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Índice
Introdução....................................................................................................................................4

Placenta........................................................................................................................................5

Descolamento prematuro da placenta..........................................................................................5

Fisiopatologia...............................................................................................................................5

Causas..........................................................................................................................................6

Sintomas.......................................................................................................................................7

Complicações...............................................................................................................................8

Classificação................................................................................................................................8

Diagnóstico..................................................................................................................................9

Tratamento...................................................................................................................................9

Conduta......................................................................................................................................10

Risco de Recorrência.................................................................................................................11

Factores de risco.........................................................................................................................11

Conclusão...................................................................................................................................12

Bibliografia................................................................................................................................13

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Introdução

O presente trabalho subordinado a cadeira de, que irei abordar acerca do descolamento
prematuro da placenta (DPP). De referir que o descolamento prematuro da placenta (DPP),
também conhecido como placenta abrupta ou desprendimento placentário, é uma complicação
incomum, porém grave da gravidez, na qual a placenta descola-se parcial ou completamente do
útero antes da hora do parto.

A DPP é um problema potencialmente fatal, pois a perda de contacto entre a placenta e o útero
pode não só privar o bebé de oxigénio e nutrientes, como também provocar hemorragia, levando
a uma volumosa perda de sangue por parte da mãe.

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Placenta

A placenta é um órgão materno-fetal que só existe durante a gravidez. Sua principal função é
prover oxigénio e nutrientes para o feto, através da troca de sangue com a mãe.

A placenta possui duas faces, uma que fica colada à parede do útero, ligada a centenas de vasos
sanguíneos maternos, e outra voltada para o feto, que é onde conecta-se o cordão umbilical.
Assim sendo, a placenta age como uma ponte entre a circulação sanguínea da mãe e do feto.

Em condições normais, a placenta só deve se desprender do útero depois que o bebé já tenha
nascido. Enquanto o bebé estiver dentro do útero, ele precisa da placenta para “respirar” e se
“alimentar”.

Descolamento prematuro da placenta

O descolamento prematuro de placenta (DPP) é a separação da placenta normalmente inserida,


de forma parcial ou completa, antes do nascimento do feto. Portanto, chamamos de descolamento
prematuro da placenta quando uma parte da placenta desprende-se da parede do útero durante a
gravidez. Obviamente, essa porção da placenta que descolou-se deixa de receber o sangue da
mãe. A saúde do feto, nesta situação, passa a depender da capacidade de transferir sangue da
placenta restante que ainda permanece ligada ao útero. Como é de se imaginar, quanto maior for
o descolamento placentário, maior é o risco de surgir sofrimento fetal.

Em geral, o descolamento prematuro da placenta vem acompanhado de sangramento vaginal.


Entretanto, o sangue resultante do descolamento pode ficar preso entre a parede do útero e a
placenta, não havendo exteriorização do mesmo pela vagina. Nestes casos, o descolamento da
placenta pode progredir de forma silenciosa, levando grande perigo à mãe e ao bebé.

Fisiopatologia

A principal causa do descolamento prematuro da placenta é a ruptura de vasos sanguíneos


maternos na decídua basal, onde o sangramento irá se acumular formando um hematoma,
separando a placenta da decídua. Conforme ele aumenta, há mais separação e compressão do
espaço sobrejacente, resultando na destruição local do tecido placentário. Esse hematoma pode
ser pequeno e autolimitado ou ser volumoso e causar a separação completa da placenta.

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Geralmente esse sangramento é eliminado pelo colo uterino ou fica retido como hematoma
retroplacentário (em até 20% dos casos), entretanto, pode também causar hemoâmnio (sangue
infiltra-se no líquido amniótico) ou útero de Couvelaire (sangue infiltra-se no miométrio).

Dessa forma, ocorre a perda de função da placenta, que não irá realizar as trocas de substâncias
necessárias entre mãe e feto. Com a evolução do quadro, o comprometimento fetal e o risco de
complicações maternas aumentam. A gravidade de cada caso dependerá do feto e da reserva
placentária, bem como o tamanho da área afectada.

Causas

As causas do descolamento da placenta ainda não foram totalmente esclarecidas. Sabemos que
traumas abdominais podem ser um dos motivos, mas apenas uma pequena proporção de todos os
DPP (cerca de 9% dos casos) estão relacionados a eventos mecânicos repentinos, como trauma
abdominal contuso, descompressão uterina rápida ou aceleração-desaceleração do útero, tal
como costuma ocorrer nos acidentes automobilísticos.

Apesar de não conseguirmos explicar de forma detalhada os mecanismos fisiopatológicos que


levam ao descolamento prematuro da placenta, já conhecemos vários dos seus factores de risco.
Os mais importantes são:

 Hipertensão arterial – cerca de 40% dos casos de DPP ocorrem em gestantes


hipertensas.
 Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia – gestantes com pré-eclâmpsia têm até 5 vezes mais risco
de terem descolamento da placenta.
 Uso de cocaína – o consumo de cocaína aumenta o risco de placenta abrupta em até 10
vezes.
 Tabagismo – gestantes que fumam têm cerca de 2,5 vezes mais chances de terem DPP.
 Descolamento prematuro em gravidez anterior – o mais importante factor de risco
para o descolamento prematuro da placenta é já ter tido um descolamento em uma
gestação prévia. Nestas gestantes, o risco de placenta abrupta é até 12 vezes maior.
 Rompimento precoce da bolsa da água – durante a gravidez, o feto fica dentro da bolsa
amniótica, que é uma espécie de saco preenchido por líquido amniótico. O rompimento

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da bolsa antes da hora do parto é um importante factor de risco para DPP, pois o rápido
esvaziamento do líquido causa súbita descompressão do útero, favorecendo o seu
descolamento.
 Idade acima de 40 anos – quanto mais idade tiver a gestante, maior é o risco de placenta
abrupta. O descolamento prematuro da placenta é bem mais comum em grávidas com
mais de 40 anos, mas o risco já começa a se elevar a partir dos 35 anos.
 Distúrbios da coagulação sanguínea – qualquer condição que prejudique a capacidade
do seu sangue coagular aumenta o risco de desprendimento da placenta.
 Amniocentese – Uma das complicações possíveis da amniocentese, procedimento
médico no qual retira-se uma amostra de líquido amniótico para exame, é a ocorrência de
sangramento retroplacentário, o que aumenta o risco de desprendimento da placenta.
 Gravidez gemelar – a súbita descompressão uterina após o nascimento do primeiro bebé
pode fazer com que a placenta desprenda-se enquanto o segundo bebé ainda está dentro
do útero.

Sintomas

O desprendimento placentário costuma ocorrer no último trimestre da gravidez, especialmente


nas últimas semanas antes do nascimento.

Os sinais e sintomas clássicos da placenta abrupta são:

 Sangramento vaginal – 80%.


 Dor abdominal ou lombar – 70%.
 Contracções uterinas de forte intensidade e grande frequência – 35%.

80% das gestantes com DPP apresentam sangramento vaginal. Porém, há também os casos de
descolamento no qual o sangue fica retido entre a placenta e o útero, não havendo exteriorização
do mesmo pela vagina. Esses casos são mais perigosos, uma vez que o sangramento pode ser
volumoso e a gestante acaba por não tomar conhecimento dele. Portanto, a quantidade de sangue
que sai pela vagina não necessariamente corresponde a quantidade de sangue real que está sendo
perdida. É perfeitamente possível que a mãe entre em choque circulatório por volumosa perda
sanguínea apresentando nenhum ou apenas um discreto sangramento vaginal.

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Complicações

O desprendimento placentário pode causar problemas graves tanto para a mãe quanto para o
bebé. Para a mãe, o desprendimento da placenta pode levar a:

 Choque circulatório, devido à perda de sangue.


 Alterações da coagulação sanguínea (coagulação intravascular disseminada).
 Anemia grave com necessidade de transfusão de sangue.
 Falência dos rins e de outros órgãos.

Após o nascimento do bebé, é provável que o local onde a placenta ficava colada permaneça
sangrando. Se este sangramento não puder ser controlado, a remoção cirúrgica do útero
(histerectomia) pode ser necessária.

Para o bebé, o desprendimento da placenta pode levar a:

 Sofrimento fetal – privação de oxigénio e nutrientes.


 Nascimento prematuro.
 Morte fetal.

Classificação

A DPP pode ser classificada em 4 classes, de acordo com a sua gravidade:

 Classe 0 – DPP assintomático

A classe 0 ocorre quando a gravidez decorre sem problemas e o médico só descobre que houve
descolamento da placenta após o parto, ao observar a existência de coágulos de sangue aderidos
à placenta.

 Classe 1 – DPP Leve (cerca de 48% dos casos)

Classificam-se como classe 1 os casos nos quais o sangramento vaginal é nulo ou apenas
discreto, o útero não apresenta-se contraído e não há alterações na frequência cardíaca ou na
pressão arterial da mãe. Nestes casos, também não há nenhum grau de sofrimento para o feto.

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Os níveis de fibrinogénio, que é um exame que ajuda a identificar problemas na coagulação,
encontram-se normais na classe 1.

 Classe 2 – DPP moderada (cerca de 27% dos casos)

Classificam-se como classe 2 os casos nos quais o sangramento vaginal é ausente ou moderado,
o útero encontra-se moderadamente contraído, a mãe tem aumento da frequência cardíaca e a
pressão arterial pode apresentar episódios de queda quando a paciente encontra-se em pé. Nestes
casos, o bebé apresenta sinais de sofrimento fetal. Os níveis de fibrinogénio costumam estar
reduzidos.

 Classe 3 – DPP grave (cerca de 24% dos casos)

Classificam-se como classe 3 os casos nos quais o sangramento vaginal é ausente ou intenso, o
útero encontra-se muito contraído, a mãe apresenta choque circulatório e o feto evolui para o
óbito. Os níveis de fibrinogénio estão muito baixos e a mãe costuma aprestar dificuldade para
coagular o sangue.

Diagnóstico

O diagnóstico do DPP é habitualmente feito através dos achados clínicos, mas exames de
imagem e laboratoriais podem ser usados para reforçar a suspeita clínica. A presença de
sangramento vaginal associado a dor abdominal e um útero altamente rígido ao exame
ginecológico fala fortemente a favor de descolamento da placenta. Anormalidades na frequência
cardíaca fetal, hipotensão materna ou sinais de coagulação intravascular disseminada
(hemorragia, anemia, fibrinogénio baixo e alteração nas provas de coagulação) aumentam a
ainda mais a possibilidade do diagnóstico.

O exame de ultrassom é útil para identificar hematoma retroplacentário e para excluir outros
problemas que também podem cursar com sangramento vaginal e dor abdominal.

Tratamento

A conduta perante um desprendimento placentário varia de acordo com a gravidade do quadro,


da idade gestacional do feto e das condições clínicas da mãe do bebé.

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 Em caso de feto falecido

Caso o descolamento placentário tenha sido grave e o feto não tenha resistido, o parto precisa ser
induzido, para evitar que complicações maternas surjam. Se a mãe estiver clinicamente estável, o
parto pode ser por via vaginal. Caso a mãe esteja instável, o parto é feito por cesariana.

 Em caso de feto vivo, porém com sinais de sofrimento

A conduta médica correta é induzir o parto através de uma cesariana. Não existe tratamento que
faça a placenta voltar a se ligar ao útero, portanto, se o bebé está sob risco de morte por falta de
oxigenação, a única solução é retirá-lo o mais rapidamente possível do útero, não importa a idade
gestacional. Se a gravidez tiver menos de 34 semanas, o bebé invariavelmente irá precisar ficar
em uma UTI neonatal nos primeiros dias de vida.

 Em caso de feto vivo, com mais de 34 semanas e sem sinais de sofrimento

Se a gravidez já tiver pelo menos 34 semanas, o mais seguro é induzir o parto a curto prazo,
mesmo que o bebé não apresente naquele momento sinais de sofrimento. Descolamentos
pequenos podem se transformar em grandes descolamentos de uma hora para outra e sem aviso
prévio.

Nos casos de DPP leve, com episódio de sangramento mínimo e isolado, que não volta a
acontecer, e ausência de outros sinais e sintomas de gravidade, alguns obstetras tentam levar a
gravidez até a 37ª semana. Em caso de feto vivo, com menos de 34 semanas e sem sinais de
sofrimento. Se mãe e feto estão bem, o descolamento é pequeno e não há sinais de hemorragia
em curso, a conduta mais utilizada é a internação hospitalar da mãe para vigilância. Corticoides
são administrados para acelerar a maturação pulmonar do feto, o que aumenta a sua chance de
sobreviver caso um parto prematuro tenha de ser induzido nas próximas semanas. Enquanto mãe
e bebé estiverem bem, o obstetra tentará levar a gravidez o mais próximo possível da 37ª semana.

Conduta

Sempre que suspeitar de DPP, deve-se internar a gestante para investigação e manejo adequado
da doença. Cada caso irá definir a conduta mais apropriada, mas de forma geral as gestantes
devem permanecer com monitorização hemodinâmica contínua e medida da diurese, com

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reposição volêmica se necessário. Além disso, o feto também deve ficar sob monitorização
contínua. A indicação de parto dependerá da vitalidade fetal e do estado clínico do binômio
materno-fetal. A preferência de qual via realizar será analisada pelo tempo que requer mais
rápida resolução, pois o quadro demanda uma intervenção imediata. Quando o feto se encontra
vivo e viável e a paciente apresenta um colo desfavorável a um parto normal, a via de parto
preferida é a cesárea. Já na presença de óbito fetal, a via de parto vaginal é preferível. A
amniotomia é um procedimento indicado quando o parto está próximo de ocorrer e está
associado a diversos benefícios.

Risco de Recorrência

Mulheres que apresentam descolamento prematuro de placenta têm um risco maior de 5-15% de
apresentar novamente esta patologia em uma gestação futura, comparado com um risco de 0,4-
1,3% na população geral. Após dois episódios de DPP consecutivos o risco aumenta para 20-
25%. Quando ocorre óbito fetal devido ao descolamento prematuro de placenta, a incidência de
ocorrer o mesmo resultado em futuras gestações é de 7%. O DPP foi significativamente
associado com resultados perinatais adversos, tais como índice de Apgar <7 no 1 º e 5 min e
mortalidade perinatal.8 Também é uma das principais causas de paralisia cerebral infantil
derivada de hipóxia pré-parto e/ou intraparto.

Factores de risco

O DPP prévio é o factor de risco mais importante para o descolamento, com riscos de recorrência
de 10 a 15 vezes maiores (5) e até 93 vezes mais (95% IC 62-139). As síndromes hipertensivas
representam a condição clínica mais frequentemente associada ao DPP. As mulheres hipertensas
têm um risco cinco vezes maior de DPP grave em comparação com mulheres normotensas, e a
terapia anti-hipertensiva não parece reduzir o risco de descolamento placentário entre mulheres
com hipertensão crónica. O tabagismo é um dos poucos factores de risco modificáveis e está
associado a um risco aumentado de 2,5 vezes de descolamento suficientemente grave para
resultar em morte fetal, sendo que o risco aumenta em 40% para cada maço de cigarro fumado
por dia. A combinação de tabagismo e hipertensão tem um efeito sinérgico sobre o risco de
descolamento.

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Conclusão

A placenta, órgão que se forma desde o início da gravidez, é responsável pela secreção de
hormônios necessários para o desenvolvimento do bebé. Além disso, ela também transmite todos
os nutrientes e o oxigénio da mãe para o feto através do sangue, servindo como uma bolsa para
aconchegá-lo até o nascimento.

“A placenta deverá permanecer aderida ao útero até o momento do parto e só deverá descolar do
mesmo após o nascimento do bebe. Quando a placenta se descola antes do nascimento, é uma
situação de urgência e que deve ser tratada imediatamente, pois pode levar ao óbito fetal
intraútero”.

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Bibliografia

SOUZA, E.; CAMANO, L. Descolamento prematuro da placenta. Revista da Associação Médica


Brasileira. Acesso em: 10 jul. 2021.

MOORE, K. Embriologia Básica. 8ª Edição. Elsevier, 2013. 376p.

Montenegro CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia Fundamental. 11° ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan; 2008. p. 261-6.

Zugaib M, Francisco RP. Descolamento prematuro de placenta. In: Zugaib M, Francisco RP,
editores. Obstetrícia. 3a ed. São Paulo: Manole. 2017. p. 713–24.
Montenegro CA, Rezende Filho J. Descolamento prematuro da placenta. In: Montenegro CA,
Rezende Filho J, editor. Rezende obstetrícia. 13a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2017.

Guidelines CommittZugaib M, Francisco RP. Descolamento prematuro de placenta. In: Zugaib


M, Francisco RP, editores. Obstetrícia. 3a ed. São Paulo: Manole. 2017. p. 713–24.3.
Montenegro CA, Rezende Filho J. Descolamento prematuro da placenta. In: Montenegro

CA, Rezende Filho J, editor. Rezende obstetrícia. 13a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
2017.

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