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INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO PROVINCIAL DA ZAMBÉZIA

CURSO DE ENFERMAGEM SAÚDE MATERNO INFANTIL

TURMA B

1º ANO

Izaltina Raul Vicente

Abordagem de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/SIDA)

Quelimane

2021
INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO PROVINCIAL DA ZAMBÉZIA

CURSO DE ENFERMAGEM SAÚDE MATERNO INFANTIL

TURMA B

1º ANO

Izaltina Raul Vicente

Abordagem de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/SIDA)

Trabalho de caracter avaliativo da Cadeira


de Saúde da Mulher em Idade
Reprodutiva a ser entregue a:

Docente: Nilza Chibite

Quelimane

2021
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................................4

1.2. Objectivos............................................................................................................................5

1.3. Metodologia.........................................................................................................................5

2. Conceito de HIV/SIDA...........................................................................................................6

3. Epidemiologia.........................................................................................................................7

4. Transmissão............................................................................................................................8

4.1. Relação sexual.....................................................................................................................8

4.2. Fluidos corporais..................................................................................................................8

4.3. Mãe-filho..............................................................................................................................8

5. Fases do HIV...........................................................................................................................9

5.1. Infecção aguda.....................................................................................................................9

5.2. Latência clínica....................................................................................................................9

5.3. Síndrome da imunodeficiência adquirida............................................................................9

6. Quadro clinico.......................................................................................................................10

6.1. Classificação da OMS........................................................................................................10

6.2. Teste de HIV......................................................................................................................10

7. Tratamentos (controlo CD4) e referências............................................................................11

8. Factores de género que condicionam a doença e o tratamento.............................................12

9. Prevenção..............................................................................................................................13

9.1. Pré-exposição.....................................................................................................................13

9.2. Pós-exposição....................................................................................................................14

9.3. Mãe-filho............................................................................................................................14

9.4. Vacinação e cura................................................................................................................14

10. Conclusão............................................................................................................................15

11. Referências bibliográficas...................................................................................................15


4

1. Introdução
Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) é uma doença do sistema imunológico
humano causada pelo vírus da imunodeficiência humana “VIH; em inglês: human
immunodeficiency virus, HIV”. Durante a infecção inicial, uma pessoa pode passar por um
breve período doente, com sintomas semelhantes aos da gripe. Normalmente isto é seguido
por um período prolongado sem qualquer outro sintoma. À medida que a doença progride, ela
interfere mais e mais no sistema imunológico, tornando a pessoa muito mais propensa a ter
outros tipos de doenças, como infecções oportunistas e câncer, que geralmente não afectam as
pessoas com um sistema imunológico saudável. O HIV é transmitido principalmente através
de relações sexuais sem o uso de preservativo (incluindo sexo anal e, até mesmo, oral),
transfusões de sangue contaminado, agulhas hipodérmicas e de mãe para filho, durante a
gravidez, o parto ou amamentação. Outros fluidos corporais, como saliva e lágrimas, não
transmitem o vírus.

Quanto as origens, á relatos que os vírus HIV-1 e HIV-2 originaram de primatas no centro -
oeste africano e transferidos para os seres humanos no início do século XX. Há evidência de
que humanos que participavam de actividades com animais selvagens, como caçadores ou
vendedores de animais silvestres, se infectaram com o SIV (Kalish & Robbins, et al., 2005).
Estudos genéticos do vírus sugerem que o ancestral comum mais recente do grupo M do HIV-
1 remonta ao ano de 1910. Worobey; Michael & Gemmel; et al., (2008) os defensores dessa
data ligam a epidemia do HIV ao surgimento do colonialismo e do crescimento das grandes
cidades africanas coloniais, o que levou a diversas mudanças sociais, como um maior grau de
promiscuidade sexual, disseminação da prostituição e alta frequência de casos de doenças
genitais (como a sífilis) nas cidades coloniais nascentes.
Uma visão alternativa defende que práticas médicas inseguras na África após a Segunda
Guerra Mundial, como a reutilização de seringas não esterilizadas durante programas de
vacinação em massa, uso de antibióticos e de campanhas de tratamento anti-malária, foram os
vectores iniciais que permitiram que o vírus se espalhasse e se adaptasse aos seres humanos
(Marx; Alcabes & Drucker, 2001).
Não obstante a que frisar que a presente pesquisa ira debruçar em prol dos eventos do
HIV/SIDA, partindo dos conceitos, a epidemiologia, em que consiste o processo de
transmissão e suas fases, quadro clinico, factores de género que condicionam a doença e o
tratamento e entretanto, os procedimentos de prevenção, cujo ira culminar com uma
conclusão e referencias bibliográficas.
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1.2. Objectivos

1.2.1. Geral:

Buscar abordagens de síndrome da imunodeficiência adquirida, no que concerne os


conceitos, a epidemiologia, processo de transmissão e suas respectivas fases assim
como um quadro clinico, factores de género que impactam a doença e o respectivo
tratamento, culminando com os procedimentos de prevenção.

1.2.2. Específicos:

Analisar os conceitos do HIV/SIDA, processo de transmissão e as respectivas fases


visando coadjuvar com o quadro clinico e factores que impactam a doença e
tratamento terminando com o processo de prevenção.
Identificar os processos de transmissão, fases do HIV/SIDA, factores da doença e
tratamento.
Descrever as fases do HIV/SIDA, doença e tratamento assim como os mecanismos de
prevenção.

1.3. Metodologia

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados será do tipo Bibliográfica, elaborada a Partir de
material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e
actualmente com material disponibilizado na Internet (APA. 2016).
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2. Conceito de HIV/SIDA
A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS - sigla em inglês) é definida
quando a contagem de células T CD4+ está abaixo de 200 células por μL de sangue ou pela
ocorrência de doenças específicas, em associação com uma infecção por HIV.

O HIV infecta os linfócitos T CD4, um tipo de células brancas do sangue, debilitando o


sistema imunológico, o que faz com que o indivíduo afectado torne-se susceptível a sofrer de
infecções que podem levar à morte. O vírus invade os linfócitos T, atacando as proteínas CD4
da superfície externa da membrana celular, segundo (Enciclopédia Encarta, 1993, 2001).
Na ausência de tratamento específico, cerca de metade das pessoas infectadas com HIV
desenvolvem AIDS cerca de dez anos após a contaminação. As condições iniciais mais
comuns que alertam sobre a presença de AIDS são a pneumocistose (40%), caquexia (20%) e
candidíase esofágica. Outros sinais comuns incluem infecções respiratórias recorrentes
(Mandell; Bennett & Dolan, 2010).

As infecções oportunistas podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos e parasitas que
normalmente seriam controlados pelo sistema imunológico (Holmes; Losina & Freedberg, et
al., 2003). Cada infecção ocorre, em parte, em relação aos organismos que são comuns no
ambiente que a pessoa vive (Mandell; Bennett & Dolan, 2010). Estas doenças podem afectar
quase todos os órgãos do organismo (Chu, C & Selwyn, PA, 2011).
As pessoas com AIDS têm um risco maior de desenvolver vários tipos de câncer:

O sarcoma de Kaposi é o tipo de câncer mais comum e ocorre entre 10% a 20% das
pessoas com HIV (Vogel & Spengler, et al., 2010);
O segundo tipo de câncer mais comum é o linfoma, que é a causa da morte de quase
16% das pessoas com AIDS e é o sinal inicial de AIDS em 3% a 4% delas.

Esses tipos de câncer estão associados com o herpes vírus humano 8. O câncer cervical ocorre
com mais frequência em pacientes com AIDS devido à sua associação com o vírus do
papiloma humano (HPV) (Mandell; Bennett & Dolan, 2010).

Além disso, as pessoas com AIDS frequentemente têm sintomas sistêmicos, como febre
prolongada, suores (especialmente à noite), inchaço dos gânglios linfáticos, calafrios,
fraqueza e perda de peso. A diarreia é um sintoma comum presente em cerca de 90% das
pessoas com AIDS (Sestak K, 2005). Pacientes com AIDS também podem ser afetados por
7

diversos sintomas psiquiátricos e neurológicos independentes de infecções oportunistas e


cânceres (Murray; Buttner & Price, 2012).

3. Epidemiologia
A pandemia da AIDS também pode ser vista como várias epidemias de subtipos distintos,
cujos principais factores na sua propagação são a transmissão sexual e a transmissão vertical
de mãe para filho, no nascimento ou através do leite materno.
Apesar da recente melhora do acesso ao tratamento anti-retroviral e os cuidados de prevenção
em muitas regiões do mundo, a pandemia da AIDS custou cerca 2,1 milhões de vidas
(variação de 1,9-2,4 milhões) em 2007, sendo que 330 mil pessoas eram menores de 15 anos.
Globalmente, cerca de 33,2 milhões de pessoas viviam com o HIV em 2007, incluindo 2,5
milhões de crianças. Estima-se que 2,5milhões (variação de 1,8-4,1 milhões) pessoas foram
infectadas em 2007, incluindo 420 mil crianças (UNAIDS & WHO, 2007).
A África subsariana continua sendo, maioritariamente, a região mais afectada pela doença.
Estima-se que em 2007, a região continha 68% de todas as pessoas vivendo com AIDS e 76%
de todos os óbitos por AIDS do mundo. Com 1,7 milhões de novas infecções, o número de
pessoas vivendo com HIV foi para 22,5 milhões, sendo que 11,4 milhões de órfãos da AIDS
vivendo na região vivem nessa área do continente africano. Ao contrário de outras regiões, a
maioria das pessoas vivendo com o HIV na África subsaariana em 2007 (61%) eram
mulheres.
A África do Sul tem a maior população de portadores do HIV no mundo, seguida pela Nigéria
e pela Índia (McNeil DG Jr (2007). O sul e o sudeste da Ásia são a região afectada da pior
forma e, em 2007, estima-se que esta região continha 18% de pessoas vivendo com a AIDS e
cerca de 300 mil dos óbitos devido a doença no mundo (UNAIDS & WHO, 2007). A
expectativa de vida da população caiu drasticamente nos países mais afectados pelo vírus; em
2006, por exemplo, estima-se que a expectativa de vida ao nascer caiu de 65 para 35 anos em
Botswana.
Nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) a doença também é presente.
Cerca de 2,1% da população adulta de Angola está infectada pelo vírus HIV, o que totaliza
cerca de 180 mil pessoas convivendo com a doença no país. Em Cabo Verde, a taxa de
prevalência estimada por infecção do HIV é de 0,5% e 1,5% e, até 2006, 1 940 casos
confirmados haviam sido registrados no país. Guiné-Bissau tem uma prevalência de HIV
estimada entre 7,3% da população, o que caracteriza uma situação de epidemia de HIV
8

generalizada. Em Moçambique, a taxa de prevalência do HIV é de cerca de 16% da


população, ou cerca de 1,6 milhão de pessoas que convivem com a epidemia do vírus no país.
São Tomé e Príncipe apresenta uma taxa de infecção pelo HIV de 1%. No Timor-Leste não há
dados precisos sobre o número de infectados pelo vírus (AIDS Portugal, 2013).

4. Transmissão
O HIV é transmitido por três vias principais:

Contacto sexual;
Exposição a fluidos ou tecidos corporais infectados e de mãe para filho durante a
gravidez;
O parto ou a amamentação ‘conhecida como infecção perinatal’ (Markowitz & Steven,
et al., 2007).

Não há nenhum risco de contrair o HIV através de exposição a fezes, secreções nasais, saliva,
escarro, suor, lágrimas, urina ou vómito de pessoas infectadas, a menos que estes estejam
contaminados com sangue (Kripke C, 2007). É possível se infectar por mais de uma cepa do
HIV, uma condição conhecida como superinfecção pelo HIV (Van der Kuyl & Cornelissen,
M., 2007).

4.1. Relação sexual


O modo mais comum de transmissão do HIV é através do contacto sexual com uma pessoa
infectada. As contaminações por HIV no mundo ocorrem através de contactos heterossexuais
(Markowitz; William & Steven, 2007). No que diz respeito aos contactos heterossexuais não
protegidos, estima-se o risco de transmissão do HIV. O risco de transmissão durante o sexo
anal é especialmente alto. Embora o risco de transmissão através do sexo oral seja
relativamente baixo, ele existe (Yu, M & Vajdy, M., 2010).

4.2. Fluidos corporais


O segundo modo mais frequente de transmissão do HIV é através de sangue e de Hemo
derivados (Markowitz; William & Steven, 2007). Pelo sangue a transmissão pode ocorrer
através da partilha de seringas durante o uso de drogas injectáveis, picada de agulha
acidentais, transfusão de sangue (ou de Hemo derivados) contaminado ou injecções médicas
com equipamento não esterilizado. O HIV é transmitido em cerca de 93% das transfusões de
sangue que envolvem sangue infectado (Baggaley & White, et al., 2006).
9

4.3. Mãe-filho
O HIV pode ser transmitido de mãe para filho durante a gravidez, durante o parto ou através
do leite materno (Coutsoudis & Thomson et al., 2010). Esta é a terceira forma mais comum de
transmissão do HIV no mundo. Na ausência de tratamento, o risco de transmissão antes ou
durante o nascimento é de cerca de 20%, enquanto na amamentação é de 35%.

5. Fases do HIV

Existem três fases principais da infecção pelo HIV:

5.1. Infecção aguda


O período inicial após a contaminação pelo HIV é chamado de infecção aguda ou síndrome
retroviral aguda (Mandell; Bennett, & Dolan 2010). Muitos indivíduos desenvolvem uma
doença semelhante à gripe ou à mononucleose entre duas e quatro semanas após a exposição
ao vírus, enquanto outras pessoas não têm sintomas significativos. Os sintomas ocorrem entre
40% e 90% dos casos e geralmente incluem febre, inchaço dos gânglios linfáticos, inflamação
de garganta (laringite ou faringite), erupção cutânea, dor de cabeça e/ou feridas na boca e
genitais.

5.2. Latência clínica


Os sintomas iniciais são seguidos por uma fase de latência clínica chamada de HIV
assintomático ou crónico. Sem tratamento, esta segunda fase da infecção por HIV pode durar
de três anos a mais de 20 anos (em média, cerca de oito anos). Embora geralmente não
apareçam sintomas no início, perto do final desta fase muitas pessoas sofrem com febre, perda
de peso, problemas gastrointestinais e dores musculares. Entre 50 e 70% das pessoas também
desenvolvem linfadenopatia generalizada persistente, caracterizada por um inchaço
inexplicado e indolor de mais de um grupo de gânglios linfáticos (excepto na virilha) por um
período de três a seis meses.

5.3. Síndrome da imunodeficiência adquirida


A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS - sigla em inglês) é definida
quando a contagem de células T CD4+ está abaixo de 200 células por μL de sangue ou pela
ocorrência de doenças específicas, em associação com uma infecção por HIV. Na ausência de
tratamento específico, cerca de metade das pessoas infectadas com HIV desenvolvem AIDS
10

cerca de dez anos após a contaminação. As condições iniciais mais comuns que alertam sobre
a presença de AIDS são a pneumocistose (40%), caquexia (20%) e candidíase esofágica.
Outros sinais comuns incluem infecções respiratórias recorrentes.

6. Quadro Clinico
O diagnóstico de AIDS em uma pessoa infectada com o HIV é baseado na presença de certos
sinais ou sintomas. Desde 5 de Junho de 1981, muitas definições têm sido desenvolvidas para
a vigilância epidemiológica. Nos países em desenvolvimento é usado o sistema de
estadiamento da Organização Mundial da Saúde para infecção pelo HIV e para a doença,
através de dados clínicos e de laboratório. Em países desenvolvidos, o sistema de
classificação do Centro de Controlo e Prevenção (CDC) é usado (World Health Organization,
1990).

6.1. Classificação da OMS


Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) agrupou essas infecções e condições em
conjunto através da introdução de um sistema de estadiamento para pacientes infectados com
HIV-1. Uma actualização ocorreu em Setembro de 2005. A maioria dessas condições são
infecções oportunistas que são facilmente tratáveis em pessoas saudáveis (World Health
Organization, 1990):

1º Estágio: infecção pelo HIV é assintomática e não classificada como AIDS;


2º Estágio: inclui pequenas manifestações mucocutâneas e recorrentes infecções do
trato respiratório superior;
3º Estágio: inclui diarreia crónica inexplicada por mais de um mês, as infecções
bacterianas e a tuberculose pulmonar;
4º Estágio: inclui a toxoplasmose cerebral, candidíase do esófago, traqueia, brônquios
e pulmões e o sarcoma de Kaposi; essas doenças são indicadoras da AIDS.

6.2. Teste de HIV

Muitas pessoas desconhecem que estão infectadas com o HIV. Testes de HIV são geralmente
realizados no sangue venoso. Muitos laboratórios utilizam testes de quarta geração de triagem
que detectam anticorpos anti-HIV (IgG e IgM) e do antígeno p24 do HIV. A detecção de
anticorpos anti-HIV ou antígeno em um paciente previamente conhecido como negativo, é
evidência de infecção pelo HIV. Indivíduos cuja primeira amostra indica evidências de
11

infecção pelo HIV terão uma repetição do teste em uma segunda amostra de sangue para
confirmar os resultados (Kumaranayake L, Watts C, 2001).

7. Tratamentos (controlo CD4) e referências


Os únicos métodos conhecidos de prevenção baseiam-se evitar a exposição ao vírus ou, na
falta disto, um tratamento anti-retroviral directamente após a exposição, chamada profilaxia
pós-exposição “PEP” (Hamlyn & Easterbrook, 2007). A PEP tem um calendário muito
exigente de quatro semanas de dosagem, além de também ter efeitos secundários muito
desagradáveis, como diarreia, mal estar, náuseas e fadiga. Em 2010 havia mais de 6,6 milhões
de pessoas que mantinham esse tipo de tratamento em países de baixa e média renda
(UNAIDS 2011).
O momento de iniciar a terapia anti-retroviral ainda é uma questão em debate (Vogel;
Spengler & Sauerbruch, et al. 2010). A Organização Mundial da Saúde (OMS), governos
europeus e os Estados Unidos recomendam que os anti-retrovirais sejam administrados em
todos os adolescentes, adultos e mulheres grávidas com uma contagem de CD4 inferior a
350/μl ou aqueles com apresentação de sintomas, independentemente da contagem de CD4.
Isto é apoiado pelo fato de que, se o tratamento for iniciado neste nível, o risco de morte é
reduzido. Em adição, os Estados Unidos recomendam o tratamento para todas as pessoas
infectadas com HIV, independentemente da contagem de CD4 ou da apresentação de
sintomas, no entanto, faz esta recomendação com menos convicção para aqueles com
contagens mais elevadas (PAGAA, 2009).

A OMS também recomenda o tratamento para aqueles que estão co infectados com
tuberculose ou com hepatite B crónica e activa (WHO, 2010). Uma vez iniciado o tratamento,
recomenda-se que a administração dos medicamentos continue sem interrupções. Muitas
pessoas são diagnosticadas apenas após o momento de quando o tratamento ideal deveria ter
começado (Vogel, et al., 2010).
O resultado de longo prazo esperado da terapia é uma contagem de plasma HIV-RNA abaixo
das 50 cópias/μL. Níveis para determinar se o tratamento é eficaz são inicialmente
recomendados depois de quatro semanas do seu início e, quando os níveis caem abaixo de 50
cópias/μL, são recomendados exames médicos a cada três a seis meses (Vogel, et al., 2010).
O controlo é considerado inadequado quando a taxa for maior do que 400 cópias/μL. Com
base nestes critérios, o tratamento é eficaz em mais de 95% dos pacientes durante o primeiro
ano. Entre os benefícios da terapia anti-retroviral estão a diminuição do risco de desenvolver a
12

AIDS e a diminuição do risco de morte (When To Star; Ledergerber, B & Saag, M, Smith, et
al., 2009).

Com o tratamento, o risco de contrair tuberculose cai em cerca de 70%. Entre os benefícios
adicionais estão a diminuição do risco de transmissão da doença aos parceiros sexuais e uma
diminuição da chance de transmissão da mãe para o filho. A eficácia da terapia depende, em
grande parte, da manutenção correta do tratamento. Entre as razões para a não adesão aos
anti-retrovirais por portadores do HIV estão a falta de acesso a assistência médica, apoio
social inadequado, doenças mentais e abuso de drogas. A complexidade dos regimes de
tratamento (devido ao número de comprimidos e à frequência de administração) e os efeitos
adversos podem reduzir a adesão dos pacientes à terapia.

Para os pacientes entre um e cinco anos de idade, os Estados Unidos recomendam o


tratamento para aqueles com contagens de HIV-RNA superiores a 100 000 cópias/μL.
Naqueles com mais de cinco anos, a terapia é indicada quando a contagem de CD4 for menor
que 500/μl (WHO, 2010).

8. Factores de género que condicionam a doença e o tratamento


Não se desenvolve AIDS apenas ao conviver socialmente com um seropositivo. Apertar a
mão, abraçar ou compartilhar o uso de utensílios domésticos não traz nenhum risco de
contágio. No entanto, o estigma da AIDS persiste no mundo em uma variedade de maneiras,
como através do ostracismo, da rejeição e da discriminação de pessoas portadoras do HIV
(UNAIDS, 2006). O medo da violência e do preconceito impede que muitas pessoas que
procuram fazer o teste clínico, retornem para ver o resultado ou iniciem o tratamento,
transformando o que poderia ser uma doença crónica tratável em uma sentença de morte, além
de perpetuar a propagação do vírus (Ogden J & Nyblade L., 2005).

O estigma pode ser dividido em três categorias:

Reflexo do medo e do receio de que possam ser associadas com alguma doença mortal
e transmissível (Herek GM & Capitanio JP, 1999);
O uso do HIV/AIDS para expressar atitudes em relação a grupos sociais e estilos de
vida que alguns acreditam estarem associados com a doença (Herek GM & Capitanio
JP, 1999);
Estigmatização de pessoas ligadas à questão do HIV/AIDS ou pessoas HIV positivas
(Snyder M; Omoto AM & Crain AL., 1999).
13

Muitas vezes, o estigma da AIDS é expresso em conjunto com um ou mais estigmas,


particularmente aqueles associados com homossexualidade, bissexualidade, promiscuidade,
prostituição e uso de drogas intravenosas.

9. Prevenção
O uso de preservativos reduz o risco de transmissão de HIV em cerca de 80% a longo prazo
(Crosby, R & Bounse, S., 2012). Quando os preservativos são utilizados de forma consistente
por um casal em que uma das pessoas está infectada, a taxa de contaminação por HIV é
inferior a 1% por ano (OMS, 2003). Há algumas evidências que sugerem que o preservativo
feminino pode oferecer um nível de protecção equivalente.
A circuncisão na África subsaariana "reduziu a contaminação de HIV por homens
heterossexuais entre 38% e 66% em 24 meses (Siegfried; Muller & Volmink, et al., 2009).
Com base nesses estudos, a Organização Mundial de Saúde e a UNAIDS recomendaram em
2007 a circuncisão como um método válido de prevenção da transmissão de HIV da mulher
para o homem. A eficácia desse método na protecção contra a transmissão de homem para
mulher ainda é contestada e os benefícios da circuncisão nos países desenvolvidos e entre
homens que fazem sexo com homens ainda são indeterminados (Kim & Li Goldstein, 2010).

Programas de incentivo a abstinência sexual não parecem afectar o risco de contaminação por
HIV. Evidências de benefícios em educação de casais também são igualmente pobres. No
entanto, uma educação sexual abrangente, desde a escola, pode diminuir os comportamentos
de alto risco (Ljubojević, S & Lipozencic, J., 2010). Uma minoria significativa de jovens
continua a se envolver em práticas de alto risco, apesar de saberem sobre a existência e as
consequências da AIDS, subestimando seu próprio risco de se infectar com o HIV. Não se
sabe se o tratamento de outras doenças sexualmente transmissíveis é eficaz na prevenção do
HIV.

9.1. Pré-exposição
O tratamento de pessoas infectadas com HIV, cuja contagem de células CD4 for igual ou
maior que 350 células/μL, com anti-retrovirais protege 96% dos seus parceiros sexuais contra
a infecção (Anglemyer; Rutherford & Baggaley et al.,2011). Trata-se de uma redução de 10 a
20 vezes no risco de transmissão. Algumas precauções universais dentro do ambiente de
assistência de saúde são consideradas eficazes na redução do risco de contaminação por HIV
(CDC, 1987). O uso de drogas injectáveis é um importante factor de risco e estratégias de
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redução de danos, como programas de troca de agulhas e de terapia de substituição de


opiáceos, parecem ser eficazes em diminuir este risco.

9.2. Pós-exposição
A administração de anti-retrovirais dentro de 48 a 72 horas após a exposição ao sangue ou
secreções genitais de uma pessoa infectada pelo HIV é o período referido como profilaxia
pós-exposição (PPE). A utilização de um único anti-retroviral, a zidovudina, reduz o risco de
uma infecção por HIV em cinco vezes após um ferimento por picada de agulha. Em 2013, o
regime de prevenção recomendado nos Estados Unidos consistia em três medicamentos:
tenofovir, emtricitabina e raltegravir, alcançando uma redução ainda maior do risco (Kuhar &
Henderson, et al., 2013).
O tratamento PPE é recomendado após uma agressão sexual quando sabe-se que o agressor
seja HIV positivo, mas é controverso quando o seu estado sorológico é desconhecido (Linden,
JA (2011).

9.3. Mãe-filho
Programas de prevenção da infecção perinatal pelo HIV (de mãe para filho) podem reduzir as
taxas de transmissão de 92 a 99%. A prevenção é principalmente usar uma combinação de
medicamentos antivirais durante a gravidez e após o nascimento do bebé, além de usar
mamadeiras ao invés de amamentar a criança. Se a substituição da alimentação é aceitável,
factível, acessível, sustentável e segura, as mães devem evitar amamentar seus bebés; a
amamentação exclusiva porém é recomendada durante os primeiros meses de vida, se este não
for o caso. Se a amamentação exclusiva é realizada, o fornecimento de profilaxia anti-
retroviral prolongada ao lactente diminui o risco de transmissão do vírus.

9.4. Vacinação e cura


Em 2011, o Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha, anunciou ter criado uma
vacina que foi capaz de criar uma resposta imunológica contra o vírus HIV em 90% dos
voluntários, mantendo seu efeito após um ano em 85% deles.

Em Julho de 2019, os cientistas conseguiram eliminar o DNA da AIDS inteiramente do


genoma de um animal vivo. O tratamento suprimiu a replicação do HIV, seguido por uma
rodada de terapia de edição genética. Quando administrada sequencialmente, esta terapia
combinada eliminou o HIV das células e órgãos de animais infectados.
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10. Conclusão
O HIV infecta os linfócitos T CD4, um tipo de células brancas do sangue, debilitando o
sistema imunológico, o que faz com que o indivíduo afectado torne-se susceptível a sofrer de
infecções que podem levar à morte. Na ausência de tratamento específico, cerca de metade
das pessoas infectadas com HIV desenvolvem AIDS cerca de dez anos após a contaminação.
As pessoas com AIDS frequentemente têm sintomas sistêmicos, como febre prolongada,
suores (especialmente à noite), inchaço dos gânglios linfáticos, calafrios, fraqueza e perda de
peso.

Nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) a doença é presente.


Especificamente no contexto Moçambique, a taxa de prevalência do HIV é de cerca de 16%
da população, ou cerca de 1,6 milhão de pessoas que convivem com a epidemia do vírus no
país. O diagnóstico de AIDS em uma pessoa infectada com o HIV é baseado na presença de
certos sinais ou sintomas. Nos países em desenvolvimento é usado o sistema de estadiamento
da OMS para infecção pelo HIV e para a doença, através de dados clínicos e de laboratório.
Em países desenvolvidos, o sistema de classificação do Centro de Controlo e Prevenção
(CDC) é usado World Health Organization. Os únicos métodos conhecidos de prevenção
baseiam-se evitar a exposição ao vírus ou, na falta disto, um tratamento anti-retroviral
directamente após a exposição, chamada profilaxia pós-exposição “PEP” (Hamlyn &
Easterbrook, 2007). O momento de iniciar a terapia anti-retroviral ainda é uma questão em
debate.

Não se desenvolve AIDS apenas ao conviver socialmente com um seropositivo. No entanto, o


estigma da AIDS persiste no mundo em uma variedade de maneiras, como através do
ostracismo, da rejeição e da discriminação de pessoas portadoras do HIV. O medo da
violência e do preconceito impede que muitas pessoas que procuram fazer o teste clínico,
retornem para ver o resultado ou iniciem o tratamento, transformando o que poderia ser uma
doença crónica tratável em uma sentença de morte, além de perpetuar a propagação do vírus.
O uso de preservativos reduz o risco de transmissão de HIV em cerca de 80% a longo prazo.
Quando os preservativos são utilizados de forma consistente por um casal em que uma das
pessoas está infectada, a taxa de contaminação por HIV é inferior a 1% por ano. Há algumas
evidências que sugerem que o preservativo feminino pode oferecer um nível de protecção
equivalente. No entanto, uma educação sexual abrangente, desde a escola, pode diminuir os
comportamentos de alto risco.
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11. Referências bibliográficas


1. AIDSPortugal (ed.). Epidemia de VIH nos países de língua oficial portuguesa.
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