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1.

Entubação Nasogástrica
- Objetivos
- Indicações
- Considerações quanto à execução
- Recursos
- Procedimento
2. Alimentação Entérica
- Objetivos
- Considerações quanto à execução
- Recursos
- Procedimento
3. Referências Bibliográficas
1. Entubação Nasogástrica

Consiste na introdução de uma sonda no estômago, através da narina.

Entubação Gastrointestinal (Bulechek, et al, 2010)


Definição: Inserção de sonda no trato gastrointestinal.

A entubação nasojejunal está habitualmente indicada nas disfunções do esvaziamento


gástrico (resíduos gástricos elevados) e é guiada por endoscopia ou fluoroscopia. As
sondas nasojejunais são habitualmente em poliuretano e de duplo lúmen, permitindo a
aspiração gástrica e a alimentação jejunal.

Objetivos:
❑ Diminuir ou prevenir a distensão abdominal
❑ Prevenir e aliviar náuseas e vómitos
❑ Efetuar lavagem gástrica
❑ Aspirar conteúdo gástrico
❑ Administrar alimentação entérica e/ medicamentos
❑ Colher suco gástrico para análise
❑ Preparar o doente para intervenções cirúrgicas

Indicações:
❑ Alterações do nível de consciência
❑ Lesões a nível da boca
❑ Cirurgia da cabeça e pescoço
❑ Traumatismo facial
❑ Estenose esofágica
❑ Recusa alimentar

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Considerações quanto à execução:

❑ Executar com técnica limpa


❑ Atender à privacidade
❑ Os recursos a utilizar variam de acordo com a finalidade da entubação (de
diagnóstico, preventiva ou terapêutica) e o tipo de drenagem que se pretende (saco
coletor nas situações de drenagem passiva; seringa ou aspirador de baixa pressão
nas situações de drenagem ativa)
❑ Selecionar o tipo e calibre da sonda de acordo com o objetivo da entubação
❑ Substituir a sonda atendendo ao material que a constitui, às necessidades clínicas e
à reação do indivíduo, alternando as narinas
❑ Inserir a sonda com movimentos suaves. Suspender a introdução da sonda ou retirá-
la ao sentir resistência, se o doente ficar nauseado e/ou a sonda estiver enrolada na
boca, se apresentar tosse, dificuldade respiratória, cianose ou se se verificar
presença de vapor de água no interior da sonda
❑ Secreções gástricas (PH – varia entre 0-4), Secreções intestinais (PH≥7); Líquido
Pleural (PH> 6)
❑ Trocar diariamente o local de fixação da sonda e executar cuidados às narinas
(limpeza e lubrificação)
❑ Providenciar material de aspiração, a fim de poder ser utilizado com rapidez, se o
cliente apresentar vómitos.

Recursos:
❑ Tabuleiro com:
- Sonda nasogástrica (2)
- Cuvete
- Resguardo descartável
- Luvas
- Copo com água
- Lenços de papel
- Compressas

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- Lubrificante hidrossolúvel
- Seringa de 100 cc
- Adesivo ou fixação para SNG
- Estetoscópio
- Tiras reagentes para verificação do PH
- Saco de drenagem e suporte (se necessário)
- Tampa para sonda (se necessário)
❑ Recipiente para sujos de acordo com as normas de triagem de resíduos
hospitalares
❑ Material para aspiração

Procedimento Justificação

1. Providenciar os recursos para junto do indivíduo 1. Gerir tempo

2. Identificar o indivíduo 2. Evitar erros

3. Instruir sobre o procedimento 3. Diminuir a ansiedade.


Conseguir a colaboração

4. Providenciar privacidade
4. Isolar o indivíduo

5. Posicionar o indivíduo consciente em semi-fowler 5. Facilitar a entubação.


ou fowler Reduzir o risco de aspiração em

Nota: O indivíduo inconsciente é posicionado em caso de vómito


decúbito dorsal com a cabeça lateralizada

6. Lavar as mãos 6. Prevenir contaminação

7. Calçar as luvas 7. Reduzir a transmissão de


microrganismos e evitar
contacto com secreções
gástricas.

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8. Colocar o resguardo sobre o tórax 8. Evitar sujar a roupa, em
caso de vómito

9. Disponibilizar lenços de papel para a limpeza do 9. Facilitar a progressão da


sonda
nariz e verificar qual a narina mais permeável.

10. Facilitar o procedimento

10. Retirar próteses dentárias caso existam. 11. Determinar a medida


correta a introduzir
11. Determinar o comprimento da sonda a
introduzir: colocar a sonda da extremidade do nariz
até ao lóbulo da orelha e daqui até à extremidade
inferior do apêndice xifoide. Marcar o
comprimento, orientando-se pelos traços marcados
na sonda.
12. Facilitar a progressão da
12. Lubrificar a sonda.
sonda. Minimizar o
traumatismo da mucosa.

13. Segurar a cabeça do indivíduo, colocando a mão 13. Facilitar a progressão da


não dominante na nuca e inserir suavemente a sonda

sonda na narina

❑ Fazer progredir a sonda através da narina


até à orofaringe, apontando para trás e para
baixo, em direção à orelha.

❑ Depois de atingida a orofaringe, fletir a


cabeça em direção ao peito, para fechar a
glote e reduzir o risco de direcionar a sonda
para a traqueia.

❑ Pedir ao indivíduo para deglutir a saliva ou


beber pequenos goles de água (se não há

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contraindicação), enquanto se introduz a
sonda até ao comprimento previsto.

Nota: Se o indivíduo começa a tossir, a ficar agitado,


com dificuldade respiratória ou nauseado, parar a
progressão da sonda, porque pode estar situada no
trato respiratório ou estar enrolada na orofaringe.
14. Reduzir o desconforto e o
14. No caso de insucesso, retirar a sonda deixando
traumatismo
o indivíduo repousar. Reiniciar o procedimento e se
necessário mudar de narina.
15. Prevenir complicações.
15. Monitorizar a colocação correta da sonda, de
Verificar a localização e a
acordo com protocolo da instituição:
permeabilidade da sonda.
❑ Aspirar conteúdo gástrico com uma seringa
e verificar PH com tira reagente.

❑ Na ausência de conteúdo gástrico, injetar ar


(15-20 cc) enquanto se ausculta a região do
epigastro no sentido de ouvir ruídos
hidroaéreos, indicativo da chegada do ar ao
estômago
16. Evitar a deslocação da
16. Fixar a sonda com adesivo
sonda e permitir maior
Nota: Cortar a meio, num comprimento de 5 cm mobilidade ao doente
uma tira de adesivo com cerca de 2cmx8cm.

Colar o lado inteiro do adesivo (a extremidade de 3


cm), sob a asa do nariz. Enrolar cada tira do adesivo
cortado ao meio (extremidades de 5 cm) à volta da
sonda, à saída do nariz.
17. Evitar a entrada de ar e a
17. Adaptar saco coletor, ou aspirador de baixa
saída de conteúdo gástrico
pressão, de acordo com objetivo da entubação.

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ou promover a drenagem
passiva ou a aspiração.

18. Posicionar confortavelmente 18. Promover o conforto

19. Recolher e dar o destino adequado a todo o 19. Prevenir a contaminação


material
do ambiente
20. Prevenir transmissão de
20. Retirar a luvas e lavar as mãos
microrganismos
21. Apreciar o bem-estar do doente

22. Proceder aos registos: procedimento, finalidade, 22. Responsabilidade legal


tipo e calibre da sonda, via de entubação, reação e
colaboração do doente, características do produto
drenado, eventuais particularidades surgidas.

Cuidados com a Sonda Gastrointestinal (Bulechek, et al, 2010)

Definição: Controlo do paciente com Sonda Gastrointestinal

▪ Monitorizar a colocação correta da sonda, de acordo com protocolo da


instituição
▪ Irrigar a sonda conforme protocolo da instituição
▪ Conectar a sonda a sistema de drenagem, se indicado
▪ Iniciar e monitorizar alimentação por sonda enteral, conforme protocolo da
instituição, quando indicado
▪ Monitorizar:
- Sensação de plenitude, náusea e vómito
- Sons intestinais
- Presença de diarreia
- Características da eliminação gástrica (quantidade, cor e consistência)
- Balanço hidroelectrolítico
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▪ Repor com solução intravenosa (IV), quando prescrito
▪ Providenciar cuidados orais e ao nariz 3 a 4 vezes ao dia ou de acordo com a
necessidade
Nota: Mudar a fixação com adesivo diariamente
▪ Providenciar cuidados da pele ao redor do local de inserção da sonda
▪ Ensinar doente/família a cuidar da sonda, quando adequado
▪ Retirar a sonda quando indicado

Retirar a sonda:
- Verificar prescrição médica
- Posicionar o indivíduo em semi-fowler
- Lavar as mãos
- Calçar as luvas
- Proteger o tórax com resguardo
- Clampar a sonda para evitar a saída de suco gástrico
- Retirar delicada mas rapidamente a sonda
- Providenciar higiene do nariz e da boca

Incidentes/Complicações:

- Regurgitação e aspiração. Para prevenção: posicionar o indivíduo em posição de


semi-fowler quando se introduz ou remove a sonda ou lateralizando a cabeça no
doente inconsciente
- Mucosa nasal inflamada, sensível e /ou ferida. Controlar regularmente o estado
da pele

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2. Alimentação Entérica

Definição: Consiste na distribuição de nutrientes e água através de uma sonda


introduzida no estômago.

A Alimentação Entérica:
❑ Consiste assim num método para alimentar doentes que não o podem fazer por
via oral, sempre que a função gastrointestinal está conservada e seja satisfatória
para a absorção dos alimentos.
❑ Pode ser feita através de sonda nasogástrica (SNG), ou através de gastrostomia
ou jejunostomia (a sonda encontra-se diretamente introduzida através da
parede abdominal, no estômago ou no intestino delgado, respetivamente)
❑ A SNG permite a alimentação a curto prazo (6-8 semanas)
❑ Pode ser administrada por:
- Seringa (sob a forma de bólus)
- Perfusão
pelos seguintes métodos: intermitente ou contínuo.

Objetivos:

❑ Assegurar um aporte de nutrientes adequados, quando a via oral é inacessível


ou impraticável.
❑ Manter o equilíbrio hidroeletrolítico e o estado nutricional
❑ Manter a motilidade do trato gastrointestinal

Considerações quanto à execução:


❑ Técnica limpa
❑ Adequar a dieta às necessidades nutricionais do doente (responsabilidade da
equipa)
❑ Pesar o indivíduo antes de iniciar a alimentação entérica e periodicamente, para
monitorizar efeito da nutrição.

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❑ Antes de administrar a alimentação:
- Monitorizar sensação de plenitude, náusea ou vómito e cólicas
- Monitorizar presença de sons intestinais a cada 4 a 8 horas
Nota: A ausência de sons intestinais pode indicar peristaltismo diminuído ou ausente
com risco aumentado de aspiração ou distensão abdominal
❑ Alimentar à temperatura indicada pelo fabricante as soluções comercializadas. A
alimentação preparada em cozinha dietética deve ser administrada à temperatura
corporal.
❑ Verificar sempre se a sonda se encontra posicionada no estômago pelos métodos
descritos no procedimento da entubação nasogástrica.
❑ Verificar a existência de conteúdo gástrico, antes de alimentar. Suspender as
alimentações por sonda se o indivíduo estiver nauseado e se o volume residual for
superior ou igual a 50% da quantidade administrada na refeição anterior, o que
indica atraso no esvaziamento gástrico, pelo que deve ser feita pausa alimentar de
1-2 h. Proceder a nova verificação do volume residual e se a situação se mantiver,
comunicar ao médico.
❑ Nota: Nalgumas Instituições está protocolado que se o volume residual for superior
a 150 ml, deve suspender-se alimentação por uma hora e verificar novamente.
Existem no entanto outros protocolos com indicações específicas relativamente a
volumes residuais, adotados pelas diversas unidades hospitalares.
❑ Diminuir o ritmo da alimentação ou aumentar o tempo de pausa alimentar, se
apresentar diarreia.
❑ Lavar a seringa de alimentação após cada utilização e acondicioná-la devidamente
na unidade do doente
❑ Proceder à substituição do equipamento para alimentação entérica após 24 horas
ou de acordo com o protocolo do serviço em vigor.
❑ Promover a higiene oral e nasal, pelo menos uma vez por turno ou sempre que
necessário, para prevenir a secura das mucosas e outras complicações. A não
utilização da via oral, conduz a uma diminuição da produção de saliva, aumentando
o risco de infeção da cavidade oral

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Recursos:
- Solução para alimentação entérica prescrita
- Resguardo descartável
- Luvas limpas descartáveis
- Compressas
- Tiras reagentes para verificação do PH
- Estetoscópio
- Seringa de 100 cc
- Copo com água
- Guardanapos de papel ou similar
- Tampa da sonda (espigão; clampe)
- Recipiente para sujos de acordo com as normas de triagem de resíduos
hospitalares
- Sistema para administração de alimentação entérica, se necessário
- Bomba infusora, se necessário.

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Procedimento Justificação

1. Providenciar os recursos para junto do indivíduo 1. Gerir tempo

2. Identificar o indivíduo 2. Prevenir erros

3. Instruir sobre o procedimento 3. Diminuir a ansiedade.


Conseguir a colaboração.

4. Lavar as mãos 4. Prevenir contaminação

5. Prevenir contacto com


5. Calçar as luvas secreções gástricas

6. Facilitar a progressão dos


6. Posicionar em semi-fowler ou fowler se o estado o
alimentos. Prevenir a sua
permitir ou em decúbito lateral se houver perturbações do
regurgitação e aspiração
estado de consciência
7. Colocar o resguardo descartável sobre o tórax 7. Evitar sujar a roupa

8. Monitorizar a posição da sonda 8. Validar a posição e

(ver entubação nasogástrica: ponto 15) permeabilidade da sonda

9. Avaliar quantidade de
9. Aspirar o conteúdo gástrico
volume residual gástrico e a
existência de estase gástrica

10. Prevenir desconforto e


10. Verificar a temperatura dos alimentos a administrar
espasmos gástricos

11. Alimentar de acordo com o método selecionado: 11. Iniciar a alimentação


Intermitente com seringa: Encher a seringa com a solução
nutritiva. Retirar a tampa da sonda mantendo-a clampada.
Adaptar a seringa à sonda, desclampando-a e injetando
suavemente a solução. Repetir até terminar a administração
da dieta.
A administração deve ser lenta (50-100 ml/min.)

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Intermitente/contínuo por perfusão: adaptar o saco de
alimentação à sonda, através do sistema de alimentação
entérica devidamente preenchido com a solução,
desclampando-a. Se necessário, regular o débito com a
bomba infusora.
Nota: na administração intermitente, geralmente infunde
em 30-60 min., 3-6 vezes/dia.
12. Observar a reação do indivíduo durante a administração 12. Despistar sinais de
intolerância gástrica
13. Lavar a sonda com 20-30 cc de água 13. Manter a sua
permeabilidade. Prevenir a
colonização bacteriana.
14. Posicionar o indivíduo com a cabeceira elevada pelo 14. Facilitar o esvaziamento
menos a 30, em decúbito lateral direito ou semi-dorsal gástrico. Prevenir a
direito (de acordo com o estado de saúde do doente), regurgitação e aspiração dos
durante cerca de 30 minutos após a alimentação. alimentos
15. Propor cuidados de higiene oral 15. Evitar secura da mucosa oral
16. Assegurar a recolha e lavagem do material 16. Prevenir a contaminação do
ambiente
17. Lavar as mãos 17. Prevenir a transmissão de
microorganismos
18. Proceder aos registos: procedimento (data e hora); tipo 18. Responsabilidade legal.
de alimentação; quantidade administrada; duração; reação
do indivíduo; data de substituição do sistema; complicações.

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3. Referências Bibliográficas

ACSS. Administração Central do Sistema de Saúde, IP (2011). Manual de Normas de


Enfermagem. Procedimentos Técnicos. Ministério da Saúde. Lisboa. 2ª ed. revista.
Bulechek, Gloria et al (2010) - Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC),
Elsivier Editora 5ª edição.
CIPE® Versão 2015. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. Ordem
dos Enfermeiros. Edição Portuguesa. Maio de 2016.
Elkin, Martha Keene et al (2005). Intervenções de Enfermagem e Procedimentos Clínicos,
Loures: Lusociências.
Pauchet-Traversat, Anne-Françoise (2003). Cuidados de Enfermagem. Fichas Técnicas.
Loures : Lusociência.
Potter, Patrícia Ann; Perry, Anne Griffin (2006). Fundamentos de Enfermagem. Rio de
Janeiro: Elsevier, 6ª ed.

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