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AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO

FÍSICA

Disciplina de Saúde e Condição Física


Licenciatura em Educação Física e Desporto
Ramo de Exercício e Bem-Estar - 3º Ano

Discentes:
Márcio Salvador
Paulo Costa

Thursday, 9 de December de 2021


Índice

1. Introdução.................................................................................1
2. Revisão da Literatura..................................................................2
2.1. Perspectiva de Saúde Pública para as Actuais Recomendações. . . .2
2.2. Recomendações Divergentes para Actividade Física...................2
2.3. Conceito..............................................................................3
2.4. Objectivos da Avaliação Física.................................................3
2.5. Importância da Avaliação Física...............................................3
3. Avaliação da Condição Física........................................................3
3.1. Triagem de Saúde e Estratificação do Risco..............................3
3.1.1. Avaliação prévia..............................................................4
3.1.2. Estratificação de risco –DAC..............................................7
3.2. Avaliação Pré-Exercício..........................................................8
3.2.1. Anamnese (questionário de saúde e A.F.)...........................8
3.2.2. Pressão Arterial...............................................................9
3.2.3. Lípidos e Lipoproteínas...................................................10
3.2.4. Princípios básicos e linhas de orientação geral....................10
3.3. Testes de Condição Física Relacionada à Saúde e sua
Interpretação.................................................................................11
3.3.1. Ordem das Diferentes Avaliações.....................................12
3.3.2. Composição Corporal......................................................13
3.3.3. Estatura.......................................................................13
3.3.4. Peso.............................................................................14
3.3.5. Perimetro Cintura/ Anca..................................................14
3.3.6. Bioimpedância...............................................................15
3.3.7. Teste de Avaliação condição Cárdiorespiratória..................18
Teste de Astrand - Cicloergometro....................................18
3.3.8. Indicações Gerais para Interromper um Teste de esforço em
Adultos de Baixo Risco.................................................................21
3.3.9. Interpretação dos Resultados..........................................21
4. Conclusão................................................................................23
5. Bibliografia..............................................................................24
Índice de Figuras
Figura 1 - Questionário de Triagem Pré-Participação das Instituições de
Saúde/Condição da AHA/ACSM.............................................................4

Figura 2 – Formulário PAR-Q................................................................5

Figura 3 – Adapatado de ACSM (2006) Monograma modificado de Astrand-


Ryhming..........................................................................................19
Índice de Quadros
Quadro 1 – Limiares dos factores de risco para DAC a serem utilizados com
a estratificação de risco da ACSM..........................................................7

Quadro 2 – Adaptado da ACSM (2006) Categorias de Estratificação dos


Riscos da ACSM, em relação ao quadro 1...............................................7

Quadro 3 – Adaptado da ACSM (2006), Procedimentos para a Avaliação da


Pressão Arterial em Repouso................................................................8

Quadro 4 – Adapatdo da ACSM (2006), Classificação da Pressão Arterial....8

Quadro 5 – Adapatado da ACSM 82006) Classificação do ATP III do


Colesterol LDL, Total e HDL em mg/dL...................................................9

Quadro 6 – Adaptado da ACSM (2006), Classificação do Risco de Doença


com Base no IMC e no Perímetro da Cintura.........................................15

Quadro 7 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura


Corporal) para Homens......................................................................15

Quadro 8 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura


Corporal) para Mulheres.....................................................................16

Quadro 9 – Adaptado da ACSM (2006) Estado de Condição Física do


Indivíduo, associado ao género...........................................................18

Quadro 10 – Adaptado da ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência


Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Homens.........................................21

Quadro 11 – Adoptado de ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência


Aeróbica Máxima (ml/Kg/min) para Mulheres........................................21
ISMAT - Licenciatura em Educação Física e Desporto, Ramo de Exercício e Bem-
Estar - 3º Ano

“Avaliação da Condição Física”

1. Introdução

Este trabalho é realizado no âmbito da disciplina de Saúde e Condição Fisica


do curso de Educação Física e Desporto do Instituto Superior Manuel
Teixeira Gomes (ISMAT) e tem como objectivo a apresentação de uma
proposta de Protocolo de Avaliação da Condição Física, fundamentado pelas
recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM).

Por outro lado, pretende-se apresentar uma ferramenta de trabalho para os


profissionais da área do Exercício Físico e Saúde, que possibilite a medição
e avaliação de diversos critérios referentes ao estatuto físico geral e de
saúde de um determinado individuo, com o intuito de recolher dados
fundamentais para a prescrição do seu exercício.

Este trabalho aborda, no primeiro capitulo, Revisão da Literatura, onde são


descritas as perspectivas actuais de saúde pública e respectivas
recomendações para a actividade física e conceitos e objectivos da
avaliação física e a sua importância. No segundo capitulo, a Avaliação da
Condição Física, onde são apresentadas estratégias para uma triagem de
saúde e estratificação de risco, proposta para uma avaliação pré-exercício
e, bateria de testes de condição física relacionada à saúde e sua
interpretação.
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“Avaliação da Condição Física”

2. Revisão da Literatura

2.1. Perspectiva de Saúde Pública para as Actuais


Recomendações

A missão do American College of Sports Medicine (ACSM) consiste em


promover junto do público uma aumento na actividade física e na condição.

Perante esta realidade os profissionais dos programas de exercícios devem


estar familiarizados com as declarações existentes na área da saúde pública
que se relacionam com a actividade física e deverão estar a par da literatura
científica em evolução relacionada com as actuais recomendações acerca da
actividade física.

As actuais recomendações sobre as precrições dos exercícios envolvem mais


do que apenas a actividade física, englobando também a vertente da saúde
pública.

A finalidade dessas recomendações é as seguintes:

1. Aumentar o reconhecimento, tanto dos profissionais quanto do


público, dos benefícios para a saúde associados com a actividade
física diária;

2. Chamar a atenção para as quantidades e as intensidades de


actividade física necessárias para alcançar esses benefícios, as quais
são mais baixas que aquelas consideradas necessárias para conseguir
o efeito do treino fisiológico tradicional associado ao exercício.

2.2. Recomendações Divergentes para Actividade Física

A primeira recomendação surgiu do Surgeon General de 30 minutos de


actividade leve a moderada na maioria dos dias da semana.

Em 2001, a ACSM actualizou sua Declaração de Princípios acerca da perda


de peso e da prevenção do ganho de peso para adultos e conclui que os
adultos com excesso peso deveriam aumentar a sua actividade para
aproximadamente para 45 minutos de exercícios por dia.

Em 2002, o Institute of Medicine (IOM) recomendava 60m minutos por dia


de actividade física de intensidade moderada para prevenir o aumento de
peso e conseguir benefícios adicionais de saúde independentemente do
peso.

Por último, em 2003 a International Association for the Study of Obesity


(IASO) conclui que 45 a 60 minutos de actividade física moderada por dia
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são necessários para prevenir a transição para o excesso peso e a


obesidade em adultos, e que a recuperação do peso pode exigir de 60 a 90
minutos de actividade física moderada por dia.

No entanto a IASO reconhece que também que existem muitos benefícios


de saúde associados com 30 minutos de actividade física de intensidade
moderada por dia.

2.3. Conceito

A avaliação física é uma avaliação da condição física geral de um


determinado indivíduo. Consta de uma bateria de testes, com os quais se
pretende medir e avaliar diversos critérios como sejam a:

1. Composição corporal;
2. Resistência cardiovascular;
3. Força e resistência muscular;
4. Flexibilidade.

2.4. Objectivos da Avaliação Física

 Informar e sensibilizar o sócio para o seu nível de condição física;


 Obter informação relevante para a prescrição do programa de treino,
adaptado aos pontos fortes e fracos do indivíduo;
 Compilar informação que forneça um ponto de partida e possibilite
um seguimento do programa de treino, de modo a que se possa
verificar a sua eficácia;
 Motivar o sócio pela determinação de objectivos coerentes e
atingíveis.

2.5. Importância da Avaliação Física

 Prescrição do exercício
 Avaliação dos efeitos do programa de exercício
 Motivação dos participantes através do estabelecimento de objectivos
razoáveis
 Educar os sócios para a prática de exercício físico no âmbito da saúde

3. Avaliação da Condição Física

3.1. Triagem de Saúde e Estratificação do Risco

A triagem de saúde e a estratificação do risco tem como principal objectivo


ajudar na elaboração de uma prescrição do exercício segura e efectiva,
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“Avaliação da Condição Física”

como também optimizar a segurança durante os testes de esforço. É muito


importante realizar uma triagem dos possíveis participantes para factores
de risco de várias doenças cardiovasculares, pulmonares e metabólicas

3.1.1. Avaliação prévia

As finalidades da avaliação prévia são as seguintes:

 Identificação e exclusão de sócios com contra-indicações para a


avaliação física
 Identificação de sócios que necessitem previamente de uma
avaliação/exame médico antes de realizar a avaliação física
 Identificação de sócios que devem realizar a avaliação ou programas
de exercício com supervisão médica
 Identificação de problemas de saúde (diabetes mellitus, problemas
ortopédicos, etc)
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Figura 1 - Questionário de Triagem Pré-Participação das Instituições de


Saúde/Condição da AHA/ACSM
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Figura 2 – Formulário PAR-Q


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3.1.2. Estratificação de risco –DAC

Este processo requer a identificação da presença de:

 Factores de risco positivos de doença das artérias coronárias;

 Sinais ou sintomas de doença cardiovasculares, pulmonar e/ou


metabólica;

 Doença cardiovascular, pulmonar e/ou metabólica.

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores


Enfarte do miocárdio, revascularização
coronariana, ou morte súbita antes de
55 anos de idade no pai ou em outro
1. História familiar
parente masculino de 1º grau, ou antes
de 65 anos de idade na mãe ou em
outra parente feminina de 1º grau

Fumador actual ou que deixaram de


2. Tabagismo
fumar até 6 meses atrás

PA sistólica >= 140 mm Hg ou diastólica


>= 90 mm Hg, confirmadas por
3. Hipertensão mensurações em pelos menos duas
ocasiões separadas, ou por uso de
medicação anti-hipertensiva

LDL > 130 mg/dl (3,4 mmol/L); HDL <


40 mg/dl (1,03 mmol/L) ou medicação
4. Dislipidemia redutora dos lípidos; Colesterol Total >
200 mg/dl (5,2 mmol/L) em vez do LDL
> 130 mg/dl

Glicose sanguínea em jejum >= 100


5. Glicose em jejum mg/dl (5,6 mmol/L) confirmada por
alterada mensurações em pelos menos duas
ocasiões separadas

IMC > 30 Kg/m2 ou circunferência da


6. Obesidade cintura > 102 cm nos homens e > 88
cm nas mulheres

7. Sedentarismo Pessoas que não participam em um


programa de exercícios regulares ou
que não atendem às recomendações
mínimas de actividade física do U.S.
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Surgeon General Report

Factores de Risco Negativos Critérios Definidores

1. Colesterol HDL > 60 mg/dl (1,6 mmol/L)

Quadro 1 – Limiares dos factores de risco para DAC a serem utilizados com
a estratificação de risco da ACSM

Categorias de Estratificação dos Riscos da ACSM:

Homens <45 anos e mulheres <55 anos,


1. Risco Baixo assintomá ticos e nã o mais do que um factor de
risco.
Homens> 45 anos e mulheres> 55 anos
ou pessoas com 2 ou mais factores de
2. Risco moderado risco de DAC

Sócios com doenças cardiovasculares,


pulmonares ou metabólicas, ou com
3. Risco elevado pelo menos 1 sintoma/sinal destas
doenças.

Quadro 2 – Adaptado da ACSM (2006) Categorias de Estratificação dos


Riscos da ACSM, em relação ao quadro 1.

3.2. Avaliação Pré-Exercício

Este capitulo contém informação relacionada dos testes pré-exercício e


funciona como uma ponte entre os capitulos entre conceito de estratificação
dos riscos apresentados no capítulo anterior e a avaliação da condição do
próximo capítulo.

3.2.1. Anamnese (questionário de saúde e A.F.)

 Identificar sinais e/ou sintomas sugestivos de DAC

 Factores de risco para DAC

 Doenças cardiovasculares, pulmonares e metabólica


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3.2.2. Pressão Arterial

Procedimentos para Avaliação da Pressão Arterial em repouso


 O individuo deve estar sentado pelo menos 5 minutos numa cadeira com as
suas costas apoiadas e mos braços ao nível do coração;
 Colocar o “cuff” à volta do braço esquerdo nível do coração alinhando-o
com a artéria braquial;
 A palma da mão deve ficar voltada para cima, a braçadeira fica
aproximadamente 2 cm acima do cotovelo numa visão anterior;
 Inicia-se então a medição pressionando a tecla on/off do medidor até que
os valores apareçam no monitor;
 Durante toda a medição o individuo deve permanecer calmo e em silencio;
 O tamanho da braçadeira deve ser apropriado para assegurar uma medição
correcta.

Quadro 3 – Adaptado da ACSM (2006), Procedimentos para a Avaliação da


Pressão Arterial em Repouso

Para medir a Pressão Arterial e o pulso em repouso senta-se o indivíduo


durante 5 minutos, seguidamente coloca-se o “Omron” no pulso esquerdo
com a mão em supinação. O braço deve estar todo apoiado e, se possível a
altura do coração.

O indivíduo deve estar descontraído, com o braço relaxado e sem firmar a


mão e não deve falar durante a medição

Classificação PA PAS PAD

Normal < 120 mm Hg < 80 mm Hg

Pré-hipertensão 120 –139 mm Hg 80 –89 mm Hg

Hipertensão estádio I 140 –159 mm Hg 90 –99 mm Hg

Hipertensão estádio II >160 mm Hg >100 mm Hg

Quadro 4 – Adapatdo da ACSM (2006), Classificação da Pressão Arterial

3.2.3. Lípidos e Lipoproteínas


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Colesterol LDL

< 100 Óptimo

100 - 129 Quase óptimo/ pouco elevado

130 - 159 Limítrofe

160 - 189 Alto

≥ 190 Muito Alto

Colesterol Total

< 200 Desejável

200 - 239 Limítrofe

≥ 240 Alto

Colesterol HDL

< 40 Baixo

≥ 60 Alto

Triglicerídios

< 150 Normal

150 - 199 Limítrofe

200 - 499 Alto

≥ 500 Muito Alto

Quadro 5 – Adapatado da ACSM 82006) Classificação do ATP III do


Colesterol LDL, Total e HDL em mg/dL

3.2.4. Princípios básicos e linhas de orientação geral

Instruções aos Participantes

O indivíduo a avaliar e uma das variáveis mais importantes, pelo que deve
estar perfeitamente ciente do que vai acontecer.

É importante informar previamente o sujeito acerca dos pontos de


referência e das medições que se pretendem obter (respeitando o espaço
intimo do avaliado quer aquando da marcação quer no momento de
obtenção da (s) medida (s).
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O comportamento do avaliador deve ser tranquilizante e confiante de modo


a que o indivíduo se sinta a vontade.

Os procedimentos da avaliação não devem ser apressados (deve-se tentar


reduzir os factores de stress e ansiedade). O avaliado deve seguir algumas
regras básicas:

1. Deve usar equipamento desportivo adequado, leve e confortável,


de preferência de 2 pecas;
2. Devera estar com a digestão completa, entre 2 a 3 horas após a
ultima refeição;
3. Não devera realizar exercício de intensidade moderada ou elevada
nas 12 horas que precedem a realização da avaliação;
4. Deve beber muitos líquidos nas 24 horas que precedem a
avaliação, de modo a assegurar os níveis de hidratação (a ingestão
de líquidos só devera ser realizada ate 1 hora antes da avaliação, não
devendo ultrapassar os 500 ml);
5. Não devera consumir álcool nas 24 horas que precedem a
realização da avaliação;
6. Devera evitar fumar ou consumir estimulantes, (chás, cafés), nas
12 horas previas a realização da avaliação;
7. No caso de estar a tomar alguma medicação, não devera
interromper a mesma;
8. Na noite anterior aos testes, o indivíduo deve ter uma boa noite de
descanso (entre 6 a 8 horas de sono).

3.3. Testes de Condição Física Relacionada à Saúde e


sua Interpretação

Segundo a ACSM (2006) a mensuração da condição física é uma prática


comum e apropriada nso programas de exercícios. As finalidades dos testes
de condição física relacionada à saúde nesses programas de incluem o
seguinte:

 Educar os participantes acerca de seu actual estado de condição


relacionada à saúde no que concerne aos padrões relacionados à
saúde e às normas equivalentes para idade e género;
 Fornecer dados que sejam úteis na elaboração das prescrições dos
exercícios de forma a abordar todas as componentes da condição
física;
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 Colectar dados basais e de acompanhamento que permitam a


avaliação do progresso por parte dos participantes dos programas da
CF;
 Motivar os participantes pelo estabelecimento de objectivos de CF
razoáveis e alcançáveis;
 Estratificação de risco cardiovascular.

3.3.1. Ordem das Diferentes Avaliações

A ordem pela qual diferentes avaliações são efectuadas pode ter influência
significativa nos resultados das mesmas. Quando se realiza mais que uma
avaliação, deve-se ter em conta as componentes de performance física que
se vão avaliar.
As avaliações de composição corporal devem anteceder as avaliações
de endurance cárdio-respiratório, seguindo-se as avaliações musculares e,
por fim, as de flexibilidade.

Caso esta ordem não seja respeitada, umas avaliações vão


influenciar as outras.

Exemplo: uma avaliação de forca (que provoca alterações da frequência


cardíaca), ira prejudicar uma futura avaliação cárdio-respiratório,
principalmente em testes submáximos. Uma avaliação cárdio-respiratório
antes de uma avaliação de composição corporal, também não e indicada,
devido aos níveis de desidratação que esta provoca.

Se o protocolo de testes envolve medidas em repouso, (pressão arterial,


frequência cardíaca em repouso, analises sanguíneas, etc.), estas devem
ser efectuadas antes dos testes.

Segundo o ASCM, a ordem deverá ser a seguinte:

1. Pressão arterial e frequência cardíaca em repouso;


2. Índice de massa corporal e percentagem (%) de massa gorda;
3. Pregas de adiposidade;
4. Perímetros;
5. Teste de condição cárdio-respiratório (VO2 máx);
6. Hand Grip test;
7. Abdominais (Partial Curl Ups);
8. Extensões de braços (Push Ups);
9. Sit & Reach Test.
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3.3.2. Composição Corporal

Está perfeitamente definido que um excesso de gordura corporal se associa


a hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemias. O termo composição
corporal refere-se à percentagem relativa de peso corporal que é gordura e
massa isenta de gordura. A composição corporal pode ser estimada através
de técnicas laboratoriais ou técnicas de campo, os quais variam em termos
de complexidade, custo e rigor.

Índice de massa corporal (IMC) e percentagem de massa


gorda

O IMC e utilizado para avaliar o peso relativamente a altura (total peso


(KG) /quadrado altura (metros). Os problemas de saúde relacionados com a
obesidade aumentam com um IMC superior a 25 (considera-se obesidade
quando acima dos 30 kg/m2).

O IMC pode ser dividido em 2 categorias:

1. Massa corporal magra (composta por músculos, órgãos, fluidos internos,


etc.);
2. Massa corporal gorda (massa de gordura ou tecido adiposo).

3.3.3. Estatura

A estatura apresenta variações diárias, sendo normal haver uma


diminuição de 1% ao longo do dia.
Para a medição da altura dever-se-á utilizar um Antropometro.
A altura total e a distância do vertex (ponto superior do crânio) ao solo. O
individuo deve estar descalço e usando pouca roupa no momento da
medição, para que seja visível a posição do seu corpo. Deve estar numa
posição erecta sobre uma superfície lisa.

A cabeça deve estar orientada segundo o plano horizontal.

Os calcanhares devem estar unidos e as pontas dos pés afastadas


aproximadamente 60o (o ajuste dos pés depende da posição dos joelhos
que, preferencialmente, devem estar em contacto). O peso deve estar
distribuído sobre os dois pés.

Deve-se ajudar o indivíduo a adoptar uma posição “erecta” fazendo uma


ligeira pressão lombar com a mão direita e apoiando a mão esquerda na
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região esternal. Simultaneamente faz-se uma ligeira tracção na zona


cervical.

A mão esquerda e colocada debaixo do queixo enquanto a mão direita


coloca a haste móvel do antropometro sobre o vertex, fazendo pressão
suficiente para comprimir o cabelo.
Sempre que possível, pede-se ao avaliado que faca uma inspiração
profunda durante o momento da mensuração. A medida deve ser
arredondada ate ao milímetro (0,1 cm).

3.3.4. Peso

O peso é a medida que traduz a massa corporal total, estando sujeito


também a significativa variação diurna em associação com a actividade e a
ingestão de alimentos. O peso não constitui informação suficiente para
apreciarmos completamente o indivíduo em relação à sua massa corporal.
Esta, sendo decomponível em diversos compartimentos, pode apresentar
um valor igual em dois indivíduos estruturalmente diferentes.

O impacto da gravidade, da fadiga e da tensão neuromuscular acarretam,


no mesmo indivíduo, variações importantes ao longo do dia – variação
diurna do peso. No caso de um adulto essa variação pode ser na ordem dos
2 kg.
Os valores mais estáveis são os que se obtêm de manha em jejum (para
efeitos de comparação entre AF’s a medida deve ser tomada sempre a
mesma hora).
Antes de proceder a mensuração do peso, o avaliador deve aferir a balança
e colocar-se de frente para o indivíduo que vai medir. Este coloca-se no
centro da plataforma da balança com o peso bem distribuído sobre os pés e
olhando em frente. Deve estar descalço e com roupas leves.

3.3.5. Perimetro Cintura/ Anca

O índice cintura-anca (ICA), divisão da circunferência da cintura pela


circunferência da anca, tem sido utilizado como um simples modo de
determinar o padrão de deposição de gordura.

Estudos recentes têm revelado que a circunferência da cintura pode ser


utilizada isoladamente como indicador de risco de saúde já que a essência
da questão é a gordura abdominal.

As circunferências atrás referidas devem ser medidas com o indivíduo em


posição antropométrica e de acordo com as seguintes referências:
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1. Circunferência da cintura: medida tendo como referência o


"omphalion" (umbigo) e o bordo superior da crista ilíaca;
2. Circunferência da anca: medida tendo como referência a zona de
maior protuberância glútea.

3.3.6. Bioimpedância

A bioimpedância (BIA) é um método fácil de administrar, não invasivo e


uma forma segura de avaliar a composição corporal. Este método envolve a
passagem de uma pequena corrente eléctrica pelo corpo e consequente
determinação da impedância ou oposição à passagem dessa corrente. Os
tecidos isentos de gordura, bem como a água corporal, são bons condutores
ao passo que a gordura é um mau condutor.

Deste modo, a resistência à passagem da corrente eléctrica está


inversamente relacionada com a quantidade de massa isenta de gordura e a
água corporal, as quais podem ser determinadas por esta via. Apurada a
bioimpedância, estes equipamentos determinam automaticamente a
densidade corporal e, por consequência, a percentagem de gordura (através
de fórmulas específicas).

A execução desta técnica implica o respeito pelas seguintes condições


basais:

1. Não comer ou beber nas 4 horas anteriores ao teste;


2. Não realizar actividade física moderada ou vigorosa por um período
de 12 horas antes do teste;
3. Evacuar e urinar antes do teste;
4. Não consumir álcool nas 48 horas antes do teste;
5. Não ingerir diuréticos, incluindo cafeína, antes da avaliação, a não ser
que prescritos pelo médico.

O desrespeito por estas orientações aumenta substancialmente o erro de


medição, normalmente situado nos 3-4%. Adicionalmente, deve verificar-se
se as equações contidas no aparelho são válidas para a população a ser
avaliadas. Em geral, a predição da percentagem de gordura a partir da BIA
é semelhante à das pregas adiposas.

Risco de doença relativa/a peso e perímetro normais

IMC (Kg/m2) Homens≤ 102 cm Homens> 102 cm


Mulheres≤ 88 cm Mulheres> 88 cm
Magreza <18.5
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Normal 18.5-24.9
Excesso de
25.0-29.9 Aumentado Elevado
peso
Obesidade
Grau 1 30.0-34.9 Elevado Muito elevado
Grau 2 35.0-39.9 Muito elevado Muito elevado
Grau 3 ≥40 Extr. Elevado Extr. Elevado

Quadro 6 – Adaptado da ACSM (2006), Classificação do Risco de Doença com Base no IMC e no
Perímetro da Cintura.

Bioimpedância
Zona saudável masculina: 10-22%

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores


Idades

Percentil 20-29 30-39 40-49 50-59 60+

90 7,1 11,3 13,6 15,3 15,3


80 9,4 13,9 16,3 17,9 18,4
70 11,8 15,9 18,1 19,8 20,3
60 14,1 17,5 19,6 21,3 22
50 15,9 19 21,1 22,7 23,5
40 17,4 20,5 22,5 24,1 25
30 19,5 22,3 24,1 25,7 26,7
20 22,4 24,2 26,1 27,5 28,5
10 25,9 27,3 28,9 30,3 31,2

Quadro 7 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para Homens

Bioimpedância
Zona saudável feminina: 20-32%

Factores de Risco Positivos Critérios Definidores


Idades

Percentil 20-29 30-39 40-49 50-59 60+


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90 14,5 15,5 18,5 21,6 21,1


80 17,1 18 21,3 25 25,1
70 19 20 23,5 26,6 27,5
60 20,6 21,6 24,9 28,5 29,3
50 22,1 23,1 26,4 30,1 30,9
40 23,7 24,9 28,1 31,6 32,5
30 25,4 27 30,1 33,5 34,3
20 27,7 29,3 32,1 35,6 36,6
10 32,1 32,8 35 37,9 39,3
Quadro 8 – Adaptado ACSM (2006) Composição Corporal (% de Gordura Corporal) para
Mulheres

3.3.7. Teste de Avaliação condição Cárdiorespiratória

Teste de Astrand - Cicloergometro

Este é um teste sub máximo baseado na relação linear existente entre o


consumo de oxigénio e a frequência cardíaca. Como o cicloergómetro
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permite estimar o consumo de oxigénio pela intensidade do trabalho


efectuado, Astrand e Rhyming elaboraram um nomograma para calcular o
VO2 max a partir de cargas submáximas.

Este nomograma pode ser representado graficamente por uma tabela de


duas entradas na qual o VO2 máx em litros por minuto é determinado a
partir da frequência cardíaca estabelecida para a carga seleccionada que
deve ser aplicada no mínimo durante 6 minutos. A determinação da FC é
feita no final do quinto e sexto minutos, estando o atleta em condições de
equilíbrio entre o trabalho produzido e o oxigénio consumido (steady state).

Este trata-se de um teste submáximo utilizado essencialmente para estimar


o VO2máximo a partir de simples medições da frequência cardíaca durante
o mesmo;

Protocolo

 Consiste num único patamar de 6 minutos;


 A cadência deverá ser de 50 rpm;
 O objectivo é obter valores entre 120 Bpm e 85% da Fcmáx no final
do teste;
 A frequência cardíaca é medida nos dois últimos minutos do patamar,
4º e 5º minuto;
 Se houver uma diferença nos valores da Fc nos últimos 2 minutos
superior a 5Bpm o teste/patamar deve ser prolongado por mais 1
minuto;
 Os valores da Fc podem muito facilmente ser alterados ou que não
correspondem à verdade dependendo de diversos factores, tais como
(ambientais, psicológicos, alimentares, hormonais etc).

Potência em Watts

Homens:

Sedentários/má condição física 50-100

Activos/boa condição física 100-150

Mulheres:
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Sedentárias/má condição física 50-75

Activas/boa condição física 75-100

Quadro 9 – Adaptado da ACSM (2006) Estado de Condição Física do Indivíduo, associado ao


género.

Fórmula de Cálculo

VO2submáximo= (Potência(Kgm/min)/peso(Kg))x1,8ml/min+7ml/Kg/min

(1 Watt=6,12Kgm/min)

VO2máx= VO2submáximox((Fcmáx-Fcrepouso)/(FCsubmáxima-Fcrepouso))

(Fcsubmáxima = Média da Fc registada nos 2 últimos minutos de cada


patamar)

Monograma de Astrand-Ryhming
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Figura 3 – Adapatado de ACSM (2006) Monograma modificado de Astrand-Ryhming

3.3.8. Indicações Gerais para Interromper um Teste


de esforço em Adultos de Baixo Risco
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 Inicio de angina ou sintomas anginosos;


 Queda na pressão arterial sistólica de > 10mm Hg à pressão arterial
basal, apesar de aumentar a carga de trabalho;
 Elevação excessiva na pressão arterial: pressão sistólica > 250 mm
Hg ou pressão diastólica > 115 mm Hg;
 Falta de ar, sibilos, cãibras nas pernas ou claudicação;
 Sinais de perfusão precária: tonteira, confusão, ataxia, cianose,
náuseas, ou pele fria e húmida;
 Ausência de aumento na FC com uma maior intensidade do exercício;
 Modificação perceptível no ritmo cardíaco;
 O indivíduo pede para parar;
 Manifestações físicas ou verbais de fadiga extrema;
 Falha do equipamento do teste.

3.3.9. Interpretação dos Resultados

Valores en percentil para captação máxima de O2 (mL/Kg/min) para


Homens
Idades

20-29 30-39 40-49 50-59 60+


Percentil
(N=2.234) (N=11.158) (N=13.109) (N=5.641) (N=1.244)

90 55,1 52,1 50,6 49,0 44,2


80 52,1 50,6 49,0 44,2 41,0
70 49,0 47,4 45,8 41,0 37,8
60 47,4 44,2 44,2 39,4 36,2
50 44,2 42,6 41,0 37,8 34,6
40 42,6 41,0 39,4 36,2 33,0
30 41,0 39,4 36,2 34,6 31,4
20 37,8 36,2 34,6 31,4 28,3
10 34,6 33,0 31,4 29,9 26,7

Quadro 10 – Adaptado da ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima
(ml/Kg/min) para Homens

Valores en percentil para captação máxima de O2 (mL/Kg/min) para


Homens
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Idades

20-29 30-39 40-49 50-59 60+


Percentil
(N=2.234) (N=11.158) (N=13.109) (N=5.641) (N=1.244)

90 49,0 45,8 42,6 37,8 34,6


80 44,2 41,0 39,4 34,6 33,0
70 41,0 39,4 36,2 33,0 31,4
60 39,4 36,2 34,6 31,4 28,3
50 37,8 34,6 33,0 29,9 26,7
40 36,2 33,0 31,4 28,3 25,1
30 33,0 31,4 29,9 26,7 23,5
20 31,4 29,9 28,3 25,1 21,9
10 28,3 26,7 25,1 21,9 20,3

Quadro 11 – Adoptado de ACSM (2006) Valores em Percentil para Potência Aeróbica Máxima
(ml/Kg/min) para Mulheres

4. Conclusão

Apesar de serem apresentados pelos organismos competentes na área da


saúde mundial muitos outros testes de avaliação da condição física, não
referidos neste trabalho, pensamos que a nossa proposta visa um protocolo
de avaliação que seja prático de aplicar no dia-a-dia dos profissionais da
área, mas fundamentalmente, que contemple os aspectos que julgamos
serem os mais importantes ao nível da avaliação individual da condição
física e o encaminhamento para a prática do exercício físico.
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5. Bibliografia

ACSM. (2006). ACSM´s Guidelines For Exercise Testing And


Prescription (7ª Edition). American College of Sports Medicine.
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ANEXO 1: Regulamento e Normas do Ginásio Health Club Praia Mar

ANEXO 2: Entrevista à Gerência (Carla Isidro)


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