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ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.7028-60723-1-SM.

0902201530

Rodrigues AJ, Bushatsky M, Viaro WD. Cuidados paliativos em crianças com câncer...

ARTIGO REVISÃO INTEGRATIVA


CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS COM CÂNCER: REVISÃO INTEGRATIVA
PALLIATIVE CARE IN CHILDREN WITH CANCER: INTEGRATIVE REVIEW
CUIDADOS PALIATIVOS EN NIÑOS CON CÁNCER: REVISIÓN INTEGRADORA
Andreyna Javorski Rodrigues1, Magaly Bushatsky2, Waleska Delgado Viaro3
RESUMO
Objetivo: analisar a produção de conhecimento acerca dos cuidados paliativos em crianças com câncer
publicadas por enfermeiros. Método: revisão integrativa com vistas a responder a questão de pesquisa <<
Quais são as contribuições produzidas por enfermeiros para os cuidados paliativos em crianças com
câncer? >>. As bases consultadas foram LILACS, CINAHL, Scopus e biblioteca virtual Scielo de janeiro de 2004
a 2014. Resultados: a percepção do cuidado à criança e a família foi o tema mais abordado, ficou evidente
que o cuidar da criança com câncer sob cuidados paliativos gera sofrimento e uma variedade de emoções para
o profissional. Dentre as ações de enfermagem foi possível destacar o manejo da dor, o apoio a família, os
cuidados com o corpo e a comunicação como estratégias fundamentais para a assistência. Conclusão:
recomendam-se estudos de intervenção educativa com equipes, que trabalham com oncologia pediátrica, bem
como contemplar esta temática durante a formação do profissional de saúde. Descritores: Enfermagem
Oncológica; Cuidados Paliativos; Enfermagem Pediátrica.
ABSTRACT
Objective: analyzing the production of knowledge about palliative care for children with cancer published by
nurses. Method: an integrative review in order to answer the research question << What are the
contributions made by nurses about palliative care for children with cancer? >>. The bases consulted
were LILACS, CINAHL, Scopus and Scielo virtual library, from January 2004 to 2014. Results: the perception of
care for children and the family was the most discussed topic; it became clear that care for children with
cancer under palliative care generates suffering and a variety of emotions for the professional. Among the
nursing actions it was possible to highlight pain management, support family, body care and communication as
key strategies for assistance. Conclusion: there are recommended studies of educational intervention with
teams working with pediatric oncology and include this issue in the training of health professionals.
Descriptors: Oncology Nursing; Palliative Care; Pediatric Nursing.
RESUMEN
Objetivo: analizar la producción de conocimiento publicada por enfermeras acerca de los cuidados paliativos
para niños con cáncer. Método: una revisión integradora con el fin de responder a la pregunta de
investigación << ¿Cuáles son las contribuciones hechas por las enfermeras acerca de los cuidados
paliativos para niños con cáncer? >>. Las bases consultadas fueron LILACS, CINAHL, Scopus y Scielo
biblioteca virtual, desde enero de 2004 a 2014. Resultados: la percepción de la atención para los niños y la
familia fue el tema más discutido, se hizo evidente que el cuidado a los niños con cáncer sob cuidados
paliativos genera sufrimiento y una variedad de emociones para el profesional. Entre las acciones de
enfermería fue posible destacar el manejo del dolor, el apoyo a la familia, el cuidado del cuerpo y la
comunicación como estrategias clave para la asistencia. Conclusión: se recomiendan estudios de intervención
educativa con los equipos que trabajan con la oncología pediátrica e incluir este tema en la formación de los
profesionales de la salud. Descriptores: Enfermería Oncológica; Cuidados Paliativos; Enfermería Pediátrica.
1
Enfermeira Especialista em Oncologia, Egressa do Programa de Residência em Enfermagem em Oncologia, Hospital Universitário Oswaldo
Cruz/Universidade de Pernambuco/UPE. Recife (PE), Brasil. E-mail: javorski.andreyna@gmail.com; 2Enfermeira, Professora Doutora em
Saúde da Criança e do Adolescente, Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças/Universidade de Pernambuco, Coordenadora do
Programa de Residência, Hospital Universitário Oswaldo Cruz. Recife (PE), Brasil. E-mail: magab@hotlink.com.br; 3Enfermeira Mestre em
Hebiatria, Hospital Universitário Oswaldo Cruz/Universidade de Pernambuco/UPE. Recife (PE), Brasil. E-mail: valeskadv@yahoo.com.br

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da criança em CP, a assistência prestada a


INTRODUÇÃO
elas e a família é realizada de forma idêntica,
De acordo com a estimativa do Instituto independentemente de sua situação ou
Nacional do Câncer, para o biênio de condição.6 A literatura especializada tem
2014/2015 são esperados cerca de 576.00 demonstrado que muitas crianças em estágio
novos casos de câncer no Brasil, sendo a terminal são internadas em Unidades de
estimativa em crianças e adolescentes até 19 Terapia Intensiva Pediátricas, as quais acabam
anos de 11.840 novos casos. Apesar de o recebendo tratamento centralizado na cura,
câncer pediátrico representar apenas 3% no desconsiderando os CP e as necessidades reais
total de todos os tumores apresentados pela nos momentos finais de vida.7
população, a doença é a segunda causa de Considera-se pertinente a realização de um
morte nessa faixa etária, ultrapassada apenas estudo aprofundado a respeito dos cuidados à
pelos óbitos de causas externas.¹ criança em fase terminal. A utilização do
O câncer infanto-juvenil é considerado um método proposto pelos estudos de revisão, em
problema de saúde pública uma vez que ainda especial da revisão integrativa, poderá
acarreta um elevado índice de mortalidade disponibilizar as equipes de enfermagem, que
infantil, alto custo financeiro relacionado à atuam nessa área, as particularidades da
detecção, diagnóstico e tratamento, bem filosofia paliativista, no cuidado mais
como à perda financeira em virtude da especializado e integral aos pacientes e a
redução de potencial de trabalho humano.² família durante todo o processo de morte e
Mesmo tendo sido considerado uma doença luto.
fatal até duas décadas atrás, com o avanço da Apesar dos avanços na terapêutica e
tecnologia e do cuidado de saúde, o câncer abordagem da oncologia pediátrica, no Brasil
pediátrico, é hoje uma doença tratável e com ainda são poucos os trabalhos de Enfermagem
potencial de cura, o que aumentou a taxa de com enfoque nos CP; isto posto faz-se
sobrevida. Todavia, mesmo com esses necessário investigar e sistematizar o
avanços, aproximadamente 25% dos casos conhecimento produzido por Enfermeiros
podem não responder a terapia acerca da assistência de Enfermagem nos CP
antineoplásica. Assim sendo, muitas crianças, em crianças com câncer.
bem como suas famílias irão necessitar de
OBJETIVO
tratamento paliativo, sendo esse
desconhecido para muitos profissionais que ● Analisar a produção de conhecimento
atuam na área.³ sobre os cuidados paliativos em crianças com
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em câncer, publicadas por enfermeiros.
1990 conceituou, e redefiniu em 2002,
MÉTODO
Cuidados Paliativos (CP) como sendo o cuidado
ativo e total do paciente cuja doença não é Artigo extraído da monografia << Cuidados
mais responsiva ao tratamento curativo. O Paliativos em Crianças com Câncer: Uma
conceito de cuidados paliativos teve sua revisão integrativo >> apresentada ao
origem no movimento hospice, idealizado pela Programa de Residência em Enfermagem em
médica/enfermeira Cicely Saunders, que Oncologia da Universidade de
descreveu e defendeu a filosofia do cuidado Pernambuco/UPE, 2014.
da pessoa que estava morrendo, com o
Trata-se de um estudo revisão integrativa
objetivo de aliviar o sofrimento físico,
(RI) o qual permite a inclusão de estudos com
psicológico, social e espiritual, cuja essência
diferentes abordagens metodológicas
centra-se no ato de cuidar.4 8
(quantitativa e qualitativa).
A especialidade de oncologia pediátrica
Os procedimentos metodológicos
causa dor, sofrimento, ansiedade e estresse, e
considerados essenciais para a construção da
o contato com a morte gera a sensação de
RI são: a formulação da questão e dos
impotência no enfermeiro, principalmente
objetivos da revisão; estabelecimento dos
devido ao vínculo que o profissional constrói
critérios para seleção de artigos;
com a criança e seus familiares, em especial
categorização dos estudos; avaliação dos
quando se trata de crianças gravemente
estudos incluídos na RI; análise dos dados e
enfermas.5
apresentação dos resultados.9
Pesquisa realizada em um setor de
Respeitando os referidos critérios foi
Pediatria de um hospital público com
elaborada a seguinte pergunta norteadora da
referência em Hematologia no estado do Rio
pesquisa: quais são as contribuições
de Janeiro, verificou que, apesar dos
produzidas por enfermeiros para os cuidados
enfermeiros compartilharem sentimentos e
paliativos em crianças com câncer?
emoções durante o processo de morte/morrer
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A busca sobre essas contribuições foi adaptado para o estudo em questão, contendo
acessada nas seguintes bases de dados: os seguintes tópicos: identificação, instituição
Literatura Latino Americana e do Caribe em sede do estudo, tipo de revista científica,
Ciências da Saúde (LILACS), Cumulative Index características metodológicas do estudo,
to Nursing and Allied Health Literature principais resultados e conclusões da
(CINAHL), Scopus e na biblioteca virtual Scielo publicação.10
(Scientific Eletronic Library On line). A análise metodológica das pesquisas que
Os descritores para a busca nas bases de utilizaram o método qualitativo foi orientada
dados foram definidos a partir da consulta nos pelos critérios do protocolo do Critical
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no Appraisal Skills Programe (CASP)11. Para
Medical Subject Heading (MeSH), o qual se categorizar as mesmas optou-se por pontuar
caracteriza em uma enciclopédia de os itens em: sim – 1 ponto; não e em parte –
vocabulário controlado utilizada na indexação zero pontos. Dessa forma classificou-se como
dos artigos para o PubMed. categoria A estudos com escores maior ou
Os descritores controlados escolhidos nas igual à nove, categoria B com escores entre
línguas portuguesa, inglesa e espanhola para sete e oito, e estudos com pontuação inferior
responder a questão da pesquisa foram: à sete foram incluídos na categoria C. Assim
Cuidados Paliativos; Hospice Care; Cuidados sendo, fizeram parte desse estudo pesquisas
Paliativos; Enfermagem Oncológica; Oncolgy categorizadas em A e B. Os níveis de
Nursing; Enfermeria Oncológica; Criança; evidências das pesquisas que adotaram o
Child; Niño. método quantitativo foram definidos pelo
protocolo do Oxford Centre of Evidence-Based
É importante destacar que foi utilizado o
Medicine.12
operador boleano AND nos descritores das
línguas inglesa, portuguesa e espanhola para o RESULTADOS
refinamento da busca de artigos nas bases de
dados escolhidas para a coleta. A busca inicial feita às bases de dados
Foram incluídos neste estudo artigos resultou em 33 artigos acessados com
completos, publicados em português, espanhol utilização dos descritores controlados, destes,
e inglês, estudos com abordagem qualitativa e nove foram incluídos para a análise. O
quantitativa, aqueles que tinham pelo menos detalhamento da exclusão está representado
um enfermeiro no quadro de autores, bem na figura 1.
como artigos publicados no período de janeiro
de 2004 a janeiro de 2014. Foram excluídos
editoriais, estudos de revisão, resumos e
relatos de experiência.
A coleta das informações relevantes para a
revisão foi acessada por meio de um
instrumento já validado de autoria de Usi

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Figura 1. Descrição das publicações acessadas e selecionadas para o estudo. Recife/PE. 2014.

O resultado da análise das publicações selecionadas para esta revisão está apresentado em três
figuras.
Número/Autores/Ano Título artigo País
1. Graves, S; Aranda, S When a child cannot be cured – reflections of Austrália
2005 health professionals.
2.Silva, A. F.; Issi, H. B.; A família da criança oncológica em Brasil
Motta, M. G. C. cuidados paliativos: o olhar da equipe de enfermagem.
2006
3. Avanci, B. S., et al. Cuidados paliativos à criança oncológica na Brasil
2009 situação do viver/morrer: a ótica do cuidar em
enfermagem
4. Mutti, C. F.; Padoin, S. M.; Espacialidade do ser-profissional-de-enfermagem Brasil
Paula, C. C. no mundo do cuidado à criança que tem câncer
2012
5. Monteiro, A. C.;Rodrigues, O enfermeiro e o cuidar da criança com Brasil
B. M.;Pacheco, S.T.A. câncer sem possibilidade de cura atual
2012
6. Souza, L. F., et al. Morte digna da criança: percepção de Brasil
2013 enfermeiros de uma unidade de oncologia
7. Bradford, N., et al. Palliative care afterhours: a review of a phone Austrália
2012 support service
8. Vickers, J., et al. Place and provision of palliative care for Reino Unido
2007 children with progressive cancer: a study
by the paediatric oncology nurses’s forum
United Kingdom Children’s Cancer Study
Group Palliative Care Working Group.
09. Tomlinson. D., et al. Parental decision making in pediatric cancer end- Estados Unidos
2006 of-life care: using focus group methodology as a
prophase to seek participant design input.
Figura 2. Distribuição das publicações incluídas na revisão integrativa, de acordo com autoria, ano de publicação e país
de realização do estudo. Recife, PE, 2014.

Dos artigos selecionados, 55,5% das selecionados artigos na base Scielo e CINAHL
publicações se encontravam na base LILACS e após a adoção dos critérios de inclusão e
44,4% na base SCOPUS, não foram exclusão. Um artigo foi publicado em 2005
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correspondendo a 11,1% da amostra, em 2006 Dentre os locais onde foram realizados os


foram encontradas duas publicações (22,2%), estudos, o Brasil obteve o maior número de
nos anos de 2007 e 2009 foi publicado apenas publicações com seis artigos (55,5%), seguido
um artigo cada ano (11,1%); já em 2010 foram da Austrália e com dois artigos (22,2%), e por
acessados dois artigos (22,2%), três (33,3%) no último o Reino Unido e Estados Unidos com um
ano de 2012 e apenas um artigo (11,1%) foi artigo (11,1%) publicado em cada país. Vale
acessado até o mês de janeiro do ano de ressaltar que o número relevante de
2014. publicações no Brasil, se concentrou no eixo
sul e sudeste do país.

Estudos Desenho/ técnica decoleta de Amostra Categorização*


dados níveis de evidências**
Estudo qualitativo com abordagem descritiva
exploratória; não foi descrito o referencial A amostra foi composta
Estudo 1 teórico utilizado. por 14 profissionais: B*
Os autores utilizaram na coleta de dados Cinco enfermeiras
a técnica de grupos de discussão e entrevistas
Seis médicos
individuais. Três assistentes sociais
Estudo qualitativo com abordagem
Descritiva exploratória; não foi A amostra foi composta
Estudo 2 descrito o referencial teórico utilizado. por 15 profissionais: B*
Os autores utilizaram a técnica de 5 enfermeiros
entrevista individual semi-estruturada. 10 técnicos Enfermagem
Estudo qualitativo com
abordagem descritiva exploratória; não A amostra foi composta
foi descrito o referencial teórico. por 5 enfermeiros B*
Estudo 3 Os autores utilizaram a técnica
de entrevista individual.
Estudo qualitativo com o referencial A amostra foi composta
teórico da fenomenologia de por 15 profissionais
Estudo 4 Martin Heiddeger. de enfermagem A*
Os autores utilizaram a técnica de entrevista
fenomenológica.
Estudo qualitativo com o referencial
teórico da Fenomenologia sociológica Adeamostra foi composta
Estudo 5 Alfred Schutz. por 12 enfermeiros B*
Os autores utilizaram a técnica de
entrevista fenomenológica.
Estudo qualitativo com abordagem
Descritiva exploratório com A amostra foi composta
Estudo 6 referencial teórico do por 8 enfermeiros B*
interacionismo simbólico.
Os autores utilizaram a técnica de
Entrevista semi-estruturada.
Estudo transversal retrospectivo. A amostra foi composta 2B**
Estudo 7 Os autores utilizaram roteiros por 106 cuidadores
previamente elaborados.
Estudo de coorte prospectivo. A amostra foi 2B**
Estudo 8 Os autores utilizaram roteiros composta por 164
previamente elaborados. crianças
Estudo qualitativo, não foi descrito o A amostra foi composta
Estudo 9 referencial teórico utilizado. por 7 pais A*
Foi utilizada a técnica de grupo focal.
Figura 2 – Distribuição das publicações incluídas na revisão integrativa de acordo com o desenho do estudo,
técnica de coleta de dados, amostra do estudo e níveis de evidência. Recife, PE, 2014.
*Critical Appraisal Skills Programme (2002) **Centre for evidence based medicine (2009)

Em relação aos desenhos dos estudos, sete profissionais da área de saúde, 18,2% eram
(77,7%) tiveram a abordagem do método pais/cuidadores de crianças com câncer em
qualitativo, e apenas dois (22,2%) utilizaram o cuidados paliativos e apenas um estudo (9%)
método quantitativo. utilizou crianças como sujeitos do estudo.
A respeito dos sujeitos das pesquisas, a
maioria da amostra (54,5%) foi composta por

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Estudos Objetivos Principais resultados


Explorar criticamente os Temas como a esperança, incerteza e a interface entre
aspectos envolvidos na a cura e a paliação foram idenficados; O momento da
Estudo 1 transição para os cuidados reicidiva foi citado como o mais difícil durante o
paliativos em crianças com tratamento; A experiência profissional interfere no
câncer. cuidado prestado à criança/família.
Conhecer as experiências e as A importância do vínculo entre o enfermeiro e a
percepções da equipe de família; Alívio de sintomas estressantes de ordem
Estudo 2 enfermagem em relação à física, psíquica e espiritual; Educação continuada aos
família da criança em CP em cuidadores para os cuidados à criança em domicílio;
um setor de Oncopediatria. Sentimentos de fracasso e tristeza que permeiam o ato
de cuidar realizado pelo enfermeiro.
Conhecer a percepção do Desenvolvimento de vínculos entre o enfermeiro e à
enfermeiro diante da criança criança/família; Promoção de conforto à criança com
com câncer, e como essa manejo da dor e de outros sintomas; Despreparo
Estudo 3 percepção interfere nos emocional do enfermeiro diante da assistência em CP à
cuidados prestados à criança criança.
com câncer sob CP.
Entender o significado para a Necessidade da separação entre a vida profissional e
equipe de enfermagem sobre o pessoal, e o preparo psicológico do enfermeiro; O
cuidar de crianças que tem profissional desenvolve movimentos de aproximação e
Estudo 4 doença oncológica avançada distanciamento entre a vida pessoal e profissional.
que não responde mais aos
tratamentos curativos.
Analisar o cuidado do Enfoque nas ações que visam o alívio do sofrimento e
enfermeiro à criança da dor por meio de um cuidado individualizado;
Estudo 5 hospitalizada portadora de Dificuldade da avaliação da dimensão da dor na
doença oncológica fora de criança;
possibilidade de cura atual. Confronto com o sentimento de finitude desencadeado
pela morte da criança.
Identificar o significado e as Categorias como: autonomia para tomada de decisão,
intervenções de enfermeiros cuidado com a família, promoção de conforto à
Estudo 6 que atuam em oncologia criança, cuidado humanizado e o lidar com o processo
pediátrica na promoção da de morte emergiram na fala dos sujeitos.
morte digna da criança.
Descrever os tipos de ligações Cuidadores de crianças com tumores sólidos ligaram
realizados para um serviço mais frequentemente, principalmente para obter ajuda
telefônico disponibilizado para no manejo da dor e apoio psicossocial; A necessidade
Estudo 7 crianças em CP. de habilidades dos enfermeiros na prestação desse
serviço para o manejo competente dos sintomas físicos,
psíquicos e emocionais.
A maioria das crianças faleceu em casa, recebendo o
Descrever a eficácia de um apoio das enfermeiras no cuidado domiciliar; No final
modelo de CP em promover a da vida o número de crianças recebendo terapias
morte domiciliar de crianças complementares (massagem, psicoterapia, etc.)
Estudo 8 com câncer fora de aumentou; Durante o processo de terminalidade os
possibilidades de cura. médicos e assistentes sociais se tornaram menos
envolvidos, sendo o cuidado de enfermagem soberano
nesse momento.
Verificar as opiniões de pais
sobre a decisão entre o modelo Os pais referiram a importância de manter a qualidade
Estudo 9 de CP com quimioterapia de vida, a saúde financeira, o bem-estar matrimonial,
paliativa, ou o cuidado de a dinâmica familiar e o apoio necessário dos
suporte exclusivo, e como os profissionais de saúde na tomada de decisão na escolha
profissionais de saúde auxiliam do cuidado.
na tomada de decisão.
Figura 3. Distribuição das publicações incluídas na revisão integrativa, de acordo com o objetivo e
principais resultados. Recife, PE, 2014.

No que se refere aos objetivos dos estudos, DISCUSSÃO


observa-se que a maioria dos pesquisadores se
preocupou em descrever ou conhecer as A maioria dos estudos encontrados foi com
experiências e percepções e os significados abordagem qualitativa, todavia o rigor
dos profissionais de saúde sobre os CP metodológico de apenas dois desses foi
(Estudos 1, 2, 3, 4). Poucos estudos classificado na categoria A. Possivelmente, as
investigaram as ações envolvidas no cuidado questões éticas envolvidas na temática em
de enfermagem prestado às crianças e suas questão dificultam as pesquisas com
famílias (Estudos 5, 6); os estudos abordagem quantitativa, uma vez que foram
internacionais (Estudos 7, 8 e 9) ampliam o acessados somente dois artigos com essa
conhecimento sobre os CP, trazendo sob metodologia. Somando-se a isso, nenhum
perspectiva novos modelos de atenção para deles obteve níveis de evidência considerados
essa área. mais robustos.
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A análise dos resultados possibilitou a Há casos em que o sofrimento do paciente


construção de quatro temáticas para efeito da é tamanho que, diversas vezes, a morte passa
discussão dos dados: Sentimentos dos a ser significada pelos profissionais como
profissionais frente à assistência à criança em alívio da dor tanto do paciente e da família
cuidados paliativos; Formação de vínculo com quanto da própria equipe que o assiste. Sendo
a criança e a família; Abordagem e ações dos assim, compreender a morte como a solução
profissionais diante dos cuidados paliativos; da dor, é uma maneira que os profissionais
Novas perspectivas nos cuidados paliativos. encontram para se proteger do sofrimento
 Sentimentos dos profissionais frente a psíquico decorrente da perda do paciente.16
assistência à criança em cuidados A autonomia no cuidado à criança é
paliativos explorada no Estudo 6 como sendo uma das
causas de sentimento de impotência nos
Durante o cuidado realizado à criança
profissionais. Em determinados momentos
terminal o enfermeiro se confronta com
esse profissional se sente privado da liberdade
sentimentos, às vezes contraditórios, que
para tomada de decisão em situações que
permeiam a sua rotina profissional os quais
envolvem a morte da criança. Existe uma
podem influenciar a assistência prestada ao
preocupação evidente com as questões legais
paciente e família.
e bioéticas relacionadas ao final de vida que
No estudo 2, realizado com os profissionais
causam conflitos ao indivíduo que exerce o
de enfermagem, são referidos diversos
cuidado.17
sentimentos, muitas vezes conflitantes que
Os cuidados paliativos buscam promover a
variam da tristeza, impotência e fragilidade,
humanização no momento final da vida,
para a superação das próprias angústias e
através de uma abordagem que proporcione o
dilemas que surgem no cotidiano do cuidado,
morrer com dignidade, guiado pelos princípios
não se deixando abalar ou abater-se a fim de
éticos de respeito à vida humana, tais como
oferecer suporte contínuo à família. A prática
os princípios de autonomia, distanásia,
de enfermagem nos CP é entremeada pelo
eutanásia, beneficência, não maleficência e
sentimento de compaixão ao próximo, e por
justiça. No entanto, muitos profissionais
uma comunicação ativa com a criança e a
desconhecem estes princípios e, na maioria
família.13
das vezes não sabem como proceder, frente as
A realização da assistência em Cuidados
demandas da criança e da família sob seus
Paliativos se confronta todo o tempo com os
cuidados.4
aspectos emocionais, psicológicos e espirituais
O Estudo 1 reporta o sentimento de
dos profissionais que a praticam, mais
incerteza como grande fator de influência nos
particularmente os que atuam na
cuidados paliativos prestados à criança. As
Enfermagem, pois estes profissionais estão
experiências vivenciadas pela equipe de saúde
durante todo o período do plantão junto ao
nas quais os pacientes que apresentavam
leito do paciente, sendo confrontados com a
prognóstico reservado, porém sobreviveram
demanda dos sintomas concorrentes e
inesperadamente, influenciam no tratamento
recorrentes durante a sua internação.14
a ser prestado a esse paciente. Ao fornecer o
O processo de adoecimento e morte é
cuidado e observar essas crianças, um
descrito pelos profissionais de enfermagem no
sentimento de incerteza é gerado e a decisão
Estudo 3 como sendo um momento de intenso
de interromper o tratamento e mudar o foco
sofrimento e negatividade, os quais são
do cuidado fica menos clara e mais difícil.18
influenciados pelo sentimento de compaixão,
É recomendado que os cuidados paliativos
pela criança e família, e pelo fracasso
em pediatria sejam implementados
profissional. Já que ao tratar de pacientes
progressivamente, tendo início no momento
fora de possibilidade terapêutica o
do diagnóstico da impossibilidade de resposta
profissional é obrigado a lidar com sua própria
positiva à terapêutica para a cura. Esses
finitude e limitações frente à vida.6
cuidados, ajustados às necessidades impostas
O impacto da morte de uma criança na vida
pela doença e seu tratamento (evolução,
foi identificado por enfermeiros e médicos
complicações, limitações), possibilitam uma
que prestam esse cuidado, uma vez que estes
atenção individualizada àquela criança. Ou
participam ativamente do processo de
seja, o tratamento curativo e os cuidados
adoecimento e compartilham o sofrimento
paliativos devem coexistir no plano
com as famílias. É importante reconhecer a
terapêutico do paciente, e dependendo do
compreensão desses profissionais sobre a
grau de evolução da doença um se torna mais
morte, bem como, o significado em suas
fundamental do que o outro. Entende-se que
vidas, além de suas próprias necessidades.15
esta proposta minimiza os conflitos éticos dos

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profissionais frente à problemática vivenciada profissionalismo, habilidades profissionais,


pela criança e sua família.7 confiança e amizade.22
A espacialidade surge como instrumento de No Estudo 5 os autores identificaram que o
proteção do profissional em meio a essa cuidar em CP pediátricos se reflete na
realidade. O Estudo 4 discute os preocupação com o outro, verificaram ainda
comportamentos de distanciamento e que os profissionais estabelecem vínculos de
aproximação da criança/família assumidos carinho e afeto, e, durante as ações do
pela equipe de enfermagem na tentativa de cuidado demonstram manifestações de apoio
separar a vida profissional da pessoal. Os e compreensão para a criança e sua família,
autores apontam também a necessidade de fortalecendo os laços.23
suporte psicológico para os profissionais com a Na abordagem paliativa, cuidar envolve
finalidade de prepará-los emocionalmente no atos humanos no processo de assistir o doente
cuidado à criança/família em terminalidade.19 com câncer e sua família. A arte de cuidar
A dificuldade dos profissionais de saúde em funda-se na fonte da vida, enredada em uma
lidar com este evento poderia ser amenizada troca mútua de sentimentos e experiências, os
criando-se espaços de reflexões, nos serviços. quais avivam, nos seres envolvidos, a
Estes espaços seriam momentos em que os confiança, a empatia e o respeito que brotam
profissionais poderiam expressar suas do estar com outro de forma autêntica.24
angústias, conflitos e sentimentos Os internamentos recorrentes são
contraditórios, pois no dia-a-dia pouco se apontados no Estudo 2 como sendo uma
discutem as questões relacionadas ao óbito.20 situação crucial que promove a criação e o
Os estudos incluídos nesta temática fortalecimento do vínculo. Devido à mudança
revelam a fragilidade de quem cuida, ou de de ambiente as crianças e famílias acabam
quem presta cuidados para crianças e famílias construindo uma significativa identificação
que se defrontam com a situação de com os profissionais de saúde, em especial
terminalidade da vida. Os autores destacam com os enfermeiros, formando um vínculo
que a importância da assistência e no importante para o cuidador na hora de prestar
sofrimento psíquico daqueles que estão à seu cuidado.13 Além disso, o Estudo 3 relata
frente dos CP, pois a equipe de saúde que que esse vínculo decorre de trocas e do
cuida também precisaria ser cuidada. compartilhar de emoções e sentimentos,
 Formação de vínculo com a criança e a através do ato de escutar, dialogar,
família permitindo que a criança adquira confiança
em quem a cuida, e que a família compartilhe
O vínculo formado entre o profissional e a
suas experiências, medos e sentimentos frente
criança/família é visto como uma relação de
à situação de seu ente no processo de morte.6
apego, concebida como qualquer forma de
Os familiares relatam o papel fundamental
comportamento que uma pessoa alcança e
mantém a proximidade com outro indivíduo da relação humana durante esse período.
Estes apontam que o relacionamento
diferente e preferido. Para a criança, a pessoa
interpessoal baseado na empatia e compaixão
que a trata de forma maternal, mantendo
seria o principal subsídio que eles esperam de
uma boa interação social e respondendo aos
quem deles cuidam. O relacionamento
seus sinais e necessidades, torna-se a figura
de apego.21 humano pareceu ser a essência do cuidado
que sustentaria a fé e a esperança nos
A importância da formação de vínculos e o
momentos mais difíceis.25
envolvimento emocional são enfatizados no
No Estudo 9 os pais relataram a
Estudo 6. Os autores deste estudo ressaltam
que o estabelecimento do vínculo possibilita importância do vínculo e da confiança na
equipe de saúde no momento de tomada de
uma relação de maior confiança entre
criança, família e enfermeiro. decisão entre um modelo de cuidados
paliativos com uso de quimioterapia paliativa
Consequentemente, o profissional percebe
que, dessa maneira, o tratamento e os ou somente com cuidados de suporte. Estes
cuidados oferecidos para a criança e para a afirmaram que durante o processo de doença
eles buscam suporte nos profissionais a fim de
família tornam-se mais eficazes e menos
dolorosos.17 promover o bem-estar e o conforto da
criança.26
A família espera dos programas de cuidados
Ao prestar Cuidados Paliativos, o
paliativos habilidades profissionais, confiança
nos membros da equipe e a segurança do enfermeiro realiza sua participação através do
apoio ao paciente e sua família para enfrentar
cuidado. Muitas vezes, a satisfação com as
a fase terminal. Tal participação envolve não
ações dos profissionais de saúde são
consideradas elevadas nas dimensões do somente administrar a dor, a insuficiência
respiratória, a ansiedade e a depressão, mas o
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compartilhar com o paciente e sua família nas progressão da doença, mas se constitui
decisões do cuidar.5 também como reflexo da situação vivenciada
Esta temática revelou a singularidade e a pelo paciente.13
essência da formação do vínculo para o O conceito de “dor total”, introduzido
profissional que se propõe a trabalhar com CP. primeiramente por Cicely Saunders. Os
Todos os estudos apontam que a família pacientes devem ser tratados como pessoas, e
sente-se apoiada e mais fortalecida para não como doenças, e serem observados
continuar caminhando e tomando decisões em holisticamente, incluindo-se os aspectos
relação aos cuidados de um filho, considerado físico, emocional, social e espiritual. Ignorar
pela equipe como fora de possibilidades qualquer uma dessas dimensões torna a
terapêuticas, quando confia nos profissionais abordagem do paciente incompleta, uma vez
que a assistem. que tais aspectos influenciam na percepção e
 Abordagem e ações dos profissionais intensidade da dor sentida pelo indivíduo. Ou
diante dos cuidados paliativos seja, a “dor total” a que se referem os
autores pode ser entendida como uma dor
A atuação da equipe de enfermagem é
interminável que se inicia no corpo físico e se
primordial e indispensável para proporcionar o
perpetua pela alma.28
máximo de conforto ao paciente, ajudando-o
no processo de morrer com dignidade, para No Estudo 5 os enfermeiros reforçam que o
controle da dor é considerado um princípio
que utilize da melhor forma possível, o tempo
básico para a qualidade de vida, mas em
que lhe resta.25
crianças o tratamento da dor é bastante
Esses profissionais precisam apresentar um
crítico, em virtude da dificuldade de avaliar a
plano de cuidado paliativo efetivo com o
dimensão da dor nessa faixa etária.23
objetivo de preservar a qualidade de vida da
O alívio da dor é atualmente visto como um
criança, oferecer tempo e informação para o
direto humano básico e, portanto, trata-se
processo de tomada de decisões, bem como,
não apenas de uma questão clínica, mas
possibilitar a comunicação no planejamento
do cuidado desejado pela criança e família e, também de uma situação ética que envolve
todos os profissionais de saúde. Sendo assim,
desta forma, gerar tranquilidade e um senso
de controle em momentos difíceis.27 o adequado preparo dos enfermeiros é
estratégia fundamental para o controle da dor
O Estudo 1 alerta para o fato de que
e sintomas prevalentes em pacientes com
crianças com câncer normalmente recebem
câncer sob CP, pois são estes profissionais que
terapêuticas agressivas e vivenciam grande
mais frequentemente avaliam a eficácia das
sofrimento no último mês de vida, que
medidas de suporte implementadas.29
poderia ser amenizado por meio dos CP. Os
autores ponderam que a continuidade do É inviável a promoção da uma morte digna
em uma criança, se esta estiver com
tratamento agressivo deixa pouco tempo para
a implementação de ações de enfermagem sofrimento físico e/ou emocional; sendo assim
os enfermeiros investigados pelo Estudo 6
condizentes com a filosofia paliativista. Desta
relataram executar ações com a finalidade de
forma, uma equipe, bem preparada, deveria
diminuir a angústia por meio de medidas que
discutir quando interromper o tratamento
aliviam a dor e proporcionam conforto à essa
curativo e iniciar os CP,e consequentemente
o sofrimento da criança e sua família poderia criança. Tal assistência está centrada nos
princípios do cuidado holístico, do trabalho
ser minimizado.18
em equipe e da comunicação com os
O paciente terminal, na concepção da
familiares.17
medicina, é classificado como aquele fora de
possibilidades terapêuticas de cura, quando as O último cuidado, como referido no Estudo
2, e também abordado no Estudo 3, se
intervenções capazes de reverter seu quadro
se esgotaram e sua vida é mantida muitas caracteriza pelos cuidados finais do corpo
feito após a morte da criança, e este segue a
vezes graças à tecnologia. Sendo assim,
grande parte dos profissionais de saúde que rotina estabelecida, normalmente de acordo
trabalham com pacientes terminais enfrentam com a cultura da família e/ou da
sociedade.6,13
desafios para tentar promover uma assistência
de alta qualidade, sem esquecer o lado O cuidado com o corpo apresenta-se como
humanizado do cuidar.20 uma estratégia de estender o cuidado ao
paciente. O profissional de enfermagem é a
Dentre os vários sintomas que afetam a
crianças nos estágios finais da vida, a dor é pessoa mais indicada para esse cuidado devido
ao relacionamento terapêutico profissional-
citada no Estudo 2 como uma das principais
paciente estabelecido com ele antes da
causas de sofrimento. A dor do paciente em
CP não se restringe à dor física decorrente da ocorrência da morte, fazendo com que sejam
mais sensíveis ao ato, preparando-o com
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dignidade e sensibilidade. Esse último cuidado No Estudo 7 foi avaliado o tipo de ligações
com a criança deve traduzir-se em genuína telefônicas recebidas em um serviço
atenção à família e simboliza o encerramento, telefônico de suporte aos cuidadores de
com dignidade e compaixão, dos cuidados crianças em CP oncológicos. O serviço
paliativos prestados pela equipe de funcionava durante os horários onde se
enfermagem.16 tornava mais difícil o acesso ao cuidado
A complexidade do cuidado à criança em especializado (de 17:00 às 08:00 durante a
CP revelou-se durante toda a construção dessa semana, e de 17:00 do sábado até às 08:00 da
temática. Os estudos analisados apontam o segunda-feira durante os finais de semana). As
empenho dos profissionais de enfermagem em ligações eram encaminhadas às enfermeiras
diminuir o sofrimento da criança com o com grande experiência em cuidados
objetivo de promover um cuidado humanizado paliativos oncológicos pediátricos e que
e a morte digna. Vale pontuar que os estudos possuíam conhecimento da história clínica da
analisados contemplam um olhar diferenciado criança.34
da equipe também para a família, pois mesmo Foi observado nesse estudo que os
após da morte da criança, essa ainda cuidadores que mais utilizaram o serviço
precisará de cuidados. telefônico eram aqueles que cuidavam de
 Novas perspectivas do cuidado crianças portadoras de tumores sólidos, e que
paliativo a maioria das ligações eram para receber
algum tipo de suporte psicossocial, ou para
A partir do século XX, o poder de
receber instruções no manejo de sintomas, em
intervenção da medicina cresceu
especial a dor.
demasiadamente, sem que ocorresse
simultaneamente uma reflexão sobre o O Estudo 8 descreve o tipo de cuidado
paliativo domiciliar prestado às crianças com
impacto dessa nova realidade na qualidade de
câncer, e os locais de óbito dessa população.
vida dos enfermos. Os aspectos culturais,
associados aos fatores sociais, como a Os autores destacam que cerca de 77% dos
pacientes morreram em casa, deixando clara à
dificuldade do tratamento de um doente
terminal em seu lar, levaram à morte preferência da família e a importância da
escolha do local do cuidado e do óbito.35
institucionalizada.30
Ainda sobre o Estudo, os autores descrevem
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)
associadas ao avanço da tecnologia médica que a assistência paliativa era fornecida por
têm crescido de forma substancial. No uma equipe multiprofissional, e que no início
dos cuidados paliativos, as enfermeiras
ambiente hospitalar, a tecnologia sofisticada
direciona a equipe de cuidados intensivos à oncológicas e os médicos oncologistas eram
vistos de forma igual em relação aos cuidados
deixar de lado o conceito de morte e os seus
significado, em favor do tratamento de suporte oferecidos. Entretanto, no último
especializado.31 mês de vida da criança, os pais perceberam
que os médicos oncologistas se tornaram
De um lado, essa realidade amplia as
menos envolvidos no cuidado, enquanto que
perspectivas terapêuticas em diversas
as enfermeiras oncológicas exerceram de
situações clínicas, mas de outro, ensejam a
forma predominante a assistência às crianças
possibilidade de prolongamento da vida a
e suas famílias.
qualquer custo, implicando muitas vezes em
Possivelmente a percepção dos familiares
tratamentos fúteis. Hoje cerca de 70% dos
em relação ao maior envolvimento do
óbitos de pacientes sob CP no Brasil ocorrem
nos serviços de tratamento de alta enfermeiro nos cuidados finais com a criança
advém do fato da enfermagem ter papel
complexidade32.
essencial na atuação da equipe, uma vez que
A Academia Nacional de Cuidados Paliativos
os CP são inerentes à sua prática, pois no seu
alerta para o fato de que ainda são poucos os
cotidiano, esse profissional incorpora a ciência
serviços de Cuidados Paliativos no Brasil.
e a arte do cuidado, visando o suporte e o
Menor ainda é o número daqueles que
conforto nas diferentes fases da vida, na
oferecem atenção baseada em critérios
terminalidade e também durante o período de
científicos e de qualidade.33
luto.36
A dificuldade em abordar novos modelos de
Nesta temática observamos, que mesmo
CP no país tem seu reflexo na literatura que
países que já oferecem CP a criança sem
ainda é escassa. Apenas dois estudos, ambos
possibilidade terapêutica, novas propostas
internacionais, trouxeram informações acerca
para este tipo de assistência ainda são
das novas modalidades no cuidado à criança
incipientes. Apesar da complexidade deste
com câncer sem perspectiva de cura.
tema pesquisas precisam testar novos modelos
de assistência em CP, principalmente no Brasil
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que o cuidar da criança com câncer sob pdf
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variedade de emoções para o profissional, paliativos de qualidade da unidade de terapia
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de enfermagem foi possível identificar o p.]. Available from:
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com o corpo e a comunicação como n1.pdf
estratégias fundamentais para a assistência 5. Avanci BS, Goes FGB, Carolindo FM, Netto
paliativa. Os profissionais de saúde também NPC. Cuidados paliativos à criança oncológica
relataram falta de preparo para prestar uma na situação do viver/morrer: a ótica do cuidar
assistência tão singular, que vai além dos em enfermagem. Esc Anna Nery [Internet].
aspectos técnicos. 2009 Oct [cited 2014 Jan 31];13(4): [about 9
O delineamento metodológico da maioria p.]. Available from:
dos estudos, bem como os resultados http://www.scielo.br/pdf/ean/v13n4/v13n4a
apresentados, sugere que as pesquisas sobre 04.pdf
os cuidados paliativos ainda são incipientes, e 6. Piva JP, Garcia PCR, Lago PM. Dilemas e
o conhecimento produzido pelos mesmos tem dificuldades envolvendo decisões de final de
pouca implicação na prática dos CP. vida e oferta de cuidados paliativos em
Acredita-se que é preciso ir além dos pediatria. Rev Bras Ter Intensiva
estudos exploratórios descritivos; desenhos de [Internet].2011 Jan [acesso em 2014 Jan 31];
coorte prospectivos ou retrospectivos 23(1): [about 9 p.]. Available from:
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Submissão: 02/09/2014
Aceito: 15/12/2014
Publicado: 01/02/2015
Correspondência
Andreyna Javorski Rodrigues
Rua Sansão Ribeiro, 120 / Ap. 503
Bairro Boa Viagem
CEP 51030-820  Recife (PE), Brasil
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