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METODOS E AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

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SUMÁRIO
 NOSSA HISTÓRIA ....................................................................................................................... 3
 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 4
 Métodos de Composição Corporal............................................................................................. 5
2.1 DEXA (densitometria computadorizada por absorciometria radiológica de dupla energia) .. 6
2.1 Impedância Bioelétrica (BIA) ............................................................................................... 7
 Métodos de avaliação da composição corporal em pediatria ...................................................15
1.1 MÉTODO DIRETO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................16
1.2 MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO ................................................................................16
3.2.1 Métodos por imagem .......................................................................................................16
3.2.2 Tomografia Computadorizada - TC ....................................................................................16
3.2.3 Absortometria Radiológica de Raio X de Dupla Energia – DEXA .........................................16
3.2.4 Ressonância Nuclear Magnética – RNM ............................................................................17
3.2.5 Ultrassonografia – US .......................................................................................................17
3.2.6 Pesagem Hidrostática – PH ...............................................................................................17
3.2.7 Pletismografia – PLE .........................................................................................................17
3.2.8 Condutividade Elétrica Total – CET ....................................................................................18
3.2.9 Análise de Ativação de Nêutrons – AAN ............................................................................18
3.2.10 Hidrometria – HID...........................................................................................................18
3.2.11 Excreção Urinária de Creatinina – EUC ............................................................................18
3.2.12 Potássio Corporal Total – PCT .........................................................................................18
1.3 MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS DE AVALIAÇÃO .........................................................19
3.3.1 Interactância Quase-Infravermelha – IQI...........................................................................19
3.3.2 Bioimpedância – BIA .........................................................................................................19
3.3.3 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL..................................................................19
Peso ..........................................................................................................................................19
Estatura ....................................................................................................................................20
Índice de Massa Corporal – IMC ................................................................................................20
Circunferências .........................................................................................................................21
Circunferência Abdominal - CA e Circunferência da Cintura – CC ...............................................21
Razão Cintura/Quadril – RCQ.....................................................................................................22
Razão Cintura/Estatura – RCE ....................................................................................................22
Índice de Conicidade – IC...........................................................................................................22
Circunferência do Pescoço – CP .................................................................................................22
Circunferência do Braço – CB.....................................................................................................23
Área Muscular do Braço - AMB e Área de Gordura do Braço – AGB ...........................................23

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Dobra Cutânea - DC e Percentual de gordura - % g ....................................................................23
1. Referências ...............................................................................................................................29
Paulo Jorge Martins Mourão e Francisco José Miranda Gonçalves. A Avaliação da Composição
Corporal – A Medição de Pregas Adiposas como Técnica para a Avaliação da Composição
Corporal. Motri. v.4 n.4 Santa Maria da Feira dez. 2008 ............................................................29

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 NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em


atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com
isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível
superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de
promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras
normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e


eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.
Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de
cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do
serviço oferecido.

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 INTRODUÇÃO

A avaliação nutricional é uma importante ferramenta para determinar a


presença de fatores, condições ou diagnósticos que possam afetar o estado
nutricional do indivíduo. Por meio da análise da composição corporal é possível
estimar os compartimentos corporais (massa de gordura e massa corporal magra),
que podem fornecer informações importantes sobre a eficácia de intervenções
clínicas, relacionadas à prática de atividade física e nutricionais.

A verificação da composição corporal na infância é uma ferramenta eficaz no


fornecimento de subsídios para prevenção de futuros agravos à saúde, uma vez que
a composição corporal, mais especificamente a gordura corporal, possui associação
com riscos à saúde, depressão, perda da autoestima e alteração da imagem corporal.
Além de verificar a existência de riscos à saúde, as medidas de composição corporal
auxiliam na avaliação do estado nutricional da criança, objetivando verificar o
crescimento e as proporções corporais para, se necessário, propor medidas de
intervenção. Logo, é de fundamental importância a escolha do método de avaliação a
ser utilizado para cada faixa etária.

Os métodos indiretos mais utilizados para avaliação da composição corporal


de crianças são a plestimografia e a absortometria radiológica de dupla energia.
Dentre os métodos duplamente indiretos, os mais utilizados são o índice de massa
corporal, as pregas cutâneas, a bioimpedância elétrica, a circunferência da cintura, a
relação cintura/ quadril, o índice de conicidade e a relação cintura/estatura, sendo que
as maiores correlações encontradas foram para a bioimpedância elétrica e o índice
de massa corporal. Existem vários métodos para avaliar a composição corporal em
crianças, cada um com suas vantagens e desvantagens. Ao definir o melhor método,
é preciso eleger aquele que melhor detecte o problema que se pretende corrigir,
levando em consideração os custos, o nível de treinamento dos avaliadores, o tempo
de execução, a receptividade da população e os possíveis riscos à saúde.

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 MÉTODOS DE COMPOSIÇÃO CORPORAL

Nos últimos anos, a prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado de


forma alarmante em todo o mundo. Esse aumento já é considerado um problema de
saúde pública e uma grande preocupação entre os profissionais da área, uma vez que
e as complicações trazidas pelo excesso de peso podem variar desde risco
aumentado de morte prematura a graves doenças não letais, mas debilitantes, que
afetam diretamente a qualidade de vida destes indivíduos, além de gerar elevados
gastos com saúde.

A obesidade é considerada um fator de risco independente para o


desenvolvimento das doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. Está
ainda fortemente associada a outros fatores de risco cardiovasculares (hipertensão,
diabetes e dislipidemias), elevando a magnitude da morbidade e mortalidade por
essas doenças.

O seu diagnóstico é, portanto, de fundamental importância para o


direcionamento das ações de saúde e redução da morbimortalidade.

Sabe- se que, a determinação do Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos


indicadores antropométricos mais utilizados na avaliação do estado nutricional de
populações, com a finalidade de explorar a associação entre obesidade e essas várias
doenças. Entretanto existem limitações com relação ao seu uso, já que ele não é
capaz de fornecer informações precisas sobre a composição corporal e a distribuição
da gordura corporal.

Como exemplo dessa limitação, um estudo em que mais de 30% dos indivíduos
que apresentaram excesso de gordura corporal foram classificados como eutróficos
pelo IMC, demonstrando sua baixa sensibilidade na identificação do excesso de
gordura corporal.

Outro exemplo citado importante é o uso do IMC em populações com um


padrão de atividade física mais intensa, em que pessoas com maior quantidade de
massa muscular podem apresentar elevado IMC, sem que a gordura corporal seja
excessiva. Assim, para melhor precisão diagnóstica existe uma série de métodos para
a avaliação de composição corporal, que varia segundo suas bases físicas, custo,
acurácia, facilidade de utilização e de transporte do equipamento.

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Dentre esses métodos e equipamentos, citaremos o DEXA (densitometria
computadorizada por absorciometria radiológica de dupla energia) e a Impedância
Bioelétrica ou Bioimpedância (BIA).

2.1 DEXA (densitometria computadorizada por absorciometria radiológica


de dupla energia)

Esse é considerado um dos métodos mais sofisticados, precisos e confiáveis,


seja qual for a idade, sexo, ou raça do avaliado.

Trata-se de um procedimento de imageamento de alta tecnologia que permite


a quantificação da gordura e do músculo, assim como do conteúdo mineral ósseo e
das estruturas ósseas mais profundas do corpo. Os raios X são emitidos por uma fonte
localizada abaixo do indivíduo, o qual permanece em posição supina sobre a mesa.
Após passar pelo indivíduo, os raios X atenuados são medidos por um detector. O
DEXA faz análises transversas do corpo, em intervalos de 1cm da cabeça aos pés.
Esta é uma técnica não invasiva considerada segura.

São determinados pela densitometria para composição corporal elementos


como: massa gorda, magra, óssea (em Kg), massa corporal total, massa livre de
gordura, percentual de gordura e de massa muscular, VAT (tecido adiposo visceral),
taxa de metabolismo basal.

Desses resultados destaca-se o VAT. Com o método densitométrico, é possível


estimar com precisão a quantidade e volume do tecido adiposo visceral, dentro da
região androide, sendo este o tipo específico de gordura relacionado a vários tipos de
doenças metabólicas, tais como câncer, hipertensão arterial, síndrome metabólica,
obesidade, diabetes tipo 2. Essa análise e acompanhamento se tornam de grande
importância pelo fato de que o VAT tem sido considerado recentemente, o fator de
risco mais importante na evolução das doenças cardiovasculares.

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2.1 Impedância Bioelétrica (BIA)

A análise da composição corporal por meio da BIA é baseada na condução de


uma corrente elétrica indolor, de baixa intensidade, aplicada ao organismo por meio
de cabos conectados a eletrodos ou superfícies condutoras, que são colocados em
contato com a pele. A impedância, dada pelos valores de reatância e resistência, é
baixa no tecido magro, onde se encontram, principalmente, os líquidos intracelulares
e eletrólitos, e alta no tecido adiposo.

A facilidade técnica, a alta reprodutibilidade, o custo relativamente baixo e por


ser considerado um método não invasivo tornam a BIA um método vantajoso e muito
utilizado atualmente para composição corporal.

A validade e a precisão desse método são influenciadas por vários fatores


como: tipo de instrumento, colocação do eletrodo, nível de hidratação e alimentação,
prática de exercícios anteriores ao teste, ciclo menstrual, temperatura ambiente e
equação de predição.

Para não comprometer o resultado da análise da composição corporal por BIA,


cuidados prévios devem ser levados em consideração.

Os aparelhos disponíveis para este tipo de avaliação fornecem os valores de


massa de gordura, percentual de gordura, massa magra, água corporal, taxa de
metabolismo basal, por meio de equações preditivas ajustadas para sexo, idade,
peso, altura e nível de atividade física.

Os métodos para análise de composição corporal estão disponíveis para


melhorar a precisão do diagnóstico de obesidade. Os resultados gerados podem ser
usados como parâmetros importantes na evolução do tratamento e acompanhamento
dos pacientes obesos.

Os métodos de avaliação da composição corporal são divididos em três grupos:


direto, indiretos e duplamente indiretos. O Quadro 1 expõe Algumas vantagens e
desvantagens em relação a cada método de avaliação da composição corporal.

1. O método direto, apesar de apresentar elevada precisão, tem utilidade


limitada, pois a análise é realizada por dissecação física ou físico-química de
cadáveres.

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2. Os métodos indiretos são procedimentos laboratoriais que oferecem
estimativas muito precisas sobre os componentes da composição corporal (Ex:
pesagem hidrostática, plestimografia, absorciometria de raio-x de dupla energia –
DXA, tomografia computadorizada – TC e ressonância magnética - RM). Esses
métodos são utilizados principalmente para validar as técnicas duplamente indiretas.

3. Os métodos duplamente indiretos são baseados nas medidas


antropométricas (perímetros corporais e dobras cutâneas) e na bioimpedância elétrica
(BIA). São classificados como “métodos duplamente indiretos”, pois resultam de
equações ou normogramas derivados dos métodos indiretos. Estas equações
normalmente são formuladas para populações muito específicas, como atletas, não-
atletas, jovens, idosos, crianças, homens, mulheres, negros, brancos e asiáticos, etc.

Os princípios básicos de obtenção da composição corporal são distintos entre


os métodos. Abaixo alguns exemplos:

BIA → Este método se baseia na condução de uma corrente elétrica de baixa


intensidade através do corpo, e posterior registro da condutibilidade e da resistência
promovida pelos diversos tecidos corporais ao fluxo da corrente elétrica. Os tecidos
que contêm pouca água e eletrólitos, tais como tecido adiposo e o tecido ósseo, são
maus condutores da corrente eléctrica, oferecendo grande oposição à passagem da
mesma. Tecidos biológicos como o sangue, as vísceras e os músculos são bons
condutores devido aos elevados conteúdos em fluidos e eletrólitos. A impedância é
uma combinação de dois componentes: Resistência (oposição da massa corporal
extracelular) e Reactância (oposição adicional das membranas celulares ou massa
corporal intracelular). Baseado nessas diferenças de condutividade, equações são
utilizadas para estimar a composição corporal.

DXA → Esse método é baseado na atenuação de raios em diferentes níveis de


energia e permite realizar a mensuração corporal total e por segmentos (cabeça,
tronco e membros). O princípio básico da absorciometria é o “escaneamento” com a
utilização de uma fonte de raio-x com um filtro que converte um feixe de raio-x em
picos fotoelétricos de baixa e alta energia que atravessam o corpo do indivíduo. Após
passar pelo corpo, os raios X atenuados são medidos por um detector discriminante
de energia. A atenuação diferenciada dos feixes de fótons nos tecidos orgânicos
permite a construção de imagens da área de interesse, e, após tratamento matemático

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das informações, torna-se possível estabelecer estimativas quanto à densidade e ao
conteúdo mineral ósseo, ao componente de gordura corporal e à massa isenta de
gordura dos tecidos não-gordurosos.

TC → Esse método é baseado na relação entre o grau de atenuação de um


feixe de raio-x e a densidade dos tecidos através dos quais o feixe passou. Desta
relação, uma imagem a duas dimensões da anatomia interior da área analisada pode
ser construída.

RM → Por esse método, uma imagem dos tecidos do corpo é gerada por
radiação eletromagnética, sob influxo de forte campo magnético que excita o núcleo
dos átomos de hidrogênio das moléculas de água e de lipídios. O núcleo emite sinais
que, captados pelo computador, são tratados e transformados em imagens,
permitindo assim diferenciar os tecidos moles (gordura e músculo) das estruturas
ósseas.

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Quadro 1: Algumas vantagens e desvantagens em relação a cada método de avaliação da
composição corporal.

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Fonte: LANUTRI, 2020.

Dentre os métodos utilizados para a avaliação da composição corporal, a BIA


tem sido amplamente utilizada, devido à forte correlação com métodos considerados
padrão ouro e à maior acessibilidade comparada a outros métodos mais complexos.
Entretanto, uma das maiores limitações desse método é a grande sensibilidade em
relação ao estado hídrico do avaliado, à ingestão de alimentos e à realização de

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atividade física antes do exame, sendo necessários protocolos pré-testes muito
rígidos.

Atualmente existe uma variedade de aparelhos de BIA no mercado, contudo, é


necessária a condução de pesquisas com o objetivo de testar os diferentes modelos
comercializados e a especificidade de suas equações preditivas para diferentes
populações, a fim de obter evidências sobre validade, precisão e confiabilidade dos
resultados obtidos. A seguir serão apresentados alguns artigos sobre comparação de
diferentes modelos portáteis de análise de BIA com outros equipamentos mais
precisos e/ou padrão ouro com objetivo de discutir a validade e confiabilidade desses
equipamentos para a prática clínica.

Em estudo realizado em adultos, a BIA (Tanita®, modelo UM 014, pé a pé)


superestimou o percentual de gordura corporal em homens e subestimou o percentual
de gordura corporal em mulheres, em comparação com DXA (LAMB et al., 2014).
Quando comparado os resultados da BIA (Tanita®, modelo BC 305, tetrapolar e
frequência simples de 50 kHz) com a TC, foi observada correlação positiva para
predição da gordura visceral, contudo, a precisão da BIA foi limitada, especialmente
entre os indivíduos com excesso de peso (IMC ≥ 25,0) (LU et al., 2017). Outro estudo
realizado com adultos e idosos, concluiu que a BIA (Biodynamics®, modelo 310,
tetrapolar) apresentou satisfatória sensibilidade e especificidade para predizer
gordura visceral nos dois grupos etários, quando comparada aos dados obtidos pela
TC.

Em um estudo com atletas (jogadores de basquete), foi observado que não


houve boas correlações entre DXA e as avaliações da composição corporal usando
dois equipamentos de BIA (Omron®, modelo 306C, mão a mão e frequência simples
de 50 kHz; Tanita®, modelo 521, pé a pé e frequência simples de 50 kHz) e dobras
cutâneas. No entanto, a BIA modelo pé a pé apresentou melhor padrão para
estimativa do percentual de gordura corporal em comparação ao DXA do que os
outros métodos. A correlação com o DXA foi menor para as dobras cutâneas do que
para os equipamentos de BIA.

Estudo realizado com adolescentes, comparou quatro equipamentos de BIA


(BIA 1- Biodynamics®, modelo 450, tetrapolar; BIA 2 - Tanita®, modelo BC-558,
tetrapolar; BIA 3 - Biospace InBody®, modelo 230, tetrapolar equipada com oito

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eletrodos táteis e BIA 4 – Tanita®, modelo 2220, bipolar) com DXA para predição do
percentual de gordura corporal. Foi observado que a BIA 3 apresentou resultados
mais próximos ao DXA, apresentando, também, maior concordância, enquanto a BIA
2 apresentou os piores resultados. De forma geral, os equipamentos de BIA
apresentaram boa capacidade preditiva para estimar o excesso de gordura corporal
em adolescentes.

Outro estudo realizado com BIA (Omron®, modelo BF 306W, multifrequência,


tetrapolar) em indivíduos com sobrepeso, não observou boa correlação entre a BIA e
o DXA para predição da gordura corporal. Os resultados da BIA subestimaram o
percentual de gordura, contudo, este método demonstrou ser mais eficaz para
mensurar alterações no percentual de gordura e na massa de gordura (kg) durante
um programa de perda de peso em indivíduos com sobrepeso em comparação ao
método de dobras cutâneas.

De acordo com os artigos discutidos, foi possível observar a utilização de


diversos modelos de BIA, com diferentes resultados entre eles. Nesse sentido, a
variação entre os resultados dos estudos pode ser em virtude das diferenças na faixa
etária, gênero, tipo de equipamento e protocolo de preparo utilizado. No geral, os
estudos concluíram que a BIA é um método válido para avaliação da composição
corporal, contudo, seus resultados oscilam de acordo com as especificidades técnicas
dos aparelhos.

Os dispositivos bipolares são os mais comuns e analisam a impedância dos


segmentos corporais inferiores (pé a pé) ou superiores (mão a mão). Esses
instrumentos bipolares geralmente são considerados menos precisos do que modelos
com mais eletrodos (tetrapolares ou octopolares) que medem a impedância em todo
o corpo. Vale ressaltar também que os modelos mais simples não oferecem os
resultados brutos do exame (Resistência e Reactância), fornecendo diretamente os
valores de percentual de gordura corporal e massa corporal magra (que são
calculados por equações do equipamento muitas vezes desconhecidas), não sendo
possível a utilização desses dados em equações para avaliação de populações
específicas (ex. obesos, atletas, adolescentes, etc).

Dessa forma, apesar da BIA parecer superestimar ou subestimar valores


quando comparada a outros métodos mais precisos, pode ser considerada um método

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alternativo por ser relativamente simples e prática, não invasiva e mais acessível
quando comparada aos equipamentos padrão ouro, podendo ser utilizada na prática
clínica e em estudos clínicos ou epidemiológicos para a avaliação da composição
corporal.

 SAIBA MAIS:
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=gcZF_7K4nyw para saber
mais sobre Métodos de avaliação da composição corporal: da teoria à
prática - 17/06/2020. e
https://www.youtube.com/watch?v=qO60V_4ug-s para saber mais sobre
Aula 1 - Avaliação da Composição Corporal - Curso Fundamentos da
Avaliação Física.

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 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL EM PEDIATRIA

Existem diversas técnicas de avaliação da composição corporal, sendo estas


classificadas em três formas: método direto, métodos indiretos e métodos duplamente
indiretos. O método considerado mais eficaz é o método direto, porém, por ser
possível somente com a dissecação de cadáver, torna-se inviável na prática clínica.
A tomografia computadorizada é considerada padrão-ouro para avaliação da
composição corporal, entretanto possui limitações que a torna pouco utilizada. Por
essa razão, a antropometria apresenta-se como a técnica mais utilizada para o
diagnóstico do estado nutricional em crianças.

Objetiva-se descrever os métodos de avaliação da composição corporal


utilizados na pediatria, apontando as vantagens e desvantagens de suas aplicações
descritas pela literatura.

Medidas de composição corporal podem ser utilizadas para avaliar tanto


padrões de crescimento e desenvolvimento quanto para quantificar a gordura corporal
relativa em crianças. O aumento da prevalência da obesidade infantil e o fato de se
tratar de um fator de risco para a obesidade adulta, além de preditor de doenças
cardiovasculares, torna a avaliação cuidadosa da composição corporal na criança
uma importante variável de promoção da saúde.

O interesse em medir a quantidade dos diferentes componentes do corpo


humano iniciou-se no século 19 e aumentou no final do século 20 devido à associação
entre o excesso de gordura corporal e o aumento do risco de desenvolvimento de
doenças coronarianas, diabetes melito tipo 2, ósteo-artrites e até mesmo alguns tipos
de câncer.

Até o início do século 20, a análise da composição corporal ainda era feita por
meio de dissecação de cadáveres, considerada até hoje a única maneira direta de
medir os principais componentes do corpo humano. Em 1940, Behnke iniciou estudos
que objetivavam estabelecer métodos indiretos para determinar a composição
corporal. Os trabalhos pioneiros de Behnke e Brozek obtiveram dois resultados ainda

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válidos: o estabelecimento da pesagem hidrostática como padrão-ouro para todos os
outros métodos indiretos e o estabelecimento do modelo de dois componentes (peso
gordo e peso magro) como base para estudos de composição corporal.

A maioria dos métodos utilizados para avaliar a composição corporal é validada


em adultos, sendo em menor número os estudos de validação em crianças. Tem-se
como objetivo revisar as técnicas mais utilizadas de análise de composição corporal
em crianças, enfocando os estudos de validação desses métodos para o referido
grupo etário.

1.1 MÉTODO DIRETO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Considerado o método mais preciso de avaliação, o método direto isola cada


componente corporal, possibilitando assim a pesagem de forma isolada. Entretanto
sua utilização é muito limitada, pois é realizada por meio da dissecação de cadáveres.
Ressalta-se aqui que não foram encontradas publicações de estudos que utilizaram o
método direto em crianças, logo, os valores utilizados para os diferentes componentes
corporais não podem ser extrapolados para crianças.

1.2 MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO

3.2.1 Métodos por imagem

Segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade, os exames de imagem


utilizados para avaliação da composição corporal são a Tomografia Computadorizada
(TC), Absortometria Radiológica de Raio X de Dupla Energia (DEXA), Ressonância
Nuclear Magnética (RNM) e Ultrassonografia (USG).

3.2.2 Tomografia Computadorizada - TC

É considerada a técnica mais acurada e reprodutível para aferição da gordura


corporal, tida como referência para comparação com outros métodos de avaliação da
composição corporal, especialmente do tecido adiposo abdominal. É um
procedimento no qual se obtém imagens de altíssima resolução, por meio de um feixe
de radiação ionizante, permitindo a diferenciação da gordura subcutânea e visceral.

3.2.3 Absortometria Radiológica de Raio X de Dupla Energia – DEXA

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A DEXA fragmenta a massa corporal em três componentes: conteúdo mineral
ósseo, gordura e tecido macio livre de minerais e gordura. É um método no qual o
indivíduo é escaneado através de dois raios X, que realizam análises transversas
intervaladas em 1 cm da cabeça aos pés. Apesar de projetada para adultos, a DEXA
apresenta boa reprodutibilidade em crianças.

3.2.4 Ressonância Nuclear Magnética – RNM

Na RNM, a imagem é obtida por meio da interação de um campo magnético


intenso de frequência específica com o campo magnético dos núcleos do corpo
humano, que constituem os diversos átomos dos órgãos e tecidos, possibilitando
mensurar o número de núcleos de hidrogênio do tecido. A repetição desse processo
forma uma imagem de corte transversal e quantifica a gordura total e subcutânea.

3.2.5 Ultrassonografia – US

Consiste na conversão da energia elétrica transmitida para o corpo em ondas


sonoras de alta frequência, podendo mapear a espessura do músculo e da gordura
em diferentes regiões corporais, quantificando mudanças no padrão topográfico da
gordura.

3.2.6 Pesagem Hidrostática – PH

Esse método define o volume corporal pelo cálculo da diferença entre o peso
aferido normalmente e a medição do corpo submerso em água. Uma vez obtido esse
valor, é possível determinar muito fidedignamente a densidade corporal e, com o
auxílio de equações como as propostas por Siri (1961) e Brozek (1963), estima-se o
percentual de gordura corporal.

3.2.7 Pletismografia – PLE

A PLE estima o volume corporal por meio do deslocamento de ar, determinando


o volume corporal, a densidade corporal e, consequentemente, o percentual de
gordura. O avaliado é colocado dentro de um equipamento denominado Bod Pod®,
instrumento que determina as variações no volume e pressão de ar, realizando ajustes
para variáveis pulmonares necessárias na estimativa do volume corporal.

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3.2.8 Condutividade Elétrica Total – CET

A CET foi desenvolvida para mensurar a composição corporal por meio de


condutividade elétrica, na qual o avaliado é envolvido por um rolo eletromagnético.

3.2.9 Análise de Ativação de Nêutrons – AAN

Técnica baseada nas reações nucleares para mensurar os elementos múltiplos


da composição do corpo humano (cálcio, sódio, cloro, fósforo e nitrogênio),
fornecendo estreita relação com os componentes químicos. Por meio do nitrogênio
total, pode-se estimar a massa muscular e não muscular com seus respectivos
conteúdos de proteína, usando modelos matemáticos e, assim, calcular a gordura
corporal por meio da diferença.

3.2.10 Hidrometria – HID

Método invasivo que estima com precisão a quantidade de água corporal total
(ACT). Determinada quantidade de isótopos de hidrogênio é administrado oralmente
e, após algum período, a concentração dos isótopos é determinada nos fluidos
corporais, sendo o valor da ACT extrapolado de acordo com o princípio da diluição. A
massa magra é estimada por meio de fatores de hidratação específicos para a idade,
e a massa livre de gordura é obtida por diferença.

3.2.11 Excreção Urinária de Creatinina – EUC

Existe relação direta da massa muscular com a quantidade de creatinina


corporal, uma vez que a creatinina é produto final do metabolismo proteico,
fornecendo um parâmetro de massa muscular. Com uma maior excreção da creatinina
urinária, supõe-se maior quantidade de massa muscular.

3.2.12 Potássio Corporal Total – PCT

Estima a massa livre de gordura por meio da determinação do potássio total


existente no corpo pela técnica de espectrometria de raios gama. Estabelecendo-se a
quantidade de potássio corporal total, a massa livre de gordura pode ser estimada.

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1.3 MÉTODOS DUPLAMENTE INDIRETOS DE AVALIAÇÃO

3.3.1 Interactância Quase-Infravermelha – IQI

Técnica originada nos princípios de absorção e reflexão da luz por meio da


densidade óptica (DO), utilizando-se um espectrofotômetro quase infravermelho,
supondo que medidas de interactância podem caracterizar a composição corporal. A
gordura absorve e a massa muscular reflete luz, logo, uma maior absorção de luz
infravermelha é igual a uma menor DO.

3.3.2 Bioimpedância – BIA

Baseia-se na condução de eletricidade de baixa intensidade pelo corpo. A


resistência ao fluxo da eletricidade (impedância) varia de acordo com o tecido que
está sendo aferido. A massa muscular, devido à elevada concentração de água e
eletrólitos, é boa condutora de energia, ao contrário da gordura. Ou seja, quanto maior
a massa muscular de um indivíduo, menor será a resistência à corrente elétrica.

3.3.3 ANTROPOMETRIA E COMPOSIÇÃO CORPORAL

Apresenta-se como o método mais utilizado para o diagnóstico do estado


nutricional, sobretudo em crianças. Os parâmetros antropométricos mais utilizados
para avaliar o estado nutricional na pediatria são: peso, estatura, circunferências e
dobras cutâneas.

Peso

A medida de massa corporal mais tradicional é o peso isolado, sendo a medida


antropométrica mais simples de ser aferida. É a soma de todos os componentes
corpóreos, refletindo o equilíbrio proteico-energético, o que permite identificar de
forma precoce alterações no estado nutricional. Modifica-se de forma intensa e rápida
em curto espaço de tempo, expressando alterações agudas no estado nutricional.

O Ministério da Saúde recomenda, para crianças menores de dez anos, a


utilização de dois índices antropométricos derivados do peso: peso/idade (PI) e
peso/altura (PA). O PI expressa o peso para a idade cronológica, sendo indicado para

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o acompanhamento do crescimento, refletindo a situação global da criança, apesar de
não diferenciar o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou
crônicos. O PA descarta a idade, verificando a coerência entre as dimensões de peso
e altura. É sensível para o diagnóstico de excesso de peso, entretanto necessita de
medidas complementares para um melhor diagnóstico.

Estatura

A estatura engloba as medidas de comprimento e altura. Para crianças


menores de dez anos, o Ministério da Saúde recomenda a utilização do índice altura/
idade (AI), que expressa o crescimento linear da criança, considerado bastante
sensível para mensurar a qualidade de vida da população, uma vez que indica o efeito
cumulativo de situações negativas sobre o crescimento.

Comparado ao peso, modificações na estatura ocorrem em períodos mais


prolongados, logo, déficits nutricionais refletem nessa medida, determinando
alterações crônicas do estado nutricional.

Índice de Massa Corporal – IMC

O IMC é uma variável dependente do peso e da estatura. É obtido mediante a


divisão do peso (kg) pelo quadrado da estatura (m), sendo considerado a ferramenta
mais utilizada para o diagnóstico do estado nutricional em todas as idades.

Medidas de perímetros

As medidas de perímetro mais utilizadas na avaliação da composição corporal


de crianças são: circunferência da cintura e relação cintura/quadril. A preocupação
com o padrão de distribuição regional da gordura corporal justifica-se em razão da
associação entre complicações para a saúde decorrentes de disfunções metabólicas
e cardiovasculares e um maior acúmulo de gordura na região central do corpo,
independentemente da idade e da quantidade total de gordura corporal.

Vários estudos sobre diagnóstico de obesidade e determinação de tipo de


distribuição da gordura utilizam, de forma simultânea ou não, o IMC, a circunferência
da cintura e a relação cintura/ quadril. Estudos mostram que a circunferência da
cintura pode ser um instrumento mais seguro para determinar a adiposidade central
tanto em adultos como em crianças.

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Avaliaram a distribuição da gordura corporal pelo DEXA, a circunferência da
cintura e a relação cintura/quadril. Encontraram um coeficiente de correlação de 0,80
para a circunferência da cintura e 0,39 para a relação cintura/quadril, sendo que a
correlação das duas medidas foi maior nas meninas.

Analisaram a sensibilidade da circunferência da cintura e da relação


cintura/quadril em comparação à gordura abdominal medida pelo DEXA em 580
crianças e adolescentes entre três e 19 anos de idade. A área abaixo da curva ROC
(Receiver Operating Characteristics Curve) para a circunferência da cintura em
meninas e meninos foram significativamente maior do que a área para a relação
cintura/quadril (área abaixo da curva de 0,97 para a circunferência da cintura em
ambos os sexos e área baixo da curva de 0,73 e de 0,71 para a relação cintura/quadril
em meninas e meninos).

Em estudo realizado no Brasil, avaliaram 419 crianças entre sete e nove anos
de idade e correlacionaram o IMC com a circunferência da cintura e a relação cintura/
quadril dos escolares, encontrando correlação de 0,87 entre IMC e circunferência da
cintura e de 0,46 entre IMC e relação cintura/quadril.

Uma grande limitação para a utilização da circunferência da cintura em crianças


é a inexistência de um ponto de corte recomendado mundialmente para avaliar o risco
de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.

Circunferências

As circunferências corporais correspondem aos chamados perímetros, e


derivam da estrutura óssea, gordura corporal e massa livre de gordura. São
consideradas medidas úteis no acompanhamento do crescimento, e podem auxiliar
no diagnóstico do estado nutricional. Na pediatria, as circunferências mais utilizadas,
são a circunferência abdominal (CA), circunferência da cintura (CC), circunferência do
quadril (CQ), circunferência do pescoço (CP) e circunferência do braço (CB).

Circunferência Abdominal - CA e Circunferência da Cintura – CC

A CA e a CC são utilizadas para prognosticar riscos de doenças


cardiovasculares. Estão relacionadas a excesso de gordura abdominal e a fatores de
risco cardiovascular. O local de aferição é o que diferencia as medidas. A CC é

21
realizada na menor circunferência entre a última costela e a crista ilíaca, e a CA é
estabelecida sobre a cicatriz umbilical.

Razão Cintura/Quadril – RCQ

A CC pode ser utilizada para a determinação da RCQ, com o auxílio da


circunferência do quadril (CQ), obtida pela divisão entre a CC (cm) pela CQ (cm). A
RCQ é utilizada frequentemente em estudos epidemiológicos em adultos, por ser uma
medida auxiliar na determinação da obesidade e da síndrome metabólica. Em estudos
pediátricos, vários autores descrevem que esse método não é recomendado para a
avaliação nutricional, pois possui baixa correlação com o IMC e outros indicadores de
obesidade na infância.

Razão Cintura/Estatura – RCE

A RCE vem ganhando popularidade em estudos populacionais por possuir forte


correlação com diversos fatores de risco cardiovasculares em crianças e adultos. Essa
medida é obtida pela divisão da CC (cm) pela estatura (cm). Pesquisas demonstraram
que esse indicador é fortemente associado a fatores de risco cardiovasculares tanto
em adultos quanto em crianças, discriminando risco coronariano melhor do que o IMC,
CA e CC isoladas, pois apresenta alta correlação com a gordura visceral e com fatores
de risco para doenças cardiovasculares, apresenta baixa correlação com idade, etnia
e sexo, logo, o ponto de corte seria o mesmo para adultos e crianças.

Índice de Conicidade – IC

O IC também tem por objetivo verificar a distribuição da gordura e o risco de


doenças cardiovasculares, baseando-se na ideia de que o corpo se modifica,
passando do formato de um cilindro para o de um cone duplo, a partir do momento
em que há acúmulo de gordura na região abdominal.

Circunferência do Pescoço – CP

Pesquisas sugerem a utilização da CP como indicativo de acúmulo de gordura


subcutânea, uma vez que possui as mesmas praticidades da CA e da CC, porém não
é influenciada por movimentos respiratórios ou distensão abdominal. Em adultos,
existem comprovações de que o aumento da CP, assim como na CA e a CC, associa-

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se ao risco cardiovascular, à resistência à insulina e à síndrome metabólica. A CP,
inclusive, pode representar um melhor parâmetro de risco cardiovascular, quando
comparado à gordura visceral, uma vez que ela não é a principal fonte das
concentrações circulantes de ácidos graxos livres (AGL), sendo o pescoço
responsável por uma maior liberação de AGL, principalmente, em obesos.

Circunferência do Braço – CB

A CB é um indicador que pode ser utilizado sozinho ou associado com a dobra


cutânea triciptal para mensurar composição corporal. Recomenda-se a utilização
desse parâmetro, quando dados de peso e estatura não estão disponíveis, sendo uma
técnica prática e factível durante o exame clínico.

Área Muscular do Braço - AMB e Área de Gordura do Braço – AGB

As medidas CB e da dobra cutânea triciptal (DCT) são medidas essenciais para


determinação de dois indicadores muito utilizados em pediatria: AMB e AGB. Essas
medidas possibilitam uma noção das reservas musculares e de gordura.

Dobra Cutânea - DC e Percentual de gordura - % g

Visam complementar o diagnóstico da obesidade, em associação com o Peso,


CC, CA e IMC, inclusive na infância. Fornece informações sobre a quantidade e
distribuição de gordura pelo corpo, sendo um método não invasivo e bem sensível
para avaliação da gordura corporal, uma vez que a gordura subcutânea constitui de
40 a 60% da gordura total. É realizada com o auxílio de um aparelho chamado
adipômetro (ou plicômetro) como mostra a figura 1 e 2, sendo as dobras mais
utilizadas na prática pediátrica: triciptal (DCT), subescapular (DCSb), supra-ilíaca
(DCSi), biciptal (DCB) e panturrilha medial (DCP).

Figura 1: Adipómetros de alta precisão e de plástico

23
Fonte: Gonçalves e Mourão, 2008.

Figura 2: Anatomia de uma prega adiposa

Fonte: Gonçalves e Mourão, 2008.

As vantagens e desvantagens de cada método estão descritas nos quadros 2


e 3.

24
Quadro 2 - Apresentação das principais vantagens e desvantagens dos métodos indiretos de
avaliação da composição corporal e crianças

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TC = Tomografia Computadorizada; DEXA = Absortometria Radiológica de Raio X de Dupla
Energia; RNM = Ressonância Nuclear Magnética; USG = Ultrassonografia; PH = Peso hidrostático;
PLE = Pletismografia; CET = Condutividade Elétrica Total; AAN = Análise de Ativação de Nêutrons;
HID = Hidrometria; EUC = Excreção Urinária de Creatinina; PCT = Potássio Corporal Total; IMC = índice
de massa corporal; CC = circunferência da cintura; CA = circunferência abdominal; DC = dobras
cutâneas; MLG = massa livre de gordura; ACT = água corporal total; + = Baixo custo; ++ = custo
elevado; +++ = altíssimo custo.

Fonte: SOUZA, et. al., 2018.

Quadro 3 - Apresentação das principais vantagens e desvantagens dos métodos duplamente


indiretos de avaliação da composição corporal e crianças

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* Não invasivo; inócuo; fácil realização; universalmente aplicável; boa aceitação; útil para
rastrear agravos nutricionais; sensível e objetivo para detectar alterações no estado nutricional;
expressa alterações agudas no estado nutricional. IQI = Interactância Quase-infravermelha; BIA =
Bioimpedância: MLG = Massa Livre de Gordura; IMC = índice de massa corporal; %g = Percentual de
Gordura Corporal; CC = Circunferência da Cintura; CA = Circunferência Abdominal; RCE = Razão
Cintura/Estatura; RCQ = Razão Cintura/Quadril; IC = Índice de Conicidade; CP = Circunferência do

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Pescoço; CB = Circunferência do Braço; AMB = Área Muscular do Braço; AGB = Área de Gordura do
Braço; DCT = Dobra Cutânea Triciptal; DC = Dobras cutâneas; + = Baixo custo.

Fonte: SOUZA, et. al., 2018.

O método direto continua sendo a avaliação mais precisa da avaliação da


composição corporal, entretanto é impossível de ser realizada, por se tratar de
estudos com cadáveres. Ressalta-se que não há publicações de estudos com
métodos diretos realizados com crianças.

Com relação aos métodos indiretos, os exames de imagem possuem boa


correlação com o método direto, principalmente a TC e a DEXA, sendo estes os
métodos mais recomendados e utilizados pelas pesquisas nessa linha, porém
apresentam custo elevado, o que os tornam praticamente inviáveis na prática clínica
com o objetivo da determinação da composição corporal. A ultrassonografia aparece
como uma alterativa de imagem com um custo um pouco mais acessível, entretanto
o método possui limitações e não é unanimidade entre os pesquisadores. Os exames
de AAN, EUC, PCT e IQI não apresentaram correlação com nenhum outro método, o
que permite duas interpretações: ou necessitam de mais estudos para tentar encontrar
correlações ou a utilização desses métodos não se faz necessária, especialmente a
EUC, que não apresentou nenhuma vantagem.

Os métodos duplamente indiretos, especialmente a antropometria, continuam


sendo os mais utilizados na prática clínica e em estudos epidemiológicos, sendo o
IMC, CC, CA e DC os mais comumente mencionados. Alerta-se para o
desencorajamento da utilização da RCQ como indicador, por não possuir correlação
com nenhum método de avaliação corporal. A BIA vem conquistando cada vez mais
espaço, sendo um equipamento que pode auxiliar no diagnóstico ambulatorial,
entretanto a diversidade de equipamentos, a interferência da hidratação e a
necessidade de preparação prévia ainda são entraves para a adoção em grande
escala dessa tecnologia. Ressalta-se o crescimento de dois indicadores relativamente
recentes: RCE e CP, sendo que a CP é apontada como um método fácil, com boas
correlações e mais indicado para determinação de risco cardiovascular do que os
métodos antropométricos mais utilizados pela literatura (CC e CA) e, mesmo assim,
essa medida ainda é pouco utilizada por pesquisadores.

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1. REFERÊNCIAS

Métodos De Avaliação Da Composição Corporal. Texto elaborado pela Equipe


Técnica do Laboratório de Avaliação Nutricional (LANUTRI) do Instituto de Nutrição
Josué de Castro (INJC). Disponível em: https://lanutri.injc.ufrj.br/wp-
content/uploads/2020/07/M%C3%A9todos-de-Avalia%C3%A7%C3%A3o-da-
Composi%C3%A7%C3%A3o-Corporal-LANUTRI-INJC.pdf. Acesso em 21 out 2020.
PEDROSA, Clarissa Ricardo. Métodos de Composição Corporal. Boletim Técnico
Hermes Pardini. ano 2 | número 8 | agosto de 2014.
SOUZA, Elton Bicalho de; SARON, Margareth Lopes Galvão; FILHO, Antonio de
Azevedo Barros. Métodos De Avaliação Da Composição Corporal Em Pediatria.
Cadernos UniFOA, Volta Redonda, n. 37, p. 123-136, ago. 2018.
Mônica de Souza L. Sant’Anna, et al. Métodos de avaliação da composição
corporal em crianças. Rev Paul Pediatr 2009;27(3):315-21.
Paulo Jorge Martins Mourão e Francisco José Miranda Gonçalves. A Avaliação da
Composição Corporal – A Medição de Pregas Adiposas como Técnica para a
Avaliação da Composição Corporal. Motri. v.4 n.4 Santa Maria da Feira dez. 2008

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