Você está na página 1de 5

NORMA DE PROCEDIMENTO DE ENFERMAGEM Atualizada: 2019

Elaborada por:
Cuidados de enfermagem à pessoa com Júlio Belo Fernandes

necessidade de aspiração de secreções Revisão científica:


orofaríngeas, nasofaríngeas e
traqueobrônquicas.

DEFINIÇÃO
Procedimento autónomo de enfermagem que consiste na remoção de secreções
traqueobrônquicas recorrendo a um sistema de vácuo, através da introdução de uma
sonda estéril na orofaringe, nasofaringe ou tubo endotraqueal/ traqueostomia.

OBJECTIVOS
 Promover e manter a permeabilidade das vias aéreas;
 Otimizar as trocas gasosas e a ventilação;
 Prevenir estase de secreções e outras complicações;
 Recolher espécimes para análise.

INFORMAÇÕES GERAIS

Quem executa
 Enfermeiro

Horário
 De acordo com a avaliação do enfermeiro acerca das necessidades da pessoa.

Orientações para a execução


 Observar a pessoa e avaliar a presença de sinais e sintomas que indiquem a
necessidade da realização do procedimento:
 A nível visual – Alterações do padrão respiratório, cianose, pele
húmida e pálida, inquietação, alterações na saturação periférica
de oxigénio e aumento da frequência cardíaca;
 A nível auditivo – Sons húmidos, barulhentos ou gorgolejantes
durante a respiração;
 A nível táctil – Vibrações das secreções soltas através da parede
torácica.
 Consultar o processo clínico para conhecer a situação da pessoa e instituir um
plano de cuidados individualizado.
 Avaliar continuamente a pessoa durante a realização do procedimento e no
caso de intercorrências suspender a intervenção.
 Considerar a possibilidade de ocorrência dos seguintes efeitos secundários
induzidos pela técnica: hipoxemia, hipertensão, arritmias cardíacas,
atelectasias, broncoespasmo e traumatismo das mucosas das vias aéreas.
 Utilizar a técnica asséptica.
 Escolher o calibre da sonda de aspiração de acordo com o local de inserção:
 Oral/nasal – calibre 12 a 14 FG para adultos. O calibre da sonda
não deve ser superior a metade do diâmetro da via aérea;

1
 Traqueostomia/tubo endotraqueal – sondas de calibre inferior a
1/3 do diâmetro do orifício.
 A pressão de aspiração não deve exceder os 120 mmHg.
 A duração de cada aspiração não deve exceder os 10 a 15 segundos.
 Aplicar o vácuo de forma intermitente para realizar a aspiração apenas durante
a remoção da sonda, de forma a prevenir a ocorrência de traumatismo das
mucosas.
 Durante a realização do procedimento deve observar a pessoa reavaliando o
padrão respiratório e a ocorrência de sinais de dificuldade respiratória.

MATERIAL
Aspirador, com tubuladura, ligado a fonte de vácuo
Tabuleiro com:
 Avental
 Luvas
 Luvas individuais/palhaço esterilizadas
 Máscara com viseira / máscara e óculos de proteção
 Balão com água destilada
 Sondas de aspiração
 Conexão em Y ou em T, se as sondas não tiverem controlo de vácuo
incorporado
 Resguardo descartável
 Ressuscitador manual com ligação a fonte de oxigénio (caso proceda à
aspiração de secreções via traqueostomia/tubo endotraqueal)
 Contentor de resíduos hospitalares

PROCEDIMENTO

Intervenção Justificação
1. Observe a pessoa e avalie a capacidade de 1. Evita a realização de procedimentos
mobilizar as secreções e expetorar. desnecessários.

2. Lave higienicamente as mãos. 2. Prevenir a infeção.

3. Prepare o material necessário para a 3. Economizar tempo e facilitar o


realização do procedimento. procedimento.

4. Verifique o estado de todas as embalagens 4. Garantir a manutenção da assepsia.


e os prazos da esterilização.

5. Providencie privacidade. 5. Assegurar o respeito pela privacidade.

6. Explique o procedimento à pessoa e solicite 6. Obter o consentimento informado e a


a sua colaboração. colaboração.

7. Permita que a pessoa coloque questões e 7. Diminuir o nível de ansiedade.


discuta qualquer problema que tenha
surgido.

8. Questione a pessoa acerca de preferências 8. Assegurar o envolvimento no


e problemas que tenha experienciado tratamento e conhecer o historial da
previamente. pessoa.

2
9. Solicite à pessoa que se posicione ou 9. Facilitar a realização do procedimento,
auxilie-a a posicionar-se em Fowler ou semi- mantendo a pessoa confortável e
Fowler. otimizar a ventilação.

10. Verifique se o sistema de aspiração está 10. Assegurar o funcionamento


completo e em funcionamento. adequado do material.

11. Coloque um resguardo descartável 11. Proteger a pessoa e ambiente.


impermeável sobre a região torácica da
pessoa.

12. Lave higienicamente as mãos. 12. Prevenir a infeção.

13. Coloque o avental, a máscara com viseira 13. Prevenir a contaminação do


ou máscara e óculos protetores e calce as estudante através da utilização da
luvas limpas. barreira protetora.

14. Abra a embalagem da sonda de aspiração, 14. Permitir a realização do procedimento


mantendo-a protegida pelo invólucro. mantendo a assepsia.

15. Caso a sonda não possua uma terminação 15. Permitir a conexão da sonda à
em T, adapte a conexão em T ou Y à sonda. tubuladura do aspirador.

16. Adapte a tubuladura do aspirador à sonda, 16. Preparar o sistema de aspiração para
mantendo-a dentro do invólucro a realização do procedimento.

17. Ligue o aspirador, regulando para a pressão 17. Garantir a segurança da pessoa
adequada. durante a realização da aspiração.

18. Incentive a pessoa a realizar inspirações 18. Previne a ocorrência de hipoxemia.


profundas. No caso da pessoa apresentar
traqueostomia/tubo endotraqueal, proceda à
pré-oxigenação com recurso ao balão de
ressuscitação manual com aporte de
oxigénio.

19. Calce a luva individual/palhaço esterilizada 19. Prevenir a infeção.


na mão dominante.

20. Com a mão não dominante segure na 20. Prevenir a contaminação do material.
tubuladura do aspirador e retire a sonda do A luva esterilizada da mão dominante
invólucro, segurando a sonda com a mão deve manter-se estéril.
dominante.

21. Introduza a sonda durante a inspiração, 21. Facilitar a execução do procedimento


recorrendo a movimentos circulares, até pela abertura da epiglote durante a
provocar tosse, encontrar resistência ou inspiração e reduz o risco de
localizar as secreções. traumatismo.

22. Se aspiração por via nasal: 22. Facilitar a passagem da extremidade


 Para aspirar o brônquio principal esquerdo, da sonda para os brônquios.
vire a cabeça da pessoa para a direita e
alinhe o queixo com o ombro direito.
 Para aspirar o brônquio principal direito,
vire a cabeça da pessoa para a esquerda e
alinhe o queixo com o ombro esquerdo.

23. Realize a aspiração de secreções aplicando 23. Aspirar as secreções brônquicas,

3
vácuo intermitente, procedendo a minimizando o risco de traumatismo
movimentos circulares à medida que retira a das mucosas.
sonda.

24. Durante a aspiração de secreções estimule 24. Facilitar a realização do


a pessoa a tossir. procedimento ao deslocar as
secreções das vias aéreas inferiores
para as superiores.

25. Enrole a sonda na mão dominante, retire a 25. Assegurar a correta triagem de
luva esterilizada e descarte no contentor de resíduos hospitalares.
resíduos hospitalares adequado.

26. Incentive a pessoa a realizar inspirações 26. Reduz e corrige a hipoxemia. Reabre
profundas. No caso da pessoa apresentar as pequenas vias aéreas que podem
traqueostomia/tubo endotraqueal, proceda à ter colapsado pelas pressões do
oxigenação com recurso ao balão de vácuo.
ressuscitação manual com aporte de
oxigénio.

27. Avalie a necessidade de repetir 27. Evita a realização de procedimentos


procedimento. desnecessários.

28. Caso seja necessária a repetição do 28. Prevenir a infeção.


procedimento deve preparar uma nova
sonda e luva esterilizada.

29. Adapte uma nova sonda à tubuladura do 29. Permite remover as secreções da
sistema de aspiração e proceda à lavagem tubuladura do aspirador.
do sistema através da aspiração de água
destilada.

30. Conecte a extremidade da tubuladura à 30. Prevenir a contaminação.


conexão do saco de aspiração de modo a
fechar o circuito.

31. Caso o saco de aspiração não possua 31. Prevenir a contaminação.


conexão para a tubuladura, proteja a
extremidade da tubuladura com uma
compressa colada com adesivo.

32. Retire o equipamento de proteção individual 32. Assegurar a correta triagem de


e descarte no contentor de resíduos resíduos hospitalares.
hospitalares adequado.

33. Desligue o aspirador. 33. Evitar consumos desnecessários.

34. Se necessário posicione a pessoa 34. Proporcionar conforto.


confortavelmente.

35. Recolha e arrume o material utilizado. 35. Manter a unidade arrumada e


prevenir acidentes.

36. Proceda à lavagem higiénica das mãos. 36. Prevenir infeções.

37. Proceda aos respetivos registos. 37. Confirmar a realização do


procedimento e assegurar a
continuidade de cuidados.

4
BIBLIOGRAFIA

American Association For Respiratory Care. (2010). Clinical Practice Guidelines.


Endotracheal Suctioning of Mechanically Ventilated Patients With Artificial
Airways 2010. Respiratory Care, 55 (6), 758-764.
Dougherty, L., & Lister, S. (2011). The Royal Marsden Hospital Manual of Clinical
Nursing Procedures (8ª ed.). Oxford: Wiley-Blackwell.
Elkin, M., Perry, A., & Potter, P. (2005). Intervenções de Enfermagem e Procedimentos
Clínicos (2ª Ed.). Loures: Lusociência.
Veiga, B., Henriques, E., Barata, F., Santos, F., Santos, I., Martins, M. … Silva, P.
(2011) Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos (2ª Ed.).
Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde.

Você também pode gostar