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Introdução

A doença conhecida como Noma, ou cancrum oris, é uma afecção devastadora que se
manifesta como uma gangrena que afeta predominantemente a face de crianças, destruindo os
tecidos da esfera orofacial (ALVES, S. M. et al., 2017). É importante salientar que, essa condição
está intimamente associada à má higiene e é notoriamente mais prevalente em regiões onde a
pobreza extrema, desnutrição e falta de acesso a cuidados médicos são predominantes. Embora
seja uma condição descrita há mais de 150 anos, ainda não se identificou com precisão o
microrganismo responsável por desencadear essa doença.

A Noma é mais comum em crianças com idade entre 2 e 7 anos, podendo também afetar
adultos imunodeprimidos. Estudos e relatos mostram que a doença tem uma incidência maior
em países subdesenvolvidos, especialmente na África subsaariana, com estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) apontando para cerca de 140 mil casos afetando crianças
anualmente, variando a incidência de 2 a 4 casos a cada 10.000 crianças em algumas regiões
africanas (ALVES, S. M. et al., 2017).

Embora a mortalidade da Noma seja alarmante, chegando a taxas entre 80% e 90% se
não tratada, o uso de antibióticos em tempo hábil pode reduzir significativamente essa taxa para
cerca de 8% da Noma aguda. No entanto, mesmo sendo uma doença agressiva, se
diagnosticada precocemente, as chances de cura são consideráveis, e o tratamento é
relativamente de baixo custo. Infelizmente, a população mais afetada geralmente reside em
áreas com difícil acesso à saúde, resultando frequentemente em sentenças de morte para esses
pacientes (ALVES, S. M. et al., 2017).

Etiologia
A etiologia precisa dessa condição permanece desconhecida, embora seja sugerido que
múltiplos fatores, como má nutrição, agentes infecciosos e falta de higiene bucal adequada,
possam contribuir para o seu desenvolvimento. Porém, estudos realizados por alguns autores
sugerem como início da patologia a exposição óssea causada pela Gengivite Ulcerativa
Necrosante (GUN), sendo assim podemos considerar a doença periodontal como um possível
ponto de partida. Além disso, outro fator relevante é a associação de bactérias anaeróbicas,
como a fusobacterium, que desempenha um papel na destruição dos tecidos intra-orais. Alguns
estudos apontam que, condições de vulnerabilidade podem estar associadas ao
desenvolvimento da doença, como fator agravante o HIV/AIDS e neutropenia que devido à
quimioterapia podem tornar os indivíduos mais suscetíveis a doença. Por fim, a desnutrição e
hábitos alimentares irregulares, como condição agravante para o desenvolvimento da doença
(SILVA, D. F. et al., 2020).

Aspectos Clínicos
A Noma se inicia geralmente com uma pequena úlcera na mucosa bucal ou gengival,
apresentando-se em forma de lesão, podendo detectar a halitose e edema - figura (1), (KÂ, K.;
et al.) antes da infecção necrosante. Essa lesão progride rapidamente, estudos sugerem que em
menos de 72 horas para uma placa gangrenosa - figura (2), (KÂ, K.; VARENNE, B.; ALISALAD,
A.) estendendo-se para fora da boca e destruindo os tecidos moles da face, maxilar e arcada
dentária. Os sintomas incluem lesões eritematosas, endurecidas e dolorosas na face,
acompanhadas de edema, sialorreia intensa e exsudato purulento com odor fétido.

Pela progressão e proliferação microbiana causada pela má higiene bucal, há uma


evolução de gengivite para GUN, gerando alterações sistêmicas, o que pode ocasionar a doença
noma. Após a fase aguda, a cicatrização resulta em graves deformidades faciais, levando à
retração e fibrose dos músculos da região bucal, expondo os dentes e causando mutilações
irreversíveis.

Por fim, os sintomas iniciais do noma incluem dor, inchaço e úlceras na gengiva, que
podem evoluir para a formação de feridas necróticas e a perda de tecido facial. (ALVES, S. M.
et al., 2017). Se não tratada, a doença pode resultar em deformidades graves e até mesmo em
morte.

Figura 1: Edema. Acesso em: https://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-


07/Information_brochure_POR.pdf
Figura 2: Estágio grangrenoso do Noma. Acesso em:
https://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-07/Information_brochure_POR.pdf

Conclusão
A Noma, apesar de ser uma doença antiga, continua a ser um desafio significativo de
saúde pública em áreas de extrema pobreza, enfatizando a importância da prevenção,
diagnóstico precoce e acesso a tratamentos adequados para reduzir o impacto devastador que
essa doença causa nas comunidades mais vulneráveis.

As crianças sobreviventes à Noma enfrentam frequentemente o estigma social e a


marginalização devido às severas mutilações faciais, sendo muitas vezes escondidas em
comunidades remotas durante suas vidas. (ALVES, S. M. et al., 2017).

Referências
Silva, D. F. (20%); Silva, H. M. C. (20%); Silva, L. C. S. (10%); Ferreira, Â. B. S. (10%); Silva, C.
K. M. (10%); Biagiote, J. A. C. S. (10%); Cota, A. L. S. (20%). Obs: porcentagem corresponde a
colaboração de cada autor no presente artigo. Revista: Research, Society and Development.
Publicado em 2020; Disponível em: file:///C:/Users/Helo%C3%ADsa/Downloads/5393-Article-
23222-1-10-20200612.pdf

Acesso em: 18/11/2023.

ALVES, S. M.; ALVES, S. M.; PADILHA, I.; SOUZA, R. S.; CARDOSO, G. Noma: uma revisão
de literatura. Revista: Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research. Publicado em 2017;
Vol.21,n.2,pp.204-211 (Dez 2017 – Fev 2018) B. Disponível em:
https://www.mastereditora.com.br/periodico/20180103_164406.pdf

Acesso em: 18/11/2023.


KÂ, K.; VARENNE, B.; ALISALAD, A. Information brochure. Publicada pelo Secretariado da
Organização Mundial da Saúde. Ano desconhecido. Disponível em:
https://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-07/Information_brochure_POR.pdf

Acesso em: 18/11/2023.

Escrito pelas Acadêmicas de Odontologia T2 – Faculdade Campus Integrado

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