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Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – FMRP-USP

Liliana Scatena

Grupos com crianças: uma revisão bibliográfica

Ribeirão Preto

2010
SCATENA, LILIANA

BIBLIOTECA CENTRAL DA USP DE RIBEIRÃO PRETO

FACULDADE DE MEDICINA

DE RIBEIRÃO PRETO – USP

TOMBO:_______________SYSNO.:_______________

MONOGRAFIA 2010

GRUPOS COM CRIANÇAS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ALUNA: LILIANA SCATENA

ORIENTADORA: MARIA REGINA LINDENBERG MINARDI


LILIANA SCATENA

TOMBO:_______________SYSNO.:_______________

Grupos com crianças: uma revisão bibliográfica

Monografia apresentada à Secretaria do Estado


da Saúde, Coordenadoria de Recursos Humanos,
FUNDAP e ao Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo.

Orientadora: Maria Regina Lindenberg Minardi

Ribeirão Preto

2010
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Scatena, Liliana.

Grupos com crianças: uma revisão bibliográfica/ documento eletrônico e


impresso/Liliana Scatena; orientadora Maria Regina Lindenberg Minardi. Ribeirão Preto,
São Paulo - 2010.
47 p.

Monografia – Aprimoramento Profissional do Hospital das Clínicas da Faculdade de


Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2010.

1. psicoterapia de grupo com crianças; 2. psicoterapia de grupo; 3 grupanálise


RESUMO

SCATENA, L. Grupos com crianças: uma revisão bibliográfica. 2010. 47 p. Monografia –


Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto, 2010.
Este trabalho pretendeu pensar a criança como um ser grupal e as possibilidades nesse sentido
publicadas em artigos brasileiros. Para tanto foi necessário fazer previamente um
levantamento da história da psicoterapia de grupo e também sobre os tipos de grupos
analíticos. Em seguida apresentou-se um breve histórico da psicanálise infantil e sobre como
os grupos psicanalíticos com crianças foram se constituindo no decorrer do tempo. Os dados
foram coletados através de artigos brasileiros online, no período de 2000 a 2010. Foram
selecionados vinte e dois artigos, dentre os quais, quinze estavam relacionados a estudos de
caso, relatos de experiência e sete eram estritamente teóricos. Foram elencados os seguintes
tipos de trabalhos: grupo de auto-ajuda, grupo de atividades com crianças carentes, dinâmica
de grupo aplicado à escola, oficinas em dinâmica de grupo, abordagem psicodiagnóstica
interventiva grupal. E também os grupos de apoio ou de psicoterapia destinados a problemas
determinados como crianças sexualmente abusadas e em situação de risco social. Com
sintomatologias específicas ou hospitalizadas, como portadores de necessidades especiais,
crianças e adolescentes portadores de câncer, autistas e outras doenças. A revisão
bibliográfica demonstrou que, apesar dos avanços alcançados, ainda existe uma escassez de
pesquisas na área. É necessário que os profissionais que trabalham com crianças produzam
seus conhecimentos com maior consistência teórica e técnica e, divulguem seus trabalhos por
meio da comunicação dos resultados de sua atuação realizada em clínicas, consultórios
particulares, postos de saúde e atendimentos da rede pública. Acredita-se que com mais esse
trabalho de revisão bibliográfica, se consiga agregar ao estudo ligado às psicoterapias de
grupo com criança, ainda há um vasto campo para pesquisas em relação a dinâmica grupal
que merece devida atenção.

Palavras chaves: 1. psicoterapia de grupo com crianças; 2. psicoterapia de grupo;

3. grupanálise
Sumário
 

1.Introdução.............................................................................................................. 06

1.1.Revisão Bibliográfica: Grupos e a História da Psicoterapia Analítica................. 06

2.Tipos de Grupos Analíticos................................................................................... 14

2.1.Grupos Psicoterápicos.......................................................................................... 14

2.2.Grupos com Finalidades Psicoterápicas – alguns exemplos................................. 15

2.3.Grupos Operativos................................................................................................ 17

2.4. Grupos com Finalidades Operativas – alguns exemplos..................................... 18

3. Histórico da Psicanálise Infantil e Grupo psicanalítico com crianças............ 21

3.1. Histórico da técnica psicanalítica com crianças.................................................. 21

3.2. Histórico do grupo psicanalítico com crianças.................................................... 23

3.3. Prática atual em grupo psicanalítico com crianças.............................................. 24

3.4. Especificidades de grupo com crianças............................................................... 26

3.5. O método como modo de investigação................................................................ 27

4. Objetivo do trabalho............................................................................................. 30

5. Metodologia........................................................................................................... 31

6. Resultados.............................................................................................................. 32

7. Discussão................................................................................................................ 38

8. Conclusão............................................................................................................... 40

9. Referências bibliográficas.................................................................................... 42

 
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1. Introdução

1.1. Revisão Bibliográfica: Grupos e a História da Psicoterapia Analítica de

Grupo.

Este trabalho pretende pensar o homem como um ser grupal, e levando em

consideração a necessidade de pertencer e de vincular-se de forma contextualizada nas

diferentes etapas do desenvolvimento humano. Na atualidade tem sido observado um número

crescente de interesses voltados para a utilização de práticas grupais na atuação terapêutica.

Porém, para entender como este cenário está constituído hoje é necessário um

levantamento da história da psicoterapia analítica de grupo.

Em Freud1 já se podia vislumbrar estudos a respeito da psicologia inserida no

funcionamento dos grupos e na produção da cultura, por meio de alguns trabalhos como

Totem e Tabu (1913), Psicologia das Massas e Análise do ego (1921) e Mal-estar na

civilização (1930). Nessas obras, Freud traz descobertas significativas para a compreensão

dos grupos humanos como, por exemplo, o fato de que, por meio de processos e rituais

grupais, onde prepondera o funcionamento de mecanismos inconscientes, a sociedade

transmite suas leis sociais, regras e a ordem.

Assim, embora o campo psicanalítico seja delimitado pelo analista e cliente, em que a

neutralidade do terapeuta pressupõe a possibilidade de o analista não sofrer interferências em

sua mente por parte do material aportado pelo paciente e apenas refletir em suas intervenções

interpretativas, tal qual um espelho, o que se passa na mente do cliente, quando incluímos o

observador (terapeuta) no sistema observado (grupo), já não podemos considerá-lo como

capaz de descrever a realidade objetiva do que se passa no grupo, por estar inserido na sua

trama interacional e, portanto, ser parte do que observa ou interpreta. A presença do

1
Obras completas de Freud vol. II, (1913), p.1745-1849 ; (1921) vol,. III, p.2563-2610; (1930) v. III, p.3017-
3067.
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observador modifica o fenômeno observado, tanto quanto é ele afetado pelo que observa, ou

seja, terapeuta e grupo são influenciados reciprocamente pela relação entre eles. As mudanças

psíquicas obtidas nas grupoterapias seriam uma co-construção entre todos os membros do

grupo (terapeuta e cliente) e não apenas fruto das intervenções do terapeuta dirigidas aos

componentes do grupo. Da mesma forma como nas psicoterapias individuais, também as

grupoterapias podem funcionar psicanaliticamente com uma finalidade voltada ao insight2

destinado a mudanças caracterológicas, ou podem se limitar a benefícios terapêuticos menos

pretensiosos, como o de uma simples remoção de sintomas ou pode objetivar a manutenção de

um estado de equilíbrio, e até mesmo uma busca de uma melhor adaptabilidade nas inter-

relações humanas em geral.

A teoria psicanalítica situa também o indivíduo dentro do contexto sócio-cultural em

que vive. Em um dos textos que trouxeram contribuições à análise dos grupos, Freud (1921,

p.2.563) assinala:

“A oposição entre psicologia individual e psicologia social ou coletiva,


que à primeira vista pode parecer-nos muito profunda, perde grande parte de sua
significação enquanto a submetemos a mais detido exame. A psicologia individual
se dedica, certamente, ao indivíduo e investiga os caminhos pelos quais o mesmo
objetiva alcançar a satisfação de seus instintos, porém, somente poucas vezes e sob
determinadas condições excepcionais, lhe é concedido prescindir das relações do
indivíduo com seus semelhantes. Na vida anímica individual aparece integrado
sempre, efetivamente, ‘o outro’, como modelo, objeto, auxiliar ou adversário, e
deste modo, a psicologia individual é ao mesmo tempo e desde o princípio,
psicologia social, num sentido amplo, mas plenamente justificado.”

Em relação aos autores que contribuíram para o conhecimento em psicoterapia de

grupo, pode-se dizer que se trata de uma invenção americana do século XX, trazida pelos

autores: Joseph Hersey Pratt (1922); Cody Marsh (1931); Edward Lazell (1921); Trigant

Burrow (1927); e em 1930 Jacob L. Moreno, Samuel R. Slavson, Fritz Redl, Louis Wender,

2
O insight se processa pelas seguintes etapas: o intelectivo, que são processos intelectuais; o cognitivo, que se
trata de conhecimento de atitudes que estavam inconscientes; o afetivo, onde a cognição vem acompanhada de
vivências afetivas; o reflexivo, que significa refletir e aprender com as experiências passadas; o insight
pragmático, que representa a mudança psíquica proporcionada pela aquisição de insights.
8

Paul Schilder e Alexandre Wolf. E em 1935 com o surgimento dos Alcoólicos anônimos.

(KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 5).

Já em 1942, durante a segunda guerra, também surgiram outros praticantes da

psicoterapia de grupo como os autores: E. James Anthony, S.H.Foulkes, Wilfred R. Bion,

Joshua Bierer e John Rickman. Depois em 1945, com Siegmund H. Foulkes, líder mundial da

Psicoterapia analítica de grupo. Em 1950 Ezriel; em 1959 Bion, e na década de 60 com

Psicanalistas Franceses, Argentinos e Brasileiros (Kaplan & Sadock, 1996, p. 6).

Joseph Hersey Pratt (1922) trouxe a primeira experiência grupoterápica registrada na

literatura especializada (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 6), ele era um tisiologista americano

que trabalhava no Boston Dispensary, e utilizou do “método didático” ou “método de classe”.

Proferia palestras aos seus pacientes tuberculosos, semanalmente por uma hora e meia com

um grupo de aproximadamente 20 elementos. Os pacientes mais antigos e que tinham um

melhor entendimento eram convidados a sentarem-se a seu lado. Pacientes em alta quando

compareciam a reunião tinham um lugar de destaque. Nestas palestras Pratt transmitia

informações para ajudar os pacientes crônicos a lidar com sua doença. Estendeu seu trabalho

para pacientes diabéticos e em seguida a pacientes neuróticos. Este tipo de trabalho, método

de classe, está baseado na identificação desses pacientes com o médico, compondo uma

estrutura familiar fraternal que exerce função continente do grupo (KAPLAN & SADOCK,

1996, p. 7).

Cody Marsh (1931) era um padre episcopal e utilizou um método grupal com

pacientes em hospital psiquiátrico, também denominado método de classe. Ele dava aulas e

fazia provas, os participantes chamados de estudantes, que por ventura fossem reprovados

eram novamente submetidos ao curso. Ele pretendia que os estudantes tomassem nota,

estivessem presentes com pontualidade e atenção. Utilizava também alto-falantes para se

comunicar com a população de todo o hospital (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 7).
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Edward Lazell (1921) era um psiquiatra do St.Elizabeth´s Hospital, em Washington

D.C., trabalhava com pacientes esquizofrênicos, sua técnica era composta de terapias

exortivas3 que agem pelo grupo. Utilizou debates em grupos seguindo linhas psicanalíticas

juntamente com conferências de apoio. (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 8).

Trigant Burrow (1927), discípulo de Freud e Jung, foi um dos fundadores da

Associação Psicanalítica Americana. Abandonou o divã em favor de pequenos grupos que

eram trabalhados ao ar livre. Nesses grupos seu trabalho era realizado através de debates com

a participação de pacientes, suas famílias e colegas. Denominou esse trabalho de análise de

grupo e visava nessas sessões grupais estudar em profundidade o comportamento social.

Burrow quis estabelecer uma ponte entre as palavras e as ações, entre o sintoma e sua

significação, baseando-se não apenas nas palavras, mas na própria dinâmica do social

presente em cada indivíduo. Por não ter sido acreditado, foi expulso da Associação

Psicanalítica Americana. (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 8).

Em 1930 o trabalho de Psicoterapias grupais passou a ser utilizado de maneira

planejada. Jacob L. Moreno, médico psiquiatra romeno, introduziu a expressão “terapia de

grupo”; Samuel R. Slavson, educador progressista e operador de grupo, mais tarde tornou-se

psicoterapeuta; Frit Redl, estudioso vienense, introduziu em 1942, grupos diagnósticos com

crianças com transtornos graves de ego, e de adolescentes em setting4 residenciais. (KAPLAN

& SADOCK, 1996, p. 8).

O amor de Moreno (1959) pelo teatro desde a sua infância propiciou a utilização da

importância grupal do psicodrama difundido e praticado na atualidade. Redl trouxe um

trabalho pioneiro com crianças, escreveu a respeito da psicologia psicanalítica de grupo e

3
Pratt foi utilizou de forma sistemática e deliberada as emoções coletivas seguindo uma finalidade terapêutica.
Os métodos que seguem as diretrizes de Pratt são denominados genericamente terapias exortivas paternais, que
atuam pelo grupo. Atuam pelo grupo porque se valem das emoções coletivas, porém, sem compreendê-las.
4
A instalação do setting vai além de combinações mínimas, como horários, honorários, férias e afins. O
enquadre promove a criação de um novo espaço, no qual os pacientes irão reviver primitivas experiências
emocionais. A figura do terapeuta é parte essencial do setting grupal.
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propagou a aceitação da terapia de grupo. Slavson (1979) começou como educador

progressista e operador de grupo, mais tarde tornou-se psicoterapeuta. Engenheiro de

formação, foi figura de grande importância na grupoterapia dos anos 30, ficou mais conhecido

pela sua grupoterapia ativa. Observou que as atividades espontâneas das crianças em certos

grupos recreacionais, produzem mudanças nos comportamentos. Desenvolveu o “método

grupal de atividade” na qual o líder é permissivo e receptivo e as crianças estão livres para

interagir espontaneamente. Acreditava que o fato das crianças verem o terapeuta como figura

parental que permite a expressão de impulsos hostis e agressivos, poderia ser uma experiência

emocional corretiva. Para ele a psicoterapia de grupo continha os seguintes elementos:

transferência, catarse, percepção, prova de realidade e sublimação. Acreditava que o terapeuta

devesse ter informação adequada sobre a psicodinâmica e psicopatologia de cada pessoa do

grupo. Acreditava também que o ambiente terapêutico era responsável pelo processo

terapêutico, o processo catártico e efeitos concomitantes tais como correção e reestruturação

das forças psíquicas. (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 8).

Louis Wender (1930) era psiquiatra, trabalhou num contexto de pacientes internados,

com interpretações de transferências familiares nas transações grupais. Wender teve o início

de seu trabalho num contexto de pacientes internados envolvendo conceitos combinados da

psicologia de Freud (1921) com interpretações de transferências familiares nas transações

grupais. Wolf, impressionado pelos trabalhos de Wender (1936) e Schilder (1936), também

desenvolveu uma abordagem Freudiana à terapia de grupo de adultos. Utilizou um derivado

da associação livre5 que incluía a análise da transferência, da resistência e dos sonhos.

(KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 9).

Paul Schilder entendia que o grupo recriava a família, utilizava a técnica da livre

associação. Schilder enfatizava que os pensamentos e os sentimentos de um membro


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estimulavam pensamentos e sentimentos associados em outro. Segundo ele, no setting grupal

os pacientes percebem que os pensamentos e os sentimentos parecem ser exclusivos, mas na

realidade são comuns a todos. (KAPLAN & SADOCK, 1996, p. 9).

Na década de 40 a psicoterapia de grupo teve um grande crescimento na popularidade

durante a segunda guerra mundial. Os psiquiatras militares devido a grande baixa de

psiquiatras foram forçados a utilizar métodos grupais de tratamento por pura necessidade. São

eles: Samuel Hadden, Alexandre Wolf, Irwing Bergen, Donald Shaskan e Eric Berne. Quanto

aos líderes britânicos achavam-se: E.James Antony, S.H.Foulkes, Wilfred R. Bion; Joshua

Bierer e John Rickman.

Siegmund H. Foulkes era de origem alemã, considerado como líder mundial da

psicoterapia de grupo, teve contatos com Freud e trabalhou sob orientação de Adler,

transferiu-se para Inglaterra em 1933, onde em 1952 fundou a Sociedade Grupoanalítica. O

Contato de Foulkes com a Gestalt o levou a perceber cada vez mais o grupo como uma

realidade primordial . Foi capaz de integrar uma visão psicobiológica psicanalítica (manteve-

se sempre fiel aos ensinamentos freudianos) e psicossocial. Contudo, ele já dava elevada

ênfase aos fatores sociais e culturais.

Kurt Lewin (1936) tratou a psicologia como uma ciência substituindo conceitos de

classe por conceitos de campo. Lewin postulava que qualquer indivíduo por mais ignorado

que seja, faz parte do contexto do seu grupo social, o influencia e é por este fortemente

influenciado e modelado. Este autor é considerado o pai da dinâmica de grupo. Com formação

em física, representou a situação psicológica por dois grupos de conceitos: os matemáticos,

descritivos e explicativos e os de conteúdos psicológicos. Definiu campo psicológico como o

espaço de vida considerado dinamicamente, compreendendo tanto a pessoa quanto o meio.

5
A associação livre é um método psicanalítico que consiste em deixar o paciente livre para falar o que lhe vier à
mente, e as associações das idéias assim expostas devem ser interpretadas pelo analista a fim de trazer à tona o
trauma responsável pela origem da perturbação nervosa.
12

Usou a topologia para representar os problemas relativos aos eventos possíveis ou não num

espaço de vida.

Na década de 50, a literatura mostrou a aplicabilidade do tratamento de grupo a uma

ampla gama de settings clínicos, inclusive hospitais gerais e psiquiátricos, clínicas

ambulatoriais, programas de reabilitação e instituições correcionais.

Do grupo de autores britânicos, Wilfred R. Bion (1959) salientou os processos

ambivalentes dos membros individuais uns com os outros e com o líder de um grupo. Os

fenômenos descritos por Bion referem-se ao líder do grupo. Ele não postulou um instinto

gregário ou mente grupal, antes acreditava que as idéias da forma que se desenvolvem em

grupo, são os produtos da regressão dentro dos membros individuais que ocorre quando as

pessoas são ameaçadas por uma perda de sua distinção individual. Observou que os grupos

em sua presença, invariavelmente pareciam terem se reunido para dois propósitos: funcionar

como grupo de trabalho ou funcionar como grupo de pressupostos básicos. Dessa última

categoria três processos distintos foram inferidos: dependência, luta e fuga, e acasalamento.

Do grupo de autores franceses, D. Anzieu e R. Kaës desenvolveram trabalhos sobre a

dinâmica de grupos com um novo enfoque. Aprofundaram o conceito de inconsciente grupal,

propondo uma série de articulações originais entre o “Kleinismo” (Escola de Pensamento da

Psicanálise criada por Melanie Klein) dominante e alguns conceitos psicanalíticos

reformulados pela escola de Lacan (corrente psicanalítica também baseada na obra inaugural

de Freud). Com as concepções teóricas desses dois autores, o edifício que abrigava as

grupoterapias começou a adquirir alicerces referenciais específicos e representaram uma

tentativa no sentido das grupoterapias adquirirem uma identidade própria.

Na década de 60, vários autores argentinos foram importantes para o estudo da terapia

de grupo como: Grimberg, Langer, Rodrigué, Geraldo Stein, Ruben Zuckerfeld, Janine Puget.

No Brasil, nessa mesma época, surgiram no cenário de psicoterapia de grupos: Alcion Bahia,
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Walderedo Ismael de Oliveira, Werner Kemper no Rio de Janeiro; Bernardo Blay Neto, Luiz

Miller de Paiva e Oscar Rezende de Lima em São Paulo; Cyro Martins,David Zimerman e

Paulo Guedes em Porto Alegre e Luiz C. Osório em Florianópolis.

Começando na década de 1970, um crescimento sem precedentes caracterizou o

movimento da terapia de grupo como um todo. Tal como relatado por Robert Dies (1992)

apud Sheidlinger (1996), apenas durante o período de cinco anos de 1977 a 1981, publicações

sobre terapia de grupo apareceram em quase 400 periódicos. (KAPLAN & SADOCK, 1996,

p. 11).

No Brasil David Zimerman e Luiz C. Osório da década de 60 em diante, reuniram

autores colaboradores estudiosos na área de grupos e produziram vasta bibliografia sobre o

tema de classificação geral dos grupos como: grupos de auto-ajuda, grupos de reflexão,

psicoterapia de grupo para pacientes internados e egressos, grupos com drogaditos, grupo com

autistas, grupos comunitários, grupos na escola, grupo com crianças (ZIMERMAN &

OSÓRIO, 1997); grupos operativos, grupoterapia com pacientes somáticos, dinâmicas de

grupos (OSÓRIO, 1986); terapia de famílias (OSÓRIO, L.C., & VALLE, M.E., 2002).
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2. Tipos de Grupos Analíticos

Atualmente existe uma série de pessoas em diversas e múltiplas áreas, trabalhando

ativamente em busca de novos caminhos de uma assistência mais ampla e abrangente com

aplicação dos recursos da Dinâmica Grupal. A diversidade de tipos de grupos também é vasta

e será brevemente comentada a seguir.

2.1. Grupo Psicoterápico

Para os grupos de Psicoterapia Psicodinâmica, além da meta terapêutica, que é o alívio

ou eliminação de sintomas, desenvolvimento de comportamentos mais saudáveis, existe

também a procura do auto-conhecimento e do desenvolvimento proporcionado pelo

aprendizado, que ocorre nas relações interpessoais e na vivência do grupo como um todo. As

principais teorias que apóiam este tipo de trabalho são as de inspiração psicanalítica e existe

hoje uma preocupação mundial em pesquisar e elaborar teorias próprias de grupo. Outra

corrente importante é a do Psicodrama de Moreno, que merece ser estudado e vivenciado,

pois ajuda o psicanalista de grupo enriquecer a sua prática clínica. Há a Gestalt-terapia onde

os trabalhos grupais são baseados na psicologia analítica de Jung. E também as contribuições

da Teoria Sistêmica e outras (FERNANDES, 2003).

O grupo psicoterapêutico é definido como um tipo especial de grupo, pois requer a

coesão especial de seus participantes em torno de um objetivo comum, o alívio do sintoma ou

sofrimento. O terapeuta é a figura central, exercendo o papel de líder que acolhe o grupo e

realiza a interpretação analítica.


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No Brasil, Zimerman (1999, p.18), argumenta sobre a importância de se dar relevância

especial às grupoterapias de fundamentação analítica, porém considera que seu progresso

ainda é lento em nosso país:

Deve ser levado em conta o fato de que, em se tratando de um país como o Brasil,
com uma enorme população desassistida no que diz respeito à assistência médica
geral e à psicológica em particular, juntamente com uma escassez de recursos e de
técnicos, ainda é bastante precário o aproveitamento das terapias grupais, as quais,
quando bem empregadas, têm se mostrado comprovadamente eficientes.

Até o momento, ainda percebemos, um descrédito em relação a esse campo de

conhecimento e sua aplicação, no que concerne às psicoterapias de grupo. Porém, o aumento

da demanda da população em relação à assistência em saúde mental – principalmente no que

se refere à população infantil e aos grupos comunitários de auto-ajuda – pode estar

ocasionando o maior interesse dos profissionais nesse campo de estudo, o que justifica um

incremento nas pesquisas e reflexões sobre esse tema.

2.2. Grupos com Finalidades Psicoterápicas – alguns exemplos

Os grupos de auto-ajuda, como o próprio nome designa, são compostos por pessoas

portadoras de uma mesma categoria de necessidades. São organizações que se formam

espontaneamente, que compartilham problemas psicológicos ou condições médicas

semelhantes, reunindo-se para trocar informações e oferecer apoio mútuo. Essas associações

auxiliam tanto o próprio doente quanto os respectivos familiares e amigos, e são dirigidas por

eles mesmos, sem a presença de especialistas no assunto (MURRAY, 1996).

Um dos motivos que provavelmente contribuem para que os grupos de auto-ajuda

sejam bem sucedidos e alcancem bons resultados é a otimização de fatores terapêuticos, tais

como a universalidade, altruísmo, a instilação de esperança e o apoio mútuo, o que reforça o


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pressuposto de que cada membro do grupo é agente de sua própria mudança (BECHELLI,

2002). Grupos com participantes sofrendo da mesma condição facilitam a identificação, a

revelação de particularidades e intimidades, o oferecimento de apoio ao semelhante, o

desenvolvimento de objetivo comum, e a resolução das dificuldades e dos desafios que se

assemelham. Ao mesmo tempo, reduz o isolamento social e possível estigma, associado,

dependendo da gravidade da doença, ao padecimento que a própria pessoa se impõe. Todos os

grupos contêm, em princípio, os mesmos ingredientes, os quais podem ser empregados em

diferentes combinações (MACKENZIE, 1997).

A arteterapia se configura como uma alternativa de atendimento psicológico a

crianças, já que as produções artísticas das crianças oferecem informações ao terapeuta, que

poderiam não ser obtidas através de meios verbais, beneficiando a criança que necessita de

intervenção e compreensão (MALCHIODI, 1997 apud SEI, 2005). As atividades artísticas se

constituem como catalisadoras de um processo de resgate de qualidade do viver, em seu

sentido mais humano e, a partir da relação terapêutica, proporcionam, de maneira eficaz e

rápida, “pontes para a intersubjetividade, um contato rico, íntimo e profundo que, dependendo

do caso, pode prescindir de palavras ou enriquecer com elas” (CIORNAI, 1995, p. 62 apud

SEI, 2005). A expressão verbal vem para enunciar o que se elaborou plasticamente, sendo que

a utilização terapêutica das artes plásticas se mostra útil tanto em situações individuais como

grupais (BAYRO-CORROCHANO, 2001 apud SEI, 2005). A arteterapia se constitui como

algo mais flexível e que permite a captação da riqueza do mundo emocional e relacional do

indivíduo. Pode ser utilizada com fins diversos, como possibilidade de catarse, de insight ou

como elemento projetivo que propicia a intervenção terapêutica (SUÁREZ; REYES, 2000

apud SEI, 2005).


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2.3. Grupos Operativos

Segundo a definição de seu criador, Enrique J. Pichon-Rivière (1977), o grupo

operativo consiste em um grupo de pessoas centradas numa tarefa. O fundamental na tarefa

grupal consiste em superar e resolver situações fixas e estereotipadas, flexibilizando e

permitindo questionamentos sobre o que era considerado imutável. A resistência a mudanças

suscita dois medos básicos: o medo da perda das estruturas existentes e conhecidas, apesar de

estereotipadas, que ocasiona ansiedade depressiva e o medo do ataque da nova situação que,

por ser desconhecida e suscitar insegurança pelo receio de faltar recursos para enfrentá-la, cria

a ansiedade paranóide.

A partir dos ECROS (esquema conceitual, referencial e operacional) individuais, o

grupo constrói um esquema referencial grupal, obtendo um sentido de unidade e coerência

entre seus membros. Os papéis desempenhados por cada membro no grupo são entendidos

através da articulação de dois níveis: a verticalidade, relacionada à história pessoal do sujeito

e horizontalidade, que é a relação que acontece entre os integrantes. A integração grupal

começa pela afiliação, onde a pessoa não se incorpora totalmente ao grupo e transforma-se em

pertença, quando ocorre um sentimento de efetiva integração grupal. (OSÓRIO, 1997).

O processo grupal principia com a fase de pré-tarefa, na qual o grupo divaga tendo

dificuldade de centrar-se na tarefa. Evolui para a fase da tarefa, quando há a elaboração das

ansiedades depressivas e persecutórias e na ruptura das estruturas estereotipadas. Finaliza com

a fase do projeto em que os participantes constroem uma estratégia operativa, planificando

para o futuro e enfrentam a situação de perda que advém do término da tarefa com a

separação do grupo.
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2.4. Grupos com Finalidades Operativas – alguns exemplos

Existem os Grupos de Discussão (Congressos e Jornadas); Grupos Temáticos (Textos,

Temas); Grupos de discussão de textos literários com adolescentes; Grupos de Orientação

(Gestantes, Diabéticos, Hipertensos, Alcoolistas, Câncer, AIDS, etc.); Grupos Comunitários:

Discussão de textos, temas, com objetivos de alcance da comunidade.

Para se trabalhar com esses grupos são permitidos técnicos sem formação completa,

mas com treinamento, assim, como psiquiatras, médicos de outras especialidades, psicólogos,

assistentes sociais, enfermeiros, sanitaristas podem realizar esta tarefa de integração, de

incentivo às capacidades positivas, desde que fiquem unicamente centrados na tarefa proposta

e conheçam seus “limites” (ZIMERMAN, 2000, pág.92).

Grupo Balint trata-se de discussão de casos em equipe, que seria para discussão de

casos médicos em equipe multidisciplinar, coordenado por um coordenador de grupo com

bons conhecimentos de psicodinâmica.

Grupos operativos em escolas, empresas e hospitais seriam exemplos de abordagens

operativas, são os grupos de discussão próprios para Congressos, Jornadas e outros eventos.

Após três ou quatro apresentações em mesa redonda, passa-se a discussão dos temas em

grupos menores, coordenados por especialistas em grupos. Assim, a discussão ocorre de

forma horizontal e criativa. (FERNANDES, W. J., 2003, p. 195-202).

Também existem os grupos de atividade que têm como objetivo, o de esclarecer

temas, situações, tarefas, proporcionando algum aprendizado que favoreça o progresso das

pessoas envolvidas, de forma individual ou como equipes. Nestes grupos, o processo

comunicativo vincular pode ser aprimorado por meio de treinamento adequado visando

aperfeiçoar a execução das tarefas. Não se trabalha com o objetivo de interpretar aspectos

inconscientes, resistências, transferências, contratransferências, etc.(FERNANDES, 2003).


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Os grupos pedagógicos ou de reflexão são de fundamental importância para o trabalho

grupal. Neste tipo de grupo, aprende-se a vivenciar os temas manifestos, a explicitar os

conflitos que dificultam o trabalho, a explicar as leis do funcionamento do grupo e a

relacionar essas leis com os acontecimentos vivenciados e com o curso teórico (BLEGER,

1980).

Este trabalho se aproxima muito ao trabalho terapêutico, mas não tem o mesmo

objetivo do grupo terapêutico. É um espaço para que os componentes possam expressar seus

sentimentos, dúvidas sobre sua instituição, sobre sua equipe de trabalho, etc. Como não existe

um tema pré-fixado, não seria correto falar em grupos de reflexão sobre hipertensão,

tabagismo, álcool ou qualquer outro assunto. Para o trabalho com grupo de reflexão, é

necessário que o coordenador tenha uma boa formação, estudo teórico e supervisão, fatores

que aliados a sua análise pessoal, criarão condições para um trabalho grupal proveitoso. É

importante lembrar que para este tipo de trabalho, não é necessário ser formado como

psicoterapeuta, mas ter uma boa formação como coordenador de grupo pré-estabelecido em

função do foco (EMÍLIO-MARCHIONS, 2000, pág. 72).

Há ainda o trabalho grupal com pacientes internados, onde se busca maior aderência

ao tratamento, melhora da comunicação e identificação de mal-entendidos, alívio da

ansiedade, visão de que os outros também têm problemas semelhantes. Nesse caso, trabalha-

se principalmente com os aspectos sadios ou não-psicóticos da personalidade, enfatizando os

vínculos emocionais amorosos ligados ao desejo de conhecimento e desenvolvimento pessoal.

Tais grupos têm um papel fundamental no esquema terapêutico das comunidades, como por

exemplo, nos hospitais-dia (FERNANDES, B. S., 2003, p. 261-267)

Os grupos de apoio psicológico ocorrem geralmente com a equipe que atende a

pacientes e grupos em hospital geral, desempenham diferentes funções, entre elas: assessorar

permanentemente para exame da relação entre médico (técnicos) e pacientes. Orientar os


20

membros da equipe multidisciplinar quanto aos fatores psicodinâmicos e sociais e quanto às

estratégias para o manejo de cada paciente, melhorando o tratamento. Ajudar a equipe a

enfrentar o estresse do dia-a-dia no trabalho. Melhorar o desempenho individual no ambiente

de trabalho, a sua coesão e menor rotatividade.

No entanto, como Zimerman (2000) afirma, torna-se difícil delimitar uma linha

divisória clara entre as tendências de psicoterapia, grupo operativo e grupo de apoio nas

diversas práticas:

É evidente que, na prática, essas distintas ramificações da aplicabilidade e prática


grupal não são perfeitamente delimitadas entre si; antes, elas muitas vezes se
interpõem, se completam e se confundem. Por exemplo, os grupos operativos
costumam propiciar um benefício psicoterápico e, da mesma forma, os grupos
psicoterápicos se utilizam dos esquemas referenciais operativos.” (Zimerman, 2000,
p.19)

Para Zimerman (2000), o importante é que o técnico que venha a utilizar o grupo

como recurso de atuação, tenha bem claro qual é o seu papel, seus objetivos, que tipo de

resultados pretende, que referenciais teóricos e técnicos possui para utilização, que tipo de

pacientes vai atender e em quais condições.


21

3. Histórico da Psicanálise Infantil e Grupo psicanalítico com crianças

3.1. Histórico da técnica psicanalítica com crianças

É necessário fazer uma breve retrospectiva do nascimento da técnica psicanalítica

com crianças. Muitos analistas e profissionais de outras áreas se interessaram e vieram a

enriquecer o campo do tratamento de crianças e adolescentes. Uma das objeções ao

tratamento de crianças era a questão da imaturidade, pois acreditava-se que seriam

incapazes de associar livremente, permanecer quietas no divã, expressar seus conflitos em

palavras, alcançar insights e transmitir sentimentos e fantasias ao analista.

Hermine von Hug-Hellmuth (1917) foi uma das precursoras nesta tentativa de se criar

uma técnica psicanalítica infantil. Começou, então, observando sonhos, jogos e desenhos de

seus pacientes. Ela afirmava que a criança não possuía consciência de doença, estando ainda

presa a seus objetos originais (pais), e por isso não poderia estabelecer uma neurose de

transferência com o terapeuta. Afirmava que o terapeuta deveria apenas reforçar os aspectos

positivos do vínculo, sempre num nível de orientação educativa, considerando, ainda, que em

nada o brincar da criança poderia ser comparado aos sonhos ou à associação livre do adulto.

Sugeriu que o brinquedo poderia servir de complemento espontâneo e até mesmo substituir a

comunicação verbal. Hugh Hellmuth e Anna Freud (1922) apresentaram pressupostos muito

parecidos. Ambas compreendiam que o jogo deveria ser um instrumento inventado pelo

próprio terapeuta, pensavam o jogo como meio de comunicação com o inconsciente.

Acreditavam na abstenção de toda interpretação. O objetivo era tornar os conflitos pré-

conscientes. Para ambas, a criança não tinha consciência da doença, e nem iria ao tratamento

por vontade própria.

A estes pressupostos se contrapôs Melanie Klein (1980). Ao fazer um atendimento de

uma menina de quase três anos, percebeu que é possível praticar a interpretação com crianças
22

a partir de três elementos básicos: angústia, fantasia inconsciente e defesa. Este fato provocou

uma guinada no que estava ocorrendo na técnica com crianças. Surgiram diferenças não

apenas técnicas, mas teóricas, pois Melanie Klein compreendia que é só a interpretação

poderia tranqüilizar a angústia. O pressuposto de Klein era que o jogo tratava-se de uma

linguagem da criança e não uma invenção do terapeuta. Ela dizia que o terapeuta deveria ter

uma atitude de neutralidade absoluta, pois maior seria a ocorrência da transferência. O

terapeuta deveria restaurar a compreensão simbólica através de meio psicanalítico, ou seja,

interpretar, não fazendo, mas falando.

A autora entendeu que as crianças poderiam, sim, ser motivadas dentro de si mesmas

para a análise, insistindo que elas poderiam ser analisadas, do mesmo modo que os adultos,

explorando os conflitos inconscientes, abstendo-se de qualquer medida educativa ou de apoio.

Melanie Klein foi considerada a iniciadora da técnica psicanalítica para crianças.

Preconizando a aplicação do jogo, colocou o brinquedo num lugar de destaque na luta contra

a angústia mobilizada pelas pulsões sexuais. Ela dizia que, ao brincar, a criança domina

realidades dolorosas e controla medos instintivos, projetando-os ao exterior, nos brinquedos.

Isso seria possível, porque desde pequena, a criança adquire a capacidade de simbolizar.

Assim, para Klein o brincar era a linguagem típica da criança, equiparando a linguagem

lúdica infantil à associação livre e aos sonhos dos adultos. Portanto, a neurose de transferência

se desenvolveria da mesma maneira, não sendo as figuras parentais atuais, mas as

internalizadas, que são projetadas no analista, que teriam como principal função interpretar

todo material associativo que a criança traz.

Outra estudiosa que colaborou muito no desenvolvimento da psicoterapia infantil foi a

psicanalista Arminda Aberastury (1978). Ela entendeu que a criança não só estabelece uma

transferência positiva e/ou negativa com o psicoterapeuta, como dizia Klein, como também é

capaz de estruturar, através dos brinquedos, a representação de seus conflitos básicos, suas
23

principais defesas e fantasias de doença e de cura, deixando em evidência, já nos primeiros

encontros, o seu funcionamento mental; que esses fenômenos surgem possivelmente devido

ao temor da criança de que seu psicoterapeuta repita com ela a conduta negativa dos objetos

originários que lhe provocaram a perturbação, prevalecendo o desejo de que o psicólogo

assuma uma função através da qual lhe dê condição para melhorar. Além disso, o brinquedo

seria um meio de elaborar situações traumáticas. A criança que não brinca estaria num

movimento de retração do ego, pois a criança se fortalece ao brincar. A brincadeira seria uma

atividade necessária à saúde mental e para suportar e enfrentar a realidade.

3.2. Histórico do grupo psicanalítico com crianças

Ruth Blay Levisky (1997) em seu capítulo: “Grupos com Crianças” do livro de

Zimerman & Osório et al. “Como Trabalhamos com Grupos” , faz um breve histórico da

grupoterapia infantil. Ela inicia explanando sobre Anna Freud, que também trabalhou com

grupos de crianças, a partir de 1945, quando publicou suas idéias sobre a indicação para

análise infantil, houve uma grande difusão e aumento da credibilidade e da eficiência sobre a

ludoterapia, seja em nível individual, seja grupal.

Slavson (1951) que primeiro trabalhou com grupos psicoterápicos infantis, acreditava

que o processo grupal favorecia a catarse e o fortalecimento do ego, com consequente

diminuição da ansiedade. Nessa época, ele dizia que não emergiam “sintomas grupais”, mas

somente individuais, daí trabalhar com os indivíduos inseridos num grupo.

Em 1959, Speler, discípula de Telma Reca, inicia em Buenos Aires os primeiros

grupos psicoterápicos com crianças, baseados nos critérios de Slavson. No entanto, ela

também tinha uma preocupação diferente da dele, que era a busca da compreensão do

significado simbólico que cada criança expressava no grupo.


24

Dessa época em diante, psicanalistas começaram a se interessar pelo fundamento da

dinâmica de grupo, e houve uma tendência a trabalhar com o todo grupal, e não com

indivíduos. Em Paris, no Centro Alfred Binet, Lebovici e Diatkine, na década de 60, iniciaram

um trabalho com um grupo de crianças “desajustadas socialmente” que passavam o dia na

instituição, no sistema de hospital-dia. Esta experiência, que permanece até hoje, trouxe

contribuições na área grupoanalítica infantil.

Bettlheim, Winnicott (1976) também se dedicaram a experiências grupais com

crianças, dentro de instituições.

Dentre os psicanalistas brasileiros, não podemos deixar de mencionar a experiência

com grupoterapia infantil, na maior parte das vezes, ligada a instituições, de Di Loretto, na

década de 70, Blaya (1963), Zimermann (1969), Osório (1970), Pez (1981), Outeiral (1986),

Fernandes (1995), entre outros.

3.3. Prática atual em grupo psicanalítico com crianças

Nos últimos tempos também pode ser observado um aumento de interesse e estudos no

ramo específico da psicoterapia de grupo de criança.

Deakin (2008) esclarece que psicoterapia com crianças pode ser definida como uma

intervenção que visa atender problemas diversos, que causam estresse emocional, interfere no

dia-a-dia da criança, dificultam o desenvolvimento das habilidades adaptativas e/ou ameaçam

o bem-estar da criança e dos outros à sua volta. Mais especificamente, a psicoterapia

psicanalítica com crianças é derivada da psicanálise e pode ser conceituada como uma forma

de tratamento interpretativo que tem por base a compreensão psicanalítica. Objetiva a

resolução de sintomas, a modificação do comportamento, certo grau de mudança estrutural da

personalidade e o retorno da criança aos impulsos desenvolvimentais normais. As técnicas da

psicoterapia incluem a interpretação utilizada junto à verbalização, o esclarecimento e as


25

mudanças manipulativas do comportamento, assim como uma experiência emocional

corretiva de um novo objeto.

Efetivamente, as grupalidades são formas clínicas de maior importância para as


crianças. Não só pela importância dela vivenciar aquilo que uma grupalidade
possibilita, como, principalmente, pelo fato da relação com o adulto, por mais boa
vontade que este tenha, exige da criança um esforço de significação e o sentimento
inevitável de que não está sendo apreendida, devido a presença do recalcamento a
linguagem do adulto vai ficando cada vez mais impermeável às manifestações da
alma infantil, a condição e o exercício básico para quem lida com criança é manter
a capacidade de sonhar.” (VESCHI, J.L., 2000).

Existem vários tipos de trabalhos de grupos com crianças: grupo de auto-ajuda

(SCHEIDLINGER, 2000), grupo de atividades com crianças carentes (TERZIS, 2005),

dinâmica de grupo aplicado à escola (ZIMERMAN, 2004), oficinas (MOTTA, 2007), oficinas

em dinâmica de grupo (CRUZ; ABADE, 2009), abordagem psicodiagnóstica interventiva

grupal (ALMEIDA, 2007). Pois embora não objetivem o alcance de insight e obtenção de

mudanças na estrutura psíquica, permitem o partilhar de sentimento e o alívio das emoções

ligadas à doença e ao sintoma.

Numa outra linha dessa modalidade de grupo, existem também os grupos de apoio ou

de psicoterapia destinados a crianças com problemas determinados como crianças

sexualmente abusadas (SEI, 2003) e em situação de risco social (CARVALHO, 2007). Com

sintomatologias específicas ou hospitalizadas, como portadores de necessidades especiais

(EMILIO, 2003; RAGO, 2009; PUDENZI;FERNANDES, 2006), crianças e adolescentes

portadores de câncer (MOREIRA, 2000), autistas (VERDI, 2005) e outras doenças. Ou

simplesmente grupo psicoterapêutico onde o terapeuta pode fazer um recorte de seu

atendimento para falar de assunto específico, como fantasias sexuais por exemplo, e publicar

o estudo de caso (BODSTEIN;ARRUDA, 2006).


26

3.4. Especificidades de grupos com crianças

Mais especificamente no grupo com crianças, deve-se considerar a homogeneidade

quanto aos limites da faixa etária e ao tipo de patologia das crianças selecionadas (psicóticas

ou não-psicóticas, por exemplo).

A participação de dois ou mais técnicos deve ser considerada, já que pode haver um

desgaste do terapeuta, o qual também exerce uma função de contenção física. Deve ser

observada a linguagem motora e lúdica. O setting deve contar com material que propicie o

uso de jogos, brinquedos e brincadeiras. Torna-se fundamental a função de holding (processo

maturacional e a facilitação do meio no desenvolvimento das crianças, segundo a teoria

psicanalítica de Winnicott) e de empatia por parte do grupoterapeuta. Também é necessário o

acompanhamento paralelo dos pais das crianças, de preferência em grupo.

Fernandes (2001) em seu artigo sobre as dificuldades e facilidades na psicoterapia de

grupo com crianças, enumera os seguintes dificultadores: a) nem sempre receberemos

pacientes dentro da faixa ideal de idade para o nosso grupo; b) às vezes o diagnóstico não

permite indicação para grupo; c) os grupos podem estar já formados; d) os grupos, no

momento, têm vaga mas a dinâmica grupal não permite novas entradas. Tais dificuldades

devem ser contornadas e assimiladas pelo terapeuta para que o grupo possa ser montado e

mantido. Mas também existem os facilitadores: a) o grupo terapêutico como escolha para o

atendimento desta faixa etária é uma técnica de muito sucesso; b) é multipessoal e facilita

identificações; c) adota a regra natural de seus participantes que é: crianças sempre estão em

grupos.

Fernandes (2001) vai mais além, e baseada em sua prática clínica, descreve

orientações importantes:

Quanto a nós terapeutas, penso que também somos selecionados pelos nossos
clientes. Eles nos testam, nos questionam, nos observam e precisamos com certeza
ser aceitos por eles. De nossa parte, creio que é preciso ser flexível, aberto para
idéias novas, ser atualizado, conhecer o mundo desses futuros jovens, seus filmes,
seus desenhos animados, seus jogadores preferidos, como anda o futebol, a moda, a
27

música própria para essa idade, caso contrário, ficaremos à margem de uma
realidade vivida por eles.

A ludoterapia de grupo consiste em uma técnica clínica psicológica especializada,

logo, exige de quem a pratica, ao menos o interesse por compreender melhor o mundo infantil

e o ser humano diante dos fenômenos grupais.

3.5. O método como modo de investigação

As técnicas psicoterápicas foram as mais pesquisadas para este estudo em Psicoterapia

de Grupo com Crianças, pois o trabalho norteia-se pelos princípios básicos da psicanálise

freudiana.

As bases para a psicanálise, bem como para a psicoterapia de orientação psicanalítica

na infância, foram estabelecidas por Freud, em 1909, com o tratamento do pequeno Hans.

Posteriormente, Freud reconheceu, a partir de experiência terapêutica de sua filha Anna, que a

teoria psicanalítica não só poderia ser comprovada por meio da observação direta, como

também poderia consubstanciar o corpo teórico do tratamento de crianças.

A especificidade do método psicanalítico é evidenciar certo número de linhas

dinâmicas inconscientes que organizam o psiquismo. Tal conjunto dinâmico é um sistema

imposto pela observação e prática. Nesta acepção, a tarefa que o procedimento

psicanalítico procura cumprir é o de tornar o inconsciente acessível à consciência, o que é

feito superando-se as resistências, e utilizando–se para isso o método da interpretação e a

técnica da associação livre. O valor terapêutico da interpretação foi compreendido por

Freud desde o primeiro momento, quando comprovou que, comunicando seus

descobrimentos em momento oportuno ao paciente, conseguia que este tornasse consciente


28

o que até então estava reprimido. Associação livre, transferência6 e interpretação foram os

três pilares da técnica de Freud para fazer consciente o inconsciente.

Os fundamentos do método e da técnica psicanalítica inaugurados por Freud, deram

origem ao que hoje chamamos de psicoterapia psicanalítica de crianças. A diferença entre a

psicanálise de crianças e a de adultos não está nos princípios básicos da metapsicologia

freudiana, mas sim na técnica para o acesso ao inconsciente. Sendo assim, a especificidade da

psicoterapia infantil implica a utilização de outras técnicas, pois a criança não faz associação

livre como os adultos. Podemos dizer que Freud estabeleceu os marcos referenciais da técnica

do jogo, demonstrando que o brincar não é somente um passatempo para viver situações

prazerosas, mas também uma maneira de elaborar circunstâncias traumáticas. Freud dizia que

as crianças brincam para fazer alguma coisa que, na realidade, fizeram com elas. É através do

brinquedo que a criança tem a possibilidade de realizar o desejo dominante para sua faixa

etária, por exemplo, o de ser grande e de fazer o que fazem os adultos. Na situação do

brinquedo a criança procura relacionar-se com o real, experimentando-o a seu modo,

procurando construir e recriar essa realidade. Através do brinquedo, a criança não só realiza

seus desejos, mas também domina a realidade, graças ao processo de projeção dos perigos

internos sobre o mundo externo. O brinquedo é, então, um meio de comunicação, é a ponte

que permite ligar o mundo externo e o interno, a realidade objetiva e a fantasia.

Deve-se levar em conta que no trabalho com crianças tudo acontece muito mais

rapidamente, e, no início, muito pouco em nível verbal. O funcionamento mental da

criança é concreto, suas atuações ocorrem predominantemente em nível motor. O analista

deve conter violentas explosões de turbulência que possam vir a ocorrer, e recuperar sua

capacidade de pensar. Assim lidar com a transferência e contratransferência não é tarefa

6
Os clientes desenvolvem para com seu terapeuta relações emocionais, tanto de caráter afetuoso como hostil,
que não se baseiam na situação real, mas que derivam de suas relações com os pais (complexo de
Èdipo).
29

fácil, já que o setting analítico desperta variáveis do mundo interno e externo, tanto da

criança, quanto do analista, que por sua vez deve manter postura analítica e preservar sua

liberdade de pensar e criar.

Há ainda a especificidade de o campo analítico de crianças ser constituído pela

tríade: analista-paciente-pais. Assim o interjogo de identificações projetivas que se cruzam

é mais complexo, e o analista terá que conseguir uma leitura mais abrangente da situação, a

fim de perceber os efeitos que exercem as fantasias inconscientes dos pais na determinação

e criação da fantasia inconsciente do campo. Não é aconselhável que o terapeuta da criança

atenda também aos pais. Entretanto, pode e deve fazer entrevistas de seguimento com os

pais, quando o setting encontrar-se ameaçado, ou para colher mais informações.

Sendo assim, esta técnica psicoterápica com crianças substitui muitas vezes a

associação livre pela linguagem pré-verbal da criança através de seus jogos, desenhos,

sonhos e associações. Comprovada a capacidade da criança de compreender a interpretação

e de estabelecer uma transferência com o terapeuta, esta técnica se torna tão eficaz quanto

a que é realizada com o adulto. A psicoterapia de crianças de abordagem psicanalítica

oferece um terreno fértil e uma ótima oportunidade para o analista aprender a ser mais

simples e lúdico, pois quanto mais breves e simples forem as intervenções, maiores são as

possibilidades de insight da criança e o brinquedo torna-se o meio privilegiado de

comunicação.
30

4. Objetivo do trabalho

O objetivo do trabalho foi analisar as características de grupos com crianças em

publicações brasileiras.

Para validar o objetivo deste trabalho, as palavras de Santos (2005), em seu editorial

sobre cem anos da psicoterapia de grupo, faz uma reflexão a respeito da necessidade de

trabalhos científicos na área grupal. Ele diz que:

Em um universo em contínua expansão, interconexão e globalização, temos


assistido à valorização crescente dos grupos como espaços de socialização e
integração das experiências humanas. O ser humano precisa de instâncias para
partilhar recursos e construir sentidos para suas inquietações. Só assim é possível
doar significado ao sofrimento, o que nos permite aproximarmos da dor e
humanizá-la, contribuindo para torná-la aceitável dentro de um padrão de dignidade
humana. As estratégias utilizadas precisam ser coletivas e devem contribuir para
desvelar o que tende a ser mantido silenciado na ruidosa sociedade de consumo: o
sofrimento alheio. Assim, é compreensível que a produção de conhecimento nesses
tempos velozes em que vivemos reflita as demandas de nosso modo de ser no
mundo como seres que interrogam e se deixam permear pelos processos
intersubjetivos.

Portanto, este trabalho possui o objetivo de responder à necessidade de conceitualização

das bases teórico-práticas que sustentam o trabalho com grupos em diferentes contextos, mas

principalmente no contexto de grupo de psicoterapia com crianças. Este trabalho de conclusão de

curso espelha um movimento generalizado de busca de novos paradigmas, bem como a

exploração de novas possibilidades dentro das abordagens mais consagradas e tradicionais.

Para Dejours (2000) apud Santos (2005), o grupo pode ser o meio mais humano de

construir o sentido do trabalho e buscar resgatar seu potencial transformador, sua centelha

criativa. Temos a responsabilidade de pensar e ressignificar os conflitos, mas isso se torna uma

tarefa menos árdua quando pode ser feita entre humanos, permeado pela afetividade e pela

energia que emana da troca de experiências.


31

5. Metodologia

Para seleção do material bibliográfico, foram utilizados os seguintes critérios:

- Publicações que tratam dos fundamentos teóricos da Psicanálise; sobre Psicoterapia de

grupos em geral, categorias de grupos; levantamento histórico dos principais autores sobre o

tema. Psicoterapia de grupo com Crianças, teóricos dessa área de pesquisa.

-Tipos de publicações: artigos, livros. Idioma: Português e Espanhol. Os livros pesquisados

foram quatorze entre autores brasileiros e de outras nacionalidades que tratavam de assuntos

relacionados a grupo, psicoterapia de grupo com crianças, psicanálise e temas sociais.

Para obtenção de dados através dos artigos online foram utilizadas publicações

brasileiras, no período de 2000 a 2010. As palavras-chaves utilizadas na revisão bibliográfica

foram: “psicoterapia de grupo com crianças”; “psicoterapia de grupo”; “grupanálise”. Para o

levantamento bibliográfico foram realizadas buscas nos indexadores Lilacs, ScIELO , Portal

da Capes, e nas seguintes fontes eletrônicas: site da biblioteca digital da USP; e do Google

Acadêmico, nessas fontes foram localizados e selecionados vinte e dois artigos. Dos artigos

pesquisados, quinze estão relacionados a estudos de caso e sete são estritamente teóricos.
32

6. Resultados

A revisão bibliográfica através de pesquisa de publicações brasileiras na área de

grupos de psicoterapia infantil demonstrou que, apesar dos avanços alcançados, ainda existe

uma escassez de pesquisas na área. Ainda hoje temos dificuldade em encontrar bibliografias

mais clássicas referentes a grupos de psicoterapia de crianças, comparando as achados sobre

adultos, com o que concorda a autora Deakin (2008).

Os artigos encontrados sobre essa temática versavam sobre diversos tipos de grupos e

propostas de trabalho que serão descritos a seguir.

As oficinas em dinâmica de grupo constituíram o modelo de intervenção psicossocial

que balizou as atividades coletivas da pesquisa-intervenção denominada, “Arte e Cultura no

1º de Maio e Entorno” realizada em um centro social de Belo Horizonte. O propósito desse

trabalho foi refletir sobre essa metodologia, a partir da experiência com grupos de crianças e

com grupos de adolescentes. A oficina é um trabalho com grupos, no qual se focaliza uma

questão central que o grupo se propõe a elaborar, em um contexto social. Nas Oficinas

Psicossociais a tentativa era que o grupo levantasse temáticas que fossem discutidas,

principalmente a partir dos fragmentos de vida e da realidade que cerca os participantes. O

principal objetivo dessas oficinas era propiciar às crianças e adolescentes espaços de

construção do conhecimento e de participação ativa em suas ações. A questão central da

pesquisa se referia ao conceito de visibilidade e invisibilidade social, discutido também por

Soares (2004). Desse modo, inferia-se que por meio do trabalho com as oficinas psicossociais,

as crianças e adolescentes poderiam experimentar outras possibilidades, que não fosse a

violência, de se tornarem visíveis socialmente (CRUZ;ABADE, 2009).

A aplicação da dinâmica de grupo na escola foi publicada por Zimerman (2004), em seu

trabalho ele pretendeu enfatizar a importância que a dinâmica de grupos representa nos

processos de ensino-aprendizagem em qualquer instituição de ensino, principalmente nas


33

escolas primárias. A dinâmica de grupos é enfocada do ponto de vista das contribuições

psicanalíticas, mais particularmente, a integração e interação dos alunos, familiares,

professores, cúpula diretiva da instituição, a ideologia do ensino, etc. Após enfatizar a

importância dos fatores inconscientes de todos participantes, e a natureza dos vínculos que

caracterizam as inter-relações grupais, o trabalho destacou a possível aplicação prática de

"grupos de reflexão" na escola, em diversos níveis.

Para atender crianças e mulheres vitimizadas foi criado em Ribeirão Preto, cidade do

interior do estado de São Paulo, o GEAVIDAS (Grupo de Estudos e Atenção à Violência

Doméstica e Agressão Sexual). A autora Sei (2003) desenvolveu um protocolo onde a vítima

recebe atendimento médico, legal, psicológico e social no pronto-atendimento. Entretanto,

tendo em vista a necessidade de um atendimento psicológico que não apenas o de urgência,

criou-se em 2001 um convênio com a FFCLRP-USP para o atendimento, por estagiários de 4º

e 5º anos de Psicologia, das vítimas encaminhadas. Contudo, percebeu-se que apenas o

atendimento individual não estava sendo capaz de atender à demanda, gerando espera e

desistência do tratamento e optou-se pela criação de grupos de espera para mães e

adolescentes, onde poderiam trabalhar suas angústias, vivências e sentimentos, fazendo uso

das vantagens que um setting grupal oferece.

Carvalho e Térzis (2009) relataram sua experiência sobre um pequeno grupo de crianças

que freqüentavam um Centro Comunitário, com idades entre dez e onze anos, de ambos os

sexos, homogêneo, fechado e com a mesma queixa de desajuste escolar, através da aplicação

da técnica grupo de psicodiagnóstico (KAËS;ANZIEU, 1989). Esses autores levantaram a

hipótese do uso de instrumentos musicais como uma alternativa lúdica para as crianças

manifestarem suas emoções. A análise qualitativa do conteúdo foi realizada por dois

psicólogos com conhecimento sobre psicanálise de grupo através da técnica de interpretação

de Mathieu (1967). Concluíram que o manejo de instrumentos musicais facilitou a técnica de


34

grupo de psicodiagnóstico, onde as crianças puderam expressar seus sentimentos e se

conscientizarem deles, fazendo com que atingissem o sentimento de pertinência grupal, que

elaborassem suas inibições, que ampliassem sua capacidade de sociabilidade e que

fortificassem seu ego.

Sobre grupo arterapêutico com crianças (SEI;PEREIRA, 2005) o artigo encontrado

considerou a arteterapia como um espaço de expressão e acolhimento. As autoras relataram

uma experiência de um grupo arteterapêutico, de cunho profilático, com crianças entre nove e

onze anos. Foram realizados oito encontros e foi possível promover um espaço de maior

contato das crianças com aspectos de si e de desenvolvimento de potencialidades não

trabalhadas em outros contextos, além de uma rica experiência profissional e pessoal para as

coordenadoras do grupo.

O estudo sobre grupo de atividades com crianças (TÉRZIS, 2005) objetivou descrever

as atividades do grupo de crianças a fim de se compreender melhor o que se passa na ação

psicoterapêutica quando em casos de dificuldades de adaptação. O grupo foi formado por sete

crianças de ambos os sexos, com idades entre quatro e seis anos. A análise do material

coletado foi qualitativa. O grupo de atividades facilitou o contato das crianças entre si e com o

grupo e contribuiu para fortalecer o ego em desenvolvimento nas crianças. O brincar foi uma

forma de comunicação que facilitou o estabelecimento de uma relação mais íntima entre as

crianças e serviu como meio para expressar sentimentos, desejos e fantasias.

Como possibilidade de escuta e acolhimento a angústias familiares, Almeida et al.

(2007) participaram de grupos de triagem e diagnóstico que é uma das portas de entrada para

o atendimento no Setor de Saúde Mental no Departamento de Pediatria da UNIFESP. Tal

recurso vem se mostrando útil na investigação, intervenção e encaminhamento no âmbito

institucional, facilitando a promoção de saúde mental da criança e da família. Para a


35

realização dos grupos, são utilizados referenciais advindos da tradição psicanalítica grupal,

integrados às técnicas psicodiagnósticas numa vertente interventiva.

Silva (2007) produziu um trabalho para refletir sobre a necessidade de desenvolvimento

de metodologias na área da violência doméstica contra criança e adolescente numa

Associação Beneficente chamada “Direito de Ser”, localizada na cidade de Campinas. Nesse

sentido propôs o uso da técnica do sandplay (caixa de areia) no acompanhamento psicológico

psicanalítico das crianças e adolescentes.

Há também grupos psicodinâmicos heterogêneos, sem uma finalidade específica, além

do objetivo geral é claro, de aliviar o sofrimento psíquico. Bodstein e Arruda (2006) fizeram

um recorte de atendimento em um determinado grupo de crianças para estudar as fantasias

sexuais edípicas. Estas crianças foram atendidas por dois anos, em um ambulatório de um

serviço público; o grupo era aberto e constituído por crianças de ambos os sexos, de 10 e 11

anos de idade. Na pesquisa, utilizou-se o método clínico-qualitativo. As fantasias de

conteúdos sexuais estiveram presentes em grande número de sessões. Já as fantasias edípicas

eram menos freqüentes e menos evidentes, pois eram recalcadas ou apareciam de forma

velada, quase sempre na transferência com as terapeutas e com outras crianças.

O artigo de Rago (2009) se propôs a trazer para o leitor uma reflexão feita a partir do

estudo de alguns autores a fim de fundamentar experiências de trabalho em grupo com

crianças com baixa visão e paralisia cerebral. A intenção foi mostrar como essa forma de

trabalho, realizada com atividades bem planejadas e com objetivos claros, pode contribuir

significativamente para o desenvolvimento psico-educacional das crianças e para a ampliação

da aprendizagem, levando em conta a interação interpessoal, na construção individual e em

grupo, para lidar com suas dificuldades, buscando o desenvolvimento integral e a realização

de seus desejos.
36

Pudenzi e Fernandes (2006), também produziram estudo de caso a respeito de grupo

com crianças com múltiplas deficiências em uma escola filantrópica. Foram realizadas

alterações no modo de funcionamento da escola e o artigo pretendia fazer uma análise

comparativa de como era o funcionamento antes e como se dá atualmente. O trabalho da

estagiária de Psicologia consistiu em atendimentos grupais com características de Grupo

Operativo, cuja tarefa foi a de facilitar a interação e convivência entre a clientela da escola.

Emilio (2003) abordou o processo de inclusão a partir do impacto da chegada de um

indivíduo significativamente diferente em um grupo. Buscou-se, com isso, fornecer subsídios

que auxiliassem os profissionais envolvidos com o cotidiano escolar.

O artigo de Teixeira (2007) discutiu o campo de atuação do psicanalista em

instituições, tomando como referência o trabalho em grupo com crianças em uma clínica-

escola. A pesquisa foi desenvolvida a partir do projeto “Oficina terapêutica Conto e Traço”,

centrado no atendimento de crianças em grupo com queixas de problemas de aprendizagem,

adaptação à escola e resistência a participação em grupos. Com base nos pressupostos teórico-

clínicos da psicanálise, foram utilizadas atividades de contar e desenhar histórias. O estudo

deu ênfase à discussão sobre o encaminhamento clínico das queixas e sobre os agenciamentos

institucionais que atravessavam a clínica.

O trabalho de Verdi (2005) tratou-se de um relato de experiência institucional, que

descreveu as atividades clínicas e pedagógicas conduzidas em uma instituição pública

municipal que atende 40 crianças e adolescentes autistas e psicóticos. Analisou, a partir dos

pressupostos teóricos da Psicanálise e do Construtivismo, a construção desse trabalho,

relatando a organização das atividades, a interação destas crianças e adolescentes com as

propostas institucionais. Descreveu o funcionamento da equipe multidisciplinar e os vários

âmbitos de atuação desta equipe. Trouxe ainda exemplos práticos ocorridos no cotidiano

dessa instituição.
37

Medeiros (2009) pensou sobre a chegada da criança à clínica onde se faz as consultas

médicas. Os exames invasivos e a quimioterapia são geradores de estresse e medo e o

cansaço da espera em um ambiente tipicamente adulto pode gerar desmotivação, choro,

ansiedade e desejo de deixar o ambiente. O Serviço de Psicologia da Oncoclínica São Marcos

implantou o grupo de sala de espera para crianças com câncer, visto que dessa forma, seria

possível prestar assistência a um maior número de crianças no menor espaço de tempo. Este

trabalho foi iniciado em fevereiro de 2008. O grupo funcionava semanalmente, tendo duas

horas de duração. O horário coincidia com o atendimento médico das crianças. Enquanto os

pacientes aguardavam a vez de serem atendidos pela médica, participavam do grupo facilitado

por uma psicóloga, saindo e retornando à medida que iam sendo atendidos. O grupo era aberto

e recebia aproximadamente sete crianças por semana, na idade entre 1 e 12 anos em diferentes

fases do tratamento. As atividades realizadas eram livres ou dirigidas com a utilização de

instrumentos lúdicos diversos.


38

7. Discussão

É necessário que essa especialidade de grupo com crianças procure criar seu campo de

trabalho na busca de uma maior consistência, teórica e técnica, e da organização dos conceitos

e conhecimentos adquiridos por meio da comunicação dos resultados de sua aplicação,

realizada em clínicas, consultórios particulares, postos de saúde e atendimentos da rede

pública, buscando integração e vitalidade própria.

Também é preciso levar em consideração que a percepção de capacidade e limites

próprios dos profissionais, acaba por influenciar na decisão da técnica a ser utilizada dentro

dos trabalhos com psicoterapia de grupo com crianças, ou mesmo no encaminhamento para

outros tipos de abordagem técnica, incluindo-se aí a psicoterapia individual.

Teixeira (p.197, 2007) levanta outra hipótese sobre o pouco interesse em grupos:

Sabemos que a escassez de serviços psicológicos destinados à comunidade carente


constitui um dos sérios problemas enfrentados pelas clínicas-escola das
universidades, causando listas de espera infindáveis e obstaculizando a
operacionalidade institucional (HERZBERG,1996; SANTOS, MOURA &
RIBEIRO, 1993; SILVARES, 2000). Entretanto, reconhecemos que, em muitos
fluxogramas da formação do psicólogo, não é atribuída ênfase à pluralidade de
formas de intervenção psicológicas, sendo ressaltado, particularmente, o
atendimento em consultório individual e privado. Mesmo o acompanhamento de
pacientes realizado em ambulatório público não se diferencia, necessariamente, do
modelo clínico privado não institucional, daí o caráter institucional dever ser
considerado nos vínculos desde a recepção do paciente e, especialmente, na aliança
terapêutica propriamente dita.

E a essa problemática está associada também a forma de aplicação das grupoterapias.

Em Zimerman (2000), discute-se o estado atual e perspectivas futuras das grupoterapias em

geral:

Os grupos terapêuticos, não os de funcionamento estritamente analítico, têm


revelado um significativo desenvolvimento e uma progressiva demanda. São
exemplos: o emprego de técnicas psicodramáticas, a terapia de casal, a de família,
grupos com psicóticos egressos, diversos tipos de grupos homogêneos, sobretudo
os de auto-ajuda. Especialmente estes vêm revelando, nesta última década,
expansão e aproveitamento notáveis, sobretudo em infindáveis aplicações na área
da Medicina. Em relação à psicoterapia analítica de grupo propriamente dita, não se
observa o mesmo crescimento que o descrito nos grupos anteriores. Pelo contrário,
após o início de sua aplicação na década de 50 e o vigoroso florescimento na de 60,
as décadas 70 e 80 foram marcadas por um progressivo declínio (ZIMERMAN,
2000, p.227).
39

Ao ponderarmos sobre as tendências atuais relacionadas à psicoterapia analítica de

grupo, voltamos à polêmica a qual podemos verificar, que permanece ainda a questão do

indivíduo ou do grupo, como tendências aparentemente antagônicas, que se conflitam e

dificilmente podem conviver.

Porém, ao empreender estudos nessa área, pode-se colaborar com uma nova tendência

que parece surgir, concernente a uma maior aceitação e delimitação de estudos de campos

diferentes, mas não divergentes, em relação à psicoterapia individual de base analítica e às

abordagens grupais.

A psicoterapia de grupo, tanto no que se refere aos grupos de adultos, quanto com

relação ao grupo de crianças, na atualidade alcança status de maior maturidade e parece, por

meio de investigações e estudos de relevância, influenciar os recentes avanços da psicologia e

da psicanálise. Bem como no intercâmbio de conhecimentos e experiências com outras áreas

do conhecimento humano tais como a antropologia, filosofia, sociologia, comunicação, ética,

história, educação, política, psicofarmacologia e midiologia.

Acredita-se que com mais esse trabalho de revisão bibliográfica, se consiga agregar ao

campo de estudo ligado às psicoterapias de grupo com criança, exigindo, além do saber ligado

à psicoterapia de grupo de adulto, outros específicos e necessários para a compreensão do

mundo mental infantil individual e sua interação nos grupos. Ainda há um vasto campo para

pesquisas em relação a dinâmica grupal que merece devida atenção.


40

8. Conclusão

Espera-se que neste trabalho estejam contidas reflexões férteis sobre as publicações e

prática da psicoterapia de grupo com crianças que possam ressaltar as transformações

culturais dos tempos atuais e chegar a alguma hipótese sobre a escassez de estudos nessa área.

Segundo Fernandes (1997, p. 18) o grupo é um espaço de identificação, de

continuidade, de abolição das diferenças, e de estabelecimento de diferenças também. A

autora coloca que talvez uma das qualidades seja o espaço de mediação e instrumento de

articulação dos grupos internos com o grupo atual. Espaço onde as crianças se expressam,

mas também escutam relatos que são outras tantas atualizações ressonantes dos vínculos de

cada uma. Espaço vazio, que cada individualidade povoa com personagens biográficos. Às

vezes um espaço repleto de sentidos que propiciam, onde o biográfico fica como mero

contexto que pode ou não se interpor, sem que ele tenha inicialmente valor para o outro.

Fernandes continua sua linha de raciocínio dizendo que o espaço terapêutico grupal

pretende analisar, promovendo compreensão e modificação, permeando compromissos com o

grupo interno e grupo atual, e para isto ele conta com a aliança de trabalho, não se excluindo a

revisão dos obstáculos que cada sujeito introduz.

Encontra-se no grupo também um espaço para a expressão simbólica. A simbolização,

no seu mais amplo significado, é um processo de transformação da experiência em

representações internas simbólicas. É nesse sentido processo básico do pensamento. Num

sentido mais restrito refere-se aos produtos da fantasia, essa forma de pensamento particular

que segue o livre curso interno das tendências, sem adaptar-se à realidade externa.

Para finalizar seu artigo, Fernandes (1997,p.21) amplia a discussão:

Especificamente com relação às crianças, poder escutar seu sofrimento, entrar em


sua linguagem, em suas angústias, em suas dores, em seus sonhos, requer de nós,
terapeutas um amplo questionamento sobre a prática do dia-a-dia e o saber teórico.
41

Este estudo teve como intuito proporcionar uma visão global de práticas grupais com

crianças. Estes trabalhos estão comprometidos com o avanço da ciência psicológica,

conectados à transformação da sociedade e aos interesses da maioria da população. Porém,

deve ser lembrado que são algumas das possibilidades encontradas em um leque de opções,

que provavelmente não estão sendo publicadas e dessa forma dificultam o acesso às

informações. Vale ressaltar também que foram pesquisados somente artigos brasileiros,

ficando também a sugestão para futuras pesquisas de revisão bibliográfica em artigos

internacionais para se tomar como exemplo outras experiências com grupos de crianças.
42

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