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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 3

2. CONHECIMENTOS PRÉVIOS AOS ATENDIMENTOS DE SOCORRO . 4

2.1 Suporte Básico à Vida com qualidade .................................................. 5

2.2 Perfil ..................................................................................................... 6

2.3 Objetivo ................................................................................................ 6

2.4 Funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC) ............................ 8

2.5 Indicadores técnicos de estado .......................................................... 10

2.6 Acuidade visual .................................................................................. 13

2.7 Escala de Glasgow ............................................................................. 15

2.8 Óbitos em evidência ........................................................................... 19

2.9 Preservação do local do acidente ou crime ........................................ 20

3. BIOSSEGURANÇA DO SOCORRISTA ................................................ 21

3.1 Fluido corpóreo .................................................................................. 21

3.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ..................................... 21

4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SALA DE EMERGÊNCIA ....... 22

4.1 Inicial .................................................................................................. 22

4.2 Intermediário ...................................................................................... 23

4.3 Final.................................................................................................... 23

4.4 Efeitos de alguns medicamentos utilizados na sala de emergência em


paradas cardiorrespiratórias ................................................................................... 24

5. PROTOCOLOS DE SBV PRECONIZADO PELA AMERICAN HEARTH


ASSOCIATION – AHA. ............................................................................................. 24

5.1 Avaliação primária do paciente (agravo clínico) ................................. 24

5.2 Avaliação secundária do paciente ...................................................... 26

5.3 Parada respiratória no adulto ............................................................. 27

1
5.4 PCR RCP em adultos (Guidelines AHA) ............................................ 28

5.5 Interrupção da RCPh .......................................................................... 30

6. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM ATIVIDADE ELÉTRICA SEM


PULSO OU ASSISTOLIA .......................................................................................... 31

7. MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA .................................... 35

7.1 A.B.C.D.E. do trauma Airway, Breathing, Circulation, Disability,


Exposure (Vias Aéreas, Respiração, Circulação, Neurológico, Exposição) ........... 35

7.2 Alteração no protocolo – Emprego do X (XABCDE do trauma).......... 36

7.3 Significado das Letras XABCDE ........................................................ 36

8. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA E PRESENÇA DE RESPIRAÇÃO


ADEQUADA .............................................................................................................. 39

9. CIRCULAÇÃO E COMPRESSÃO TORÁCICA EXTERNA .................... 39

9.1 Compressões torácicas externas ....................................................... 40

10. VIAS AÉREAS E RESPIRAÇÃO ........................................................... 42

10.1 Respiração boca a boca ................................................................. 42

10.2 Respiração boca-máscara .............................................................. 43

10.3 Respiração por dispositivo bolsa-válvula-máscara ......................... 43

11. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR ............................................. 44

12. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MANOBRAS DE RCP COM RECURSOS


DO SUPORTE DE VIDA AVANÇADO ...................................................................... 46

13. DESFIBRILAÇÃO .................................................................................. 46

13.1 Desfibrilador manual ....................................................................... 47

13.2 Desfibrilador externo automático..................................................... 50

14. REAVALIAÇÃO ..................................................................................... 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 54

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1. INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per-
gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que
esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a res-
posta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se-
guida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2. CONHECIMENTOS PRÉVIOS AOS ATENDIMENTOS DE SOCORRO

É de extrema relevância que todo profissional da área da saúde saiba como


agir em situações críticas que ofereçam risco iminente à vida, porém, nem sempre
esses profissionais estão próximos da população, tornando-se necessário que, de um
modo geral, as pessoas leigas saibam como agir em uma situação primária de emer-
gência, com a finalidade de preservar as funções vitais da vítima. O suporte básico de
vida (SBV) é um conjunto de ações, medidas e procedimentos instituídos em vítimas
em situações de risco iminente de morte, geralmente ocorrido fora do ambiente hos-
pitalar e sem utilização de manobras invasivas, sendo, portanto, vitais para a manu-
tenção da vida até a chegada do suporte avançado. O objetivo principal do SBV é não
gerar novas lesões ou agravar as lesões preexistentes. Ela se baseia nos elos da
cadeia de sobrevivência e proporciona um aumento exponencial nas chances de so-
brevida, mas há diferenças para o atendimento em neonatos, crianças e adultos.
O Suporte Básico à Vida (SBV) se trata de reconhecer uma situação e poder
diagnosticá-la entre urgência e emergência, atentando-se para as condutas técnicas
de primeiros socorros.
A Legislação é clara ao contemplar o artigo 135 do Código Penal, que atribui
crime para quem não socorre. Para tanto, faz necessário o conhecimento de condutas
técnicas para a atuação necessária. A propedêutica (conduta técnica ou plano de
ação) para o desempenho às vítimas.
Primeiramente, é necessário solicitar à vítima o “consentimento” para a realiza-
ção do atendimento de primeiros socorros, que pode ser de duas formas:
• Explícita: quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o
atendimento, após o prestador de socorro ter se identificado como tal e
ter informado a ela que possui treinamento em primeiros socorros;
• Implícita: quando a vítima está inconsciente, confusa ou gravemente fe-
rida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentimento ao aten-
dimento. Nesse caso, a legislação cita que a vítima daria o consenti-
mento caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o
atendimento de primeiros socorros.

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No SBV, existem pontos que merecem esclarecimento quanto à etiologia, já
que a visão se altera com o conhecimento, em que se constatam as diferenças exis-
tentes. (SOUSA, 2014).
Os primeiros socorros podem ser definidos como cuidados imedi-
atos que devem ser prestados prontamente a uma pessoa, vítima
de acidente ou doença súbita, cuja condição física ponha em risco
a sua vida, de forma a manter as funções vitais e evitar o agrava-
Primeiros mento do seu estado, através da adoção de medidas e procedi-
socorros: mentos até que a assistência qualificada esteja disponível.
Qualquer pessoa treinada pode prestar os primeiros socorros com-
portando-se com serenidade, compreensão e confiança. O conhe-
cimento básico de primeiros socorros é necessário porque pode
salvar uma vida.
Também se faz com atendimento imediato, mas há a necessidade
do encaminhamento ao hospital para observação e intervenção do
profissional médico e demais profissionais da área a que se refere
Atendimento
a situação atendida. Nesse caso, há risco de morte, portanto é
pré-hospitalar:
“emergência”, será preciso remover a vítima ao hospital para reali-
zar exames complementares, receber cuidados específicos de ou-
tros profissionais.
Situações que correspondem a não gravidade. Não há riscos e
Urgência:
comprometimento da saúde ou integridade da vítima.
Constatação médica de condições de agravo a saúde que impli-
Emergência: quem sofrimento intenso ou risco iminente de morte, exigindo, por-
tanto, tratamento médico imediato.

2.1 Suporte Básico à Vida com qualidade

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O Suporte Básico de Vida (SBV) é um protocolo de atendimento no qual se
estabelecem o reconhecimento e a realização das manobras de ressuscitação cardi-
opulmonar (RCP), tem como objetivo manter a vítima de parada cardiorrespiratória
(PCR) viva até a chegada de uma unidade de transporte especializada.
O Socorrista necessita de uma propedêutica para cada situação apresentada e
ter consciência profissional de que será necessária de paramentação para a execução
dos procedimentos técnicos desenvolvidos para qualquer vítima que apresentar qua-
dro clínico de socorro. (SOUSA, 2014)
Nos itens a seguir vamos compreender o que é preciso para ser socorrista.

2.2 Perfil

“É necessário que o socorrista tenha um perfil muito solidário e saiba agir com
prudência e cautela diante cenários de grande pressão. A pessoa escolhida deve
apresentar controle emocional e transmitindo calma e segurança à vítima.

2.3 Objetivo

Os objetivos de um SBV com qualidade são: reconhecer situações com risco


de morte, aplicar respiração e circulação artificial quando necessário, controlar san-
gramentos; evitar infecções, deixar a vítima o mais confortável possível, tocar na ví-
tima com técnicas de protocolos universais e providenciar assistência hospitalar e
transporte o mais rápido possível. Devendo seguir as seguintes condutas:

• Assumir a situação com propriedade: é preciso saber o que está fa-


zendo.
• Bom senso e domínio da situação: no momento da urgência ou emer-
gência, o Socorrista precisa conhecer o assunto e desenvolver o atendi-
mento com agilidade.
• Ter compromisso com a vida do outro: é necessário se importar com
a vida das pessoas que acercam o local;
• Ter raciocínio rápido: o pensamento rápido é essencial para condutas
imediatas;

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• Ser determinado e objetivo: é preciso saber o que deverá ser feito e
focar no objetivo;
• Reconhecer seus limites: há situações em que o Socorrista não terá
habilidade o bastante para prestar o atendimento; nesse caso, deverá
passá-los para outra pessoa;
• Evitar pânico: o autocontrole do Socorrista é imprescindível, pois trans-
mitirá à vítima e às pessoas que o rodeiam a segurança de que tudo
ocorrerá da melhor maneira possível;
• Evitar comentários desagradáveis: o Socorrista deve ter em mente
que as palavras possuem um poder muito grande e podem desencadear
situações mais graves ou até o óbito. Portanto, não faça comentários de
agravos à vítima, aos familiares ou a outras pessoas próximas;
• Delegar ações com clareza: solicitar auxílio sendo o mais explícito pos-
sível, evitando, assim, dúvidas ou ajuda de forma incorreta, pois o tempo
é muito curto para erros;
• Ser rápido em improvisação: existem lugares e situações em que o
Socorrista não terá os materiais necessários para executar um procedi-
mento; para tanto, desenvolverá algumas artimanhas (por exemplo: o
interior do envelope de gaze é totalmente estéril, pois houve um pro-
cesso de descontaminação; você pode abri-lo, utilizar-se das compres-
sas de gaze e, ainda, aproveitar a parte de dentro e estancar uma he-
morragia, pois essa parte não teve contato com o meio externo;
• Ser responsável por seus atos: o Socorrista deve executar os proce-
dimentos independentemente de estar sendo supervisionado ou não e
ter em mente a importância de conhecer sobre os riscos de contamina-
ção e prejuízos à vida da vítima, caso não se atenha aos cuidados de
assepsia, por exemplo;
• Ser seguro em suas atitudes: o Socorrista não poderá ficar em dúvida
no atendimento; caso não saiba a conduta, é preciso perguntar ou re-
passá-la para outro profissional;
• Preservar a sua própria integridade: executar os procedimentos com
equipamentos de proteção individuais (EPIs), como luvas, máscara e

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óculos, evitando contaminações desnecessárias que podem perdurar
por toda a vida do Socorrista;
• Observar o local do acidente: o Socorrista deve atentar-se de forma
ampla para o local do fato, antes dos procedimentos, para tomar condu-
tas prévias, como: isolá-lo; demarcar alguns pontos; evitar que outros
acidentes se desencadeiem etc.
• Estabelecer comunicação com a vítima: o Socorrista deve favorecer
a comunicação com a vítima, fazendo perguntas do tipo: QUAL O SEU
NOME? O QUE ACONTECEU? ONDE DÓI?
Nunca se deve fazer perguntas para as quais as respostas sejam números
(por exemplo: que dia é hoje ou quanto é dois mais dois?), pois, se perguntarmos a
alguém lúcido que dia é hoje, ele poderá errar, e isso não será tão relevante. Caso a
vítima apresente sinais vitais, pulso e respiração, é preciso fazer um exame neuroló-
gico rápido, mexendo na ponta do pé e perguntando onde está sendo tocada (apertar
a ponta de um dedo e perguntar-lhe se está sentindo). Isso norteará o Socorrista para
saber se a vítima apresenta alguma suposta lesão de coluna (mas isso não remete a
levantar a vítima e fazê-la deambular, pois somente por meio de exames precisos
teremos um diagnóstico autêntico).
Liberar as vias aéreas somente para casos sem trauma cervical; caso o Socor-
rista perceba que a vítima não esteja respirando, respira com dificuldades ou, ainda,
apresente cianose labial, deve liberar as Vias Aéreas Superiores (VAS) da vítima, fa-
zendo a manobra da distensão da cabeça para trás, para que a passagem de ar re-
torne à normalidade. Porém, lembre-se: esse procedimento somente é realizado com
100% de certeza de que a vítima não tenha a coluna cervical lesionada;
• Priorizar a queixa principal: se a vítima estiver se comunicando (fa-
lando), externará sua dor ou desconforto. Deve-se escutá-la e dar aten-
ção para seus sintomas.

2.4 Funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC)

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Nosso SNC tenta em sua máxima força equilibrar o organismo que dele de-
pende para todas as situações apresentadas, o que se dá pelo fato de as células de
defesa atuarem ao seu comando. Essa função é o equilíbrio dinâmico, o meio interno
homeostático, indo “de encontro” a qualquer alteração abrupta; quando não se conse-
gue a reposição do equilíbrio, podem ser desencadeadas respostas mais severas - a
interrupção do sistema-, como a síncope(desmaio). O nome que se dá a esse fenô-
meno é homeostase, o equilíbrio do organismo sistêmico, em que se tentará entrar
em equilíbrio a qualquer custo para que o sistema possa ficar dentro dos padrões
permitidos para aquele corpo. Um exemplo é a febre, que não é ruim, mas uma men-
sagem enviada de imediato para comunicar que algo está errado com o sistema.
Outro exemplo são os casos graves e potencialmente fatais, nos quais o SNC
envia proteção apenas para três órgãos: o cérebro, o coração e os pulmões, - todos
os outros órgãos param para economizar energia em prol desses que comandam a
vida. Se a homeostase não puder funcionar na capacidade máxima, esses órgãos
vitais começam a morrer, iniciando-se pelos pulmões, ocorrendo a parada respiratória,
dando sequência à parada cardíaca, denominada parada cardiorrespiratória.
(SOUSA, 2014)
Entendendo de forma comum, o SNC é como uma sirene dentro do corpo, que
apita toda vez em que há algo de errado: dor; febre; linfonodos (sinal de inflamação);
inchaço leve com uma dor suportável na região submandibular, axilar ou ainda ingui-
nal, localizada na virilha, conhecida por algumas pessoas como “íngua” ou “gânglio”.
Para mantermos nosso cérebro saudável, é necessária a manutenção do orga-
nismo central, com alimentação e inspiração de ar, componentes que exercem a fun-
ção de enviar essa composição orgânica para o sistema, remetendo a devolutiva de
sensações de bem-estar, prazer e funcionamento adequado de todos os órgãos.
O SNC requer grande quantidade de glicose e de oxigênio para o desempenho
das suas funções, uma vez que seu metabolismo é quase que exclusivamente aeró-
bico, exigindo um intenso e constante fluxo sanguíneo. Por isso, o SNC, incluindo a
medula espinhal e o encéfalo, conta com uma irrigação sanguínea abundante e ana-
tomicamente diversificada, o que permite o suprimento sanguíneo adequado. Em ter-
mos de suprimento arterial do encéfalo, o fluxo de sangue no tecido neural encefálico
é intenso, perdendo apenas para os rins e o coração (BONSI; BONI, 2015).

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A audição é a única que morre pouco tempo antes do cérebro, sem avisar, na
maioria das vezes. Portanto, quando uma vítima está inconsciente, por qualquer mo-
tivo (por exemplo: em “coma” ou após uma “parada cardíaca”), ela ouve, sua cavidade
auditiva está liberada para a entrada de sons. Assim, pode lembrar-se tão logo volte
à normalidade ou não, mas as informações são armazenadas e, no futuro, podem vir
à tona. (SOUSA, 2014).
SOUSA 2014, exemplifica alguns pontos: quando você está com fome, o seu
corpo reage para que algum alimento seja ingerido a fim de repor energia; quando
está com sono, seus olhos começam a ficar pesados e com visão dupla, em algumas
situações, há um blecaute total, um apagão; quando você ingere uma bactéria em um
alimento, acontecem vômito e diarreia e a homeostase tenta liberar essa bactéria de
qualquer forma, pois entende que é um corpo estranho e precisa equilibrar o sistema
de qualquer forma para satisfazer a necessidade do organismo.
A partir de agora, lembre-se sempre da homeostase, pois o Socorrista presen-
ciará a sua existência em todos os momentos de sua vida e das vítimas que atender.

2.5 Indicadores técnicos de estado

Os indicadores nos levam a minimizar a instabilidade da vítima, e, dessa forma,


deve-se estar atento a eles. Avaliamos nesse momento dados imprescindíveis para a
evolução de um quadro mais satisfatório, pois cada detalhe na atuação dos primeiros
socorros é relevante e deve ser levado a sério por todos que os executam. A seguir,
veremos pontos técnicos importantes para o conhecimento e a conduta do Socorrista.
O sinal é o que se vê, o que está evidenciado na vítima (por exemplo: respira-
ção ofegante, palidez cutânea, pele fria ou pegajosa, sangramento, cianose, hipere-
mia). O sintoma é o relato da vítima, dados subjetivos, que nem sempre podem ser
confirmados, como algia, náusea, membro que não se sente, formigamento, descon-
forto esternal, vertigem, entre outros. A sintomatologia é o conjunto das reações de
sinais e sintomas.
Tendo como fundamento essas informações, foi agregado a esse conjunto uma
gama de “sinais” que utilizamos como recursos técnicos para identificar o quadro em
que a vítima se encontra. (SOUSA, 2014). Vejamos:

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Se a pessoa responde aos estímulos, está responsiva.
1) Consciência: Caso em que a vítima atende aos comandos, responde com
clareza, sabe o que aconteceu com ela, onde se encontra.

Quando a pessoa dorme involuntariamente. A vítima não


2) Sonolência: consegue controlar o sono, há percepção letárgica e a fala é
difícil de ser entendida.

A pessoa encontra-se muito sonolenta, desorientada e con-


fusa. Essa vítima somente responde a estímulos mais inten-
3) Obnubilação:
sos, apresenta fala confusa e está desorientada, não sa-
bendo o que aconteceu com clareza.

A pessoa abre os olhos somente com estímulos dolorosos.


Nesse caso, a vítima não consegue responder aos coman-
dos clássicos de fala ou toque, porém, em algumas situa-
4) Torpor ou estupor:
ções, tende a abrir os olhos somente quando se aplicam téc-
nicas não muito convencionais (por exemplo: dar uma pica-
dinha de agulha na ponta do dedo da mão ou do pé).
A pessoa não emite nenhuma resposta, não abre os olhos
nem com estímulos dolorosos. A vítima não atenta para ne-
nhum comando clássico ou não convencional, mas ouve,
5) Coma superficial: porque a cavidade auditiva permanece em funcionamento
normal. Existem casos em que, ao retornar do coma, a ví-
tima relata situações presenciadas, porém sem nenhum es-
tímulo aparente.

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A pessoa apresenta postura propiciada pelo núcleo rubro.
6) Coma com decorti- Afeta o tronco cerebral. Há uma forma de rigidez da muscu-
cação: latura, os antebraços se elevam até o tronco e as mãos ficam
retraídas e fechadas.

A pessoa apresenta postura propiciada pelo núcleo vestibu-


lar lateral ou núcleo de Deiters, parecida com a postura de
7) Coma com desce- tétano. Afeta o tronco cerebral. Há rigidez do corpo em posi-
rebração: ção ereta, dizemos opistótono, com os dentes cerrados e os
braços e membros inferiores estendidos e rígidos. As mãos
se voltam para fora de forma enrijecida.
A pessoa não apresenta nenhuma resposta. Lembrando
que a vítima em coma não significa que a mesma não pos-
sui integridade na função cerebral, partamos de um pressu-
posto em que a vítima ouve e devemos ter ética, e evitar
8) Coma profundo:
comentários desnecessários diante dela. Para cada proce-
dimento a ser realizado, deve ser solicitada sua autoriza-
ção descrevendo detalhadamente os procedimentos que
realizaremos.

Dá-se somente após exames específicos ou após muito


9) Morte cerebral: tempo sem sinais vitais, porém somente o profissional es-
pecializado pode assinar o protocolo de morte encefálica.

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2.6 Acuidade visual

O sistema visual é responsável por detectar e interpretar estímulos luminosos,


manifestados por ondas eletromagnéticas. O nosso olho é capaz de distinguir o brilho
e o comprimento de onda da luz, que se traduz na sua cor. Sendo assim, nossos olhos
capturam padrões de iluminação que estejam dentro de um espectro que seja visível.
Todos esses padrões são enviados para a retina, que é a estrutura responsável por
dar origem ao processamento visual.
Na figura abaixo são demonstradas as principais estruturas que compõem o
olho (SILVERTHORN, 2017).

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O olho possui capacidade de distinguir dois pontos próximos, dependendo de
alguns fatores, sendo que um deles se dá pelo espessamento dos fotorreceptores da
retina.
Pupila é o centro da íris, a circunferência dentro da parte colorida do olho em
que ocorrem alterações de tamanho em razão da constrição ou da dilatação do es-
fíncter pupilar advindo do músculo ciliar. Contraindo e dilatando, dependendo de inú-
meros fatores, a pupila é fotorreagente motora, alteração que nos remete a detectar
alguns conceitos de como o sistema está reagindo. Essa região se dilata em um am-
biente com pouca ou nenhuma claridade e contrai quando a iluminação é mais intensa,
porém a homeostase faz com que, após alguns pequenos segundos, a pupila se acos-
tume ao ambiente oferecido (por exemplo: se houver lesão de coluna, em casos de
óbitos, substâncias químicas no organismo, choque elétrico, entre outros). (SOUSA,
2014).
Para melhor entendimento, a imagem a seguir mostra todos os tipos de pupilas.

(Tipos de pupilas. MINICHELLO, 2014, p. 19)

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2.7 Escala de Glasgow

A escala de Glasgow é amplamente utilizada por diferentes profissionais da


saúde, incluindo aqueles que trabalham em âmbito hospitalar, tem como objetivo de
determinar o estado neurológico do paciente a partir da análise de seu nível consci-
ência.

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Existem algumas vertentes das quais nos apropriamos para apontar qual o grau
de gravidade da vítima.
O quadro a seguir detalha a atribuição da nota que o Socorrista deve indicar
conforme analisa a vítima.
A escala compreende três testes clínicos para verificar as respostas apre-
sentadas pela vítima:

• Abertura ocular;
• Verbal (fala);
• Capacidade motora.

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São três valores avaliados separadamente, porém, para obtermos um di-
agnóstico, há necessidade de somá-los, lembrando que se pontua de 3 a 15,
como demonstrado no quadro a seguir:

(Valores para a escala adulta. SOUSA, 2014, p. 21)

A escala infantil apresenta situações diferenciadas das do adulto, porém a apli-


cabilidade é a mesma para as duas faixas etárias, perfazendo o valor de 3 a 15, como
mostra o quadro a seguir:

(Valores para a escala pediátrica. MINICHELLO, 2014, p. 21)

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012

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2.8 Óbitos em evidência

Quando o Socorrista pode deixar de atender uma vítima ou se pode dizer que
uma vítima morreu? Quando há óbitos em evidência, não há mais razão para correr a
fim de socorrer uma vítima em virtude da urgência de tempo. Infelizmente, às vezes
somente com o olhar você consegue identificar uma morte concreta, porém devemos
imaginar “quais são elas”. Há casos em que não há evidências, como a liberação de
massa cefálica, que não condiz em fechar um diagnóstico de óbito.
Para não tecer um comentário improcedente, por exemplo, de que a vítima está
em óbito, e depois detectar-se que está viva, vamos entender bem esse passo de
reconhecimento. Para tanto, pergunte-se: “Quando e como você gostaria de ser aten-
dido?”. (SOUSA, 2014).
De acordo com Sousa 2014, os óbitos em evidência são aqueles em que não
há mais o que fazer para salvar a vida que fora encontrada, pois apresenta indícios
de morte concretizada, como apresentado a seguir.

Vítima acometida por situação em que apresenta queima de


Carbonização: todos os tecidos, incluindo pele e órgãos, levando à falência
múltipla de órgãos.
Vítima encontrada após 30 horas de falência total com
Circulação póstuma edema generalizado, denominado anasarca, e com, além do
de Brouardel: líquido produzido, gás monóxido de carbono, que incha o
corpo todo.
Quando ocorre corte da região craniana, partindo esta para
fora da extensão do corpo. Como todas as informações e os
Decapitação:
comandos estão contidos na cabeça, sem ela não há mais
condição de manutenção da vida.
A cabeça é o comando de todo o nosso corpo, sem a qual
Esmagamento cefá-
não podemos identificar uma vida. Essa situação é extrema-
lico total:
mente forte e desagradável de presenciar, sendo necessário

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autocontrole para sua evidenciação; porém, não há como
socorrer a vítima após essa conclusão.
Após determinado tempo, nosso corpo, bem como tudo o
que morre, tem seu momento de decomposição orgânica.
Portanto, quando apresentado esse quadro, o óbito se evi-
Putrefação:
dencia, já que o corpo apresenta odor fétido, forte e carac-
terístico de apodrecimento, e surgem vermes nos tecidos
necrosados.
Vítima encontrada após algumas horas de óbito, apresen-
tando rigidez dos membros e articulações. A morte clínica
de forma natural ou provocada ocasionou o enrijecimento da
Rigor mortis: musculatura. Em média, após três horas de morte, inicia-se
o processo de endurecimento do corpo, perdurando por
aproximadamente mais 24 horas; por volta de 36 horas,
ocorre o relaxamento da musculatura.
Na segmentação de tronco, também conhecida como morte
transversal, há uma divisão do tronco entre membros supe-
Segmentação de
riores e inferiores, impedindo a continuidade da vida. Nesse
tronco:
instante, há a separação de órgãos e artérias concomitante-
mente, impossibilitando suas reconstituições.

2.9 Preservação do local do acidente ou crime

O isolamento e preservação de local em rodovias é extremamente delicado,


devido a velocidade desenvolvida pelos veículos, todavia o levantamento de dados e
coleta de vestígios de um local de acidente de trânsito é de suma importância para o
perfeito entendimento das condições em que ocorreu um acidente.
Quando houver um acidente ou um crime, o local deve ser totalmente preser-
vado em sua condição real, para que a perícia possa executar a apuração e a inves-
tigação necessárias. Nossa conduta é acionar imediatamente a Polícia Militar pelo 190
e expor o acontecido de forma sucinta. Não devemos tocar, mexer ou mudar de local

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quaisquer elementos, pois, assim, dificultaríamos o trabalho eficaz dos profissionais
pertinentes. É preciso apenas certificar os sinais vitais da(s) vítima(s) e realizar as
manobras de reanimação, caso haja condição e não seja óbito em evidência, como
descrevemos anteriormente.
Caso esteja passando por uma via pública em que haja um cordão isolando a
área do acidente, com os policiais em volta, o Socorrista pode, e deve chegar ao local,
identificar-se e tentar socorrer as vítimas ou simplesmente oferecer ajuda. (SOUSA,
2014).

3. BIOSSEGURANÇA DO SOCORRISTA

3.1 Fluido corpóreo

Todo líquido dentro do nosso corpo é denominado fluido corpóreo, porém exis-
tem o fluido intracelular (citosol) e o fluido extracelular (fluido intersticial, linfa e plasma
sanguíneo).
Os fluidos corpóreos são classificados em dois tipos: excreção, todo líquido
liberado naturalmente pelo nosso sistema, como lágrima, suor, muco nasal, urina, fe-
zes; e secreção, todo líquido que não é liberado naturalmente, como sangue, diarreia,
vômito, secreção nasal, esperma. (SOUSA, 2014).

3.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

É todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador desti-


nado a proteção contra riscos capazes de ameaçar sua segurança e saúde. Exemplos
são luvas de procedimentos ou estéreis, óculos de proteção, botas, sapatos, avental,
roupas específicas, máscara facial, capacete ou outros artigos que precisam ser utili-
zados pelo Socorrista quando estiver exercendo sua função. (SOUSA, 2014).

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4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SALA DE EMERGÊNCIA

4.1 Inicial

De acordo com Santos (2018), para oferecer um atendimento eficaz, é impor-


tante que a sala de emergência esteja equipada com materiais adequados e profissi-
onais gabaritados.

Requisitos gerais para a sala de emergência:


a) Área específica para o serviço.
b) Acesso fácil e rápido para simplificar a chegada de vítimas.
c) localizada próximo a Centro Cirúrgico, Centro de Diagnósticos e Labora-
tórios e Centro de Terapias Intensiva ou Semi-Intensivas;
d) As salas devem ser amplas, para facilitar a circulação de todo o pessoal
envolvido.
e) Deve estar equipada com focos portáteis, aparelho de respiração, monitor,
oxímetro, carros de urgência, aparelhos de eletro, materiais descartáveis de
diversos tipos, desfibrilador, aspirador portátil e de rede, rede de gases, la-
ringoscópio completo, Ambu®, materiais para pequenas cirurgias, medica-
mentos de diversos tipos.
f) O controle, o reabastecimento e a disposição dos materiais e medicamen-
tos são de inteira responsabilidade do enfermeiro encarregado do setor, bem
como da sua equipe.

Requisitos gerais para a equipe de enfermagem:


a) Conhecimento e experiência em clínica cirúrgica e clínica médica.
b) Capacidade de trabalhar em equipe.
c) Destreza, rapidez e agilidade.
d) Capacidade para avaliar e priorizar o atendimento.
e) Os membros da equipe devem ser centrados e demonstrar segurança.
f) Autoconfiança.
g) Capacitação profissional.

22
4.2 Intermediário

Dando seguimento aos ensinamentos de Santos (2018), as providências inter-


mediárias devem ser tomadas pelo enfermeiro responsável pela equipe, são elas:
➢ Fazer triagem dos casos recebidos.
➢ Fazer uma avaliação primária das vítimas, identificando as necessi-
dades básicas e lesões de cada uma.
➢ Distribuir a equipe de modo uniforme.
➢ O enfermeiro responsável deve estar atento quanto ao que estiver
ocorrendo ao seu redor. Geralmente, mais de uma equipe atende às
urgências, e a enfermeiro(a) acaba sendo uma só como responsável,
portanto é necessário que ele (a) confie plenamente em sua equipe, e
seja segura para tal.
➢ Tudo que foi visto nos capítulos anteriores se encaixa agora no aten-
dimento como um todo.
➢ O atendimento ao politraumatizado é simultâneo, contínuo e requer
habilidade do profissional que lhe presta socorro.
➢ Traçar planos de cuidados para as vítimas e delegá-los.
➢ Distribuir a equipe de modo uniforme.

4.3 Final

Após todos os procedimentos realizados, é importante conhecer o destino do


paciente. O paciente deve ser reavaliado por toda a equipe. Após a sua estabilização,
o paciente deve ser transferido para o local adequado. É importante que a transferên-
cia seja segura e benéfica para o paciente. (SANTOS, 2018).

23
4.4 Efeitos de alguns medicamentos utilizados na sala de emergência em pa-
radas cardiorrespiratórias

• Adrenalina: exerce ação direta sobre o sistema nervoso central e provoca vaso-
constrição, aumentando o retorno venoso, a força de contração e a frequência car-
díaca.
• Atropina: exerce ação direta sobre o sistema parassimpático, aumentando o auto-
matismo no nódulo sinusal. Tem como objetivo principal aumentar a frequência car-
díaca.
• Gluconato de cálcio: altera a consistência do miocárdio.
• Lidocaína sem vasoconstritor: antiarrítmico ventricular.
• Bicarbonato de sódio: utilizado, quando não há resposta à fibrilação, para corre-
ção de acidose metabólica.
• Soro glicosado: não deve ser utilizado, pois aumenta o edema. (SANTOS, 2018).

5. PROTOCOLOS DE SBV PRECONIZADO PELA AMERICAN HEARTH ASSOCI-


ATION – AHA.

Anteriormente, discorremos a respeito do método START para suporte básico


de vida. Mas a AHA (American Hearth Association), que é referência em SBV, PCR e
RCP, dentre outros, também disponibilizam protocolos para serem seguidos. Esses
protocolos são referência no mundo todo. Podemos notar semelhanças e discrepân-
cias em relação ao método START, mas ambos são válidos.

5.1 Avaliação primária do paciente (agravo clínico)

Quando suspeitar ou critérios de inclusão:


Em toda abordagem de pacientes com agravo clínico.

Conduta:
1. Avaliar a responsividade (chamar o paciente) e expansão torácica:
- Se não responsivo e sem movimentos respiratórios, checar pulso central: Se
pulso ausente, iniciar Protocolo de PCR; se pulso presente, abrir VA com manobras

24
manuais (hiperextensão da cabeça e elevação do queixo) e iniciar suporte ventilatório
(ALVES, 2018, p. 1).
- Se não responsivo com movimentos respiratórios: garantir a permeabilidade
de via aérea e considerar suporte ventilatório; se responsivo: prosseguir avaliação
(ALVES, 2018, p. 1).

2. Avaliar permeabilidade de via aérea (VA) e corrigir situações de risco


com:
Hiperextensão da cabeça e elevação do queixo, cânula orofaríngea, aspiração
e retirada de próteses, se necessário (ALVES, 2018, p. 1).

3. Avaliar ventilação:
• Padrão ventilatório;
• Simetria torácica;
• Frequência respiratória;
• Considerar a administração de O².

4. Avaliar estado circulatório:


• Presença de hemorragias externas de natureza não traumática;
• Pulsos periféricos ou centrais: frequência, ritmo, amplitude, simetria;
• Tempo de enchimento capilar;
• Pele: coloração e temperatura;
• Na presença de sangramento ativo, considerar compressão direta, se
possível.

5. Avaliar estado neurológico


• Escala de Coma de Glasgow; e
• Avaliação pupilar: foto-reatividade e simetria

25
5.2 Avaliação secundária do paciente

Quando suspeitar ou critérios de inclusão:


Em toda abordagem de pacientes com agravo clínico, após a realização da
Avaliação Primária e das intervenções específicas dessa fase do atendimento (AL-
VES, 2018).

Conduta:
1. Realizar a entrevista SAMPLA (com o paciente, familiares ou terceiros)
como descrito abaixo por Alves (2018):
• Nome e idade;
• Queixa principal;
• S: Verificação dos sinais vitais:
Respiração (frequência, ritmo e amplitude);
Pulso (frequência, ritmo e amplitude);
Pressão arterial; e
Pele (temperatura, cor, turgor e umidade).
• A: história de alergias;
• M: medicamentos em uso e/ou tratamentos em curso;
• P: passado médico – problemas de saúde ou doença prévia;
• L: horário da última ingestão de líquidos ou alimentos;
• A: ambiente do evento.

2. Realizar a avaliação complementar:


• Instalar oximetria de pulso, se disponível; e mensurar a glicemia capilar,
se disponível (ALVES, 2018, p. 1).

3. Realizar o exame da cabeça aos pés:

• Cabeça e face: Inspecionar e palpar o couro cabeludo, orelhas, ossos


da face, olhos, pupilas (verificar diâmetro, reação à luz e simetria pupilar)
nariz, boca (ALVES, 2018);

Observar alterações na coloração e temperatura da pele (ALVES, 2018).

26
• Pescoço: Avaliar região anterior e posterior; avaliar, em especial, se há
distensão das veias jugulares (ALVES ,2018).
• Tórax: Observar, em especial, se há uso de musculatura acessória, ti-
ragem intercostal e de fúrcula, movimentos assimétricos (ALVES, 2018).
• Abdome: Observar abdome distendido (ALVES, 2018).
• Membros superiores: Observar, em especial, a palpação de pulsos dis-
tais e perfusão dos membros (ALVES, 2018);

Avaliar a força motora, solicitando que o paciente aperte a mão do profissional


e/ou eleve um braço de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão (ALVES,
2018).
• Membros inferiores: Observar, em especial, a palpação de pulsos dis-
tais e perfusão dos membros (reenchimento capilar) (ALVES, 2018);

Avaliar a força motora, solicitando que o paciente movimente os pés e/ou eleve
uma perna de cada vez, se descartada qualquer potencial lesão (ALVES, 2018).

5.3 Parada respiratória no adulto

Quando suspeitar ou critérios de inclusão:


Paciente irresponsivo ao estímulo, com respiração agônica ou ausente, com
pulso central palpável (ALVES, 2018, p. 1).
Conduta:
1. Checar responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz alta) e
checar presença de respiração. Se não responsivo e respiração ausente ou gasping,
posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca (ALVES,
2018, p. 1).
2. Solicitar ajuda (DEA).
3. Checar pulso central (carotídeo) em 10 segundos.

Se pulso presente:
• Abrir via aérea e aplicar uma insuflação com bolsa valva-máscara.
• A insuflação de boa qualidade deve ser de um segundo e obter visível
elevação do tórax. Considerar a escolha da manobra manual segundo a
presença de trauma;

27
• Precocemente instalar suprimento de O2, alto fluxo (10 a 15l/min) na
bolsa valva-máscara;
• Considerar a instalação da cânula orofaríngea (COF);
• Na persistência da PR, realizar uma insuflação de boa qualidade a cada
5 a 6 segundos (10 a 12/min);
• Verificar a presença de pulso a cada 2 minutos. Na ausência de pulso,
iniciar RCP com compressões torácicas eficientes e seguir Protocolo de
PCR e
• Manter atenção para a ocorrência de PCR

Se pulso ausente:
• Iniciar RCP com compressões torácicas eficientes e seguir Protocolo de
PCR (ALVES, 2018, p. 1).
• Realizar contato com a Regulação Médica e passar os dados de forma
sistematizada (ALVES, 2018, p. 1).
• Aguardar orientação da Regulação Médica para procedimentos e/ou
transporte para a unidade de saúde (ALVES, 2018, p. 1).

5.4 PCR RCP em adultos (Guidelines AHA)

Quando suspeitar ou critérios de inclusão: Paciente inconsciente, respira-


ção ausente ou em gasping, sem pulso central palpável.
Conduta:
1. Checar a responsividade (tocar os ombros e chamar o paciente em voz
alta).
2. Se não responsivo:

Profissional 1: comunicar imediatamente a Regulação Médica, para apoio do


suporte avançado de vida (SAV) e providenciar desfibrilador externo automático (DEA)
e os equipamentos de emergência.
Profissional 2: verificar a respiração e o pulso simultaneamente. Atenção:
Checar pulso central (carotídeo) em até 10 segundos.
3. Posicionar o paciente em decúbito dorsal em superfície plana, rígida e seca
(ALVES, 2018, p. 1).
4. Se respiração ausente ou em gasping e:

28
• Pulso presente: Abrir via aérea e aplicar uma insuflação a cada 5 a 6
segundos (10 a 12/min) e verificar a presença de pulso a cada 2 minutos.
Siga o Protocolo de PCR (ALVES, 2018, p. 1).
• Pulso ausente: Informar imediatamente à Central de Regulação Mé-
dica, solicitando apoio (caso ainda não o tenha feito) e iniciar ressusci-
tação cardiopulmonar (RCP) (ALVES, 2018, p. 1).

5. Iniciar RCP pelas compressões torácicas, mantendo ciclos de:


• 30 compressões eficientes (na frequência de 100 a 120/min, deprimindo
o tórax em 5 a 6 cm com completo retorno).
• Duas insuflações eficientes (De 1 segundo cada e com visível elevação
do tórax) com bolsa valva-máscara com reservatório e oxigênio adicio-
nal.
6. Assim que o DEA estiver disponível:
• Instalar os eletrodos de adulto do DEA, no tórax desnudo e seco do pa-
ciente, sem interromper as compressões torácicas; ligar o aparelho, e
interromper as compressões torácicas apenas quando o equipamento
solicitar análise. Seguir as orientações do aparelho quanto à indicação
de choque (ALVES, 2018, p. 1).
7. Se choque for indicado refere Alves (2018):
• Solicitar que todos se afastem do contato com o paciente
• Disparar o choque quando indicado pelo DEA, e
• Reiniciar imediatamente a RCP após o choque, começando pelas com-
pressões torácicas, por 2 minutos.
8. Após 2 minutos de compressões e insuflações eficientes, checar novamente
o ritmo com o DEA:
• Se choque for indicado, siga as orientações do equipamento. Em se-
guida, reinicie imediatamente a RCP com ciclos de 30/2: 30 compres-
sões para 2 insuflações (ALVES, 2018, p. 1)
• Se choque não for indicado, checar pulso carotídeo e, se pulso ausente,
reiniciar imediatamente a RCP com ciclos de 30/2: 30 compressões para
2 insuflações (ALVES, 2018, p. 1).

29
9. Checar novamente o ritmo após 2 minutos (considerar possibilidades do
item).
10. Manter os ciclos de RCP e avaliação do ritmo até:
• A chegada do SAV.
• A chegada ao hospital
• A vítima apresentar sinais de circulação (respiração, tosse e/ou movi-
mento).
11. Se retorno à circulação espontânea, seguir Protocolo de cuidados pós-RCP.
12. Na ausência de retorno a circulação espontânea ou outras condições de
risco, considerar Protocolo de Interrupção da RCP.
13. Realizar contato com a Regulação Médica para definição do encaminha-
mento e/ou unidade de saúde de destino.
14. Registrar achados e procedimentos na ficha/boletim de ocorrência.

5.5 Interrupção da RCPh

Quando suspeitar ou critérios de inclusão:


• RCP em andamento sem indicação de choque pelo DEA acompanhada
de exaustão da equipe e após autorização do Médico Regulador (condi-
ção obrigatória) (ALVES, 2018, p. 1).
• RCP em andamento quando as condições ambientais se tornam insegu-
ras e/ou muito insalubres (ALVES, 2018, p. 1).
• RCP em andamento quando as condições de segurança pessoal na
cena se tornam comprometidas (ALVES, 2018, p. 1).
Conduta:
1. Na condição de exaustão da equipe:
• Realizar contato com a Central de Regulação Médica antes de tomar a
decisão de interromper a RCP, para informar os motivos e receber ori-
entações e ou definição do encaminhamento e/ou unidade de saúde de
destino (ALVES, 2018, p. 1).
2. Na condição de riscos para a equipe por cena ou ambientes inseguros: se
possível e sem oferecer maiores riscos para a equipe:

30
• Remover o paciente para local mais seguro, na maior brevidade possível
e continuar com as manobras de RCP; e se não for possível remover o
paciente: realizar contato com a Central de Regulação Médica, o mais
breve possível, para informar os motivos que levaram a interrupção da
RCP e receber orientações/definição do encaminhamento e/ou unidade
de destino (ALVES, 2018, p. 1).
3.Sempre que possível, orientar os familiares quanto aos procedimentos que
serão adotados.

6. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA EM ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO


OU ASSISTOLIA

Fonte: www.sanarmed.com

A PCR determinada por assistolia ou atividade elétrica sem pulso (AESP) re-
cebe tratamento muito semelhante, durante a PCR, após a colocação das pás no tórax
da vítima, a identificação de qualquer atividade elétrica regular e sustentada diferente
de FV/TV sem pulso ou assistolia define uma PCR em atividade elétrica sem pulso
(AESP), a AESP é caracterizada por um ritmo elétrico (atividade elétrica miocárdica)
que deveria estar associado a um pulso central (contração miocárdica efetiva). São

31
várias as atividades elétricas englobadas nessa definição (dissociação eletromecâ-
nica, pseudodissociação eletromecânica, ritmo idioventricular e outros), mas o trata-
mento é o mesmo para esses ritmos (LADEIRA, 2013, p. 1).
A PCR é determinada pelo impedimento do acoplamento entre a atividade
elétrica organizada do miocárdio e a contração muscular eficaz que deveria resultar
dessa atividade elétrica, existem várias causas de AESP e são as mesmas causas de
assistolia.
A PCR em assistolia é a forma de PCR de pior prognóstico, consistindo na
ausência de atividade elétrica no coração, cujas principais causas são as mesmas
descritas para a PCR em AESP, tão importante quanto o tratamento da assistolia é a
sua confirmação diagnóstica, pois há situações nas quais o médico enganosamente
diagnostica, por vários motivos, a assistolia como o ritmo da PCR quando o ritmo real
é de FV/TV sem pulso ou AESP, para o correto diagnóstico de assistolia, deve-se
proceder ao protocolo da linha reta, que consiste em checar a conexão dos eletrodos,
aumentar o ganho do monitor cardíaco e, por fim, checar o ritmo em duas derivações
contíguas. Todo cuidado na identificação desse ritmo é pouco, pois o ritmo de base
verdadeiro é a FV em até 10% dos ritmos identificados como assistolia pelas pás.
Isso pode ocorrer porque o eixo elétrico resultante da FV pode ser perpendicu-
lar à derivação da monitoração pelas pás, gerando um ritmo isoelétrico no monitor
(assistolia), bem como por cabos ou eletrodos desconexos. O aumento do ganho do
sinal no monitor também deve ser realizado para permitir a identificação de FV fina
(LADEIRA, 2013, p. 1).
Na identificação de PCR em AESP ou assistolia, o tratamento imediato é a
compressão torácica, pois a desfibrilação é contraindicada nesta situação, uma vez
que poderá desorganizar o ritmo elétrico na AESP e não gerará ritmo se aplicada na
assistolia.

32
(Assistência ao paciente vítima de parada cardiopulmonar: adultos e crianças. SANTOS, 2018,
p. 235)

No dizer de LADEIRA (2013) a sequência seguinte de tratamento é a mesma


da FV/TV sem pulso, ou seja, 5 ciclos de RCP ou 2 minutos interrompidos para verifi-
cação do ritmo e presença de pulso central, associados às medidas de suporte avan-
çado de vida, a intubação, a obtenção de um acesso para infusão de drogas e a pes-
quisa e tratamento de possíveis causas associadas são essenciais para a reversão
do quadro.
Para os ritmos bradicárdicos na AESP e para a assistolia, a atropina não é mais
recomendada por ser considerada medida fútil, assim como o marca-passo transcu-
tâneo para a assistolia, as doses de epinefrina e vasopressina são as mesmas expli-
cadas anteriormente, assim como os seus intervalos de aplicação, o término dos es-
forços deve ser considerado com a análise de diversos fatores, como tempo de PCR
até o primeiro atendimento, tempo de atendimento da PCR, prognóstico do paciente,

33
idade da vítima, causa associada e outros. Apesar disso, na assistolia, não havendo
reversão da PCR após as medidas terapêuticas cabíveis, o término dos esforços deve
ser considerado, pois o ritmo de assistolia em PCR carrega consigo um péssimo prog-
nóstico (LADEIRA, 2013, p. 1).
Uma atitude clínica importante no tratamento da AESP e da assistolia é a de-
terminação da causa do evento e a aplicação do seu tratamento específico. São 10
as causas reversíveis e é possível nominá-las de forma simples para memorização
como 5H e 5T.
De acordo com LADEIRA (2013) o tratamento das causas da AESP é o princi-
pal fator determinante da reversão do quadro. Caso não se encontre uma dessas cau-
sas durante o atendimento, a chance de reversão da PCR fica muito diminuída. O
tratamento de cada uma das causas é descrito abaixo, a maioria das causas de pa-
rada pode ser resumida na memorização mnemônica “5 Hs e 5 Ts”, Hipóxia, Hipovo-
lemia, Hidrogênio (acidose), Hiper/Hipocalemia, Hipotermia; Tóxicos, Tamponamento
cardíaco, Tensão no tórax (pneumotórax hipertensivo), Trombose coronária (infarto
agudo do miocárdio), Tromboembolismo.

A principal causa de AESP é a hipovolemia, a qual deve ser sempre tratada


com provas de volume, assim como a assistolia, a hipoxia é controlada com a

34
administração de oxigênio pela intubação, a acidose metabólica que determina uma
PCR deve ser controlada com bicarbonato de sódio na dose de 1 mEq/kg, assim como
a hipercalemia, a hipocalemia deve ser corrigida na PCR com a infusão de 40 mEq/L
de KCl 19,1% em 1 hora de infusão, a hipotermia deve ser revertida com medida de
reaquecimento, como infusão de soro aquecido, nebulização com ar aquecido e outras
disponíveis (LADEIRA, 2013).
O tamponamento cardíaco é revertido pela punção pericárdica, a trombólise
não é indicada durante a RCP no diagnóstico ou em caso de forte suspeita clínica de
infarto agudo do miocárdio ou tromboembolismo pulmonar, pois não agrega benefício
ao doente, o pneumotórax hipertensivo é controlado com drenagem ou punção de
tórax, dentre os agentes presentes nas intoxicações exógenas e que diretamente
deprimem o miocárdio, os bloqueadores de canais de cálcio, betabloqueadores e
antidepressivos tricíclicos são os mais frequentes, seus antagonistas são,
respectivamente, o cálcio iônico, o glucagon e o bicarbonato de sódio LADEIRA,
2013).

7. MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA

7.1 A.B.C.D.E. do trauma Airway, Breathing, Circulation, Disability, Exposure


(Vias Aéreas, Respiração, Circulação, Neurológico, Exposição)

A avaliação inicial deve identificar lesões que comprometem a vida do paciente


e, simultaneamente, segundo o especialista Rodrigues, Santana e Galvão (2017)
estabelecer condutas para a estabilização das condições vitais e tratamento destas
anormalidades, a avaliação de cada item implica em diagnosticar alterações e tomar
decisões concomitante antes de se proceder o passo seguinte.
O protocolo ABCDE do trauma surgiu nos EUA, após um cirurgião ortopédico,
chamado Jim Styner sofrer um acidente com sua família e perceber o quão frágeis,
eram os cuidados em primeiros socorros, prestados às vítimas de traumas, após sua
experiência, o médico desenvolveu o protocolo, o qual foi divulgado e empregado em
várias regiões do mundo a partir de 1978, quando foi ministrado o primeiro curso sobre
o tema (SIMÕES, 2012).

35
A importância do método criado por Jim Styner, foi rapidamente reconhecida
por autoridades médicas mundiais, devido ao fato de que, somente aplicando o pro-
tocolo ABCDE, seria possível estabilizar a vítima do trauma, promovendo a segurança
devida para o transporte e para outras intervenções necessárias (RODRIGUES; SAN-
TANA; GALVÃO, 2017).

7.2 Alteração no protocolo – Emprego do X (XABCDE do trauma)

Em 2018 o protocolo passou por alteração, na 9ª edição do PHTLS, Pré-hospi-


tal Trauma Life Support, sendo acrescentada a letra X ao mnemônico. Com a altera-
ção, passou a ser chamado de XABCDE do trauma, dessa forma, o x representa he-
morragia exsanguinante, ou seja, hemorragia externa grave, o Atendimento Pré-hos-
pitalar passa então a ter como prioridade no protocolo, as grandes hemorragias exter-
nas, antes mesmo do controle cervical ou da abertura das vias aéreas (SIMÕES,
2012).
O atendimento inicial prestado às vítimas de politraumas conforme refere o au-
tor acima deve ser padronizado, portanto, para que sejam definidas prioridades na
abordagem de traumas, faz-se necessário, seguir o protocolo XABCDE, que constitui
uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com
o paciente politraumatizado (RODRIGUES; SANTANA; GALVÃO, 2017).
O principal objetivo do protocolo é reduzir os índices de mortalidade e morbi-
dade em vítimas de qualquer tipo de trauma, através da identificação de lesões, po-
tencialmente fatais ao indivíduo, sendo aplicado a todas as vítimas em estado crítico,
independentemente da idade (SANAR, 20020).
Condutas de segurança na fase pré-hospitalar são condutas de segurança que
devem ser adotadas antes de iniciar a abordagem às vítimas de traumas, a fim de
salvaguardar a vida da equipe, um exemplo disso é a sinalização da cena em que irão
atuar, avaliação da segurança dessa cena, uso de EPI’s, entre outros.

7.3 Significado das Letras XABCDE

(X) – Exsanguinação

36
De acordo com PHTLS, 2018 apud SANAR, 2020, a hemorragia externa
grave deve ser contida mesmo antes do manejo das vias aéreas, pois, apesar de
epidemiologicamente, a obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em
um curto período de tempo, são as hemorragias graves, as maiores causas de
mortes, em casos de traumas.

A (Airway) - Vias aéreas e proteção da coluna vertebral

Na opinião de Rodrigues, Santana e Galvão (2017) a obstrução das vias aé-


reas, ocasionadas por traumas, são responsáveis por 66-85% das mortes evitáveis,
no atendimento pré-hospitalar, na avaliação das vias aéreas, é fundamental a técnica
correta, para sua manutenção. Utiliza-se assim das seguintes técnicas: “chin lift” (ele-
vação do queixo), uso de aspirador de ponta rígida, “jaw thrust” (anteriorização da
mandíbula), cânula orofaríngea (Guedel).
A proteção da coluna cervical também é objetivo no A do referido protocolo, a
equipe socorrista, diante de uma vítima em estado consciente, deve aproxima-se da
mesma, sempre pele frente, evitando assim, que ela realize movimentos com a ca-
beça para os lados, durante a abordagem, evitando lesões medulares, toda a coluna
deve ser imobilizada, utilizando uma prancha rígida, e em vítimas que apresentam
traumatismos multissistêmicos, a equipe deve sempre considerar uma lesão da coluna
cervical (GIANOTTO-OLIVEIRA, 2015).

B (Breathing) - Boa Ventilação e Respiração

A análise do padrão respiratório da vítima deve ser realizada de forma deta-


lhada e, para que seja possível, é necessário expor o tórax do paciente para realizar
a inspeção, palpação, ausculta e percussão, os parâmetros analisados nessa fase
são: frequência respiratória, movimentos torácicos, presença de cianose, desvio de
traqueia e observação da musculatura acessória (SANAR, 2020).

C (Circulation) - Circulação com Controle de Hemorragias

37
A circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de aná-
lise nesta fase do protocolo e, como já mencionado, a hemorragia é a principal causa
de morte em casos de trauma. O procedimento de imediato a ser adotado é o estan-
camento da mesma, por meio de compressão direta no foco (SANAR, 2020).
A diferença entre o “X” e o “C” é que o X faz referência a hemorragias externas,
ou seja, grandes hemorragias. Já o “C” refere-se a hemorragias internas, sendo pre-
ciso e fundamental averiguar a perda de volume sanguíneo não visível, avaliando os
principais pontos de hemorragia interna no trauma, sendo eles pelve, abdome e mem-
bros inferiores, e avaliar os sinais clínicos dessa hemorragia como, tempo de enchi-
mento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e nível e qualidade de consciência com-
prometidos (GIANOTTO-OLIVEIRA, 2015).

D (Disability) - Disfunção Neurológica

Nessa fase do protocolo, o profissional vai analisar o nível de consciência da


vítima, bem como o tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral,
sinais de lateralização e o nível de lesão medular (RODRIGUES; SANTANA; GAL-
VÃO, 2017, p. 1).
O principal objetivo é minimizar as chances de lesão secundária, pela manu-
tenção da perfusão adequada do tecido cerebral, é fundamental aplicar a escala de
goma de Glasgow atualizada (SANAR, 2020).

E (Exposure) - Exposição Total do Paciente


Ao realizar a exposição do paciente, o profissional deve considerar o controle
da hipotermia, na fase “E” do protocolo, realiza-se a análise da extensão das lesões,
com controle do ambiente, a fim de prevenir a hipotermia, devem ser analisados sinais
de trauma, sangramento, manchas na pele, etc, o socorrista deve se atentar à parte
do corpo que não está exposta, a qual pode esconder a lesão mais grave que acomete
o paciente (SANAR, 2020).

38
8. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA E PRESENÇA DE RESPIRAÇÃO ADEQUADA

A avaliação da consciência é feita por meio de estimulação tátil e sonora. O


socorrista deve tocar os ombros da vítima e perguntar em voz alta: “Você está bem?”.
Simultaneamente deve-se avaliar a respiração; se o paciente não estiver respi-
rando ou apresentar respirações ineficazes (p. ex.: agônicas, superficiais, muito len-
tas), deve-se pedir ajuda e acionar o serviço médico de emergência, como o SAMU,
por meio do telefone 192, e também solicitar um DEA. Dentro de um hospital, a solici-
tação de ajuda consiste no acionamento da equipe de ressuscitação ou de profissio-
nais da unidade providos de um desfibrilador e do carro de emergência.
Para que a avaliação e os esforços de RCP sejam eficazes, o paciente deverá
ser posicionado em decúbito dorsal sobre uma superfície plana e rígida. Se houver
suspeita de trauma, a movimentação deverá ser cuidadosamente realizada, preser-
vando-se a estabilização da coluna cervical. (WHITAKER, 2015).

9. CIRCULAÇÃO E COMPRESSÃO TORÁCICA EXTERNA

A avaliação dos sinais de circulação consiste em pesquisar a presença de pulso


em grandes artérias, tosse, respiração e movimentos. Em razão da dificuldade de os
socorristas leigos determinarem a presença ou não de pulso em vítimas inconscientes
e com a finalidade de evitar equívocos, as diretrizes atuais recomendam que esses
socorristas não realizem a avaliação da circulação; ao verificar ausência de respira-
ção, deverão iniciar as compressões torácicas imediatamente, ou seja, utilizar apenas
as mãos (hands-only).
Os profissionais da saúde devem avaliar a presença de pulso em grandes ar-
térias. Para palpar o pulso carotídeo, localiza-se a cartilagem tireóidea com as polpas
digitais (dedos indicador e médio) e deslizam-se os dedos em direção à borda do
músculo esternocleidomastóideo; a seguir, deve-se exercer uma leve pressão contra
o músculo para procurar a presença de pulso por no mínimo cinco segundos. En-
quanto isso, outros sinais de circulação, como tosse, respiração normal ou movimen-
tos devem ser pesquisados. A checagem do pulso carotídeo deve ser efetuada em

39
até, no máximo, dez segundos. Se o pulso e os sinais de circulação estiverem ausen-
tes ou se houver dúvidas, as CTE devem ser iniciadas imediatamente. (WHITAKER,
2015).

9.1 Compressões torácicas externas

A recomendação das diretrizes atuais para a realização de CTE é de trinta com-


pressões, seguidas de duas ventilações (30:2), em uma velocidade mínima de 100 -
120 CTE/minuto. As compressões devem ser aplicadas de forma rápida, forte e rít-
mica, a fim de gerar um fluxo sanguíneo por aumento da pressão intratorácica ou por
compressão direta ao coração. A localização correta da região de compressão torá-
cica é muito importante para garantir a eficiência e diminuir complicações associadas
a esse procedimento.
Em pacientes adultos, os passos fundamentais para a realização de CTE efe-
tivas encontram-se apresentados nas imagens a seguir. (WHITAKER, 2015).

(WHITAKER, 2015, p. 259).

1. A vítima deve estar em posição supina e sobre uma superfície plana e


rígida;
2. O socorrista deve se posicionar lateralmente à porção superior do tórax
da vítima e em um plano mais elevado para que seus braços fiquem
estendidos e perpendiculares ao esterno da vítima durante as compres-
sões torácicas;

40
3. Deve-se afastar as roupas que cobrem o tórax do paciente;
4. Colocar as mãos sobre o esterno da vítima, na linha intermamilar com
os braços estendidos, sem flexionar os cotovelos e formando um ângulo
de 90° com o plano horizontal;
5. O peso do tronco do socorrista ajuda a comprimir o esterno da vítima,
promovendo uma depressão de 5 cm e permitindo, a seguir, o retorno
do tórax à posição normal;
6. O tempo de compressão deverá ser igual ao tempo de relaxamento, pois
o retorno da parede torácica permite o enchimento das câmaras cardía-
cas;
7. As CTE devem ser repetidas seriadamente, procurando atingir uma fre-
quência mínima de 100-120 compressões por minuto;
8. As ventilações são aplicadas intercalando-as com as compressões torá-
cicas em uma relação de 30 CTE:2 ventilações;
9. Alternar a pessoa que está realizando as CTE a cada 2 minutos, a fim
de garantir a efetividade constante das compressões torácicas e otimizar
o fluxo sanguíneo;

41
10. VIAS AÉREAS E RESPIRAÇÃO

Após a realização das trinta CTE, faz-se a abertura das vias aéreas. Se não
houver suspeita de trauma, deve-se utilizar a manobra de inclinação da cabeça e ele-
vação do queixo, realizando a hiperextensão do pescoço. Quando há suspeita de
trauma na coluna cervical, a abertura das vias aéreas é realizada mantendo-se a co-
luna em posição neutra e elevando-se a mandíbula (ver capítulo Cuidados com o pa-
ciente com feridas traumáticas). Essas manobras liberam as vias aéreas da obstrução
causada pela queda da língua e da epiglote. A língua é a principal causa de obstrução
das vias aéreas em uma vítima inconsciente em virtude do relaxamento da muscula-
tura.
Durante a abertura das vias aéreas, deve-se remover quaisquer objetos, secre-
ções, vômitos ou próteses dentárias que estejam presentes na cavidade oral, utili-
zando recursos de proteção individual e realizando a aspiração das vias aéreas com
equipamento apropriado. Duas ventilações pulmonares devem ser realizadas.
A duração de cada ventilação deve ser de um segundo e observa-se a elevação
torácica. As ventilações artificiais podem ser aplicadas boca a boca, boca-dispositivo
de barreira ou por um dispositivo bolsa-válvula-máscara (Ambu®). (WHITAKER,
2015).

10.1 Respiração boca a boca

A respiração boca a boca é um procedimento rápido e eficaz de fornecer oxi-


gênio à vítima; entretanto, cabe lembrar que esse método quando realizado sem dis-
positivo que atue como barreira, oferece risco de contaminação ao socorrista.
Para realizar as ventilações é necessária a abertura das vias aéreas. As narinas
devem ser ocluídas com o polegar e o indicador da mão que estiver apoiada sobre a
cabeça, impedindo que o ar insuflado escape pelo nariz. O socorrista faz uma inspira-
ção normal, oclui a boca da vítima com a sua boca, formando um selo e, em seguida,
exala o ar em um segundo, observando a expansibilidade torácica. (WHITAKER,
2015).

42
(WHITAKER, 2015 p.260).

10.2 Respiração boca-máscara

Existem dois tipos de dispositivo de barreira que impedem o contato direto entre
a boca da vítima e a boca do socorrista: lenço facial ou máscara facial com válvula
unidirecional.
Para a realização da respiração boca-máscara, deve-se manter a abertura das
vias aéreas, posicionar a máscara sobre o nariz e a boca, apoiando-se os terceiro,
quarto e quinto dedos na mandíbula, conservando a inclinação da cabeça e a tração
da mandíbula; com o polegar e o indicador, pressiona-se a máscara contra a face para
formar um selo. O ar é soprado através da válvula unidirecional. (WHITAKER, 2015).

10.3 Respiração por dispositivo bolsa-válvula-máscara

É o método mais utilizado em serviços de saúde e ambulâncias. Consiste na


utilização de uma bolsa de borracha ou silicone que contém uma válvula unidirecional
acoplada a uma máscara facial (Ambu®) e a um reservatório de oxigênio.
Essa técnica requer prática e treinamento para proporcionar ventilações efeti-
vas, podendo ser realizada por um ou dois socorristas. Sempre que possível, deve ser
realizada por dois socorristas, proporcionando maior efetividade e segurança.

43
• Técnica com um socorrista: coloca-se a máscara sobre o nariz e a
boca e apoiam-se os terceiro, quarto e quinto dedos na mandíbula, con-
servando a inclinação da cabeça e a tração da mandíbula para manter
as vias aéreas abertas; com o polegar e o indicador, pressiona-se a más-
cara contra a face para formar um selo e evitar o escape de ar. A outra
mão comprime a bolsa, e observa-se a elevação do tórax.
• Técnica com dois socorristas: um socorrista mantém a máscara aco-
plada à face assegurando a abertura das vias aéreas e evitando o es-
cape de ar, enquanto o outro comprime a bolsa e observa a elevação do
tórax.

As ventilações fornecidas devem ter a duração de somente um segundo cada


uma, permitindo a expiração completa entre as respirações. Assim, evita-se distensão
gástrica, regurgitação e broncoaspiração.
Durante os esforços de ressuscitação, deve-se evitar a aplicação de um nú-
mero excessivo de ventilações por minuto. A hiperventilação pode piorar a evolução
da vítima em PCR, uma vez que, em decorrência do aumento da pressão intratorácica,
ocorre diminuição no retorno venoso para o coração, reduzindo o fluxo sanguíneo para
os órgãos vitais. (WHITAKER, 2015).

11. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR

RCP é o conjunto de manobras que visa a garantir respiração e circulação ar-


tificiais com o objetivo de manter a perfusão dos órgãos durante a PCR. Em termos
práticos, refere-se à combinação de ventilações e compressões torácicas.
RCP com um socorrista: quando detectada a PCR, o socorrista solicita ajuda e
inicia imediatamente as manobras de RCP, mantendo uma relação de 30 CTE:2 ven-
tilações. Após cinco ciclos de 30 CTE:2 ventilações ou após 2 minutos, os sinais de
circulação devem ser avaliados novamente e, se continuarem ausentes, as manobras
são mantidas até a chegada de um segundo socorrista ou da ajuda.

44
(WHITAKER, 2015, p. 262)

RCP com dois socorristas: um socorrista realiza a avaliação da vítima e se res-


ponsabiliza pelas ventilações artificiais, o outro, pelas CTE. A relação de CTE/ventila-
ções é de 30:2 e os sinais de circulação são reavaliados a cada dois minutos ou a
cada cinco ciclos. As manobras são mantidas até a chegada da ajuda. Recomenda-
se o revezamento do socorrista que estiver aplicando as compressões torácicas a
cada dois minutos com o objetivo de manter a efetividade das compressões torácicas.

45
Parâmetros de RCP com um ou dois socorristas.
1 socorrista 2 socorristas
Compressões torácicas 30 30
Ventilações 2 2
Reavaliar após 2 min ou 5 ciclos de
sim sim
compressões/ventilações
Revezamento dos
socorristas após 2
min.
(WHITAKER, 2015, p. 263)

12. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MANOBRAS DE RCP COM RECURSOS DO SU-


PORTE DE VIDA AVANÇADO

Se o paciente apresentar uma via aérea avançada (tubo endotraqueal, tra-


queostomia, máscara laríngea) durante os esforços de ressuscitação, a ventilação de-
verá ser aplicada na frequência de 1 a cada 6 segundos (10 ventilações por minuto),
sem sincronizar as ventilações entre as compressões torácicas, ou seja, não deve
haver pausas nas CTE para a aplicação de ventilações (WHITAKER, 2015).

13. DESFIBRILAÇÃO

A desfibrilação elétrica é um procedimento terapêutico que consiste na aplica-


ção de uma descarga elétrica contínua não sincronizada, no tórax, para atingir o mús-
culo cardíaco. Este choque despolariza em conjunto todas as fibras musculares do
miocárdio, tornando possível à reversão de arritmias graves, permitindo ao nó sinoa-
trial retomar a geração e o controle do ritmo cardíaco normal. Portanto, para os ritmos
de FV e TV sem pulso o único tratamento efetivo é a desfibrilação.
Assim que o paciente estiver monitorizado, seja pelo uso do DEA ou de um
monitor do suporte avançado, é chegada a hora de avaliar as medidas invasivas. Se
for identificado que o paciente apresenta um ritmo cardíaco chocável, pode ser acio-
nado o desfribilador, caso contrário, será necessário manter as compressões torácicas

46
e as ventilações, alternando os socorristas a cada 2 minutos ou menos, e iniciar o
acesso venoso para medicação e procedimentos para via aérea avançada.
O ritmo mais frequente nos minutos iniciais de uma PCR em indivíduos adultos
é a fibrilação ventricular (FV). Quanto mais precoce for realizada a terapia de desfibri-
lação, melhores serão os resultados de sobrevida e o prognóstico neurológico. É evi-
denciado que em hospitais ou instituições com DEA, a RCP deve ser iniciada imedia-
tamente e realizada a desfibrilação assim que o aparelho estiver disponível; em situ-
ações extra-hospitalares, deve ser iniciada a RCP enquanto se providencia um DEA
e se prepara a desfibrilação, considerando o tempo de 11/2 a 3 minutos. Para que
esse objetivo seja alcançado, é necessário o envolvimento da comunidade no ambi-
ente extra-hospitalar, e no âmbito hospitalar as equipes de saúde devem receber trei-
namento e as unidades devem ser equipadas com desfibriladores manuais ou auto-
máticos, de acordo com as características de cada serviço.
As diretrizes para RCP evidenciam a importância do fato de que, nos primeiros
4 a 5 minutos de uma PCR, o coração encontra--se na fase elétrica, durante a qual a
amplitude da FV é alta (FV grosseira), estando o coração em condição altamente pro-
pícia ao choque. Após esses cinco minutos, o coração entra na fase circulatória, na
qual a amplitude da FV diminui em virtude da depleção de substrato energético ao
miocárdio (FV fina). Nessa situação, a recomendação tem sido realizar dois minutos
de RCP antes de utilizar o desfibrilador, com o objetivo de fornecer substrato energé-
tico ao coração, contribuindo para aumentar o limiar da FV e, consequentemente, pro-
porcionar maiores chances de reversão do ritmo pela terapia de desfibrilação. Desse
modo, em relação ao uso do desfibrilador, recomenda-se realizar a desfibrilação, as-
sim que possível. (WHITAKER, 2015).

13.1 Desfibrilador manual

A maioria dos monitores cardíacos portáteis apresenta multifuncionalidade,


permitindo a monitoração do ritmo cardíaco, a desfibrilação, a cardioversão sincroni-
zada e ainda a estimulação elétrica por meio de marca-passo transcutâneo.
Nesses aparelhos, o ritmo pode ser monitorado diretamente pelo contato das
pás com a parede torácica ou pela utilização de eletrodos convencionais. A análise do

47
ritmo cardíaco é feita pelo operador, assim como a seleção da energia e a aplicação
do choque. A utilização do desfibrilador manual ainda permanece restrita aos profissi-
onais médicos. A atuação do enfermeiro, no entanto, é de fundamental importância
para que esse procedimento seja realizado com rapidez, segurança e eficácia. (WHI-
TAKER, 2015).

PRINCIPAIS CUIDADOS DURANTE A UTILIZAÇÃO DO DESFIBRILADOR


EXTERNO MANUAL.

360 Joules (onda monofásica).

1. Ligar o desfibrilador e selecionar o ní-


vel de energia de acordo com as proprie- 120 a 200 Joules (onda bifásica retilínea ou
dades específicas do aparelho: exponencial truncada).
O nível de energia de 200 Joules poderá ser
usado como padrão nas situações em que
o tipo de onda bifásica não seja conhecido.

48
2. Aplicar, abundantemente, o condutor apropriado (gel) às pás ou utilizar as pás
adesivas do aparelho.

A posição recomendada é a anteroapical,


na qual uma das pás é posicionada à direita
do esterno, abaixo da clavícula, e a outra é
3.Posicionar adequadamente as pás no posicionada à esquerda do mamilo, estando
tórax para maximizar o fluxo de corrente o seu centro na linha média axilar.
através do miocárdio.

A monitoração do ritmo cardíaco com as


pás fornece a forma mais rápida para a
identificação da FV/TV sem pulso, permi-
tindo também a desfibrilação imediata.

Avisar à equipe e pressionar o botão


“charge” para acionar a carga do desfibrila-
dor.
Certificar-se de que ninguém esteja em con-
4. Avaliar o ritmo cardíaco apresentado
tato direta ou indiretamente com o paciente.
na tela do aparelho. Se FV/TV for identi-
Aplicar pressão (13 kg) sobre as pás du-
ficada:
rante a aplicação do choque.
O choque elétrico será liberado, acionando,
simultaneamente, os dois botões de des-
carga.
5. Iniciar RCP imediatamente após o cho- Após cinco ciclos de RCP, verificar o ritmo
que, começando pelas CTE. cardíaco.

49
Se FV/TV persistir, o choque deverá ser re-
petido seguindo os passos descritos anteri-
ormente.
(WHITAKER, 2015, p. 265).

13.2 Desfibrilador externo automático

Trata-se de um aparelho portátil que realiza análise e interpretação automática


do ritmo cardíaco por meio de um sistema interno computadorizado altamente seguro
e eficaz no reconhecimento da FV e da TV. De fato, a palavra ‘automático’ significa
semiautomático, já que a maioria dos DEA disponíveis no mercado “avisa” ao opera-
dor que o choque está indicado, mas o choque só é disparado por meio da ação do
socorrista, ou seja, o operador deve pressionar o botão de choque.
Embora existam diversos modelos de DEA, seu uso é rápido e prático, uma vez
que todos os aparelhos emitem mensagens sonoras indicando os passos a serem
seguidos pelo socorrista. Além disso, existe uma padronização para o uso dos apare-
lhos que consiste em quatro passos. (WHITAKER, 2015).
PASSOS UNIVERSAIS PARA UTILIZAÇÃO DO DESFIBRILADOR EXTERNO
AUTOMÁTICO

Abrir o estojo do DEA ou a parte superior de sua


caixa.

1. LIGAR o aparelho.
Ligar o aparelho (alguns dispositivos ligam auto-
maticamente quando são abertos).
Esse passo acionará as mensagens sonoras que
irão guiá-lo nos passos subsequentes.

2. FIXAR no tórax da vítima as Escolher as pás corretas para o tamanho e a idade


pás autoadesivas da vítima (adulto ou criança).

50
(eletrodos para desfibrilação) Se o tórax estiver molhado por água ou suor, secá-
seguindo instruções contidas lo rapidamente.
na embalagem. Fixar as pás adesivas no tórax desnudo da vítima,
colocando um eletrodo no lado superior direito do
tórax, logo abaixo da clavícula e à direita do es-
terno, e o outro eletrodo à esquerda do mamilo, na
linha média axilar.
Certificar-se de que o cabo dos eletrodos está co-
nectado ao aparelho.

Certificar-se de que ninguém esteja tocando na ví-


tima. Qualquer movimentação pode interferir na
3. Durante a ANÁLISE do avaliação do ritmo cardíaco.
ritmo cardíaco pelo aparelho,
afastar-se da vítima. O DEA leva cerca de 5 a 15 segundos para analisar
o ritmo, informando, então, se o choque é neces-
sário.

Afastar-se da vítima antes de aplicar o choque e ter


certeza de que não há ninguém em contato com a
vítima.
4. Aplicar o CHOQUE se este
Pressionar o botão "choque".
for recomendado pelo DEA.
Iniciar a RCP, começando com as CTE.
Após 2 minutos de RCP, o DEA recomendará que
os passos 3 e 4 sejam repetidos.
(WHITAKER, 2015, p. 266).

O uso do DEA por leigos treinados em SBV contribui ainda mais para o fortale-
cimento da política de acesso público à desfibrilação. No intuito de melhorar os índices
de sobrevida pós-ressuscitação, o uso intra-hospitalar do DEA também tem sido re-
comendado, principalmente em unidades hospitalares não críticas, ambulatórios, se-
tores diagnósticos e nas áreas de recepção. (WHITAKER, 2015).

51
14. REAVALIAÇÃO

Após dois minutos de RCP, o ritmo do paciente deverá ser reavaliado. Nas
situações em que o DEA está sendo utilizado, o próprio aparelho realiza a análise
automática do ritmo a cada dois minutos e define a necessidade da aplicação de um
novo choque. Durante a utilização de um desfibrilador manual, a equipe deverá reali-
zar a análise do ritmo a cada dois minutos, determinando a necessidade de aplicar ou
não um novo choque.
Se o choque não estiver indicado pelo DEA, as manobras de RCP deverão ser
reiniciadas imediatamente, exceto se o paciente apresentar algum movimento. Nesse
caso, deve-se checar o pulso e a respiração. Se o pulso estiver presente, deve-se
avaliar a respiração.
Quando a respiração estiver presente, a vítima poderá ser colocada em posição
de recuperação (decúbito lateral esquerdo) para evitar obstrução da via aérea pela
queda da língua e broncoaspiração de secreções ou vômito. Se a respiração não es-
tiver presente ou for inadequada, a vítima deverá receber somente um suporte venti-
latório, com uma ventilação a cada cinco ou seis segundos (10 a 12 respirações por
minuto), enquanto a equipe prepara o material para obtenção de via aérea definitiva.
(WHITAKER, 2015).
A sequência de ações dos profissionais de saúde para realizar o SBV em adul-
tos é apresentada de forma sucinta na tabela a seguir:

SUPORTE BÁSICO DE VIDA PARA ADULTOS ATRIBUÍDO AOS PROFISSIO-


NAIS DE SAÚDE
Componentes Critérios/recomendações
Não responsivo.
Reconhecimento Sem respiração ou respiração anormal.
Sem pulso palpado em até 10 segundos.
Sequência de RCP C-A-B-D
Frequência da compres-
No mínimo 100/120min.
são torácica

52
Profundidade da com-
No mínimo 5 cm.
pressão
Permitir o retorno total entre as compressões torácicas.
Retorno da parede torá-
Revezar o profissional que faz as compressões a cada
cica
2 min.
Interrupções das com- Minimizar as interrupções.
pressões Limitar a interrupção a menos de 10 segundos.
Manobra da inclinação da cabeça/elevação do queixo.
Vias aéreas Manobra da anteriorização da mandíbula ao suspeitar
de trauma.
Relação compressão-
ventilação (até coloca-
30:2 (1 ou 2 socorristas).
ção de via aérea avan-
çada)
Socorrista leigo Não fará ventilações, apenas as compressões.
1 ventilação/6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações/min).
Assíncronas com as compressões torácicas.
Profissionais de saúde
Cerca de 1 segundo/ventilação.
Elevação visível do tórax.
Colocar e usar o DEA assim que estiver disponível.l
Minimizar as interrupções das compressões torácicas
Desfibrilação
antes e após o choque; reiniciar a RCP, começando com
compressões imediatamente após cada choque.
(WHITAKER, 2015, p. 268)

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