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Instituto Politécnico Islâmico de Moçambique

Curso de Enfermagem Geral-09

Cadeira: Obstetrícia

3º Grupo

Tema: Gravidez Ectópica

Nampula, Abril de 2024


Formandos:

Atalia Alberto
Isabel Fernando
João Miguel
Manuel Aurélio Boavida
Suluho Abdala
Viaze Chafi Mussa

Trabalho de Carácter Avaliativo do


Curso de Enfermagem Geral,
Cadeira de Obstetrícia, leccionado
pelo docente:
dra: Argentina

Tema: Gravidez Ectópica

Nampula, Abril de 2024


Índice

Introdução........................................................................................................................4
Gravidez Ectópica............................................................................................................5
Tipos de gravidez ectópica.............................................................................................. 6
Fisiopatologia da gravidez ectópica.................................................................................6
Quadro clínico................................................................................................................. 7
Diagnóstico......................................................................................................................8
Exames............................................................................................................................ 9
Factores de risco.............................................................................................................. 9
Tratamento da gravidez ectópica...................................................................................10
Efeitos colaterais do metotrexato...................................................................................11
Prevenção...................................................................................................................... 12
Conclusão...................................................................................................................... 13
Bibliografia....................................................................................................................14
Introdução

A gravidez ectópica é caracterizada pela implantação e desenvolvimento do embrião


fora do útero, podendo acontecer nas trompas, ovário, colo do útero, cavidade
abdominal ou cérvix.

O surgimento de dor abdominal intensa e perda de sangue pela vagina, principalmente


no primeiro trimestre de gestação, pode ser indicativo de gravidez ectópica, sendo
importante consultar o médico para que seja feito o diagnóstico.

É importante que se saiba exatamente o local em que o embrião está, pois assim é
possível que o tratamento mais adequado seja determinado, uma vez que quando está na
cavidade abdominal a gravidez pode continuar, apesar de ser uma situação rara e
delicada.

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Gravidez Ectópica

A gravidez ectópica, ou gravidez tubária, acontece quando o embrião, resultante da


fecundação do óvulo pelo espermatozoide, cresce fora da cavidade uterina, geralmente
nas tubas uterinas (trompas de falópio). Indicativos dessa gestação perigosa podem ser
hemorragia vaginal, dor de barriga ou pélvica e dor durante o sexo.

Figura 1: Gravidez ectópica com o embrião se desenvolvendo na trompa-Fonte:


https://deborawolf.com.br/2019/08/16/gravidez-ectopica/

Esse é um termo que abrange além de gravidez extrauterina (tubária, ovariana,


abdominal), a gravidez cervical, intersticial e em cicatriz de cesárea. A gravidez tubária
é a mais comum, correspondendo a 95-98% dos casos. Nessas pacientes a região da
ampola é a mais acometida, com a implantação do ovo nesse local ocorrendo entre 70 e
80% dos quadros.

Essa patologia incide em cerca de 1,5 a 2% das gestações e configura um risco a vida da
paciente. A hemorragia secundária a gravidez ectópica rota é uma das principais causas
de mortalidade materna no primeiro trimestre de gravidez, sendo responsável por 4% de
todas as mortes relacionadas a gestação. Contudo, é importante salientar que essa
mortalidade vem diminuindo nas últimas décadas com a ascensão de métodos
diagnósticos, tais como a ultrassonografia.

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Tipos de gravidez ectópica

A gravidez ectópica é uma condição rara em que o embrião pode ser implantado em
vários locais do corpo, como trompas, ovário, cavidade abdominal ou cérvix, que é
quando o feto cresce no colo do útero. Os tipos de gravidez ectópicas menos comuns
são:

 Gravidez ectópica intersticial: Ocorre quando o embrião se desenvolve no


segmento intersticial da tuba. Nesse caso há aumento do Beta HCG e o
tratamento normalmente é feito com os remédios e cloreto de potássio, em várias
doses;
 Gravidez cervical: É quando o embrião se desenvolve no colo do
útero, podendo gera hemorragia intensa. O tratamento pode ser feito com
embolização, curetagem ou injeção local de metotrexato, por exemplo;
 Gravidez ectópica na cicatriz da cesárea: É muito rara, mas pode acontecer,
sendo preciso tratamento com remédios metotrexato e ácido folínico, durante
cerca de 1 semana;
 Gravidez ovariana: Por vezes ela só é descoberta durante a curetagem e por
isso não é usado o metotrexato;
 Gravidez heterotópica: É quando o embrião se desenvolve entre o útero e a
trompa, mas geralmente só é diagnosticada depois do rompimento da tuba e por
isso o tratamento mais usado é a cirurgia.

Fisiopatologia da gravidez ectópica

A gravidez ectópica geralmente está associada a fatores de risco que causam lesão
tubária ou alteração no transporte ovular, sendo assim, quando chegado o momento da
nidação o ovo ainda não se encontra na cavidade uterina e se implanta em localização
anômala. Entre os factores de risco estão:

 Doença inflamatória pélvica;


 Infecções genitais;
 Uso de dispositivo intrauterino;
 Cirurgia tubária prévia;
 Gravidez ectópica anterior;

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 Procedimentos relacionados à reprodução assistida;
 Uso de métodos anticonceptivos de emergência;
 Tabagismo;

As infecções genitais, por exemplo, levam a alterações significativas nas tubas, podendo
causar diminuição no número e movimento dos cílios, além de aglutinação das dobras
da mucosa com estreitamento da luz tubária, formação de microdivertículos e destruição
das fímbrias, levando a transporte ovular inadequado através da tuba.

Quadro clínico

A tríade clássica que compõe o quadro clínico da gravidez ectópica é definida por: dor
abdominal, sangramento vaginal e atraso ou irregularidade menstrual. Pelo menos um
destes sintomas está presente em praticamente todas os casos de gravidez ectópica.
Aqueles pacientes que evoluem com gravidez ectópica rota exibem quadro clínico de
choque, incluindo hipotensão, taquicardia e sintomas de peritonite – como dor a
descompressão brusca do abdome. Sinais típicos de gestação tópica também são
encontradas nessas pacientes, como aumento do volume e sensibilidade das mamas,
náuseas e vômitos, alterações no ritmo intestinal e síncope.

 Dor abdominal: Este é o sintoma mais frequente, porém suas características


em cada caso podem variar consideravelmente. Pode-se se apresentar desde um
quadro vago de dor em cólica até a presença de dor lancinante associada a
síncope. Em casos de gravidez tubária, a localização pode ser ipsilateral a tuba
acometida (50%), difusa por todo abdome (25%) ou no lado oposto (25%).
 Sangramento vaginal: Ocorre em 60 a 90% dos casos em decorrência da
descamação endometrial secundária a produção irregular de hCG. Esse
sangramento é discreto, vermelho escuro ou acastanhado e, por vezes,
acompanhando de dor.
 Atraso ou irregularidade menstrual: O atraso menstrual ocorre em 75 a 95%
dos casos, as demais pacientes apresentam irregularidade menstrual.

Embora as formas de apresentação clínicas possam variar bastante, as principais são:


subaguda, aguda e abdominal.

 Subaguda: Essa é a forma clínica mais comum; com o ovo, geralmente,


implantado na ampola tubária, região de maior distensibilidade da tuba. Isso

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garante que o fenômeno se prolongue por muitos dias e a perda de sangue seja
intermitente para cavidade abdominal. Esse processo persistente pode levar a
irritação peritoneal com dor e distensão abdominal, náuseas e vômitos, estado
subfebril. No exame ginecológico, essa paciente pode apresentar ocupação e dor
à pressão do fundo do saco de Douglas, além de desconforto na manipulação do
colo uterino.
 Aguda: Corresponde a ruptura que ocorrem em 50% dos casos de gravidez
tubária, onde o ovo se localiza no istmo da tuba uterina. A paciente apresenta
dor intensa, em pontada, na fossa ilíaca ou hipogástrio. O sangue, além de irritar
a cavidade peritoneal, se acumula no fundo de saco posterior, causando a
sensação de peso no reto e na bexiga, associado a dor à defecação e micção.
Nesse caso, a paciente apresenta ainda sinais clássicos de choque, como palidez,
sudorese, extremidades frias, pulso fino e rápido, juntamente com hipotensão.
No exame físico, a paciente apresenta palpação abdominal dolorosa, com dor a
descompressão brusca e dor a pressão do fundo do saco de Douglas.
 Abdominal: Pode ser um quadro consequente a uma gravidez tubaria, logo é
preciso identificar história prévia sugestiva. A paciente queixa-se de dor
abdominal, náuseas e vômitos. No exame físico, revela apresentação transversa à
palpação. Exames de imagem como ultrassonografia e ressonância magnética
confirmam a suspeita e indicam a local de inserção da placenta.

Diagnóstico

Diante sua apresentação clínica diversa e, por vezes, imprecisa, essa é uma patologia de
difícil diagnóstico, sobretudo em sua fase inicial. É necessária uma anamnese
cuidadosa, com ênfase na identificação de fatores de risco, o que ajuda na diferenciação
entre a gestação ectópica e outros quadros, tais como abortamento, rotura de cisto
ovariano, salpingite, afecções gastrointestinais ou mesmo uma gestação tópica.

A concentração sérica de β-hCG em casos de gestação ectópica tende a ser menor do


que a observada em gestações tópicas de mesma duração, assim como, o tempo de
duplicação de seus valores séricos é maior do que o encontrado, geralmente, em uma
gestação viável. Assim, aquelas pacientes incialmente com β-hCG > 2000 – 3000
mUI/ml e ausência de saco gestacional intrauterino devem ser submetidas a uma
mensuração seriada dos níveis de β-hCG, a fim de avaliar a variação de seus valores no

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tempo esperado. Um aumento menor que 55% em 48h indica uma gravidez não viável,
seja ela tópica ou ectópica.

Em casos de gravidez tubária, podem ser encontrados diversos padrões na


ultrassonografia associado a ausência de saco gestacional dentro da cavidade uterina,
que indicam alta probabilidade de ectopia:

 Massa anexial complexa;


 Anel tubário;
 Embrião vivo extrauterino;

Exames

Diante dos sintomas de gravidez ectópica, a gestante deverá realizar:

 Exame pélvico, que pode detectar uma obstrução nas tubas uterinas, um
alargamento do útero menor do que o esperado para uma gravidez ou a massa na
região pélvica;
 Ultrassonografia pélvica transvaginal ou abdominal: O diagnóstico de
pacientes com gravidez ectópica baseia-se nos exames de ultrassonografia
transvaginal (USTV) e dosagem de β-hCG. O valor de 3.500mUI/ml foi
estabelecido como discriminatório para assegurar o momento a partir do qual
estaria presente um saco gestacional na USTV. Dessa forma, a fim de
diagnóstico, pacientes com β-hCG > 2000 – 3000 mUI/ml e útero vazio na
imagem do USTV tem chance de gravidez ectópica 19 vezes maior do que uma
gravidez intrauterina viável, cuja probabilidade é apenas de 2%.
 Exames de sangue para níveis hormônio da gravidez (gonadotrofina coriônica
humana ou beta-hCG), realizados com 48 horas de intervalo.

Factores de risco

Todas as mulheres sexualmente ativas estão em risco de desenvolver uma gravidez


ectópica. O risco pode aumentar em caso de:

 Gravidez ectópica anterior


 Inflamação ou infecção das tubas uterinas
 Problemas de fertilidade
 Idade materna avançada (35 anos ou mais)

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 História de cirurgia pélvica, cirurgia abdominal ou vários abortos
 História de endometriose
 Concepção auxiliada por medicamentos indutores de ovulação ou procedimentos
como fertilização in vitro
 Tabagismo
 História de infecção sexualmente transmissível (IST)
 Uso inadequado do DIU. Se utilizado corretamente, o DIU deve impedir a
gravidez.
 Gravidez após cirurgia de laqueadura.

Tratamento da gravidez ectópica

Nos dias atuais, em função da maior possibilidade de diagnóstico precoce, é possível


oferecer, em alguns casos, condutas terapêuticas mais conservadoras, visando preservar
o futuro reprodutivo das pacientes. Porém, a escolha do tipo de terapia deve ser
individualizada e depende da integridade, local e tamanho da gravidez ectópica, do
estado hemodinâmico da paciente, seu desejo reprodutivo, experiencia do médico e
preferência da paciente.

Em casos de gravidez tubária, o tratamento pode ser cirúrgico, medicamentoso ou


expectante.

 Cirúrgico: O tratamento cirúrgico pode ser radical – através da salpingectomia


– ou conservador – salpingostomia – e está indicado na presença de gravidez
ectópica rota ou na vigência de contraindicações para o tratamento clínico. A
salpingectomia pode ser necessária em mulheres com sangramento
incontrolável, gravidez ectópica recorrente na mesma tuba, lesão tubária
acentuada ou saco gestacional > 5cm. Essa é a cirurgia ideal, uma vez que
promove hemostasia adequada e garante remoção completa do tecido
trofoblástico, por isso é a melhor indicação naquelas que não manifestam desejo
reprodutivo. Já a salpingostomia consiste na conservação da trompa e está
indicada em pacientes com a tuba contralateral doente, que manifestam desejo
reprodutivo ou com ectopia tubária de pequenas dimensões e que se apresenta
integra, além de estabilidade hemodinâmica. Após cirurgia, essas pacientes
devem acompanhar o valor de negativação do β-hCG.

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 Medicamentoso: O metotrexato é a droga mais utilizada no tratamento clínico
da gravidez ectópica integra. Trata-se de um quimioterápico antimetabólico,
antagonista do ácido fólico, que interfere na síntese de DNA e,
consequentemente, na divisão celular. Geralmente o esquema de tratamento é
sistêmico, via intramuscular, dose única – 50mg/m² – e os critérios de inclusão
são: quadro clínico estável, diagnóstico definitivo, β-hCG < 5000 mUI/ml,
aumento do β-hCG < 50% em 48h, saco gestacional < 3,5cm, atividade cardíaca
fetal ausente e liquido livre no peritônio ausente/moderado.
Deve ser medido os valores do β-hCG nos dias 4 e 7 pós-tratamento e se a
redução for < 15%, deve ser repetida a dose. Por fim, é preciso ser feito um
seguimento semanal até atingir nível não gravídico (<5mUI/ml). É preciso
atentar para efeitos colaterais importantes associados ao medicamento, como
leucopenia, pneumonite e alopecia.
 Expectante: Esse tratamento está reservado a pacientes com quadro clínico
estável, níveis de β-hCG em declínio e um nível inicial menor que 1000 – 1500
mUI/ml. O β-hCG deve ser mensurado semanalmente até atingir <5mUI/ml.

Efeitos colaterais do metotrexato

Durante o tratamento, o uso do metotrexato pode provocar náuseas, fadiga, diarreia,


entre outros sintomas. Algumas dicas podem ajudar no controle dos efeitos colaterais do
medicamento:

1. Náuseas:
 Alimente-se com pequenas refeições diárias
 Pergunte ao seu médico sobre o uso de medicamentos para náusea
 Descanse o máximo possível
 Tente eliminar odores fortes de seu entorno
 Não use drogas anti-inflamatórios não esteroides (AINE)
 Beba bastante água para evitar a desidratação.
2. Fadiga:
 Planeje vários períodos de descanso ao longo do dia
 Peça ajuda de familiares ou amigos.
3. Tontura ou vertigem
 Descanse com frequência

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 Mude de posição lentamente.
4. Ferida na boca e garganta (estomatite):
 Evite café, alimentos condimentados e salgados ou frutas cítricas;
 Coma alimentos leves, como cremes ou gelatina;
 Enxágue a boca a cada duas horas com uma solução de água salgada morna.
Misture 1 colher de chá (5 g) de sal de mesa em 240 ml de água morna. Não
engula a solução de água salgada, pois pode irritar o estômago.
5. Diarreia
 Coma alimentos leves, como arroz, torradas ou bolachas, banana e maçã
 Evite alimentos picantes, álcool, café e produtos lácteos
 Beba muita água para evitar a desidratação.

Prevenção

É impossível impedir uma gravidez ectópica de acontecer, mas há formas de diminuir


alguns fatores de risco. Por exemplo, limitar o número de parceiros sexuais e usar
preservativos durante as relações sexuais facilitam a prevenção de IST e reduzem o
risco de doença inflamatória pélvica.

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Conclusão

A gravidez nas trompas ou nos ovários pode se desenvolver até as 14 semanas de


gestação, e caso isso aconteça não é possível salvar a vida deste embrião pois não
existem medicamentos, nem procedimentos que possam deslocar o embrião das trompas
para o útero. Quando a gravidez ectópica se desenvolve em outros locais que não seja
nas trompas, como na cavidade abdominal ela pode ser descoberta mais tarde, mas
sempre através do ultrassom.

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Bibliografia

ROTINAS ASSISTENCIAIS DA MATERNIDADE-ESCOLA DA UNIVERSIDADE


FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Gravidez ectópica. Disponível em:
<http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/gravidez_ectopica.pdf>.
Acesso em 14 mar 2022

FURLANETTI, THAINÁ MARINA; DE PAULA, MARIANE A.; STEIBEL, JOÃO


ALFREDO P. Gestação ectópica: diagnóstico e manejo. 2018. Disponível em:
<https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882358/gestacao-ectopica-diagnostico-e-
manejo.pdf>. Acesso em 14 mar 2022

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