elementos clínicos que oferecem
informações importantes em pouco tempo e ainda no local do trauma são (8):
um sinal de hipovolemia.
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As hemorragias torácicas, abdominais, de partes moles ao redor de
fraturas de ossos longos, no espaço retroperitonial em decorrência de fratura na
pelve ou como resultado de ferimentos penetrantes do tronco são as principais
causas de perdas ocultas de sangue(10).
Outro cuidado que se deve ter com a criança vítima de múltiplos traumas
é a proteção contra perda de temperatura. Geralmente é necessária a retirada
completa das roupas da criança para a realização da avaliação geral, todavia não
se pode esquecer de que ela não pode ter hipotermia, sendo assim é necessário
o uso de cobertores ou dispositivos que evitem a perda de temperatura(8).
A criança politraumatizada deve receber oxigenação suplementar na maior
concentração possível, pois a hiperventilação pode reduzir a pressão
intracraniana associada ao fluxo sanguíneo central aumentado. A ventilação da
criança pode estar comprometida por distenção gástrica, diminuindo a mobilidade
do diafragma e aumentando o risco de vômitos e aspiração(7).
Sequencialmente, a criança com múltiplos traumas deve ser transportada
para um hospital que abranja sua necessidade, de acordo com a Escala de
Traumatismo Pediátrico (ETP), sendo que quanto menor o número da escala,
mais grave é o estado da criança(5):
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lesão. Logo após o impacto craniano, “ocorre redução ou até interrupção do fluxo
sanguíneo cerebral, e as reservas de nutrientes e oxigênio se esgotam em
segundos”(7).
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Por fim, as quedas representam um total de 2.606 casos de hospitalização e teve
um total de 53 óbitos(13).
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Nessas condições, é fundamental que a criança receba atendimentos
semelhantes aos relacionados no tema anterior, referentes a politraumatismos e
TCE.
Sufocação, ou afogamento, é gerada por aspiração de líquido de qualquer
natureza, atingindo o aparelho respiratório e impedindo as trocas gasosas. O
procedimento mais indicado nesses casos é a manobra de Heimlich, conforme a
orientação a seguir fornecida pela AHA 2015(1):
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Fonte: AHA, 2015.
Grande parte dos acidentes com crianças pode ser evitada se houver
mecanismos de prevenção. Além disso, é fundamental que o enfermeiro execute
atividades de orientação a familiares a respeito das manobras e técnicas básicas
de atendimento inicial aos acidentes, evitando sérias complicações e até mesmo
óbitos.
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específico e atualização constante em avaliação, ressuscitação e estabilização
pediátrica.
A equipe deverá manter, durante todo o transporte, o mesmo nível de
atendimento oferecido ao paciente na fase de estabilização (15). Nas ambulâncias,
os profissionais ficam em posição adequada para as manobras, têm fácil
comunicação com o motorista para que altere a velocidade quando necessário.
Se houver necessidade de procedimentos dentro da ambulância, como uma
manobra de RCP, a velocidade do automóvel tende a ser consideravelmente
reduzida; já procedimentos como intubação e um acesso venoso perdido
requerem que a ambulância pare completamente(1,11).
É importante considerar que, no transporte de crianças, a presença dos
pais ou responsáveis é obrigatória.
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É fundamental que, mesmo sendo um momento de tensão e de
procedimentos rápidos, todos os procedimentos terapêuticos e propedêuticos
devam ser comunicados e consentidos pelo paciente ou pela sua família, exceto
quando se há risco iminente de morte. Quanto aos aspectos legais, a relação
profissional-paciente (familiar) era, anteriormente, de confiança cega em que o
desconhecimento dos seus direitos levava o paciente e sua família a aceitar, sem
contestações, os procedimentos terapêuticos. Atualmente, essa relação se
caracteriza, progressivamente, como uma relação de prestação de serviços em
que o usuário assume postura ativa, questionando, exigindo ou recusando
tratamentos que neguem(13).
Em outra vertente, na linha de proteção ao cidadão, o Estatuto da Criança
e do Adolescente instituiu normas de proteção às crianças e aos adolescentes
com garantia expressa de assistência médica integral e universal, assegurando
a presença de um familiar durante todo o tempo em que a criança estiver sob
cuidados médicos(15,16).
SÍNTESE
É um grande desafio para o enfermeiro e para os demais profissionais
atuar em urgências e emergências pediátricas, pois existem muitas variáveis que
determinam o bom atendimento. Com a leitura do capítulo, observou-se a
necessidade da compreensão teórica relacionada à fisiologia do organismo bem
como ao funcionamento interligado dos sistemas. Além disso, existem fatores
externos que também favorecem (ou não) o bom atendimento e a sobrevida da
criança, como o local e o tempo do ocorrido, o meio de transporte disponível para
atender a criança, a relação com a família e as condições de saúde prévias da
criança.
Sendo assim, conclui-se que é primordial que o enfermeiro seja apto e
capacitado para atender não só a criança em uma situação em que as ações
devem ser rapidamente decididas, mas também sua família em toda situação de
estresse que a permeia.
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REFERÊNCIAS
1. TACSI, Y. R. C.; VENDRUSCOLO, D. M. S. A assistência de enfermagem
no serviço de emergência pediátrica. Revista LatinoAmericana de
Enfermagem, v. 12, n. 3, 2004.
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13. BRASIL. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.
Criança Segura Brasil: ajudando a prevenir acidentes com crianças,
2012. Disponível em: <http://criancasegura.org.br/page/numeros-1>.