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NORMA DE PROCEDIMENTO DE ENFERMAGEM Atualizada: 2019

Elaborada por:
Júlio Belo Fernandes
COLHEITA DE SANGUE VENOSO
Revisão científica:

DEFINIÇÃO
Procedimento de Enfermagem interdependente que consiste na recolha de uma amostra de
sangue venoso.

OBJECTIVOS
 Determinar e monitorizar valores analíticos do sangue da pessoa.
 Determinar o grupo sanguíneo da pessoa.
 Prevenir complicações.

INFORMAÇÕES GERAIS

Quem executa
 O enfermeiro segundo prescrição médica.

Horário
 Seguir prescrição médica ou protocolo do serviço/instituição.

Orientações para a execução


 Verifique a prescrição médica e a identificação da pessoa.
 Se necessário, assegure-se que o jejum é cumprido informando a equipa de
saúde e a pessoa.
 Em caso de dúvida obtenha informação junto do laboratório, acerca das
condições da colheita, do transporte e da informação a registar nas
requisições.
 Utilize técnica asséptica.
 Verifique as condições das embalagens e respeite o prazo de validade da
esterilização.
 Observe e selecione o local a puncionar. As veias mais superficiais e de maior
calibre são as veias basílica, cefálica, cubital e radiais, pelo que são as mais
aconselháveis para a execução da punção.
 Evite puncionar:
 Veias lesadas e locais próximos de punção recente;
 Região cutânea com cicatrizes, veias esclerosadas, regiões de enxerto
vascular, edema, infeção ou alterações cutâneas como eczema, hematoma
ou equimoses;
 Na proximidade de acesso venoso periférico com perfusão de medicação;
 Membro com acesso vascular na pessoa com insuficiência renal crónica;
 Membro que possa vir a ser utilizado para efetuar acesso vascular na
pessoa com insuficiência renal aguda (normalmente o membro não
dominante);
 Membro superior do lado afetado nas pessoas mastectomizadas, se
presença de linfedema, ou com lesões neurológicas (diminuição da
sensibilidade impede alertar para a dor ou outras complicações).

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 Proceda à desinfeção do local a puncionar com digluconato de clorohexidina
2% em álcool isopropílico 70% ou álcool isopropílico 70% (iodopovidona pode
contaminar a amostra e causar níveis falsos de potássio, fósforo ou ácido úrico
nos resultados dos exames.
 Evite a hemólise da colheita de sangue assegurando que o antisséptico seque
e escolha o calibre adequado da agulha, entre 21-23G (agulhas com mais de
23G estão associadas a hemólise do sangue).
 Respeite a sequência de preenchimento dos tubos de colheita – Anexo 1
(hemocultura, tubo com citrato, tubo seco, tubo com heparina e tubo com
EDTA).
 Preencha os tubos de colheita de sangue respeitando a sinalização presente
no respetivo tubo.
 Para homogeneizar a amostra de sangue com o aditivo/anticoagulante, inverta
lentamente o tubo de colheita o número de vezes recomendado pelo
fabricante.

MATERIAL
Tabuleiro com:
 Requisição corretamente preenchida
 Etiquetas de identificação da pessoa
 Luvas
 Resguardo descartável impermeável
 Compressas esterilizadas
 Agulhas 21 a 23G
 Seringa de capacidade adequada à colheita
 Antisséptico (digluconato de clorohexidina 2% em álcool isopropílico 70% ou
álcool isopropílico 70%)
 Garrote
 Tubos de colheita
 Pensos rápidos
 Tina reniforme
 Contentor de corto-perfurantes

PROCEDIMENTO

Intervenção Justificação
1. Verifique a prescrição médica. 1. Validar a prescrição.

2. Lave higienicamente as mãos. 2. Prevenir a infeção.

3. Prepare o material necessário para realizar o 3. Economizar tempo e facilitar o


procedimento. procedimento.

4. Verifique o estado de todas as embalagens 4. Garantir a manutenção da assepsia.


e os prazos da esterilização.

5. Identifique a pessoa. 5. Assegurar a execução à pessoa certa.

6. Providencie privacidade. 6. Assegurar o respeito pela privacidade.

7. Explique o procedimento à pessoa e solicite 7. Obter o consentimento informado e a


a sua colaboração. colaboração.

8. Permita que a pessoa coloque questões e 8. Diminuir o nível de ansiedade. A


discuta qualquer problema que tenha ansiedade causa vasoconstrição.

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surgido.

9. Questione a pessoa acerca de preferências 9. Assegurar o envolvimento no


e problemas que tenha experienciado tratamento e conhecer o historial de
previamente. punção venosa periférica da pessoa.

10. Solicite à pessoa que se posicione ou 10. Melhorar a sensação de conforto da


auxilie-a a posicionar-se de forma pessoa durante o procedimento e
confortável, expondo a área pretendida. permite melhor visibilidade da veia.

11. Providencie iluminação adequada. 11. Preparar o ambiente.

12. Coloque um resguardo descartável 12. Proteger a pessoa e ambiente de


impermeável sob o braço da pessoa. eventuais perdas de sangue.

13. Selecione a veia a puncionar, de acordo 13. Preparar a execução adequada da


com o objetivo da punção. punção.

14. Observe a área circundante da veia 14. Identificar sinais que contraindiquem
selecionada. a punção.

15. Abra a embalagem protetora da agulha e 15. Permitir a realização do


seringa e adapte-as, tendo em atenção o procedimento.
alinhamento do bisel com a graduação da
seringa.

16. Faça a distensão da veia através da 16. Assegurar a acessibilidade da veia,


aplicação do garrote, cerca de 5 a 10 cm impedindo o retorno venoso, sem
acima do local da punção, tendo o cuidado ocluir o fluxo arterial. Se não
de não obstruir o fluxo de sangue arterial. conseguir palpar o pulso radial
desaperte o garrote.

17. Se a aplicação do garrote não permite a 17. Melhorar a acessibilidade da veia


distensão da veia:
a) Posicione o membro a puncionar numa a) Utilizar a gravidade.
posição de declive;
b) Massaje o membro dirigindo o fluxo b) Promover o aumento de fluxo de
venoso, no sentido ascendente; sangue ao local.
c) Peça à pessoa para abrir e fechar a c) Aumentar o fluxo de sangue.
mão, repetidas vezes;
d) Toque vigorosamente na veia, duas a d) Promover a libertação de histamina
três vezes; permitindo a vasodilatação.
e) Aplique um saco de água quente ou e) Promover o aumento de fluxo de
compressas quentes. sangue ao local.

18. Palpe a veia. 18. Ajudar a localizar a veia.

19. Calce as luvas 19. Prevenir a contaminação do


estudante.

20. Desinfete o local a puncionar: 20. Prevenir a infeção.


Aplique o pulverizador de solução
antisséptica e com a compressa esterilizada
realize movimentos unidirecionais, numa
linha de 5 centímetros. Descarte a
compressa a após cada movimento.
ou
Com a compressa esterilizada embebida em
solução antisséptica realize movimentos
unidirecionais, numa linha de 5 centímetros.
Descarte a compressa a após cada

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movimento.

21. Deixe atuar e secar o antisséptico de 21. Permitir a ação do antisséptico e


acordo com as indicações do fabricante (por diminuir a possibilidade de espasmo
norma 30 segundos). venoso provocado por algumas
soluções antissépticas.

22. Não volte a palpar a veia ou tocar na pele 22. Prevenir a infeção.
circundante.

23. Retire a cápsula protetora da agulha. 23. Preparar o material para realizar o
procedimento.

24. Imobilize a veia, fixando a pele com o 24. Imobilizar a veia na posição
polegar da mão não dominante, 2 a 3 adequada facilita a punção.
centímetros abaixo da zona selecionada
para a punção.

25. Com a mão dominante, segure a seringa e 25. Permitir a perfuração da pele.
agulha com o bisel para cima. Inicie o
movimento de punção perfazendo um
ângulo aproximado de 30 graus sobre a pele

26. Reduza o ângulo da agulha com a pele 26. Prevenir a perfuração da veia e
assim que verificar o retorno venoso ou permitir a progressão e colocação
sentir penetrar a veia, progredindo segura no seu interior.
ligeiramente no seu interior.

27. Não exerça pressão sobre a agulha. 27. Prevenir a perfuração da veia.

28. Durante o procedimento observe a reação 28. Despistar sinais e sintomas de


da pessoa. complicações.

29. Observe a zona de punção para detetar o 29. Despistar sinais de complicações.
desenvolvimento de hematoma ou
hemorragia.

30. Proceda à retração do êmbolo da seringa 30. Prevenir a ocorrência de erros. Uma
lentamente e utilize a menor força possível, pressão elevada durante a aspiração
para colher a quantidade de sangue pode provocar alterações dos
necessária. constituintes do sangue.

31. Com a mão não dominante retire o garrote e 31. Diminuir a pressão exercida sobre as
aplique uma compressa embebida em veias. Promover a hemóstase e
antisséptico sobre o local de punção. prevenir o risco de hemorragia
/hematoma.

32. Com a mão dominante retire a agulha com 32. Promover a hemóstase e prevenir o
a seringa, aplicando pressão com a mão não risco de hemorragia /hematoma.
dominante que segura a compressa. Instrua
a pessoa para não fletir o braço.

33. Se necessário peça à pessoa para 33. Facilitar a transferência do sangue


pressionar a compressa. para os respetivos tubos.

34. Segure na seringa e utilizando a ranhura de 34. Prevenir acidentes.


segurança do contentor de corto-perfurantes
retire a agulha.

35. Verta o sangue lentamente pelas paredes 35. Evitar a hemólise e a alteração dos
dos tubos de colheita. resultados.

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36. Tenha em atenção a ordem de 36. Evitar resultados errados pela
preenchimento dos tubos de colheita e as alteração dos constituintes do sangue
quantidades necessárias. e diluição da amostra.

37. Proceda à homogeneização da amostra de 37. Facilitar a homogeneização.


sangue com o aditivo/anticoagulante,
invertendo lentamente o tubo de colheita.

38. Inspecione o local puncionado. 38. Verificar se ocorreu hemóstase.

39. Aplique um penso rápido no local 39. Cobrir o local de punção e prevenir a
puncionado. ocorrência de perdas hemáticas.

40. Retire as luvas e descarte-as no contentor 40. Assegurar a correta triagem de


de resíduos hospitalares adequado. resíduos hospitalares.

41. Proceda à lavagem higiénica das mãos. 41. Prevenir infeções.

42. Identifique os tubos com as etiquetas da 42. Evitar erros de identificação.


pessoa.

43. Se necessário posicione a pessoa 43. Proporcionar conforto.


confortavelmente.

44. Recolha e arrume o material utilizado. 44. Manter a unidade arrumada e


prevenir acidentes.

45. Coloque os tubos no local reservado ao 45. Facilitar o encaminhamento para o


transporte juntamente com a requisição. laboratório.

46. Proceda à lavagem higiénica das mãos. 46. Prevenir infeções.

47. Proceda aos respetivos registos. 47. Confirmar a realização do


procedimento e assegurar a
continuidade de cuidados.

BIBLIOGRAFIA

Clinical and Laboratory Standards Institute. (2017). Collection of Diagnostic Venous


Blood Specimens. (7ª ed.). Pensilvania: Clinical and Laboratory Standards
Institute.
Dougherty, L., & Lister, S. (2011). The Royal Marsden Hospital Manual of Clinical
Nursing Procedures (8ª ed.). Oxford: Wiley-Blackwell.
Elkin, M., Perry, A., & Potter, P. (2005). Intervenções de Enfermagem e Procedimentos
Clínicos (2ª Ed.). Loures: Lusociência.
Veiga, B., Henriques, E., Barata, F., Santos, F., Santos, I., Martins, M. … Silva, P.
(2011) Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos (2ª Ed.).
Lisboa: Administração Central do Sistema de Saúde.
World Health Organization. (2010). WHO guidelines on drawing blood: best practices in
phlebotomy. Genebra: World Health Organization.

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Anexo 1
Tabela – Tubos de colheita de sangue

Fonte: World Health Organization (2010, p. 16).


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