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MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

Emergência Médica Pré-Hospitalar:


Estágio de observação
Oliver Stefan Correia Kungel

M
2020
Porto, junho de 2020

Relatório de estágio

Emergência Médica Pré-Hospitalar:


Estágio de observação

Oliver Stefan Correia Kungel

Endereço eletrónico: osck17@hotmail.com

Orientador: Prof. Dr. António Marques da Silva

Médico Anestesiologista - Assistente Graduado Sénior


Diretor do Departamento de Anestesiologia, Cuidados Intensivos e Emergência
Adjunto do Diretor Clínico - Centro Hospitalar Universitário do Porto
Professor Catedrático Convidado - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade
do Porto

Coorientadora: Prof. Doutora Isabel Almeida

Assistente Graduada Sénior de Medicina Interna, Unidade de Imunologia Clínica – Centro


Hospitalar Universitário do Porto
Diretora do Serviço de Urgência e Emergência – Centro Hospitalar Universitário do Porto
Professora Catedrática Convidada - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade
do Porto

UNIVERSIDADE DO PORTO, INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA


Agradecimentos

À Prof. Doutora Isabel Almeida e ao Prof. Dr. António Marques por terem possibilitado a
realização deste estágio, assim como pela sua disponibilidade e conhecimento.
A todos os profissionais do INEM com quem contatei durante este estágio, que me integraram
nas suas equipas e tornaram esta experiência tão formativa.
À família e amigos sempre presentes ao longos dos últimos seis anos.

i
Resumo
A medicina de emergência e a emergência pré-hospitalar, em particular, são áreas cada
vez mais exploradas durante o curso de medicina em Portugal. No entanto, são ainda abordadas
num contexto maioritariamente teórica. Assim, um interesse especial e a falta de uma
componente prática nestas áreas constituíram as principais motivações para a realização de um
estágio de observação na Delegação Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

O INEM, enquanto entidade responsável por garantir a prestação de cuidados de


emergência médica em Portugal, integra e coordena os sistemas de socorro pré-hospitalar, o
transporte, a receção hospitalar e a referenciação adequada do doente urgente.

O estágio decorreu na delegação norte do INEM, entre 17/12/2019 e 16/02/2020, sendo


constituído por um total de 81 horas distribuídas pelos seguintes meios: Ambulância de
Emergência Médica – Porto 4; Ambulância de Suporte Imediato de Vida – Gondomar; Viatura
Médica de Emergência e Reanimação – Centro Hospitalar Universitário do Porto e Centro
Hospitalar Entre-Douro-e-Vouga; e Centro de Orientação dos Doentes Urgentes – Delegação
Norte.

Os objetivos propostos foram na sua maioria cumpridos. Este estágio permitiu-me


compreender o funcionamento e organização do Sistema Integrado de Emergência Médica e
contatar com uma grande variedade de situações de emergência. Ao longo das 26 ocorrências
testemunhadas, fui-me possível participar ativamente nos procedimentos de abordagem a
vítimas conscientes e inconscientes, avaliação e monitorização clínica dos doentes. Permitiu
também a consolidação de conhecimentos adquiridos ao longo do curso e verificar a
importância da empatia e capacidade comunicativa dos agentes de socorro num contexto
particularmente imprevisível como é o ambiente pré-hospitalar. Permitiu-me igualmente
verificar a existência de algumas falhas no SIEM, com potencial para serem melhoradas.

Posso concluir que este estágio contribui muito para a minha formação,
complementando com uma componente prática a formação teórica adquirida ao longo do curso
de medicina, pelo que estou, hoje, melhor preparado para encarar situações emergentes com
que me possa deparar na minha carreira médica no futuro.

ii
Abstract
Emergency medicine and, particularly, pre-hospital care are areas each year more
explored during medical degree in Portugal. However, they are still teached in a mostly
theoretical context. Thus, a special interest and the lack of a practical component in these areas
were the main motivations for taking an observational internship in the northern delegation of
the National Institute of Medical Emergency (INEM).

INEM, as the responsible organism for guaranteeing the provision of emergency medical
care in Portugal, integrates and coordinates the pre-hospital assistance systems, transport,
hospital reception and the appropriate referral of urgent patients.

The internship took place at the northern delegation of INEM, between 17/12/2019 and
16/02/2020, consisting of a total of 81 hours distributed by the following vehicles: Emergency
Medical Ambulance (AEM) - Porto 4; Immediate Life Support Ambulance (SIV) - Gondomar;
Medical Emergency and Resuscitation Vehicle (VMER) – Centro Hospitalar Universitário do Porto
and Centro Hospitalar Entre-Douro-e-Vouga; and patients orientation center (CODU) - Northern
Delegation.

The proposed objectives were mostly accomplished. This internship allowed me to


understand the functioning and organization of the Integrated Medical Emergency System
(SIEM) and to contact with a wide variety of emergency situations. Throughout the witnessed
26 activations, I was able to actively participate in the procedures for approaching conscious and
unconscious victims, assessment and clinical monitoring of patients. It also allowed to
consolidate knowledge acquired throughout the medical degree and to witness the importance
of the empathy and communicative ability of the rescuers in a particularly unpredictable context
such as the pre-hospital environment. It also allowed me to verify the existence of some flaws
in SIEM, with the potential to be improved.

I can conclude that this internship contributed a lot to my training, complementing with
a practical component the theoretical knowledge acquired during the medical course. So today
I am better prepared to face emerging situations that I may encounter in my medical career in
future.

iii
Lista de siglas e acrónimos

Sigla Extensão
AA Ar Ambiente
AEC Alteração do Estado de Consciência
AEM Ambulância de Emergência Médica
AHA American Heart Association
AP Auscultação Pulmonar
ARR Amplo, Rítmico e Regular
AVC Acidente Vascular Cerebral
AVD Atividade de Vida Diária
CAPIC Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise
CHEDV Centro Hospitalar Entre-Douro-e-Vouga
CHSJ Centro Hospitalar São João
CHVNG/E Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
CHUP Centro Hospitalar Universitário do Porto
CIAV Centro Informação Antivenenos
CODU Centro de Orientação de Doentes Urgentes
CVP Cruz Vermelha Portuguesa
DAE Desfibrilador Automático Externo
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
DM Diabetes Mellitus
EAM Enfarte Agudo do Miocárdio
ECG Eletrocardiograma
EPH Emergência Pré-Hospitalar
ERC European Resuscitation Council
FC Frequência Cardíaca
FR Frequência Respiratória
GNR Guarda Nacional Republicana
GCS Escala de Coma de Glasgow
HTA Hipertensão Arterial
i-TEAMS INEM Tool for Emergency Alert Medical System
IC Insuficiência Cardíaca
ICARE Integrated Clinical Ambulance Record
ILCOR International Liaison Committee on Resuscitation
INEM Instituto Nacional de Emergência Médica
MEM Motociclo de Emergência Médica
MI Membro Inferior
MIE Membro Inferior Esquerdo
O2 Oxigénio
PA Pressão Arterial
PCR Paragem Cardiorrespiratória
PEM Postos de Emergência Médica
PSP Polícia de Segurança Pública
RS Ritmo Sinusal
SA Sem Alterações
SAV Suporte Avançado de Vida
SBV Suporte Básico de Vida
SDR Sinais de Dificuldade Respiratória

iv
SHEM Serviço de Helitransporte de Emergência Médica
SIV Suporte Imediato de Vida
SIEM Sistema Integrado de Emergência Médica
SpO2 Saturação Periférica de Oxigénio
VMER Viatura Médica de Emergência e Reanimação

v
Índice geral

Agradecimentos ............................................................................................................................. i
Resumo ......................................................................................................................................... ii
Abstract ........................................................................................................................................ iii
Lista de siglas e acrónimos ...........................................................................................................iv
Índice geral..................................................................................................................................... i
Índice de tabelas ........................................................................................................................... ii
Índice de figuras........................................................................................................................... iii
Introdução .................................................................................................................................... 1
Desenvolvimento .......................................................................................................................... 3
Descrição dos Meios INEM ........................................................................................................ 4
Abordagem à vítima .................................................................................................................. 7
1. Avaliação Primária ......................................................................................................... 7
2. Avaliação secundária ..................................................................................................... 8
3. A cadeia de sobrevivência ............................................................................................. 9
4. Public access Defibrillation .......................................................................................... 10
5. Vias Verdes .................................................................................................................. 11
Estágio realizado nos meios do Instituto Nacional de Emergência Médica............................ 11
Estágio realizado no CODU...................................................................................................... 31
Análise estatística das saídas testemunhadas ........................................................................ 32
Discussão..................................................................................................................................... 33
Recomendações .......................................................................................................................... 37
Conclusão .................................................................................................................................... 39
Tabelas e Figuras ........................................................................................................................ 40
Gráfico 1 ...................................................................................................................................... 44
Gráfico 2 ...................................................................................................................................... 45
Gráfico 3 ...................................................................................................................................... 46
Gráfico 4 ...................................................................................................................................... 47
Bibliografia .................................................................................................................................. 48
Anexos......................................................................................................................................... 50
Anexo 1 - Declaração de realização do estágio emitida pelo Instituto Nacional de Emergência
Médica ..................................................................................................................................... 50

i
Índice de tabelas

Tabela I – Distribuição das saídas nos diferentes meios do INEM durante o estágio………………40

ii
Índice de figuras

Figura 1 - Símbolo do INEM "Estrela da vida" com o significado das suas extremidades3,19…….41
Figura 2 - Representação da cadeia de sobrevivência3……………………………………………………………42

Figura 3 – Sinal internacional de DAE, criado pela ILCOR20……………………………………………………..43

iii
Introdução

A unidade curricular “Dissertação/Projeto/Relatório de Estágio”, integrada no plano de


estudos do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
da Universidade do Porto, permitiu a realização de um estágio como trabalho final do curso. A
escolha recaiu sobre o estágio uma vez que tornou possível um contacto mais prático e
profundo, tendo a área escolhida sido a emergência médica pré-hospitalar, pela qual tenho
especial interesse pessoal. Para além disso, a realização do estágio no Instituto Nacional de
Emergência Médica (INEM) visou complementar a formação teórica adquirida nesta área
durante a formação médica geral, visando desta forma enriquecer competências num contexto
prático e real.

Os principais objetivos para a realização deste estágio incluíram conhecer os principais


protocolos de abordagem e estabilização da vítima, que são essenciais a qualquer profissional
médico. Teve também como finalidade identificar as principais situações de emergência do foro
médico e traumatológico, assim como aprofundar o meu conhecimento sobre a organização e
o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). Para além disso, este
estágio também visou a aquisição de competências no âmbito da liderança e da gestão em
situações de pressão e ansiedade, responsabilidade e ética profissional, tal como presenciar a
importância do trabalho em equipa na emergência médica.

O estágio decorreu entre 17/12/2019 e 16/02/2020, sendo constituído por um total de


81 horas. Decorreu na delegação norte do INEM, com um total de 13 turnos distribuídos por
cinco locais distintos: Ambulância de Emergência Médica (AEM) – Porto 4 (2 turnos, 6 horas por
turno); Ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) – Gondomar (2 turnos, 6 horas por turno);
Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) – Centro Hospitalar Universitário do Porto
(5 turnos, 6 horas por turno); VMER – Centro Hospitalar Entre-Douro-e-Vouga (4 turnos, 6 horas
por turno) e Centro de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU) – Delegação Norte (1 turno, 3
horas).

O presente relatório está organizado por capítulos e inicia-se com uma breve explicação
dos motivos de escolha de realização de estágio, os seus objetivos e também como decorreu. O
desenvolvimento inicia-se com uma breve contextualização sobre o SIEM e a entidade
responsável pela sua coordenação - o INEM. Neste capítulo é descrito o processo de resposta
de aos pedidos de ajuda de vítimas de emergência médica, com destaque para a abordagem
primária e secundária, cadeia de sobrevivência, Public-access defibrillation e vias verdes pré-

1
hospitalares. De seguida, apresenta-se a descrição das atividades realizadas no âmbito do
estágio e uma breve análise estatística das saídas testemunhadas. Na discussão está presente
uma apreciação global com algumas observações sobre a aquisição de competências, os pontos
fortes e as limitações do estágio. No capítulo das recomendações, apresentam-se algumas
sugestões para melhorar alguns dos aspetos apresentados no capítulo anterior.

2
Desenvolvimento
Medicina de emergência é uma área extensa, que envolve o transporte inter-hospitalar
de doentes críticos e a prestação de cuidados em serviços de urgência e emergência, tanto intra
como pré-hospitalar, englobando esta última a assistência a situações emergentes fora do meio
hospitalar1.

O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) foi criado em Portugal em 1981 com
a finalidade de prestar assistência às vítimas de emergência de trauma ou doença súbita de
forma rápida, eficaz e eficiente2. O sistema envolve um conjunto de ações e entidades que
cooperam entre si, nomeadamente Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Polícia de
Segurança Pública (PSP), Guarda Nacional Republicana (GNR), Bombeiros, Cruz Vermelha
Portuguesa (CVP) e os Hospitais e Centros de Saúde. O acionamento do sistema em resposta a
um pedido de ajuda pressupõe o desenrolar de seis fases: Deteção, Alerta, Pré-socorro, Socorro,
Transporte e Tratamento na Unidade de Saúde. Estas etapas correspondem à identificação da
situação de emergência, à realização do pedido de ajuda e ao recurso de meios de comunicação
e equipamentos necessários para responder à situação de forma adequada3.

O INEM é o organismo responsável por coordenar o funcionamento do SIEM, tendo por


missão definir, organizar, coordenar, participar e avaliar as atividades e o funcionamento do
SIEM de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a rápida e adequada
prestação de cuidados de saúde pré-hospitalares. A formação em emergência médica, o
planeamento civil e a gestão da rede de telecomunicações de emergência fazem igualmente
parte das responsabilidades do INEM6.

Após a deteção de uma situação de emergência médica inicia-se, através do Número


Europeu de Emergência - 112 - o acionamento do SIEM. A chamada em causa é recebida nas
centrais de emergência da PSP e encaminhada para o primeiro operador do Centro de
Orientação de Doentes Urgentes (CODU) disponível quando o assunto da chamada está
relacionado com um problema de saúde3. O CODU tem como responsabilidade fazer a triagem
das chamadas, no mais curto espaço de tempo possível, acionando os meios mais adequados
tendo por base algoritmos bem definidos para avaliação da prioridade da situação clínica das
vítimas3. A seleção dos meios acionados em socorro da vítima depende igualmente da
proximidade dos mesmos, assim como da acessibilidade ao local de ocorrência5. Desta forma, a
uma situação clínica que carece de tratamento imediato é atribuída o grau de prioridade
máximo (P1), o que geralmente condiciona o acionamento de um meio de SIV ou VMER6. Este
grau de prioridade pode também levar ao acionamento do Serviço de Helitransporte de

3
Emergência Médica (SHEM), dependendo da localização geográfica da vítima6. Por outro lado,
se se tratar de uma vítima urgente que carece de intervenção dentro de uma janela temporal
superior à anterior é atribuído o grau de prioridade P3, que leva ao acionamento de um meio
SBV (ambulância ou motociclo)6. Já se a chamada for triada como não emergente/urgente, é lhe
atribuída o grau de prioridade P5, resultando em não serem enviados de meios de emergência
ou levando à transferência da chamada para o SNS24, para o Centro Informação Antivenenos
(CIAV) em situações de intoxicação ou para o Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise
(CAPIC) em situações de crise psicológica, comportamentos suicidas, vítimas de abuso ou
violência, entre outros6.

Para além das já mencionadas, o CODU tem também como funções disponibilizar
aconselhamento pré-socorro às vítimas e aos acompanhantes no local sempre que indicado,
assim como garantir o acompanhamento das equipas de socorro no terreno e coordenar a
decisão sobre a referenciação hospitalar de todos os doentes com base em critérios clínicos e
geográficos e nos recursos da unidade de saúde de destino5. Assim, em cada instalação do CODU
– quatro a nível nacional – as funções estão distribuídas por cinco equipas distintas: o
Atendimento, o Acionamento e a Passagem de Dados, realizadas pelos Técnicos de Emergência
Pré-Hospitalar (TEPH), a Assistência Médica, realizada por um ou dois médicos, e o CAPIC, que
envolve um psicólogo6. O médico desempenha um papel fundamental no CODU, sendo
responsável pelo acompanhamento, apoio e controlo dos meios de emergência médica mais
diferenciados que estão no terreno. Outras responsabilidades a cargo do médico incluem:
validação de atos médicos delegados, quando os mesmos se encontrem devidamente
protocolados, validados e se apliquem na situação em causa; articulação e coordenação das
situações de emergência com os médicos das unidades de saúde, quando tal se revele útil ou
necessário; atendimento e aconselhamento no âmbito de situações de intoxicação (CIAV) e
aconselhamento médico a situações de emergência que se verifiquem a bordo de embarcações
(CODU Mar)11.

Descrição dos Meios INEM

Serviço de Helitransporte de Emergência Médica


Os Helicópteros de Emergência Médica complementam a assistência médica pré-
hospitalar da rede de VMER, visando o transporte de doentes graves entre o local de ocorrência
e a unidade de saúde, assim como o transporte secundário mais rápido e seguro de doentes
críticos. Este meio está equipado com material de SAV, sendo a tripulação constituída por uma

4
equipa médica (um médico e um enfermeiro, com experiência em emergência médica pré-
hospitalar e cuidados intensivos/abordagem do doente crítico) e dois pilotos, em presença física
permanente junto das aeronaves. Existem atualmente 4 helicópteros na frota INEM: Macedo de
Cavaleiros, Santa Comba Dão, Évora e Loulé6.

Viatura Médica de Emergência e Reanimação


As VMER são veículos de intervenção pré́-hospitalar, concebidos para o transporte mais
rápido de uma equipa ao local onde se encontra o doente. Este meio possui equipamento de
SAV e a sua equipa é composta por um médico e um enfermeiro e visa a estabilização pré-
hospitalar do doente, assim como o acompanhamento médico no transporte das vítimas críticas
em ambulância, se necessário. Atualmente existem 44 VMER na frota do INEM6.

Ambulância de Suporte Imediato de Vida


AS SIV destinam-se assegurar o transporte rápido da equipa até ao local da ocorrência
de forma estabilizar e transportar doentes que necessitem de assistência, garantindo a
possibilidade de aplicação de medida de Suporte Básico de Vida (SBV) e Desfibrilação
Automática Externa (DAE) mas também a realização de atos terapêuticos invasivos e a
administração de fármacos, mediante protocolos aplicados sob supervisão médica. Este meio
possui equipamento de suporte imediato de vida e a sua equipa é constituída por um enfermeiro
e um TEPH do INEM. Existem atualmente 39 SIV na frota do INEM6.

Ambulância de Emergência Médica


As AEM visam o transporte rápido da equipa de Emergência Pré-Hospitalar (EPH) até ao
local da ocorrência, com estabilização e transporte de doentes, garantindo a possibilidade de
aplicação de medidas de SBV. A equipa deste meio é constituída por dois TEPH do INEM. Existem
atualmente 56 AEM na frota do INEM6.

Ambulância de Socorro (AS)


As AS encontram-se associadas às diversas delegações do INEM, Corpos de Bombeiros
(CB) ou delegações da CVP. O INEM celebrou protocolos com estas entidades de forma a serem
criados os Postos de Emergência Médica (PEM) e os Postos Reserva, onde se encontram

5
sediadas as AS (cedidas e equipadas pelo INEM). As suas equipas são constituídas por elementos
pertencentes às respetivas entidades que tenham o curso de Tripulante de Ambulância de
Socorro (TAS) e visam o transporte rápido da equipa até ao local da ocorrência, assim como
estabilizar e transportar doentes que necessitem de assistência, garantindo a possibilidade de
aplicação de medidas de SBV. Existem atualmente 332 AS sedeadas em PEM e 135 sedeadas em
Postos de Reserva6.

Ambulância de Transporte Inter-Hospitalar Pediátrico (TIP)


A equipa das ambulâncias de TIP são compostas por um médico e um enfermeiro com
formação e experiência em cuidados intensivos neonatais e/ou pediátricos e, ainda um, TEPH12.
Este meio visa transportar e estabilizar bebés prematuros, recém-nascidos e crianças em
situação de risco de vida, dos 0 aos 18 anos, para hospitais com unidades de neonatologia,
cuidados intensivos pediátricos e/ou especialidades ou valências específicas. Este tipo de
ambulâncias possui todos os equipamentos necessários para estabilizar e transportar os doentes
pediátricos. Existem atualmente 4 ambulâncias de TIP na frota do INEM6.

Motociclo de Emergência Médica (MEM)


Este meio é tripulado por um TEPH e tem como missão a sua deslocação rápida ao local
da ocorrência, com vista à avaliação e estabilização clínica inicial das vítimas de acidente ou de
doença súbita e das grávidas e eventual preparação para o transporte. O MEM permite o auxílio
de outras equipas de EPH e procede à triagem primária em situações excecionais. Este veículo
transporta um aparelho de DAE, oxigénio, adjuvantes da via aérea e ventilação, equipamento
para avaliação de sinais vitais e glicemia capilar13. Existem atualmente 9 MEM na frota do INEM6.

Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE)

A UMIPE é um veículo de intervenção concebido para transportar um psicólogo do INEM


de forma prestar auxílio a vítimas no local da ocorrência onde surgem situações específicas
como necessidade de assistência a vítimas de sinistros ou a seus familiares e amigos, assim como
apoio no início do processo de luto na sequência de morte inesperada e/ou traumática. Para
além destas, também está prevista a sua atuação em situações de risco iminente de suicídio,
emergências psiquiátricas que impliquem risco de vida para o próprio ou para outros e

6
intervenção com vítimas de abuso/violação sexual14.Atualmente existem 4 UMIPE na frota do
INEM6.

Abordagem à vítima

Quando o acionamento do SIEM leva à ativação e envio de um meio de EPH, esta poderá
colocar em ação diferentes algoritmos de abordagem consoante a vítima. Antes da abordagem
desta, particularmente em ambiente pré-hospitalar ou quando são identificados riscos para a
segurança, a primeira preocupação deve ser a segurança da EPH, da vítima e/ou terceiros. Desta
forma, é fundamental realizar uma rápida avaliação do local da ocorrência para determinar a
segurança no local onde se encontra a vítima7.

Para além disso, deve ser recolhida uma impressão geral das características da
ocorrência, de forma a que as seguintes questões possam ser identificados rapidamente: o tipo
de ocorrência, o número de vítimas e a sua localização, os meios de socorro disponíveis no local,
necessidades especiais ou a existência de problemas específicos7.

Após as condições de segurança estarem asseguradas e as questões anteriores


respondidas, segue-se o primeiro contacto com a vítima. Este deve centrar-se em três pontos
essenciais7:

1. Há hemorragia exsanguinante?

2. A via aérea está permeável?

3. A vítima respira?

Após este primeiro momento, todas as vítimas devem ser submetidas a uma abordagem
inicial sistematizada e metódica, consistindo na avaliação primária e na avaliação secundária.

1. Avaliação Primária

A avaliação primária é constituída por cinco etapas com a seguinte ordem de


prioridade7:

A. Airway: Permeabilização da Via Aérea com controlo da coluna Cervical;

B. Breathing: Ventilação e Oxigenação;

C. Circulation: Assegurar a Circulação com controlo da Hemorragia;

7
D. Disability: Disfunção Neurológica;

E. Expose/Environment: Exposição com controlo de Temperatura.

Qualquer condição com risco de vida identificada durante esta avaliação deve ser
imediatamente abordada e corrigida se possível, antes de continuar o processo de avaliação.
Isto implica que não se deverá avançar para o passo seguinte de avaliação antes de resolver a
condição que põe em risco a vida7.

2. Avaliação secundária

A avaliação secundária deve apenas ser iniciada após a conclusão da avaliação primária,
ou seja, em vítimas estáveis cujos valores dos sinais vitais não coloquem em risco a vida da
vítima7.

Nesta parte da abordagem, devem ser avaliados ou reavaliados os parâmetros vitais,


assim como a dor. A monitorização destes parâmetros deve ser realizada de forma organizada,
sistematizada e periódica - pelo menos de 5 em 5 minutos para uma vítima crítica e de 15 em
15 minutos para uma vítima não crítica. A recolha de informação deve visar uma melhor
caracterização da sintomatologia referida pela vítima assim como obter outras informações
relevantes, nomeadamente as que podem ser lembradas pela referência CHAMU7:

C: Circunstâncias do acidente;

H: História anterior de doenças e/ou Gravidez;

A: Alergias;

M: Medicação habitual;

U: Última refeição.

A avaliação secundária inclui ainda um exame objetivo, realizado por segmento


corporais, recorrendo à inspeção, palpação, percussão e auscultação sempre que indicado, na
seguinte sequência: 1) Cabeça e pescoço; 2) Tórax; 3) Abdómen; 4) Bacia e períneo; 5) Membros
superiores e inferiores; 6) Dorso e superfícies posteriores7.

8
3. A cadeia de sobrevivência

Na situação específica de haver uma vítima de Paragem Cardiorrespiratória (PCR) deve-


se iniciar uma sequência de passos frequentemente descritos como os elos da “cadeia de
sobrevivência”. Este conjunto de ações envolve:

1) Reconhecimento imediato da PCR e pedido de ajuda/socorro


Perante uma vítima que não responde e não respira ou apresenta uma
respiração ineficaz (por exemplo, gasping) deve ser realizado de forma mais
rápida possível o pedido de ajuda com ativação do SIEM através do número
1123.

2) Realização precoce de SBV


Após o pedido de ajuda, devem ser iniciadas de imediato as manobras
de SBV, no local onde se encontra a vítima, se as condições de segurança
assim o permitirem. Na presença de um único socorrista, a American Heart
Association (AHA) recomenda que as manobras sejam iniciadas com as
compressões torácicas antes de aplicar as ventilações (C-A-B, em vez do
anterior A-B-C; A - Airway; B - Breathing; C - Circulation), para reduzir o
tempo decorrido até à primeira compressão. A avaliação da via aérea e as 2
primeiras ventilações devem ser realizadas após as primeiras 30
compressões, realizando posteriormente ciclos compostos por 30
compressões e 2 ventilações.

3) Desfibrilhação precoce para restabelecer a atividade elétrica do coração


Na maioria dos casos de PCR no adulto ocorre em ambiente pré-
hospitalar, pelo que, durante os primeiros momentos, o ritmo cardíaco é
geralmente fibrilhação ventricular, cujo único tratamento eficaz é a
desfibrilhação16. A realização deste procedimento nos primeiros 3 a 5
minutos após o colapso cardíaco pode resultar em taxas de sobrevivência
entre os 50 e os 70%16. No entanto, por cada minuto de atraso na realização
de desfibrilhação, a probabilidade de sobrevivência à alta hospitalar diminui
cerca de 10 a 12%16. Contudo, se for realizado adequadamente SBV a
diminuição da probabilidade sobrevivência é mais gradual, rondando os 3 a
4% por cada minuto de atraso da desfibrilhação16. Para que a sua realização
precoce seja potenciada, é recomendado a existência e uso de DAE em
ambiente pré-hospitalar ou de acesso público. Neste sentido, é

9
recomendado a implementação de programas Public-access defibrillation
(PAD) 15, 16.

4) cuidados pós-reanimação para recuperar com Qualidade de Vida3.

4. Public access Defibrillation

Em Portugal, o Programa Nacional de Desfibrilação Automática Externa determina


atualmente as regras para o uso de DAE por operadores, não médicos, devidamente treinados
para o efeito, sob delegação de um médico, assim como as que regem a implantação de
programas PAD3,8, 17.

A European Resuscitation Council (ERC) e a AHA são algumas das organizações que
defendem a implementação de programas PAD em locais de elevada densidade e movimento
de cidadãos, como aeroportos, estações ferroviárias, terminais de autocarros, recintos
desportivos, centro comerciais, escritórios e casinos, onde as PCR são geralmente
presenciadas15,16. É defendido que a colocação de DAEs em áreas onde é esperada uma PCR a
cada cinco anos é cost-effective16. Estes locais devem ter uma sinalização simples e clara a
informar da localização do DAE e do percurso mais rápido até este, otimizando o tempo de
resposta. Neste sentido está também recomendado o uso do sinal de DAE, criado pela
International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) e reconhecido mundialmente16. O
número mínimo de equipamentos deve ser suficiente para garantir resposta pronta com DAE
em intervalo de tempo inferior a 3 minutos após o colapso, em qualquer localização abrangida
pelo respetivo programa18. Os DAE devem igualmente estar registados nos centros de
orientação de emergência, no caso de Portugal, o CODU, de forma a que possam orientar os
operadores de SBV ou acompanhantes da vítima para um DAE nas suas imediações, de forma a
diminuir o tempo até desfibrilhação15,16.

Apesar do uso deste dispositivo ocorrer principalmente em público, cerca de 60 a 80%


das PCR acontece no domicílio16. A proporção de vítimas em fibrilhação ventricular é menor em
casa do que no público, contudo o número absoluto de doentes potencialmente tratáveis é
superior em casa16. Assim, devem ser implementadas estratégias que visem a desfibrilhação
precoce das vítimas em áreas residenciais. Uma dessas medidas pode passar por fornecer a
todos os agentes de socorro, nomeadamente bombeiros e agentes da autoridade, DAEs e
formação para o seu uso e correta identificação de situações que requerem desfibrilhação

10
precoce16. Esta pode ser fundamental devido ao potencial dos bombeiros e agentes de
autoridade em atingir toda a população16.

Os PAD devem também considerar a criação de equipas com responsabilidade para


monitorização e manutenção dos DAEs, identificação e formação dos indivíduos com maior
probabilidade de usar este dispositivo, assim como a implementação de programas de melhoria
contínua de qualidade15,16.

5. Vias Verdes

Se durante a avaliação houver suspeita de que o quadro clínico da vítima se trata de um


caso de Acidente Vascular Cerebral (AVC), Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM), sépsis ou trauma
deve ser acionada a via verde pré-hospitalar correspondente. Estas são sistemas de resposta
rápida, organizada e articulada (entre as fases pré, intra e inter-hospitalares) e visam tornar mais
rápido o acesso dos doentes (que se encontram com uma das quatro situações clínicas descritas
anteriormente) na fase aguda da doença a cuidados médicos adequados, proporcionando um
diagnóstico e tratamento mais céleres e eficazes6. Estes sistemas visam também promover o
envolvimento da população e dos profissionais de saúde, o reconhecimento precoce de sinais
de alarme, o conhecimento dos mecanismos de pedido de ajuda, a sistematização das primeiras
atitudes de socorro e a definição do encaminhamento para a unidade de saúde mais adequada
e com melhores condições de tratamento definitivo9.

Estágio realizado nos meios do Instituto Nacional de Emergência Médica

Ao longo do estágio houve a oportunidade de contactar com diversos meios do INEM:


VMER, SIV, AEM e MEM – ativado também numa das saídas do meio VMER. Foi possível
presenciar várias situações comuns em emergência pré-hospitalar, num total de vinte e seis
saídas cujas situações clínicas podem ser enquadradas nas seguintes: alteração do estado de
consciência (9), hemorragia (1), PCR (6), dor torácica (2), crise convulsiva (1), taquicardia (1),
trauma (3), dispneia (1), crise hipertensiva (1) e distúrbio psiquiátrico (1). De seguida encontra-
se a descrição das saídas testemunhadas.

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1º Turno VMER – CHUP – 17/12/2019 – 8h-14h

1ª saída:

Motivo da Chamada: Alteração do Estado de Consciência (AEC).

Hora de ativação: 8h55 Hora de chegada ao local: 9h02

Identificação: Feminino, 22 anos. Carruagem de metropolitano.

Descrição: À chegada ao local, vítima em decúbito dorsal no chão, aparentemente estável,


acompanhada por testemunha. Refere sintomas pré-sincopais (confusão, desequilíbrio),
síncope e queda da própria da altura, amparada por testemunhas. Refere que recuperou a
consciência segundos após a queda. A vítima refere ainda ambiente com temperatura elevada
aquando da síncope e memória retrógada da mesma. Nega antecedentes pessoais e história de
patologia respiratória, cardiovascular ou neurológica. Nega ainda dispneia e dor. Última refeição
no dia anterior.

Avaliação: consciente e orientada. À abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: eupneica, FR = 16 cpm, SpO2 = 100% (Ar Ambiente), Auscultação Pulmonar (PA) = Sem
Alterações (SA);

C: FC = 90 bpm, pulso Rítmico e Regular; Pressão Arterial (PA) = 108/58 mmHg;


Eletrocardiograma (ECG) 12 derivações: Ritmo Sinusal (RS); pele = SA;

D: Escala de Coma de Glasgow (GCS) = 15 (0 = 4, V = 5; M = 6); pupilas N; Sem défices


sensitivos ou motores; glicemia capilar = 97 mg/dl;

E: Temperatura timpânica = 36,8˚C.

Atuação: Acesso venoso [Fluidoterapia: cloreto de sódio 0,9%, 100 mL]. Transporte com
acompanhamento médico para o CHUP.

Comentários: O fato da situação clínica ter ocorrido num ambiente com temperatura elevada e
fechado, a última refeição da vítima ter sido no dia anterior com a avaliação da PA a mostrar
hipotensão parecem favorecer a hipótese de se ter tratado de uma crise vasovagal reflexa. No
entanto, apesar da vítima se encontrar estável, do evento ter ocorrido pela primeira vez e não
haver história de patologia associada, a sua avaliação hospitalar foi a medida mais prudente de
forma a excluir causas mais graves.

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2ª saída:

Motivo da Chamada: Dor torácica. Acionado MEM.

Hora de ativação: 11h12 Hora de chegada ao local: 11h20

Identificação: Masculino, 56 anos. Apartamento.

Sintomas: Dor retroesternal associada a pirose.

Antecedentes: EAM há 1 ano. Hipertensão Arterial (HTA). Tabagismo ativo.

Medicação: Bisoprolol, Atorvastatina, Ramipril, AAS.

Descrição: À chegada, doente sentado, estável, acompanhado pela esposa. No dia anterior
iniciou dor torácica associada a pirose, após refeição copiosa. A vítima negou AEC, sintomas pré-
sincopais, assim como irradiação e fatores agravantes ou aliviantes da dor e, ainda,
incumprimento terapêutico.

Avaliação: consciente e orientado no espaço e no tempo; à abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: eupneico, FR = 15 cpm, SpO2 = 99% (AA), AP = sem alterações;

C: FC = 77 bpm, pulso Amplo, Rítmico e Regular (ARR); PA = 150/69 mmHg; ECG 12


derivações: RS, sem alterações do segmento ST ou bloqueios de novo; pele SA;

D: GCS = 15 (0=4, V=5; M=6); pupilas N; Sem défices sensitivos ou motores; glicemia
capilar = 108 mg/dl.

E: Temperatura timpânica = 36,5˚C.

Atuação: Monitorização. Transporte sem acompanhamento médico para o CHUP.

Comentários: Tratou-se do meu primeiro contacto com o MEM. O acionamento da VMER com
consequente avaliação eletrocardiográfica com exclusão precoce alterações sugestivas de
isquemia cardíaca.

2º e 3º turnos: SIV – Gondomar – 18/12/2019 e 19/12/2019 – 8h-14h

No conjunto dos dois turnos de SIV, apenas se registou uma saída, que ocorreu no
segundo turno. No entanto, no primeiro houve oportunidade de confirmar a carga da
ambulância deste meio, com participação na verificação da check-list realizada no início do

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turno. Para além disso, foi uma boa oportunidade para tomar conhecimento das diferenças de
carga de uma ambulância SIV relativamente às ambulâncias AEM e estudar os protocolos e
algoritmos de SIV.

Hora de ativação: 12h07 Hora de chegada ao local: 12h30

Motivo da Chamada: Hemorragia.

Identificação: Masculino, 73 anos. Estabelecimento comercial.

Sintoma: Epistáxis anterior contínua.

Descrição: À chegada, doente sentado, a aplicar gelo sobre a face, roupa com vestígios de
sangue. A vítima refere epistáxis abundante, súbita, espontânea, tendo entrado no
estabelecimento comercial para pedir auxílio. Sem melhoria após aplicação de gelo sobre a face
durante 1 hora. Negou trauma, cefaleia, AEC, dor torácica, visão turva ou outras alterações da
visão, dispneia e incontinência urinária.

Avaliação: à chegada - consciente e orientado no espaço e no tempo; GCS = 15; FR = 15 cpm;


SpO2 = 95% (AA); FC = 100 bpm, pulso ARR; PA = 210/140 mmHg; Temperatura auricular =
36,2ºC; pele SA; pupilas N; Sem défices sensitivos, motores ou alterações da linguagem.

Antes do transporte: PA = 198/126 mmHg; SpO2 = 97% (AA); epistáxis controlada; restantes
parâmetros sem alterações.

Atuação: Aplicação de pressão direta, gelo e esponja hemostática. Transporte para CHSJ.

Comentários: Apesar da hemorragia estar controlada à saída do local da ocorrência, foi


importante transportar a vítima para um SU de forma a que fosse sujeito a uma avaliação
hospitalar, com exclusão de lesões de órgão alvo pela crise hipertensiva e a tratamento desta
última.

4º turno: VMER – CHEDV - 22/12/2019– 14h – 20h

1ª Saída:

Motivo da Chamada: Crise Convulsiva com perda de consciência.

Hora de ativação: 14h07 Hora de chegada ao local: 14h28

Identificação: Masculino, 9 anos. Moradia.

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Antecedentes: Síndrome Hemiplegia Alternante com défices cognitivos, autónomo para se
vestir e se alimentar. Em 4º dia de tratamento de Otite Média Aguda.

Medicação: Mirtazepina. Amoxicilina/ácido clavulânico.

Sintoma: Sonolência, confusão.

Descrição: À chegada, vítima em estado pós-ictal, em posição lateral de segurança por ação da
equipa de bombeiros, que chegara primeiro. Pais descrevem e mostram em registo de vídeo
uma crise convulsiva tónica presenciada, auto-limitada, com início por volta das 14h e duração
de cerca 10 minutos. Pais negam antecedentes de crises convulsivas e alterações de
comportamento pela vítima antes da crise.

Avaliação: À chegada - prostado. À abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável e ventilação espontânea;

B: eupneico; FR = 15 cpm; SaO2 = 97%; AP: MV presente e simétrico, sem ruídos


adventícios;

C: FC = 97 bpm, pulso ARR; pele SA;

D: GCS = 11 (O=4, V=1, M=6); pupilas N; glicemia capilar = 134 mg/dL;

E: temperatura timpânica = 36.5 C.

Atuação: Monitorização. Acesso venoso. Transporte com acompanhamento médico para


CHEDV.

Comentários: Neste caso, foi particularmente difícil avaliar a resposta verbal da vítima devido à
confusão que a vítima apresentava no estado pós-ictal. Para além disso, uma vez que esta
criança tinha défices cognitivos foi também difícil a comparação do seu estado na ocorrência
com o seu estado basal. Este caso constitui também uma oportunidade para observar o papel
do médico na gestão da equipa, nomeadamente na atribuição de tarefas de acordo com a
aptidão de cada membro, mas acima de tudo, neste caso, na gestão da ansiedade dos familiares
perante a situação clínica da vítima. Face a necessidade de transporte de familiar da vítima como
acompanhante na ambulância não foi possível a minha presença no acompanhamento médico
durante o transporte para o hospital pelo que não pude acompanhar a evolução do quadro
clínico da vítima.

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2ª Saída:

Motivo da Chamada: Taquicardia. Rendez-vous.

Identificação: Masculino, 14 anos.

Antecedentes: Pré-excitação ventricular.

Medicação: Atenolol 50 mg id.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal na maca da ambulância com elevação da


cabeceira a 45º, monitorizada. Refere FC elevada quando estava a fazer exercício, pelo que se
tinha esquecido de tomar a medicação nesse dia. Nega palpitações, dor torácica. Refere
episódios anteriores semelhantes.

Avaliação: Orientado no espaço e no tempo. À chegada - estável. À abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável e ventilação espontânea;

B: eupneico; FR = 16 cpm; SaO2 = 97%; AP: MV presente e simétrico, sem ruídos


adventícios;

C: FC = 198 bpm, Ritmo ECG: Pré-excitação Ventricular; PA = 121/70 mmHg pele SA;

D: GCS = 15; pupilas N; glicemia capilar = 101 mg/dL;

E: temperatura timpânica = 36.7 C.

À saída do local: FC = 85 bpm, restantes parâmetros inalterados.

Atuação: Monitorização. Acesso venoso [adenosina, 6mg]. Transporte com acompanhamento


médico para o CHSJ.

Comentários: Este caso permitiu a discussão de alterações eletrocardiográficas verificadas assim


como o protocolo instituído.

5º turno: VMER – CHEDV - 26/12/2019 – 8h-14h

1ª Saída:

Hora de ativação: 8h59 Hora de chegada ao local: 9h11

Motivo da Chamada: AEC

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Identificação: Feminino, 84 anos. Lar de idosos.

Antecedentes: Doença de Alzheimer; HTA; IC; acamada, totalmente dependente para as AVDs.

Sintomas: Dispneia, arrepios e confusão.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal na cama, prostada, acompanhada por


enfermeira do lar. Esta refere que a encontrou naquela manhã mais confusa que o habitual,
assim como dispneica e em hipertermia. Enfermeira refere administração de paracetemol,
500mg, às 8h.

Avaliação: À chegada - confusa e sonolenta. À abordagem ABCDE:

A: via aérea com secreções, ventilação espontânea;

B: FR = 18 cpm; SaO2 = 90%; AP: Roncos e sibilos dispersos;

C: FC = 54 bpm, pulso ARR; Ritmo ECG: RS; PA = 130/100 mmHg; pele pálida e suada;

D: GCS = 8 (O=2; V=2; M=4); pupilas N; glicemia capilar = 101 mg/dL;

E: temperatura timpânica = 37.1 C.

Atuação: Aspiração de secreções respiratórias. Oxigenoterapia por Máscara de Oxigénio de Alta


Concentração [15L/min]. Nebulização [Brometo de Ipatrópio + Salbutamol]. Medidas de
arrefecimento corporal. Transporte sem acompanhamento médico para CHEDV.

Comentários: Neste caso foi particularmente difícil avaliar a resposta verbal da doente face a
sua doença neurológica avançada. Neste caso tive oportunidade de auxiliar na avaliação da
vítima com colocação de elétrodos para ECG e pesquisa da glicemia capilar.

2ª Saída:

Hora de ativação: 9h50 Hora de chegada ao local: 10h07

Motivo da Chamada: PCR

Identificação: Masculino, 79 anos. Apartamento.

Antecedentes: História de AVC há 1 ano com sequelas permanentes; parcialmente dependente


para as AVDs, necessitando de ajuda para se vestir por exemplo.

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Descrição: À chegada, bombeiros no local, a realizar SBV há 10 minutos, sem sinais de
recuperação. Fora encontrado em PCR, com corpo estranho na orofaringe pelos familiares por
volta das 9h45. Ritmo no monitor de ECG: assistolia. A médica decide descontinuar manobras
de reanimação (hora da morte 10h:15). Foi realizada a verificação de óbito e contactado médico
assistente.

Comentários: Este foi o primeiro caso de PCR que presenciei, pelo que à chegada marcou-me o
estado de ansiedade em que se encontravam os familiares da vítima contribuindo para um
ambiente de caos enquanto a equipa de Bombeiros realizava SBV.

3ª Saída:

Hora de ativação: 11h26 Hora de chegada ao local: 11h40

Motivo da Chamada: PCR

Identificação: Feminino, 85 anos. Apartamento.

Antecedentes: DM2, DPOC, IC e EAM há cerca de 6 meses. Totalmente dependente para as


AVDs.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal na cama encontrada em PCR pelos familiares
por volta das 11h20. Ritmo no monitor de ECG: assistolia. A médica decide não iniciar manobras
de reanimação (hora da morte 11h:45). Foi realizada a verificação de óbito e contactado médico
assistente.

6º turno: VMER – CHEDV - 27/12/2019 – 14h-22h

Hora de ativação: 18h50 Hora de chegada ao local: 19h22.

Motivo de chamada: AEC.

Identificação: Feminino, 72 anos. Lar de idosos.

Antecdentes: HTA, CMD, IC, BRE, DRC, história de AVC em 2014. Totalmente dependente para
as AVDs, mantém vida social.

Medicação: Bisoprolol, Furosemida, Baclofeno, Atorvastatina, Trazodona, Apixabano,


Alprazolam.

Sintoma: Prostação.

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Descrição: À chegada, doente em decúbito dorsal na cama, prostada, apenas reagindo à dor.
Tinha sido vista no seu estado basal pela última vez por volta das 18h, aquando da toma da
medicação. Começou a tomar baclofeno e uma dose maior de alprazolam 3 dias antes.

Avaliação: À chegada – prostada, não responsiva. À abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: FR = 18 cpm; SaO2 = 98%; c/ Sinais de Dificuldade Respiratória (SDR); AP: Roncos e


sibilos dispersos;

C: FC = 50 bpm; Ritmo ECG: RS; PA = 115/52 mmHg; pele pálida;

D: GCS = 8 (O=2; V=2; M=4); pupilas midriáticas; glicemia capilar = 190 mg/dL;

E: temperatura timpânica = 36.3 C.

Durante o transporte: GCS = 14 (O=4, V=4, M=6), restantes parâmetros com valores
semelhantes.

Atuação: Acesso venoso [0,5 mg de Flumazenil; Fluidoterapia: cloreto de sódio 0,9%, 100 mL].
Transporte com acompanhamento médico para o CHEDV.

Comentários: Após a administração de flumazenil, houve melhoria do quadro clínico com a


vítima já a cumprir ordens e o seu discurso já era compreensível. O início do quadro verificado
associado à introdução recente de baclofeno e de um aumento de dose de benzodiazepina na
medicação habitual, aliados aos factos da vítima ser doente renal crónica e ter melhorado após
a administração de flumazenil são a favor de se ter tratado de uma intoxicação medicamentosa.

7º turno: VMER – CHEDV – 28/12/2019 – 14h-22h

1ª saída:

Hora de ativação: 17h48 Hora de chegada ao local: 18h06.

Motivo da chamada: AEC

Identificação: Feminino, 79 anos. Moradia.

Antecdentes: HTA, DM2, FA, história de neoplasia renal com nefrectomia.

Medicação: Enalapril + Lercanidipina, Loprazolam, Atorvastatina, Fenofibrato, Carvedilol,


Indapamida, Venlafaxina, Insulina degludec.

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Descrição: À chegada, equipa de bombeiros já no local, vítima em decúbito dorsal no chão, não
responsiva. Fora vista bem pela última vez por volta das 16h. Familiares referem que a vítima
iniciara recentemente nova medicação hipoglicemiante.

Avaliação: À chegada: vítima não responsiva. Abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: hipopneica; FR = 11 cpm; SpO2 = 94% (AA); AP: MV presente e simétrico;

C: FC = 58 bpm, pulso ARR; PA = 140/90 mmHg; pele pálida e fria;

D: GCS 6 (O=1; V=1; M=4); pupilas N; glicemia capilar = 13 mg/dL;

E: temperatura = 34.8 C.

Às 18h15: glicemia = 66 mg/dL. Restantes parâmetros sem alterações.

À chegada ao SU: vítima consciente; GCS = 14 (O=4; V=4; M=6), FR = 18 cpm; SpO2 = 97% (AA);
FC = 64 bpm, pulso ARR; pele SA; glicemia capilar = 202 mg/dl.

Atuação: Monitorização; Oxigenoterapia – máscara facial (O2 a 3 L/min); acesso venoso


[Glicose, 50%, 100+100+100 mL; Fluidoterapia: cloreto de sódio 0,9% + glicose 5%, 100+500 mL];
Glucagon, 1 mg, IM; aquecimento com manta térmica; transporte com acompanhamento
médico para o CHVNG/E.

Comentários: A administração de insulina de ultra longa duração está muito provavelmente na


origem da hipoglicemia severa verificada neste caso.

2ª saída:

Hora de ativação: 19h50 Hora de chegada ao local: 20h10

Motivo da chamada: Dispneia e vómitos.

Identificação: Feminino, 83 anos. Lar de idosos.

Antecedentes: Demência, Doença de Parkinson, história de ITUs de repetição e ATB recente.

Sintomas: AEC, dispneia.

Descrição: À chegada, vítima pouco responsiva, com dificuldade respiratória. Cuidadores


referem que fora encontrada dispneica e asténica e que após pancadas interescapulares,
expulsara comida não digerida com melhoria do quadro clínico.

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Avaliação: À chegada: vítima pouco reativa. Abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: hiperpneica; FR = 30 cpm; c/ SDR; SpO2 = 70% (AA); AP: crepitações hemitórax direito
e metade inferior do hemitórax esquerdo;

C: FC = 102 bpm, pulso ARR; PA = 107/57 mmHg; extremidades pálidas e frias; Ritmo
ECG: RS;

D: GCS 9 (O=2; V=2; M=5); pupilas N; glicemia capilar = 310 mg/dL;

E: temperatura = 36.7 C.

À saída do local (20h25): vítima consciente; GCS = 14 (O=3; V=4; M=6), SpO2 = 80% (15L/min);
FR = 28 cpm; FC = 93 bpm; PA = 111/62 mmHg.

Atuação: Monitorização; Oxigenoterapia [por Máscara de Oxigénio de Alta Concentração, O2 a


15 L/min]; Nebulização [Ipatrópio + Salbutamol]; Acesso venoso [Fluidoterapia: cloreto de sódio
0,9% + glicose 5%, 100 + 500 mL respetivamente; Furosemida, 40 mg; Hidrocortisona, 200 mg;
Metoclopramida, 10 mg;] aquecimento com manta térmica; transporte com acompanhamento
médico para o CHEDV.

Comentários: Face as alterações encontradas à AP, é provável que esta vítima apresente
pneumonia por aspiração recorrente de conteúdo alimentar. Face a necessidade de transporte
acompanhante da vítima na ambulância não foi possível a minha presença no acompanhamento
médico durante o transporte para o hospital pelo que não pude acompanhar a evolução do
quadro clínico da vítima.

8º turno: VMER – CHUP – 06/01/2020 – 8h-14h

1ª saída:

Hora de ativação: 8h46 Hora de chegada ao local: 8h51.

Motivo da chamada: Dor torácica.

Identificação: Masculino, 65 anos. Apartamento.

Antecedentes: HTA, DM2, Dislipidemia, história de EAM em 11/2019.

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Medicação: Dulaglutide, IBP, AAS, Ticagrelor, Irbesatan + Hidroclorotiazida, Empagliflozina,
Metformina, Amlodipina.

Descrição: À chegada, equipa de bombeiros já no local, vítima sentada, estável. Tinha


desconforto torácico com 40 minutos de evolução, tendo medido a PA = 190/80 mmHg (valores
habituais de 150/80). Nega incumprimento terapêutico, referindo ter feito o tratamento anti-
HTA habitual, após o qual o desconforto torácico melhorou.

Avaliação: À chegada - Abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável, ventilação espontânea;

B: eupneica; FR = 14 cpm; SpO2 = 98% (AA); AP: MV presente e simétrico, sem ruídos
adventícios;

C: FC = 73 bpm, pulso ARR; PA = 205/83 mmHg; pele N; Ritmo ECG: RS s/ alterações do


segmento ST;

D: GCS = 15; pupilas N;

E: glicemia = 128 mg/dL; temperatura = 36.8 C.

À saída: PA = 175/80 mmHg, restantes parâmetro sem alterações

Atuação: Administração de captopril, 25 mg, sublingual. Indicações para manter o controlo da


pressão arterial no domicílio e alerta sobre sinais de alarme.

Comentários: Face à ausência de outras alterações para além da HTA de grau 3, a hipótese
diagnóstica mais provável foi crise hipertensiva. Tendo em conta a melhoria da PA da vítima,
esta preferiu manter-se no domicílio, sem transporte para o SU, monitorizando regularmente a
PA. A vítima assinou termo de responsabilidade, foi informada sobre os sinais de alarme a que
devia estar atenta e ficou sob vigilância dos familiares no domicílio. No entanto, tendo em conta
os antecedentes patológicos, penso que o mais prudente seria a vítima ter sido transportada
para o SU para monitorização e tratamento para descida gradual e vigiada da PA.

2ª saída:

Hora de ativação: 9h38 Hora de chegada ao local: 9h51.

Motivo da chamada: PCR.

Identificação: Masculino, 88 anos. Moradia.

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Antecedentes: HTA.

Medicação: Amlodipina.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal no leito, com sinais de morte estabelecida
(livores na região dorsal e rigidez mandibular). Vítima encontrada em decúbito ventral no chão
do quarto de manhã pelo filho, que fez o pedido de socorro. Realizada verificação de óbito e
contactado médico assistente.

Comentários: Este caso suscitou-me dúvida se não poderia ter havido uma melhor caraterização
da situação clínica aquando do pedido de ajuda de forma a não ter havido ativação da VMER
para verificação do óbito face os sinais de morte estabelecida que a vítima apresentava.

3ª saída:

Hora de ativação: 11h29 Hora de chegada ao local: 11h38.

Motivo da chamada: AEC.

Identificação: Feminino, 91 anos. Apartamento.

Antecedentes: HTA, DM2, Demência avançada. Totalmente dependente para as AVDs. Em 3º


dia de tratamento de infeção respiratória.

Medicação: Insulina Glargina, Lorazepam, Trazodona, Quetiapina, Irbesatan + Hidroclorotiazida.


Amoxiciclina/Ácido clavulânico e Brometo de Ipatrópio.

Sintomas: Dispneia, Prostação.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito lateral no leito com dificuldade respiratória.


Cuidadores referem que vítima se apresentava mais prostada nesse dia do que habitualmente
e que terá regurgitado após o pequeno-almoço.

Avaliação: À chegada - Abordagem ABCDE:

A: Via aérea obstruída por secreções;

B: hipopneica; FR = 6 cpm; c/ SDR, tiragem intercostal; SpO2 = 56% (AA); AP: roncos
dispersos bilateralmente;

C: FC = 60 bpm; PA = 93/44 mmHg; pele pálida e ciasonada; Ritmo ECG: RS s/ alterações


do segmento ST.

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D: GCS = 3 (O = 1, V = 1, M = 1); pupilas midriáticas; glicemia = 350 mg/dL;

E: Temperatura = 37,9ºC

À saída do local:

A: Via aérea permeável.

B: eupneica; FR = 12 cpm; SpO2 = 94% (15L/min); AP: Roncos dispersos bilateralmente;

C: FC = 49 bpm; PA = 88/33 mmHg; pele pálida; Ritmo ECG: Bradicardia.

Restantes parâmetros sem alterações (sem melhoria neurológica).

À chegada ao SU: SpO2 = 99% (15L/min); AP: Roncos dispersos bilateralmente; FC = 54 bpm; PA
= 124/70 mmHg; pele N; Ritmo ECG: Bradicardia. Restantes parâmetros sem alterações.

Atuação: Aspiração de secreções das vias aéreas; Oxigenoterapia [por Máscara de Oxigénio de
Alta Concentração, 15L/min]; Acesso venoso [soro fisiológico NaCl 0,9%: 100 mL + 500 mL].
Transporte com acompanhamento médico para CHUP.

Comentários: Neste caso, a hipovolémia severa descompensou a dificuldade respiratória


decorrente da infeção respiratória em curso, levando a que a insuficiência respiratória
provocasse a exaustação dos músculos respiratórios levando a que ficasse hipopneica e a
descoordenação da respiração com a deglutição com aspiração de conteúdo alimentar. A
atuação célere da equipa da VMER parece ter sido fundamental para a recuperação para valores
normais de alguns sinais vitais da vítima, apesar da ausência de melhoria neurológica. Neste
caso tive oportunidade de intervir na avaliação da vítima, auxiliando também a aspirar as
secreções nasofaríngeas e a ventilar com o insuflador manual.

9º turno: VMER – CHUP – 08/01/2020 – 8h-14h

1ª saída:

Hora de ativação: 9h16 Hora de chegada ao local: 9h41

Motivo da chamada: PCR.

Identificação: Feminino, 80 anos. Apartamento.

Antecedentes: Doença de Alzheimer, demência, DM2, DCI. Totalmente dependente para as


AVDs.

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Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal no leito e equipa de Bombeiros já no local, que
observaram a vítima em PCR por volta das 9h20 e iniciaram manobras de SBV de imediato.
Vítima encontrada não responsiva e fria pelas irmãs, que fizeram o pedido de socorro. Ritmo de
ECG: assistolia e decisão médica de não iniciar SAV. Realizada verificação de óbito e contactado
médico assistente.

2ª saída:

Hora de ativação: 10h00 Hora de chegada ao local: 10h03

Motivo da chamada: PCR.

Identificação: Feminino, 55 anos. Apartamento.

Antecedentes: Antecedentes de depressão.

Descrição: Alerta dado pelo filho que ligava todos os dias à vítima, tendo-se deslocado à sua
residência desta por não ter atendido as chamadas – comportamento que descreve como pouco
comum. O filho relata aumento da intensidade dos sintomas depressivos com uma semana de
evolução. À chegada, vítima com sinais de morte estabelecida (rigidez dos membros) num
quarto com braseiro e porta e janelas fechadas. Ritmo de ECG: assistolia e decisão de não iniciar
SAV. Realizada verificação de óbito, acionamento da autoridade e contactado médico assistente.

Comentários: Face às circunstâncias encontradas, o mais provável foi ter-se tratado de suicídio,
pelo que, foi muito importante a experiência da equipa da VMER para prestar o apoio
psicológico momentâneo aquando da transmissão da informação aos familiares da vítima que
se encontravam em choque.

10º turno: VMER – CHUP – 08/01/2020 – 8h-14h

Hora de ativação: 12h01 Hora de chegada ao local: 12h05.

Motivo da chamada: AEC.

Identificação: Masculino, 91 anos. Apartamento.

Antecedentes: Doença de Parkinson. Totalmente dependente para as AVDs.

25
Descrição: À chegada, equipa de bombeiros já no local, vítima em decúbito lateral no leito,
pouco reativo. Apresentava prostação com 2 dias de evolução, encontrado nesse dia em
decúbito ventral no chão.

Avaliação: À chegada - Abordagem ABCDE:

A: via aérea permeável;

B: eupneica; FR = 14 cpm; AP: MV presente e simétrico, sem ruídos adventícios;

C: FC = 106 bpm; PA = 94/43 mmHg; pele pálida;

D: GCS = 10 (O = 3, V = 1, M = 6); pupilas N; glicemia capilar = 160 mg/dL;

E: temperatura = 35.8 C.

À saída: PA = 104/54mmHg, FC = 110 bpm; Síncope quando foi colocado na cadeira para
transporte, tendo sido colocado em decúbito dorsal novamente com recuperação espontânea
da consciência.

Atuação: Acesso venoso [Soro fisiológico NaCl 0.9%: 100 mL + 500mL]. Transporte com
acompanhamento médico para o CHUP.

Comentários: Os sinais clínicos observados e a melhoria com fluidoterapia favorecem a hipótese


de hipovolémia. Neste caso, face a necessidade de transporte de familiar da vítima na
ambulância não foi possível a minha presença no acompanhamento médico durante o
transporte para o hospital pelo que não pude acompanhar a evolução do quadro clínico da
vítima.

11º turno: VMER – CHUP – 10/01/2020 – 8h-14h

Hora de ativação: 8h20 Hora de chegada ao local: 8h27

Motivo da chamada: PCR.

Identificação: Feminino, 75 anos. Apartamento.

Antecedentes: Doença de Alzheimer, demência severa. Totalmente dependente para as AVDs.

Descrição: À chegada, vítima em decúbito dorsal no leito. Vítima encontrada não responsiva e
fria pela neta, que fez o pedido de socorro. À avaliação, apresentava já rigidez dos membros.

26
Ritmo de ECG: assistolia e decisão de não iniciar SAV. Realizada verificação de óbito e contactado
médico assistente.

12º turno: AEM – Porto 4 – 19/01/2020 – 8h-14h

1ª saída:

Hora de ativação: 9h16 Hora de chegada ao local: 9h25

Motivo da chamada: Queda com traumatismo.

Identificação: Masculino, 50 anos. Apartamento.

Antecedentes: HIV.

Medicação: TARV.

Sintoma: Dor joelho direito com 1 dia evolução.

Descrição: À chegada, vítima sentada, estável. Refere queda da própria altura na noite anterior,
desenvolvendo dor no joelho direito que o impossibilitava de caminhar sem auxílio. Nega
edema, rubor, dispneia e AEC.

Avaliação: Antes do transporte: consciente e orientado; GCS = 15, FR = 16 cpm; SpO2 = 98%
(AA); FC = 82 bpm, ARR; PA = 120/70 mmHg; pele = SA; pupilas N; MID: sem alterações.

Atuação: Transporte para o CHSJ.

Comentários: Apesar das queixas relatadas pela vítima, esta deslocou-se até ao interior da
ambulância pelo próprio pé não necessitando de auxílio. Face o quadro não urgente da vítima,
penso que não se justificava a ativação da ambulância.

2ª saída:

Hora de ativação: 10h19 Hora de chegada ao local: 10h30

Motivo da chamada: Crise hipertensiva.

Identificação: Masculino, 68. Apartamento.

Antecedentes: HTA, DM2, Dislipidemia.

Medicação: Lercanidipina, Metformina, AAS, Sinvastatina, Propanolol.

27
Descrição: À chegada, vítima sentada, estável, acompanhado pela esposa. Refere ter feito
medição da PA no domicílio com o resultado de 190/100 mmHg. No entanto, à avaliação,
apresentava HTA grau 1.

Avaliação: consciente e orientado; GCS = 15, FR = 16 cpm; SpO2 = 99% (AA); FC = 67 bpm, pulso
ARR; PA = 145/70 mmHg; pele = SA; pupilas N; Glicemia = 174 mg/dL.

Atuação: Vítima assina recusa de transporte, fica no domicílio acompanhado pela esposa. É
alertado para sinais de alarme a que deve ficar atento.

Comentário: Neste caso, tive oportunidade de participar ativamente na avaliação clínica da


vítima, com avaliação da PA e pesquisa da glicemia capilar.

3ª saída:

Hora de ativação: 11h34 Hora de chegada ao local: 12h10

Motivo da chamada: Queda com traumatismo.

Identificação: Masculino, 78 anos. Via pública.

Antecedentes: HTA, Dislipidemia.

Descrição: À chegada, vítima sentada na via pública, consciente, refere sentir-se bem. Refere ter
escorregado e batido com a cabeça, sem amnésia pós-queda, sem perda de consciência. Pedido
de ajuda realizado por civis que se encontravam no local. Última refeição às 10h.

Avaliação: À chegada: consciente e orientado; GCS = 15; FR = 16 cpm; SpO2 = 99% (AA); FC = 67
bpm, pulso ARR; PA = 165/80 mmHg; pele SA; pupilas N; glicemia = 124 mg/dl; escoriações de
pequenas dimensões na zona occipital, sem hemorragia ativa.

Atuação: Vítima assina recusa de transporte. É alertado para sinais de alarme a que deve ficar
atento, fica acompanhado pela esposa.

Comentários: Neste caso tive oportunidade de auxiliar na limpeza e desinfeção das feridas
apresentadas pela vítima. Uma vez que se tratou de um traumatismo ligeiro e que a vítima se
mobilizou voluntariamente após a queda, optou-se por não imobilizar a vítima.

28
4ª saída:

Hora de ativação: 12h23 Hora de chegada ao local: 12h34

Motivo da chamada: Distúrbio psiquiátrico

Identificação: Feminino, 68 anos. Estabelecimento comercial.

Antecedentes: HTA, Dislipidemia, Osteoporose.

Medicação: Atorvastatina, AAS, Losartan, Ácido Alendrónico

Descrição: À chegada, vítima consciente, estável, refere sentir-se bem. O pedido de ajuda foi
realizado por empregado de estabelecimento comercial onde a vítima entrara a pedir ajuda aos
gritos. A vítima refere ter sentido dor muito intensa na região lombar. Refere ainda tratar-se de
uma dor cónica com cerca de 17 anos de evolução. À chegada da AEM, a vítima refere que a
intensidade da dor já regressara ao padrão habitual e assina recusa de avaliação e transporte.

5ª saída:

Hora de ativação: 13h14 Hora de chegada ao local: 13h21

Motivo da chamada: AEC.

Identificação: Masculino, 86. Estabelecimento comercial.

Antecedentes: HAT, DM2, IC, história de DCI.

Sintoma: Síncope.

Descrição: Testemunhas referem que a vítima teve quadro de sintomas pré-sincopais


(desequilíbrio e confusão) seguido de síncope, sem queda – amparado pelas testemunhas. À
chegada da equipa da AEM, vítima volta a desenvolver o mesmo quadro com síncope
novamente. A vítima foi colocada em decúbito dorsal com elevação dos MI com recuperação
imediata da consciência. Refere astenia, nega outras queixas.

Avaliação: Antes do transporte: consciente e orientado; GCS = 15, FR = 18 cpm; SpO2 = 94%
(AA); FC = 67 bpm, ARR; PA = 140/70 mmHg; pele suada e pálida; pupilas N;

Atuação: Transporte para o CHUP.

29
13º turno: A.E.M. – Porto 4 – 16/02/2020 – 8h-14h

1ª saída:

Hora de ativação: 8h11 Hora de chegada ao local: 8h19

Motivo da chamada: AEC.

Identificação: Feminino, 71 anos. Moradia.

Antecedentes: HTA, Dislipidemia.

Medicação: Atorvastatina, Ramipril.

Sintomas: Prostação, tosse, anorexia.

Descrição: À chegada, vítima sentada, consciente. Refere prostação e anorexia desde do dia
anterior, sem outras queixas. Última refeição às 7h30.

Avaliação: Antes do transporte: consciente e orientada; GCS = 15, FR = 16 cpm; SpO2 = 98% (AA);
FC = 82 bpm, ARR; PA = 120/70 mmHg; pele = SA; pupilas N.

Atuação: Transporte para o CHSJ.

2ª saída:

Hora de ativação: 9h53 Hora de chegada ao local: 10h05

Motivo da chamada: AEC.

Identificação: Feminino, 52 anos. Apartamento.

Medicação: Cloridrato de Mebeverina.

Sintoma: Náuseas.

Descrição: À chegada, vítima sentada, consciente, acompanhada por familiares. A vítima refere
sintomas pré-sincopais ao preparar o pequeno-almoço com síncope, sem queda – amparada
pelos familiares – e sem memória de perda de consciência e com recuperação espontânea e
imediata da mesma. Negam movimentos tónicos-clónicos ou confusão após a perda de
consciência. Valores habituais de PA: 100/60 mmHg. Última refeição no dia anterior.

30
Avaliação: consciente e orientada; GCS = 15, FR = 17 cpm; SpO2 = 98% (AA); FC = 65 bpm, ARR;
PA = 90/50 mmHg; pele = SA; pupilas N.

Atuação: Transporte para o CHUP.

Comentários: Tendo em conta as caraterísticas da síncope associada a jejum desde do dia


anterior, com diminuição ligeira da PA habitual da doente e sem outras alterações ou queixas, o
mais provável foi ter se tratado de uma crise vasovagal reflexa por hipotensão ortostática
decorrente de desidratação. No entanto, é importante a avaliação hospitalar desta doente para
excluir causas mais graves.

3ª saída:

Hora de ativação: 12h21 Hora de chegada ao local: 12h33

Motivo da chamada: Queda; suspeita de traumatismo do MI.

Identificação: Feminino, 27 anos. Estabelecimento comercial.

Sintoma: Dor no MIE.

Descrição: À chegada, vítima sentada, muito queixosa. A vítima referia ter escorregado em
escadaria com queda de altura de 1,5 metros. Não se conseguia levantar desde então, com
agravamento ao movimento. Última refeição às 7h. Decidiu-se não imobilizar completamente a
vítima pois esta já se encontrava sentada quando a equipa chegou ao local, não apresentado
outros sinais de alarme.

Avaliação: consciente e orientada; GCS = 15, FR = 17 cpm; SpO2 = 99% (AA); FC = 105 bpm, ARR;
PA = 120/85 mmHg; pupilas N; glicemia capilar = 108 mg/dL; Edema da articulação tibio-társica
esquerda e dor com agravamento da dor à mobilização passiva do pé. Pulso pedioso esquerdo
presente. Dor 9/10.

Atuação: Aplicação de gelo. Transporte sem acompanhamento médico para o CHUP.

Estágio realizado no CODU

Durante o turno realizado no meio CODU existiu a possibilidade de acompanhar uma


equipa que operou no processo de atendimento dos pedidos de ajuda e receção de dados. O
funcionamento das restantes áreas foi explicado, com ênfase para o papel do médico no CODU.

31
Ao longo do turno, testemunhei o atendimento de 15 chamadas no total: chamada de triagem
dos Bombeiros (1); chamada de ambulância de SBV que não encontrava o local (1); transmissão
de dados de ambulância SBV ou SIV (2); acionamento VMER/SIV – algoritmo P1 (2); acionamento
SBV - algoritmo P3 (6); reencaminhamento para a linha de apoio Saúde 24 - algoritmo P5 (2);
chamada sem acionamento de meios – algoritmo P8 (1).

Durante o turno, não foi possível acompanhar de forma regular a atividade do médico
regulador de serviço. No entanto, foi-me possibilitado presenciar à gestão do envio de meios
para uma ocorrência multivítimas de forma a haver pelo menos um meio VMER disponível na
zona do Grande Porto na eventualidade de surgir nesta região outra ocorrência com necessidade
de uma equipa médica durante o mesmo intervalo de tempo.

Análise estatística das saídas testemunhadas


Ao longo do estágio nos meios INEM, foi possível presenciar vinte e seis saídas. A maior
parte destas ocorreu no meio VMER, o que vai de encontro ao esperado face o maior número
de turnos realizados neste meio. No entanto, a AEM foi o meio INEM em que ocorreu o maior
número médio de acionamentos por turno (4 saídas por turno), seguida da VMER (1,89 saídas
por turno) e, em último, a SIV (0,5 saídas por turno). De entre todas as saídas, AEC foi a causa
mais frequente dos acionamentos (cerca de 40%), seguida da PCR, causa de 25% das saídas. De
destacar, os poucos casos testemunhados de traumas – 13% das saídas. Cerca de 70% de todas
as vítimas assistidas no decorrer no estágio, apresentavam uma idade igual ou superior a 65
anos, pelo que quase metade tinham uma idade superior a 75 anos.

Verificou-se, ainda, que na maioria dos casos (16 casos – 61%) ocorreu
acompanhamento hospitalar, tendo sido necessário acompanhamento médico em 23% das
saídas. No total de dez casos que não condicionaram acompanhamento hospitalar, seis
corresponderam a PCR com morte da vítima no local e os restantes quatro casos a situações de
recusa por parte da vítima. Dos acionamentos da VMER apenas um não condicionou transporte
da vítima para o SU.

32
Discussão
Ao longo do estágio no INEM, tive oportunidade de contatar com exemplos de casos
que representam os que mais frequentemente levam à ativação do SIEM, com exceção de
acidentes de viação, défices sensitivo-motores e dor abdominal ou problemas urinários10. Ao
mesmo tempo, as situações clínicas presenciadas constituíram casos desafiantes quer a nível
diagnóstico como a nível de estabelecimento das primeiras medidas terapêuticas, como os casos
de dispneia, AEC e hipoglicemia. As equipas do INEM com que fui contatando ao longo do estágio
permitiram a minha integração completa nestas, quer nas saídas como no tempo disponível na
base. Isto tornou possível a vivência das dificuldades caraterísticas dos casos clínicos
presenciados e das particularidades do trabalho das equipas de EPH no terreno. Como resultado,
assisti à aplicação de alguns dos principais protocolos de emergência médica, com observação e
consolidação de conhecimentos sobre técnicas de abordagem e avaliação clínica da vítima, de
procedimentos para a sua estabilização inicial e discussão dos principais diagnósticos
diferenciais. Para além disso, ao longo dos turnos foi possível aplicar na prática alguns dos
conhecimentos adquiridos durante o curso, nomeadamente ao nível de procedimentos como
abordagem a vítimas conscientes e inconscientes, avaliação clínica e monitorização da vítima.
Em algumas situações pude, por exemplo, auxiliar na colocação de elétrodos para ECG e leitura
de ECG, pesquisa de glicemia e ventilação com insuflador manual. Outro aspeto que considero
importante foi ter assistido à comunicação de más notícias, como o falecimento de familiares e,
em particular, na suspeita de suicídio. Nesses momentos marcou-me a carga emocional
presente e o cuidado que se deve ter com as palavras a que se recorre, assim como a entoação.

Na globalidade das saídas da VMER, penso que tenha havido um correto acionamento
deste meio. No entanto, considero que há algumas exceções. Em alguns casos de PCR, face a
presença de sinais evidentes de morte estabelecida da vítima, uma melhor caraterização da
situação em causa no momento da triagem poderia ter evitado o acionamento de um meio de
emergência. Já noutros casos, como os testemunhados no primeiro turno VMER, a ativação
deste meio parece ter sido excessiva para a situação clínica em causa. No entanto, o seu
acionamento pode ser compreensível face a presença de caraterísticas de maior dúvida que
possam apontar para um desfecho menos favorável, carecendo de intervenção médica.
Também em algumas saídas da AEM, como a primeira saída do décimo segundo turno, pude
verificar que a gravidade atribuída durante a triagem do pedido de socorro fora superior à
gravidade real testemunhada. Face a ausência de necessidade de medidas terapêuticas e
transporte urgentes ou emergentes, penso que, neste caso, não se justificava a ativação de

33
meios de emergência. Esta discrepância entre a gravidade atribuída e a real pode ter várias
razões: transmissão, durante o pedido de ajuda, de informações que traduzissem uma maior
gravidade do que a real, por desconhecimento ou de forma não deliberada; manipulação das
informações fornecidas ao CODU para que ocorresse o envio de meios; atribuição excessiva de
gravidade pelo protocolo de triagem com falsos positivos.

Tive a oportunidade de constatar que, em algumas das ocorrências que envolveram


idosos com dificuldades respiratórias, a realização de aspiração de secreções das vias aéreas
pela equipa de EPH atrasou a instituição das restantes medidas terapêuticas. Se os lares de
idosos estivessem na sua generalidade equipados com material para aspiração de secreções
respiratórias e os seus profissionais treinados para este procedimento, este poderia ser
realizado antes da chegada da equipa de EPH, podendo levar a que as medidas terapêuticas,
nomeadamente do foro respiratório, fossem instituídas de uma forma mais célere, podendo
levar a um transporte e chegada ao SU mais precoces. Isto também poderia resultar em que a
equipa de EPH ficasse disponível mais cedo eventualmente para uma nova ocorrência em que
fossem necessários. Para além disso, a presença de secreções nas vias aéreas pode ser a causa
de dificuldade respiratória, especialmente em idosos, culminando em pedido de socorro com
envio de meios. Assim, naqueles doentes que têm um acompanhamento próximo e regular dos
seus médicos assistentes, como é o caso dos que vivem em lares de idosos, a aspiração de
secreções respiratórias pelos seus cuidadores, quando indicado, pode até levar a que seja
evitado o envio de meios de emergência nestes casos.

Ao longo dos turnos na VMER, pude observar que, principalmente fora dos grandes
centros urbanos, geralmente a ambulância (AEM, AS ou “não INEM”) foi o primeiro meio a
chegar ao local da ocorrência. Tal verificou-se em alguns casos de PCR, pelo que quando a equipa
da VMER chegou junto da vítima, a equipa de bombeiros já se encontrava a realizar manobra de
SBV. Dada a localização mais próxima das corporações de bombeiros, assim como dos agentes
de autoridade, à população, nomeadamente em zonas mais rurais, considero fundamental que
estes agentes de socorro tivessem habilitação e equipamento para, quando indicado e sob
validação por parte da equipa médica no CODU, realizassem desfibrilhação nas situações
pertinentes. Esta medida pode ser particularmente importante dado o potencial destes agentes
de socorro em atingir toda a população16.

O turno realizado no CODU permitiu contatar com a parte do SIEM que antecede o
acionamento de meios, complementando o meu conhecimento sobre a organização e
funcionamento do mesmo, permitindo também uma melhor compreensão de como o processo

34
de triagem é realizado. Ao longo do turno foi confrontado com uma amostra do tipo de
chamadas recebidas pelo CODU diariamente e pude constatar que geralmente quem faz o
pedido de ajuda se encontra num estado muito ansioso ou desconhece as informações básicas
requeridas que precede o envio de meios, dificultando a sua compreensão das questões
colocadas pelo operador para melhor caraterizar as queixas. Este fato torna o processo de
triagem mais complexo e demorado, dificultando a correta identificação da situação clínica e,
consequentemente, a seleção mais demorada dos meios a acionar. Nestas circunstâncias pude
verificar a capacidade adaptativa e de empatia que os operadores apresentam, conseguindo
acalmar quem faz o pedido de socorro, tornando a comunicação mais simples e clara, com
fornecimento eficaz de informação pela vítima ou acompanhantes sobre a situação em causa e
respetivos conselhos, por parte dos operadores, de aplicação de medidas básicas, antes da
chegada dos meios do INEM ao local. Para além disso, tornou possível tomar consciência da
importância da correta identificação de situações de risco e da gestão eficiente dos meios
disponíveis.

Uma das principais limitações do estágio foi ter sido maioritariamente observacional,
limitando a minha participação às necessidades da equipa no local. Em algumas situações, não
foi autorizado o meu acesso ao acompanhamento médico da vítima durante o transporte para
o hospital. Uma vez que durante o mesmo pode haver evolução da situação clínica da vítima
decorrente da instituição das medidas primárias de tratamento, a falta de acesso pode ter
restringido a minha aprendizagem e experiência. A impossibilidade de controlo da quantidade
de acionamentos em cada turno levou a um número heterogéneo de saídas entre os vários
turnos, tendo não havido nenhuma saída num dos turnos de SIV, e vários turnos de VMER e um
de SIV com apenas um acionamento. A tipologia das situações clínicas é igualmente imprevisível,
pelo que não testemunhei a ativação de nenhuma via verde pré-hospitalar ou a aplicação de
SAV, o que limitou a abrangência dos casos clínicos testemunhados e dos protocolos aplicados.
É de salientar, no entanto, que se tratam de aspetos caraterísticos desta área da medicina,
constituindo sempre uma limitação deste tipo de estágios.

Este estágio permitiu aumentar o meu conhecimento e compreensão sobre a


organização e funcionamento do INEM, assim como do SIEM. Ao longo do estágio pude verificar
alguns aspetos menos positivos. Como organismo responsável por coordenar o funcionamento
o SIEM, o INEM tem implementado neste algumas alterações tendo em vista a melhoria da
prestação dos cuidados pré-hospitalares. Assim, em 2012, foi introduzido o sistema de triagem
Telephonic Triage and Counseling System (TETRICOSY ®). Este sistema permitiu a uniformização
do processo de triagem, maior rapidez das respostas às ocorrências e a diminuição dos “falsos

35
negativos”, isto é, diminuição das situações de gravidade para as quais não era acionado
qualquer meio de emergência ou não era acionado o meio mais indicado11. Por outro lado, este
sistema retirou totalmente a autonomia aos operadores do CODU e pode estar associado a uma
tendência para sobrestimar a gravidade da situação em causa, com aumento dos falsos
positivos, levando a um acionamento desnecessário de meios. Isto vai de encontro ao que, ao
longo do estágio, foi constado em alguns casos e relatado pelos profissionais do INEM, quer no
CODU, quer nas equipas no terreno. Por exemplo, a grande maioria das chamadas recebidas
pelo CODU em 2019 levou ao acionamento de meios (94%)11. Apesar do INEM considerar que
não tem havido uma taxa excessiva de falsos positivos que coloque em causa a correta
rentabilização de meios de socorro11, estas situações provocam alguma frustração nos
elementos das equipas de EPH e faz com que os meios não se encontrem disponíveis em caso
de serem necessários para situações verdadeiramente emergentes. No mesmo ano, houve a
introdução da aplicação Integrated Clinical Ambulance Record (ICARe), que permitiu a
articulação entre os meios no terreno, o atendimento efetuado no CODU e as unidades de
saúde, melhorando os tempos de chegada dos meios ao local da ocorrência e a integração da
informação11. No entanto, foi possível observar que em alguns dos meios esta aplicação não se
encontra disponível. Contudo, este problema pode vir a ser resolvido com a implementação
prevista da aplicação INEM Tool for Emergency Alert Medical System (i-TEAMS), que visa a
criação de uma rede integrada de resposta de emergência médica à vítima, envolvendo todas
as outras entidades que cooperam com o SIEM, nomeadamente as unidades hospitalares, que
passarão a contar com a informação em tempo real sobre todos os doentes que se encontram
a caminho do seu Serviço de Urgência11.

36
Recomendações
No sentido de melhorar alguns dos aspetos menos positivos anteriores, apresento de
seguida algumas sugestões.

De forma a maximizar o potencial pedagógico dos estágios, deveria haver uma maior
coordenação dos estágios com informação prévia das equipas sobre as datas dos mesmos. No
mesmo sentido, seria importante estabelecer diretrizes sobre os objetivos a atingir durante o
estágio de forma a auxiliar os orientadores de cada turno a decidir em que tarefas podem os
estagiários ter um papel mais ativo ou até executar de forma a minimizar o impacto da
aleatoriedade do conhecimento e experiência adquirida através dos casos testemunhados e das
equipas contatadas.

Apesar dos estudantes de medicina do ICBAS terem um contacto crescente com a


medicina de emergência, nomeadamente através de várias unidades curriculares que abordam
esta área (incluindo uma exclusivamente dedicada a esta), este contacto tende a ter caráter
maioritariamente teórico. Assim, considero que seria proveitoso para os alunos estarem por
dentro destas temáticas desde cedo no seu percurso académico. Assim, poderiam ser
informados sobre as ações de formação do INEM sobre SBV e fomentado a sua participação
nestas, assim como até tornarem-se monitores em mass training pelo INEM uma vez que quanto
mais se prepararem e maior contacto tiverem com este tipo de conteúdos, sentir-se-ão mais
confortáveis, ágeis e confiantes a aplicar este procedimento em contexto real caso seja
necessário. Com o aumento de programas de PAD implementados em Portugal, parece também
fundamental que a formação de SBV inclua DAE. E para além deste contacto extracurricular,
considero que seria pertinente, o plano de estudos englobar aulas práticas que abordassem
algumas temáticas importantes para qualquer médico: SAV com treino dos protocolos e gestos
técnicos em centros de simulação; cuidados de enfermagem, como a limpeza e desinfeção de
feridas, entre outros; gestão de ansiedade e comunicação de más notícias, como o falecimento
de familiares e respetivo apoio psicológico.

Na minha opinião, complementar a formação dos operadores na área médica e um


maior apoio dos médicos presente no CODU poderia ser uma medida importante para haver
uma melhor caraterização das queixas com diminuição dos acionamentos desnecessários. No
mesmo sentido, seria relevante implementar a monitorização e responsabilização dos
indivíduos que de forma deliberada manipulassem as informações fornecidas aquando do
pedido de ajuda para que ocorresse a ativação de meios de emergência. Tendo em conta a
importância dos bombeiros no socorro às vítimas, considero que para haver uma melhoria

37
contínua dos cuidados pré-hospitalares é fundamental investir também na formação destes
agentes assim como na rede de ambulâncias. Por exemplo, parece-me fulcral que não só todos
os agentes envolvidos na emergência pré-hospitalar, mas também os agentes de autoridade
tivessem formação e treino em SBV e uso de DAE. No mesmo sentido, todas as ambulâncias e
viaturas da autoridade deveriam estar equipadas com um DAE.

Uma estratégia a longo prazo e mais dirigida à população geral, seria a formação desta,
através de ações de sensibilização, do uso dos meios de comunicação social, da inclusão de
conteúdos escolares obrigatórios sobre esta temática, ou outras estratégias dirigidas. Seria
importante abordar quais as informações fundamentais a transmitir aquando da realização de
um pedido de ajuda, assim como das situações que carecem de assistência médica emergente
em contraponto aos casos que podem levar a outro tipo de resposta. Considero que também
seria relevante promover uma formação de base da população sobre cuidados pré-socorro,
como posição lateral de segurança, SBV e uso de DAE, ou até gestos básicos para contenção de
hemorragia. No mesmo sentido, tendo em conta o envelhecimento crescente da população,
parece-me fundamental que haja investimento na formação dos cuidadores e técnicos dos lares,
não só nestes gestos de pré-socorro, mas também em cuidados mais gerais como aspiração de
secreções respiratórias, devendo os lares possuir os respetivos equipamentos.

38
Conclusão
Os objetivos propostos com a realização deste estágio foram na sua maioria cumpridos.
Considero que o número e a duração dos turnos passados em cada meio do INEM foram
adequados. Ao longo do estágio tive oportunidade de contatar com uma grande variedade de
situações de emergência, o que me permitiu, não só, assistir à aplicação de alguns dos principais
protocolos de emergência médica, mas também participar ativamente nos procedimentos
exercidos pelos profissionais. Com esta experiência, considero ser agora capaz de identificar as
principais situações de emergência do foro médico e traumatológico, pelo que permitiu
complementar com uma componente prática a formação adquirida na área da medicina de
emergência, que é maioritariamente teórica durante o curso de medicina. Foi-me possível
verificar o papel preponderante do médico na liderança das equipas de EPH, assim como a
importância da empatia, gestão de ansiedade e capacidade comunicativa com as vítimas,
familiares e acompanhantes. Pude, ainda, observar como os agentes de socorro desenvolvem
um trabalho em equipa e de entreajuda centrado na prestação de cuidados com qualidade,
responsabilidade e ética profissional. Foi também possível verificar nas diversas equipas com
quem contatei, e que me acolheram sempre muito bem, o cuidado em cultivar um ambiente de
profissionalismo e de partilha de experiências e competências, sendo merecedores de
admiração pelo trabalho que desenvolvem apesar dos riscos a que estão sujeitos diariamente.

Ao longo desta experiência, pude constatar como, em Portugal, a emergência médica


pré-hospitalar funciona de um modo estruturado, integrado, acompanhando as melhores
praticas internacionais. Pude também verificar alguns aspetos menos positivos, pelo que parece
haver a necessidade de apostar na formação da população geral, sendo essencial o
conhecimento generalizado de como identificar situações emergentes de forma a permitir um
acionamento mais eficaz e adequado dos meios de emergência. Considero também
fundamental investir na formação transversal de todos os agentes de socorro de forma a
permitir uma abordagem mais completa e um prognóstico mais favorável nas situações
emergentes mais comuns.

Em suma, este estágio foi uma mais valia no meu percurso académico, complementou
a formação teórica adquirida ao longo do curso de medicina e permitiu uma confiança reforçada
para encarar situações emergentes com que me possa deparar na minha carreira médica no
futuro.

39
Tabelas e Figuras

Tabela I - Distribuição das saídas (motivo e número) nos diferentes meios do INEM durante o estágio

Meio Acionado Motivo de ativação Número

VMER – CHUP AEC 3

PCR 4

Dor torácica 2

Total 9

VMER – CHEDV AEC 3

PCR 2

Dispneia 1

Crise convulsiva 1

Taquicardia 1

Total 8

SIV – Gondomar Hemorragia 1

Total 1

AEM – Porto 4 AEC 3

Trauma 3

Crise hipertensiva 1

Distúrbio psiquiátrico 1
Total 8

40
Figura 1 - Símbolo do INEM "Estrela da vida" com o significado das suas extremidades3,19

41
Figura 2 - Representação da cadeia de sobrevivência3

42
Figura 3 - Sinal internacional de DAE, criado pela ILCOR20

43
Gráfico 1

Acionamentos por turno


4,5

3,5

2,5

1,5

0,5

0
VMER SIV AEM

Média de acionamentos por turno

Gráfico 1 - Representação gráfica da média de acionamentos por turno

44
Gráfico 2

Distribuição das vítimas assistidas


durante o estágio por faixa etária

7%

4%
4%
0%

8%

46%

8%

23%

<15 15 24 25 - 34 35 - 44 45 - 54 55 - 64 65 - 74 >75

Gráfico 2 - Representação gráfica distribuição das vítimas assistidas durante o estágio por faixa etária

45
Gráfico 3

Tipologia dos meio INEM por saídas que condicionaram ou não


transporte da vítima para o SU
12

10

0
VMER SIV AEM

Número de saídas que condicionou transporte da vítima para o SU


Número de saídas em que vítimas não foram transportadas para o SU

Gráfico 3 - Representação gráfica da distribuição da tipologia de meios INEM por saídas que
condicionaram transporte da vítima para o SU

46
Gráfico 4

Distribuição das saídas da VMER por


atuação relativamente ao transporte
da vítima

9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
VMER

Transporte para o SU com acompanhamento médico


Transporte para o SU sem acompanhamento médico
Vítima não transportada para o SU
Morte verificada no local da ocorrência

Gráfico 4 - Representação gráfica distribuição das saídas da VMER que condicionaram ou não transporte
da vítima para o SU, com ou sem acompanhamento médico, e casos em que a morte foi verificada no
local no local da ocorrência

47
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49
Anexos
Anexo 1 - Declaração de realização do estágio emitida pelo Instituto Nacional de
Emergência Médica

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