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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS


ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

BIANCA ANDRADE MONTEIRO DA SILVA

Prática de exercícios físicos versus lombalgia, hábitos


comportamentais, incapacidade e cinesiofobia

Porto Alegre
2018
1

BIANCA ANDRADE MONTEIRO DA SILVA

Prática de exercícios físicos versus lombalgia, hábitos


comportamentais, incapacidade e cinesiofobia

Projeto do trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado à Escola de Educação
Física, Fisioterapia e Dança da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel(a)
em Fisioterapia.

Orientador (a): Prof. Drª. Cláudia Tarragô Candotti

Porto Alegre
2018
2

RESUMO

Introdução: O exercício físico compreende uma atividade física planejada que proporciona a
melhora da aptidão física para a saúde, auxiliando na redução da dor e na prevenção de
agravos de lombalgias. No entanto, pode ocorrer a exacerbação da dor por exercícios de alta
intensidade, com fins competitivos ou sem orientação adequada. Objetivo Geral: Comparar a
ocorrência, a intensidade e a frequência da dor lombar; os hábitos comportamentais, a
incapacidade e cinesiofobia de praticantes e não praticantes de exercício físico. Metodologia:
A amostra será consecutiva, oriunda do Projeto de Extensão Avaliação Postural para a
Comunidade, entre os anos de 2015 e 2018, constituída por 102 indivíduos, divididos em
grupo praticante (GP) e grupo não praticante (NP). Os dados de interesse serão coletados dos
questionários (1) BackPEI-A (Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Adults);
(2) ODI (Oswestry Disability Index); e FABQ-Brasil (Fear Avoidance Beliefs Questionnaire).
Para análise estatística serão utilizados os testes t independente ou Mann-Whitney, sendo o
nível de significância 0,05. Resultados esperados: Entendemos que os resultados possam
favorecer maior atenção quanto à avaliação e tratamento das crenças de medo e evitação.
Entendendo a dor como uma construção biopsicossocial, ao divulgar nossos resultados,
visamos estimular a prática do exercício físico associada ao tratamento da dor lombar, para
promover a melhora de aspectos físicos e mentais.

Palavras-chave: Exercício físico; Lombalgia; Cinesiofobia; Incapacidade.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 4

2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 5
2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................. 5
2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 5

3 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 5


3.1 Dor lombar, incapacidade e cinesiofobia......................................................................... 5
3.2 Efeitos fisiológicos do exercício na regulação da dor..................................................... 7
3.3Hábitos comportamentais e o exercício físico.................................................................. 8

4 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 9

4.1 HIPÓTESE .................................................................................................................... 9

4.2 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS .................................................. 10


4.2.1 Variável independente............................................................................................... 10
4.2.2 Variáveis dependentes.............................................................................................. 10
4.2.3 Variáveis intervenientes.......................................................................................... 10
4.2.4 Variáveis estranhas................................................................................................... 10

5 METODOLOGIA............................................................................................................ 10
5.1 Delineamento de estudo................................................................................................. 10
5.2 População e amostra...................................................................................................... 10
5.3 Instrumentos................................................................................................................... 11
5.4 Coleta de dados................................................................................................................ 11
5.5 Análise de dados............................................................................................................ 11

6 ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................................... 12

7 CRONOGRAMA ............................................................................................................ 12

8 ORÇAMENTO ................................................................................................................. 13

9 RESULTADOS ESPERADOS E DIVULGAÇÃO...................................................... 13

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 14

APÊNDICE A – TCLE (Termo De Consentimento Livre e Esclarecido) ..................... 16

ANEXO I – BackPEI-A (Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for 17
Adults...................................................................................................................................

ANEXO II – ODI (Oswestry Disability Index).................................................................... 21

ANEXO III – FABQ-Brasil (Fear Avoidance Beliefs Questionnaire).............................. 23


4

1 INTRODUÇÃO

O exercício físico consiste em uma atividade física planejada (CASPERSEN;


POWELL; CHRISTENSON, 1985). Entre seus muitos benefícios, estão: a melhora da aptidão
física para a saúde (TOSCANO; EGYPTO, 2001), a redução da dor em geral, a prevenção de
agravos da lombalgia (dor lombar) e, consequentemente, a redução do custo de tratamentos
(TOSCANO; EGYPTO, 1998 e 2001; SOUZA et al., 2008). No entanto, pode ocorrer a
exacerbação da dor quando os exercícios forem de alta intensidade com fins competitivos ou
sem orientação adequada (ANDERSEN et al., 2008).
O exercício físico regular é favorável à depressão, estresse e ansiedade, pois seus
efeitos não se limitam apenas à musculatura, mas se estendem a órgãos e funções do corpo
(MELLO et al., 2005). A prática de exercícios físicos também pode contribuir para a
manutenção das posturas (com força e flexibilidade) e auxiliar nos gestos necessários para a
realização das atividades de vida diária (AVDs) (CHEREN, 1992; CANDOTTI et al., 2017).
Pelos elevados índices de prevalência, morbidade, diminuição de produtividade e
incapacidade para o trabalho, as lombalgias são consideradas um dos grandes problemas de
saúde pública dos países industrializados, sendo também responsável por altos custos
econômicos nas sociedades ocidentais (KOVACS et al., 2005; MIDDELKOOP et al., 2011).
Na fase aguda das lombalgias, são comuns os comportamentos de evitação (repouso,
claudicação, uso de equipamentos de apoio). Porém, esses comportamentos antes protetores,
se persistirem, podem tornar-se ações de antecipação à dor, em vez de surgir como resposta a
ela. A longo prazo, a evitação pode apresentar desuso, depressão e aumento da incapacidade.
Uma postura ativa, que permita o confronto com as atividades diárias, age como resposta
adaptativa que pode conduzir à redução do medo e à promoção de recuperação (VLAEYEN;
CROMBEZ, 1999).
Sabe-se que o exercício físico orientado, tanto com ênfase cardiovascular, de
fortalecimento ou alongamento, está relacionado ao bem-estar físico e mental; reduzindo a
intensidade da dor relatada por pacientes com dor lombar. Em meio aos benefícios clínicos do
exercício, como a redução da intensidade da dor crônica, os efeitos fisiológicos envolvidos
nesse processo ainda são incertos (SOUZA, 2009). Nesse contexto, especula-se que o
exercício físico, por causar influência na modulação da dor (KOLTYN, 2000), poderá
interferir na presença e relevância dessa dor para o sujeito que o pratica. Além disso,
especula-se que a prática regular e orientada do exercício físico também poderá interfirir na
conservação de bons hábitos comportamentais, tais como, horas adequadas de sono, posturas
5

adequadas para dormir, abaixar/pegar objetos do chão e sentar ao computador ou para


escrever.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


Comparar a ocorrência, a intensidade e a frequência da dor lombar; os hábitos
comportamentais, a incapacidade e cinesiofobia de praticantes e não praticantes de exercício
físico.

2.2 Objetivos Específicos


● Descrever o perfil dos indivíduos praticantes e não praticantes de exercício físico,
quanto a dor, incapacidade, cinesiofobia e hábitos comportamentais, bem como quanto
ao tipo e frequência do exercício físico.
● Comparar a ocorrência, frequência e intensidade de lombalgia entre indivíduos
praticantes e não praticantes de exercício físico.
● Comparar a frequência de escores adequados de hábitos comportamentais entre
indivíduos praticantes e não praticantes de exercício físico.
● Comparar o nível de incapacidade e o nível de cinesiofobia entre indivíduos com
lombalgia praticantes e não praticantes de exercício físico.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Dor lombar, incapacidade e cinesiofobia


Segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor é uma
experiência sensitiva e emocional desagradável associada à lesão real ou potencial. Sendo
assim, pode-se dizer que existem mecanismos diversos no processo de produção da dor.
Enquanto a dor aguda costuma estar associada a condições clínicas de rápida instalação,
agindo como um sinal de alerta que cessa após a resolução do processo nocivo; a dor crônica
não tem a finalidade biológica de servir de alerta e se estabelece como uma doença, podendo
ser considerada a partir de três ou seis meses. Tal dor também pode ser recidiva sem uma
causa identificável, e pode apresentar características de intensificação psicogênica, se
mantendo mesmo quando o impulso somato-sensitivo diminui (DOURADO et al., 2004;
MARQUEZ, 2011).
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A lombalgia pode ser determinada como sintoma de dor na altura da cintura pélvica,
que pode resultar de uma só causa, ou de várias, podendo existir significativas correlações
entre elas (BERNARD, 1993). A maioria delas, é frequentemente atribuída a fatores
mecânicos, associados às deficiências musculares. Dessa forma, vários pesquisadores
atribuem a lombalgia a uma vida sedentária, pois a inatividade física estaria relacionada direta
ou indiretamente com dores na coluna, considerando a combinação da aptidão
musculoesquelética deficiente e uma ocupação que exija da região (BANKOFF et al., 1994)
Alguns dos mecanismos responsáveis pela cronicidade da dor são os mecanismos
endógenos inibitórios de controle álgico que ocorrem devido ao aumento dos mecanismos
excitatório de controle da dor, ou pela perda/ineficácia dos sistemas inibitórios. (SOUZA,
2009). Outra teoria para a dor lombar é a de que o déficit de força possa sobrecarregar outras
estruturas lombares, levando à diminuição da coordenação do movimento. Assim, pessoas
mais fracas ficam mais expostas a lesões durante a realização determinadas tarefas, enquanto
pessoas pouco flexíveis, têm dificuldade de manter as várias posturas, estressando os discos
vertebrais (CHEREN, 1992).
Por ser um dos estímulos mais repulsivos em animais e humanos, a dor está
diretamente ligada ao medo. O termo cinesiofobia é utilizado para definir o medo excessivo
do movimento, que resulta de sentimentos de vulnerabilidade à dor ou reincidência da lesão; e
a catastrofização é considerada um dos principais precursores desse medo. Assim, não se sabe
se o medo do movimento é secundário à experiência da dor lombar crônica, ou se é um dos
determinantes. A percepção desses pacientes quanto à atividade física e à relação com a dor,
se apresentam de forma equivocadas e tornam a percepção de sua capacidade física menor do
que o desempenho real (WADDELL et al., 1993; CROMBEZ et al., 1999; LINTON, 1998).
Um instrumento para avaliar o medo e a evitação de atividades físicas ou laborais é
o questionário FABQ-Brasil (versão brasileira do Fear Avoidance Beliefs Questionnaire). É
um instrumento validado, dividido em duas subescalas, que se propõem a avaliar os medos e
as crenças relacionadas ao trabalho (FABQ-Work) e às atividades físicas (FABAQ-Phys).
Cada uma das subescalas possui um escore, onde escores maiores que 15 para a escala de
atividades físicas e 34 para a escala de trabalho são indicadores potentes para a crença de
medo e evitação de atividade físicas e laborais (ABREU et al., 2008).
A longo prazo, a evitação pode apresentar desuso, depressão e aumento da
incapacidade. Dessa forma, o comportamento de evitação se baseia em antecipação de
consequências, onde o medo é geralmente uma dor mal-adaptada; que pode ser de relevância
específica para a incapacidade para o trabalho, sendo responsável por altos custos econômicos
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nas sociedades ocidentais (WADDELL et al., 1993; CROMBEZ et al., 1999; MIDDELKOOP
et al., 2011). Uma postura ativa, que permita o confronto com as atividades diárias, mesmo
com a dor, age como resposta adaptativa que pode conduzir à redução do medo e à promoção
de recuperação. No entanto, a passividade e a evitação leva a persistência ou exacerbação do
medo e até do quadro de dor (VLAEYEN; CROMBEZ, 1999).
O questionário validado ODI (Oswestry Disability Index), é composto por itens que
avaliam a funcionalidade e permitem mensurar a dor nas costas, além de identificar até que
ponto a dor nas costas e nas pernas afetam a capacidade de realizar as atividades de vida
diária (AVDs) (FAIRBANK et al., 1980). Sua escala possui dez questões com seis opções
para escolha, cujo valor varia de 0 a 5. O escore total é dividido por 50 se todos itens foram
respondidos, ou por 45, se não faltar resposta de um item, sendo o resultado multiplicado por
100. Tem-se o resultado com os valores classificados em incapacidade mínima (0 a 20%),
incapacidade moderada (21 a 40%), incapacidade severa (41 a 60%), inválido (61 a 80%), e
restrito ao leito ou exagerando seus sintomas (81 a 100%) (VIGATTO et al., 2007).

3.2 Efeitos fisiológicos do exercício na regulação da dor


O exercício físico consiste em uma atividade física planejada, estruturada e
repetitiva que tem por objetivo preservar ou aumentar componentes da aptidão física
(CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985). Pensando na melhora da aptidão física
para a saúde, um programa de exercício físico pode contribuir para amenizar a carga de
trabalho sobre as estruturas corporais, tolerar melhor o estresse postural e proteger de
possíveis riscos durantes as atividades de vida diária (AVDs) (TOSCANO; EGYPTO, 2001).
Dentre os indivíduos que apresentaram quadros recorrentes de lombalgia e que
visitaram o médico pelo menos uma vez, 93,7% foram caracterizados como sedentários.
Assim, o exercício se apresenta como um dispositivo de grande importância para a saúde
pública, podendo atuar na prevenção de agravos e, consequentemente, redução do custo de
tratamentos (TOSCANO; EGYPTO, 1998; 2001).
Na lombalgia crônica, onde há uma complexidade do quadro e também do tratamento,
são propostos programas multidisciplinares, com a prescrição de exercícios aeróbicos, de
fortalecimento e alongamentos. A prática da caminhada demonstra redução de 26% da dor e
aumento de 34% no limiar da dor experimental de pacientes com fibromialgia. O efeito do
alongamento favorece o fluxo sanguíneo, reduzindo a hiperalgesia induzida pela tensão
muscular (SOUZA et al., 2008).
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O fenômeno da analgesia induzida pelo exercício é confirmado pelo aumento do


limiar da dor em atletas ou pessoas ativas (praticantes de exercício físico). Uma das hipóteses
mais aceitas é a influência do exercício nos mecanismos endógenos de controle da dor. Dessa
forma, quanto maior o nível de atividade, maior a liberação de peptídeos opióides endógenos
que permitem a redução da percepção da dor (KOLTYN, 2000).
No entanto, pode ocorrer a exacerbação da dor, com exercícios de alta intensidade,
como no exercício físico com fins competitivos e no exercício físico sem orientação
adequada. A manutenção de uma contração muscular produz alterações químicas na região,
como aumento das prostaglandinas, do glutamato, da serotonina, do piruvato e ácido lático na
periferia, que estão relacionados com a intensidade de dor percebida. Com o repouso e retorno
do fluxo normal da circulação, essa hiperalgesia tem alívio (ANDERSEN et al., 2008). Deve-
se ter atenção e cuidados com o tipo e carga de exercício, postura corporal durante sua
realização, além de atenção durante a fase de infância/adolescência, pois apenas a realização
do exercício não é garantia de proteção para a coluna. (TOSCANO; EGYPTO, 2001;
HARREBY et al., 1999). Entende-se então, que para atingir o efeito analgésico desejado, é
preciso adaptar os exercícios às condições físicas e fisiológicas do paciente, respeitando sua
individualidade (SABBAG et al., 2007).

3.3 Hábitos comportamentais e o exercício físico


O exercício físico regular é salutar à depressão, estresse e ansiedade, pois seus efeitos
não se limitam apenas à musculatura, mas se estendem a órgãos e funções do corpo, como o
Sistema Nervoso. Algumas hipóteses quanto a melhoria da função cognitiva em resposta ao
exercício físico são: nos aspectos fisiológicos, o aumento no transporte de oxigênio para o
cérebro; e no nível psicológico, a diminuição da ansiedade, que melhora a autoestima e
cognição, além de reduzir o stress (PEREIRA, 2013; MELLO et al., 2005).
Quanto a alguns hábitos, há associação entre o uso do computador por mais de quatro
horas e assistir televisão por mais de dez horas, com a presença de alterações posturais na
coluna em crianças. Presume-se que a manutenção da postura sentada de forma inadequada
possa ser considerada um fator de risco para o desenvolvimento de tais alterações posturais.
Enquanto indivíduos que praticavam exercício físico com frequência de três ou mais dias por
semana tem menor chance de apresentar alterações de cifose torácica (DETSCH et al., 2007;
SEDREZ et al., 2015).
Ao que se refere à posição adotada para dormir e a quantidade de sono, se notou que
dormir 10 (ou mais horas por noite) e a posição de decúbito ventral, podem levar a alterações
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posturais. Tal como dormir por 6 horas ou menos, predispõe a lombalgia. Assim, o tempo de
sono adequado (aproximadamente oito horas) pode ser considerado um fator de proteção para
o desenvolvimento das alterações posturais, e consequentemente, a dor lombar(SEDREZ et
al., 2015; AUVINEN et al., 2010).
As alterações posturais que ocorrem no decorrer da vida, que inicialmente costumam
ser assintomáticas, podem progredir para a dor lombar, afetar a execução das AVDs e até
conduzir à incapacidade temporária. Assim, é importante monitorar a prática de exercício
físico, hábitos comportamentais, presença, frequência e intensidade da dor. Com essa
finalidade, o instrumento BackPei-A visa identificar e avaliar a presença de dor nas costas,
hábitos posturais e fatores de risco relacionados à presença da dor (CANDOTTI et al., 2017).
A partir desse questionário, é possível avaliar a postura em AVDs com base em
fotografias, que apresenta versões diferentes do mesmo instrumento para homens e mulheres.
A pontuação total gerada é de no máximo 10 pontos, e quanto maior o escore, menor a
exposição aos fatores de risco de dor. Logo, o BackPEI-A é pertinente para a avaliação da dor
nas costas e sua associação a fatores de risco, permitindo a averiguação de alguns dos hábitos
comportamentais, além de expressar a prática e frequência do exercício físico (CANDOTTI et
al., 2017).

4 PROBLEMA DE PESQUISA

Nesse contexto, o presente estudo está elaborado a partir da seguinte questão de


pesquisa:

Existe diferença entre indivíduos praticantes e não praticantes de exercício físico


quanto à ocorrência, intensidade e frequência da dor lombar; os hábitos comportamentais, a
incapacidade e cinesiofobia?

4.1 HIPÓTESES

Indivíduos que praticam exercício físico terão ausência de cinesiofobia, ausência ou


menores índices de incapacidade e hábitos comportamentais considerados adequados.
Ademais, acredita-se que a dor lombar estará presente em indivíduos que praticam e
que não praticam o exercício físico, mas os indivíduos que praticam terão menos intensidade e
frequência, uma vez a prática de exercício físico auxilia nos mecanismos de regulação da dor.
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4.2 DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEIS


4.2.1 Variável independente: prática de exercício físico, que corresponde a uma prática
regular e orientada, determinada pelo questionário BackPEI-A (CANDOTTI et al., 2017).
4.2.2 Variáveis dependentes:
▪ Presença/ausência de lombalgia, intensidade da lombalgia e frequência da
lombalgia: avaliadas pelo pelo questionário BackPEI-A (CANDOTTI et al., 2017).
▪ presença/ausência de cinesiofobia: determinada pelos pontos de corte 15 (para a
escala de atividades físicas) e 34 (para a escala de trabalho). Escores maiores que
esses pontos de corte indicam a presença da crença de medo e de evitação
(ABREU et al., 2008).
▪ nível de incapacidade: determinado pelos escores do ODI em incapacidade mínima
(0 a 20%), incapacidade moderada (21 a 40%), incapacidade severa (41 a 60%),
inválido (61 a 80%), e restrito ao leito ou exagerando seus sintomas (81 a 100%)
(VIGATTO et al., 2007).
▪ hábitos comportamentais: correspondem as horas de sono, horas utilizando o
computador, posição preferida para dormir, e posição preferida para se abaixar e
pegar objeto do chão, sentar ao computador e para escrever. Esses hábitos serão
avaliados pelo questionário BackPEI-A (CANDOTTI et al., 2017).
4.2.3 Variáveis intervenientes: prática concomitante de diferentes tipos de exercícios, como
Pilates, musculação, corrida, natação, yoga.
4.2.4 Variáveis estranhas: veracidade das respostas ao questionário.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Delineamento do estudo


O estudo compreenderá em uma pesquisa transversal, retrospectiva, do tipo ex post
facto com delineamento comparativo (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

5.2 População e amostra


A população corresponde a todos os indivíduos participantes do Projeto de Extensão
Avaliação Postural para a Comunidade, avaliados entre os anos de 2015 e 2018, que
compõem o banco de dados do projeto. No Apêndice A encontra-se a autorização para uso
desse banco de dados. A amostra será constituída por 102 indivíduos de ambos os sexos,
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divididos em grupo praticante (GP) e grupo não praticante (NP). O tamanho da amostra foi
determinado por um cálculo amostral realizado no software G* Power 3.1.7, considerando a
família de testes t (média de dois grupos independentes), um tamanho de efeito médio
(α2=0,5), α = 0,05, β = 0,20 e alocação idêntica dos grupos, que resultou em um mínimo de
51 indivíduos em cada grupo.

Serão critérios de inclusão: adulto, com idade entre 18 e 59 anos e ter todos os dados
completos no banco de dados. Os critérios de exclusão serão: preenchimento incompleto ou
inadequado de algum dos questionários de avaliação e cirurgia prévia na coluna vertebral.

5.3 Instrumentos
▪ Questionário BackPEI-A - Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Adults
(CANDOTTI et al., 2017) (ANEXO I)

▪ Questionário ODI - Oswestry Disability Index (VIGATTO et al., 2007) (ANEXO II)

▪ Questionário FABQ-Brasil - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (ABREU et al., 2008)


(ANEXO III)

▪ Softwares SPSS 20.0 (Statistical Package for Social Sciences) e Excel 2016.

5.4 Coleta e análise de dados


Os dados serão coletados a partir do banco de dados do projeto de extensão Avaliação
Postural para a Comunidade (Apêndice A). Os dados de interesse correspondem às
informações oriundas dos questionários (1) BackPEI-A: ocorrência, frequência e intensidade
da lombalgia, bem como os as informações sobre os hábitos comportamentais. Ainda será
computado o índice de fator de risco fornecido por esse questionário; (2) ODI: com a
incapacidade expressa em porcentagem, onde os valores classificam incapacidade mínima (0
a 20%), incapacidade moderada (21 a 40%), incapacidade severa (41 a 60%), inválido (61 a
80%), e restrito ao leito ou exagerando seus sintomas (81 a 100%); (3) FABQ-Brasil: que
avalia em duas subescalas, os medos e as crenças relacionadas ao trabalho e às atividades
físicas, onde escores maiores que 15 para a escala de atividades físicas e 34 para a escala de
trabalho são indicadores de crença de medo e evitação de atividade físicas e laborais.

5.5 Tratamento estatístico


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No tratamento estatístico será utilizado o software SPSS versão 20.0. Inicialmente será
verificada a normalidade dos dados, utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnof. Se a
normalidade for confirmada das variáveis numéricas, a comparação da intensidade da dor, dos
índices do ODI e do FABQ-Brasil será realizada pelo teste t independente. Caso não
confirmada a normalidade, será utilizado o teste de Mann-Whitney. As variáveis categóricas
(presença e frequência de dor, hábitos comportamentais, cinesiofobia e incapacidade) serão
comparadas pelo teste de Mann-Whitney. O nível de significância adotado será ≤ 0,05.

6 ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo segue as orientações da Resolução nº 466/2012 do Conselho


Nacional de Saúde. Assim, o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) foi assinado
por todos os participantes antes das avaliações realizadas pelo Projeto avaliação Postural para
a Comunidade, confirmando sua concordância e estavam cientes de que seus dados poderiam
ser utilizados a qualquer momento em caráter estatístico ou de pesquisa (CEP do Projeto:
CAAE: 55897216.6.0000.5347). Por fim, os dados a serem apresentados publicamente não
terão nomes divulgados, preservando assim a identidade de todos os participantes.

7 CRONOGRAMA

Na Tabela 1 apresenta-se o cronograma de execução da pesquisa.

Tabela 1 – Cronograma de execução da pesquisa


Etapas Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
01 – Revisar a literatura X X
02 – Coletar dados X X
03 – Analisar dados (estatística) X
04 – Descrever resultados e discutir X X
06 – Entrega do TCC X
07 – Apresentação do TCC X
09 – Submissão do artigo X
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8 ORÇAMENTO

Os materiais necessários para o desenvolvimento desse estudo e seu custeio estão


listados na Tabela 2. Todos os itens serão financiados pelos pesquisadores.

Tabela 2 – Orçamento para execução da pesquisa.

Preço Unitário Valor Total


Material de Consumo Unidades
(R$) (R$)
Pacote 100 folhas 1 7,00 7,00
Impressão 100 0,25 25,00
Encadernação 2 2,00 4,00
TOTAL 36,00
Preço Unitário Valor Total
Material Permanente Unidades
(R$) (R$)
Notebook 1 1600,00 1600,00
TOTAL 1600,00

9 RESULTADOS ESPERADOS E DIVULGAÇÃO

Ansiamos que os resultados deste trabalho sirvam para favorecer uma maior atenção
quanto à avaliação e tratamento das crenças de medo e evitação, que influenciam na
percepção e modulação da dor, e nos níveis de incapacidade. Entendendo a dor como uma
construção biopsicossocial, visamos que o resultado deste trabalho possa estimular a prática
do exercício físico associada ao tratamento da dor lombar, em especial, quando na dor lombar
crônica, para promover a melhora de aspectos físicos e mentais.
A divulgação dos resultados desse trabalho será realizada através da participação em
eventos científicos e artigo em periódicos da área.

REFERÊNCIAS

ABREU, A. M.; FARIA, C. D. C. M.; CARDOSO, S. M. V.; SAMELA, L. F. T. Versão


brasileira do Fear Avoidance Beliefs Questionnaire. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,
24(3):615-623, mar, 2008.
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ANDERSEN, L. L.; KJAER, M.; SOGAARD, K.; HANSEN, L.; KRYGER, A. I.;
SJOGAARD, G. Effect of two contrasting types of physical exercise on chronic neck muscle
pain. Arthritis Rheum. 2008;59(1):84-91.
AUVINEN, J. P.; TAMMELIN, T. H.; TAIMELA, S. P,; ZITTING, P. J.; JÄRVELIN, M. R.;
TAANILA, A. M.; KARPPINEN, J. L. Is insufficient quantity and quality of sleep a risk
factor for neck, shoulder and low back pain? A longitudinal study among adolescents. Eur
Spine J. 2010;19:641---9.
BANKOFF, A. D. P.; MORAES, A. C.; GALDI, E. H. G.; PELLEGRINOTTI, I. L.;
MOREIRA, Z. W. Alterações morfológicas do sistema locomotor decorrentes de hábitos
posturais associados ao sedentarismo. Anais do XIX Simpósio Internacional de Ciências do
Esporte. São Paulo, outubro, p. 96, 1994.
BERNARD, C. Lombalgia e lombociatalgias em medicina ocupacional. Revista Brasileira
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CANDOTTI, C. T.; SCHMIT, E. F. D.; PIVOTTO, L. R.; RAUPP, E. G.; NOLL, M.;
VIEIRA, A.; LOSS, J. F. Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Adults:
Expansion and Reproducibility. Pain Management Nursing, Vol -, No - (--), 2017: pp 1-9.
CASPERSEN, C. J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, G. M. Physical activity, exercise,
and physical fitness: definitions and distinctions for health-related research. Public Health
Rep. 1985, 100: 126-31.
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o trabalho. Arquivos Catarinenses de Medicina 1992; 21:139-48.
Copyright ©2014 International Association for the Study of Pain. Epidemiologia da Dor
Neuropática: Qual é a Prevalência da Dor Neuropática e Qual é Seu Impacto? IASP.
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All rights reserved 0304-3959/93.
16

APÊNDICE A
17

ANEXO I

Questionário BackPEI-A - Back Pain and Body Posture Evaluation Instrument for Adults.
18
19
20
21

ANEXO II

Questionário ODI - Oswestry Disability Index.


22
23

ANEXO III

Questionário FABQ-Brasil - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire.

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