Você está na página 1de 53

ASPIRAÇÃO DE VIAS RESPIRATÓRIAS E

GASES MEDICINAIS

Semiologia e Semiotécnica II
1º sem – 2023
ASPIRAÇÃO DE VIAS RESPIRATÓRIAS
Objetivos

➢ Manter as vias aéreas livres e permeáveis;


➢ Garantir ventilação e oxigenação adequadas;
➢ Evitar que o paciente aspire as secreções;
➢ Evitar a formação de rolhas na traqueia;
➢ Prevenir complicações.
Aspiração: conceito

➢ Remoção de secreções das vias aéreas por um cateter de


aspiração inserido pela boca, narina ou tubo traqueal.
➢ Quem pode fazer?
➢ Enfermeiro, equipe de enfermagem, fisioterapeuta;
➢ Quando fazer?
➢ Visualização de secreção acumulada, ausculta pulmonar com
roncos, queda da saturação de O2 (normal + de 90%).
➢ Vias aéreas superiores: Aspiração nasofaríngea e orofaríngea.

➢ Viasaéreas inferiores: Aspiração Nasotraqueal, Orotraqueal e


Aspiração das Vias aéreas artificiais: cânula de traqueostomia e
cânula endotraqueal.
RESOLUÇÃO COFEN Nº 557/2017

Normatiza a atuação da equipe de enfermagem no procedimento de


Aspiração de Vias Aéreas.

➢ Os pacientes graves, submetidos a intubação orotraqueal ou


traqueostomia, deverão ter suas vias aéreas privativamente
aspiradas por profissional Enfermeiro.

➢ Os pacientes atendidos em Unidades de Emergência ou demais


unidades da assistência, considerados graves, mesmo que não
estando em respiração artificial, deverão ser aspirados pelo
profissional Enfermeiro, exceto em situação de emergência.
➢ Os pacientes crônicos, em uso de traqueostomia em ambiente
hospitalar, de forma ambulatorial ou atendimento domiciliar,
poderão ter suas vias aéreas aspirada pelo Técnico de
Enfermagem, desde que devidamente avaliado e prescrito pelo
Enfermeiro, como parte integrante do Processo de Enfermagem.

➢ Os pacientes em unidades de repouso/observação, unidades de


internação e em atendimento domiciliar, considerados não graves,
poderão ter esse procedimento realizado por Técnico de
Enfermagem, desde que avaliado e prescrito pelo Enfermeiro, como
parte integrante do Processo de Enfermagem.
Atenção

➢ Calibre do cateter;
➢ Terapia anticoagulante;
➢ Irritação da mucosa, rinite;
➢ Pólipos, desvios de septo;
➢ Dor.

Pólipos nasais
Material

➢ Aparelho de aspiração de parede (vacuômetro) ou portátil


(elétrico);
➢ Frasco coletor e extensão de látex ou plástico;
➢ EPI: Máscara facial e óculos;
➢ Bandeja contendo:
- Cateter de aspiração nº10, 12, 14
- Luvas de procedimento e estéreis
- SF0,9% 10 ml
- Água destilada
Material
Aspiração sistema fechado
Aspirador e Cateter
Preparação

➢ Confirmar se há necessidade de prescrição médica;


➢ Observar saturação / sinais vitais;
➢ Auscultar;
➢ Avaliar a capacidade para tossir e inspirar;
➢ Verificar presença de: desvio de septo, pólipos nasais,
obstrução nasal, lesão traumática (trauma de face ou TCE
com suspeita de fratura de base de crânio, somente
aspiração orofaríngea), epistaxe ou edema de mucosa.
Procedimento:
Aspiração de vias aéreas superiores
AVAS

1. Higienizar as mãos;
2. Separar o material necessário;
3. Testar o funcionamento do aspirador;
4. Explicar o procedimento ao cliente, acompanhante;
5. Manter o paciente em decúbito dorsal elevado de 30º, se
possível;
Procedimento: AVAS

6. Colocar máscara, óculos de proteção;

7. Abrir ampolas de SF ou água destilada e deixar próximo;

8. Abrir parte da embalagem e conectar o cateter na borracha


do aspirador;

9. Colocar luvas de procedimento para aspiração oral e luvas


estéreis para nasofaringe;

10. Regular vácuo para 110-150 mmHg;


Procedimento: AVAS

11. Lubrificar ponta do cateter com água destilada ou soro;


12. Introduzir cateter sem sucção em uma das narinas;
13. Aspirar por até 15 s;
14. Deixar o paciente descansar por mais de 20 s;
15. Ministrar O2, se necessário;
16. Solicitar inspiração profunda e tosse, se possível;
17. Repetir o procedimento, se necessário, usando a outra narina;
Procedimento: AVAS

18. Aspirar cavidade oral: introduzir o cateter 7 a 10 cm pela


lateral da boca;
19. Usar cânula de Guedel, se necessário;
20. Se bradicardia interromper aspiração estímulo vagal;
21. Movimentos circulares e rápidos;
22. Lavar a extensão com água destilada;
23. Desprezar o cateter;
Procedimento: AVAS

24. Retirar a luva da mão dominante envolvendo o cateter,


desprezando-a no saco de lixo;
25. Colocar outra luva, se necessário;
26. Proteger a ponta da extensão de borracha com gazes ou
própria embalagem;
27. Trocar extensão diariamente;
28. Deixar cliente confortável;
29. Desconectar o frasco do sistema;
30. Se o frasco for descartável, utilizar até preencher 2/3
(secreção+água).
Procedimento: AVAS

31. No expurgo: desprezar a secreção, lavar o frasco coletor com


água e sabão + friccionar álcool 70% em compressa; (se não for
descartável).
32. Colocar água no fundo do frasco (se não for descartável) e
conectar ao sistema;
33. Desprezar a luva de procedimento da outra mão;
34. Higienizar as mãos, lavar óculos e bandeja + álcool;
35. Anotar horário do procedimento, aspecto, quantidade, cor da
secreção e intercorrências.
Complicações

➢ Aumento da dispnéia
➢ Hipóxia
➢ Ansiedade
➢ Bradicardia
➢ Lesão de mucosa-aspiração de sangue
Aspiração de VA inferiores

1. Aspirar só se necessário;
2. Repetir os procedimentos iniciais;
3. Abrir ponta da embalagem do cateter estéril sem retirá-lo;
4. Adaptar conector ao aspirador, sem retirar cateter;
5. Colocar máscara, óculos e calçar luvas estéreis;
6. Determinar uma mão para manusear somente o cateter estéril;
7. Regular a pressão do aspirador;
8. Aspirar COT/TQT, nariz e boca;
Aspiração de VA inferiores

9. Aumentar a [O2] – FiO2- antes e após a aspiração á critério


médico;
10. Evitar instilar AD ou SF - somente se rolhas;
11. Evitar uso de PP (pressão positiva) por bolsa inflável (ambú);
12. Diâmetro do cateter deve ser 1/3 do tubo;
13. Desconectar o tubo do ventilador;
14. Introduzir o cateter sem sucção, cerca de 15 cm (evitar
ultrapassar tubo para não lesionar traqueia);
Aspiração de VA inferiores

15. Aspirar com movimentos circulares, retirando o cateter;


16. Rapidez – menos de 10s;
17. Pode-se lateralizar a cabeça para o lado D e E
18. Reconectar tubo e aguardar mais de 30s;
19. Repetir procedimento s/n – até 3 vezes;
20. Observar cianose e queda da saturação O2;
Aspiração de VA inferiores

21. Lavar a extensão com SF ou AD;


22. Recolher material para expurgo;
23. Lavar frasco e reconectar;
24. Higienizar mãos;
25.Anotar horário do procedimento, aspecto, quantidade, cor da
secreção e intercorrências.
Considerações especiais:

 Pacientes com pressão intracraniana elevada;


 Pressão positiva expiratória final (PEEP) elevada;
 Instilar SF rotineiramente a cada aspiração;
 Avaliar contra indicações: BE, IAM, Fraturas Nasais, Pós
trombólise, Discrasias sanguíneas, entre outras.
Gases Medicinais
Oxigenioterapia

Consiste na administração de oxigênio numa concentração de


pressão superior a encontrada na atmosfera ambiental para
corrigir e atenuar deficiência de oxigênio ou hipóxia.
Oxigenioterapia

Objetivos
Reverter a hipoxemia e auxiliar no alcance de três metas:

➢ Oxigenação tissular melhorada;


➢ Trabalho diminuído da respiração em casos de dispneia;
➢ Trabalho diminuído do coração nos paciente cardiopatas.
Oxigenioterapia

Princípios gerais:

➢O oxigênio é prescrito em relação ao fluxo ou à concentração,


dependendo das necessidades do paciente e da capacidade do
dispositivo de administração;
➢ O fluxo de oxigênio é expresso em litros/minuto. A
concentração é expressa como um percentual ou como uma
fração inspirado (FIO2);
➢ Usar a concentração mínima ou o menor fluxo possível para
alcançar um nível de oxigênio sanguíneo adequado.
Oxigenioterapia

Alerta

Alguns pacientes com doença pulmonar crônica ficam dependentes


de um estado de hipercapnia (aumento PaCO2) e hipóxia de
estimulação para respirar, e o oxigênio suplementar pode fazer
com que parem de respirar.
Oxigênio

➢ Gás inodoro, inflamável;


➢ Necessita de fluxômetro ou válvula reguladora de pressão para
ser liberado;
➢ Melhor indicado após avaliação dos gases arteriais;
➢ Reduz hipóxia tecidual;
➢ Ideal é O² “úmido e aquecido”.
Oxigenioterapia

➢ Observar resposta do cliente: melhora da cianose, da dispneia e


do cansaço, melhora da taquicardia e sudorese, aumento na
saturação de O2;
➢ Comunicar médico se não houver melhora clínica;
➢ Comunicar sonolência;
➢ Usar oxímetro de pulso até estabilização.
Cuidados com administração de O2

➢ Não administrar sem fluxômetro;


➢ Colocar umidificador com água destilada ou esterilizada até o
nível indicado;
➢ Controlar a quantidade de litros por minuto;
➢ Observar se a máscara ou cateter estão bem adaptados;
➢ Trocar seguindo protocolo institucional a cânula, os
umidificadores, o tubo e outros equipamentos expostos a
umidade;
➢ Avaliar o funcionamento do aparelho constantemente,
observando o volume de água do umidificador e a quantidade
de litros por minuto.
Cuidados com administração de O2

➢ Observar o palpar o epigástrico para constatar o aparecimento


de distensão;
➢ Fazer revezamento das narinas a cada 8h (cateter).
➢ Avaliar com frequência as condições do paciente, sinais de
hipóxia;
➢ Manter vias aéreas desobstruídas;
➢ Manter os torpedos de O2 na posição vertical, longe de
aparelhos elétricos e fontes de calor.
Oxigenioterapia

Administração de oxigênio
com prescrição médica
Melhorar hipoxemia
Métodos de administração Formas de umidificar o ar
Cânula nasal e Cateter Umidificador
Máscaras Macro e micro nebulizador
(inalador)
Traqueostomia
Tubo endotraqueal
Oxigênio é um medicamento
Administração monitorada pela enfermagem
Micro nebulizador
para inalação
Oxigênio Terapêutico

Medidor de Fluxo
fluxômetro

Válvula de saída

Litros de O2/min
Ambiente =21%
1L/min=24%
2L/min=28%
3L/min=32% umidificador
4L/min=36%
5L/min=40%
6L/min=44% O2 de parede
O2 em Cilindro portátil
Fluxômetro

➢ Medidores de vazão para


oxigênio ou ar medicinal, de
alta precisão, escala de 0 a 12
ou 15 litros/min.
➢ Usados em oxigenoterapia.
➢ Ideal usar válvula redutora de
pressão.
CÂNULA NASAL

➢ Cânula conectada a uma fonte de O2, com umidificador e


medidor de fluxo.
➢ Canular as 2 narinas (0,5-1cm).
➢ Cânula n. 6,8,10.
➢ Luvas de procedimento.
➢ Controlar fluxo 1- 5L/min (+ de 4L – desconforto).
➢ Fornece [O2] variável pois se mistura com o ar do ambiente

Vantagem: não impede mobilidade no leito, alimentação, falar.


CÂNULA NASAL

1. Higienizar mãos e explicar o procedimento;


2. Montar conjunto do umidificador com AD (se fluxo > 4l/m),
testar, conectar cateter ou cânula na extensão;
3. Calçar luvas e limpar narinas s/n (SF + gaze ou hastes);
4. Colocar cânula nas narinas e ajustar atrás da orelha;
5. Proteger a orelha com gaze, s/n.
CÂNULA NASAL

6. Abrir o fluxo, observar borbulhamento da AD;


7. Controlar L/min;
8. O paciente deve respirar pelo nariz;
9. Higienizar as mãos e anotar hora da instalação, intercorrências
e resposta ao tratamento.
CATETER NASAL E NASOFARÍNGEO

➢É inserido em uma das narinas;


➢ Cateter n. 6, n.8;
➢ Deve ser trocado de narina a cada 8h para evitar úlceras por
dispositivo médico;
➢ Cateter nasofaríngeo: mais eficaz, com menor 02.

Atenção com os traumas e distensão gástrica


CATETER NASAL

1. Explicar o procedimento ao cliente;


2. Higienizar as mãos;
3. Fazer a limpeza das narinas;
4. Adaptar o cateter na extensão do umidificador;
5. Calçar luva de procedimento;
6. Medir comprimento a ser inserido: ponta do nariz ao lóbulo da
orelha (cateter nasofaríngeo);
7. Ou 5-8 cm*, marcar com uma tira de esparadrapo;
8. Lubrificar a ponta do cateter com AD.
CATETER NASAL

9. Introduzir até a marca, observando náuseas – tracionar;


10. Fixar com esparadrapo e micropore na pele do nariz ou face
(retirar oleosidade da pele);
11. Graduar o fluxômetro conforme prescrição;
12. Desprezar a luva;
13. Higienizar as mãos;
14.Anotar hora do procedimento, narina utilizada,
intercorrências, resposta ao tratamento.
MÁSCARA SIMPLES

➢ Clientes que necessitam de maior suplemento;


➢ Muito utilizada;
➢ Macro nebulizador + AD + tubo corrugado;
➢ 5 – 10L/min=36-60%, bem ajustada;
➢ Fluxo sempre maior de 5L/min – CO2;
➢ Monitorar posicionamento da máscara;
➢ Apoiar o paciente na claustrofobia;
➢ Verificar a possibilidade de cateter durante a alimentação.
MÁSCARA DE REINALAÇÃO PARCIAL

Consiste em máscara simples com reservatório.


Fluxo de 6-10 L/min, alcançando concentração de 50-70%.
Diminui a quantidade de ar ambiente que entra pela máscara, mas
apresenta portas de expiração (seta laranja).
MÁSCARAS SEM REINALAÇÃO

Máscara com reservatório, porém com duas válvulas que


limitam a mistura do oxigênio oferecido com o ar ambiente.

Fluxo de 10-15L/min, chegando a até 99% de FiO2.

A máscara não reinalante é o dispositivo que pode oferecer a


maior concentração de O2 possível antes da ventilação
mecânica.
MÁSCARAS SEM REINALAÇÃO
MÁSCARA DE VENTURI
Oferecem fluxo de 6-10 L/min e concentração de O2 entre 35 e
50%.

Há saída do ar expirado, entretanto, acaba por misturar o oxigênio


oferecido com o ar ambiente.

O sistema de máscara tipo Venturi é considerado simples, porém


tem a vantagem de permitir ajustar com mais exatidão a
concentração de O2 a ser oferecida.

Cada adaptador corresponde a uma concentração (24 a 50%), e


exige que se ajuste a um determinado fluxo (3-15L/min).
Ar Comprimido

Mesma características do ar atmosférico, é composto por 79% de


Nitrogênio, 21% de Oxigênio, sendo obtido através da mistura do
Oxigênio e do Nitrogênio.

Indicações:
➢ exclusivamente para uso Medicinal;
➢ Tratamentos que requerem um ar puro, isento de poeiras e
microorganismos;
➢ Inalações.
CO²

CO2 é comum ao organismo humano, pode ser absorvido


pelos tecidos e removido facilmente através da respiração. Isso
reduz quaisquer chances de alergias e rejeições.

Principais características: não é inflamável, efeito bacteriostático.

Indicações: cirurgias videolaparoscopica.


Referências

POTTER, P. A; PERRY, A. G. Guia completo de procedimentos e competências de


enfermagem. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Resolução Cofen nº55/2017. Normatiza a atuação da equipe de enfermagem no
procedimento de Aspiração de Vias Aéreas.
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05572017_54939.html

Oxigenioterapia por máscara: https://www.youtube.com/watch?v=LWvmwi5Kia8


Oxigenioterapia por cateter nasal:
https://www.youtube.com/watch?v=uYD3drWdvBo
Oxigenioterapia por máscara de venturi:
https://www.youtube.com/watch?v=gYKTJu3BOoA
Oxigenioterapia por inalação: https://www.youtube.com/watch?v=ulyqk7P874o

Você também pode gostar