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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ENFERMAGEM

LUCAS VENTURINI DOS SANTOS

OS FATORES IDENTIFICADOS PELOS PROFISSIONAIS DE


ENFERMAGEM FRENTE AOS CUIDADOS PALIATIVOS

CAMPINAS

2016
LUCAS VENTURINI DOS SANTOS

OS FATORES IDENTIFICADOS PELOS PROFISSIONAIS DE


ENFERMAGEM FRENTE AOS CUIDADOS PALIATIVOS.

Projetos de Pesquisa apresentados como


Exigência da disciplina de projeto técnico
Cientificam interdisciplinar do curso de
Enfermagem, campus Swift, instituto de
Ciências da saúde da universidade Paulista-
UNIP.

Orientadora: Prof: Ana Carolina L.Ottoni


Gothardo.

CAMPINAS

2016

2
RESUMO

Os fatores identificados pelos profissionais de enfermagem frente aos


cuidados paliativos

Autor: Venturini, L.S

Orientador: Profª Msª Ana Carolina L. Ottoni Gothardo

Disciplina: Produção Técnico-científico Interdisciplinar. Curso de Enfermagem –


UNIP

Com o nascimento do ato de cuidar, os limites da vida e da morte se


tornarão mais estreitos, mas com a evolução das tecnologias e o aparecimento de
novas doenças o papel dos profissionais de enfermagem se tornou mais presente no
ato de viver e morrer O objetivo desse estudo e avaliar como os profissionais de
enfermagem agem perante a um paciente em estado terminal, e nos cuidados
paliativos. Trata-se de um estudo bibliográfico, documental e quantitativo, onde
foram selecionados 30 artigos, A seleção dos artigos bibliográficos foi realizada por
meio da revisão nacional nas bases de dados do Ministério da Saúde, Public
Medline (PUBMED), Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), Scientific Electronic
Library Online (SCIELO) e Biblioteca Digital de Enfermagem (BDENF), entre os anos
de 2005 há 2015. As informações obtidas foram armazenadas no software aplicativo
Microsoft Word e Excel verificou-se um aumento nos casos de doenças que levam a
teminalidade na população, brasileira nos últimos 20 anos, sendo entre o maior
numero de caso de câncer ao ano 10% ao ano de acordo com dados da (OMS)
organização mundial de saúde. Foram encontradas desse modo as dificuldades que
são apresentadas por profissionais de enfermagem, no cuidado a esses pacientes,
sendo definidos desde a falta de preparo como treinamento, a conflitos internos.
Diante desse cenário verifica-se a necessidade de melhoria nos estudos e
treinamentos dos profissionais de enfermagem, nas praticas do cuidado paliativo.

DECS: Morrer e viver com dignidade, Cuidados paliativos, Enfermagem


perante a morte, Dilemas éticos.

3
ABSTRACT

The factors identified by nursing professionals face the palliative care.

Author: Venturini, L.S

Advisor: Prof. Msª Ana Carolina L. Ottoni Gothardo

Discipline: Production Technical-Scientific Interdisciplinary. Nursing Course – UNIP

With the birth of caring, the limits of life and death will become narrower, but
with the evolution of technology and the emergence of new diseases the role of
nursing professionals has become more present in the act of living and dying The
goal this study and evaluate how nursing professionals act before a terminally ill
patient and palliative care. This is a bibliographical, documentary and quantitative
study, where we selected 30 articles, Selection of bibliographic items was performed
by the National Review in the Ministry of Health databases, Public Medline
(PubMed), Virtual Health Library ( BIREME), Scientific Electronic Library Online
(SciELO) and Digital Library of Nursing (BDENF), between the years 2005's 2015.
the information obtained were stored in Microsoft Word and Excel software, there
was an increase in cases of diseases that lead the teminalidade the population,
Brazil in the last 20 years, among the highest number of cases of cancer per year
10% per year according to data from the (WHO) world health organization. Found
thus the difficulties that are presented by nursing professionals in the care of these
patients, defined from the lack of preparation and training, internal conflicts. In this
scenario there is a need for improvement in education and training of nursing
professionals in the practice of palliative care.

DECS: Die and live with dignity, palliative care, nursing before death,
ethical dilemmas

4
ILUSTRAÇÕES
QUADROS 14
Quadro1: Evolução do tratamento: percentual total
de casos tratados
Quadro2: Base de dados para desenvolvimento de 29
pesquisa
Quadro3: Sobre carga nos profissionais de 39
enfermagem.
GRAFICOS
Grafico1: Características epidemiologia do câncer:
15
relação de crescimento de novos casos ao ano
Gráfico2: Características dos artigos sobre cuidados 35
de enfermagem nos cuidados paliativos em
pacientes terminais

Gráfico3: Características dos artigos sobre cuidados 35


de enfermagem no cuidados paliativos em pacientes
terminais
Grafico4: Fatores que dificultam os profissionais de 36
enfermagem na atuação dos cuidados paliativos.
Gráfico5: Necessidades dos familiares identificadas 37
pelos profissionais de enfermagem
Grafico6: Dados retirados do art. “Espiritualidade e 41
religiosidade na perspectiva de enfermeiros

5
LISTA DE SIGLAS
OMS: Organização mundial de saúde.
INCA: Instituto nacional do câncer
SIM: Ministério da saúde

6
SUMARIO
1. Introdução 2
1.1 O estado terminal
1.2 Instituto nacional do câncer – INCA 3
1.3 A Doença oncológica 4
1.4 Realidade epidemiologia mundial e brasileira 7
1.5 Tratamento 7
1.5.1 Tratamento Local 9
1.5.2 Terapia Sistêmicas 10
1.6 O profissional de enfermagem e os cuidados paliativos 12
1.7 Dilemas eticos 14
1.7.1 Eutanasia
1.7.2 A Favor 15
1.7.3 Contra
1.7.4 Distanasia 16
1.7.5 Ortotanasia 17

2. Problema 18
3. Hipóteses
4. Objetivos 19
5. Metodologia
5.1 Tipo de pesquisa 20
5.2 Seleção das referencias bibliográficas
5.3 Dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido
6. Resultados 21
7. Discussão 22
8. Conclusão 22
Bibliografia 23
Anexos 24

7
1-INTRODUÇÃO
1.1 O ESTADO TERMINAL.

Terminal do latim: “Terminus”, final de algo ou algum lugar; na definição da


língua portuguesa: Que termina, que marca o fim 1.
O termo doença terminal é utilizado para designar o estágio da doença em
que não há mais possibilidade de se restabelecer a saúde, na fase terminal, em que
o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se impõe para, através
de seusprocedimentos2.
A conceituação de paciente terminal não é algo simples de ser estabelecido,
embora frequentemente nos deparemos com avaliações consensuais de diferentes
profissionais. Talvez, a dificuldade maior esteja em objetivar este momento, não em
reconhecê-lo. A terminalidade parece ser o eixo central do conceito em torno da qual
se situam as consequências. É quando se esgotam as possibilidades de resgate das
condições de saúde do paciente e a possibilidade de morte próxima parece
inevitável e previsível. O paciente se torna “irrecuperável” e caminha para a morte,
sem que se consiga reverter este caminhar2.
A morte faz parte do desenvolvimento humano desde a mais tenra.
Indivíduos de todas as idades, ao se defrontarem com a morte, colocam em questão
a própria vida, com seus medos, angústias e possibilidades. Quando falamos de
uma doença crônica grave, como um câncer, a morte tornasse assunto presente
desde o diagnóstico, permeando todo o tratamento e se estendendo até mesmo ao
pós tratamento, quando há cura ou a morte de fato. 2
O término de uma terapia curativa para o câncer não significa o final de um
tratamento ativo, mas mudanças em focos de tratamento. A OMS enfatiza que o
tratamento ativo e o tratamento paliativo não são mutuamente excludentes e propõe
que "muitos aspectos dos cuidados paliativos devem ser aplicados mais cedo, no
curso da doença, em conjunto com o tratamento oncológico ativo" e são aumentados
gradualmente como um componente dos cuidados do paciente do diagnóstico até a
morte. A transição do cuidado ativo para o cuidado com intenção paliativa é um
processo contínuo e sua dinâmica difere para cada paciente 2.
Um paciente que se encontra em uma situação onde já não e mais possível
a cura, tende a ser abandonado com somente os tratamentos para dar alivio aos sua
dor, hoje a muitos estudos que visão a melhora nesse atendimento não somente
8
vendo o paciente como “um caso perdido” mas sim como um ser vivente que esta
passando pelo fim da vida3.

1.2 INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER – INCA

Nascido em 13 de janeiro de 1937, o Presidente Getúlio Vargas assina o


decreto de criação do Centro de Cancerologia no Serviço de Assistência Hospitalar
do Distrito Federal, no Rio de Janeiro, para o cargo de diretor é nomeado o Dr. Mário
Kroeff, um dos pioneiros da pesquisa e tratamento do câncer no Brasil. As
instalações do Centro seriam inauguradas pouco mais de um ano depois, em 14 de
maio de 1938, com 40 leitos, um bloco cirúrgico, um aparelho de raios-X e outro de
radioterapia. Mesmo após 77 anos o instituto ainda é o centro de referencia no
tratamento e rastreamento do câncer no Brasil o Instituto Nacional de Câncer (INCA)
é o órgão que auxilia o Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das
ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil ².
Essas ações compreendem a assistência médico-hospitalar, prestada direta
e gratuitamente aos pacientes com câncer como parte dos serviços oferecidos pelo
Sistema Único de Saúde, e a atuação em áreas estratégicas, como prevenção e
detecção precoce, formação de profissionais especializados, desenvolvimento da
pesquisa e geração de informação epidemiológica, também é responsável por
rastrear os casos de câncer e seus agravos e evoluções. O INCA coordena vários
programas nacionais para o controle do câncer e está equipado com o mais
moderno parque público de diagnóstico por imagem da América Latina 2.
Assim dessa maneira o INCA vem desempenhando um importante papel no
desenvolvimento das ações nacionais orientadas para a prevenção eo controle do
câncer; entre elas, destacam-se as ações relacionadas a vigilância do câncer, cuja
base para o fornecimento de informações necessárias para o planejamento, a
gestão e a definição de prioridades são obtidas por meio dos registros de câncer, e
do sistema de informação sobre mortalidade (SIM), do ministério da saúde,
centralizado nacionalmente peça secretaria de vigilância a saúde 2.
Entre as ações especificas de vigilância do câncer, encontram-se a
estruturação e o aprimoramento permanente dos sistemas especial idos de
informação sobre câncer- os registros de câncer, assim como a elaboração e a
divulgação das informações por eles produzidas, assim como e o principal
9
patrocinador de pesquisas de tratamentos e combate ao câncer, com
reconhecimento nacional e internacional, e reconhecido como órgãos como a OMS
(Organização Mundial de Saúde) e a ONU (Organização das Nações Unidas) 2.
Atualmente o INCA realiza 36 mil atendimentos por ano, com o diagnostico,
tratamento de tumores e agravantes dessa maneira são atendidos uma media de
3.000 paciente por mês. Um dados interessante de acordo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) a população brasileira supera os 204 milhões
de habitantes, ou seja cerca de 1% da população Brasileira e atendida todos os
anos.2

10
1.3 A DOENÇA ONCOLÓGICA

O termo Oncologia se define como o estudo e tratamento do processo do


câncer como sintomas e desenvolvimento dele; Dessa maneira Câncer é o nome
dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento
desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo
espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente,
estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a
formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas 3.
O conjunto de segmentos do câncer tem seu surgimento nas células, que
são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte mais externa; o
citoplasma (o corpo da célula); e o núcleo, que contêm os cromossomos, que, por
sua vez, são compostos de genes, que são arquivos que guardam e fornecem
instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no
organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa
"memória química". É através do DNA que os cromossomos passam as informações
para o funcionamento da célula. Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA
dos genes. É o que chamamos mutação genética. As células cujo material genético
foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades; Quando
esse erro corre os protooncogenes transformam-se em oncogênese, responsáveis
pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são
denominadas cancerosas².
No estagio da descoberta da doença ate o fim, o paciente passara por
grandes mudanças tanto físicas quanto psicológicas¹¹; A equipe de enfermagem
deve esta ciente dessas mudança o e como elas vao interferir no cuidado e no
relacionamento como o paciente e familiares¹².
Após a confirmação de um diagnostico o paciente pode começar a realizar
as seções de quimioterapia e radioterapia, que vão causar mudanças no paciente
com a queda de cabelo, perda de peso, enjoo, o paciente pode apresentar odor
desagradável , pois o corpo vai liberar os químicos pelos poros, mutilações (casos
de cirurgias), isso também irar causar mudanças psicológicas no paciente como a
distorção da própria imagem com frases como “ estou feio”, “olha só pra mim, me
tornei um mostro”, “nunca mais poderei ficar sem camisa”, ”usar biquíni”, “Meu
cabelo nunca mais crescera novamente” mesmo em pacientes que não se encontra
11
em situação terminal vão se deparar com essas fazes , cabe ao profissional de
enfermagem notar essas mudanças e orientar os pacientes sobre as mudanças e
dar apoio a família, mostrando que algumas mudanças são temporárias como a
queda de cabelos, etc ⁵⁻⁶.
Os sintomas variam de acordo com a evolução da doença e sua localização
e muito difícil saber como o paciente vai reagir, mas nas maiorias dos casos seca de
87% em pacientes com a doença avançada podem apresentar⁵⁻⁶-14:
 Cefaleias (efeitos colaterais de quimioterapia, tumores no sistema
nervoso)14
 Enjoo e perca de peso (quando realiza quimioterapia/ tumores no
sistema digestório)14
 Mudanças de humor (mais comum com tumores no na região do cérebro
e reações adversas da quimioterapia)14
 Cegueira( tumores no sistema nervoso, nervos óticos)14
 Perca de força muscular e óssea (tumores no esqueleto)14
 Perca de consciência e confusão mental(tumores no sistema nervoso)
14
.
 Dificuldade respiratória ( tumores no sistema respiratórios)14.
 Fadiga(tumores no sistema linfático,respiratórios,digestível,cardíaco) 14.
 Hemorragias (tumores no sistema Hepático)14.
 Falhas renais14.
 Mialgia, autragia14.
Já nas fases psicológicas o paciente pode se deparar com dilemas físicos e
emocionais, como seu corpo passara por mudanças a sua mente também passara
como para autora e pesquisadora Elizabeth Kübler-Ross, que foi a pioneira em
descrever as atitudes e reações emocionais suscitadas pela aproximação da morte
em pacientes terminais, reações humanas que não dependem de um aprendizado
só cultural. Seus trabalhos descrevem a identificação dos cinco estágios que um
paciente pode vivenciar durante sua terminal idade, que são: negação, raiva,
barganha, depressão e aceitação, que serão discutidas de maneira individual; ⁶
 Negação pode ser uma defesa temporária ou, em alguns, casos pode
sustentar-se até o fim. O paciente desconfia de troca de exames ou competência da
equipe de saúde. Geralmente o pensamento que traduz essa defesa é: “não, eu não,
é verdade”⁶
12
 A raiva é a fase na qual surgem sentimentos de ira, revolta, e
ressentimento: “porquê eu?”. à medida que a negação vai se atenuando, a pessoa
começa a experimentar muita raiva, que normalmente é dirigida ao médico, ao
enfermeiro, aos visitantes, aos familiares, a Deus, etc. As pessoas não devem se
chocar com esta reação; é importante entender, pois o enfermo sofre com o fato de
que os outros permanecerão vivos.⁶
 A barganha ou “momento da religiosidade”, e onde o doente faz
promessas por um prolongamento da vida ou alguns dias sem dor ou males físicos.
constata-se o desejo do paciente em realizar acordos por um pouco mais de tempo,
fazendo pactos consigo mesmo e/ou com Deus; fazem promessas materiais,
negociam com a própria morte , podem estar associadas a uma culpa recôndita. ⁶
 A depressão ao final do tempo da barganha, o paciente passa à
depressão. Ele já não prevê mais possibilidades, a vida acabou. Entra num período
de silêncio interior, fechado. Este estágio costuma provocar culpa e outros
sentimentos de aflição. Neste período é importante que os familiares sejam
estimulados a manifestar seus sentimentos.. ⁶

 E por fim a aceitação, ha ditados populares antigos diz que a


aceitação e o primeiro passo pra cura, já no caso de um paciente que esta frente a
frente com seu fim, pode significar paz. E onde o paciente passa a aceitar a sua
situação e seu destino. É o período em que a família pode precisar de ajuda,
compreensão e apoio, à medida que o paciente encontra uma certa paz e o círculo
de interesse diminui. No entanto, há pacientes que mantém o conflito com a morte,
sem atingir esse estágio. ⁶
Não há uma ordem para a ocorrência dessas manifestações, tão pouco uma
cronologia, sendo que o paciente pode vivenciar mais de uma destas fases,
concomitantemente, num mesmo período ou até mesmo não vivenciar algumas
delas. Estas fases são como mecanismos de defesa para enfrentar o processo
desconhecido do morrer, em que os conflitos de ordem emocional, material,
psicológica, familiar, social, espiritual, entre outros, surgem de forma acentuada,
afetando diretamente o relacionamento com a equipe de saúde ⁶.
É também relevante o aspecto emocional dos profissionais de saúde, pois
esses também criam mecanismos de defesa que os auxiliam no enfrentamento da
morte e do processo de morrer⁷. Por serem preparados para a manutenção da vida,
13
a morte e o morrer, em seu cotidiano, suscitam sentimentos de frustração, tristeza,
perda, impotência, estresse e culpa em geral, o despreparo leva o profissional a
afastar-se da situação⁶⁻⁷⁻¹⁰. A Enfermagem tem como estabelecer uma
comunicação mais estreita a partir da relação do cuidado e, por consequência,
conhecer melhor o paciente como pessoa, pois se encontra mais presente durante o
estágio terminal; As solicitações dos pacientes em estágio final, algumas vezes, são
difíceis de compreender, e por isso o enfermeiro deve possuir os conhecimentos e
habilidades de comunicação para decodificar informações essenciais, diminuindo a
aflição de quem está morrendo e proporcionando um cuidado de qualidade. Neste
contexto, as habilidades de comunicação para abordar o processo de morte são um
instrumento necessário que viabiliza ao profissional identificar qual das cinco fases
do processo de morrer, como indicam os trabalhos de Kübler-Ross, o paciente se
encontra, e assim, auxiliar de forma qualitativa e integral na sua assistência. ⁶⁻⁹⁻¹⁰.
Historicamente, o câncer é visto como uma doença que leva fatalmente à
morte. Apesar dos enormes progressos da medicina nas últimas décadas em
relação ao tratamento do câncer, como procedimentos cirúrgicos e farmacológicos e
o advento da radioterapia, ainda assim ele carrega o estigma de doença fatal 13.
Todos morrem – é fato. Como humanos, diferenciamo-nos dos outros seres
justamente pela consciência sobre a finitude de nossa existência . O significado do
fenômeno da morte não se esgota em sua dimensão natural ou biológica. Ela
comporta, também, como qualquer fato da vida humana, uma dimensão sócial 10-13.

14
1.4 REALIDADE EPIDEMIOLOGIA MUNDIAL E BRASILEIRA

Estima-se que “Oito milhões de pessoas morrem de câncer todos os anos no


mundo e esse é um número que vem crescendo cada dia, podendo ter um aumento
de 10% ao ano, pelos próximos 15 anos”¹, mas dessa maneira só ano de 2013 no
Brasil 176.098 pessoas vieram a perecer frente tal doença, “em 2015 estima-se que
serão registrados 520mil novos casos”¹.
De acordo com os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), a seis
tipos de cânceres que a presentão um aumento considerável nos casos de
diagnósticos, sendo eles o câncer de Pulmão, Mama, Colo-retal, Estomago, Fígado
e o mais raro que apresentou um aumento nos ultimo anos e o Melanoma (câncer
de pele)3.

1,400,000

1,200,000

1,000,000

800,000

600,000

400,000

200,000

0
Pulmões Mama Colo-Retal Estomago Fígado Melanoma

Gráfico1: Características epidemiologia do câncer: relação de crescimento


de novos casos ao ano. INCA (instituto nacional do câncer), disponível em
(www.inca.gov.br)
 O câncer de Pulmão: e visto como um dos mais perigosos tenta como
principal causa de desenvolvimento por meios externos, como o tabagismo e
poluição3.
 Câncer de mama: hoje no Brasil é o que mais fazem vitima, apesar de
ser facilmente diagnosticados, através de exames simples. Ele tem uma
característica genética, ou seja, hereditários, mas também pode ser causado por
meios externos como uso de hormônios, por exemplo, atinge uma população acimas
dos 40 anos, mas que vem apresentando uma taxa de decaimento no fator idade,
aparecendo cada vez mais sedo entre a população 3.

15
 Câncer de Colo e reto: Considerado um inimigo silencioso, pois seu
diagnóstico costuma ser tardio, pois seus sintomas só aparecem quando a doença
esta avançada, causando assim uma maior dificuldade no tratamento 3.
 Estomago: este apresenta um grau elevado de complicação no seu
tratamento, pela sua localização e sua função, sendo que nos tratamento
convencionais e o que mais apresenta efeitos colaterais 3.
 Câncer de Fígado: considerado de grande risco, pois todo seu
tratamento apresenta um grande risco para o paciente, mas seus motivos estão
associados basicamente exclusivamente causado por meios externos como o uso
abusivo de álcool e drogas sejam elas legais como medicamentos ou ilegais de
maneira geral3.
 Melanoma: Apesar de se considerado raro, ele vem tendo um aumento
nos últimos anos, o popular câncer de pele, este mais associado a meios externos
como radiação solar do que causa interna como genética, por exemplo, e seu
diagnostico costuma ser lento, pois seus sintomas não são massivos 3.
Quadro 1: Evolução do tratamento: Percentual total de casos tratados.
Fonte: Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) disponível
em (www.inca.gov.br)
Localização primária 1994-1998 2008-2014
Brônquios e pulmões 12,6 13,09
Estomago 10,33 7,08
Mama 7,3 6,44
Colón 4,15 4,87
Fígado e vias biliares intra-hepáticas 4,16 4,57
Reto 1,71 5,19
Melanoma maligno da pele 0,83 0,84
Junção reta sigmoide 0,2 0,85
Intestino delgado 0,24 0,38
Ánus e canal anal 0,11 0,35
Nos dias atuais os tratamentos se tornaram muito melhor, pois estão mais
modernos eficientes, com a evolução na produção de fármacos e tecnologia de
tratamentos, proporcionado assim uma melhor recuperação do paciente e causando-
lhe menos danos ao seu organismo¹.

16
1.5 TRATAMENTOS.

O tratamento oncológico é sempre muito individualizado. É importante


observar as necessidades e possibilidades terapêuticas de cada paciente com
câncer. O tratamento pode ter intenção curativa ou paliativa (alívio dos sintomas,
com vistas a uma melhora da sobrevida e da qualidade de vida). Pode ser feito por
cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, de forma isolada ou combinada, dependendo
do tipo celular do órgão de origem e do grau de invasão do tumor. Ou seja, as
variações são muitas3.
As decisões terapêuticas e a programação do tratamento tomadas no Centro
de Combate ao Câncer são baseadas no sistema conhecido como “medicina
baseada em evidência”, considerado hoje a forma mais adequada de definir o
tratamento médico3.
O Centro de Combate ao Câncer utiliza os procedimentos de conduta
recomendados por entidades como a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC), a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), a National
Comprehensive Cancer Network (NCCN), o National Cancer Institute USA (NCI-
USA) e a European Society for Medical Oncology (ESMO) 3.
O tratamento pode ser dividido em duas modalidades sendo elas:
 Tratamento local: cirurgia e radioterapia.
 Tratamento sistêmico: quimioterapia.

1.5.1 TRATAMENTO LOCAL

Os tratamentos locais são aquelas onde é realizado um “ATAQUE” físico ao


tumor assim, dessa maneira retirando todo o tecido cancerígeno assim evitando que
ele se multiplique e espalhe sendo dividido em dois: Cirurgia e radioterapia visam
tratar o tumor no local, sem afetar o resto do organismo 3.
 Cirurgia: é a modalidade de tratamento mais antiga e, quando o tumor
encontra-se em estágio inicial e em condições favoráveis para a retirada, e a mais
efetiva, pois retira todo o tecido doente, assim evitando que a partir dele novas
celulares cancerígenas apareçam e se multiplique e espalhe para tecidos
saudáveis3.

17
 Radioterapia: A radioterapia é um tratamento no qual se utilizam
radiações ionizantes (raios-X, por exemplo), um tipo de energia direcionada, para
destruir ou impedir que as células do tumor aumentem. Essas radiações não são
visível e durante a aplicação o paciente não sente nada 3.
A maioria dos pacientes com câncer é tratado com radioterapia e os
resultados costumam ser positivos. O tumor pode desaparecer e a doença ficar
controlada ou curada. Em alguns casos, a radioterapia pode ser usada em conjunto
com a quimioterapia, que é o uso de medicamentos específicos contra o câncer.
Isso vai depender do tipo de tumor e da escolha do tratamento ideal para superar a
doença3.
Cada pessoa reage de forma diferente ao tratamento. Dependendo da área
a ser tratada, podem ou não surgir efeitos colaterais comuns à radioterapia. Por isso,
uma vez por semana é feita uma consulta de revisão 3.
Alguns efeitos indesejáveis são frequentes, independentemente da área do
tumor. Entre eles estão cansaço, reações de pele, perda de apetite e dor ao engolir.
Geralmente, aparecem ao final da segunda semana de aplicação e desaparecem
poucas semanas depois de terminado o tratamento. O médico ou enfermeiro devem
ser avisados sobre a existência de efeitos colaterais para que possam instruir o
paciente3.
De acordo com a localização do tumor, a radioterapia pode ser feita de duas
formas:
 Radioterapia externa ou teleterapia: A radiação é emitida por um
aparelho direcionado ao local a ser tratado com o paciente deitado. Geralmente são
aplicações diárias.
 Braquiterapia: Aplicadores são colocados pelo médico, próximo ao
tumor a ser tratado, e a radiação é emitida do aparelho para os aplicadores. Esse
tratamento é feito no ambulatório de uma a duas vezes por semana e pode requerer
anestesia3.

1.5.2 TERAPIA SISTÊMICA

O tratamento sistêmico são medicamentos administrados por via oral ou


diretamente na corrente sanguínea, para atingir as células cancerosas em qualquer
parte do corpo. A mais comum.
18
 Quimioterapia: A quimioterapia é um tipo de tratamento médico que
introduz na circulação sanguínea composta química, chamada quimioterápica, para
combater o câncer3.
Esses medicamentos se misturam com o sangue e são levados a todas as
partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e
impedindo que se espalhem pelo organismo. A quimioterapia pode ser empregada
como tratamento isolado ou combinado com radioterapia, cirurgia ou outro
procedimento indicado pelo médico, dependendo do tipo do tumor, sua localização e
o estágio da doença. O tratamento pode ser realizado durante a internação
hospitalar ou em ambulatório, em área especialmente preparada para esse fim 3.
A medicação pode ser administrada das seguintes formas:
 Via oral (pela boca): O medicamento é ministrado em forma de
comprimidos, cápsulas e líquidos;
 Intravenosa (pela veia): A medicação é aplicado na veia por meio de
cateter (um tubo fino colocado na veia), na forma de injeções ou diluído ao
soro.
 Intramuscular (pelo músculo): A medicação é aplicada por meio de
injeções no músculo.
 Subcutânea (abaixo da pele): A medicação é aplicada por meio de
injeção no tecido gorduroso acima do músculo.
 Intratecal (pela espinha dorsal): A aplicação é feita no líquor, o líquido
da espinha, sendo administrada pelo médico, em uma sala própria ou no
centro cirúrgico.
 Tópico (sobre a pele): O medicamento, líquido ou pomada, é aplicado
diretamente sobre a pele3.

A evolução dos tratamentos, nos dias atuais permite ao paciente levar um


vida quase normal, onde como o organismo e afetado e visando o menor efeito
colateral do tratamento, se o paciente seguir as orientações medica como repouso, a
alimentação, ele poderá encontra algum conforto nos dias de tratamento 3.

19
1.6 O PROFISSINOAL DE ENFERMAGEM E OS CUIDADOS PALIATIVOS

Hoje no Brasil cerca de 46.658 novos profissionais de enfermagem são


formados ao ano.”5, mas será que tais profissionais estão preparados para lidar com
os pacientes e familiares? Autores descrevem que muitos profissionais não tem
esse preparo, assim como apresentam dificuldades na identificação dos cinco
estágios da morte que são: “negação, raiva, barganha, depressão e aceitação” que
serão tratadas futuramente 6.
As definições da OMS estabelecem princípios importantes por reconhecer
que os cuidados paliativos têm como prioridade o valor da dignidade do indivíduo, ou
seja, considera a pessoa um todo, não apenas sob o ponto de vista do diagnóstico
ou da doença11.
A medicina moderna implica uma perspectiva holística, sendo muito mais
copiosa e profunda do que uma mera sintomatologia. Dentro deste contexto, foram
propostos cinco princípios éticos da medicina paliativa relevantes na atenção dos
pacientes terminais, a saber4.
• Veracidade: respeito constante à verdade. Fundamentado nas relações de
confiança interpessoais. Significa dizer a verdade ao paciente e seus familiares,
possibilitando a participação concreta deles nas tomadas de decisões.
• Proporcionalidade terapêutica: relação proporcional entre os meios
terapêuticos empregados e os resultados esperados. Este critério aborda o
julgamento das intervenções médicas no que diz respeito aos riscos e benefícios da
ação, a utilidade ou inutilidade da medida, levando em consideração o prognóstico e
os custos de ordem física, psicossocial e econômica.
• Duplo efeito: observa que a realização de um ato terapêutico tem dois
efeitos — um positivo e outro negativo. Receia-se que os efeitos negativos da
intervenção médica possam ser fatais, implicando em uma forma de eutanásia.
• Prevenção: prevenir e implementar ações para abordar possíveis
complicações inerentes à evolução clínica do paciente a fim de se evitar sofrimentos
desnecessários.
• Não abandono e tratamento da dor: o primeiro princípio diz ser
condenável afastar-se ou abandonar um paciente porque este se recusa a se
submeter a um determinado tipo de terapia que o médico considerou ser a mais

20
adequada opção de tratamento. O segundo diz que o paciente, nos momen tos de
dor, tem direito ao adequado tratamento álgico.
A palavra “paliativa” advém do latim pallium, que significa coberta ou manta.
Seu uso era empregado em situações de doença em que, na ausência de
tratamentos específicos curativos, os sintomas deveriam ser “acobertados” ou
“tapados”11.
A filosofia dos cuidados paliativos deve:
 Afirmar a vida e encarar o morrer como um processo normal;
 Não apressar nem adiar a morte;
 Procurar aliviar a dor e outros sintomas angustiantes;
 Integrar os aspectos psicológicos e espirituais nos cuidados do
paciente;
 Oferecer um sistema de apoio para ajudar os pacientes a viver
ativamente tanto quanto possível até a morte;
 Disponibilizar um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a
doença do paciente e com o seu próprio luto.
Um dilema apresentado por autores pode ser resumido nessa frase: “O pior
não e morrer com 17 anos, mais sim uma mãe perder seu filho com 17 anos” 1.
Então como prepara um profissional para lidar com uma situação assim? Onde não
só o envolvimento de um paciente mas também o envolvimento familiar; cuidados
paliativos têm como objetivo alívio dos sintomas, com vistas a uma melhora da
sobrevida e da qualidade de vida aos pacientes 8.
Dessa maneira os profissionais de enfermagem devem lidar com a morte e
o sofrimento dês pacientes, e também de seus familiares, autores escrevem que
sem o preparo devidos tais profissionais acabam proporcionado uma morte social
prematura ao paciente e familiares, sendo aquele momento em que há um
afastamento emociona dos paciente e familiares e de suas necessidades que vao
além de tratamento como medicamentos, pois dessa maneira como profissionais da
saúde se sente impotentes pois não pode proporcionar um adequado tratamento a
esse paciente, assim acredita que só resta ao paciente e deixa-lo esperando a
morte, esquecendo assim suas necessidades de espirito como companhia 4.
Cuidar de pacientes, em estado onde não é mais possível um tratamento
para cura, pode proporcionar uma grande dificuldade para a equipe, pois além do
despreparo físico e emocional perante a morte eminente, tais pacientes necessitam
21
de atendimento diferenciado, já que estão enfrentando agravos e dores, medos,
sentimentos, e o mesmo tempo o sofrimento daqueles que o cercam como familiares
e amigos que muitas vezes precisão de atenção como para expor seus sentimentos
⁶.
Por outro lado temos os familiares desse paciente que estão possivelmente
passando por uns dos piores momentos de suas vidas, pois estão assistindo um
ente querido partir, como alguns autores apresentam que muitos desse familiar tem
o sentimento de raiva, pois se sentem incapazes de fazer algo por aquele que ama 5,
mas estudos confirmam que presença de familiares e amigos proporcionam um
grande alivio aos sofrimento dos pacientes8.

22
1.7. DILEMAS ETICOS
1.7.1 EUTANASIA
Nos dias atuais dilemas ético sobre a morte e o direito de morrer vem se
tornado cada dia mais presente no meio das discussões de saúde mundiais, com o
nome popular de Eutanásia do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte", que é a
prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e
assistida por um especialista15.
 O dicionário Houaiss diz que eutanásia é “ato de proporcionar morte
sem sofrimento a um doente atingido por afecção incurável que produz dores
intoleráveis”.
 O dicionário Aurélio afirma que eutanásia é: “1. Morte serena, sem
sofrimento. 2. Prática pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida
dum enfermo reconhecidamente incurável”.
 O dicionário De Plácido e Silva considera que Eutanásia é “derivado do
grego eu (bom) e thanatos (morte) quer significar, vulgarmente, a boa morte, a morte
calma, a morte doce e tranquila“. 
Independentemente da forma de eutanásia praticada, seja ela legalizada ou
não (tanto em Portugal como no Brasil esta prática é considerada ilegal), ela é
considerada um assunto controverso, existindo sempre prós e contras – teorias
eventualmente mutáveis com o tempo e a evolução da sociedade, tendo sempre em
conta o valor de uma vida humana. Sendo eutanásia um conceito muito vasto, têm-
se aqui os vários tipos e valores intrinsecamente
associados: eutanásia, distanásia, ortotanásia, a própria morte e a dignidade
humana. 15
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a eutanásia pode ser dividida
em dois grupos: a "eutanásia ativa" e a "eutanásia passiva". Embora existam duas
"classificações" possíveis, a eutanásia em si consiste no ato de facultar a morte sem
sofrimento a um indivíduo cujo estado de doença é crônico e, portanto, incurável,
normalmente associado a um imenso sofrimento físico e psíquico 15.
A "eutanásia ativa" conta com o traçado de ações que têm por objetivo pôr
término à vida, na medida em que é planejada e negociada entre o doente e o
profissional que vai levar e a termo o pacto15.
A "eutanásia passiva" por sua vez, não provoca deliberadamente a morte, no
entanto, com o passar do tempo, conjuntamente com a interrupção de todos e
23
quaisquer cuidados médicos, farmacológicos ou outros, o doente acaba por falecer.
São cessadas todas e quaisquer ações que tenham por fim prolongar a vida. Não há
por isso um pacto que provoque a morte (tal como na eutanásia ativa), mas também
não há nenhum que a impeça (como na distanásia). É relevante distinguir eutanásia
de "suicídio assistido", na medida em que na primeira é uma terceira pessoa que
executa, e no segundo é o próprio doente que provoca o seu morte, ainda que para
isso disponha da ajuda de terceiros15.
Para quem argumenta a favor da eutanásia, acredita-se que esta seja um
caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem
qualidade de vida, um caminho consciente que reflete uma escolha informada, o
término de uma vida em que, quem morre não perde o poder de ser ator e agente
digno até ao fim15.
São raciocínios que participam na defesa da autonomia absoluta de cada ser
individual, na alegação do direito à autodeterminação, direito à escolha pela sua vida
e pelo momento da morte. Uma defesa que assume o interesse individual acima do
da sociedade que, nas suas leis e códigos, visa proteger a vida. A eutanásia não
defende a morte, mas a escolha pela mesma por parte de quem a concebe como
melhor opção ou a única15.

1.7.2 A FAVOR
A escolha pela morte não poderá ser irrefletida. As componentes biológicas,
sociais, culturais, económicas e psíquicas têm que ser avaliadas, contextualizadas e
pensadas, de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de
influências exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de
arrependimento15.
Quando uma pessoa passa a ser prisioneira do seu corpo, dependente na
satisfação das necessidades mais básicas; o medo de ficar só, de ser um "fardo", a
revolta e a vontade de dizer "Não" ao novo estatuto, levam-no a pedir o direito a
morrer com dignidade. Obviamente, o pedido deverá ser ponderado antes de
operacionalizado, o que não significa a desvalorização que tantas vezes conduz
esses homens e mulheres a lutarem pela sua dignidade anos e anos na procura do
não prolongamento de um processo de deteriora mento ou não evolução 15.

24
1.7.3 CONTRA
Muitos são os argumentos contra a eutanásia, desde os religiosos, éticos até
os políticos e sociais. Do ponto de vista religioso a eutanásia é tida como uma
usurpação do direito à vida humana, devendo ser um exclusivo reservado ao
Senhor, ou seja, só Deus pode tirar a vida de alguém. "algumas religiões, apesar de
estar consciente dos motivos que levam a um doente a pedir para morrer, defende
acima de tudo o caráter sagrado da vida,…" 15 .
Da perspectiva da ética médica, tendo em conta o juramento de Hipócrates,
segundo o qual considera a vida como um dom sagrado, sobre a qual o médico não
pode ser juiz da vida ou da morte de alguém, a eutanásia é considerada homicídio.
Cabe assim ao médico, cumprindo o juramento hipocrático, assistir o paciente,
fornecendo-lhe todo e qualquer meio necessário à sua subsistência 15.
"Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o
pedisse (…) nem é lícito sequer quando o doente já não estivesse em condições de
sobreviver" (Santo Agostinho in Epístola)
Outro dos argumentos contra, centra-se na parte legal, uma vez que
o Código Penal atual não especifica o crime da eutanásia, condenando qualquer ato
antinatural na extinção de uma vida. Sendo quer o homicídio voluntário, o auxilio ao
suicídio ou o homicídio mesmo que o pedido da vitima ou por "compaixão", punidos
criminalmente15.

1.7.4 DISTANASIA
Etimologicamente, distanásia é o oposto de eutanásia. A distanásia defende
que devem ser utilizadas todas as possibilidades para prolongar a vida de um ser
humano, ainda que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento se torne
demasiadamente penoso16-17.
Distanásia é a prática pela qual se prolonga, através de meios artificiais e
desproporcionais, a vida de um enfermo incurável. Também pode ser conhecida
como “obstinação terapêutica”16.
A distanásia representa, atualmente, uma questão de bioética e biodireito.
Este conceito insere-se no campo vasto da discussão do valor da vida humana e
da morte. Opõe-se àeutanásia e pode associar-se a conceitos como a ortotanásia, a
própria morte e a dignidade humana. A distanásia pode opor-se ao conceito de
eutanásia passiva16-17.
25
O termo distanásia foi proposto em 1904, por Morache 16, e tem sido
empregado para definir a morte prolongada e acompanhada de sofrimento,
associando-se à ideia da manutenção da vida através de processos terapêuticos
desproporcionais, a ”obstinação terapêutica” 16. A distanásia pode abranger 3
aspectos principais: o pessoal, o familiar e o social.
 No aspecto pessoal, o indivíduo doente, que inicialmente teve seu
processo de morte prolongado em vista de uma possibilidade idealizada de cura,
aos poucos passa a depender completamente do processo tecnológico que o
mantém, e a prorrogação constante da morte se torna o único elo com a vida; o
doente se torna passivo e já não decide por si mesmo, apenas vive em função do
processo de controle sobre a natureza17 .
 No aspecto familiar, ocorre uma dualidade psicológica: por um lado o
prolongamento da vida do ente querido, enquanto por outro o sofrimento perante a
possibilidade constante e repetitiva da perda, além do doloroso ônus financeiro em
prol de um objetivo inalcançável17.
 No aspecto social, ocorre o esgotamento da disponibilidade de
recursos mediante uma situação irreversível, que repercute sobre o emprego
oneroso dos recursos públicos, em especial nas sociedades carentes, em prejuízo
de questões mais essenciais para a saúde pública, cujo resultado teria maior
abrangência social17.

1.7.5 ORTOTANASIA
Ortotanásia é o termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural,
sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna, sem sofrimento,
deixando a evolução e percurso da doença. Portanto, evitam-se métodos
extraordinários de suporte de vida, como medicamentos e aparelhos, em pacientes
irrecuperáveis e que já foram submetidos a suporte avançado de vida . A
persistência terapêutica em paciente irrecuperável pode estar associada
a distanásia, considerada morte com sofrimento.

26
2. PROBLEMA

o Os profissionais de saúde estão preparados em uma situação de morte


eminente de seus pacientes, bem como na atenção às necessidades dos familiares?

3. HIPÓTESES

o Os profissionais de enfermagem tem dificuldade em lidar com as


necessidades de um paciente em cuidados paliativos, bem como atender as
necessidades da família.

27
4. OBJETIVOS

o Identificar os fatores que dificultam os profissionais de enfermagem nos


cuidados paliativos.

o Identificar as necessidades dos familiares nos cuidados prestados pelo


profissional de enfermagem.

28
5.METODOLOGIA
5.1.TIPO DE PESQUISA
Estudo de revisão bibliográfica, com abordagem metodológica
quantitativa. Diante da relevância do tema, buscam-se conhecer por meio da
literatura os principais fatores relacionados ás dificuldades que os profissionais de
saúde encontram com pacientes terminais e os familiares.

5.2.SELEÇÃO DOS REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS

A seleção dos artigos bibliográficos foi realizada por meio da revisão


nacional nas bases de dados do Ministério da Saúde, Public Medline (PUBMED),
Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), Scientific Electronic Library Online (SCIELO)
e Biblioteca Digital de Enfermagem (BDENF). Sendo assim incluídos os artigos
publicados nos últimos dez anos e com os Descritores em Ciências da Saúde
(DECS): Enfermagem; pacientes; terminais; cuidados e família; realizado por meio
de levantamento bibliográfico sobre os cuidados paliativos de pacientes fora de
possibilidades terapêuticas. A pesquisa bibliográfica teve como principal vantagem,
proporcionar ao investigador a abrangência de diversos fatores mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente.
Ao realizar a consulta bibliográfica visa-se colher o material mais
pertinente ao tema e a sua fundamentação teórica, excluindo os que não
correspondiam à temática deste estudo e ainda eliminando os que foram publicados
antes do ano de 2005. Inicialmente foram encontrados 40 estudos, após realizar
várias leituras criteriosas, foram selecionados os artigos que abordavam de forma
mais completa e consistente o tema e com isso respondendo aos objetivos da
pesquisa. Assim foram selecionados, analisados e serviram de base para a revisão
bibliográfica 30 trabalhos.

5.3.Dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

A presente pesquisa ficou livre da necessidade de


elaboração/aplicação do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) por não
envolver seres humanos em nenhuma de suas etapas, ressaltando seu ideal de
revisar a literatura existente.
29
6. RESULTADOS e DISCUSSÃO

Quadro2: Base de dados para desenvolvimento de pesquisa Publicado na


Lilacs, na Medline, na Scielo, quanto ao método de pesquisa, de 2006 a março de
2016. Campinas-SP 2016

ARTIGOS CIENTIFICOS SELECIONADOS PARA ESTUDO, CAMPINAS 2015

METODOLOGIA LOCAL DE
ANO TEMA
TITULO UTILIZADA PUBLICAÇAO
Acta Paul
Identificação das fases do
Pesquisa Enferm
processo de morrer pelos 2005 Fases da morte
exploratória 2006;19(2):144-
profissionais de Enfermagem
9.
Revista
Sentimentos e percepções da
Pesquisa associação Sentimentos da
equipe de saúde frente ao 2006
exploratória médica.Brasileir equipe
Paciente terminal
a,44 (1), 21-27.
SHIS QI 27,
Eutanásia- Problema éticos Estudo qualitativo conj. 20, casa 03 Eutanásia-
2007
da morte e do morrer exploratório 71675-200 Problema ética
Brasília-DF
Percepção de enfermagem
Rev Esc Enfem
sobre dilemas éticos Dilemas éticos
Estudo qualitativo 2008 USP 2009;
relacionados a pacientes e morais
43(1):30-6
terminais.
Ansiedade e depressão em
alunos de Enfermagem Einstein. 2008; Depressão do
Estudo descritivo 2008
duranteo estágio de 6(1):7-12 cuidador
Oncologia
Percepção de enfermagem
sobre dilemas éticos Ver Esc enferm
relacionados a pacientes USP 2009; 43(1) Dilemas éticos
Estudo descritivo 2008
terminais em Unidades de 30-6
terapia intensiva

30
Programa de treinamento
Programa de
sobre a intervenção
treinamento
terapêutica “relaxamento, Rev. Psiq. Clín.
sobre a
imagens mentais e 34, supl 1; 60-
Estudo descritivo intervenção
espiritualidade” (RIME) para 2008 72, 2007
terapêutica
re-significar a dor espiritual
relaxamento
de pacientes terminais.
O técnico de enfermagem
diante da morte: Concepções Psicologia:
O técnico de
de morte para técnicos de Teoria e Prática
enfermagem
Enfermagem em oncologia e Estudo qualitativo 2008 – 2009,
diante da morte
suas implicações na rotina de 11(1):142-152
trabalho e na vida cotidiana
Texto contexto
A vivência da
A vivência da enfermeira no enferm,
enfermeira no
processo de morte e morrer florianópolis,
Estudo qualitativo 2008 processo de
dos pacientes oncológicos 2009 jan-mar;
morte
18(1): 41-7
Educação para a morte a
Rev Esc Enferm
docentes e discentes de
USP Significado de
enfermagem: revisão
Estudo qualitativo 2009 2011; 45(1):272- morte
Documental da literatura
6
científica
Cuidados paliativos aos Centro
pacientes terminais: Universitário Cuidados
Estudo qualitativo
Percepção da equipe de 2009 São Camilo - paliativos
exploratório
enfermagem 2009;3(1):77-86
Texto Contexto
A vivência da enfermeira no Enferm, Enfermagem
processo de morte e morrer Florianópolis, perante a
Estudo qualitativo 2009
dos pacientes oncológicos 2009 Jan-Mar; morte eminente
18(1): 41-7.

31
Distanásia: reflexões sobre Revista - Centro
até quando prolongar a vida Universitário
em uma Unidade de Terapia São Distanásia
Estudo qualitativo 2010
Intensiva na percepção dos Camilo;4(4):402-
enfermeiros 411
Ortotanásia: significado do
Revista - Centro
morrer com dignidade na Ortotanásia:
Universitário
percepção dos enfermeiros significado do
São Camilo -
do curso de especialização Estudo qualitativo 2010 morrer com
2010;4(3):324-
em Unidade de Terapia dignidade
331
Intensiva
Diagn
Cuidados
Cuidados paliativos e Tratamento.
Estudo descritivo paliativos e
ortotanásia 2010 2010;15(2):58-
ortotanásia
60.
Aspectos da
Aspectos da sobrecarga em
Psicologia sobrecarga em
cuidadores de pacientes
Hospitalar, 2011, cuidadores de
terminais Por câncer: revisão Estudo qualitativo 2010
9 (1), 24-46 pacientes
de literatura
terminais
Rev Gaúcha
Internação domiciliar do
Enferm. Internação
paciente terminal: o olhar do Estudo qualitativo 2011
2012;33(3):104- domiciliar
cuidador familiar
110.
Rev Gaúcha
Um retrato da morte e suas Aprendizagem
Revisão Enferm.
implicações no ensino 2011 em sala de
integrativa 2012;33(3):190-
acadêmico aula
197
Percepção dos enfermeiros
Ciência & Saúde
sobre o significado dos Significado dos
Pesquisa Coletiva,
cuidados paliativos em cuidados
exploratória 2012 18(9):2589-
pacientes com câncer paliativos
2596, 2013
terminal

32
Rev Esc Enferm
Autonomia e o direito de USP Autonomia e o
Estudo descritivo
morrer com dignidade 2012 2011; 49(1):272- direito
9
Cuidados paliativos: a Ciência & Saúde
comunicação como Pesquisa Coletiva, Cuidados
estratégia de cuidado para o exploratória 2013 18(9):2523- paliativos
paciente em fase terminal 2530,
Desafios do enfermeiro
diante da dor e do sofrimento Rev Esc Enferm
Desafio de
da família de pacientes fora USP; 47(1):250-
Estudo qualitativo 2013 enfermagem
de possibilidades 7
terapêuticas
Texto Contexto
Espiritualidade e Enferm,
A importância
religiosidade na perspectiva florianópolisjan-
Estudo descritivo 2013 da Fe
de enfermeiros Mar; 22(1): 52-
60.
Ciência & Saúde
O trabalho de cuidar de Trabalho
Pesquisa Coletiva,
pacientes terminais com aplicado no
exploratória 2013 18(9):2549-
câncer cuidado
2557, 2013
Acta Paul
Identificação das fases do Fases do
Enferm
processo de morrer pelos Estudo processo de
2015 2015;19(2):144-
profissionais de Enfermagem exploratório morrer
9.
Ansiedades e sentimentos de Rev Latino-am Ansiedades e
Investigação de
profissionais da enfermagem Enfermagem sentimentos de
caráter
nas situações de 2015 2015 novembro- profissionais da
transversal
terminalidade em oncologia dezembro; 15(6) enfermagem

33
. Rev Gaúcha
Revisão integrativa: um
Revisao Enferm. Aplicação no
retrato da morte e suas 2015
integrativa 2015;33(3):190- ensino
implicações no ensino
197.
acadêmico
Psicologia em
Percepção da morte pelo Revisão não Percepção da
Estudo, Maringá,
paciente oncológico ao longo sistemática da morte pelo
2015 v. 11, n. 2, p.
do desenvolvimento literatura paciente
361-369
Psicologia:
Estudo Teoria e Prática Dilemas éticos
Ética e Eutanásia 2015
exploratório – 2015, de morrer
10(2):200-207
Morte: dilemas éticos do v. 23, n. 92,
morrer arquivos do conselho Estudo out/dez 2015, p.
2015 Dilemas éticos
regional de medicina do exploratório 196
paraná
Sentimentos e percepções da
Paidéia, 2015, Sentimentos e
equipe de saúde frente ao Estudo descritivo
2015 16(35), 415-425 percepções
paciente terminal
Com bases nessas publicações, fora definidos o modo de pesquisa e a
melhor abordagem do assunto e suas características, num total de 30 art. Com
publicações em Lilacs, na Medline, na Scielo, quanto ao método de pesquisa, de
2006 a março de 2016 foi definido os seguintes resultados.

34
8
7
7
6
6
5
4 4
4
3
3
2 2
2
1 1 1
1
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2015

publicaçao

Gráfico 2: Características dos artigos sobre cuidados de enfermagem no


cuidados paliativos em pacientes terminais publicadas na Lilacs, na Medline, na
Scielo, quanto ao ano de publicação:

O maior numera de publicações ocorreram em 2008, sendo cerca de 17%


(6.art) onde foi ressaltado uma aumento no números de estudos relacionados a
qualidade do atendimento da enfermagem junto ao paciente em estado terminal. A
partir do ano de 2010 o numero de publicações e pesquisas foram no total de 77%
(18.art).

12
12
8 7
8
4 1 1 1
0

Gráfico 3: Características dos artigos sobre cuidados de enfermagem no


cuidados paliativos em pacientes terminais , publicadas na Lilacs, na Medline, na
Scielo, de 2006 a março de 2016. Campinas-SP 2016
Dessa mesma forma as pesquisas foram qualitativos seca de 43% (12),
adquiridos no caráter exploratório, isto é, estimula os entrevistados a pensarem

35
livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Mostra aspectos subjetivos e
atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea.

40%
35%
35%
30%
25%
25%
20% 18%
15% 12%
10%
10%
5%
0%
Empatia Cinco estagios da Necessidades dos Comunicação Falta de vinculo
morte pacientes

Grafico4: Fatores que dificultam os profissionais de enfermagem na atuação


dos cuidados paliativos. publicadas na Lilacs, na Medline, na Scielo, de 2006 a
março de 2016. Campinas-SP 2016.
Os autores observaram em suas pesquisas essa cinco questões que
prejudicam os profissionais de enfermagem na atuação no cuidado paliativo, sendo
elas:
 empatia 35% dos casos, onde o profissional acabe vendo o paciente como
apenas mais um, onde não demostra atenção ao mesmo;
 Cinco estágios da morte 25% os profissionais não conseguem reconhecer o
estagio que o paciente apresenta nesse momento, relacionada a empatia que
o mesmo sente e a falta de treinamento nessa requisito que vem se tornado
cada dia mais presente nas vidas desse profissionais;
 Necessidades dos pacientes, 18% os profissionais acabam tendo dificuldade
na compreensão das necessidades do paciente, jugando muitas as vezes
como falta de interesse pelo mesmo, “manha”, taxando muitas vezes o
paciente de “chato”;
 Comunicação 12%, associado a muitos fatores tanto pessoais quantos o
estado psicológico do paciente, e seu estado mental, como o estado geral do
paciente nesse momento têm grande importância, muitos profissionais
acabam esquecendo que estão lidando com um ser humano pensante e que
ainda esta vivo mesmo com uma sedação elevada;

36
 Falta de vinculo 10% esta mais diretamente ligada ao profissional de
enfermagem do que ao paciente, pois como mecanismo de defesa do
profissional ele acaba colocando barreiras emocionais para lidar com
sofrimento a leio.
Para o autor Quintana (2006), relata em seu trabalho a seguinte fala 19.
“A dificuldade de estabelecer um dialogo com paciente sem perspectivas de
cura se inicia na própria comunicação do diagnostico, quando em comum a
ocultação de informação, em geralmente sustentada pelo argumento de que essa
noticia poderia leva-lo a depressão, gerando um agravamento da doença.” 19.
O autor de “Percepção da morte pelo paciente oncológico ao longo do
desenvolvimento” ( Borges,2011), faz o seguinte relato após a realização de sua
entrevista com uma equipe de enfermagem num hospital de referencia do
tratamento do câncer em São Paulo, capital.13
“No manto de proteção encobrem-se a dificuldades de profissionais em
saúde que receia que a comunicação, a empatia e a falta de vinculo, desfavorecem
e diminuem a ligação paciente/profissional”13

35%
30%
30% 28%
25%
20%
16%
15% 14%
13%
10%
5%
0%
Duvidas de como Informações Tempo Religião Abandono
agir

Gráfico 5: Necessidades dos familiares identificado pelos profissionais de


enfermagem. Publicadas na Lilacs, na Medline, na Scielo, de 2006 a março de 2016.
Campinas-SP 2016.
Na analise realizadas pelos autores, foram contadas cinco fatores,
predominantes nas necessidades dos familiares de pacientes terminais, identificadas
pelos profissionais de enfermagem, sendo eles:
 30% dos familiares tem duvidas de como devem agir perante a
enfermidades de um ente querido que apresentam um estado onde a

37
recuperação não e mais possível, apresentam duvidas como tratar o
paciente, o que “falar”( palavras de motivação, apoio, conforto),como poder
ajudar no tratamento, etc.
 A necessidade de informações apresenta cerca de 28% dos familiares que
tem apresentam essa necessidade, onde se características pela busca de
conhecimento sobre tratamentos, sintomas, estado geral do
paciente/familiar;
 O tempo se mostra em terceiro lugar com 15,5%, mas esta relacionada com
a procura de informações, pois os familiares tende a se preocupar muito com
esse quesito pois querem saber quando tempo seu ente querido tem com
eles, ou se o período de sofrimento tende a durar muito;
 A religião se torna muito importante para familiares e muitas vezes para o
próprio paciente, assim apresenta 14% das necessidades dos familiares,
ligado a uma questão de estrutura da unidades hospitalar como um todo,
onde um local para as orações são necessárias como por exemplo a
presença de um capela, ou espaço destinado a esse momento pois a
religião traz paz a familiares e pacientes;
 O abandono representa 12,5%, das necessidades apresentadas por
familiares, não o abandono geral, mas sim os familiares se sente
abandonado por equipes medicas, outros familiares como: irmãs, pais,
convives, ou seja por outros parente dessa maneira sobrecarregando
somente um membro daquela família.
Com base nos matérias analisados, foram definidos os fatores
predominantes que podem interferir no cuidado paliativo e relacionamento
profissional de enfermagem paciente/familiar, levando em consideração que a
aplicação do conceito de cuidado paliativo deve ser desenvolvida por uma equipe
multiprofissional, paciente e familiar18.
A falta de preparo dos profissionais de enfermagem em lidar com o “estar”
morrendo e visto como um dos principais problemas, várias profissionais relataram o
desafio de atuar em cuidados paliativos e destacando suas características
especificas como a ausência de uma formação prévia para atuar nessa área, que
vem apresentando um aumento nos últimos anos, hoje os recém-formados adquire
esse conhecimento em durante a própria prestação dos cuidados a pacientes ou

38
através do conhecimento dos cuidados paliativos durante a graduação, a residência,
a especialização ou mesmo através de colegas14-19..
A prática assistencial ao paciente em processo de morrer destina-se ao
emprego de cuidados paliativos que é visto como uma abordagem que aprimora a
qualidade de vida, dos pacientes e familiares, que enfrentam problemas associados
com doenças ameaçadoras de vida, através da preservação e alívio do sofrimento
por meio da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e de outros
problemas de ordem física, psicossocial e espiritual 19-20
.
O profissional destinado a cuidar de pacientes em fase terminal deve ser
preparado para enfrentar situações de extremo sofrimento e de morte, pois a morte
reflete um limite da capacidade do mesmo. Porém, apesar dos enfermeiros
conviverem diariamente com situações de sofrimento, diante do processo de morte
de seus pacientes, percebe-se reações diversas destes enfermeiros frente a esta
vivência, já que o estresse, a ansiedade e a fuga como mecanismos de defesa
durante a assistência profissional se mostraram evidentes, Profissionais que
passaram por teste em pesquisas de campos, mostraram um aumento no nível de
estresse após realizar um atendimento a um paciente terminal, o autores Souza e
Turrini no seu artigo para a revista “Psicologia Hospitalar, 2011”, observarão em um
grupo de 30 profissionais de um hospital de grande poder, e referencia em na cidade
São Paulo, Brasil. Os seguintes resultados. Divididos em três categorias sendo elas
físicas e emocionais21-22.
Quadro3: Sobrecarga nos profissionais de enfermagem, destacada pelos
autores Souza e Turrini na revista Psicologia Hospitalar de 2011.
Sobre carga física e mental:
Depressão 75%
Ansiedade 20%
Estresse 30%
Irritabilidade 15%
Atendimento às necessidades básicas do 85%
paciente

Dessa maneira e chegado num dilema que muitas vezes e esquecido por
estudos e analise o significado da morte para o enfermeiros.

39
Mesmo a equipe passando por varias alterações no seu dia a dia dentro de
uma unidade de cuidado da saúde, quando sugue um paciente com diagnostico de
Teminalidade eminente, como o processo da adição do paciente a te seu óbito pode
passar meses, a morte desse paciente pode causar grande impacto na identidade
pessoal e profissional de toda a equipe envolvida no seu cuidado, em especial para
a enfermagem , que acaba por passar mais tempo com o mesmo, como o
enfermeiro compreende o conceito de morte, bem como a forma que relaciona este
conceito com o seu próprio existir e suas vivencias pessoais de perdas anteriores
dentro e fora do âmbito profissional são os principais aspectos que influa na sua
atuação frente a morte22-23 .Um entrevistado pelo autor Danilo M, em sua pesquisa de
campo num hospital filantrópico de Teresina –PI, relatou a seguinte fala:
“Eu confesso que procuro evitar pensar na morte, apesar de sempre
conviver com isso por conta da minha profissão[...] na verdade e que ninguém esta
preparado para morrer, E complicado falar da morte, pois a morte e algo que todos
sabemos que um dia ira acontecer, mas nunca queremos que ela chegue ” 23.
Isso relata um fato o cuidado de um paciente, em estado terminal coloca o
profissional frente a frente com os maiores medos da raça humana o medo da morte
e do desconhecido que ela oferece, todas as pesquisas a pontao que o desgaste
físico e emocional não atingem somente pacientes e familiares mas toda a equipe de
realiza o cuidado deles;
A equipe tem que aprender a lidar com a família em todo o processo final da
vida do paciente, a presença da família é apontada como o primeiro passo no
trabalho com o paciente. De fato, ela é de grande relevância para o tratamento ao
permitir que a equipe e familiares trabalhem juntos, objetivando o melhor para o
doente. Na iminência da doença e da morte, os profissionais da saúde tornam-se os
pilares para a família. Esses estranhos tornam-se importantes para os familiares,
pois, como cuidadores, podem ser uma extensão ou substitutos dos cuidados
familiares. A família é apontada como fundamental nesse processo da morte, em
que, durante a internação de um de seus familiares, se faz presente, muitas vezes
questionando, contribuindo e tornando-se agentes do processo. Apresentam à
realidade na qual estão inseridos, seus costumes, anseios e conhecimento a
respeito da doença e da saúde, subsidiando, dessa forma, a elaboração de um
plano assistencial, que venha ao encontro do atendimento das necessidades
presentes. Os profissionais podem atuar de forma efetiva na fase da terminalidade
40
junto à família e ao paciente, minorando, sobremaneira, o sofrimento. Cabe à equipe
esclarecer as dúvidas, encorajar atitudes positivas; sobretudo, ser sincera e
acessível. 24-25
A religião e algo muito importam para o paciente e familiar, apontado por
alguns autores como a quarto quesito quando se trata de pacientes e familiares,
então a equipe tem que respeitar esse momentos, não importando qual seja a fe e
pratica do paciente/familiares, colocando de lado o preconceito, e suas próprias
praticas religiosas, autores revelam em seus estudos o seguinte dados, quando
perguntado para 50 entrevistados, num hospital de especialidades no interior de São
Paulo na cidade de campinas, aos familiares de pacientes internados nessa mesma
unidade, sobre a importância da religião para o conforto do paciente foi constado o
seguinte:

45
40
40
35
30
25
20
15
10
10
5
0
Sim Não

Grafico6: Dados retirados do art. “Espiritualidade e religiosidade na


perspectiva de enfermeiros”; autor realizou entrevista com 50 familiares, sobre a
importância da religião/fé para com o paciente em estado terminal. 26

Com uma pergunta bem simples tendo como alternativas sim ou não, foi
possível ver a importância da religião/fé para os pacientes terminais, nesse pequeno
grupo de pesquisa de 50 indivíduos e idades variantes entre 22 a 70 anos, foi
observado que 80% (40 Ind) respondemos que sim sobre a importância da fé 26.
Alguns autores analisaram que a fé e religião do pacientes e dos familiares
este diretamente ligado ao modo como o mesmo se comporta frente ao fim da vida,
em umas das entrevistas realizadas pelos autores do art. “Espiritualidade e
religiosidade” (2013), se deparam com essa fala quando abordaram os profissionais
de enfermagem sobre a religião26-27:

41
“Tem relação com a religião que a pessoa tem, tem relação sim,
principalmente na forma de falar, o quê trazer ou no quê se acredita... espiritualidade
é ter uma crença e se apegar nessa crença pra tudo Eu penso que se você acredita
e tem fé em algo, você vai buscar algo mais concreto que afirme estas questões que
você está acreditando,”
Como a fé do paciente deve ser vista como um ponto importante a
autonomia de escolhas do paciente sempre devem ser levada em consideração
(quando o mesmo ainda estiver são sobre seus pensamentos ), pois o paciente
ainda esta vivo e tem direitos a escolha, cabe a equipe de saúde conversar e expor
todas a situação para o paciente e familiares, sempre com um ouvido atento as
necessidades deles e preocupações, servido assim como uma ponte do
paciente/familiares com os tratamentos e procedimentos. 28-29-30

42
7.CONCLUSAO

Mesmo o ser humano tendo conhecimento sobre a morte pouco se fala dela,
procura-se nega-la e joga-la para os bastidores da vida normal. Ela faz parte de um
processo natural do ponto de vista biológico e está carregada de simbolismo,
construído socialmente, impregnado de valores e significados que dependem do
contexto histórico e cultural no qual o sujeito está inserido.
O mundo ocidental transformou a morte em tabu, visto que ela costuma ser
ocultada das crianças e banida das conversas cotidianas. Os sentimentos que ela
faz aflorar são tão intensos que seu nome não deve nem ser pronunciado. Por si só
ela causa medo, fuga e espanto. Porém, conhecemos a morte somente mediante o
processo de morrer dos outros, cujas vivências jamais nos serão acessíveis em sua
real dimensão. A concepção de que a morte é inevitável, de que a vida e a morte
fazem parte de um só fenômeno, da necessidade de elaborar emoção e
sentimentos, auxiliam na conscientização da transitoriedade e da necessidade de
valores de cada momento vivido, respeitando e aceitando a morte do outro.
Ainda a um grande caminho a percorrer se tratando desse fato, os
profissionais de enfermagem, devem evoluir muito nesse quesito, já há
necessidades de novos programas de treinamento sobre a morte, o cuidado perante
a morte, o processo de desmistificação do morrer, algo tão presente nos nossos dias
e profissões.
Cabe ao enfermeiro de maneira geral o cuidado e qualidade para um
paciente que encontra um fim muitas vezes precoce, pois e esse que na sua maioria
tem mais contato com o mesmo e seus familiares, sempre passando a paz que o
mesmo procura as vezes diante da dor, lagrimas e sofrimento.
Esse profissional muitas vezes colocar seus sentimentos de lado, e ser o
melhor para aqueles que mais sofrem.

“A morte não e o fim de uma existência, mas o começo de uma nova, para
aqueles que parte em rumo ao desconhecido, e principalmente para aqueles que
ficam”- William Shakespeare
43
8.BIBLIOGRAFIA

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