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INSTITUTO POLITÉCNICO ISLÂMICO DE MOÇAMBIQUE

IPIMO
Curso: Enfermagem de Saúde Materno Infantil
Cadeira: Obstetrícia II

Tema: Infecções de Transmissão sexual


Sífilis e gonorreia
Método de abordagem sindrómica, conteúda de referência
e envolvimento dos parceiros no tratamento das ITS

Nampula
2022
Discentes
Antónia António Adomo
Auria Laurinda Carmo
Bialtina De Alexandra Augusto Pascoal
Catija Victor Albino
Dulce Ali Viela
Fátima Sualehe
Felícia Presperino Adriano De Carvalho
Ema Manuel Almeida
Gilda Ricardo
Holandesa Benéfica José Fernando
Ilda Faustino Ansua
Jacila Conte Ossumano
Julieta Manuel Cicate
Júlia Bernardino Cipriano
Laura Manuel Paulo

Tema: Infecções de Transmissão sexual


Sífilis e gonorreia
Método de abordagem sindrómica, conteúda de referência e envolvimento dos parceiros no
tratamento das ITS

Trabalho de carácter avaliativo, a ser


entregue e apresentado na instituição de
ensino na cadeira de Obstetrícia II,
leccionada pela docente:
dra. Fátima Selemane Chambo

Instituto Politécnico Islâmico de Moçambique


Nampula
2022

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Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 4
Infecções sexualmente transmissíveis............................................................................................. 5
Consequências das IST ................................................................................................................... 5
Principais Infecções de transmissão sexual .................................................................................... 8
Sífilis ............................................................................................................................................... 8
Formas de transmissão .................................................................................................................... 8
Sinais e sintomas ............................................................................................................................. 8
Diagnóstico ..................................................................................................................................... 9
Tratamento ...................................................................................................................................... 9
Prevenção ...................................................................................................................................... 10
Sífilis congénita ............................................................................................................................ 10
Diagnóstico ................................................................................................................................... 11
Prevenção ...................................................................................................................................... 11
Cuidados com a criança exposta à sífilis ...................................................................................... 11
Gonorreia ...................................................................................................................................... 12
Sintomas da gonorreia................................................................................................................... 12
Diagnóstico de gonorreia .............................................................................................................. 14
Triagem para gonorreia ................................................................................................................. 14
Prevenção de gonorreia ................................................................................................................. 15
Tratamento da gonorreia ............................................................................................................... 15
Parceiros sexuais ........................................................................................................................... 16
Conduta de Referencia e Método de Abordagem Sindrómica...................................................... 16
Envolvimento dos parceiros no tratamento das ITS ..................................................................... 18
Conclusão...................................................................................................................................... 19
Bibliografia ................................................................................................................................... 20

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Introdução

O presente trabalho da cadeira de Obstetrícia II, que iremos abordar a cerca das Infecções
sexualmente transmissíveis. De referimos que as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)
representam um problema de saúde pública tanto nos países desenvolvidos como nos países em
vias de desenvolvimento aonde as taxas de prevalência e de incidência são muito mais elevadas.
As IST encontram-se entre as mais frequente causas de pedidos de consulta nos adultos vivendo
nos países em vias de desenvolvimento. A Africa Subsaariana paga o maior tributo, pois as
consequências sanitárias e sociais são mais importantes. Nas mulheres de 15 a 45 anos, a
morbilidade e a mortalidade provocadas pelas IST, chegam em segunda posição após as causas
ligadas à maternidade.

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Infecções sexualmente transmissíveis

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são infecções causadas por vírus, bactérias ou
outros micróbios que se transmitem, principalmente, através das relações sexuais sem o uso de
preservativo com uma pessoa que esteja infectada, e geralmente se manifestam por meio de
feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas. Algumas IST podem não apresentar sintomas, tanto no
homem quanto na mulher. E isso requer que, se fizerem sexo sem camisinha, procurem o serviço
de saúde para consultas com um profissional de saúde periodicamente. Essas infecções quando
não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como
infertilidades, câncer e até a morte. Usar preservativos em todas as relações sexuais (oral, anal e
vaginal) é o método mais eficaz para a redução do risco de transmissão das IST, em especial do
vírus da Aids, o HIV. Outra forma de infecção pode ocorrer pela transfusão de sangue
contaminado ou pelo compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas
injectáveis. A Aids e a sífilis também podem ser transmitidas da mãe infectada, sem tratamento,
para o bebé durante a gravidez, o parto. E, no caso da Aids, também na amamentação. O
tratamento das IST melhora a qualidade de vida do paciente e interrompe a cadeia de transmissão
dessas infecções. As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são um grave problema de
saúde pública porque:

 Facilitam a transmissão sexual do HIV (vírus da AIDS);


 Quando não diagnosticados e tratados a tempo, podem levar a pessoa portadora a ter
complicações graves e até à morte;
 Algumas IST, quando acometem gestantes, podem provocar o abortamento ou o
nascimento com graves malformações.

Consequências das IST

Quando não tratadas adequadamente, as IST podem causar sérias complicações, além do risco de
pegar outras IST, inclusive o vírus da AIDS. Essas complicações podem ser:

 Esterilidade no homem e na mulher (a pessoa não pode mais ter filho);


 Inflamação nos órgãos genitais do homem, podendo causar impotência;

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 Inflamação no útero, nas trompas e ovários da mulher, podendo complicar para uma
infecção em todo o corpo, o que pode causar a morte;
 Mais chances de ter câncer no colo do útero e no pênsis;
 Nascimento do bebé antes do tempo ou com defeito no corpo ou até mesmo a sua morte
na barriga da mãe ou depois do nascimento.

Cada IST tem um tipo de tratamento e só o profissional de saúde poderá avaliar a fazer essa
indicação correctamente. Fazer o tratamento certo é:

 Só tomar remédio indicado pelo serviço de saúde;


 Tomar o remédio na quantidade certa, nas horas certas e até o fim, mesmo que os
sintomas e sinais tenham desaparecido;
 Evitar relação sexual nesse período e, se não der para evitar, só manter relações usando
camisinha;
 Voltar ao serviço de saúde ao terminar o tratamento, para fazer a revisão (controle de
cura). E as mulheres, para fazerem também o exame preventivo do câncer de colo do
útero (o médico dirá se esse exame pode ser realizado);
 Levar o parceiro sexual para ser tratado também.

A melhor forma de prevenir a transmissão das IST é usar sempre e correctamente a camisinha
em todas as relações sexuais

 Não compartilhar agulhas e seringas com outras pessoas;


 No caso de necessitar receber uma transfusão de sangue, exija que ele seja testado para
todas as infecções que podem ser transmitidas pelo sangue.

As IST podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos e verrugas anogenitais, entre
outros possíveis sintomas, como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de
ínguas. São alguns exemplos de IST: herpes genital, sífilis, gonorreia, tricomoníase, infecção
pelo HIV, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), hepatites virais B e C, infecção pelo
vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV). As IST aparecem, principalmente, no órgão
genital, mas podem surgir também em outras partes do corpo, como palma das mãos, olhos e
língua. O corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar

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uma IST no estágio inicial. Sempre que se perceber algum sinal ou algum sintoma, deve-se
procurar o serviço de saúde, independentemente de quando foi a última relação sexual, e, quando
indicado, avisar a parceria sexual. São três as principais manifestações clínicas das IST:
corrimentos, feridas e verrugas anogenitais.

Corrimentos

 Aparecem no pênis, vagina ou ânus.


 Podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados, dependendo da IST.
 Podem ter cheiro forte e/ou causar coceira.
 Provocam dor ao urinar ou durante a relação sexual.
 Nas mulheres, quando é pouco, o corrimento só é visto em exames ginecológicos.
 Podem se manifestar na gonorreia, clamídia e tricomoníase.

Feridas

Aparecem nos órgãos genitais ou em qualquer parte do corpo, com ou sem dor. Os tipos de
feridas são muito variados e podem se apresentar como vesículas, úlceras e manchas, entre
outros. Podem ser manifestações da sífilis, herpes genital, cancroide (cancro mole), donovanose
e linfogranuloma venéreo.

Verrugas anogenitais

São causadas pelo Papilomavírus Humano (HPV) e podem aparecer em forma de couve-flor,
quando a infecção está em estágio avançado. Em geral, não doem, mas pode ocorrer irritação ou
coceira, HIV/aids, hepatites virais B e C e HTLV. Além das IST que causam corrimentos, feridas
e verrugas anogenitais, existem as infecções pelo HIV, HTLV e pelas hepatites virais B e C,
causadas por vírus, com sinais e sintomas específicos.

Doença Inflamatória Pélvica (DIP)

É outra forma de manifestação clínica das IST. Decorre, principalmente, de gonorreia e clamídia
não tratadas. Atinge os órgãos genitais internos da mulher (útero, trompas e ovários), causando
inflamações. Algumas IST podem não apresentar sinais e sintomas, e, se não forem
diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até

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morte. Por isso, é importante fazer exames laboratoriais para verificar se houve contacto com
alguma pessoa que tenha IST, após ter relação sexual desprotegida – sem camisinha masculina
ou feminina.

Principais Infecções de transmissão sexual

Sífilis

É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada
pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes
estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da
infecção, a possibilidade de transmissão é maior.

Formas de transmissão

A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou ser
transmitida para a criança durante a gestação ou parto.

Sinais e sintomas

 Sífilis primária

Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino,
ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é
rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e
não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Essa ferida desaparece
sozinha, independentemente de tratamento.

 Sífilis secundária

Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da
ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das
mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de
cabeça, ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente
de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.

 Sífilis latente – fase assintomática

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Não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e
latente tardia (mais de um ano de infecção). A duração dessa fase é variável, podendo ser
interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.

 Sífilis terciária

Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção. Costuma apresentar sinais e sintomas,
principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Diagnóstico

O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde, sendo prático e de fácil
execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura
laboratorial. Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser colectada
e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do
diagnóstico. Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser
iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo
teste. Devido à grande quantidade de casos surgindo no país, a recomendação de tratamento
imediato antes do resultado do segundo exame se estendeu para outros casos: vítimas de
violência sexual; pessoas com sintomas de sífilis primária ou secundária; pessoas sem
diagnóstico prévio de sífilis e pessoas com grande chance de não retornar ao serviço de saúde
para verificar o resultado do segundo teste.

Tratamento

O tratamento da sífilis é realizado com a penicilina benzatina, antibiótico que está disponível nos
serviços de saúde. A dose de penicilina que deve ser utilizada vai depender do estágio clínico da
sífilis. A penicilina é o tratamento de escolha para sífilis, outros antibióticos devem ser avaliados
para casos específicos de acordo com a avaliação criteriosa do profissional de saúde. Após o
tratamento completo, é importante continuar o seguimento com colecta de testes não
treponêmicos para ter certeza da cura. Todas as parcerias sexuais dos últimos 3 meses devem ser
testadas e tratadas para quebrar a cadeia de transmissão. Quando a sífilis é detectada na gestante,
o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Esse é o único
medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical (passagem da sífilis da mãe para o bebé).

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A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante que foi
tratada. São critérios de tratamento adequado da gestante:

 Administração de penicilina benzatina.


 Início do tratamento até 30 dias antes do parto.
 Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis.
 Respeito ao intervalo recomendado das doses (a cada 7 dias, de acordo com o esquema
terapêutico). Importante que toda gestante diagnosticada com sífilis, após o tratamento,
realize o seguimento mensal, com teste não treponêmico, para controle terapêutico.

Prevenção

O uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina é uma medida importante de


prevenção da sífilis. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de
qualidade contribui para o controle da sífilis congénita. Importante destacar que a sífilis não
confere imunidade permanente, ou seja, mesmo após o tratamento adequado, cada vez que entrar
em contacto com o agente etiológico (T. pallidum) a pessoa pode ter a doença novamente.

Sífilis congénita

É uma doença transmitida da mãe não tratada ou tratada de forma não adequada para criança
durante a gestação (transmissão vertical). Por isso, é importante fazer o teste para detectar a
sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo (reagente), tratar correctamente a
mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão. Recomenda-se que a gestante seja testada
pelo menos em três momentos:

 Primeiro trimestre de gestação;


 Terceiro trimestre de gestação;
 Momento do parto ou em casos de aborto.

Sinais e sintomas

A maior parte dos bebés com sífilis congénita não apresentam sintomas ao nascimento. No
entanto, as manifestações clínicas podem surgir nos primeiros três meses, durante ou após os
dois anos de vida da criança. São complicações da doença: abortamento espontâneo ou

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natimortalidade, parto prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, alterações ósseas,
deficiência mental e/ou morte ao nascer.

Diagnóstico

Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os


resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais, incluindo a colecta de
líquor.

Tratamento

O tratamento da sífilis congénita é realizado com penicilina cristalina ou procaína, durante 10


dias.

Prevenção

A prevenção da sífilis congénita é realizada por meio de pré-natal adequado e com qualidade. É
fundamental que o teste para sífilis seja ofertado para todas as gestantes, pelo menos no 1ª e 3ª
trimestre de gestação ou em situações de exposições de risco. As gestantes com diagnóstico de
sífilis devem ser tratadas e seguidas adequadamente, assim como, suas parcerias sexuais, para
evitar reinfecção após o tratamento.

Cuidados com a criança exposta à sífilis

Todas as crianças expostas à sífilis de mães que não foram tratadas, ou que receberam tratamento
não adequado, são submetidas a diversas intervenções, que incluem: colecta de amostras de
sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-X de ossos longos, avaliação
oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada.
As crianças expostas à sífilis de mães que foram adequadamente tratadas durante a gestação
também devem ser cuidadosamente avaliadas, para descartar a possibilidade de sífilis congénita.
A investigação de sífilis congénita deve acontecer na hora do parto, mas também no
acompanhamento dessas crianças nas consultas de puericultura, com realização de testes não
treponêmicos.

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Gonorreia

A gonorreia é uma doença bacteriana, transmitida por via sexual, que pode levar à infertilidade
em homens e mulheres. A Gonorreia, também chamada de blenorragia, é uma doença infecciosa
causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, um diplococo gram-negativo. Sua transmissão é
basicamente feita por via sexual, entretanto, pode ocorrer da mãe para o bebé (perinatal). A
bactéria infecta principalmente o pênis, a região do colo do útero, o recto, garganta e olhos. Os
sintomas surgem normalmente após cinco dias da contaminação e a doença manifesta-se de
maneira completamente diferente em homens e mulheres.

Sintomas da gonorreia

Geralmente, a gonorreia causa sintomas somente nos locais da infecção inicial. Em poucas
pessoas, a infecção também pode espalhar-se pela corrente sanguínea a outras partes do corpo,
especialmente para a pele, articulações ou ambas.

 Alguns homens (cerca de 25%) manifestam muito poucos sintomas. Os sintomas


começam dois a catorze dias após a infecção. Homens sentem um leve desconforto na
uretra (o tubo que leva a urina da bexiga para fora do corpo). Esse desconforto é seguido,
poucas horas depois, de dor leve a intensa ao urinar, uma secreção amarelo-esverdeada de
pus proveniente do pênis e uma frequente urgência em urinar. O orifício na ponta do
pênis pode ficar vermelho e inchar. As bactérias, por vezes, se espalham para o epidídimo
(o tubo enrolado no alto de cada testículo), fazendo com que escroto inche e fique
sensível ao toque.
 Algumas mulheres (cerca de 10% a 20%) manifestam muito poucos ou nenhum sintoma.
Assim, a gonorreia pode ser detectada somente durante os exames de rotina ou após o
diagnóstico da infecção no parceiro do sexo masculino. Tipicamente, os sintomas não
começam até pelo menos 10 dias após a infecção. Algumas mulheres apresentam
somente um leve desconforto na área genital e uma secreção parecida com pus saindo da
vagina. No entanto, outras mulheres têm sintomas mais graves, como uma necessidade
frequente de urinar e dor ao urinar. Esses sintomas se desenvolvem quando a uretra
também estiver infectada.

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As bactérias comummente se propagam subindo o trato genital e infectam os tubos que conectam
os ovários ao útero (trompas de Falópio). Esta infecção, chamada salpingite, causa dor intensa na
região inferior do abdómen, especialmente durante a relação sexual. Em algumas mulheres, a
infecção se dissemina para o revestimento da cavidade abdominal (peritônio), causando
peritonite ou doença inflamatória pélvica, que pode causar dor intensa na região inferior do
abdómen. As mulheres que tiveram doença inflamatória pélvica têm risco maior de infertilidade
e gravidez mal localizada (ectópica), a qual pode causar sangramento interno perigoso. Às vezes,
a infecção no abdome se concentra em torno do fígado. Essa infecção, chamada peri-hepatite ou
síndrome Fitz-Hugh-Curtis, causa uma dor semelhante à da parte superior direita do abdome. Ela
ocorre principalmente em mulheres. O sexo anal com uma pessoa infectada pode resultar em
gonorreia rectal. Em geral, esta infecção não causa sintomas, mas pode tornar a evacuação
dolorosa. Outros sintomas incluem constipação, coceira, sangramento e uma secreção saindo do
recto. A área que rodeia o ânus fica vermelha e em carne viva, enquanto as fezes se cobrem de
muco e pus. Quando o médico examina o recto com uma sonda (anuscópio), é possível distinguir
muco e pus na parede do recto. O sexo oral com uma pessoa infectada pode resultar em
gonorreia na garganta (faringite gonocócica). Em geral, essas infecções não causam sintomas,
mas a garganta pode doer. Se os fluidos infectados entrarem em contacto com os olhos, pode
ocorrer uma conjuntivite gonocócica, que causa inchaço das pálpebras e uma secreção de pus dos
olhos. Nos adultos, muitas vezes afecta um só olho. Os recém-nascidos podem ter a infecção nos
dois olhos. Se a infecção não receber tratamento pode causar cegueira. A gonorreia em crianças
geralmente resulta de abuso sexual. Nas meninas, a área genital (vulva) pode ficar irritada,
vermelha e inchada e elas podem apresentar secreção pela vagina. Se a uretra estiver infectada,
as crianças, principalmente os meninos, podem ter dor ao urinar. Raramente, ocorre o
desenvolvimento de infecção gonocócica disseminada (síndrome artrite-dermatite). Ela ocorre
quando a infecção se espalha pela corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente
para a pele e as articulações. As articulações ficham inchadas, com sensibilidade ao toque e
extremamente dolorosas e apresentam uma limitação na mobilidade. A pele por cima das
articulações infectadas pode ficar vermelha e quente. As pessoas normalmente têm febre,
sentem-se doentes de forma geral e desenvolvem artrite em uma ou mais articulações. Podem
surgir manchas pequenas e vermelhas na pele, geralmente nos braços e nas pernas. As manchas

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são ligeiramente dolorosas e podem estar preenchidas com pus. As infecções das articulações,
corrente sanguínea e do coração podem ser tratadas, mas a recuperação da artrite pode ser lenta.

Diagnóstico de gonorreia

Exame da secreção ao microscópio ou em um laboratório. Em mais de 95% dos homens


infectados e com secreção, a gonorreia pode ser diagnosticada dentro de uma hora ao se
identificar a bactéria (gonococos) em amostras da secreção examinadas ao microscópio. Se a
secreção for óbvia, os médicos tocam com um swab ou lâmina na ponta do pênis para colectar a
amostra. Se não houver secreção óbvia, os médicos inserem um swab pequeno, de meia polegada
ou mais, na uretra para colectar a amostra. Os homens não devem urinar por pelo menos duas
horas antes da colecta da amostra. Identificar bactérias em uma amostra de secreção do colo do
útero é mais difícil. A bactéria pode ser vista em apenas cerca de metade das mulheres
infectadas. A amostra (da uretra ou colo do útero) também é enviada para o laboratório para
cultura (para cultivar os organismos) e para outros testes. Tais testes são muito confiáveis em
ambos os sexos, mas levam mais tempo do que um exame ao microscópio. Se um médico
suspeitar de infecção da garganta, do recto ou da corrente sanguínea, são enviadas amostras
dessas áreas para testes em laboratório. Podem ser feitos testes altamente sensíveis para detectar
o DNA de gonococos e de clamídia (que muitas vezes também estão presentes). Os laboratórios
podem testar a presença de ambas as infecções em uma única amostra. Para alguns destes testes
(chamados testes de amplificação de ácido nucleico ou NAATS), são usadas técnicas que
aumentam a quantidade de material genético da bactéria. Como essas técnicas tornam os
organismos mais fáceis de serem detectados, podem ser usadas amostras de urina. Assim, esses
testes são convenientes para fazer a triagem de homens e mulheres sem sintomas ou que não
estejam dispostos a colectar amostras de fluidos de suas áreas genitais.

Triagem para gonorreia

Certas pessoas sem sintomas são tríadas para gonorreia por terem características que aumentam
seu risco para esta infecção. Por exemplo, é feita triagem em mulheres que não estiverem
grávidas se elas tiverem 24 anos de idade ou menos e forem sexualmente activas ou tiverem tido
uma DST anterior. Participarem de actividades sexuais arriscadas (como ter vários parceiros
sexuais, não usar preservativos regularmente ou envolver-se em trabalho com sexo) por outro

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caso se tiverem um parceiro que participe de actividades sexuais arriscadas. A triagem de
mulheres grávidas é feita em sua primeira visita pré-natal e, se tiverem factores de risco de
infecção, novamente durante o 3º trimestre. A triagem de homens heterossexuais não é feita
rotineiramente, a menos que eles sejam considerados de alto risco para infecção – por exemplo,
se tiverem várias parceiras sexuais, forem pacientes em uma clínica para adolescentes ou de DST
ou quando eles são internados em uma instituição correccional. A triagem de homens que fazem
sexo com homens é feita somente se eles tiverem sido sexualmente activos no último ano.
Aqueles com infecção por HIV, múltiplos parceiros sexuais, ou cujo parceiro tenha múltiplos
parceiros passam por triagens mais frequentes.

Prevenção de gonorreia

As seguintes medidas gerais podem ajudar na prevenção de gonorreia (e outras DSTs):

 Uso correto e regular de preservativos;


 Evitar práticas sexuais inseguras, tais como trocar de parceiros sexuais com frequência ou
ter relações sexuais com prostitutas ou parceiros que possuem outros parceiros sexuais;
 Diagnóstico e tratamento imediatos da infecção (para impedir a transmissão para outras
pessoas) Identificação dos contactos sexuais de pessoas infectadas, seguida de
aconselhamento ou tratamento desses contactos;
 Não praticar sexo (anal, vaginal ou oral) é a maneira mais confiável de prevenir DSTs,
mas normalmente fora da realidade.

Tratamento da gonorreia

Os antibióticos ceftriaxona mais azitromicina, Exames e tratamento de parceiros sexuais. Para


pessoas com gonorreia, em geral, os médicos administram uma única injecção do antibiótico
ceftriaxona no músculo, mais uma dose única de azitromicina para tomar por via oral. Embora a
ceftriaxona cure a maioria das pessoas nos Estados Unidos, a azitromicina é administrada com
ceftriaxona, pois esses medicamentos podem ajudar a impedir que os gonococos se tornem
resistentes ao tratamento. Além disso, a azitromicina mata clamídias, que frequentemente estão
presentes em pessoas com gonorreia. Se a gonorreia tiver-se disseminado pela corrente
sanguínea, as pessoas serão geralmente tratadas no hospital e receberão antibióticos por via
intravenosa ou por injecção em um músculo. Se os sintomas reaparecerem ou persistirem após o
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tratamento, os médicos podem obter amostras para cultura para determinar se a pessoa está
curada e podem fazer testes para determinar se os gonococos são resistentes aos antibióticos
usados. As pessoas com gonorreia devem se abster de actividade sexual até o tratamento estar
concluído para evitar infectar os parceiros sexuais.

Parceiros sexuais

Todos os parceiros sexuais que tiveram contacto sexual com pessoas infectadas nos últimos 60
dias devem ser testados para gonorreia e outras DSTs e, se os testes forem positivos, devem ser
tratados. Se os parceiros sexuais foram expostos a gonorreia nas últimas duas semanas, eles são
tratados sem esperar os resultados dos testes. Tratamento imediato do parceiro ou parceira é uma
opção que os médicos muitas vezes usam para facilitar o tratamento de parceiros sexuais. Esta
abordagem envolve dar a pessoas com gonorreia uma prescrição ou medicamentos para seu
parceiro ou parceira. Assim, o parceiro sexual não precisa se consultar com o médico antes de ser
tratado. Fazer uma consulta é melhor porque o médico pode verificar se há presença de alergias e
de outras DSTs. Contudo, se for improvável que o parceiro ou parceira procure um médico, o
tratamento imediato do parceiro ou parceira é útil.

Conduta de Referencia e Método de Abordagem Sindrómica

A abordagem sindrómica permite ao médico fazer um diagnóstico na ausência de testes de


laboratório. Esta abordagem é baseada na identificação dum sindroma (grupo de sintomas e de
sinais) facilmente identificáveis, associadas a um certo número de etiologias bem definidas. Uma
vez o sindroma identificado, o tratamento pode ser instituído para lutar contra a maioria dos
gérmenes patogénicos que podem ser responsáveis deste síndroma. Vários síndromas de IST
podem ser tratados de maneira simples por intermédio de árvores de decisão de ajuda ao
diagnóstico e ao tratamento, ou algoritmos. A disponibilidade de medicamentos eficazes é uma
condição essencial para serviços IST de qualidade. Nos últimos anos, principalmente após o
início da epidemia de AIDS, as DST readquiriram importância como problemas de saúde
pública. Entretanto, alguns fatos negativos têm sido percebidos no contexto da atenção às DST
em nosso país:

 São escassos os dados epidemiológicos relativos às DST; apenas a aids, a sífilis congênita
e a sífilis na gestação são de notificação compulsória;

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 Os portadores de DST continuam sendo discriminados nos vários níveis do sistema de
saúde.

 Populações prioritárias como adolescentes, profissionais do sexo, homo e bissexuais,


travestis entre outros, têm pouca acessibilidade aos serviços.

 O atendimento é muitas vezes inadequado, resultando em segregação e exposição a


situações de constrangimento. Tal fato se dá, por exemplo, quando usuários têm que
expor suas queixas em locais sem privacidade (recepções) ou a funcionários
despreparados. Essas situações contribuem para afastá-los dos serviços de saúde.s

O atendimento de pacientes com DST tem algumas particularidades. Ele visa a interromper a
cadeia de transmissão de forma mais efectiva e imediata possível. Visa, ainda, a evitar as
complicações advindas da(s) DST em questão, e a cessação imediata dos sintomas. O objectivo
desse atendimento é tentar prover, em uma única consulta: diagnóstico, tratamento e
aconselhamento adequados. Não há impedimento para que exames laboratoriais sejam colhidos
ou oferecidos. A conduta, no entanto, não deverá depender de demorados processos de realização
e/ou interpretação dos exames. Não se quer dizer com isto que o laboratório seja dispensável, ao
contrário, tem seu papel aumentado principalmente em unidades de saúde de maior
complexidade, que servirão como fontes para a definição do perfil epidemiológico das diferentes
DST e de sua sensibilidade aos medicamentos preconizados. Fluxogramas específicos, já
desenvolvidos e testados, são instrumentos que auxiliarão o profissional que realiza o
atendimento na tomada de decisões. Seguindo os passos dos fluxogramas, o profissional, ainda
que não especialista. Observar pele, particularmente a palma das mãos, plantas dos pés; mucosas
orofaríngea e dos genitais e palpar os gânglios de todos os segmentos corporais (cabeça, tronco e
membros). Quaisquer lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto relevo, hiperêmica,
hipercrômica, circular, irregular, circinada etc.), no abdômen, dorso, couro cabeludo, e
principalmente, na região perineal, deverão ser anotadas e correlacionadas com a história em
questão. Doenças como sífilis podem ter, além da região genital, outros locais de infecção. A
gonorréia pode apresentar formas diferentes da enfermidade abrangendo regiões não-genitais
(ex.: faringite, osteoartrite, conjuntivite, peri-hepatite etc.). O eritema multiforme e a cefaléia,
podem acompanhar o linfogranuloma venéreo. Assim como essas observações, muitas outras

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poderiam ser feitas, já que as DST não devem ser procuradas por sinais isolados, mas sim por um
conjunto de informações e de dados clínicos que possam sugerir o diagnóstico.

As principais características da abordagem sindrómica são:

 Classificar os principais agentes etiológicos, segundo as síndromes clínicas por eles


causados;

 Utilizar fluxogramas que ajudam o profissional a identificar as causas de uma


determinada síndrome;

 Indicar o tratamento para os agentes etiológicos mais frequentes na síndrome;

 Incluir a atenção dos parceiros, o aconselhamento e a educação sobre redução de risco, a


adesão ao tratamento e o fornecimento e orientação para utilização adequada de
preservativos;

 Incluir a oferta da sorologia para sífilis, hepatites e para o HIV.

Envolvimento dos parceiros no tratamento das ITS

O controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) não ocorre somente com o
tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas
infecções e evitar a reinfecção, é fundamental que as parcerias também sejam testadas e tratadas,
com orientação de um profissional de saúde. As parcerias sexuais devem ser alertadas sempre
que uma IST for diagnosticada. É importante informá-las sobre as formas de contágio, o risco de
infecção, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde e as medidas de prevenção e
tratamento (ex.: relação sexual com uso de camisinha masculina ou feminina até que a parceria
seja tratada e orientada). Para interrupção do ciclo de transmissão de Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST), é essencial o tratamento das pessoas envolvidas nos relacionamentos
sexuais. Para tanto, é necessária a notificação de parceiros sexuais, processo pelo qual os
contactos sexuais de um paciente-índice (aquele que recebeu um diagnóstico de IST) são
identificados e informados de sua exposição e convidados a realizar testes, aconselhamento e, se
necessário, tratamento. Recomenda-se que essa acção seja feita de forma voluntária dentro de
ambientes propícios, sociais e legais. A notificação realizada correctamente reduz a infecção
persistente do paciente-índice, identifica as infecções sexuais assintomáticas, contribui para a
redução da transmissão, evita sequelas e oferece oportunidade para discussão sobre sexo seguro.

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Conclusão

A sífilis é uma enfermidade sistémica, exclusiva do ser humano, conhecida desde o século XV, e
seu estudo ocupa todas as especialidades médicas. Tem como principal via de transmissão o
contacto sexual, seguido pela transmissão vertical para o feto durante o período de gestação de
uma mãe com sífilis não tratada ou tratada inadequadamente. Também pode ser transmitida por
transfusão sanguínea. A apresentação dos sinais e sintomas da doença é muito variável e
complexa. Quando não tratada, evolui para formas mais graves, podendo comprometer o sistema
nervoso, o aparelho cardiovascular, o aparelho respiratório e o aparelho gastrointestinal. Embora
o tratamento com penicilina seja muito eficaz nas fases iniciais da doença, métodos de prevenção
devem ser implementados, pois adquirir sífilis expõe as pessoas a um risco aumentado para
outras DST, inclusive a Aids.

A sífilis é uma doença de evolução lenta. Quando não tratada, alterna períodos sintomáticos e
assintomáticos, com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas, divididas
em três fases: sífilis primária, sífilis secundária e sífilis terciária. Não havendo tratamento
após a sífilis secundária, existem dois períodos de latência: um recente, com menos de um ano,
e outro de latência tardia, com mais de um ano de doença.

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Bibliografia

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Responsáveis para prevenção e Controle de Infecções e Segurança de Doente e Trabalhador de
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