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SUPORTE BÁSICO DE VIDA E

SOCORRO DE EMERGÊNCIA
EM SITUAÇÕES CLÍNICAS
RELACIONADAS AO EXERCÍCIO
FÍSICO
Prof. Dr. Rodrigo Ferro Magosso
Prof. Dr. Guilherme Borges Pereira
Revisora técnico-científica: Profa Ma. Luísa Cedin

1a edição

São Carlos, 2021


UFSCar – Universidade Federal de São Carlos
Reitora
Ana Beatriz de Oliveira

SEaD – Secretaria de Educação a Distância


Secretária de Educação a Distância – SEaD
Cleonice Maria Tomazzetti

Copyright © Guilherme Borges Pereira, 2021


Todos os direitos reservados.

Editor
Douglas Henrique Perez Pino
Projeto Gráfico
Clarissa Bengtson e Jéssica Veloso Morito
Revisora
Rebeca Aparecida Mega
Diagramadora
Clarissa Bengtson
Capa
Jéssica Veloso Morito

Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar

C389f Magosso, Rodrigo.


Suporte básico de vida e socorro de emergência em
situações clínicas relacionadas ao exercício físico / Guilherme
Borges Pereira. -- Documento eletrônico -- São Carlos :
SEaD-UFSCar, 2021.
75 p.

ISBN – 978-65-88873-11-3

1. Fisiologia do Exercício. 2. Emergência. 3.


Socorro. I. Título.

CDD – 614 (21a)


CDU – 614
Sobre os autores

Rodrigo Ferro Magosso


É bacharel em Educação Física pela Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Atualmente, é só-
cio-proprietário do Centro de Treinamento Espe-
cializado em Aptidão Física e Saúde da Bradhon,
que recebe pacientes com diabetes, hipertensão,
câncer e doença arterial coronariana. Neste Cen-
tro, já desempenhou o papel de coordenador do
Departamento de Avaliação Física e também foi
um dos responsáveis pela criação dos programas
de treinamento da empresa para estas popu-
lações. Possui experiência de mais de dez anos
em cursos de graduação e pós-graduação e em
diversos cursos da área da Saúde. É especialista
em Fisiologia do Exercício pela UFSCar, mestre em
Ciências na área de Bioengenharia pela Universi-
dade de São Paulo (USP) e doutor em Ciências da
Motricidade pela Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho" (Unesp). Utiliza seus co-
nhecimentos e experiência docente como diretor
pedagógico da Bradhon Cursos, da qual também
é proprietário. Possui diversos artigos publicados
em periódicos nacionais e internacionais e que
envolvem a prescrição do treinamento.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/6602819997326437
Guilherme Borges Pereira
Dedica-se ao estudo, ao ensino e à pesquisa na
área de Fisiologia do Exercício em humanos e
modelos experimentais. Fez o mestrado e o dou-
torado em Ciências Fisiológicas pela UFSCar, com
período sanduíche na Western Kentucky Univer-
sity, nos Estados Unidos. Atualmente é professor
do Departamento de Ciências Fisiológicas e
pesquisador pelo Programa Interinstitucional de
Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas da UFS-
Car. Possui diversas publica­ções científicas que in-
vestigaram as respostas do organismo submetido
ao estresse físico em diferentes situações clínicas,
como por exemplo, em indivíduos hipertensos,
obesos, cardiopatas e pneumopatas.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/0159911069166581

Luísa Cedin
Formada em Fisioterapia, é especialista em Fisio-
logia do Exercício pela UFSCar. Fez o mestrado
em Ciências no Departamento de Bioengenha-
ria da Universidade de São Paulo (USP). Possui
publicações científicas e materiais didáticos que
abordam temas relacionados às lesões musculo-
esqueléticas, à avaliação física e à biomecânica.
Atualmente, ministra aulas a distância com foco
em Fisiologia, Cinesiologia e Biomecânica das
lesões musculoesqueléticas.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/6602819997326437
SUMÁRIO
Mensagem aos estudantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Ementa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Objetivos específicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Habilidades e competências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Organização do Caderno de Estudos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10

Unidade I – Conceitos gerais de suporte básico de vida. . . . . . . . . . . . . . 11

Capítulo 1: Importância e definição de “suporte básico de vida". . . . . . . . . . . 11

Capítulo 2: Primeiros socorros e avaliação dos dados vitais . . . . . . . . . . . . . . 15

Vítima consciente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Vítima inconsciente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Unidade II – Emergências clínicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Capítulo 1: Problemas relacionados à pressão arterial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Realizar a verificação correta da pressão arterial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Determinar se a pessoa é hipertensa controlada ou não. . . . . . . . . . . 28

Conhecer os medicamentos utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Conhecer a resposta da pressão arterial ao exercício. . . . . . . . . . . . . . 29

Crise hipertensiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Hipotensão postural durante o exercício físico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Hipotensão excessiva pós-exercício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Capítulo 2: Parada Cardiorrespiratória e Infarto Agudo do Miocárdio. . . . . 37


Capítulo 3: Ressuscitação Cardiopulmonar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Capítulo 4: Acidente Vascular Encefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Capítulo 5: Síncope (desmaio), convulsão e hipoglicemia. . . . . . . . . . . . . . . . 52

Convulsão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Capítulo 6: Crises hiperglicêmicas e hipoglicêmicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Capítulo 7: Asma induzida pelo exercício. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Unidade III – Emergências traumáticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Capítulo 1: Lesões musculoesqueléticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Capítulo 2: Quedas, fraturas e luxações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

Capítulo 3: Traumatismo raquimedular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Mensagem aos estudantes

Saudações, estudantes!
Sejam todos bem-vindos ao componente curricular Suporte básico de
vida e socorro de emergência em situações clínicas relacionadas ao
exercício físico. Este componente tem como objetivo capacitá-los para re-
alizar os primeiros socorros de vida em ocasiões em que uma vítima esteja
em perigo.
Neste material, focamos nas situações mais prováveis de ocorrerem no
âmbito do exercício físico, especialmente do exercício clínico, conforme
proposto pelo projeto pedagógico do nosso Curso.
Nas unidades deste volume vocês verão o que significa socorro básico de
vida e como proceder com o atendimento de urgência em situações relacio-
nadas a males cardiovasculares, metabólicos, respiratórios e traumáticos.
Vocês também verão que deixamos diversas provocações ao longo do
material, justamente para mostrar a importância de se familiarizar com as
técnicas apresentadas. Aquela frase, “Nunca se sabe...”, se aplica perfeita-
mente às situações de emergência! Por essa razão discutiremos amplamen-
te alguns aspectos preventivos. O melhor socorro começa pela prevenção!
Esperamos que vocês concluam esta leitura e esta componente com a
sensação de preparo para estas situações. Para potencializar os estudos, é
importante explorar, de forma contínua, livros, e-books, artigos científicos e
videoaulas. Lembre-se sempre de verificar a fonte e a base de dados destes
materiais, pois se utilizados com sabedoria fundamentam e assessoram o
que estudamos.

“Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços,


repetidos dia após dia.”
Robert Collier

Bons estudos!
Ementa

O que é “socorro básico de vida” e quais são seus objetivos; atendimento


primário; suporte básico de vida em situações de: alterações de pressão
arterial; acidente vascular cerebral; broncoespasmo; hipoglicemia; síncope;
convulsões; fraturas; quedas; e traumas raquimedulares.
• Objetivo geral

Apresentar os protocolos de socorro básico de vida em situações nas quais


provavelmente serão necessários, no âmbito do exercício físico clínico.

• Objetivos específicos
▪▪ Apresentar a importância do suporte básico de vida;
▪▪ apresentar as etapas da análise vital;
▪▪ demonstrar os protocolos de suporte básico de vida em situações
específicas;
▪▪ detalhar a importância da familiaridade com os protocolos de
suporte básico de vida;
▪▪ compreender o quanto o conhecimento acerca da fisiopatologia
das doenças pode prevenir situações em que o suporte básico de
vida é necessário.

• Habilidades e competências
▪▪ Estimular o pensamento crítico no aspecto da prevenção de aci-
dentes e considerando situações que requeiram suporte básico
de vida;
▪▪ desenvolver a familiaridade com protocolos de suporte básico de
vida para a eventualidade de sua necessidade
• Organização do Caderno de Estudo

Para facilitar o seu estudo, o material foi organizado em unidades, subdi-


vididas em capítulos, tudo de forma didática e objetiva. Além disso, este
conteúdo foi baseado levando em consideração a aula presencial. A temá-
tica foi abordada por meio de textos básicos, com a inserção de ícones para
estimular a reflexão, organizar as ideias e tornar a sua leitura mais agradável.

Ao final, serão indicadas, também, as referências utilizadas neste material.


Fique à vontade para utilizá-las como fonte de consulta para aprofundar
seus estudos.

Apresentamos, a seguir, a breve descrição dos ícones utilizados na organi-


zação deste Cadernos de Estudos.

Provocação

Questões que buscam instigar o estudante a refletir (a ter a sua


opinião) sobre determinado assunto.

Leitura complementar

Sugestões de leituras adicionais (artigos científicos), vídeos e si-


tes confiáveis para aprofundamento do estudo. .

Saiba mais

Links ou informações complementares para complementar ou


elucidar o assunto abordado.

Sintetizando

Texto que resume o conteúdo, facilitando a compreensão sobre


trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades simples e rápidas para reforçar a assimilação e fixação


do conteúdo.
Conceitos gerais
de suporte básico Unidade 1
de vida
Para que possamos compreender os procedimentos do suporte básico
de vida precisamos entender a sua importância e pontuar sua definição.
Por isso, esta unidade está dividida em dois capítulos: no primeiro, vamos
abordar sua relevância e definição. No segundo, apresentaremos os proce-
dimentos de avaliação de dados vitais.

Capítulo 1: Importância e definição de


“suporte básico de vida”
Você decidiu se tornar especialista em Fisiologia do Exercício Clínico. Esta
é uma área que está em crescimento, pois a população brasileira (e mesmo
a mundial) está adoecendo. Cada vez mais pessoas apresentam doenças
cardiovasculares, respiratórias e metabólicas devido a uma série de fatores,
ligados principalmente ao estilo de vida.

Portanto, você está adentrando um mercado crescente. Mas alguns cuida-


dos devem ser tomados para que você possa atravessar esta mudança na
sua carreira profissional com segurança e responsabilidade.

Trabalhar com pessoas doentes implica conhecer a doença. Prescrever e/ou


monitorar a prática de exercícios físicos para estas pessoas demanda, im-
prescindivelmente, o conhecimento das respostas fisiológicas ao exercício,
com a particularidade de cada uma das doenças com as quais você deseja/
precisa intervir.

Por isso, já registramos aqui a primeira provocação deste material. Reflita,


de fato, sobre isso durante algum tempo antes de prosseguir com a leitura,
pois este é um passo importante para que você aguce a sua capacidade de
pensar e desenvolver autonomia em suas tomadas de decisão.

Trabalhamos com populações especiais?


12

Independente de qual seja a sua área de formação, certamente você já


| ESPECIALIZAÇÃO | SUPORTE BÁSICO DE VIDA E SOCORRO DE EMERGÊNCIA EM SITUAÇÕES CLÍNICAS... | Ciclo 1 | Volume 6 |

ouviu falar nessa expressão (e até mesmo a tenha repetido). Se você, assim
como eu, professor Rodrigo, cursou Educação Física, ou se você cursou
Fisioterapia, tal como o professor Guilherme, seguramente deve ter con-
cluído uma disciplina de “atividade física para populações especiais”. Entre-
tanto, não é a população e nem as populações que merecem a alcunha de
“especiais”. Na verdade, o que muda em nossa intervenção são os cuidados
que precisamos ter para com estas pessoas. Por isso, particularmente, gosto
mais do termo “populações com cuidados especiais”. E já vou explicar por
que prefiro esta nomenclatura.

Imagine prescrever ou monitorar um programa de treinamento para pes-


soas jovens que não apresentam qualquer tipo de doença e nem passam
por riscos à saúde. Isso é absolutamente fácil e, inclusive, fez com que a
grande maioria dos profissionais da área do exercício continuasse caindo
na mesma armadilha em que as academias vêm caindo há 40 anos no Brasil:
pensar apenas em exercícios. Estes indivíduos podem realizar várias séries
de supino reto para ter o “peito de aço”, inúmeras séries e variações de ab-
dominais em busca do “tanquinho” e tantos outros objetivos frugais que se
limitam ao treinamento estético. Com isso, o risco é baixo e a preocupação
é exclusivamente com os resultados do programa de treino.

Agora, vamos imaginar a prescrição de um programa de treinamento para


uma pessoa cuja fisiologia é alterada mesmo em repouso. Se há esta al-
teração antes do exercício, há de se esperar que o mesmo ocorra durante
o exercício. Neste momento, aparecem os riscos relacionados à prática de
exercícios e, com os riscos, devem aparecer, necessariamente, os cuidados.
Estes são os cuidados especiais que devemos ter e que abordaremos neste
material.

Já que estamos falando de riscos durante a prática de exercícios físicos,


vamos, então, a uma segunda provocação. Assim como na primeira, reflita
alguns minutos antes de mentalizar uma resposta.

Pessoas cardiopatas, hipertensas


e diabéticas são de alto risco
quando o assunto é a realização
de exercício físico?
13

Dessa vez, confesso que tornei mais aguçada minha provocação. Talvez

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você tenha se lembrado da estratificação de risco cardíaco e pensado que
pessoas que possuem estas doenças apresentam, em geral, risco cardíaco
aumentado. Se você chegou a essa consideração, acertou... Neste aspecto!

A provocação é a respeito da prática de exercícios. Há risco elevado? Não!


Afinal, conhecer a fisiologia do exercício, a doença e as respostas de cada
pessoa permite a prescrição segura e eficaz do treinamento. O risco aparece
quando o(a) profissional não tem conhecimento e nem capacidade técnica
para trabalhar com estas pessoas e quando o(a) profissional desconhece os
cuidados que devem ser tomados no processo de avaliação e prescrição de
um programa de treinamento com monitoramento de respostas durante e
após as sessões.

Todo este conjunto de informações, aliado à sua reflexão inicial, serviu para
que chegássemos a esta conclusão. Entretanto, mesmo com todos os cui-
dados que podem ser tomados, o risco não é absolutamente nulo. Isso vale
também para atletas.

Sendo assim, devemos conhecer um conjunto de procedimentos que for-


mam parte do chamado suporte básico de vida e socorros de urgência,
que será apresentado nesta componente. Com ele, você vai minimizar
(muito!) as chances de passar por complicações e, caso necessário, saberá
aplicar com eficácia as manobras e intervenções de urgência, aumentando
as taxas de sobrevivência do indivíduo.

Feita esta breve introdução e lançadas as provocações, vamos para o concei-


to abordado nesta componente: o Suporte Básico de Vida (SBV). Podemos
definir o SBV como um conjunto de procedimentos bem-definidos, com
métodos padronizados e que tem, como objetivos: i) reconhecer situações
em que há risco de morte iminente; ii) saber quando e como pedir ajuda; iii)
saber iniciar, de imediato e sem acesso a qualquer recurso ou equipamento,
manobras que contribuam para preservar a circulação e a oxigenação do
indivíduo até a chegada de ajuda altamente especializada (MONSIEURS et
al., 2015).

Quando observamos esta definição, já nos salta aos olhos a sua parte inicial:
o SBV possui um conjunto de procedimentos bem-definidos, que será apre-
sentado no próximo capítulo. Este conjunto de procedimentos tem o gran-
de objetivo de aumentar as chances de vida de uma pessoa com parada
cardiorrespiratória (PCR) até que o socorro – que possui os equipamentos
necessários – possa chegar.
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Estes procedimentos revelam sua importância em números: a cada minuto


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que passa até a chegada do socorro, a chance de sobrevivência cai em cerca


de 10%, ao passo que quando o SBV é feito por uma pessoa capacitada em
situações de PCR, a chance de sobrevivência chega a dobrar ou até mesmo
triplicar (BARATA, 2017). Isso significa que você pode aumentar em até três
vezes a chance de alguém sobreviver a uma PCR, pois o SBV permite a che-
gada de alguma quantidade de sangue ao cérebro, ao coração e demais
órgãos. É por essa razão que estes conhecimentos são tão importantes.

Dada a relevância disso, vem à tona um questionamento: Será que a popu-


lação, de maneira geral, tem conhecimentos suficientes para realizar o SBV?

Pergola e Araujo (2008) aplicaram um questionário com 385 pessoas (sendo


50% desta amostra com formação de ensino médio e superior) perguntan-
do a respeito de seus conhecimentos sobre o SBV. Os autores relataram os
seguintes resultados:
• mais de 55% da amostra de pessoas entrevistadas já havia presencia-
do uma situação em que alguém perdeu a consciência;
• das pessoas que presenciaram esta situação, apenas 31% chamou por
socorro especializado;
• 34% da amostra fez algum curso de primeiros socorros, mas apenas
13% das pessoas relatou que se sentirem prontas para realizar SBV;
• cerca de 30% das pessoas não sabe o número do telefone de emer-
gência.

Outro dado interessante apontado pelo estudo se refere ao local onde as


pessoas tiveram contato com os procedimentos de SBV – note que isso
é diferente de dizer que aprenderam os procedimentos. Embora mais de
50% das pessoas entrevistadas tivesse nível médio ou superior, o local mais
mencionado foi o curso de formação de condutores (CFC).

E se partirmos, agora, para o âmbito dos profissionais da saúde? Alves,


Barbosa e Faria (2013) verificaram o conhecimento de 16 profissionais de
enfermagem de um hospital acerca de procedimentos de SBV que envol-
veram as manobras em caso de PCR e uso de desfibriladores. Em relação à
técnica de compressão, 56,2% sabiam posicionar as mãos corretamente no
tórax da vítima, 56,2% sabiam a profundidade da compressão no tórax e
62,5% sabiam a quantidade de compressões a serem realizadas por minuto.
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Os estudos de Pergola e Araujo (2008) e Alves, Barbosa e Faria (2013) de-

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monstram uma triste realidade do Brasil: temos pouco conhecimento sobre
SBV e muitas vidas poderiam ser salvas caso a população e, principalmente,
os profissionais de saúde recebessem a devida instrução a respeito destes
procedimentos.

Para finalizar este primeiro capítulo, reflita com esta provocação final.

Responda apenas para você


(mas recomendo escrever):
• quais são os procedimentos para avaliar uma pessoa em
PCR?
• Como as mãos devem ser posicionadas para a manobra
de compressão?
• Com qual profundidade devem ser feitas as compressões?
• Com que frequência devem ser feitas as compressões?
• Você se sente preparado(a) para realizar o SBV?

Anote suas reflexões e guarde-as com você. Ao término da leitura deste


material, responda novamente estas mesmas perguntas e compare as suas
respostas.

Como sou “da velha guarda”, eu sugiro registrar tudo num papel, mas vale
até o bloco de anotações do seu celular. O importante é guardar as respos-
tas.

O próximo capítulo vai responder à primeira destas perguntas. Vamos lá?

Capítulo 2: Primeiros socorros e avaliação


dos dados vitais
Primeiro socorro é o atendimento imediato e provisório prestado a uma
vítima em situação de acidente, sendo o objetivo da execução dos procedi-
mentos manter a pessoa viva e protegida contra novos e/ou maiores riscos
enquanto aguarda o atendimento especializado (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2003).
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A primeira coisa a ser dita pode parecer, para algumas pessoas, a mais
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difícil: mantenha a calma. Perder a calma impossibilita a realização dos


procedimentos – você pode pular etapas ou até mesmo confundir os sinais
que está observando.

Longe de mim dizer que é fácil manter a calma em um momento desses, mas
eu tenho uma dica que pode acabar facilitando o processo nas situações
em que estes procedimentos forem necessários: pratique regularmente.
Conforme vimos no capítulo anterior, muitas pessoas já fizeram algum
curso sobre primeiros socorros, mas não conseguem se sentir seguras ou
preparadas para uma situação de emergência. Isso ocorre, em parte, pela
nossa falta de familiaridade. Por isso, depois de conhecer os protocolos de
emergência, é necessário simular este conjunto de procedimentos perio-
dicamente para que eles sempre estejam em sua memória e para que o
processo seja automatizado, como uma rotina.

Quando você se depara com uma vítima em necessidade de socorro em


ambiente extra-hospitalar – por exemplo, numa academia ou em um par-
que da cidade –, a primeira coisa a se fazer é checar o local e assegurar
a proteção de três entes: a vítima, você mesmo(a) e o socorrista (Figura
1). Em seguida, você deve pedir ajuda e/ou acionar o serviço médico de
emergência – no Brasil, ele é representado pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência, reconhecido pela sigla SAMU1 (para acioná-lo, disque
192), ou pelo Corpo de Bombeiros (disque 193). A partir deste momento,
o seu objetivo é manter a pessoa viva até que o socorro chegue. Para isso,
você deve avaliar, monitorar e realizar procedimentos (se necessário!) para
manter os sinais vitais mais próximos da faixa de normalidade (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2003).

1 Há cidades brasileiras em que o SAMU não existe ou se encontra desativado (notadamente por
questões ligadas às políticas públicas em Saúde), ao que as pessoas reconhecem discar “192” para
“chamar uma ambulância”.
17

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Figura 1 Etapas básicas do atendimento de primeiros socorros


Fonte: adaptada de http://ambientesst.com.br/primeiros-socorros/

Avaliar e examinar o estado geral de um indivíduo acidentado em situações


de emergência são ações que compõem a terceira etapa na prestação dos
primeiros socorros. Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediata-
mente à “avaliação do acidente e proteção do acidentado” e do socorrista
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). O exame deve ser rápido e amplo, observan-
do as prioridades listadas a seguir.
18

• Estado de consciência – verificação de respostas a perguntas lógi-


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cas (nome, idade etc.) e sobre a natureza do acidente; questionar a


vítima sobre sua sensibilidade e capacidade de movimentação dos
membros.
• Padrão respiratório – movimentos torácicos e abdominais com en-
trada e saída de ar normalmente pelas narinas ou boca.
• Ritmo cardíaco e pulso arterial – número e ritmo de batimentos
cardíacos e volume de sangue dentro da artéria.
• Hemorragia – verificação de quantidade, volume e qualidade do
sangue que se perde; observar se é arterial ou venoso.
• Pupilas – verificar o estado de dilatação e a simetria (igualdade entre
as pupilas).
• Temperatura do corpo – observação e sensação de tato na face e
nas extremidades.

Vítima consciente
Se a vítima está consciente, tranquilize-a e pergunte por áreas dolorosas
no corpo e por incapacidades funcionais de mobilização. Peça para apontar
onde é a dor e peça, também, para que ela verifique se consegue movi-
mentar levemente os dedos dos pés, das mãos etc. Mantenha a vítima na
posição em que você a encontrou. Só retire a vítima do local do acidente
se isso for absolutamente necessário para livrá-la de um perigo maior (por
exemplo, diante de cenários com risco de explosão, de intoxicação por gás
e de desabamento) e em casos nos quais o transporte imediato da vítima
ao hospital é o único meio de salvar-lhe a vida. Se você for obrigado(a), en-
tão, a mover a vítima, dê especial atenção às suspeitas de lesões nervosas.

Em seguida, proceda com um exame rápido das diversas partes do corpo.


Apalpe com cuidado e levemente o crânio à procura de fratura, hemorragia
ou depressão óssea; ao mesmo tempo, verifique o estado de consciência
e a respiração da vítima. Proceda da mesma forma com o pescoço, procu-
rando verificar o pulso na artéria carótida e observando frequência, ritmo
e amplitude. Corra os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio
até os ombros, procurando alguma irregularidade. Solicite que a vítima
movimente um pouco e lentamente o pescoço de um lado para o outro,
e questione se ela sente dor nessa região. Em caso de dor, pare qualquer
movimento.
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Verifique se há lesão visível no tórax, abdome e quadril, e pergunte à vítima

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se há dor ao respirar ou quando o tórax é levemente comprimido. Solicite
que o acidentado movimente levemente os dedos das mãos e verifique se
há existência de dor ou incapacidade funcional. Verifique se há dor no ab-
dome e procure algum ferimento. Tenha cuidado e bom senso ao promover
toques e contatos com a vítima: respeite-a. Além disso, não permita que
a vítima tente se levantar prontamente, achando que nada sofreu. Inicial-
mente, ela deve ser mantida imóvel, pelo menos para um rápido exame,
como descrito anteriormente. Se possível, ela deve ficar deitada de costas
ou na posição que mais lhe ofereça conforto.

Vítima inconsciente
As situações com vítima inconsciente exigem uma preocupação maior,
pois além do fato de se ter poucas informações sobre o seu estado, podem
surgir complicações devido, justamente, à inconsciência. O exame da vítima
inconsciente deve ser igual ao da vítima consciente, só que com cuidados
redobrados, pois os parâmetros de força, capacidade funcional e dor não
poderão ser informados.

Neste caso, a avaliação dos sinais vitais pode ser dividida em três etapas,
descritas pelas letras A, B e C. Essa descrição foi adotada a partir do signifi-
cado dos termos em inglês – mesmo que você não tenha familiaridade com
a língua inglesa, os significados destas palavras não são tão difíceis de se
lembrar (VICTORELLI et al., 2013). Veja:
• A vem de airway, que significa vias aéreas;
• B vem breathing, que significa respiração; e
• C vem de circulation, que significa circulação.

Portanto, na avaliação dos sinais vitais você deve observar se há obstrução


de vias aéreas e como está o padrão respiratório e circulatório.

Apresentamos, a seguir, como realizar cada uma das etapas dessa avaliação.

Etapa A – airway (vias aéreas)

Em casos de suspeita de traumatismo craniano e cervical e dificuldade


respiratória por obstrução, utilize a manobra de tração de mandíbula (Jaw-
-Thrust) (Figura 2) (KARREN et al., 2013). Essa técnica tem como vantagem o
fato de não mobilizar a coluna cervical, visto que promove a desobstrução
20

das vias aéreas por projetar a mandíbula anteriormente, deslocando tam-


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bém a língua. A execução deve ocorrer tal como ilustra a Figura a seguir.

Figura 2 Manobra de tração de mandíbula


Fonte: elaboração própria, com base em https://www.aic.cuhk.edu.hk/web8/Hi%20res/Modi-
fied%20jaw%20thrust2.jpg (aic.cuhk.edu.hk | © Janet Fong, 2011)

Passo a passo, deve-se:


1) apoiar a região tenar da mão sobre a região zigomática da vítima, bila-
teralmente, estando posicionado na sua “cabeceira”;
2) colocar a ponta dos dedos indicador e médio atrás do ângulo da
mandíbula, bilateralmente, exercendo força suficiente para deslocá-Ia
anteriormente;
3) apoiar os polegares na região mentoniana, imediatamente abaixo do
lábio inferior, e promover a abertura da boca.

A desvantagem é que essa manobra é tecnicamente mais difícil de executar


se comparada à manobra de inclinação da cabeça e elevação do mento,
além de não permitir que o socorrista (estando sozinho) continue a avalia-
ção da vítima, visto que estará com as duas mãos envolvidas na manuten-
ção da manobra.

Em casos com acidentados inconscientes, mas sem suspeita de traumatis-


mo craniano e cervical, realize a abertura das vias aéreas (manobra de ex-
tensão do pescoço). Posicione uma das mãos sobre o queixo e a outra sobre
a testa da vítima para realizar a extensão do pescoço, conforme ilustra a
Figura 3. Cuidado com a mão que irá realizar a manobra no queixo – utilize
apenas dois dedos (indicador e médio) para evitar a compressão das partes
moles (KARREN et al., 2013).
21

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Figura 3 Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo
Fonte: elaboração própria traduzida de https://healthjade.net/wp-content/uploads/2019/12/
head-tilt-chin-lift.jpg (healthjade.net)

Etapa B – breathing (respiração)

Nesta segunda etapa da avaliação primária, para que você possa verificar
se a vítima está respirando, você deve ver, ouvir e sentir a sua respiração.
Você vai posicionar o seu ouvido próximo da boca e do nariz da vítima, de
maneira que você possa ver a sua caixa torácica (Figura 4). Confira, a seguir,
as ações:
• observar movimentação do tórax (VER);
• perceber se há ruídos próprios da respiração (OUVIR);
• sentir se há saída de ar das vias aéreas superiores (SENTIR).

Figura 4 Ver, ouvir e sentir a respiração


Fonte: elaboração própria, com base em https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/first-
-aid-listening-breath-unconscious-man-176524565 (shutterstock.com | © Shutterstock, Inc.)
22

Em seguida, realize a avaliação da frequência, do ritmo e do caráter da


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respiração. A frequência refere-se ao número de movimentos respiratórios


(incursões) por minuto (irpm), sendo faixas de normalidade níveis entre 12
e 20 irpm em adultos, 20 e 30 irpm em crianças e 30 e 60 irpm em bebês,
respectivamente. Por definição: apnéia refere-se à parada respiratória; bra-
dipneia à redução da frequência respiratória; e taquipneia ao aumento da
frequência respiratória. Já a dispnéia é o aumento do esforço respiratório e
da frequência respiratória com o uso de músculos inspiratórios acessórios
e expiratórios.

Etapa C – circulation (circulação)

Esta terceira etapa vai te indicar se há a pulsação e circulação. A detecção


do pulso na vítima pelo socorrista é um importante indicativo de presença
de fluxo sanguíneo; ele pode ser obtido em diferentes regiões do corpo,
sendo as mais comuns as artérias carótidas externas, radiais, femorais e bra-
quiais (Figura 5). Escolha a região que for mais acessível durante a avaliação.

Figura 5 Principais pontos de acesso para medida do pulso arterial


Fonte: elaboração própria com base em https://i.pinimg.com/564x/de/6b/c9/de6bc963b8b-
1ba9e855c7ed545b49d74.jpg (The Free Dictionary by Farlex | © LaFleur, 2011)
23

Para verificar a frequência de pulso (que reflete a frequência cardíaca), você

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deve:
• utilizar os dedos indicador e médio (nunca o polegar) (cf. Figura 6);
• apalpar delicadamente a região da artéria selecionada (cf. Figura 6);
• contar o pulso em 30 a 60 segundos;
• anotar ou gravar a frequência, o ritmo, o volume e o horário.

Não se esqueça de que, assim como outros procedimentos de SBV, este


também deve ser praticado; com o tempo, você vai conseguir encontrar
facilmente o pulso das artérias carótida e radial.

Figura 6 Análise do pulso da carótida (A) e do pulso radial (B)


Fonte: (A) elaboração própria, com base em https://www.nre.seed.pr.gov.br/arquivos/File/
cascavel/brigada_escolar/palestra_socorros.pdf (p. 17); e (B) em https://semiologiame-
dica.ufop.br/sites/default/files/styles/os_files_small/public/semiologiamedica/files/fp1.
jpg?m=1525725028&itok=ui_xy7fD (semiologiamedica.ufop.br)

Em seguida, avalie a frequência e a qualidade dos pulsos detectados. Em


adultos, a frequência normal de um pulso varia entre 60 e 100 batimentos
por minuto (bpm); em crianças, a frequência é de 80 a 120 bpm; e em bebês,
de 100 a 160 bpm. Nos adultos, valores acima de 100 bpm em repouso são
classificados como taquicardia, e abaixo de 60 como bradicardia.

Em relação à qualidade dos pulsos, você deve observar o ritmo e o volume.


O ritmo se refere à regularidade de intervalos, classificando-os em regular
e irregular. Já o volume indica a intensidade da pressão, que pode ser clas-
sificada como forte e cheia ou fraca e fina. O pulso filiforme, por exemplo, é
o pulso com volume de sangue fraco e fino.
24

O tempo de enchimento capilar é útil na identificação de estados de hipo-


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fluxo sanguíneo em pacientes hemodinamicamente instáveis (SCHRIGER;


BARAFF, 1988; LIMA; BAKKER, 2005). O teste de preenchimento capilar ou
sinal da unha branca é uma manobra muito simples, destinada a avaliar
a velocidade de enchimento do leito capilar superficial após compressão/
descompressão da polpa de um dedo (SCHRIGER; BARAFF, 1988; LIMA;
BAKKER, 2005). Para executar este teste, você deve aplicar uma pressão
firme na falange distal dos dedos indicadores direito e esquerdo, por 15 se-
gundos cada (SCHRIGER; BARAFF, 1988; LIMA; BAKKER, 2005). Cronometre o
tempo em segundos para retorno da coloração normal da pele (SCHRIGER;
BARAFF, 1988; LIMA; BAKKER, 2005). O tempo de cinco segundos é definido
como limite superior de normalidade deste exame, mas este índice varia
de acordo com a idade e o sexo (SCHRIGER; BARAFF, 1988; LIMA; BAKKER,
2005). Mulheres saudáveis podem apresentar um tempo de enchimento
capilar de até 2,9 segundos, enquanto que idosos apresentam um tempo
de até 4,5 segundos (SCHRIGER; BARAFF, 1988; LIMA; BAKKER, 2005).

Ausência de respiração, ausência de pulso palpável (frequência cardíaca) e


falta de circulação periférica são fortes indicativos de parada cardiorrespira-
tória, sendo necessário o início imediato da Reanimação Cardiorrespiratória
(RCP).2 Vamos descrever, na próxima unidade, os procedimentos de uma
RCP de alta qualidade.

A Figura 7, sinalizada a seguir, demonstra um resumo das etapas que você


deve seguir na análise primária. Se possível, tenha com você este (ou algum
outro) resumo em seu local de trabalho. Recomendamos que você elabore
o seu próprio roteiro e o mantenha em um lugar de fácil acesso. Lembre-se,
também, de rever este roteiro e treinar os procedimentos periodicamente,
para que você sinta segurança quando esse atendimento se tornar neces-
sário.

Ademais, você pode coletar informações sobre um eventual acidente com


uma sequência de perguntas simples para conseguir determinar a possibi-
lidade de traumas mais severos. Estas perguntas podem ser feitas à vítima,
ou mesmo a pessoas que testemunhem o acidente. Confira os exemplos
pontuados a seguir.
• Em que tipo de superfície ocorreu a queda?
• Há evidência de colisão do corpo com superfícies rígidas (em um ce-
nário de academia, por exemplo, com barras, anilhas ou algum outro
tipo de equipamento)?

2 Abreviação também reconhecida pelo nome de “ressuscitação cardiopulmonar”.


25

• Foi possível ver qual foi a primeira parte do corpo da vítima que teve

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contato com o chão?
• De que altura a vítima caiu?
• Como foi a queda?

Figura 7 Resumo das etapas de avaliação dos sinais vitais


Fonte: elaboração própria, traduzida e adaptada de “The ABC check” (ST JOHN
AMBULANCE, 2016, p. 45)
26

Por fim, é importante que você saiba que cada diagnóstico exige um tipo
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de prestação de socorro. Nas próximas unidades deste material explica-


remos quais são os procedimentos que devem ser adotados em casos de
emergência relacionados à prática de exercício ou esportes. Seriam eles:
• crise hipertensiva e hipotensiva;
• parada cardiorrespiratória;
• acidente vascular encefálico (AVE) ou acidente vascular cerebral
(AVC);
• síncope/desmaio;
• asma induzida por exercício físico;
• lesões musculoesqueléticas;
• quedas, fraturas e luxações;
• traumatismo.

Vamos lá?
Emergências clínicas Unidade 2

Nesta Unidade, descreveremos as principais emergências clínicas e os


procedimentos que você deverá adotar em cada uma destas situações que
colocam em risco a vida dos seus pacientes.

Capítulo 1: Problemas relacionados à pressão


arterial
A pressão arterial (PA) é regulada por diversos mecanismos fisiológicos do
nosso corpo. Com o processo de envelhecimento – ou mesmo devido à
exposição prolongada a fatores de risco, como o excesso de peso ou o con-
sumo elevado de sal, por exemplo –, o organismo pode perder sua capaci-
dade de fazer os ajustes da PA por meio dos mecanismos homeostáticos,
passando a ser necessária a administração de fármacos para reforçar estes
mecanismos e manter a PA sob controle.

A partir do momento que uma pessoa desenvolve hipertensão arterial sis-


têmica (HAS) e está sob uso contínuo de fármacos para controlar a PA, sua
resposta ao exercício é diferente (VIECILI et al., 2009), tal como apresenta-
mos na Unidade I. Por isso, é preciso conhecer muito bem a resposta da PA
para que se possa determinar a ocorrência de qualquer tipo de problema.

Nesse sentido, antes mesmo de apresentar os problemas relacionados à PA


e os procedimentos de socorro nesses casos, vamos repassar alguns pontos
imprescindíveis quando se consideram casos de pessoas hipertensas.

Realizar a verificação correta da pressão


arterial
Aferir a PA é o procedimento utilizado para o monitoramento da saúde em
diversas situações clínicas e para diagnosticar, acompanhar e tratar a hiper-
tensão arterial. O observador é o profissional que afere a pressão arterial
– ele tem influência determinante na obtenção dos valores.

A medida indireta da pressão arterial é um procedimento simples e fácil de


ser realizado. Porém, se não forem atendidos os princípios para a sua reali-
zação, ela estará sujeita a vários fatores de erro. Você sabia que evidências
científicas observaram que muitos enfermeiros, fisioterapeutas, médicos e
28

outros profissionais da saúde falham ao verificar adequadamente a pressão


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arterial? (ASSIS; OLIVEIRA, 2003; VEIGA et al., 2003; VEIGA et al., 2009). Aferir
incorretamente a pressão arterial pode classificar uma pessoa hipertensa
como normotensa, privando-a dos benefícios do tratamento ou estabe-
lecendo o diagnóstico de hipertensão para um indivíduo normotenso,
expondo-o a um tratamento desnecessário. Além disso, não realizar ade-
quadamente a medida da pressão arterial de uma pessoa prejudicará o seu
atendimento em casos de urgências clínicas relacionadas às variações dos
valores de pressão arterial.

Portanto, verificar corretamente a pressão arterial é uma tarefa que deve


fazer parte do seu dia a dia profissional. Por essa razão, sugerimos que você
realize o curso livre, gratuito e a distância intitulado “Medida da pressão
arterial: um guia prático”, oferecido pelo Departamento de Ciências
Fisiológicas (DCF) em parceria com a Secretaria de Educação a Distância
(SEaD) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O curso está dis-
ponível no Portal de Cursos Abertos (PoCA) da Universidade, armazenado
na categoria “Saúde”, e para acessá-lo basta efetuar login com cadastro
prévio no seguinte endereço: https://cursos.poca.ufscar.br/course/index.
php?categoryid=18.3

Determinar se a pessoa é hipertensa


controlada ou não
É preciso tomar o cuidado de não olhar para pessoas hipertensas como se
todas pertencessem a um mesmo pacote. Cada caso é um caso. Conside-
ramos que uma pessoa hipertensa está controlada quando a medicação
utilizada é suficiente para manter a sua PA em valores desejáveis.

Você vai realizar a verificação por meio de anamnese específica e por meio
da medida regular da PA. Adultos a partir de 18 anos de idade com quadro
clínico estável – ou seja, com controle medicamentoso capaz de manter
a maioria das medidas da PA dentro do valor de normalidade (PA sistóli-
ca – PAS até 129 mmHg e PA diastólica – PAD até 84 mmHg) (BARROSO et
al., 2021) – são menos propensos a crises, tanto de hipertensão como de
hipotensão.

3 Ao acessar este link, bastará clicar no cartaz do curso. Você será automaticamente redirecionado(a)
para a página de cadastro/login.
29

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Conhecer os medicamentos utilizados
Jamais atenda uma pessoa hipertensa sem saber: qual ou quais medica-
mentos ela utiliza; o(s) horário(s) em que os medicamentos são utilizados;
e, principalmente, os efeitos que estes medicamentos podem provocar,
especialmente em relação ao exercício.

Se você não conhece as classes de medica-


mentos anti-hipertensivos, sugerimos a lei-
tura das Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
Arterial.

Acesse o texto completo no seguinte endereço:

http://abccardiol.org/article/diretrizes-bra-
sileiras-de-hipertensao-arterial-2020/

Conhecer a resposta da pressão arterial


ao exercício
O exercício tem como características aumentar a resposta da PA durante a
sua prática (o que geralmente não traz riscos) e reduzir a PA nos momentos
após o treino. Esta redução, chamada de hipotensão pós-exercício, ocorre
imediatamente e nas primeiras horas após o término do exercício; ela pode
persistir por até 24 horas e é mais marcante em pessoas hipertensas (VIECILI
et al., 2009). Por isso, é necessário que você conheça a resposta individual
ao exercício medindo a PA antes e após a sessão de treino.

Lembre-se de que os fármacos servem para exacerbar os mecanismos fisio-


lógicos de controle da PA, efeito também causado pelo exercício. Por isso, a
chance de uma redução da PA que possa causar desconforto é mais elevada
em indivíduos que fazem uso de anti-hipertensivos e que não possuíam o
hábito do exercício. Ela também será elevada quando se realizam sessões
de treino que tenham por característica principal promover maior redução
da PA – por exemplo, sessões de maior intensidade e/ou volume ou com
elevada quantidade de massa muscular envolvida, causando maior efeito
vasodilatador (CARVALHO et al., 2015).
30
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Para saber mais sobre a hipotensão pós-exercício,


sugerimos a leitura do artigo “Hipotensão pós-
exercício em indivíduos hipertensos: uma revisão”,
dos autores Paulo Gomes Anunciação e Marcos
Doederlein Polito.

Acesse o texto completo no seguinte endereço:

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0066-782X2011000500019&tlng=pt

Os aspectos mencionados constituem o mínimo necessário para que você


possa utilizar o exercício físico como parte do tratamento não farmacológi-
co da HAS. Sem qualquer um destes aspectos, não é possível trabalhar com
segurança.

Agora que definimos estes fatores fundamentais, vejamos como proceder


em casos de crise hipertensiva e crise hipotensiva induzida pelo exercício.

Crise hipertensiva
Crises hipertensivas são de especial atenção por representarem um grande
risco a pacientes com HAS, com níveis de morbidade e mortalidade signi-
ficativos.

A crise hipertensiva é caracterizada por uma elevação repentina da PA;


– considera-se uma crise hipertensiva quando o valor da pressão arterial
sistólica (PAS) está acima de 180 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica
(PAD) se encontra maior ou igual a 120 mmHg (PIERIN; FLÓRIDO; SANTOS,
2019; RODRIGUEZ; KUMAR; DE CARO, 2010).

Portanto, para que se possa fazer o primeiro atendimento, é necessário


diferenciar a urgência hipertensiva da emergência hipertensiva (BRASIL,
2016).
31

• Urgência hipertensiva: entra na categoria de crise hipertensiva e,

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por isso, a PAD deve apresentar o valor maior ou igual a 120 mmHg
em caso de elevação brusca da PA. Em caso da urgência, apesar de
haver esta elevação da PA, ainda não há sintomas graves clássicos da
elevação da PA – como dor no peito, cefaleia, zumbido no ouvido,
tontura e náusea, indícios de risco de morte ou de danos a órgãos-al-
vo (BRASIL, 2016).
• Emergência hipertensiva: também se enquadra na elevação abrup-
ta da PA, com PAD maior ou igual a 120 mmHg. Entretanto, diferente-
mente da urgência hipertensiva, há indícios de danos a órgãos (que
só podem ser identificados por exames específicos, como hemogra-
ma, troponina ou marcadores de necrose), além de sintomas graves
e risco de morte (BRASIL, 2016).

É necessário, ainda, distinguir essas duas possibilidades de crises hiperten-


sivas de uma denominada pseudocrise hipertensiva, caracterizada por
elevação repentina da PA durante eventos dolorosos, como a cefaleia, ou
ligados a algum aspecto emocional estarrecedor, como um episódio de
síndrome do pânico (PIERIN; FLÓRIDO; SANTOS, 2019).

Saiba mais sobre a síndrome do pânico e sua relação


com o exercício físico conferindo o trabalho de
conclusão de curso de Bruna Pristello Pardinho,
intitulado “Manejo da ansiedade e ataque de pânico
com atividade física” e defendido no Instituto de
Biociências da Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (Campus de Rio Claro) em 2018.

Acesse o texto completo no seguinte endereço:

https://repositorio.unesp.br/bitstream/
handle/11449/203592/000915965.
pdf?sequence=1&isAllowed=y

No caso da urgência hipertensiva, é necessário reduzir gradativamente os


valores da PA, enquanto que numa emergência hipertensiva o valor deve
ser reduzido imediatamente, mediante o uso de fármacos.
32

Desta forma, ao se deparar com uma crise hipertensiva realize, no primeiro


| ESPECIALIZAÇÃO | SUPORTE BÁSICO DE VIDA E SOCORRO DE EMERGÊNCIA EM SITUAÇÕES CLÍNICAS... | Ciclo 1 | Volume 6 |

momento, os seguintes procedimentos:


1. assim que você determinar que há uma crise hipertensiva, acio-
ne imediatamente o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU), discando 192, ou o Corpo de Bombeiros (discando 193).
Apenas com exames específicos (e que não estarão ao seu alcance) é
possível determinar, por exemplo, se há lesão de órgãos-alvo. Portan-
to, percebendo qualquer um dos sintomas clássicos de agravamento
da PA, já citados anteriormente (dor no peito, vista turva etc.), você
deve pressupor que há este agravamento.
2. Realize a avaliação primária, descrita na Unidade I, com ênfase para a
análise de pulso e de circulação. Neste momento, você deve colocar a
pessoa em posição confortável e tentar acalmá-la, tendo em vista os
efeitos nervosos causados pelo desconforto emocional em relação à
PA.
3. Verifique a presença de um ou mais sintomas relacionados a crises
hipertensivas:
▪▪ cefaleia sem causa definida;
▪▪ náusea e vômito;
▪▪ palpitações;
▪▪ tontura;
▪▪ astenia (perda de força; fraqueza).
4. Verifique novamente a PA e anote os valores encontrados nesta afe-
rição para que o serviço de urgência, ao chegar, seja devidamente
informado. Muitas vezes o valor da PA pode ser reduzido por um
mecanismo de retorno à média (ALESSI et al., 2014).

Num segundo momento o atendimento é realizado por equipe especia-


lizada, mas saiba que ele envolve o histórico familiar de hipertensão e a
investigação do uso de medicamentos anti-hipertensivos por parte do(a)
paciente. Por isso, se você cumprir com os protocolos mínimos de atendi-
mento a pessoas hipertensas, apresentado no início deste capítulo, você
terá condições de compartilhar todas essas informações aos profissionais
do serviço de urgência.
33

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No caso de uma crise hipertensiva, você
deve seguir os seguintes passos:
1. ligue para o atendimento médico
de urgência (disque 192) ou para os
Bombeiros (disque 193);
2. realize a avaliação primária e acalme
a pessoa;
3. verifique a presença de sintomas
associados: cefaleia, náusea, tontura,
palpitação, astenia;
4. faça a medida e monitore os valores
de PA.

Hipotensão postural durante o exercício


físico
Ao iniciar um novo programa de treino, pacientes com doenças crônicas ou
que estão sob tratamento medicamentoso para o controle da PA precisam
estar cientes da ocorrência de hipotensão postural e do risco aumentado
de queda, a ela associado (FIGUEROA; BASFORD; LOW, 2010).

A hipotensão postural, também conhecida como hipotensão ortostática,


ocorre quando os valores de PA caem no momento em que o paciente
passa de deitado para sentado ou de sentado para em pé (FIGUEROA;
BASFORD; LOW, 2010). Atualmente, o critério de consenso para hipotensão
postural é pelo menos uma redução de 20 mmHg na PAS e pelo menos
uma redução de 10 mmHg na PAD dentro de um período de três minutos
em pé (FIGUEROA; BASFORD; LOW, 2010). Um exemplo disso seria se um
paciente passasse da posição sentada para a posição em pé e tivesse uma
diminuição subsequente da pressão arterial de 120/80 para pelo menos
100/70 dentro de três minutos após a mudança na postura.
34

Os sinais e sintomas de hipotensão postural incluem:


| ESPECIALIZAÇÃO | SUPORTE BÁSICO DE VIDA E SOCORRO DE EMERGÊNCIA EM SITUAÇÕES CLÍNICAS... | Ciclo 1 | Volume 6 |

• tontura ou tontura;
• visão embaçada;
• confusão;
• fraqueza;
• fadiga (sensação de cansaço);
• náusea;
• sensação de desmaio ou desmaio.

Além disso, há fatores que podem aumentar o risco de hipotensão postu-


ral. São eles:
• refeições (induzem a hipotensão ortostática pós-prandial em idosos,
pessoas com pressão alta e pessoas com doença de Parkinson);
• consumo de álcool;
• uso de antidepressivos, ansiolíticos e analgésicos;
• diuréticos;
• medicamentos para o coração, incluindo aqueles usados para tratar
hipertensão e doenças coronárias;
• medicamentos usados para cirurgias;
• danos nervosos causados por diabetes;
• mudanças no ritmo cardíaco (arritmias);
• não ingerir líquidos o suficiente (desidratação);

• insuficiência cardíaca.

Como evitar a hipotensão postural?


• Oriente o(a) paciente a realizar a transição de posição de maneira
lenta. Diga para que ele(a) se movimente “no seu tempo”.
• Oriente o(a) paciente a se apoiar em algo (ou em você) ao se levantar.
• Oriente o(a) paciente a se manter hidratado(a) antes, durante e após
as sessões de treino.
35

• Agrupe os exercícios conforme as posições e reduza as transições de

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postura entre os exercícios. Evite exercícios com mudanças rápidas
de postura, como agachamentos ou burpees, nos quais a pessoa
passa, rapidamente, da posição sentada para a posição em pé ou da
posição deitada para a posição em pé.

Se você classificar algum de seus pacientes como de alto risco, é importan-


te estar ciente de todos os sintomas que podem surgir durante o exercício
e tomar as devidas precauções para evitar resultados graves, como quedas
ou desmaios.

Hipotensão excessiva pós-exercício


Tal como discutido no início deste capítulo, o exercício físico exacerba me-
canismos fisiológicos de controle da PA, causando sua redução após a ses-
são de treino – este mecanismo é denominado hipotensão pós-exercício.

Para que você possa prevenir estas reduções muito acentuadas, que
ocorrem especialmente com pessoas hipertensas, você deve conhecer
a resposta de cada pessoa às sessões de treino. Clinicamente, não há um
valor exato de PA que possa ser considerado “baixo” em relação às respostas
individuais. Em geral, vamos considerar a PA baixa quando ela gera algum
tipo de desconforto.

Por experiência clínica, observamos desconfortos em geral, com valores de


PAS abaixo de 85 a 90 mmHg e de PAD abaixo de 50 a 55 mmHg. Claro que
realizar um processo bem-direcionado de treinamento ou de reabilitação
que não envolva mudanças bruscas no estímulo de treino também auxilia
na previsibilidade da resposta da PA, evitando as crises hipotensivas.

Um momento de redução da PA após o exercício é mais provável de aconte-


cer com quem usa medicamentos. Por isso, é importante verificar a PA antes
do exercício, pois valores baixos de PA pré-treino somados ao uso de medi-
camentos (especialmente se a sessão de treino é realizada durante o pico
de ação do medicamento) representam alto risco para crises hipotensivas.

Quando uma pessoa estiver em crise de hipotensão induzida pelo exer-


cício físico, ela vai suar frio e relatar fraqueza, tontura e visão turva. Você
também vai ser capaz de observar sinais de cianose, especialmente nos
lábios, e palidez (Figura 8).
36
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Figura 8 Rosto de pessoa em quadro de cianose


Fonte: adaptada de https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/cyanotic-lips-tongue-
-central-cyanosis-southeast-1578710419 (shutterstock.com | © Shutterstock, Inc.)

Alguns desses sintomas também são comuns em crises de hipoglicemia


– por isso a verificação da PA é fundamental. Tome muito cuidado neste
momento, pois a hipotensão pode chegar a causar desmaios, e a queda é o
maior dos riscos. Assim, quando houver suspeita de hipotensão acentuada
após o exercício, siga os passos enumerados a seguir.
1. Deite a pessoa em posição confortável e coloque as pernas em po-
sição elevada para facilitar o retorno venoso (Figura 9). Se a pessoa
estiver com roupas apertadas, convém afrouxá-las para que não difi-
cultem a circulação.

Figura 9 Posicionamento de uma pessoa com hipotensão


Fonte: recuperada de https://saude.umcomo.com.br/artigo/como-agir-diante-uma-queda-
-de-pressao-13424.html (© Sanar.org)
37

2. Procure por sinais clínicos de hipotensão: cianose, palidez, taquicar-

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dia.
3. Verifique a PA para confirmar a hipotensão excessiva induzida pelo
exercício físico.
4. Mantenha a pessoa em posição confortável e sem risco de queda.
5. Incentive a ingestão de água – com cuidado, para que a pessoa não
engasgue. Caso ocorra vômito, coloque a pessoa em posição lateral.
6. Se o valor da PA permanecer baixo após 15 minutos, acione socorro
especializado.

Também recomendamos que você faça um comunicado ao(à) médico(a)


responsável para informar o ocorrido, de modo que seja conferida a neces-
sidade de ajustar a medicação.

Capítulo 2: Parada Cardiorrespiratória e


Infarto Agudo do Miocárdio
A Parada Cardiorrespiratória (PCR) e o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)
são situações clínicas possuem alguns sintomas similares e podem, em
algumas vezes, ser confundidas. De qualquer maneira, uma pessoa entran-
do em PCR ou tendo um quadro de IAM vai precisar de ajuda. Por isso, o
procedimento é basicamente o mesmo.

Em primeiro lugar, você deve se lembrar de que é muito importante manter


a calma e o que vai te ajudar é ter familiaridade com o processo de SBV
neste momento. Pouco antes de uma PCR ou mesmo de um IAM, um dos
sintomas mais comuns é a dor no peito. No âmbito do exercício físico, seja
em academias ou em clínicas, há momentos nos quais o risco para intercor-
rências é maior.
• Avaliação física: todo momento de teste – especialmente se for a
primeira vez que se testa um(a) paciente ou aluno(a) – apresenta
risco devido ao fato de que as respostas da pessoa ao exercício ainda
são desconhecidas.
• Mudanças no treinamento: caso a progressão do treinamento não
seja feita com critérios muito bem estabelecidos e, principalmente,
baseados em exames e avaliação física, o risco de que se tenha um
evento em mudanças de treino é grande. Esse risco vem tanto da
38

eventual falta de familiaridade da pessoa com exercícios como pelo


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aumento de intensidade que não esteja dentro das suas possibilida-


des de execução.

Para realizar o monitoramento durante as avaliações ou sessões de exercí-


cio/reabilitação, uma série de sintomas deve ser monitorada. Tais sintomas
são comuns em pessoas com quadro de IAM (BOTELHO et al., 2013). Sempre
pergunte, portanto, se a pessoa está sentindo/tendo:
• dor no peito;
• tontura;
• fraqueza;
• náusea/enjoo;
• vista turva

Em testes crescentes, pergunte se há a presença de algum destes sintomas


a cada estágio, além de verificar eventuais sinais de cianose.

Outro aspecto importante em relação à identificação de um evento car-


díaco durante o exercício consiste em conhecer as respostas fisiológicas
normais ao teste.

Confira as tabelas apresentadas a seguir


e, depois, responda ao que se pede.

a) Teste ergométrico em ciclo: homem, 54 anos, não fumante e fisicamente


ativo. Quadro de hipertensão arterial controlado por uso de 50mg por dia
de Losartana. Em teste anterior, havia atingido a intensidade de 250 W, com
limiar anaeróbio a 150 W e limiar de compensação respiratória a 200 W. PA
de repouso antes do teste de 130/80 mmHg.

As respostas fisiológicas frente ao teste ergométrico deste indivíduo po-


dem ser observadas na Tabela 1.
39

Tabela 1 Respostas de um avaliado a teste ergométrico crescente

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Intensidade (W) METs FC (bpm) PA (mmHg) PSE (Borg)
75 W 4,4 102 148/76 0
100 W 5,2 107 178/76 1
125 W 6,0 112 198/76 2
150 W 6,8 116 220/74 3
Legenda: W – Watt; METs – equivalentes metabólicos da tarefa (medida de intensidade do esforço); FC
(bpm) – frequência cardíaca em batimentos por minuto; PA (mmHg) – pressão arterial em milímetros
de mercúrio; PSE – percepção subjetiva de esforço pela Escala de Borg com graduação de 1 a 10.

Após o estágio de 150 W, você continuaria ou interromperia o teste?

b) Teste crescente em esteira: homem, 61 anos, com risco cardiovascular


elevado. Faz uso de 50mg Losartana e de 25 mg de Hidroclorotiazida. PA de
repouso antes do teste de 116/70 mmHg. Confira a Tabela 2.

Tabela 2 Respostas de um avaliado a teste ergométrico crescente

Intensidade (km/h) METs FC (bpm) PA (mmHg) PSE (Borg)


3 km/h 2 89 130/72 2
4 km/h 3 94 142/70 2
5 km/h 4 101 140/70 3
6 km/h 5 111 140/72 4
Legenda: km/h – quilômetros por hora; METs – equivalentes metabólicos da tarefa (medida de inten-
sidade do esforço); FC (bpm) – frequência cardíaca em batimentos por minuto; PA (mmHg) – pressão
arterial em milímetros de mercúrio; PSE – percepção subjetiva de esforço pela Escala de Borg com
graduação de 1 a 10.

Após o estágio de 6 km/h, você continuaria ou interromperia esse tes-


te?

c) Teste crescente em esteira: mulher de 66 anos com risco cardiovascular


moderado. Não faz uso de medicamentos. Circunferência de cintura acima
de 80 cm. PA de repouso antes do teste de 124/82 mmHg. Veja a Tabela 3.
40

Tabela 3 Respostas de uma avaliada a teste ergométrico crescente


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Intensidade METs FC (bpm) PA (mmHg) PSE (Borg)


3 km/h 2 89 130/72 2
4 km/h 3 94 142/80 2
5 km/h 4 101 140/84 3
6 km/h 5 111 140/92 4
Legenda:. km/h – quilômetros por hora; METs – equivalentes metabólicos da tarefa (medida de inten-
sidade do esforço); FC (bpm) – frequência cardíaca em batimentos por minuto; PA (mmHg) – pressão
arterial em milímetros de mercúrio; PSE – percepção subjetiva de esforço pela Escala de Borg com
graduação de 1 a 10.

Após o estágio de 6 km/h, você continuaria ou interromperia esse tes-


te?

Esperamos que você tenha respondido que interromperia todos os tes-


tes, pois os três apresentaram critérios de interrupção. Veja:
• o primeiro teste foi caracterizado por resposta de hiperreatividade
de PA. Não se deve seguir um teste com PA acima de 220 mmHg;
• o segundo teste foi caracterizado por ausência de aumento da PA
sistólica e deve ser interrompido após dois estágios sem aumento
da PAS;
• o terceiro teste foi marcado por aumento de mais de 20 mmHg na PA
diastólica, e também deve ser interrompido.

Agora faremos, inevitavelmente, mais uma provocação.

Qual dos três testes é indicativo de IAM?


41

Veja que foram apresentados três testes que tiveram de ser interrompidos

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pois a resposta da PA não era fisiológica. De qualquer forma, as três pessoas
devem ser indicadas/encaminhadas para a realização de um eletrocardio-
grama de esforço, e a descrição da intercorrência no teste é muito válida
e útil (além de ser um grande diferencial profissional). Um deles pode ser
indicativo de IAM – ênfase em pode ser, mas o teste deve ser interrompido
e o exame feito com urgência para evitar riscos.

Dos três testes analisados, o indicativo de IAM está no segundo, em que não
houve aumento da PAS. Essa resposta indica que o coração não está con-
seguindo se ajustar à intensidade do esforço para elevar o débito cardíaco.
Isso pode ocorrer mesmo que a pessoa não relate nenhum dos sintomas
que devem ser questionados para verificar algum problema. Por isso, não
confie apenas em relatos de sintomas: sempre analise todos os fatores
possíveis em um teste!

Caso uma destas respostas (sem que haja um evento) aconteça, você deve-
rá considerar os seguintes passos:
• interromper o teste imediatamente e explicar a razão da interrupção;
• deixar a pessoa confortável e em repouso e repetir a medida da FC e
da PA;
• indicar à pessoa a realização de um exame cardiológico; caso você
desconfie de IAM, acione o socorro imediatamente.

Se houver uma intercorrência durante o teste ou sessão de treino/reabili-


tação, você deverá realizar todos os procedimentos de avaliação dos sinais
vitais e chamar imediatamente por socorro.

Quais são os sinais indicativos de um


evento cardiovascular durante um
teste ergométrico?
42

Capítulo 3: Ressuscitação Cardiopulmonar


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Os cuidados com a saúde exigem uma estrutura – composta, por exemplo,


de pessoas, equipamentos, treinamentos, e de processos, como políticas,
protocolos e procedimentos – que, quando integrada, produz um sistema
(por exemplo, programas, organizações, culturas) que otimiza os desfechos
(por exemplo, sobrevivência, segurança dos pacientes, qualidade e satisfa-
ção).

Em relação à PCR, a Sociedade Americana do Coração (American Heart Asso-


ciation – AHA) recomenda o uso de cadeias de sobrevivência distintas, que
identifiquem as diferentes vias de cuidados dos pacientes que sofrem uma
PCR em hospital ou em ambiente extra-hospitalar (PANCHAL et al., 2020).

Figura 10 As cadeias de sobrevivência da AHA para PCR intra-hospitalar e PCR extra-hospitalar


para adultos
Fonte: adaptada de AHA (2015, p. 4)
Legenda: SME – Serviço Médico de Emergência; RCP – Ressuscitação Cardiopulmonar/Cardiorrespirató-
ria; PCR – Parada cardiopulmonar.
43

O atendimento de pacientes após uma PCR, independente do lugar onde

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ela ocorra, converge ao hospital, onde são fornecidos os cuidados pós-PCR.

Neste material, enfatizaremos a estrutura e os processos envolvidos em


uma PCR em ambiente extra-hospitalar –por exemplo, em uma academia
ou em uma clínica de reabilitação. Você, profissional da Saúde e socorrista
responsável pelo paciente, precisa reconhecer a PCR, pedir ajuda, iniciar
a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade e aplicar a
desfibrilação até que um time de serviço médico especializado de saúde
assuma a responsabilidade para, em seguida, transportar o paciente para
um pronto-socorro e/ou um hospital.

Confira, a seguir, os componentes de uma RCP de alta qualidade (PANCHAL


et al., 2020).
1. Segurança do local: verifique se o local é seguro para os socorristas
e para a vítima.
2. Acionamento do serviço médico de emergência: se você estiver
sozinho(a) ao presenciar o colapso do(a) paciente e sem acesso a
um telefone ou celular, deixe a vítima e acione o serviço médico de
emergência discando 192 (SAMU) ou 193 (Bombeiros) e obtenha um
desfibrilador externo automático (DEA) antes de iniciar a RCP. Do
contrário, peça para que alguém acione o serviço médico de emer-
gência e inicie a RCP imediatamente. Use o DEA assim que ele estiver
disponível.
3. Reconhecimento de uma PCR: verifique se a vítima responde, se há
ausência de respiração ou se é apenas gasping (ou seja, a respiração
não está normal), e se não há nenhum pulso definido sentido em dez
segundos. A verificação do pulso pode ser feita simultaneamente,
em menos de dez segundos. Caso fique em dúvida, inicie a RCP assim
mesmo, pois o risco de dano à vítima é baixo se ela não estiver em
PCR.
4. RCP de alta qualidade
▪▪ Relação compressão-ventilação sem via aérea avançada – um
ou dois socorristas: 30:2.
▪▪ Relação compressão-ventilação com via aérea avançada –
compressões contínuas com uma frequência de 100 a 120 vezes
por minuto. Administre uma ventilação a cada seis segundos (dez
respirações por minuto). Use a máscara ventilatória para a realiza-
ção das ventilações.
▪▪ Frequência de compressão – 100 a 120 por minuto.
44

▪▪ Profundidade da compressão – no mínimo cinco centímetros, e


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não deve ultrapassar seis centímetros.


▪▪ Posicionamento das mãos – duas mãos sobre a metade inferior
do esterno.
▪▪ Retorno do tórax – espere o retorno do tórax após cada com-
pressão. Não se apoie sobre o tórax após cada compressão.
▪▪ Minimizar interrupções – limite as interrupções nas compres-
sões torácicas a menos de dez segundos.

Assista, nos links indicados a seguir, a dois vídeos


sobre como realizar uma RCP de alta qualidade.

• Como fazer compressão cardíaca?

Com este vídeo, você saberá como posicionar ade-


quadamente as mãos durante uma RCP

https://www.youtube.com/watch?v=VhvGTP_BzPU

• Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) | Primeiros so-


corros

https://www.youtube.com/
watch?v=WoB0AQ2aqgA

5. Uso do DEA: caso você trabalhe em um local que possua DEA, ele
pode fazer a diferença para manter viva uma pessoa que tenha um
evento cardíaco (RODRIGUES, 2019). O uso do DEA é indicado quan-
do se percebe sinais de PCR, pois o equipamento é capaz de detectar
arritmias e fibrilação ventricular, presentes na maioria dos casos de
PCR (SINNER, 2016).
45

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O Brasil conta com uma legislação específica sobre
a recomendação de desfibriladores automáticos.
Para ter acesso a mais informações, acesse:

https://cmosdrake.com.br/blog/legislacao-sobre-
-desfibriladores/

Quando você identificar que uma pessoa está em PCR (se necessário, reto-
me o Capítulo 1 da Unidade I para rever estes sinais e sintomas), já se pode
iniciar o uso do DEA. O aparelho automaticamente vai fazer o diagnóstico
da necessidade ou não necessidade de choque. Caso ele identifique a ne-
cessidade de aplicar uma carga elétrica no coração, você receberá um aviso
para que as pessoas ao redor se afastem da vítima.

Para que o DEA possa realizar a sua função com eficácia, os eletrodos de-
vem ser posicionados de maneira correta e em acordo com o que indicar o
manual de instruções do equipamento disponível. Normalmente, as instru-
ções se assemelham ao que ilustra a Figura a seguir.

Figura 11 Locais de posicionamento das pás do DEA. Uma das pás é colocada ao lado direito
do peito da vítima, na altura do osso esterno, e a outra é posicionada no lado esquerdo, com
o seu topo logo abaixo da altura do processo xifoide
Fonte: elaboração própria
46

Neste aspecto, vale ressaltar alguns pontos:


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• os equipamentos possuem a indicação da pá positiva e da pá negati-


va, e indicam o local de colocação;
• alguns homens podem ter grande quantidade de pelos no peito, por
isso pode ser necessário fazer tricotomia. Dado o tempo necessário
para isso, você só deve fazer a tricotomia caso a quantidade de pelos
seja tamanha a ponto de realmente impedir a aderência das pás;
• cuidado se a vítima estiver molhada! Enxugue os locais nos quais for
colocar as pás antes de posicionar os eletrodos e de ligar o aparelho;
• se você souber que uma pessoa faz uso de marca-passo (está
lembrado(a) da anamnese?) não coloque a pá do DEA sobre ele;
• retire acessórios de metal (como brincos, colares e anéis) da pessoa.

Veja, na Figura a seguir, a posição para fazer o atendimento de emergência


com o DEA.

Figura 12 Distanciamento para uso do DEA


Fonte: elaboração própria
47

Depois de acionar o dispositivo, ele vai verificar a necessidade de choque

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e também vai emitir sinais sonoros (beeps) para que você possa manter a
compressão cardíaca até que o socorro chegue (SINNER, 2016).

Procedimento de uso do DEA:


1. acione o atendimento médico de urgência;
2. coloque a vítima em decúbito dorsal e
posicione-se a 20 cm de distância;
3. posicione as pás nos locais indicados;
4. ligue o aparelho.

Analise detalhadamente, na Figura a seguir, o algoritmo de PCR em adultos


para profissionais da Saúde em SBV.
48
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Figura 13 Algoritmo de PCR em adultos para profissionais da saúde


Fonte: adaptada de AHA (2015, p. 12)
Legenda: SAV – Suporte Avançado de Vida (feito por profissionais capacitados para realizar manobras
invasivas específicas e mais complexas para tratar agravamento à saúde).
49

Antes de encerrar o presente capítulo, deixamos a seguir mais uma provo-

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cação.

Qual foi a última vez que você fez


um treinamento sobre SBV e RCP?

Confira, no link a seguir, um vídeo


sobre avaliação primária em socorros
de urgência:
https://www.youtube.com/
watch?v=UTYNzTdl144

Capítulo 4: Acidente Vascular Encefálico


O Acidente Vascular Encefálico (AVE), também chamado de Acidente Vascu-
lar Cerebral (AVC), é um evento que ocorre no sistema nervoso central e que
prejudica a chegada de sangue para uma determinada região encefálica.
Ele pode ocorrer de duas maneiras (FIGUEIREDO; PEREIRA; MATEUS, 2020):
• AVC isquêmico – ocorre quando uma artéria está bloqueada e o
sangue não é perfundido para uma área do cérebro.
• AVC hemorrágico – ocorre quando há a ruptura de um vaso, com
derramamento de sangue e hemorragia cerebral.

A Figura a seguir ilustra as duas possibilidades de AVE.


50
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Figura 14 Diferença entre AVE isquêmico e AVE hemorrágico


Fonte: elaboração própria com base em http://www.sbdcv.org.br/images/avc1.jpg (sbdcv.
org)

Nestes dois tipos de acidente vascular há prejuízo na chegada de oxigênio,


de nutrientes e na remoção de dióxido de carbono e de metabólitos para
uma determinada região do sistema nervoso central, acarretando em al-
guns sinais e sintomas. Os mais comuns são:
• adormecimento de um dos lados do rosto;
• fraqueza nos membros em um dos lados do corpo;
• dificuldade de fala;
• alteração de consciência com confusão até falta de responsividade;
• cefaleia súbita e intensa sem causa conhecida;
• crise convulsiva (primeiro episódio) sem histórico de trauma;
• alterações visuais;
• visão turva;
• vertigem;
• perda de equilíbrio e/ou dificuldade de marcha.
51

A partir do momento que você identificar algum destes sintomas, acione

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imediatamente o socorro. Para identificar sinais de AVE existe um método
dos primeiros socorros que consiste em pedir para que a pessoa sorria,
eleve os braços e fale algo (uma frase ou um trava-língua). Pode ocorrer do
braço do lado acometido não levantar, um lado da boca não sorrir e a fala
estar comprometida.

Um procedimento interessante do SAMU e que pode te auxiliar a identificar


os sintomas de um AVE (MANIVA; CARVALHO, 2016) é representado pela
sigla “SAMU”:

S de sorriso

A de abraço

M de música (ou algum trava-língua)

U de urgência

Confira, no link sugerido a seguir, um vídeo em


que se discute o “procedimento SAMU” para
que você se lembre dos passos representados
pelas letras S, A, M e U:

https://www.youtube.com/watch?v=dJwmD-
36zWe0

Por fim, enquanto espera pela chegada do socorro, você pode seguir os
seguintes passos (BRASIL, 2016):
• verificar o estado de consciência da pessoa (“Ei, você está bem?”);
• realizar a desobstrução de vias aéreas;
• colocar a pessoa em posição confortável;
• deitar a pessoa de lado em caso de perda de consciência;
• monitorar constantemente os sinais vitais e a consciência, acalman-
do a vítima e reforçando que o socorro está a caminho.
52
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O texto sugerido a seguir, de autoria de Sueli


Luciano Pires, Rubens José Gagliardi e Milton
Luiz Gorzoni demonstra alguns fatores de risco
para AVC e pode te auxiliar em suas anamneses.
Confira no seguinte endereço:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-
-282X2004000500020&script=sci_
arttext&tlng=pt

Capítulo 5: Síncope (desmaio), convulsão


e hipoglicemia
A síncope é popularmente chamada de desmaio. Algumas pessoas pos-
suem a tendência a terem uma síncope durante e nos primeiros minutos
após a prática de exercício mesmo que se sintam bem em repouso devido
à demanda metabólica acentuada do exercício. Outro fator que pode pro-
vocar a síncope é a vasodilatação excessiva induzida pelo exercício.

Para pessoas que possuem esta tendência – algo que você pode verificar na
anamnese – é necessário tomar cuidado com:
• exercícios máximos, seja em treinos resistidos (musculação), com
séries até a falha concêntrica, ou mesmo em treinos não resistidos
– por exemplo em um teste de aptidão cardiovascular (consumo
máximo de oxigênio, VO2máx);
• progressão do treinamento, por conta do aumento da intensidade
ou do volume das sessões de treino, especialmente se combinação
de intensidade e volume não foi previamente realizada (a resposta
não será conhecida);
• paradas bruscas, pois nunca se pode interromper um teste subi-
tamente. Quando a pessoa chega ao seu máximo, é necessário que
retorne ao repouso gradativamente – por exemplo, caminhando por
mais alguns minutos.
53

A síncope é precedida de alguns sintomas que, em sua maioria, sugerem a

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falta de circulação adequada em relação ao sistema nervoso central. Assim,
sempre pergunte/verifique se a pessoa sente/tem:
• tontura;
• fraqueza;
• vista turva;
• náusea;
• pulso fraco.

Veja que este conjunto de sintomas é similar ao que você vai observar para
verificar se está ocorrendo um problema cardiovascular. Além disso, você
também pode procurar por sinais de cianose. como resfriamento cutâneo,
palidez e mudança na coloração dos lábios.

Caso você perceba que uma pessoa está com estes sintomas e parece que
vai ter uma síncope, você deve agir da seguinte maneira:
• assegure-se de que não haverá uma queda, pois ela pode levar a
consequências mais graves. Segure firmemente a pessoa, deite-a no
chão e eleve suas pernas para facilitar o retorno venoso;
• monitore os sinais vitais e veja se a vítima está consciente (“Ei, você
está bem?”);
• caso necessário, afrouxar a roupa da vítima para facilitar o retorno
venoso;
• elevar as pernas da vítima;
• melhorar a ventilação ambiente e afastar pessoas ao redor.

Em geral, a vítima recupera a consciência em alguns minutos. Mas sempre


que isso ocorrer, mesmo que pela primeira vez, recomende que ela busque
por atendimento médico para realizar exames e prevenir novos casos.
54
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Conjunto de procedimentos a serem adotados em


caso de síncope:
1. previna a queda para evitar lesões;
2. deite a vítima em posição confortável;
3. monitore os sinais vitais;
4. facilite o retorno venoso;
5. afaste as pessoas ao redor e mantenha o ambiente ventilado.

Confira, no link a seguir, um artigo sobre a relação


da síncope com o exercício físico:

https://www.rescceafi.com.br/vol9/n1/arti-
go1_pags_4a9.pdf

Convulsão
Diferente da síncope (que ocorre, no geral, por falta de circulação no sis-
tema nervoso central), a convulsão é um evento neurológico causado por
uma série de descargas anormais no cérebro.

Você pode coletar informações durante a anamnese para saber mais a res-
peito de episódios de crises convulsivas.
55

A maioria das pessoas acaba não passando por outros episódios, mas quan-

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do eles se tornam recorrentes tem-se um distúrbio denominado epilepsia,
que requer tratamento e acompanhamento contínuos.

Alguns sintomas podem preceder uma crise convulsiva. São eles:


• alteração de consciência;
• confusão mental;
• perda do controle muscular.

Durante a crise convulsiva, os sintomas mais comuns são os seguintes:


• perda de consciência;
• gritos e/ou urros;
• incontinência urinária e/ou intestinal;
• salivação excessiva.

Como agir em caso de convulsão?


• Deite a vítima em posição confortável para protegê-la de lesões, pois
ela vai se debater.
• Segure e estabilize a cabeça da vítima.
• Não tente conter a vítima, pois você e ela podem se machucar.
• Peça para que as pessoas ao redor se afastem.
• Em caso de vômito, vire a cabeça da vítima de lado para evitar que
ela engasgue e desobstrua as vias aéreas com gaze ou pano limpo.
• Não coloque nada na boca da vítima – muito menos sua mão!
• Remova objetos ao redor que possam machuca-la. Se não for possí-
vel removê-los, tente evitar que a vítima trombe com eles.
• Acione o socorro (disque 192 – SAMU ou 193 – Corpo de Bombeiros).

Depois que a crise passar, a vítima ainda estará desorientada. Por isso, é
preciso mantê-la deitada e em posição confortável. Faça o possível para
que o ambiente permaneça calmo e silencioso (você pode desligar o som,
por exemplo, caso esteja ligado, e principalmente afastar as pessoas que
estiverem ao redor). Monitore os sinais da vítima até o socorro chegar.
56
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Conjunto de procedimentos a serem adotados


em caso de convulsão:
1. coloque a vítima em decúbito dorsal;
2. mantenha a vítima confortável;
3. estabilize a cabeça da vítima e não tente conter seu corpo
até que a crise passe;
4. mantenha a vítima confortável até que ela recupere
totalmente a consciência.

No artigo sugerido a seguir, escrito por Simone


Thiemi Kishimoto, Nathália Volpato, Fernando
Cendes e Paula Teixeira Fernandes, você poderá
aprender mais sobre a relação entre epilepsia e
prática de exercício físico.

Confira o texto completo no link:

https://www.researchgate.net/publica-
tion/301687712_The_practice_of_physical_ac-
tivities_sports_and_physical_exercise_in_pa-
tients_with_epilepsy_what_is_the_best_option

Capítulo 6: Crises hiperglicêmicas e hi-


poglicêmicas
Um primeiro ponto a se atentar é medir a glicemia de pacientes diabéticos
antes, durante e após a prática de exercícios, especialmente nas primeiras
sessões e também quando o programa de treinamento for modificado.
Assim você conhecerá o comportamento glicêmico do paciente frente ao
estresse físico.
57

A hiperglicemia é a elevação da concentração de glicose no sangue – em

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geral, está acompanhada, também, de altos níveis de glicose na urina,
causando glicosúria e poliúria e, por consequência, aumento da sensação
de sede. Uma das formas de baixar a glicose no sangue é fazer exercícios
(DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).

Em casos de indivíduos com diabetes mellitus de tipo 1 em privação de


insulina por um período de 12 a 48 horas ou em uso de dose aquém do
necessário (por exemplo, omissão de dose), apresentando hiperglicemia e
cetose, o exercício físico pode piorar a hiperglicemia, agravando a cetose e
a desidratação. Recomenda-se a suspensão do exercício físico em caso de
glicemia acima de 250 mg/dL na presença de cetose ou em caso de glicemia
acima de 300 mg/dL, mesmo na ausência de cetose (ADA, 2004; ADA, 2003).

Para pacientes com diabetes mellitus do tipo 2, caso estejam bem insuli-
nizados ou tenham boa reserva insulínica, especialmente se no período
pós-prandial, o exercício de intensidade leve a moderada ajuda a diminuir
a glicemia. Pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 não precisam adiar
o exercício físico por causa da hiperglicemia, desde que se sintam bem,
preparados e aptos para praticar o exercício a que se propõem. É esperado
que os níveis de glicose caiam com o exercício – o que pode ser feito em
segurança, mas atentando-se à hidratação na presença de hiperglicemia.

Já em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1, o aumento excessivo da


glicemia após um exercício de alta intensidade pode ser evitado com o uso
de uma pequena dose adicional de insulina ultrarrápida no meio da ativi-
dade ou após o término da sessão, tendo-se o cuidado de observar que,
tardiamente, esse exercício aumentará a sensibilidade à insulina, podendo
favorecer uma hipoglicemia tardia (ADA, 2004; ADA, 2003).

O exercício físico é um dos fatores precipitantes mais frequentes da hipo-


glicemia (redução da concentração de glicose no sangue), que ocorre por
excesso de insulina circulante durante o exercício, seja pelo aumento da ab-
sorção de insulina injetada no tecido subcutâneo (induzido pela atividade
física) por pacientes diabéticos, seja pela perda da capacidade endógena
de diminuir os níveis circulantes de insulina no exercício, prejudicando a
liberação hepática de glicose (o que predispõe o indivíduo a um quadro de
hipoglicemia entre 20 e 60 minutos após o início do exercício). Outro fator
importante é a perda do mecanismo contrarregulatório por sessões prévias
de exercício ou por episódio hipoglicêmico recente.

Há diversas estratégias para prevenir hipoglicemia relacionada ao exercí-


cio, geralmente incluindo suplementação de carboidratos e redução ou
supressão da dose de insulina (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2017; ADA, 2003). Confira mais detalhes na Tabela a seguir.
58

Tabela 4 Estratégias para prevenir hipoglicemia relacionada ao exercício


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Estratégia Conduta
Verificar a glicemia antes, durante e depois do exercício
físico:
• efetuar a medição se o exercício durar mais que 30 a 60
minutos;
• medir de duas a três vezes antes, em intervalos de 30
Monitoração minutos (ver tendência antes de começar);
glicêmica • se possível, medir a cada 30 minutos durante o exercício
físico;
• caso haja histórico de hipoglicemia tardia, mediar a cada
duas a quatro horas após o exercício físico;
• em caso de hipoglicemia noturna, medir antes de dormir,
uma vez de madrugada e ao acordar.
Antes: depende da glicemia. Em geral, a ingestão é
necessária em caso de glicemia < 100mg/dL.

Durante:
Ingestão de • se a sessão durar mais de 60 minutos, especialmente se
carboidratos a insulina prévia não for reduzida em pelo menos 50%, a
ingestão será necessária;
• se o exercício físico for feito durante o pico de ação da
insulina, mais carboidrato pode ser necessário.
Após: programar lanche ou refeição após o treino.
Ajuste de Bomba de insulina:
insulina*
• reduzir a insulina basal em 20 a 50%, uma a duas horas
antes do exercício físico;
(importante se a • reduzir a insulina bolus em até 50% na refeição anterior;
intensidade do • suspender ou desconectar a bomba ao iniciar o exercício
exercício foi de físico.
moderada a alta
ou muito alta, em Bombas não podem ser desconectadas ou suspensas em
treinos com mais exercício físico por mais de 60 minutos sem que haja insulina
de 30 minutos) suplementar.

(*) O médico Múltiplas doses de insulina:


deve determinar, • reduzir a dose de insulina bolus em até 50% na refeição
com o(a) atleta, anterior.
a melhor Hipoglicemia noturna:
estratégia a ser
adotada • reduzir a insulina bolus da refeição noturna em 50%.

Fonte: reproduzida das Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2017)


59

Interrompa o exercício se a pessoa apresentar sinais e sintomas: tontura,

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fraqueza, cianose (palidez e lábios arroxeados), tremores, dificuldade de
concentração, confusão mental, perda de coordenação motora e cefaleia.
Verifique imediatamente a glicemia.

Durante uma possível crise hipoglicêmica, você deve atuar da seguinte


maneira:
• segure a pessoa e previna uma possível queda;
• coloque-a em posição confortável;
• realize a medida da glicemia para confirmar a crise (descartar hipo-
tensão).

Confirmada a hipoglicemia secundária ao exercício físico, siga a “regra


dos 15:15”4 (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES 2014):
• se glicemia entre 50 e 70 mg/dL – ingerir 15 g de carboidrato de rápida
absorção; repetir a medição da glicemia em 15 minutos;
• se glicemia < 50 mg/dL – ingerir de 20 g a 30 g carboidrato de rápida
absorção; repetir a medição da glicemia em 15 minutos.
• Repetir o esquema até obter glicemia > 70 mg/dL, com resolução dos
sintomas.

Se o paciente ainda não terminou o treino e ainda está disposto, a sessão


pode continuar assim que a glicemia voltar para uma faixa segura (entre 70
e 100 mg/dL).

No artigo recomendado a seguir, Antonio Carlos


Pires e Antonio Roberto Chacra apresentam a
evolução da insulinoterapia.

Confira:

https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-
-27302008000200014&script=sci_
arttext&tlng=pt

4 O nome diz respeito ao ato de medir, repetidas vezes, a cada 15 minutos, a glicemia da pessoa.
60
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Para entender mais sobre a fisiopatologia do


diabetes, confira as Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes 2019-2020.

O arquivo completo está disponível no seguinte


endereço:

https://www.diabetes.org.br/profissionais/ima-
ges/DIRETRIZES-COMPLETA-2019-2020.pdf

Conjunto de procedimentos a serem adotados


em caso de hipoglicemia:
1. previna uma possível queda;
2. realize a medida da glicemia e confirme a hipoglicemia;
3. mantenha a vítima confortável e siga a “regra dos 15:15”.

Capítulo 7: Asma induzida pelo exercício


O broncoespasmo é uma condição que promove o estreitamento de vias
aéreas a ponto de dificultar ou até mesmo impedir a ventilação. Em termos
de exercício físico, pessoas com maior risco de apresentarem um quadro
desses são as asmáticas. Quando ocorre uma constrição temporária das
vias aéreas durante curta duração de exercício, temos o fenômeno deno-
minado asma induzida pelo exercício ou broncoespasmo induzido pelo
exercício (reconhecido pela sigla BIE) (CASSOL et al., 2004). Claramente, a
presença de problemas respiratórios deve ser investigada para que você
possa prevenir fatores ligados ao BIE.
Apesar de se observar uma maior incidência em pessoas com asma, outras
populações, mesmo as mais atléticas, podem sofrer de BIE, especialmente
atletas de endurance – e quanto maior a distância das provas, maior a pre-
valência, provavelmente devido à presença prolongada a alergênicos ou
61

irritantes brônquicos, à própria hiperventilação causada pelo exercício ou à

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inalação excessiva de ar frio e seco (TEIXEIRA et al., 2012).
Durante a prática de exercícios, o broncoespasmo pode ser identificado a
partir de alguns sintomas:
• tontura;
• fraqueza;
• tosse;
• chiado na respiração;
• pequena dor no peito (sensação de aperto).
Caso você atenda qualquer pessoa com histórico de problemas respira-
tórios, preste sempre muita atenção a qualquer um destes sintomas. De
acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
para o Manejo da Asma – 2020 (PIZZICHINI et al., 2020), a gravidade pode
ser dividida em três níveis: de exacerbação leve a moderada, grave e muito
grave (insuficiência respiratória). Confira os detalhes na Tabela a seguir.
Tabela 5 Classificação do episódio de broncoespasmo (níveis de gravidade)

PARÂMETRO LEVE A MODERADA GRAVE MUITO GRAVE

Impressão Cianose, sudorese


Sem alterações Sem alterações
clínica geral ou exaustão

Agitação, confusão
Estado mental Normal Normal
ou sonolência

Dispneia Leve ou ausente Moderada Intensa

Musculatura Retrações leves ou


Acentuadas Acentuadas
acessória ausentes

Frequência Normal ou
Aumentada Aumentada
respiratória aumentada

Frequência Acima de 110


Abaixo de 110 bpm Acima de 140 bpm
cardíaca bpm
Saturação da
hemoglobina Acima de 95% Entre 91 e 95% Abaixo de 90%
(Hb)
Fonte: adaptada de Pizzichini et al. (2020)
62

Pacientes em quadro leve a moderado podem interromper a prática de


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exercícios e devem retornar à normalidade dentro dos próximos 20 a 30


minutos.

A partir do momento em que se identifica uma crise de broncoespasmo


que seja grave ou muito grave, é preciso chamar pelo socorro médico ou le-
var a vítima imediatamente para o hospital, pois diferentemente de outros
problemas, crises como esta só podem ser tratadas em ambiente hospitalar
por exigirem medicamentos específicos (por exemplo, broncodilatadores),
e a avaliação depende de espirometria para que se determine o quadro
clínico momentâneo da vítima.

O acompanhamento destes parâmetros em pessoas com problemas respi-


ratórios pode ser importante durante as sessões de exercício justamente
para a prevenção de crises.
Emergências
Unidade 3
traumáticas

Lesões musculoesqueléticas e até alguns tipos de traumatismos são co-


muns no âmbito do exercício físico. Por isso, esta Unidade se dedica aos
primeiros atendimentos que devem ser realizados caso alguma lesão desta
natureza ocorra.

Capítulo 1: Lesões musculoesqueléticas


O termo lesões musculoesqueléticas é sugestivo apenas na indicação de se
tratar de lesões que acometem músculos e ossos. Há algumas divergências
na literatura em relação ao que se considera uma “lesão musculoesqueléti-
ca” (HESPANHOL JUNIOR et al., 2012), mas para o propósito deste livro vamos
considerar o aspecto mais abrangente: adotaremos a lesão musculoesque-
lética como um acometimento não apenas de músculos esqueléticos, mas
também de tendões, ligamentos e articulações.

Também temos de considerar que esta definição mais ampla para lesões
musculoesqueléticas pode acabar considerando algumas lesões crônicas
(por exemplo, a tendinose). Por isso, também é importante estabelecer que,
para os objetivos deste nosso material, vamos nos referir ao socorro de
urgência de lesões agudas, como entorses e distensões.

Fernandes et al. (2011) classificam as lesões musculoesqueléticas em con-


tusões, estiramentos e lacerações. As duas primeiras representam mais de
90% das incidências na prática esportiva. Os autores ainda classificam as
lesões musculares em três níveis: leve (de grau 1), moderada (de grau 2) e
grave (de grau 3).
• Estiramento de grau 1 (ou leve): representa a ruptura de apenas
algumas fibras musculares. Ele promove um pequeno edema local e
leve desconforto; a perda de força muscular é mínima ou até mesmo
inexistente.
• Estiramento de grau 2 (ou moderado): gera perda notória na con-
tratilidade do músculo; o defeito é palpável, com hematoma.
• Estiramento de grau 3 (ou grave): ocorre em toda a sessão trans-
versa do músculo, com dor intensa e perda quase que completa da
função daquela musculatura.
64

É importante conhecer um aspecto específico da fisiopatologia das lesões


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musculoesqueléticas para se entender a necessidade de um primeiro aten-


dimento imediato no ambiente de exercício físico. Quando ocorre a lesão,
o organismo entra em uma primeira fase, em que há intensa proliferação
de células inflamatórias para a destruição do tecido lesionado. Entretanto,
há o risco de que esta necrose causada pela resposta inflamatória possa
se espalhar por toda a miofibrila, aumentando a amplitude deste dano. O
mesmo processo também pode ocorrer quando há lesões de ligamentos
ou tendões. Por isso é preciso tomar cuidado ao conter o processo inflama-
tório.

Quando uma vítima sofrer uma lesão musculoesquelética, primeiramente


coloque-a em posição confortável, que não agrave a lesão. Neste primeiro
ponto, você também precisa tomar um cuidado especial, pois algumas
lesões podem gerar dor significativa e há a possibilidade de queda de pres-
são arterial. Por isso, em geral, deixar a vítima sentada ou até deitada (o que
é mais indicado).

O segundo ponto é conter a inflamação. Você pode utilizar uma compres-


sa de gelo ou até mesmo uma bolsa térmica de compressa já gelada – é
interessante manter uma ou mais bolsas dessas em geladeira em seu local
de trabalho. Aplique sobre o local da lesão, mas nunca em contato direto
com a pele, pois isso pode gerar queimaduras: de preferência, coloque um
pano entre a bolsa/o gelo e a pele. Mantenha a compressa por cerca de 20
minutos para conter a inflamação (FERNANDES et al., 2011).

Feita a aplicação, caso a lesão tenha ocorrido em um dos membros infe-


riores, auxilie a vítima para que ela não precise colocar seu peso corporal
sobre este membro. Mesmo que a dor seja suportável – o que ocorre em
lesões grau 1 ou 2 –, a lesão pode se agravar com este deslocamento. No
caso de membros superiores, deve-se reduzir ao máximo a movimentação.

Você pode seguir um protocolo chamado PRICE, nomeado desta forma


para ajudar a lembrar dos procedimentos. O protocolo remete a uma sequ-
ência de palavras do inglês. Veja:
P (protection – proteção): evitar contato.
R (rest – repouso): evitar movimentação.
I (ice – gelo): reduzir a formação do edema.
C (compression – compressão): ajudar a reduzir o edema.
E (elevation – elevação): ajudar a reduzir o edema.
65

Capítulo 2: Quedas, fraturas e luxações

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Conforme viemos apontando ao longo do nosso livro, já não será surpresa
dizer que um bom socorro de urgência para quedas e fraturas consiste
em prevenir riscos de quedas. Entretanto, mesmo com toda a prevenção,
quedas ainda podem acontecer e, por isso, você deve se preparar para uma
eventualidade.

Você já verificou potenciais riscos de


queda no seu local de trabalho? Como
você pode preveni-los?

As fraturas representam lesões menos frequentes. No entanto, são muito


dolorosas. A reação de dor da vítima pode te afetar e você deve se preparar
adequadamente para lidar com este tipo de urgência.

O primeiro instinto que se tem quando alguém tem uma fratura é tentar
“consertar” a fratura de alguma maneira. Até algum tempo atrás, era co-
mum que se tentasse colocar algum tipo de tala para imobilizar o membro
afetado pela fratura. Mas isso gera muitos riscos e, atualmente, recomenda-
-se não mover a vítima. Apenas uma pessoa com treinamento específico
pode fazer a imobilização adequada e movê-la. Por isso, o primeiro passo
é acionar socorro médico especializado. Você só deverá mover a vítima
em situação extrema (por exemplo, num cenário em que há uma pessoa
embaixo de um carro vazando combustível com risco de incêndio (queima-
duras) e até mesmo de explosão).

Em seguida, com a vítima ainda no local da queda, você poderá agir para
conter a resposta inflamatória inicial com a aplicação de gelo ou de com-
pressa fria, tal como explicamos anteriormente. Se ocorrer uma fratura
exposta, você deve tratá-la como hemorragia externa, mas com cuidado,
para não pressionar o local da fratura.
66

No caso de quedas, elas são consideradas graves quando a altura da queda


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representa três vezes ou mais a estatura da vítima – o que é raro no âmbito


do exercício físico. Quando alguém sofre queda, as lesões esperadas são as
seguintes:
• lesões no calcâneo, no tornozelo, na tíbia, na fíbula e no joelho
(quando se cai em pé);
• traumatismo craniano;
• lesões torácicas e abdominais;
• fraturas de membros superiores (quando se cai apoiando com as
mãos);
• traumatismo raquimedular (quando a cabeça é a primeira parte do
corpo a atingir o chão).5

No caso de lesões como uma entorse de tornozelo ao se cair em pé, por


exemplo, você deve realizar os procedimentos descritos no capítulo an-
terior. Quando a queda envolver uma potencial fratura, você repetirá os
procedimentos descritos há pouco no presente capítulo.

A Figura a seguir ilustra, por fim, os possíveis desdobramentos de quedas.

Figura 15 Possíveis desdobramentos de uma queda


Fonte: elaboração própria

As quedas (e até mesmo as atividades esportivas em geral) também podem


causar as chamadas luxações. Nestes casos, também é importante que você
não tente colocar a articulação de volta no lugar caso não possua o devido
treinamento para realizar tal ação. Sendo assim, você deverá encaminhar a
vítima a um local adequado.

5 Confira mais detalhes sobre traumatismo raquimedular no Capítulo 3, a seguir.


67

Capítulo 3: Traumatismo raquimedular

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O traumatismo raquimedular (reconhecido pela sigla TRM), também
chamado de trauma raquimedular, é caracterizado como uma lesão trau-
mática, comum em quedas, mergulhos e acidentes automobilísticos que
comprometem a função da medula espinhal (SISCÃO et al., 2007). Em seu
ambiente de trabalho, você deverá suspeitar de TRM sempre que alguém
sofrer um impacto violento na cabeça, no pescoço, no tronco ou na pelve,
devido à extensão da medula; no caso de idosos, suspeite em qualquer tipo
de queda.

Uma situação repentina de aceleração e desaceleração da cabeça também


pode causar um TRM, apesar de isso ser mais raro no âmbito do exercício
físico (Figura 15). Ela é típica de situações de colisão traseira entre veículos.
Essa aceleração-desaceleração também pode causar um TRM, especial-
mente se acometer o quadril.

Figura 16 Fatores de risco para trauma raquimedular


Fonte: elaboração própria

O TRM vai exigir imobilização da coluna para o transporte da vítima. En-


tretanto, apenas socorristas com o devido treinamento podem realizar
este tipo de atendimento. Você deve pedir apenas para que a vítima evite
movimentar a cabeça. Por isso, sempre que você suspeitar de TRM, acione o
socorro imediatamente (disque 192 – SAMU ou 193 – Bombeiros).

Você também deverá verificar o estado de consciência da pessoa e realizar


a análise primária (descrita na Unidade I) para verificar sua responsividade
e/ou eventuais problemas que possam ter acompanhado a queda. No caso
de lesão na cabeça, pode ocorrer hemorragia externa, que deve ser contida.
Se você identificar fraturas, também é possível aplicar a compressa fria para
minimizar a inflamação. Por isso, siga os passos descritos a seguir:
68

1. chame por socorro imediatamente e evite mover a vítima (peça para


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que ela não mova a cabeça);


2. realize a avaliação primária e verifique o nível de consciência da víti-
ma;
3. verifique se há hemorragia externa e realize a contenção;

4. verifique se há fraturas e aplique a compressa fria.


Considerações finais
Esperamos que, após a leitura deste livro, você tenha aprendido a reconhe-
cer uma situação de emergência relacionada à prática de exercício físico e
esportes.

Apresentamos os conceitos e as manobras básicas de primeiros socorros,


bem como os equipamentos usados em atendimento de emergência, tan-
to clínica quanto traumática (quais são e como utilizá-los).

A aplicação deste conhecimento é de grande importância para que você


possa atender, de forma segura e responsável, pacientes que possuem di-
ferentes condições de saúde e que desejam, por meio do exercício físico,
melhorar a qualidade e a expectativa de vida.
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