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RELATÓRIO FINAL

MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA

“O Mestre”, por Carlos Bonvalot (1893-1934)


[representa uma lição de Anatomia, pelo Professor Doutor Henrique de Vilhena, na Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa]

Nova Medical School | Faculdade de Ciências Médicas

Regente: Professor Doutor Rui Maio

Orientador: Professor Doutor João Bernardo Barahona Correa

Vânia Mendes de Oliveira|2015390

2019/2020
Vânia Mendes de Oliveira | 2015390

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 3

2. OBJETIVOS 3

3. ESTÁGIOS PARCELARES 4
3.1. ESTÁGIO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 4
3.2. ESTÁGIO DE SAÚDE MENTAL 5
3.3. ESTÁGIO DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR 5
3.4. ESTÁGIO DE PEDIATRIA 6
3.5. ESTÁGIO DE CIRURGIA GERAL 7
3.6. ESTÁGIO DE MEDICINA INTERNA 7

4. ELEMENTOS VALORATIVOS 8

5. REFLEXÃO CRÍTICA FINAL 8

ANEXOS 11

I. Cronograma do ano letivo 2019/2020 11


II. Trabalhos realizados durante o ano letivo 2019/2020 12
III. Congressos, workshops e formações realizados no ano letivo 2019/2020 13
IV. Comprovativo de voluntariado para combate ao COVID-19 20
V. Marcos do ano letivo 2018/2019 21

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1. INTRODUÇÃO

O sexto ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Nova Medical School da Universidade Nova
de Lisboa (NMS-UNL), está estruturado como um estágio profissionalizante, composto por seis estágios
parcelares rotativos e obrigatórios – Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental, Medicina Geral e Familiar,
Pediatria, Cirurgia Geral e Medicina Interna – constituídos por diversos recursos que permitem uma educação
científica e profissional de qualidade.

Neste relatório, apresento sucintamente as atividades realizadas durante 2019/2020, cuja organização é
a seguinte: exposição dos objetivos deste ano curricular; descrição dos estágios e atividades desempenhadas;
referência a elementos valorativos e extracurriculares que complementaram a minha formação; reflexão
crítica acerca do cumprimento dos objetivos inicialmente propostos e avaliação geral do MIM e ano letivo;
por último, incluem-se anexos comprovativos de trabalhos realizados e atividades extracurriculares.

2. OBJETIVOS

Como é referido em “O Licenciado Médico em Portugal”, Victorino, R. et al (2005), a educação médica


pré-graduada visa preparar médicos, com competências que o autonomizem e estimulem a
autoaprendizagem, o pensamento e raciocínio críticos. Pretende-se capacitar o jovem médico com
conhecimentos, competências técnicas, valores e aptidões, fundamentais na abordagem humanista e
holística das comunidades, promovendo a sua saúde e o seu bem-estar.

O sexto ano, como ano de transição para a vida profissional, foca-se na consolidação das competências
adquiridas ao longo do MIM e a sua aplicação de modo mais autónomo. Assim, os objetivos estipulados
desde o início do ano letivo, para todos os estágios, foram: 1) mostrar conhecimento das ciências básicas e
clínicas, aplicando-o na prática clínica, sob supervisão médica; 2) ser capaz de efetuar uma história clínica e
exame físico detalhados, identificando os problemas médicos dos doentes, a sua etiologia provável,
estratégias apropriadas para explorar as hipóteses colocadas e estruturar soluções adequadas; 3) usar uma
abordagem biopsicossocial abrangente na avaliação e tratamento dos doentes, considerando as suas crenças
culturais e comportamentos; 4) promover a saúde e prevenir a doença, a nível individual e populacional; 5)
comunicar eficazmente com doentes, famílias, médicos e outros profissionais envolvidos na prestação dos
cuidados de saúde; 6) garantir que os doentes não são expostos a riscos desnecessários; 7) demonstrar
autonomia na autoaprendizagem, mantendo-me atualizada; 8) capacidade de identificar quais as minhas
necessidades de aprendizagem, assumir responsabilidade pela formação contínua, estar recetiva a críticas,
compreender quais os meus pontos fortes e vulnerabilidades; 9) capacidade de autorreflexão, relativamente
ao meu desempenho, ideias, sentimentos e reações perante o sofrimento e a doença; 10) ter sempre
presentes aspetos éticos e legais, aplicando os princípios de confidencialidade, consentimento informado,

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honestidade e integridade, respeitando sempre o doente e os colegas; 11) compreender a importância da


comunicação verbal e não verbal, na obtenção e transmissão de informação; 12) ser capaz de trabalhar em
equipa multidisciplinar.

3. ESTÁGIOS PARCELARES

O estágio profissionalizante decorreu entre 09/09/2019 a 31/07/2020, sendo que devido à pandemia por
COVID-19, o estágio presencial finalizou a 09/03/2020. Os estágios foram distribuídos em 4 semanas de
Ginecologia e Obstetrícia, 4 semanas de Saúde Mental, 4 semanas de Medicina Geral e Familiar, 4 semanas
de Pediatria, 8 semanas de Cirurgia Geral e 8 semanas de Medicina Interna.

3.1. ESTÁGIO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA [GO] (09/09/2019 a 06/10/2019)

Regente: Professora Doutora Teresinha Simões; Tutora de Obstetrícia: Drª Ana Paula Ferreira; Tutora de
Ginecologia: Drª Mariana Miranda; Local de estágio: Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (HFF).

Além dos objetivos gerais estabelecidos, neste estágio procurei também intervir na abordagem da
mulher em trabalho de parto e aumentar o tempo de contacto com o bloco operatório (BO) nas diversas
vertentes desta especialidade. Em Obstetrícia assisti a 55 consultas e 24 ecografias, nomeadamente às de
diagnóstico pré-natal; no internamento avaliei 7 mulheres; no serviço de urgência (SU) assisti a 49 consultas
de urgência. Situações de urgência que realço são a observação de 12 partos, dos quais 2 foram cesarianas,
e também assisti à drenagem de um abcesso mamário, no BO. Em Ginecologia participei em 30 consultas; 6
cirurgias no BO (3 histerectomias, 1 tumorectomia da mama, 1 mastectomia com pesquisa de gânglio
sentinela e 1 ooforectomia e salpingectomia direitas, em mulher com gravidez evolutiva de 13 semanas); 5
histeroscopias e 3 colposcopias; 53 ocorrências urgentes, reuniões de serviço multidisciplinares e Journal
Clubs. Apresentei um trabalho sobre “Doenças Tiroideias na Gravidez” e assisti a um workshop na
Maternidade Alfredo da Costa (MAC), intitulado “The Woman”, lecionado pela Professora Doutora Teresinha
Simões. Na seguinte tabela, exponho os procedimentos por mim efetuados:

Ginecologia Obstetrícia
Execução de palpação mamária Auscultação da frequência cardíaca fetal
Exame ginecológico Preenchimento do boletim da grávida
Citologia do colo uterino Medição da altura uterina
Colheita de exsudado vaginal Manobras de Leopold
Exame pélvico da grávida
Secção de cordão umbilical
Registo do Índice de Apgar
Tabela 1 - Procedimentos realizados no estágio de GO

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3.2. ESTÁGIO DE SAÚDE MENTAL [SM] (07/10/2019 a 31/10/2019)

Regente: Professor Doutor Miguel Talina; Tutora: Drª. Raquel Ribeiro; Local de estágio: Hospital Professor
Doutor Fernando Fonseca (HFF), equipa comunitária do Centro de Saúde da Amadora.

Para este estágio especificamente, objetivei reconhecer os sinais de alerta da patologia psiquiátrica,
identificar elementos patológicos da personalidade, comportamentos e relacionamento interpessoal, aplicar
testes de avaliação psicológica e diferenciar alterações psiquiátricas de etiologia orgânica daquelas não
orgânicas. Na primeira semana de estágio, o Professor Doutor Miguel Talina lecionou uma sessão teórico-
prática de casos clínicos em Psiquiatria e, na última semana, o Dr. Pedro Mateus, apresentou uma sessão
sobre estigma na doença psiquiátrica. Este foi também um estágio muito enriquecedor, no qual contactei
com a SM em contexto de cuidados de saúde primários (CSP), e em contexto hospitalar, no SU. Frequentei
também o centro de dia e assisti a reuniões de serviço multidisciplinares e a Journal Clubs. Participei ainda
no 8º Simpósio de Psiquiatria do HFF, “A pessoa em criação” (certificado em Anexo). Apresento os
diagnósticos mais observados em CSP e em SU, segundo o DSM-5 (5ª edição):

CSP (n=53; idades - 18 aos 92 anos)


20
18
10
9 5 2 5 7 6 1
0

Figura 1- 53 doentes observados em CSP, idades dos 18 a 92 anos e seus diagnósticos.

SU (n=19; idades - 18 aos 82 anos)


5

3 3 4 2 1 2 1 1
2
0

Figura 2- 19 doentes observados em SU, idades dos 18 a 82 anos e seus


diagnósticos.

3.3. ESTÁGIO DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR [MGF] (04/11/2019 a 29/11/2019)


Regente: Professora Doutora Isabel Santos; Tutora: Drª. Nicole Marques; Local de estágio: Unidade de Saúde
Familiar (USF) do Monte Pedral.

Especificamente neste estágio, objetivei integrar a dinâmica dos CSP experimentando as dificuldades ao
nível do excesso de utentes para poucos profissionais, o pouco tempo de consulta para abordar, por vezes,
várias queixas, a falta de recursos e o papel fulcral que desempenham nas comunidades. No total assisti a

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177 consultas, em vários contextos: consultas por doença aguda e consultas programadas de saúde infantil,
de saúde materna, de planeamento familiar e de saúde do adulto. Nestas participei ativamente no decorrer
da consulta, familiarizando-me com o ICPC-2 e executando o exame objetivo em várias. Acompanhei a tutora
em domicílios e a equipa de enfermagem na vacinação. Assisti a vários Journal Clubs, realizei 2 panfletos, um
sobre “Alimentação do Doente Diabético” e outro sobre “Saúde Oral Infantil” e fiz o meu Diário de Exercício
Orientado (DEO). Na tabela seguinte, exponho procedimentos realizados ao longo deste estágio:
Medição da pressão arterial Incisão e drenagem de abcesso Teste de compressão sacroilíaca
Auscultação pulmonar e cardíaca Realização de pensos Teste de Neer
Otoscopia Limpeza e desbridamento de Teste de Jobe
feridas
Exame vaginal com espéculo Teste de Faber Teste de Gerber
Colheita para colpocitologia Teste de Lasègue Pesquisa de reflexos
Tabela 2 - Procedimentos executados ao longo do estágio de MGF

3.4. ESTÁGIO DE PEDIATRIA (02/12/2019 a 10/01/2020)


Regente: Professor Doutor Luís Varandas; Tutora: Drª. Flora Candeias; Local de estágio: D. Estefânia (HDE),
Serviço de Infeciologia.

A infância é um período estratégico do desenvolvimento do ser humano, pelo que objetivei entender o
binómio doente-pais, por este ser determinante no sucesso terapêutico, e averiguar que repercussões tem
a doença na criança e família. Apresento os diagnósticos que acompanhei, nos diversos contextos:
CE (n=21; 6 meses - 19 anos)

20 13
1 1 1 1 1 1 1 1
0

Figura 3- 21 doentes observados em consulta externa (CE), idades dos 6 meses a 19 anos e seus diagnósticos.

Internamento (n=45; 1 mês - 17 anos)


SU (n=8; 8 meses-18 anos)
10 5

7 3 2 1 1 1 1 1 1
1 6 4 1 1 4 1 1 5 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
0

Figura 4- 45 doentes observados em internamento, idades do 1 mês a 17 anos. Figura 5- 8 doentes observados em
SU, idades dos 8 meses a 18 anos.

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No âmbito de Imunoalergologia, assisti a 6 consultas de seguimento, de asma e intolerâncias alimentares,


onde observei também a equipa de enfermagem a realizar testes cutâneos. Participei numa aula sobre
“Anafilaxia” e num workshop de urgências pediátricas. Neste período temporal, estive presente em várias
sessões clínicas e reuniões multidisciplinares, elaborei e apresentei uma história clínica sobre uma
pneumonia adquirida na comunidade e complicada com derrame pleural, realizei diários clínicos, notas de
admissão, de alta e apresentei um seminário sobre “Sífilis Congénita – a propósito de um caso clínico”.

3.5. ESTÁGIO DE CIRURGIA GERAL [CG] (20/01/2020 a 13/03/2020)


Regente: Professor Doutor Rui Maio; Tutor: Dr. Diogo Albergaria; Local de estágio: Hospital Beatriz Ângelo
(HBA).

Este estágio foi planeado para ter 8 semanas, porém com a emergência do COVID-19, não foi possível
frequentar os últimos 4 dias de estágio, pelo que este findou a 10/03/2020. Almejei especificamente
aumentar o tempo de contacto com o BO, treinar suturas, distinguir situações clínicas com indicação cirúrgica
eletiva ou urgente e treinar a capacidade de gerir frustrações e medos dos doentes operados. O início do
estágio fez-se com 1 semana de sessões teórico-práticas, acerca de várias temáticas. Nas restantes semanas,
no âmbito da CG, assisti a 11 cirurgias no BO, a 32 consultas externas, observei 38 doentes em enfermaria,
acompanhei o tutor em 6 urgências e participei em reuniões clínicas do serviço. Estagiei também 2 semanas
na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e na Unidade de Cuidados Intermédios (UCIM), onde observei 17
doentes no total, e 1 semana no SU Geral, onde observei 36 doentes. Ao longo destas semanas, executei
várias histórias clínicas, fiz vários exames objetivos, ajudei na mobilização de doentes, colhi várias
gasimetrias, treinei suturas, assisti à colocação de acessos venosos centrais e a traqueostomias. Frequentei
o curso TEAM (Trauma Evaluation and Management), participei nas 7ªs Jornadas do Departamento de
Cirurgia, no HBA, e no Congresso Game of Thrones in Rectal Cancer, na Fundação Champalimaud (certificados
em Anexo). Elaborei o seminário “Colite Ulcerosa - Surgical Treatment: when and how?”, para apresentar no
Minicongresso, o qual foi cancelado devido ao plano de contingência pelo COVID-19.

3.6. ESTÁGIO DE MEDICINA INTERNA [MI] (16/03/2020 a 15/05/2020 → 18/06/2020)

Regente: Professor Doutor Fernando Nolasco; Local de estágio: Hospital Santo António dos Capuchos (HSAC),
serviço 2.3 de Medicina Interna.

O advento da pandemia, e a instituição do plano de contingência nacional, coincidiu com o início do


estágio de MI. Desta forma, foram consideradas várias alternativas e foram feitos vários esforços por
docentes e alunos, para contornar esta limitação e amortecer o seu impacto na formação médica.
Alternativamente, realizei um artigo intitulado “COVID-19: Manifestações Clínicas Graves”, o qual foi
apresentado on-line no dia 18/06/2020, ao Dr. Eduardo Gomes da Silva, à Drª. Sofia Pinheiro e ao Dr. João

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Oliveira. Com a adaptação da avaliação, a data de término desta unidade curricular foi alterada para o dia
18/06/2020, dia da apresentação do trabalho final. As circunstâncias atuais não permitiram praticar os
referidos objetivos, tendo-se adotado o que se considerou ser a melhor solução e nunca esquecendo que
esta unidade clínica é fundamental na educação do jovem médico e que a prática é essencial neste último
ano do MIM. Considero ainda apresentar-me neste serviço, logo que a situação pandémica atual o permita,
para que possa vivenciar um pouco o seu quotidiano, nutrir experiências, sabedoria e aprendizagens.

4. ELEMENTOS VALORATIVOS

Nem só de Medicina se faz um médico, pelo que é também muito importante investir em experiências e
atividades extracurriculares, que complementem a formação e o conhecimento gerais. Ao longo destes anos,
procurei suplementar a minha formação profissional e pessoal, frequentando muitos dos workshops,
palestras e congressos disponibilizados pelos professores, hospitais e pela Associação de Estudantes
(AEFCM). Neste relatório, anexo comprovativos de formações realizadas em 2019/2020: Urgências em ORL;
Radiologia na urgência; 8º Simpósio do Serviço de Psiquiatria, Departamento de Saúde Mental do HFF, “A
pessoa em criação – infância, adolescência e vida adulta”; Curso TEAM (Trauma, Evaluation and
Management); 7ªs Jornadas do Departamento de Cirurgia do HBA; Congresso “Game of Thrones in Rectal
Cancer”; Medicina de Catástrofe e Emergência e Redação Científica. Todos estes momentos de partilha de
conhecimentos foram enriquecedores e relevantes na minha formação geral. Refiro que as últimas duas
palestras, foram transmitidas via online, como forma de ultrapassar as limitações impostas por SARS-CoV-2.

Porém, não posso deixar de referir dois momentos do ano letivo passado, 2018/2019, que me marcaram:
o Intercâmbio Clínico em Itália e o lançamento do meu livro sobre Saúde Oral para Crianças. O intercâmbio
realizado no Departamento de Cirurgia Maxilo-Facial e de Cirurgia Plástica, do Hospital Civico di Cristina
Benfratelli, em Palermo – Sicília, Itália, permitiu-me vivenciar a realidade do sistema de saúde e de ensino de
outro país europeu, contactando com uma cultura diferente e com alunos de Medicina de todo o mundo. Foi
uma oportunidade única de partilha de conhecimentos, experiências e costumes, que me alargou os
horizontes pessoais e profissionais. Além de aluna de Medicina, sou também Médica-Dentista generalista, e
tenho vindo a exercer esta profissão desde 2013 até ao passado Abril de 2020. Muita da minha atividade
incidiu em Odontopediatria, e dada a importância da promoção da saúde e da prevenção da doença, e sendo
a idade pediátrica um período chave na intervenção precoce e bem-sucedida dos cuidados de saúde, senti o
ímpeto de criar este livro, de modo a contribuir para a educação da sociedade.

5. REFLEXÃO CRÍTICA

“A formação dos médicos deve ser uma prioridade das sociedades desenvolvidas, pois é essencial para a
saúde e bem-estar das populações”, em “O Licenciado Médico em Portugal”, Victorino, R. et al (2005).

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Refletindo sobre o meu percurso ao longo do MIM, e após leitura do livro citado, concluo que a minha
extensa formação foi dirigida com este mesmo propósito: estudar, trabalhar, aprender com uso de diversos
recursos educacionais, científicos e profissionais, sendo o mais importante deles, os meus Mestres, que
comigo partilham a sua sapiência e paciência; transmitem-me as bases que necessito para continuar o
caminho, enquanto eterna aprendiz da Medicina. É esta atualização permanente do conhecimento que
permite dar resposta às necessidades das populações, sempre em mudança, em prol das quais trabalhamos.

Caracterizando este último ano do MIM, considero que foi essencial na minha formação e foi também
um desafio. Foi essencial por permitir consolidar conhecimentos já adquiridos, por permitir adquirir novos
conhecimentos, tornando mais robustas as minhas capacidades de raciocínio, diagnóstico e de decisão
clínicas, que pude praticar, sob orientação médica, de modo ético e responsável, sempre tendo o doente e
suas necessidades em primeiro plano. Foi um desafio pois sendo um ano de transição, entre o estatuto de
aluna e o de futura profissional, implicou uma adaptação à nova realidade, em termos de reflexão autocrítica,
de aquisição de mais autonomia clínica e de compreensão integrada de situações complexas. Além disso, a
pandemia, impediu o normal decorrer dos estágios, impossibilitando-me de frequentar na prática hospitalar
o estágio de MI. Isto implicou um esforço acrescido, na tentativa de integrar da melhor forma mais
conhecimentos sobre a especialidade. Contudo, sendo esta disciplina um pilar fundamental da Medicina,
estou certa que apesar das justas e adequadas adaptações feitas, a prática hospitalar teria sido fundamental.

Os estágios parcelares, com ressalva ao caso excecional de MI, foram bem-sucedidos, com os objetivos
inicialmente propostos, alcançados. Procurei usufruir de todos os momentos, para me enriquecer pessoal e
profissionalmente. Porém, também senti algumas dificuldades nalguns momentos, sobretudo no que
respeita à aplicação do conhecimento teórico na prática, tentando ultrapassá-las da forma mais competente
e responsável, com apoio das equipas integradas. Todos os estágios foram muito enriquecedores e analiso-
os agora mais detalhadamente: GO foi um estágio no qual tive um aproveitamento máximo. Revi
conhecimentos, aprendi novos conceitos, participei ativamente na prática e senti que me foi dada
autonomia, com supervisão. O ponto menos positivo é considerar 15 dias escassos para cada especialidade.
O estágio de SM foi de organização e competência extremas. Pela primeira vez, vivenciei esta especialidade
da perspetiva comunitária, com grande aproveitamento. Aqui acompanhei casos crónicos e assisti a primeiras
consultas, num contexto que considero ser ainda mais próximo do contexto biopsicossocial do doente. As
idas semanais ao SU no hospital, por outro lado, permitiram-me contactar com situações de doença aguda
ou agudizações de doença crónica. O estágio de MGF permitiu-me melhorar a capacidade de gerir e orientar
a entrevista clínica, num curto espaço de tempo. É uma especialidade essencial na comunidade, pois permite
promover a saúde e prevenir a doença, áreas nas quais eu pude contribuir com a execução dos folhetos
educativos. No entanto, há um grande volume de utentes por tutor, impossibilitando por vezes, a discussão

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de assuntos pertinentes. Porém, esta é uma limitação do sistema e não do estágio em si e, ainda assim, sinto
que fui bem acompanhada. O estágio de Pediatria, permitiu contactar de perto com infeções e
imunodeficiências em idade pediátrica. Esta faixa etária constitui um período alvo, na instituição de medidas
preventivas, essencial também no contexto de doenças infeciosas e imunodeficiências. Reforcei a ideia de
que dado a criança depender dos cuidadores, a Pediatria é fundamental na educação da família, para o
sucesso terapêutico. Pude treinar as técnicas de comunicação com o doente pediátrico e familiares, e
aperfeiçoar o exame objetivo consoante a idade da criança. Porém, considero que o tempo em SU foi escasso.
O estágio de CG foi bastante abrangente. Aquando da licença de maternidade do meu tutor, fui muito bem
acolhida pela Drª Susana Ourô, que me integrou junto dos seus alunos habituais. Também achei muito útil o
tempo que passei na UCI e UCIM, permitindo-me participar em técnicas de posicionamento de doentes e
assistir a técnicas invasivas. No que respeita às sessões teóricas, penso que são úteis, mas várias vezes
ficámos à espera de docentes que, por impossibilidade, não compareciam. Na semana de SU geral, seria
proveitos mais tempo na pequena cirurgia, contudo foi muito útil no âmbito de urgências de MI. Com o plano
de contingência, não foi possível realizar o Mini-Congresso, que teria sido interessante. O estágio de MI,
como referido, foi impossível de realizar em contexto hospitalar. Valorizo os esforços feitos na tentativa de
encontrarem alternativas que não prejudicassem os alunos e a disponibilização de material de estudo online.
Não deixam de ficar por cumprir os objetivos que inicialmente estabeleci, mas dadas as circunstâncias
considero que foram tomadas atitudes prudentes.

Com a pandemia vive-se uma situação extrema, que necessita de respostas urgentes por parte do
Sistema Nacional de Saúde (SNS), com adaptações sanitárias a nível mundial, e por nós alunos e professores,
enquanto Escola Médica. Na tentativa de ajudar, inscrevi-me na Associação Nacional de Estudantes de
Medicina (ANEM) e na linha de apoio do SNS24, como voluntária no combate à pandemia, mas tal não foi
levado a cabo por ausência de “feedback sobre a aplicabilidade dos voluntários”, (ver Anexo). Enquanto
dentista, trabalhei neste período inicial da pandemia e uma das maiores dificuldades que senti, foi gerir a
escassez de equipamentos de proteção individual (EPI). Este marco na saúde global, teve um grande impacto
a nível pessoal, profissional e académico, não deixando de constituir uma aprendizagem: pela busca de
esclarecimento científico e educacional sobre o vírus, pela tentativa de superar as limitações impostas a nível
académico, pela adoção de comportamentos sanitários adequados e sua transmissão à sociedade.

Findo este ano letivo, sinto que cumpri os objetivos a que me propus. Olho para o futuro com entusiasmo
e consciente das dificuldades que irei enfrentar. Após este percurso académico tão enriquecedor e que me
permitiu crescer e evoluir a todos os níveis, não posso deixar de agradecer a todos os Professores, Tutores,
Médicos, Equipas, Colegas, Família e ainda à exímia NMS | FCM da Universidade Nova de Lisboa. Muito
obrigada por me ajudarem a chegar aqui e a exigir sempre o melhor de mim.

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ANEXOS

I. Cronograma do ano letivo 2019/2020

Estágio Período de estágio Local de estágio Serviço Tutor(a)


Ginecologia e 09/09/2019 a Hospital Professor Ginecologia e Ginecologia –
Obstetrícia 04/10/2019 Doutor Fernando Obstetrícia Drª. Mariana
Fonseca (HFF) Miranda;
Ginecologia –
Drª. Ana Paula
Ferreira
Saúde Mental 07/10/2019 a Hospital Professor Equipa comunitária Drª. Raquel
31/10/2019 Doutor Fernando da Amadora Ribeiro
Fonseca (HFF)
Medicina Geral e 04/11/2019 a USF – Monte Drª. Nicole
Familiar 29/11/2019 Pedral Marques
Pediatria 02/12/2019 a Hospital Dona Infeciologia Drª. Flora
10/01/2020 Estefânia (HDE) Candeias
Cirurgia Geral 20/01/2020 a Hospital Beatriz Cirurgia Geral Dr. Diogo
13/03/2020 Ângelo Albergaria
Medicina Interna 16/03/2020 a Hospital Santo 2.3 – Medicina Dr. Eduardo
18/06/2020 António dos Interna Gomes da Silva,
Capuchos (HSAC) Drª. Sofia
Pinheiro, Dr.
João Oliveira

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II. Trabalhos realizados durante o ano letivo 2019/2020

Estágio Tema
Ginecologia e Obstetrícia “Doenças Tiroideias na Gravidez”
Saúde Mental História clínica de Perturbação Bipolar Sem Outra
Especificação, com predominância para episódios
depressivos
Medicina Geral e Familiar Panfleto sobre “Alimentação do Doente Diabético”
e panfleto sobre “Saúde Oral Infantil”
Pediatria “Sífilis Congénita – a propósito de um caso clínico”
História clínica de Pneumonia Adquirida na
Comunidade, complicada com derrame pleural
Cirurgia Geral “Colite Ulcerosa – Surgical Treatment: when nad
how?”
Medicina Interna “COVID-19: Manifestações Clínicas Graves”

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IV. Comprovativo de voluntariado para combate ao COVID-19


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