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CONVERSA INICIAL

A quinta aula dará enfoque ao suporte básico e avançado de vida da


criança e do adolescente. Serão abordados aspectos atualizados referentes ao
atendimento do paciente em uma parada cardiorrespiratória (PCR),
mencionando os medicamentos e fluidos usados em emergências e a
estabilização pós-ressuscitação cardiorrespiratória.
O capítulo também mencionará a abordagem à criança poli traumatizada,
oferecendo destaque aos traumatismos cranioencefálicos (TCEs). Com objetivo
de continuidade, serão listados os aspectos teóricos e técnicos para o transporte
da criança gravemente enferma. Os acidentes mais comuns na infância serão
relatados, de acordo com dados epidemiológicos de pronto atendimentos.
Por fim, haverá uma reflexão a respeito dos aspectos éticos dos cuidados
com a criança e o adolescente em situações de emergência.

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CONTEXTUALIZANDO
Quando uma criança está na fase aguda de uma doença ou passou por
uma ocorrência de trauma, ela imediatamente é encaminhada ao serviço de
urgência e emergência com risco de morte, exigindo dos profissionais
responsáveis o desenvolvimento de suas potencialidades para prover o melhor
atendimento àquele paciente e à sua família. O enfermeiro tem a
responsabilidade pelos cuidados intensivos da criança em estado crítico, por
meio da avaliação permanente, da vigilância e da realização de procedimentos e
técnicas que complementam a terapêutica médica(1). Não se pode deixar de lado
a relevância em atuar também na orientação e no acolhimento dos familiares.
Devido às particularidades biológicas e psicológicas, nas situações
emergenciais, a criança é quase sempre a principal vítima, necessitando de
recursos materiais e humanos especializados em atendimento emergencial.
Diversos fatores colocam a criança em situação de risco, como os agravos das
doenças respiratórias, os estados convulsivos, as intoxicações e os traumas,

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provocando, muitas vezes, a parada cardiorrespiratória, que constitui a principal
situação de emergência(1).
Destarte, serão analisados os seguintes temas pertinentes:
1. Atendimento à criança em parada cardiorrespiratória
2. Abordagem à criança politraumatizada
3. Acidentes mais comuns na infância
4. Transporte da criança gravemente enferma
5. Aspectos éticos no cuidado à criança grave

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TEMA 1 – ATENDIMENTO À CRIANÇA EM PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA


“A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma situação caracterizada por
inconsciência, com ausência de resposta a estímulos, apneia e ausência de
pulsos palpáveis”(2).

Uma reanimação cardiopulmonar com técnica correta consegue um


sucesso inicial, definida pela restauração de função circulatória sustentada por
pelo menos 20 minutos, em dois terços das crianças reanimadas. Dessas, um
terço permanecem vivas por aproximadamente 24 horas, mas apenas 15%20%
das crianças que tiveram uma PCR em ambiente hospitalar e menos de 10% dos
casos fora de ambiente hospitalar estarão vivos um ano após o evento. Desses
sobreviventes, a maioria apresentará sequelas neurológicas significativas (3).

Esses resultados frustrantes fazem entender que é sempre muito mais


importante identificar os pacientes sob risco de uma PCR, antecipar e evitar a
ocorrência da parada do que precisar reanimar a criança. Dessa forma,
considera-se fundamental aprender a reconhecer antecipadamente as crianças
sob risco de ter uma PCR e saber tomar providências para evitá-la. Em quase
todos os casos, a PCR ocorre por insuficiência respiratória ou por choque (vistos
na aula 4). Nos instantes finais, a insuficiência respiratória leva à insuficiência
circulatória por hipóxia ou por acidose. Assim, as situações clínicas que levam à
insuficiência respiratória ou ao choque precisam ser evitadas, e essas situações
precisam ser rapidamente identificadas e tratadas(3).

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“O diagnóstico de PCR não precisa ser preciso e definitivo para que as
medidas de suporte básico de vida sejam iniciadas”. Basta que a criança
apresente um ou mais dos sinais de alerta, que são(2):

 “apneia ou gasping;
 palidez ou cianose;

 perda súbita da consciência;

 ausência de pulso em grandes artérias (recém-nascidos e lactentes –


braquial ou femural, crianças maiores – carotídeo);

 batimentos cardíacos inaudíveis ou não efetivos (abaixo de 40 bpm);

 pupilas dilatadas”(2).

A AHA, 2015(2), preconiza a cadeia de sobrevivência quando o paciente


está indicando uma condição de PCR, sendo ela:

Fonte: AHA, 2015.

O primeiro elo indica a identificação de possíveis causas de PCR em


crianças, sugerindo a prevenção. Em seguida, a RCP imediata e de alta
qualidade, com ênfase nas compressões torácicas. Posteriormente, o
acionamento do serviço de emergência seguido de amparo do suporte de vida
avançado e eficaz. Por fim, os cuidados pós-PCR integrados, visando manter não
somente a qualidade do atendimento mas também a manutenção da vida da
criança.

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Quando são identificados sinais de PCR, o enfermeiro deve imediatamente
solicitar apoio da equipe para dar início às manobras de ressuscitação
cardiopulmonar (RCP), seguindo o algoritmo preconizado pela AHA, 2015 (2):

Fonte: AHA, 2015.

Inicialmente, o enfermeiro deve realizar as avaliações na sequência C – A

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– B, sendo C – Circulação, A – Vias áreas e B – Ventilação inicial. Isso é para
garantir que as compressões no tórax serão iniciadas mais cedo, enquanto o
sangue ainda estiver bem oxigenado(4).

No que se refere à circulação, deve-se iniciar as compressões em bebês


e crianças com compressões torácicas, na frequência de 100 a 120 compressões
por minuto e intercalando 30 compressões para cada 2 ventilações, quando
estiver com apenas um socorrista, e 15 compressões para cada 2 ventilações,
quando estiver com dois socorristas. As manobras devem comprimir cerca de 1
terço do diâmetro anteroposterior do tórax, ou seja, cerca de 4 cm em bebês, 5
cm em crianças maiores e de 5 cm a 6 cm em adolescentes. Em todas as idades
é fundamental permitir o retorno total do tórax entre as compressões e minimizar
a interrupção entre elas(2,4-5).

Nos bebês, a técnica das compressões deve ser realizada utilizando dois
dedos ou dois polegares e a ventilação deve ser feita com ambu, ou, quando na
ausência do ambu, colocando-se a boca do socorrista sobre a boca e o nariz do
bebê (ventilação boca/boca-nariz) com as devidas precauções de contaminação.
Nas crianças maiores de um ano e que ainda não tenham entrado na puberdade,
a técnica das compressões torácicas a ser utilizada é a de uma mão. A ventilação
deve ser preferencialmente com o ambu e, na ausência do ambu, boca-boca com
as devidas precauções de contaminação. Nos adolescentes, a técnica de
compressões e ventilação é a mesma do adulto(2,4-5). Seguem demonstrações:

6
Fonte: AHA, 2015.

É fundamental que o enfermeiro que atue com emergências pediátricas se


mantenha frequentemente interado das atualizações dos guidelines de
procedimentos de RCP, visto que elas se modificam à medida que estudos se
realizam.

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TEMA 2 – ABORDAGEM À CRIANÇA POLITRAUMATIZADA


Politrauma é definido como o conjunto de lesões traumáticas simultâneas
em diversas regiões, órgãos ou sistemas do corpo, em que pelo menos uma das
lesões pode colocar o paciente em risco de vida. Em grande número dos casos
está associado também aos traumatismos cranioencefálicos(6). As principais
causas de politraumatismos em crianças são: atropelamentos, acidentes
automobilísticos, quedas, afogamentos e homicídios(7).

“O tratamento de uma criança vítima de múltiplos traumatismos requer


avaliação rápida das lesões e instituição de medidas terapêuticas de suporte de
vida, com uma abordagem precisa, atualizada e sistematizada”(7).

7
No que se refere ao atendimento pré-hospitalar, ou seja, aquele prestado
no local do trauma, a equipe de socorro deve agilizar o tratamento de tal modo
que o hospital que receberá o paciente seja notificado antes mesmo da
condução(8). “Nessa fase, deve ser dada ênfase à manutenção das vias aéreas,
à manutenção da circulação sanguínea e ao controle dos sangramentos externos
e do choque e à imobilização da criança”(9), lembrando que todo esforço deve
ocorrer para abreviar o tempo de permanência no local do acidente. É importante
se informar sobre detalhes do acidente, como horário, eventos relacionados ao
trauma e história da criança(9). Sendo assim, é de suma importância que o
socorrista busque identificar os pais da criança, se possível, ou alguém próximo
a ela(7).
Geralmente os casos de crianças politraumatizadas estão relacionados a
hemorragias, por isso esses casos são considerados como a principal causa de
morte pós-traumática evitáveis. Portanto, é essencial a avaliação rápida e precisa
do estado hemodinâmico da criança. Os elementos clínicos que oferecem
informações importantes em pouco tempo e ainda no local do trauma são (8):

 Nível de consciência: quando o nível de consciência estiver diminuído, a


perfusão cerebral pode estar prejudicada.

 Cor e temperatura da pele: a criança que estiver corada na face e nas


extremidades dificilmente está hipovolêmica, entretanto se a coração
estiver acinzentada ou pálida e a temperatura estiver fria, é sinal de

hipovolemia.  Pulso: quando estiver rápido e filiforme é habitualmente

um sinal de hipovolemia.

Quando identificada possível hemorragia, as crianças devem ser


encaminhadas imediatamente ao atendimento hospitalar. “Os torniquetes não
devem ser usados pois causam esmagamento de tecidos e provocam isquemia
distal”(7).

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As hemorragias torácicas, abdominais, de partes moles ao redor de
fraturas de ossos longos, no espaço retroperitonial em decorrência de fratura na
pelve ou como resultado de ferimentos penetrantes do tronco são as principais
causas de perdas ocultas de sangue(10).

Outro cuidado que se deve ter com a criança vítima de múltiplos traumas
é a proteção contra perda de temperatura. Geralmente é necessária a retirada
completa das roupas da criança para a realização da avaliação geral, todavia não
se pode esquecer de que ela não pode ter hipotermia, sendo assim é necessário
o uso de cobertores ou dispositivos que evitem a perda de temperatura(8).
A criança politraumatizada deve receber oxigenação suplementar na maior
concentração possível, pois a hiperventilação pode reduzir a pressão
intracraniana associada ao fluxo sanguíneo central aumentado. A ventilação da
criança pode estar comprometida por distenção gástrica, diminuindo a mobilidade
do diafragma e aumentando o risco de vômitos e aspiração(7).
Sequencialmente, a criança com múltiplos traumas deve ser transportada
para um hospital que abranja sua necessidade, de acordo com a Escala de
Traumatismo Pediátrico (ETP), sendo que quanto menor o número da escala,
mais grave é o estado da criança(5):

Fonte: ATLS, 2012.

Os politraumas pediátricos são geralmente compostos por traumatismo


cranioencefálico, que são lesões traumáticas cranianas, podendo ser abertas ou
fechadas, com evidência de envolvimento cerebral, demonstrado por alteração
do nível de consciência (sonolência, letargia, confusão mental ou coma). A
magnitude do impacto do trauma sobre o encéfalo determina a severidade da

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lesão. Logo após o impacto craniano, “ocorre redução ou até interrupção do fluxo
sanguíneo cerebral, e as reservas de nutrientes e oxigênio se esgotam em
segundos”(7).

Grande maioria dos pacientes que sofrem TCE apresenta complicações


secundárias, que podem ocorrer minutos depois ou então dias. Algumas delas
são: hipotensão severa, hipoglicemia e infecções sistêmicas(10).
Os principais cuidados destinados à criança com politraumatismos
baseiam-se na estabilização das condições vitais dos pacientes (8). O enfermeiro
tem papel fundamental no cuidado oferecido a essas vítimas, pois é necessário
que ele esteja apto para obter uma breve história da criança, realize o exame
físico, executando o atendimento imediato. Deve aliar fundamentação teórica à
capacidade de liderança, iniciativa e habilidades essenciais. Ademais, precisa ter
raciocínio rápido sendo parte vital da equipe(9).

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TEMA 3 – ACIDENTES MAIS COMUNS NA INFÂNCIA


Nesta faixa etária de zero a um ano, a criança inicia uma jornada de
crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor. Durante esse período, eles
apresentam uma enorme curiosidade em relação ao ambiente, aumentando o
risco de acidentes domésticos. A partir dos quatro meses, eles começam a
agarrar os objetos, e o risco de engolir e ocasionar asfixia é grande, giram-se
sobre o abdômen, podendo aumentar o risco de quedas e sufocamento. A partir
dos 12 meses, a criança tende-se a começar a andar só, aumentando ainda mais
o risco de queda, queimaduras e afogamento(10-12).

Dados obtidos pelo Datasus (Departamento de Informática do Sistema


Único de Saúde do Brasil) demonstram que no ano de 2012 as principais causas
de hospitalização de crianças menores de um ano são por afogamentos diversos
representando um total em numerações de 7 hospitalizações e 31 casos de
morte. As queimaduras diversas, por sua vez, representam um total de 22 casos
de hospitalização e 22 casos de óbitos. Já os casos de sufocação diversos
representam um total de 88 de casos de hospitalização e 578 casos de morte.

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Por fim, as quedas representam um total de 2.606 casos de hospitalização e teve
um total de 53 óbitos(13).

Em todas as causas principais de acidentes, o enfermeiro tem um papel


fundamental de atuar na prevenção, através de orientações à população mais
vulnerável e às suas famílias. Entretanto, ainda assim, casos de queimaduras,
quedas e sufocações são muito comuns e exigem cuidados específicos.
As queimaduras são acidentes que causam sequelas importantes, além
de serem responsáveis por alta incidência de mortalidade infantil. A assistência
de enfermagem diante da criança queimada deve ser realizada de forma global,
pois todas as alterações que podem ocorrer no organismo queimado são
intimamente relacionadas(14). A contribuição do enfermeiro procede-se através
da vigilância contínua e de vários controles não só durante a fase de emergência
como também durante a fase aguda da queimadura(15).
Entre os cuidados de enfermagem prestados durante a fase emergencial,
destacam-se: controle dos sinais vitais, elevação das extremidades queimadas a
fim de reduzir o edema, inserção de cateteres venosos de grande calibre,
sondagem vesical, monitoração do balanço hídrico, avaliação da densidade da
urina, pressão venosa central, avaliação da temperatura corporal, realização de
exame físico completo com foco nas lesões e acolhimento familiar. Durante a
fase intermediária, destaca-se o cuidado com as lesões (a depender do tipo de
cada uma), avaliação da dor e controle dos sinais vitais, atentando-se para a
temperatura.
No que se refere às quedas, é muito comum que a criança se lesione com
menos frequência e gravidade que o adulto, visto que os ossos das crianças são
mais flexíveis. No entanto, algumas observações são necessárias, tais como: se
a criança sofrer síncopes após a queda, se houver sangramentos, se a criança
rebaixar o nível de consciência (ficar menos responsiva e sonolenta), se houver
sinais de fraturas, se houver sinais de TCE (epistaxe, sangramento pelo ouvido,
hematomas nas regiões dos olhos e orelhas, pupilas desiguais, fraqueza,
confusão mental, dificuldade em falar e êmese).

1
Nessas condições, é fundamental que a criança receba atendimentos
semelhantes aos relacionados no tema anterior, referentes a politraumatismos e
TCE.
Sufocação, ou afogamento, é gerada por aspiração de líquido de qualquer
natureza, atingindo o aparelho respiratório e impedindo as trocas gasosas. O
procedimento mais indicado nesses casos é a manobra de Heimlich, conforme a
orientação a seguir fornecida pela AHA 2015(1):

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Fonte: AHA, 2015.

Grande parte dos acidentes com crianças pode ser evitada se houver
mecanismos de prevenção. Além disso, é fundamental que o enfermeiro execute
atividades de orientação a familiares a respeito das manobras e técnicas básicas
de atendimento inicial aos acidentes, evitando sérias complicações e até mesmo
óbitos.

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TEMA 4 – TRANSPORTE DA CRIANÇA GRAVEMENTE ENFERMA


Crianças doentes requerem, frequentemente, transporte para centros de
maior complexidade com objetivo de oferecer tratamento adequado às
necessidades do paciente. A impossibilidade do transporte, ou a realização do
transporte inadequado, pode levar ao agravamento do caso, a sequelas
irreversíveis ou até mesmo à morte da criança(11).
Independentemente da situação, a criança só pode ser removida do local
do acidente quando os cuidados primários já tiverem sido realizados, garantindo
a estabilização dos padrões vitais e o contato prévio com o centro de referência
para onde a criança será encaminhada.
É essencial a escolha adequada do meio de transporte, sendo necessário
considerar a gravidade da situação, a condição de trânsito das vias, as condições
meteorológicas e geográficas da região, a disponibilidade do meio de transporte
e de profissionais, a segurança do local e o custo(11).
Para os transportes terrestres, pelo uso da ambulância, a distância a ser
percorrida deve ser de até 200 km(1,11). Essa opção é de fácil disponibilidade,
apresenta facilidade de mudança de rota se houver necessidade, tem menor
custo, entretanto é dependente de condições climáticas e do trânsito.
Os transportes por helicóptero são usados para distâncias de 200 km a
400 km ou se o estado da criança for mais crítico, pois é um meio mais rápido,
além de atingir áreas inacessíveis e não depender do trânsito. Porém, é
necessário ter um heliponto disponível, é de custo alto, possui capacidade
limitada de combustível e tem um espaço interno menor(11).
Para distâncias superiores a 400 km, sugere-se o uso do transporte por avião,
que possui um espaço interno suficiente para o atendimento, além da
pressurização(11). Todavia, é um meio de alto custo e que pode acarretar em
complicações devido à altitude.
Independentemente do meio escolhido para o transporte, é fundamental
que a criança seja removida por uma equipe qualificada e completa, incluindo no
mínimo dois profissionais (enfermeiro e médico), que devem ter treinamento

1
específico e atualização constante em avaliação, ressuscitação e estabilização
pediátrica.
A equipe deverá manter, durante todo o transporte, o mesmo nível de
atendimento oferecido ao paciente na fase de estabilização (15). Nas ambulâncias,
os profissionais ficam em posição adequada para as manobras, têm fácil
comunicação com o motorista para que altere a velocidade quando necessário.
Se houver necessidade de procedimentos dentro da ambulância, como uma
manobra de RCP, a velocidade do automóvel tende a ser consideravelmente
reduzida; já procedimentos como intubação e um acesso venoso perdido
requerem que a ambulância pare completamente(1,11).
É importante considerar que, no transporte de crianças, a presença dos
pais ou responsáveis é obrigatória.

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TEMA 5 – ASPECTOS ÉTICOS NO CUIDADO À CRIANÇA GRAVE


Casos envolvendo crianças em situação de urgência ou emergência são
muito delicados e requerem tomadas de decisões rápidas. Além disso, é preciso
considerar que a singularidade que caracteriza cada caso clínico crítico e a
incerteza de diagnósticos e prognósticos são fatores que geram uma tensão
aflorada tanto entre os familiares como também entre os profissionais de
saúde(12). Ademais, habitualmente, o profissional de saúde que presta o primeiro
atendimento não conhece anteriormente a criança e sua família e não foi
escolhido por estes para prestar o atendimento, o que dificulta o estabelecimento
de uma relação de confiança(13).
Outra condição que permeia os atendimentos de emergência e urgência
em crianças é a singularidade de cada criança e cada família. Cada um reage a
uma situação de forma diferente. Muitas vezes a aparência de um paciente pode
induzir a erros de avaliação se o enfermeiro criar regras, como, por exemplo, se
uma criança responder a uma fratura com choro, irritação e agitação, pois outras
podem ficar apáticas, quietas e aparentemente calmas. Sendo assim, todos que
procuram um pronto-socorro devem receber prontamente o mesmo
atendimento(13).

1
É fundamental que, mesmo sendo um momento de tensão e de
procedimentos rápidos, todos os procedimentos terapêuticos e propedêuticos
devam ser comunicados e consentidos pelo paciente ou pela sua família, exceto
quando se há risco iminente de morte. Quanto aos aspectos legais, a relação
profissional-paciente (familiar) era, anteriormente, de confiança cega em que o
desconhecimento dos seus direitos levava o paciente e sua família a aceitar, sem
contestações, os procedimentos terapêuticos. Atualmente, essa relação se
caracteriza, progressivamente, como uma relação de prestação de serviços em
que o usuário assume postura ativa, questionando, exigindo ou recusando
tratamentos que neguem(13).
Em outra vertente, na linha de proteção ao cidadão, o Estatuto da Criança
e do Adolescente instituiu normas de proteção às crianças e aos adolescentes
com garantia expressa de assistência médica integral e universal, assegurando
a presença de um familiar durante todo o tempo em que a criança estiver sob
cuidados médicos(15,16).

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SÍNTESE
É um grande desafio para o enfermeiro e para os demais profissionais
atuar em urgências e emergências pediátricas, pois existem muitas variáveis que
determinam o bom atendimento. Com a leitura do capítulo, observou-se a
necessidade da compreensão teórica relacionada à fisiologia do organismo bem
como ao funcionamento interligado dos sistemas. Além disso, existem fatores
externos que também favorecem (ou não) o bom atendimento e a sobrevida da
criança, como o local e o tempo do ocorrido, o meio de transporte disponível para
atender a criança, a relação com a família e as condições de saúde prévias da
criança.
Sendo assim, conclui-se que é primordial que o enfermeiro seja apto e
capacitado para atender não só a criança em uma situação em que as ações
devem ser rapidamente decididas, mas também sua família em toda situação de
estresse que a permeia.

1
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REFERÊNCIAS
1. TACSI, Y. R. C.; VENDRUSCOLO, D. M. S. A assistência de enfermagem
no serviço de emergência pediátrica. Revista LatinoAmericana de
Enfermagem, v. 12, n. 3, 2004.

2. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines CPR & ECC 2015.


Destaques da American Heart Association 2015: atualização das
diretrizes de RCP e ACE, 2015.

3. GONZALEZ, M. M. et al. I Diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e


cuidados cardiovasculares de emergência da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2013.

4. AMERICAN HEART ASSOCIATION. PALS (Pediatric Advanced


Support): Provider Manual, 2012.

5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Reanimação do


recémnascido em sala de parto: diretrizes da Sociedade Brasileira de
Pediatria, 2016.

6. ABRAMOVICI, S.; SOUZA, R. L. Abordagem da criança politraumatizada.


Jornal de Pediatria, v. 75, n. 2, 1999.

7. ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma para Médicos. 7. ed.


Elsevier, 2012.

8. CARVALHO, L. F. A. et al. Traumatismo cranioencefálico grave em


crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São
Paulo, v. 19, n. 1, 2007.

9. MELO, M. C. B.; VASCONCELLOS, M. C. Atenção às urgências e


emergências em pediatria. Belo Horizonte: Escola de Saúde Pública de
Minas Gerais, 2005.
10. WING, R.; JAMES, C. Pediatric head injury and concussion. Emergency
Medicine Clinics of North American, 2013.

11. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Pediatric Advanced Life Support,


1997.
12. ALMEIDA, J. et al. Acidentes domésticos na infância. Licenciatura em
Enfermagem – Escola Superior de Saúde da Universidade do Mindelo,
jan. 2013.

1
13. BRASIL. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde.
Criança Segura Brasil: ajudando a prevenir acidentes com crianças,
2012. Disponível em: <http://criancasegura.org.br/page/numeros-1>.

14. MELO, M. C. Atenção às urgências e emergências em pediatria. Belo


Horizonte: Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, 2005.

15. MELO, M. C. B.; SILVA, N. L. C. Urgência e emergência na atenção


primária à saúde. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva. Universidade
Federal de Minas Gerais, 2011.

16. ANDRADE, C. S. M. Atuação do enfermeiro nos serviços de urgência e


emergência em pediatria. Intesa, v. 10, n. 1, 2016.

17. PEREIRA, F. M. A. A. Reanimar com os pais… pessoas a mais?!:


presença de familiares durante procedimentos de reanimação em
pediatria: a visão dos enfermeiros do serviço de urgência pediátrica.
Dissertação (Mestrado em Gestão da Saúde) – Escola Nacional de Saúde
Pública, Lisboa, 2016.

LEITURA OBRIGATÓRIA DA DISCIPLINA


AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines CPR & ECC 2015. Destaques
da American Heart Association 2015: atualização das diretrizes de RCP e
ACE, 2015.

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