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REABILITAÇÃO CARDÍACA

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................... Erro! Indicador não definido.


2. INFARTO AGUDO DO MIORCÁDIO ..................... Erro! Indicador não definido.
3. REABILITAÇÃO CARDÍACA .................................. Erro! Indicador não definido.
4. FASE II .................................................................. Erro! Indicador não definido.
5. FASE III ................................................................. Erro! Indicador não definido.
6. FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO CARDÍACA . Erro! Indicador não definido.
7. I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR.......... Erro!
Indicador não definido.
8. OBJETIVOS DA FISIOTERAPIA CARDIOVASCULARErro! Indicador não
definido.
8.1 Avaliação Fisioterapêutica Cardiovascular ......... Erro! Indicador não definido.
9. FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR NA FASE II Erro! Indicador não definido.
10. FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR NA FASE IIIErro! Indicador não definido.
11. A INTERVENÇÃO ................................................ Erro! Indicador não definido.
12. ASPECTOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA ..... Erro! Indicador não definido.
13. AS FASES DA REABILITAÇÃO CARDÍACA...............................................9
13.1 Fase hospitalar.......................................................................................10
13.2 Fase ambulatorial...................................................................................10
13.3 Fase de manutenção (supervisionada ou não supervisionada).............10
14. A IMPORTÂNCIA DA COLETA DE DADOS.............................................10
14.1 Análise....................................................................................................11
15. BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA NO PÓS-OPERATÓRIO DE
PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE CARDÍACO.....................11
16. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO TRATAMENTO PÓS-TRANSPLANTE
CARDÍACO.............................................................................12
17. FASES DE TRATAMENTO ATRAVÉS DE EXERCÍCIO...........................12
17.1 Fase hospitalar.......................................................................................12
17.1.1 Exercícios respiratórios.....................................................................12
17.1.2 Tapotagem ou percussão pulmonar..................................................13
17.1.3 Vibração manual pulmonar................................................................13
17.2 Fase Ambulatorial...................................................................................14
17.2.1 Treino aeróbico..................................................................................14

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17.3 Fase de manutenção ou não supervisionada.........................................15
18. CUIADADOS NECESSÁRIOS COM O SEU PACIENTE PÓS-
CIRURGIA.........................................................................................................15
18.1 Restrições de exercícios.........................................................................15
Referências .................................................................. Erro! Indicador não definido.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, foi verificado que o número de óbitos causado pelas doenças
cardíacas teve um aumento significante, atualmente elas representam cerca de 75%
de óbitos no mundo.
A doença arterial coronária é a segunda causa de morte no Brasil, perdendo
apenas para a doença vascular cerebral.
Estima-se que no ano de 2020 as causas de óbitos causados pelas cardiopatias
superem os 40 milhões no mundo todo (GUIMARÃES, 2016).
O infarto agudo do miocárdio (IAM) ocorre quando o fluxo sanguíneo, que é
levado ao miocárdio, é interrompido total ou parcialmente por trombos, agregação
plaquetária, entre outros motivos.
Esse bloqueio irá causar uma morte celular irreversível, sendo esse tecido
contrátil substituído por células cicatriciais fibróticas, sem a capacidade de contração
(PASCHOAL, 2010).
A Organização mundial de saúde (OMS) defini a reabilitação cardíaca como: A
soma de atividades necessárias para influenciar, favoravelmente, tanto a causa
subjacente da doença, quanto as melhores condições físicas, mentais e sociais, de
maneira que os pacientes possam, por meio de seus próprios esforços, preservar ou
reassumir, quando perdido, um papel tão normal quando possível dentro da
comunidade (PASCHOAL, 2010, p. 4)
A reabilitação cardíaca (RC) é aplicada em pacientes que sofreram um infarto
agudo do miocárdio, cirurgias cardíacas e outras afecções do coração.
A RC envolve uma equipe multiprofissional que ajuda com aconselhamento
nutricional, orientações aos fatores de riscos, prescrição de medicamentos, sendo a
terapia com exercícios a mais importante no programa de reabilitação (RICARDO;
ARAÚJO, 2006).
O tratamento de pacientes cardiopatas submetidos à reabilitação cardíaca visa
a recuperação e manutenção da função atrioventricular, e também do alívio dos
sintomas, sendo assim os indivíduos em tratamento com a RC terão uma recuperação
mais rápida, maior sobrevida e menores chances de problemas cardiovasculares
recorrentes ocorrerem. (CASTINHEIRAS-NETO et al., 2008).

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Na RC, o fisioterapeuta atua na Unidade de Terapia Intensiva, Unidade
Coronária (UC), enfermarias e também na casa do paciente após a sua alta hospitalar.
Também atua nas clinicas e centros de reabilitação. A função do fisioterapeuta
na RC é de aplicar o programa de reabilitação cardíaca com ênfase nos exercícios,
além disso ele quem faz a mobilização precoce e atua na ventilação mecânica.
Ele é o profissional responsável para diminuir problemas gerados pela
permanência do paciente no leito por muito tempo, além de outras funções
(PASCHOAL, 2010).
O enfermeiro atua na RC fazendo a anamnese de enfermagem que permite
avaliar os conhecimentos prévios do paciente acerca de sua doença.
Dessa forma, quando o enfermeiro realiza o levantamento dos sinais e
sintomas acabam por adquirir ferramentas que o auxiliam a oferecer uma melhor
orientação no período da alta hospitalar, permitindo ao sujeito uma vigilância mais
rígida na descoberta precoce de eventuais complicações do seu quadro (ALMEIDA,
2009).
Com base no exposto, o presente artigo tem como objetivo demostrar como ocorre
a atuação do fisioterapeuta e do enfermeiro na RC e identificar os principais desfechos
clínicos resultantes da atuação destes profissionais nos programas de reabilitação
cardíaca por meio de uma revisão integrativa.

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2. INFARTO AGUDO DO MIORCÁDIO

Doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte no Brasil, com 29%


dos óbitos em 2010.
Dentre estas doenças cardiovasculares, o infarto agudo do miocárdio é
segunda causa de morte.
Cerca de 15% dos pacientes internados em hospitais por infarto agudo do
miocárdio vão a óbito. Nos países desenvolvidos houve uma redução na mortalidade
de doenças cardiovasculares.
Esta redução se dar por conta da prevenção primária e também pela forma de
tratamento (MARCOLINO et al., 2013). Cerca de 50% dos pacientes que tiveram
infarto agudo do miocárdio, apresentaram um fator desencadeante.
Entre esses fatores, os mais comuns são: estresse emocional, exercícios
intensos realizados por indivíduos não capacitado para realizá-los, tromboembolismo,
medicamentos vasoconstritores, hipoxemia extrema, drogas ilícitas, demanda
excessiva de oxigênio no miocárdio com a presença de uma obstrução coronária,
podendo esse ser o fator determinante do infarto agudo do miocárdio (SERRANO,
2010.)
O infarto do miocárdio é um processo que pode levar à necrose de parte do
músculo cardíaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigênio, consequente
à obstrução do fluxo coronariano, transitória ou permanentemente, de magnitude e
duração suficiente para não ser compensado pelas reservas orgânicas (FIQUEIRA,
2016, p. 3).
O infarto agudo do miocárdio ocorre quando trombos (coágulos sanguíneos) ou
placas de gorduras (aterosclerose), que podem estar presentes nos vasos
sanguíneos, vão parar nas artérias coronárias, ocasionando uma oclusão.
Com isso a parte do músculo cardíaco que é irrigada pela artéria obstruída irá
ter uma perda do suprimento sanguíneo.
Dependendo da duração dessa isquemia o tecido muscular pode vir a ter uma
necrose celular e uma parada cardíaca (CANTELLE; LANARO, 2011).
A dor torácica é a principal manifestação clínica de um infarto agudo do
miocárdio.

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Essa dor é muito intensa e ela pode ser caracterizada como constrição, peso,
aperto, queimação e ardência. Pode ser desencadeada durante uma atividade intensa
ou em um esforço físico grande, mas na maioria das vezes a dor ocorre em repouso.
Essa dor pode ter duração de 20 minutos ou até mesmo horas. Na maioria das
vezes, essa dor é acompanhada de náuseas, sudorese, vômitos e palidez.
A dor pode ser na região do epigástrio e do retroesternal, podendo irradiar para
os membros superiores, com mais frequência para o membro esquerdo, com
formigamento nesse membro (SERRANO, 2010).
Além da dor o paciente irá apresentar pulso rápido e fraco e também dispneia.
Outros sintomas podem estar presentes como: náuseas, vômitos, sudorese, palidez,
palpitações e fraqueza.
O infarto também pode ser assintomático, cerda de 10 a 15 % dos casos de
infarto.
Existem fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo o infarto,
como: sedentarismo, hipertensão arterial, tabagismo, diabetes mellitus, obesidade,
hipercolesterolemia e histórico familiar (CANTELLE; LANARO, 2011).

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3. REABILITAÇÃO CARDÍACA

Na década de 70, os pacientes eram aconselhados a ficarem de repouso por


pelo menos 3 semanas pós-infarto, visando a melhor cicatrização do miocárdio.
Entretanto, foi observado que o repouso prolongado estava acometendo os
pacientes com hipotrofia muscular, redução da capacidade funcional, da volemia e
também com aumento da pressão arterial.
Com isso surgiu a necessidade de criar um programa de tratamento que
diminuísse esses efeitos. Assim foi criado a RC, que por meio de exercícios físicos e
outras terapias, diminui os efeitos do repouso prolongado e o tempo de internação
hospitalar (PIEGAS et al., 2009).
A reabilitação cardíaca corresponde a uma soma de intervenções de vários
profissionais de saúde para restaurar funções funcionais perdidas pelo processo da
doença cardiovascular e assegurar melhores condições físicas, como também sociais
e psicológicas.
A RC tem a função de reverter as sequelas emocionais e físicas trazidas pela
doença, fazendo o paciente voltar com suas atividades de vida diária (CARVALHO,
2006).
Os programas de reabilitação cardíacas tem como objetivo a recuperação dos
pacientes que foram acometidos por alguma patologia cardíaca, especialmente o
infarto agudo do miocárdio.
Os objetivos específicos são: recuperação da independência funcional,
diminuição das limitações aderidas pelo processo patológico, reduzir o risco de
complicações e de óbito, dar apoio social, combatendo a ansiedade e depressão que
podem surgir após o processo patológico, garantir o retorno do paciente a suas
atividades de vida diária e prevenir possíveis sequelas e limitações da doença
(DUARTE, 2009).
A reabilitação cardíaca é dividida em quatro fases.
A fase I é iniciada com o paciente ainda internado, a fase II é iniciada após a
alta hospitalar e tem duração de três a seis meses, a fase III é a fase crônica, que
pode ter uma duração de seis meses a um ano e a fase IV que o paciente tem a
autonomia de realizar as atividades sozinho (SILVA; FASE I – Nesta fase a RC é
iniciada com o paciente ainda internado.

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O objetivo nessa fase é de prevenir eventuais complicações, aumentar a
independência e condicionar a musculatura debilitada pela imobilização.

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4. FASE II

Após a alta hospitalar inicia-se a fase do II da RC. Nesta fase o paciente para
a alta hospitalar (BUENO, et al., 2006). A reabilitação pode ser feita em casa ou em
centros especializados.
Os exercícios físicos são na sua maioria aeróbicos e de intensidade
submáxima.
Os objetivos nessa fase são: desenvolvimento de uma melhor capacidade
funcional, adquirir um maior condicionamento físico, retorno das atividades de vida
diária e melhorar a qualidade de vida.

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5. FASE III

A terceira fase tem duração de seis a doze meses dependendo de cada


paciente.
Para iniciar esta fase o paciente precisa ter uma estabilidade clínica e um nível
de aptidão física maior, pois nessa fase a intensidade dos exercícios são maiores,
assim estará desenvolvendo uma capacidade física maior de acordo com a
capacidade funcional do coração.
Os exercícios físicos poderão ser aeróbicos de maior intensidade, podendo
usar pesos.
Também pode ser agregado ao programa de FASE IV – Nesta fase o paciente
pode realizar as atividades físicas sozinho, podendo ser em casa ou em ambientes
externos.
Entretanto o programa deexercícios atividades lúdicas (BUENO, et al., 2006).
Exercícios ainda deve ser prescrito pelo fisioterapeuta e realizar reavaliações
periódicas (4 a 6 meses) para uma atualização dos exercícios.
Os objetivos nesta fase são de aumentar a potência aeróbica, como também a
capacidade funcional, diminuindo assim os riscos de uma nova patologia cardíaca
(GARDENGHI; DIAS, 2007).

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6. FISIOTERAPIA NA REABILITAÇÃO CARDÍACA

O imobilismo no leito traz uma série de problemas motores e cardíacos,


afetando a frequência cardíaca, diminuindo o volume de sangue sistólico, atrofiando
músculos e os enfraquecendo.
Leva a contraturas da musculatura e osteoporose. Para diminuir os efeitos
negativos da imobilização no leito, o fisioterapeuta utiliza técnicas da fisioterapia
motora e elabora um programa de exercícios físicos para serem realizados com o
paciente no leito (RODRIGUES, 2002).
O exercício físico contribui para redução de patologias cardiovasculares,
portanto a inatividade física é um dos fatores desencadeante dessas patologias.
A realização de exercícios regular provoca um estresse fisiológico no
organismo, assim o organismo terá uma adaptação morfológica e funcional para dar
maior condicionamento físico ao corpo frente a um estresse físico grande, como a
atividade física (MORAES, et al., 2005).
O fisioterapeuta tem a função de tratar e prevenir possíveis problemas
respiratórios que possam vim a acontecer durante a reabilitação cardíaca e também
por conta do imobilismo no leito.
Ele realiza exercícios respiratórios, higiene brônquica, técnicas de reexpansão
pulmonar, drenagem brônquica, espirômetro de incentivo e ventilação mecânica não
invasiva.
Além de preparar e condicionar o sistema respiratório para os exercícios físicos
(ARCENCIO; et al.,2008).
A atuação do fisioterapeuta na reabilitação é de extrema importância, pois ele
é o profissional habilitado para realizar exercícios cinéticos-funcionais que visam a
reabilitação cardiopulmonar.
Assim o paciente ao fim do programa de reabilitação cardíaca terá uma maior
capacidade aeróbica, maior resistência muscular e cardíaca, que irá proporcionar uma
melhora na qualidade de vida e o retorno do mesmo as suas atividades de vida diária
(RABBO; et al.,2010).
O fisioterapeuta pode atuar no período de pré-intervenção, que é indicada para
pacientes de alto risco, como idosos, obesos, portadores de DPOC e com histórico de
doenças pulmonares.

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A fisioterapia no período pré-intervenção visa eliminar ou reduzir as
complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca, identificar fatores de risco e
também diminuir o tempo de internação hospitalar (MAIR; et al., 2010).
Durante a reabilitação cardíaca o fisioterapeuta pode utilizar a
manovacuometria e a espirometria para a avaliar os músculos respiratórios e a função
muscular.
A espirometria é de extrema importância para avaliação de portadores de
doenças pulmonares.
Já a manovacuometria irá avaliar a força dos músculos respiratórios, e se
houver uma redução de força nesses músculos, o fisioterapeuta irá, por meio de
exercícios de fortalecimento, melhorá-la.
O teste ergométrico e o ergoespirométrico devem ser utilizados, e estes têm
uma maior importância, pois irá avaliar as respostas dos sistemas respiratórios e
cardiovascular frente ao exercício (MAIR; et al., 2010).
A reabilitação cardiovascular (RC) apresenta uma série de benefícios bem
estabelecidos na literatura, tais como melhora na capacidade funcional, redução de
fatores de risco, redução dos sintomas, melhora na qualidade de vida e detecção
precoce de sinais e sintomas que antecedem sérias complicações.
A RC tem sido recomendada para pacientes após infarto agudo do miocárdio e
após cirurgia de revascularização do miocárdio; estudos recentes também têm
recomendado no pós-operatório de cirurgias cardíacas, insuficiência cardíaca crônica
estável, pré e pós-transplante cardíaco, intervenções percutâneas do miocárdio,
doenças valvares e doença arterial periférica.
Segundo definição da OMS, a RC é um conjunto de atividades necessárias
para garantir aos pacientes portadores de doenças cardiovasculares as melhores
condições sociais, mentais e físicas possíveis, para que possam alcançar com seu
próprio esforço uma vida normal e produtiva.
Programas de RC são uma realidade em países desenvolvidos e contam com
a participação de uma ampla gama de profissionais, com importante papel nas três
fases da RC: a fase I inicia-se na internação hospitalar; a fase II vai da alta hospitalar
até dois a três meses após o evento; e a fase III é considerada de recuperação e
manutenção.

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Recomenda-se que a RC seja implementada e executada por uma equipe
multiprofissional, formada por médico, fisioterapeuta, psicólogo, enfermeiro,
nutricionista, educador físico, assistente social e terapeuta ocupacional.
Embora a doença cardiovascular, principalmente a coronariopatia, apresente
no Brasil alta prevalência e seja considerada primeira causa de morte em ambos os
sexos, a RC parece não ser uma realidade capaz de atender às demandas de saúde
pública nessa área.
Não há informações a respeito em nosso país, mas sabe-se que nos EUA
apenas 10% a 20% dos pacientes elegíveis participam de um programa de RC.
O fisioterapeuta profissional utiliza o exercício físico e a biomecânica como
instrumentos de trabalho para eliminar ou reduzir limitações físicas e sociais causadas
por afecções agudas e crônicas, tendo vasta área de atuação nas diferentes
populações, incluindo indivíduos com doença cardiovascular.
Entretanto, também parece não atuar em quantidade e qualidade suficiente,
capaz de responder às demandas epidemiológicas nas diversas áreas.
Não foram encontrados na literatura dados sobre o número ou distribuição
geográfica dos serviços de RC no Brasil.
Acreditando que o melhor conhecimento do perfil de atuação do fisioterapeuta
nos programas de reabilitação cardiovascular poderia fornecer subsídios e estimular
a realização de futuras pesquisas, aprimorando o trabalho desse profissional, o
presente estudo tem como objetivo conhecer o modelo de atuação, perfil profissional
e formação acadêmica do fisioterapeuta que trabalha com RC no Brasil, além do perfil
administrativo do serviço de RC.

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7. I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

No I Consenso Nacional de Reabilitação Cardiovascular (1997), reabilitação


cardíaca foi conceituada como um ramo de atuação da cardiologia que, implementada
por equipe de trabalho multiprofissional, permite a restituição ao indivíduo de uma
satisfatória condição clínica, física, psicológica e laborativa.
Os programas de reabilitação cardíaca foram desenvolvidos com o propósito
de trazer estes pacientes de volta às suas atividades diárias habituais, com ênfase na
prática do exercício físico, acompanhada por ações educacionais voltadas para
mudanças no estilo de vida.
Muitos autores, dentre eles, Araújo, et al., (2004) descrevem os benefícios do
exercício físico regular, seus efeitos cardiovasculares e metabólicos, bem como, suas
indicações e contra-indicações para pacientes portadores de cardiopatia e de fatores
de risco para doença arterial coronariana.
Além da ênfase na prática da atividade física, são citados na literatura vários
programas de reabilitação cardíaca que também envolve outras ações desenvolvidas
por profissionais das áreas de enfermagem, nutrição, educação física, serviço social
e psicologia, visando modificar outros aspectos que contribuem com a diminuição do
risco cardíaco de forma global (DIRETRIZ DE REABILITAÇÃO CARDÍACA, 2005).
Regenga em 2000 descreve que a atividade física é fator importante na
prevenção primária e secundária, e curativa, assim como no tratamento das várias
doenças cardiovasculares e também nos fatores de risco para a doença arterial
coronariana (DAC): diabetes, dislipidemia, obesidade e hipertensão arterial.
A intervenção preventiva visa ao controle e à redução dos fatores de risco das
DCV, principalmente a DAC.
Já a curativa visa ao restabelecimento das funções cardiovasculares,
permitindo ao cardiopata executar atividade física compatível com a capacidade
funcional de seu coração.
O serviço de reabilitação cardiovascular (RCV) do HC também desenvolve
estas ações incluindo na equipe: médico cardiologista, enfermeiros, nutricionista,
psicólogo, educador físico e assistente social, objetivando as mudanças nos hábitos
de vida e maior aderência ao tratamento.
Tanto os pacientes como os membros da família, participam de programas
educativos e esclarecimentos quanto à fisiopatologia da doença cardíaca, os

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mecanismos de ação das drogas em uso, sua importância, bem como, a relação da
doença com a atividade física regular e as implicações na vida sexual e profissional.
Os hábitos alimentares e aspectos nocivos do estilo de vida são reformulados,
com especial ênfase na cessação do tabagismo e as intervenções psicológicas são
desenvolvidas visando ao controle do estresse, com as terapias em grupo e o
tratamento da depressão e ansiedade.

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8. OBJETIVOS DA FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR

- Melhorar a função dos sistemas cardiovascular e respiratório de forma


progressiva e segura
- Melhorar as condições físicas, mentais e emocionais dos pacientes, dando as
condições para um retorno mais rápido às suas atividades cotidianas
- Prevenir a progressão do processo aterosclerótico
- Reduzir a morbimortalidade cardiovascular, melhorar a qualidade de vida e o
prognóstico
- Aumentar a capacidade aeróbica levando à maior capacidade de realizar
trabalho
- Aumentar a eficiência dos músculos esqueléticos durante o exercício, devido
ao aumento do número de mitocôndrias
- Reeducar o paciente com o intuito de modificar o seu estilo de vida e aumentar
seu conhecimento sobre a patologia
- Identificar e modificar os fatores de risco da DCV
- Reduzir o consumo de oxigênio pelo miocárdio (MVO2)
- Menor elevação da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial (PA) em
exercícios submáximos
- Aumentar o limiar do aparecimento de angina e menor depressão do
segmento ST no eletrocardiograma (ECG) durante o trabalho submáximo
- Reduzir a frequência cardíaca em repouso
- Reduzir o conteúdo e captação de catecolaminas pelo miocárdio com
diminuição da tendência ao aparecimento de arritmias
- Melhorar o sistema vascular colateral do miocárdio
- Diminuir a pressão arterial e os níveis de triglicerídeos
- Aumentar a fração da lipoproteína de alta densidade (HDL) e reduzir a fração
da lipoproteína de baixa densidade (LDL) do lipidograma
- Aumentar a tolerância à glicose e redução do peso corporal
- Diminuir a ansiedade e a depressão
- Aumentar a autoconfiança, sensação de bem-estar
- Diminuir os sintomas e a quantidade de medicamentos utilizados e retorno
dos pacientes a uma vida social próxima aos níveis normais
- Promover modificações do controle autonômico cardíaco.

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8.1 Avaliação Fisioterapêutica Cardiovascular

Assim que o paciente se encontra com as medicações otimizadas e com quadro


clínico estável é submetido ao teste ergométrico (TE) máximo como parte da avaliação
para a prescrição da intensidade de esforço durante o treinamento.
A avaliação fisioterapêutica no HC é realizada seguindo uma ficha específica
contendo todas as informações clínicas enviadas pelo médico responsável.
Em seguida, o paciente é submetido à entrevista sendo preenchida uma ficha
de avaliação para atividade física, contendo dados pessoais, hábitos de vida,
antecedentes familiares, histórico da moléstia atual, história pregressa, etc.
Dando sequência, o paciente é submetido ao exame físico, sendo realizadas
as avaliações postural e muscular para verificar a existência de possíveis alterações
posturais, retrações musculares e diminuição de força, objetivando adequar o
programa de tratamento ao comprometimento dos sistemas osteoarticular e muscular
(REGENGA, 2000).
O paciente é avaliado e acompanhado pela equipe multiprofissional sendo, o
médico, enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, educador físico e psicólogo. Cada
profissional realiza sua avaliação individualmente.
Manovacuometria: por meio de um manovacuômetro, é possível quantificar de
forma não-invasiva a força dos músculos respiratórios.
A pressão inspiratória máxima (PImáx) indica a força dos músculos inspiratórios
e a pressão expiratória máxima (PEmáx) indica a força dos músculos expiratórios.
a) Pressão Inspiratória Máxima (PImáx):
- sentar o paciente a 90º com os pés apoiados no chão;
- colocar o bocal e a pinça nasal;
- Solicitar 2 ou 3 ciclos respiratórios em volume corrente com o orifício de
oclusão aberto;
- solicitar uma expiração tão completa quanto possível até o volume residual
(VR).
O paciente poderá ser orientado a indicar este momento por meio de gesto;
- fechar imediatamente o orifício de oclusão e solicitar inspiração, tão forte
quanto o paciente conseguir, até a capacidade pulmonar total (CPT).
Após 2 segundos de força sustentada, terminar a manobra e retirar o bocal.
b) Pressão Expiratória Máxima (PEmáx):

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- sentar o paciente a 90º com os pés apoiados no chão;
- colocar o bocal e a pinça nasal;
- Solicitar 2 ou 3 ciclos respiratórios em volume corrente com o orifício de
oclusão aberto;
- solicitar primeiramente uma inspiração tão completa quanto possível até a
CPT, também com indicação por gesto por parte do paciente;
- fechar imediatamente o orifício de oclusão e solicitar expiração máxima (em
nível de VR) com sustentação de 2 segundos;
Obs: Se o tubo não possuir válvula para a saída do ar, a pinça nasal deverá ser
colocada inicialmente e o bocal logo após a expiração (PImáx) ou a inspiração
(PEmáx) completa.
Deverão ser realizadas de 3 a 5 manobras aceitáveis (sem vazamento de ar,
sustentando por no mínimo 1 segundo), sendo ao menos 2 reprodutíveis (diferença
menor ou igual a 10% entre os valores), respeitando 1 minuto de intervalo entre elas,
utilizando-se para registro a maior medida.
O valor das pressões é expresso em cmH2O, sendo o da PImáx negativo.
Conforme descrito por Britto, et. al., (2009), a medida da PEmáx durante a avaliação
pré-operatória é de grande importância na avaliação da eficácia da tosse, portanto, na
prevenção de acúmulo de secreção nas vias aéreas.
A técnica mais utilizada para medida da endurance muscular respiratória é do
tipo linear com carga do tipo threshold (limiar).
Pico de Fluxo Expiratório (PFE): é o fluxo máximo alcançado durante uma
expiração realizada com força máxima e iniciando de um nível máximo de insuflação
pulmonar.
É considerado, como o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1),
um índice indireto do calibre das vias aéreas.
Porém, o PFE parece ser menos sensível que o VEF1 para detectar obstrução
nas vias aéreas. É utilizado o peak flow meters, pois é portátil e de baixo custo.
O procedimento deve ser realizado com instruções prévias. Manobras de
demonstração e o estímulo oferecido ao paciente são fundamentais para o sucesso
do teste.
- sentar o paciente ou colocar de pé, porém o pescoço não deve estar
flexionado ou hiperextendido evitando a complacência traqueal;
- colocar a pinça nasal;

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- solicitar ao paciente uma inspiração máxima seguida por uma expiração
forçada máxima, curta e explosiva (menos que 1 segundo) através do bocal acoplado
ao medidor de pico de fluxo;
Obs: O mais alto valor de 3 manobras consecutivas deve ser registrado, desde
que a diferença entre elas não ultrapasse 20 L/min.
Se entre os 2 maiores valores houver diferença maior do que 40 L/min, outras
2 manobras devem ser realizadas.
A queda sucessiva das medidas do pico de fluxo na mesma avaliação pode
indicar broncoespasmo induzido pela manobra. A descrição do Índice Diafragmático
(ID) feita a seguir foi relatada por Sarmento em 2005.
Índice Diafragmático: é capaz de refletir o movimento tóraco-abdominal, que é
obtido com um magnetômetro ou pletismografia de indutância e ainda com uma fita
métrica simples.
Este índice é capaz de dizer fielmente as mudanças de dimensões do tórax e
do abdômen durante a inspiração e expiração, com a seguinte fórmula:
ID = ∆ AB/∆ AB + ∆ CT.
O ∆ AB é a diferença da dimensão abdominal obtida entre a fase inspiratória e
expiratória, e ∆ CT, a diferença da dimensão da caixa torácica também obtida nas
fases inspiratória e expiratória.
- Paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal, sendo o ∆CT medida com
a fita posicionada no 4º espaço intercostal e o ∆AB posicionada na cicatriz umbilical;
- foi solicitado que o paciente realizasse uma inspiração profunda máxima até
a CPT, seguida de uma expiração total, caracterizando a CRF por 2 vezes
consecutivas com pausa nos movimentos respiratórios ao final da inspiração e da
expiração para mensurar as variações dimensionais perimétricas do tórax;
Comumente, para classificar os pacientes cardiopatas em níveis de capacidade
funcional e determinar suas respectivas estratificações de risco aos programas
fisioterapêuticos, são utilizados testes para avaliação funcional cardiorrespiratória.
No CR os pacientes encaminhados ao programa de RCV após a consulta e
triagem fisioterapêutica, são submetidos ao teste ergométrico máximo ou
cardiopulmonar (considerado padrão-ouro para a avaliação da capacidade funcional).
O protocolo realizado durante o exame é determinado pelo cardiologista,
conforme a condição física do paciente.

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O teste submáximo a seguir, foi descrito por Britto et. al., em 2009. Nas
situações em que não é possível realizar o teste máximo, o paciente é submetido ao
TC6’ como forma de avaliação da capacidade funcional e prescrição da intensidade
de esforço durante o treinamento.
Teste de Caminhada de Seis Minutos (TC6’): é utilizado para avaliar a
capacidade funcional de forma submáxima, por meio da mensuração da maior
distância percorrida durante seis minutos. Permite avaliar globalmente o
funcionamento integrado dos sistemas cardiovascular, pulmonar, vascular periférico e
locomotor.
O local deve ser amplo, plano, regular e com piso não escorregadio. A
temperatura (T0) ambiente deve ser agradável, controlada e registrada. Deve ser
realizado pelo menos 2 horas após as refeições. Instruir aos pacientes o uso de roupas
e calçados confortáveis e a manutenção da medicação usual.
Antes da realização do teste é necessário demonstrar o caminho a ser
percorrido e um período de repouso de no mínimo 10 minutos.
- Durante o período de repouso de 10 minutos, faz-se a mensuração da pressão
arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e respiratória (FR), saturação periférica de
oxigênio (SatO2), através da oximetria de pulso, além da ausculta cardíaca e
respiratória e a avaliação do nível de dispneia relativa à sensação de esforço por meio
da escala de Borg.
- a pista deve ser de 30 metros, o avaliador não deve caminhar junto com o
paciente, exceto as situações em que é necessário transportar o oxigênio ou para dar
segurança em caso de déficits de equilíbrio, sendo que nestas situações, o avaliador
deve caminhar atrás do paciente;
- O adequado é o paciente caminhar por 6’ sem interrupção, porém em
situações de algum desconforto ou cansaço a caminhada pode ser interrompida, mas
o cronômetro continua registrando o tempo e, assim que sentir-se apto, reassume a
caminhada;
- Ao término do exame, o paciente interrompe onde estiver para a demarcação
da distância percorrida e o registro das variáveis (PA, FC, FR, escala de Borg e
SatO2);
De acordo com Pulz, Guizilini e Peres (2006), para que todo treinamento seja
bem prescrito, é necessário que obtenhamos parâmetros correlacionados com a
capacidade física do indivíduo.

22
Para tanto, estes autores descrevem o teste abaixo como forma de avaliar a
força e a resistência muscular.
Teste de Força Muscular (RM): é utilizado para determinar a quantidade
máxima de peso que o indivíduo consegue realizar em um único movimento de um
determinado exercício.
O teste é denominado Teste de 1 Resistência Máxima (1RM). Antes da
realização desse teste, deve-se avaliar a elegibilidade do paciente. Segue a seguinte
metodologia:
1 - verificar critérios de inclusão e exclusão para participar de um programa de
treinamento resistido
2 - realizar teste ergoespirométrico previamente
3 - manter o paciente em repouso por 5 minutos
4 - Monitorar PA, FC, FR e SatO2
5 - realizar alongamentos globais 6 - posicionar adequadamente o paciente
7 - orientar o paciente quanto à realização do exercício e padrão respiratório
8 - realizar 15 a 20 movimentos com carga baixa como aquecimento
9 - acrescentar 10 a 20% de peso sobre a carga de aquecimento, conforme o
grupo muscular testado
10 - Repousar 3 minutos - repetir os itens 8 e 9 até a não execução ou execução
incorreta do movimento - retornar à carga anterior com acréscimo de 1% a 5% desta,
até a não execução ou execução incorreta do movimento
- a carga obtida no último movimento antes da não execução ou execução
incorreta é a carga máxima ou 1RM Ainda os mesmos autores, Pulz, Guizilini e Peres
(2006) citam que, diante da impossibilidade ou a não opção pelo teste de 1RM, é
prescrito o Teste de Repetições Máximas (RM) e escala subjetiva de esforço (BORG),
descritos a seguir: O Teste de Repetições Máximas (RM) consiste na obtenção do
maior número de repetições de um determinado exercício, que é realizado com uma
carga constante.
Posteriormente à obtenção do maior número de repetições possíveis,
executadas de forma correta, será encontrado o seu equivalente em percentual do
Teste de 1RM por meio da tabela de Berger.
- verificar critérios de inclusão e exclusão para participar de um treinamento
resistido
- realizar teste ergoespirométrico previamente

23
- Manter o paciente em repouso por 5 minutos - monitorara PA, FC, FR e SatO2
- realizar alongamentos globais - posicionar adequadamente o paciente
- orientar o paciente quanto à realização do exercício e ao padrão respiratório
- realizar 15 a 20 movimentos com carga baixa como aquecimento
- acrescentar 50% de peso sobre a carga de aquecimento e solicitar que o
paciente realize o maior número de repetições possíveis.
A Escala Subjetiva de Esforço (BORG) utiliza da impressão pessoal do paciente
quanto à dificuldade de executar o exercício.
Esta forma de prescrição de treinamento resistido está presente nas diretrizes
do American College of Sports Medicine (ACMS), que recomenda um nível de esforço
com classificação 13 em uma escala de 6 a 20 (escala de Borg) durante um exercício
de 10 a 12 repetições.

24
9. FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR NA FASE II

O paciente após ter alta hospitalar, é encaminhado e avaliado no serviço de


RCV do Centro de Reabilitação, então, realiza-se a prescrição e inicia-se o tratamento
fisioterapêutico.
O programa tem supervisão direta do fisioterapeuta, com controle dos sinais e
sintomas, aferição da FC, PA e, quando necessário, monitorização cardíaca por meio
do ECG durante toda a sessão de tratamento.
Os pacientes com diagnóstico de coronariopatia e que foram submetidos aos
procedimentos hemodinâmicos, à angioplastia ou o cateterismo cardíaco, bem como
os portadores de fatores de risco para as DCV serão admitidos assim que estes se
apresentarem clinicamente estáveis.
A prescrição da intensidade dos exercícios é determinada com base na
frequência cardíaca de treinamento (FCT) pela fórmula de Karvonen, onde é utilizada
a FC máxima alcançada no TE máximo.
No teste simples, utiliza-se como patamar de esforço os sintomas do paciente
(teste sintoma limitante), que podem incluir tanto a fadiga como outras anormalidades
como, sinais de isquemia, alterações hemodinâmicas e/ou eletrocardiográficas.
Estipula-se a FC de trabalho como 10 bpm abaixo da FC do momento na qual
teve início a anormalidade (REGENGA, 2000).
Ainda seguindo as descrições de Regenga (2000) pode-se utilizar a escala
perceptiva de esforço (BORG), na qual se estabelece a FCT ou intensidade de carga
de exercícios que corresponda ao nível de cansaço de 10 a 12 pontos da escala, para
os pacientes que não se enquadram nas outras formas de prescrição de intensidade
de treinamento descritas acima, como os portadores de fibrilação atrial crônica (FA).
A duração da sessão de treinamento é estipulada entre 45 e 50 minutos, com
frequência de 3 vezes por semana em dias alternados.
O programa de exercícios é dividido em 3 etapas: aquecimento (cerca de 10 a
15 minutos incluindo, caminhada, exercícios de baixa intensidade localizados,
coordenação motora, equilíbrio, flexibilidade e de pequenos grupos musculares);
condicionamento (de 20 a 30 minutos, com treino de resistência muscular, exercícios
de grandes grupos musculares, esteira, corridas e bicicleta ergométrica) e o
desaquecimento (com duração de 5 a 10 min, exercícios de alongamento, caminhadas
leves e conscientização corporal).

25
A programação de exercícios é individualizada e a progressão da intensidade
é feita normalmente de 3 em 3 meses analisando-se as respostas de FC ao
treinamento, sem o TE.
Após 6 meses da realização do TE um novo teste é feito para avaliar as
respostas adaptativas ao treinamento físico e reprogramar a intensidade de esforço.

26
10. FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR NA FASE III

A fisioterapia cardiovascular atua como parte integrante da reabilitação


cardíaca na fase tardia, considerada como fase III que é a fase de recuperação e
manutenção.
É considerada fase III após 12 semanas pós-alta hospitalar. Nesta fase são
realizados programas de exercício físico a longo prazo na recuperação, adaptação e
manutenção do sistema cardiovascular de forma preventiva controlando os fatores
precipitantes e agravantes de doenças cardiovasculares como: estresse, tabagismo,
hipertensão arterial, sedentarismo, dislipidemia, diabetes e obesidade.
Atua também de forma curativa na recuperação e adaptação das funções dos
sistemas cardiovascular, respiratório, metabólico, humoral e muscular: após evento
de doença cardíaca, após infarto do miocárdio e após cirurgia cardíaca.
São utilizados basicamente, técnicas de exercícios físicos no tratamento do
cardiopata, associado aos medicamentos e às modificações de hábitos alimentares e
comportamentais.
O objetivo é promover adaptações no sistema cardiovascular para que os
pacientes retornem, o quanto antes, às atividades profissionais, esportivas e de lazer
com maior da segurança.
Para ser admitido no serviço do HC, o paciente deve concordar em participar
das avaliações e do programa de tratamento fisioterapêutico 3 vezes por semana.
Após avaliação fisioterapêutica e análise de todos os dados clínicos e
funcionais, o paciente é classificado considerando-se o quadro clínico e a capacidade
funcional baseada no equivalente metabólico (MET).
Assim, os pacientes com capacidade funcional ≥ a 8 METs são classificados
como de baixo risco; se < 7,5 METs, risco moderado e se < 4 METs, alto risco de
apresentarem intercorrências clínicas (PULZ, GUIZILINI, PERES, 2006).
Os pacientes de alto risco não são incluídos no serviço, devido à necessidade
da presença do cardiologista no setor durante esses atendimentos.
O programa de fisioterapia nesta fase é planejado considerando-se
intensidade, frequência, duração, tipo de exercício e progressão de acordo com a
classificação funcional do paciente, dos sinais, dos sintomas e das alterações
eletrocardiográficas desencadeadas durante os testes de exercício físico de avaliação
clínica e do LA alcançado no teste ergoespirométrico.

27
Seguindo as descrições de Pulz, Guizilini e Peres (2006), a intensidade de
trabalho usada é visando a melhoria da resistência aeróbica e é em torno de 40% a
75% do VO2 máx, atingido no teste ergoespirométrico para os pacientes o utilizaram,
ou 50% a 80% da FCmáx atingida no TE.
As sessões de tratamento têm duração aproximada de 50 minutos, com
frequência de 3 vezes por semana em dias alternados.
O tipo de exercício na fase inicial do tratamento é dinâmico e
predominantemente aeróbico, que envolve grandes grupos musculares.
Já os exercícios dinâmicos resistidos são utilizadas cargas, inicialmente com
pouco peso e com aumentos graduais, com número de repetições (5 a 10 em cada
série); número de séries (de 1 a 3 para cada exercício) e duração do intervalo entre
cada série (30 a 60 segundos), levando-se em conta que a intensidade do exercício
sempre será individualizada.
As sessões de tratamento envolvem 3 etapas: aquecimento (cerca de 5 a 10
minutos com realização de exercícios de alongamento, exercícios dinâmicos
aeróbicos e de coordenação associados a exercícios respiratórios).
Tanto no início quanto no final dessa etapa, afere-se a FC e PA do paciente. O
condicionamento realiza-se em 20 a 30 minutos, com treino de resistência muscular,
exercícios de grandes grupos musculares, esteira, corrida e bicicleta ergométrica,
atividade aeróbica realizada em esteira ou bicicleta ergométrica, com duração média
de 20 a 30 minutos.
A FC e a PA são aferidas no final de cada nível de exercício, dependendo do
protocolo. O desaquecimento tem duração de 10 minutos.
Nesta etapa, são realizados exercícios dinâmicos enfocando a musculatura não
trabalhada no aquecimento e também exercícios respiratórios associados a
alongamentos específicos.
Essa fase objetiva retornar o organismo às condições de repouso, com valores
de FC e PA próximos aos basais.
Nas situações em que é identificado quadro de hipertensão arterial logo na
chegada do paciente ao setor de atendimento, é aplicado somente relaxamento com
um período de maior duração que a etapa de desaquecimento. Quando o quadro
persiste, o paciente é encaminhado ao médico do setor, ou de origem, ou ainda a
Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

28
Por outro lado, sempre que algum paciente apresentar alguma manifestação
de intolerância ao exercício físico durante as sessões de fisioterapia este é
monitorizado e, dependendo da condição, é interrompido.
Em caso de quadro hipertensivo agudo, de alterações eletrocardiográficas
significativas ou precordialgia, o mesmo é encaminhado para a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA).
Também o paciente portador de diabetes mellitus, com glicemia acima de 300
mg/dl, não realiza o treinamento, sendo orientado e liberado.
A programação de exercícios é individualizada e a progressão da intensidade
é feita normalmente de 3 em 3 meses analisando-se as respostas de FC ao
treinamento, sem o TE máximo, mas, realiza-se o teste submáximo a partir do
protocolo utilizado durante o treinamento.
Após 6 meses da realização do TE um novo teste é feito para avaliar as
respostas adaptativas ao treinamento físico e reprogramar a intensidade de esforço.

29
11. A INTERVENÇÃO

A fisioterapia tem importante participação nos programas de RC. A intervenção


fisioterápica no período pré-intervenção e demais fases está presente em cerca de
dois terços dos serviços.
Para a avaliação, a ficha protocolada é o item mais utilizado, sendo
questionários específicos raramente usados.
O fisioterapeuta é o principal profissional ligado à administração do serviço de
RC.
Apesar das informações aqui obtidas sobre o trabalho do fisioterapeuta na RC,
requerem-se outros estudos abordando não só o perfil do fisioterapeuta, mas a
atuação fisioterapêutica em RC no Brasil, auxiliando também a padronização e
expansão dos serviços e a criação de manuais de conduta.
A Fisioterapia Cardiológica está relacionada à prevenção e ao tratamento das
doenças cardíacas através do exercício físico, proporcionando uma série de
benefícios como:
 Melhora na capacidade funcional
 Redução de fatores de risco
 Redução dos sintomas
 Melhora na qualidade de vida e detecção precoce de sinais
 Sintomas que antecedem importantes complicações e descompensações.

30
12. ASPECTOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Reabilitação Cardíaca como


atividades necessárias para assegurar da melhor maneira possível às condições
físicas, mentais e sociais do cardiopata, possibilitando o seu retorno à comunidade e
proporcionando vida ativa e produtiva.
Os programas de reabilitação cardíaca foram desenvolvidos com o propósito
de trazer os pacientes cardiopatas de volta às suas atividades diárias habituais, com
ênfase na prática do exercício físico, acompanhada por ações educacionais voltadas
para mudanças no estilo de vida.
A Reabilitação Cardíaca tem sido recomendada para pacientes após infarto
agudo do miocárdio e após cirurgia de revascularização do miocárdio, pós-operatório
de cirurgias cardíacas, insuficiência cardíaca crônica, pré e pós transplante cardíaco,
intervenções percutâneas do miocárdio, doenças valvares e doença arterial periférica.

31
13. AS FASES DA REABILITAÇÃO CARDÍACA

A intervenção fisioterapêutica na Reabilitação Cardíaca pode ser dividida em 3


fases:
 Hospitalar

 Ambulatorial

 Manutenção, que pode ser supervisionada ou não supervisionada.

13.1 Fase Hospitalar

Engloba atitudes tomadas desde o início da internação à alta hospitalar. O


fisioterapeuta poderá atuar no pré ou pós-operatório e também na fase de
compensação cardíaca.
Assim é possível evitar complicações dos efeitos deletérios do repouso,
mantendo ou melhorando a amplitude de movimento e força muscular. Também é
possível realizar orientações quanto à prevenção de fatores de risco a quedas, entre
outros.
Nos pacientes cirúrgicos, o fisioterapeuta trata principalmente do sistema
respiratório, realizando higiene brônquica e promovendo a reexpansão pulmonar
através de manobras ou uso de incentivadores respiratórios. Também são oferecidos
suportes e cuidados em ventilação mecânica, determinando parâmetros adequados
caso o paciente esteja ou necessite de intubação endotraqueal.

13.2 Fase ambulatorial

Corresponde ao processo de reabilitação fora do hospital, indo da alta


hospitalar até aproximadamente a três meses após a internação.
Os programas de Reabilitação Cardíaca ambulatorial foram desenvolvidos com
ênfase no exercício físico e são acompanhados de ações educacionais para
mudanças e adaptação no estilo de vida.
O objetivo é melhorar a funcionalidade e qualidade de vida, principalmente
manutenção do programa de exercícios. Assim é possível manter força muscular,
flexibilidade e condicionamento cardiorrespiratório, evitando descompensações.

32
A Reabilitação Cardíaca na fase ambulatorial abrange atividades com
exercícios aeróbicos associados a exercícios resistidos, proporcionando
condicionamento físico e reversão ou controle do sedentarismo.
A intensidade do exercício deve ser suficiente para aumentar a força e
resistência muscular dos principais grupos musculares. Recomenda-se um conjunto
de 8 a 10 exercícios com frequência de 2 a 3 vezes por semana.

13.3 Fase de manutenção (supervisionada ou não supervisionada)

Considerada a fase da recuperação e manutenção da capacidade funcional, a


qual é muito importante, sendo o paciente responsável por dar continuidade a todo
treinamento aprendido e orientado pelo fisioterapeuta, realizando sozinho ou em
grupo, podendo ser realizado com ou sem a supervisão de um profissional.
A Reabilitação Cardíaca não supervisionada pode ser alternativa para
aumentar a adesão ao treinamento físico em pacientes de baixo risco. Além disso
oferece custos inferiores quando comparados à Reabilitação Cardíaca
supervisionada.
Caso o paciente optar e tiver condição financeira, ele também poderá continuar
o seu programa de exercícios com a supervisão de um fisioterapeuta ou personal
trainer qualificado.
O paciente ainda poderá realizar atividades em grupo, o que pode trazer um
ânimo a mais nessa fase.
Independentemente, se supervisionada ou não supervisionada, a da prática
regular e contínua de exercício físico impede o descondicionamento tanto físico
quanto cardiorrespiratório, evitando a descompensação cardíaca.

33
14. A IMPORTÂNCIA DA COLETA DE DADOS

O fisioterapeuta exerce um papel primordial na Reabilitação Cardiológica. Ao


primeiro contato com o paciente, ele analisa as capacidades e limitações, sempre com
base na avaliação funcional e clínica.
Em seguida, desenvolve um plano de tratamento com objetivos a serem
alcançados e as condutas que serão realizadas.
Os exercícios realizados na fisioterapia visam melhorar a mobilidade e a
condição física, social e mental dos pacientes para que sejam capazes de retornar as
suas atividades de vida diária. A frequência a ser realizada dependerá do estado
clínico do paciente, e pode ainda, ser feita juntamente com a equipe multidisciplinar
para melhores resultados.

14.1 Análise

Os dados obtidos na avaliação física e em exames como o teste ergométrico


ou cardiopulmonar fornecem informações que permitem avaliar e analisar as
limitações funcionais dos sistemas envolvido.
Assim, é viável delinear o plano de tratamento e prescrever exercícios
adequados para o paciente com segurança e eficiência.
É importante que o fisioterapeuta responsável pela Reabilitação conheça sobre
fisiologia do exercício, suas repercussões e principalmente as alterações fisiológicas
e sintomatológicas das diversas doenças cardiovasculares.

34
15. BENEFÍCIOS DA REABILITAÇÃO CARDÍACA NO PÓS-OPERATÓRIO DE
PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE CARDÍACO

O Transplante Cardíaco (TC) é a primeira opção de tratamento na falência


cardíaca, e as principais indicações para a realização são:
A rejeição de corações previamente transplantados
 Cardiomiopatia dilatada
 Doença arterial coronariana
 Miocardiopatia isquêmica
 Doença valvar
 Cardiopatia congênita, quando a terapia farmacológica não é mais responsiva.
O frequente êxito do TC proporciona uma segunda chance de vida para
pacientes em estágio final da doença, aumentando em média 10 anos de sobrevida
dos transplantados, proporcionando o retorno as suas atividades diárias com melhor
qualidade de vida.
O programa de Reabilitação Cardíaca tem sido eficiente no tratamento de
pacientes transplantados, podendo ser iniciado antes mesmo da cirurgia, no pré-
operatório.
A Reabilitação Cardíaca proporciona ao transplantado diversos benefícios, tais
como a adequada readaptação às atividades de vida diária e ocupacionais, redução
da frequência cardíaca e da pressão arterial em repouso e no exercício submáximo,
aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), retardo da elevação de
lactato durante o exercício, redução no Índice de Percepção de Esforço (IPE)
representado pela escala de Borg, e melhora da capacidade funcional e
consequentemente da qualidade de vida.
Programas de Reabilitação Cardíaca com duração de 8 a 12 meses podem
aumentar em até 50% a capacidade funcional de pacientes submetidos a transplante
cardíaco. Através do desenvolvimento de adaptações centrais e periféricas melhora-
se a extração periférica de oxigênio e o desempenho hemodinâmico.
Para esse grupo de pacientes, os programas formais de exercício parecem ser
mais proveitosos do que somente a prática da atividade física domiciliar. Além de
recuperarem a capacidade funcional, eles beneficiam-se do suporte educacional,
nutricional e do apoio psicológico disponíveis em programas estruturados de
Reabilitação Cardíaca.

35
16. ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO TRATAMENTO PÓS-
TRANSPLANTE CARDÍACO

Segundo as Diretrizes de Reabilitação Cardíaca a prescrição de exercícios


deve ficar a cargo de profissional especializado em exercícios físico. Em geral, os
programas de Reabilitação Cardíaca para pacientes cardiopatas resultam na melhora
do condicionamento físico e da capacidade funcional. Além da redução da frequência
cardíaca e da concentração plasmática de catecolaminas em intensidades
submáximas de exercícios, entre outros.

17. FASES DE TRATAMENTO ATRAVÉS DE EXERCÍCIO


17.1 Fase hospitalar

Nesta fase inicia-se o aconselhamento do paciente e familiar quanto aos fatores


de risco e mudanças de hábitos. Os principais procedimentos utilizados nesta fase
são os da fisioterapia respiratória, que utiliza manobras respiratórias que consistem
em técnicas manuais, posturais e cinéticas, para evitar infecções respiratórias,
atelectasias e acúmulo de secreção em vias aéreas. As técnicas mais aplicadas são:

17.1.1 Exercícios respiratórios

Os exercícios respiratórios visam promover a aprendizagem de um padrão


respiratório normal englobando a conscientização do movimento toraco-abdominal,
ganho de força da musculatura respiratória, além de favorecer a reexpansão
pulmonar, o aumento da ventilação e da oxigenação, e a melhora da mobilidade da
caixa torácica.

17.1.2 Tapotagem ou percussão pulmonar

São manobras realizadas com a mão em concha sobre a superfície externa do


tórax do paciente proporcionando vibrações mecânicas, as quais são transmitidas aos
pulmões, gerando mobilização das secreções pulmonares.

36
17.1.3 Vibração manual pulmonar

A vibração é a aplicação de movimentos ritmados durante a expiração,


aumentado o fluxo expiratório e conduzindo as secreções já soltas para serem
expectoradas.
Nessa fase, também é importante realizar fisioterapia motora para manutenção
e/ou ganho de força muscular, amplitude de movimento, treino de equilíbrio e marcha.
Alguns exemplos:
 Movimentação passiva ou ativo-assistida:
 Movimentação ativa de membros superiores:
A fisioterapia deve se iniciar nas primeiras 24 horas após cirurgia com
exercícios passivos, evoluindo para movimentação ativa e uma deambulação lenta,
até chegar à fase ambulatorial.

17.2 Fase Ambulatorial

Esta fase tem um importante papel na manutenção do bem-estar do


transplantado, favorecendo maior tempo de sobrevida com melhor qualidade de vida.
Esta fase está relacionada com a ausência dos sintomas da insuficiência cardíaca,
responsável por promover a adequada readaptação e o retorno das atividades básicas
e instrumentais de vida diária, e possivelmente, para as suas atividades laborais.
Na fase ambulatorial ainda ocorre a necessidade de monitorização, podendo
ser realizada fora do ambiente hospitalar, em ambulatório ou em clínica de reabilitação
especializada, cujo principal objetivo é evitar a evolução da patologia, rejeição do novo
coração, e o aparecimento de um novo acometimento cardiovascular.
Nessa fase destaca-se a combinação do exercício aeróbico e do resistido como
protocolo ideal, demonstrando maiores benefícios a curto e longo prazo.

17.2.1 Treino aeróbico

Pode ser realizado em esteira ou bicicleta ergométrica, e ainda, através de


circuitos ativos que associam deslocamentos anteroposterior e látero-lateral.

37
Há comprovação cientifica que os exercícios aeróbicos promovam um aumento
do VO2 de pico, traduzindo-se em aumento da capacidade de suportar esforços
prolongados, além de redução do colesterol total, LDL e níveis séricos de glicose.
Já os exercícios resistidos são capazes de incrementar o tempo de exercício
aeróbico, além de promover o aumento de força muscular dos membros superiores e
inferiores, refletindo na melhora da capacidade física. Por isso é muito importante
continuar realizando-os na próxima fase, a qual deverá ser “eterna”.
Os exercícios resistidos devem ser realizados tanto para os membros
superiores quanto inferiores, através da resistência manual, de molas ou elásticos,
auxiliando no aumento da massa muscular e da densidade óssea. Este tipo de
treinamento é particularmente importante, porque neste grupo de pacientes ocorre
perda de massa magra e óssea em consequência da insuficiência cardíaca e dos
medicamentos utilizados no pós-transplante.

17.3 Fase de manutenção ou não supervisionada

É a última e a principal fase, onde o paciente já está apto a realizar suas


atividades diárias e ainda praticar os exercícios de forma independente, sozinho ou
em grupo, com ou sem supervisão, realizando de forma consciente em qualquer
ambiente (clínicas, clubes, academias), inclusive em seu domicilio.
É importante que o paciente tenha acompanhamento da equipe
multiprofissional, a qual irá realizar avaliações semestrais para realizar atualização do
programa de orientações e de treinamento físico, além dos exames de rotina.
Portanto, é de extrema importância que os pacientes continuem realizando o
programa de treinamento com exercícios aeróbicos e resistidos para manter os
benefícios alcançados durante a Reabilitação Cardíaca por mais tempo.
Independentemente do método de Reabilitação Cardíaca pós-transplante, os
pacientes têm obtido resultados benéficos. A intensidade do exercício deve ser
suficiente para manter e/ou aumentar a força e resistência muscular dos principais
grupos musculares, de acordo com a avaliação prévia do fisioterapeuta. Os
transplantados submetidos a programas de Reabilitação Cardíaca, que realizam
sessões de exercício quatro vezes por semana com intensidade moderada,
apresentaram melhora da capacidade aeróbia entre 20 e 50%.

38
18. CUIDADOS NECESSÁRIOS COM O SEU PACIENTE PÓS-CIRURGIA

Após o transplante cardíaco é necessário que o paciente o ambiente domiciliar,


e também a sua nova rotina, necessitando seguir diversas orientações para a
manutenção do seu bem-estar e prevenção de complicações, em especial nos meses
iniciais do pós-transplante.
Modificações no cotidiano são exigidas e trazem consigo o esvaziamento das
escolhas pessoais, determinadas por um conjunto de orientações e regras
caracterizadas pela padronização e impessoalidade, sendo de fundamental
importância a atuação de uma equipe multidisciplinar, proporcionando ao paciente
maior ajuda na adaptação à nova vida.
A rotina diária da pessoa submetida a um transplante diferencia-se de outras
não submetidas devido aos cuidados excessivos que se deve ter em relação à
prevenção de infecções, alimentação saudável e adequada, manutenção do peso e
administração continuada da medicação rigorosamente no horário prescrito.

18.1 Restrições de exercícios

Após o transplante cardíaco o paciente deve ser orientado por profissionais


competentes e respeitar alguns itens:
 A cicatrização total da ferida cirúrgica, que ocorre entre a 6ª e a 8ª semana pós-

cirurgia. Neste período não se deve levantar objetos muito pesados, empurrar ou
puxar objetos grandes ou de muito peso, e nem realizar atividades que provoquem
dor no local da cirurgia.
 Esportes de contato, que possam provocar choque na região torácica e
abdominal (como o futebol, handebol, jiu-jitsu, karaté, basquetebol, etc.) devem ser
evitados.
 Exercícios físicos devem ser suspensos durante episódios de rejeição, dispneia

ou cansaço.

39
REFERÊNCIAS

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