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SIC

© 2015 by

PRINCIPAIS TEMAS EM CARDIOLOGIA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA


José Paulo Ladeira - Fabrício Nogueira Furtado - Rodrigo Antônio Brandão Neto - Rafael Munerato de Almeida
Mário Barbosa Guedes Nunes - Germano Emílio Conceição Souza

Organizadores: Atílio G. B. Barbosa- Sandriani Darine Caldeira


Produção Editorial: Fátima Rodrigues Morais
Coordenação Editorial e de Arte: Martha Nazareth Fernandes Leite
Projeto Gráfico: Jorlandi Ribeiro
Diagramação: Jorlandi Ribeiro - Diego Cunha Sachito
Criação de Capa: R2 - Criações
Assistência Editorial: Tatiana Takiuti Smerine Del Fiore
Preparação de Originais: Andreza Queiroz- Lua na Rodrigues
Revisão Final: Henrique Tadeu Malfará de Souza
Revisão: Alexandre Sobreiro- Ana Paula Perestrelo- Bruno André Bianucci
Larissa Habib Ciccone- Luiz Filipe Armani - Mariana Rezende Goulart
Serviços Editoriais: Eliane Cordeiro - Fernando Ferreira Batista
Serviços Gráficos: Thaissa Câmara Rodrigues - Anderson Rosa

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Principais temas em Cardiologia para residência médica I José Paulo Ladei-


ra - Fabrício Nogueira Furtado - Rodrigo Antônio Brandão Neto - Rafael
Munerato de Almeida - Mário Barbosa Guedes Nunes - Germano Emílio
Conceição Souza-- 1. ed. --São Paulo: Medcel, 2015. --(Principais temas
para residência médica)

Bibliografia.
ISBN: 978-85-7925-698-1

1. Cardiologia- Concursos- 2. Residentes (Medicina)

Texto adaptado ao Novo Acordo Ortográfico.

O conteúdo deste livro é específico para provas de Residência, visando, principalmente, informar o leitor sobre
as tendências dessas avaliações e prepará-lo para elas. Além disso, não é recomendado para a prática médica
ou para a formação acadêmica. Acrescente-se que há a probabilidade de discordâncias entre conceitos das
diferentes instituições, e que as informações contidas neste material estão de acordo com o regime vigente no
momento da publicação, a serem complementadas conforme surgirem novos conhecimentos.

Janeiro, 2015
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da legislação vigente.
Direitos exclusivos para a língua portuguesa licenciados
à Medcel Editora e Eventos Ltda.
Av. Paulista, 1776 - 22 andar- São Paulo- Brasil
www.medcel.com.br
(11) 35116161
ÍNDICE

Capítulo 1- Anatomia e fisiologia cardíaca básica ......... 21 3. Etiologia ......................................................................... 55


4. Achados clínicos ............................................................. 56
1. Introdução ...................................................................... 21
S. Exames complementares ............................................... 56
2. Coração .................................................................... ...... 21
6. Diagnóstico diferencial .................................................. 58
3. Revestimento e parede cardíaca ................................... 22
7. Avaliação ............................... ........................................ 59
4. Sistema elétrico ............................................................. 25
S. Grandes vasos ........ .... .... .. .............................................. 25 8. Tratamento ..................................................................... 60

6. Ciclo cardíaco ................................................................. 26 9. Resumo .......................................................................... 60

7. Resumo ................... ...... .. ............................................... 26


Capítulo 5 - Eletrofisiologia.................................................. 61
Capítulo 2 - Dislipidemia e fatores de risco para 1. Atividade elétrica cardíaca ............................................. 61
doença cardiovascular ........................................................ 27
2. Eletrofisiologia ............................................................... 61
1. Introdução ...................................................................... 27 3. Mecanismos de formação do impulso elétrico ............. 63
2. Lipídios e lipoproteínas .................................................. 27 4. Condução do impulso cardíaco ..................................... 63
3. Metabolismo de lipoproteínas e colesterol ................... 28 S. Resumo .................................................... ...... .... ............ 64
4. Características e causas das dislipidemias .................... 29
S. Classificação das dislipidemias primárias ...................... 30 Capítulo 6 - Arritmias cardíacas ....................................... 65
6. Rastreamento ................................................................ 30
1. Introdução ........................... ........................................... 65
7. Risco cardiovascular e alvos do tratamento .................. 30
2. Arritmias ......................................................................... 66
8. Tratamento não medicamentoso (mudança de
estilo de vida) ................................................................. 34 3. Identificando arritmias .................................................. 67
9. Tratamento medicamentoso ......................................... 35 4. Abordagem das taquiarritmias ...................................... 76
10. Situações especiais ...................................................... 38 S. Resumo .......................................................................... 78
11. Outros fatores de risco para aterosclerose e doença
cardiovascular .............................................................. 39 Capítulo 7 - Angina estável .................................................. 79
12. Resumo ........................................................................ 40
1. Introdução e definições ................................................. 79

Capítulo 3- Hipertensão arterial sistêmica ................... 41 2. Epidemiologia ................................................................ 79


3. Fisiopatologia ................................................................. 79
1. Introdução ...................................................................... 41
4. Manifestações clínicas .............................................. ..... 80
2. Fisiopatologia ................................................................ 41
S. Classificação da dor torácica .......................................... 80
3. Fatores de risco .............................................................. 42
6. Diagnósticos diferenciais ............................................... 80
4. Diagnóstico .................................................................... 42
7. Diagnóstico e exames complementares ........................ 81
S. Classificação ................................................................... 44
8. Tratamento ..................................................................... 84
6. Avaliações clínica e laboratorial ...... .. ........ ........ .. ........... 44
9. Resumo .......................................................................... 86
7. Tratamento ..................................................................... 46
8. Hipertensão arterial resistente ...................................... 50
9. Emergência hipertensiva ............................................... 50
Capítulo 8 - Síndromes miocárdicas isquêmicas
10. Resumo ........................................................................ 53
instáveis ................................................................................... 87
1. Introdução ...................................................................... 87
Capítulo 4 - Síncope ............................................................... 55 2. Angina instávei/IAMSSST .............................................. 87
1. Introdução e definições ................................................. 55 3. IAMCSST ......................................................................... 94
2. Epidemiologia ...................... ........ ........ .... .... .... .............. 55 4. Resumo .......................................................................... 98
Capítulo 9 - Parada cardiorrespiratória ........................ 99 4. Insuficiência mitral ...................................................... 142
S. Estenose tricúspide e insuficiência tricúspide ............ 146
1. Introdução ........................... ............ .... .... ..... ........... ....... 99
6. Insuficiência pulmonar e estenose pulmonar ............. 147
2. Manobras de suporte básico de vida ............................ 99
7. Resumo ........................................................................ 148
3. Manobras de suporte avançado de vida .... ................. 102
4. Cuidados após a reanimação ............................ .. ......... 106
Capítulo 14 - Miocardites ...................................................... l51
S. Fatores prognósticos .................................... ................ 106
6. Resumo ........................................................................ 107 1. Critérios diagnósticos .............. ...... .... .......................... 1S1
2. Sintomas e sinais .................. .. ...................................... 1S2
Capítulo 10 - Insuficiência cardíaca congestiva ........... 109 3. Exame físico ................................................................. 1S2
4. Exames diagnósticos .................................................... 1S2
1. Introdução ............ .. ........ ................ .. .............. .............. 109
S. Tratamento ........................... ...... .......... ..... .. ................. 1S3
2. Definições ........... .... ........................... ........ ... ................ 109
6. Prognóstico ............... ...... ....... .... .... .... ............... ...... ..... 1S4
3. Fisiopatologia ................ .. ...... ....................................... 110
7. Resumo ........................................................................ 1S4
4. História natural ........................................................... 110
S. Quadro clínico .............................................................. 111
Capitulo 15 - Doenças do pericárdio ................................ 155
6. Exames complementares ............................................. 113
7. Tratamento .............................. ...... ............................... 11S 1. Pericardites infecciosas ................................... ... ...... .... 1SS
8. Insuficiência cardíaca diastólica ................................... 118 2. Síndromes relacionadas a cirurgias .................. .. ......... 1S6
9. Insuficiência cardíaca descompensada .... .. .. ............... 119 3. Outras causas de síndromes pericárdicas ................... 1S6
10. Resumo ...................................................................... 123 4. Pericardite aguda ................................ ......................... 1S7
S. Derrame pericárdico .................................................... 1S8
Capítulo 11 - Edema agudo pulmonar ................................ 125 6. Tamponamento cardíaco .................. .. .......... ............... 1S9
7. Pericardite constritiva ............................................ ...... 161
1. lntrodução ................................. ......... .. ........................ 12S
8. Resumo .... .................................................................... 162
2. Quadro clínico ......................................................... ..... 126
3. Diagnóstico .... ........ .. .................................................... 127
Capítulo 16 - Avaliação e abordagem perioperatória .163
4. Tratamento ............. ............................... ............ ........... 127
S. Resumo ............. ................ ............. ............... ............... 128 1. lntrodução ............................................... ... .................. 163
2. Risco cardiovascular inerente ao procedimento ......... 163
Capítulo 12- Hipertensão pulmonar ................................. 129 3. Risco cardiovascular inerente ao paciente ................. 163
4. Uso de drogas para diminuição do risco
1. Introdução .............................. ... .... ............................... 129
cardiovascular .............................................................. 166
2. Etiologia e fisiopatologia ............. .............. .................. 129
S. Exames laboratoriais no pré-operatório ...................... 166
3. Diagnóstico .................................................................. 130
6. Avaliação do risco de sangramento .. .... ....................... 167
4. Quadro clínico ............................ .................................. 130
7. Hipertensão arterial sistêmica no pré-operatório ...... . 167
S. Exames diagnósticos .......... ................ ........ .. ................ 131
8. Controle glicêmico no perioperatório ...... ................... 168
6. Tratamento da hipertensão pulmonar secundária ..... 133
9. Cuidados perioperatórios ao paciente nefropata ....... 168
7. Tratamento da hipertensão pulmonar primária ......... 133
10. Complicações cirúrgicas ao paciente hepatopata ..... 169
8. Prognóstico .................................................................. 134
11. Paciente com pneumopatia ....................................... 169
9. Resumo ........................................................................ 134
12. Paciente em uso de anticoagulantes .. .. ..................... 170
13. Abordagem para diminuir o risco de trombose
Capitulo 13 - Valvulopatias .................................................. 135 venosa profunda ........................................................ 171
1. Estenose aórtica ............................................. .............. 13S 14. Paciente com tireoidopatia .................. .. .. ........ .......... 172
2. Insuficiência aórtica .............. ....... .... ..... .. ......... ............ 137 1S. Reposição de corticosteroides ........ .......................... 173
3. Estenose mitral ................ .. .. ....................................... 139 16. Resumo ......................... ............................ .... ............. 173
Capítulo 17 - Diagnóstico diferencial da dor Cap. 10- Insuficiência cardíaca congestiva ........ .. ........... 295
torácica ................................................................................... 175 Cap. 11- Edema agudo pulmonar .... ................. ....... ....... 302
Cap. 12- Hipertensão pulmonar ...... ... ........... .. ............... 303
1. lntrodução .............. ... ................................................... 175
Cap. 13- Valvulopatias ........... ......... .......... ...................... 303
2. Epidemiologia .............................................................. 175
Cap. 14- Miocardites ........ ........... .................................... 307
3. Quadro clínico ................................................. ............. 177
Cap. 15- Doenças do pericárdio ...... .......... ............ ......... 307
4. Exames complementares ..... .............. ...... .. ............... ... 178
5. Resumo ........................................................................ 180
Cap. 16- Avaliação e abordagem perioperatória ........ ... 309
Cap. 17- Diagnóstico diferencial da dor torácica .... .... ... 310
Casos clínicos ......................................................................... 181 Outros temas ......... ...................................... ........... ......... 313

Referências bibliográficas ................................................ 315


QUESTÕES
Cap. 1- Anatomia e fisiologia cardíaca básica .......... ...... 205
Cap. 2- Dislipidemia e fatores de risco para doença
cardiovascular .................................................... 205
Cap. 3- Hipertensão arterial sistêmica .......... ........ ......... 207
Cap. 4- Síncope ............................................................... 217
Cap. 5 - Eletrofisiologia ............................. .. ............. ...... .. 219
Cap. 6- Arritmias cardíacas ...... .. .................. ............. ...... 222
Cap. 7- Angina estável .... ....................... ... ...................... 229
Cap. 8- Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis .... 230
Cap. 9 - Parada cardiorrespiratória ...... ...... ..................... 238
Cap. 10- Insuficiência cardíaca congestiva ........ ........... .. 241
Cap. 11- Edema agudo pulmonar ...... .......... ..... .. ........ .... 250
Cap. 12- Hipertensão pulmonar ............ ........ ... .............. 251
Cap. 13- Valvulopatias ................................................... . 252
Cap. 14- Miocardites ....................................................... 256
Cap. 15- Doenças do pericárdio ..................................... 257
Cap. 16- Avaliação e abordagem perioperatória ........... 259
Cap. 17- Diagnóstico diferencial da dor torácica ........... 260
Outros temas .. .. ........................................................... .... 264

COMENTÁRIOS
Cap. 1- Anatomia e fisiologia cardíaca básica ................ 269
Cap. 2- Dislipidemia e fatores de risco para doença
cardiovascular ................................... ................. 269
Cap. 3- Hipertensão arterial sistêmica .. .. ... ......... .. ......... 271
Cap. 4- Síncope ............. ... .................................... ......... .. 278
Cap. 5- Eletrofisiologia ...... ...... ..... .... ............. .. ................ 280
Cap. 6- Arritmias cardíacas ............................................. 281
Cap. 7- Angina estável .......... ....... .. ....................... ...... .... 286
Cap. 8- Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis .... 287
Cap. 9- Parada cardiorrespiratória .......... ...... ................. 292
AUTORIA ECOLABORAÇÃO

José Paulo Ladeira


Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista
em Clínica Médica, em Medicina Intensiva e em Medicina de Urgência pelo Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico plantonista das Unidades
de Terapia Intensiva do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Fabrício Nogueira Furtado


Graduado em Medicina e especialista em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Londrina
(UEL). Especialista em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Rodrigo Antônio Brandão Neto


Graduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Cam-
pinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico
assistente da disciplina de Emergências Clínicas.

Rafael Munerato de Almeida


Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP). Especialista
em Clínica Médica pela Santa Casa de São Paulo. Especialista em Cardiologia e em Arritmia Clínica
pelo Instituto do Coração (lnCOR), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (HC-FMUSP).

Mário Barbosa Guedes Nunes


Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Clínica Médica
pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (Pará) . Especialista em Cardiologia pelo Instituto Dante Pa-
zzanese de Cardiologia .

Germano Emílio Conceição Souza


Doutor em Cardiologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (HC-FMUSP) . Médico assistente da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Instituto
do Coração (lnCor) do HC-FMUSP. Coordenador da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante
do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Delegado do Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo (CREMESP).

Atualização 2015

José Paulo Ladeira


REVISÃO TÉCNICA

Aline Prado de Almeida

Alyne Duarte Bacha

Cleiton Geraldo Terra

Fabrício Costa Valiante

Guilherme Portela Perfeito

Gustavo Swarowsky

Jenifer Shen Ay Wu

Jéssica Hae Lim Lee

Jimmy Teixeira Acha

Lilian Oliveira Ferreira

Lívia Benini Kohler

Luis Guilherme Alves de Oliveira

Luiz Felipe Ribeiro Cordoni

Maíra de Camargos Resende

Manoel E. E. Oliveira Junior

Natália Varago Franchiosi

Tamires de Menezes França

Vanessa Suemi Takenaka


APRESENTAÇÃO

estudante de Medicina, pela área escolhida considerado um apai-


xonado por desafios, depois de anos submetido a aulas teóricas e plantões
em diversos blocos deve enfrentar uma maratona ainda maior: a escolha
de uma especialização, seguida da conquista do ingresso em um centro e
programa de Residência Médica de renome. Mas isso só é possível com o
auxílio de um material didático prático, bem estruturado e preparado por
quem é especialista no assunto, e a Coleção SIC Principais Temas para Provas
de Residência Médica 2015, da qual fazem parte os 31 volumes da Coleção
SIC Extensivo, foi desenvolvida nesse contexto. Os capítulos baseiam -se nos
temas exigidos nas provas dos principais concursos do Brasil, ao passo que
os casos clínicos e as questões são comentados a fim de oferecer a interpre-
tação mais segura possível de cada resposta .

Bons estudos!

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estratégias que me deixaram segura diante de uma prova prática. Foi de fundamental
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referentes às últimas provas de Residência."
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ESTATÍSTICAS DE ESTUDO

Com a missão de preparar um material de qualidade que oriente o leitor de forma direta, a Editora Medcel
realizou um levantamento de provas de Residência de todo o Brasil, revelando dados estatísticos que auxiliam na
preparação para os exames . Tais dados possibilitam a otimização dos estudos, demonstrando os temas cobrados
com maior frequência pelas instituições.
No total foram analisadas 400 provas dos últimos 8 anos, criteriosamente selecionadas para representar de
forma significativa as regiões brasileiras, fornecendo dados atuais e que expressam a realidade dos exames.
É importante ressaltar que os dados contidos nesta pesquisa podem ser diferentes se considerada cada prova
em particular. A avaliação individual por prova, por instituição ou por ano é apresentada de forma exclusiva na
área restrita dos alunos do Curso Medcel.

Lista das provas analisadas


2015 - ALBERT EINSTEIN, AMP, FHEMIG, FMABC, FMUSP, FMUSP-RP, HCPA, HCV, HIVS, HPM, HSM, HSPE, IFF, INCA,
IOG, ISCMSP, PUC-PR, PUC-RS, SCMBH, SURCE, SUS-SP, UDIH, UEL, UEPA, UERJ, UERN, UFAM, UFES, UFF, UFG,
UFPR, UFRJ, UFRN, UFSC, UNAERP, UNESP, UNICAMP, UNIFESP, UNIOESTE, UNITAU
2014- ALBERT EINSTEIN, AMP, AMRIGS, CEREM-MS, CERMAM, CREMESP, FHEMIG, FMABC, FMJ, FMUSP, FMUSP-RP,
HAC, HCPA, HCV, HECI, HFA, HMSJ, HPM-MG, HSPE, HUGO, IFF, INCA, IOG, ISCMSP, PUC-PR, PUC-RS, SCMBH,
SES-DF, SES-PB, SES-PE, SES-RJ, SES-SC, SMS-RJ, SMS-SJP, SMS-SP, SUS-BA, SUS-CE, SUS-PR, SUS-SP, UCPEL, UEL,
UERJ, UERN, UEVA, UFAL, UFAM, UFCG, UFES, UFF, UFG, UFMA, UFPA, UFPE, UFPI, UFPR, UFRJ, UFRN, UFS,
UFSC, UFT, UFTM, UFU, UNAERP, UNESP, UNICAMP, UNIFESP, UNIOESTE, UNIRIO, UNITAU
2013- ALBERT EINSTEIN, AMP, AMRIGS, CERMAM, CREMESP, FCMCG, FHEMIG, FMUSP, FMUSP-RP, HAC, HCPA, HCV-
-PR, HNMD, HRO, HSPE, IFF, INCA-RJ, IPUB, PUC-PR, PUC-RS, SÃO LUCAS, SCMCG, SES-DF, SES-MS, SES-PE, SES-
-RJ, SES-SC, SMS- SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, STA CASA-BH, STA CASA-PA, STA CASA-SP, SURCE, SUS-BA, SUS-SP,
UCPEL, UEL, UERJ, UFAL, UFAM, UFCG, UFES, UFF, UFG, UFGD, UFMS, UFPB, UFPE, UFPI, UFPR, UFRJ, UFRN,
UFS, UFSC, UFT, UNAERP, UNESP, UNICAMP, UNIFESP, UNIOESTE, UNIRIO, UNITAU
2012 - AMRIGS, CERMAM, CREMESP, FHEMIG, FMABC, FMJ, FMUSP, FMUSP-RP, FUNDHACRE, FURB, HC-ICC, HCPA,
HECI, HFA, HMSJ, HNMD, HOL, HOSPITAL DE PITANGUEIRAS, HPM-MG, HSG, HSPE-SP, HTJ, IFF, PUC-PR, PUC-
-RS, STA CASA-GO, STA CASA-SP, SES-DF, SES-PE, SES-RJ, SES-RS, SES-SC, SUS-BA, SUS-CE, SUS-RO, SUS-SP,
UCPEL, UEL, UERJ, UERN, UFCG, UFES, UFF, UFG, UFMS, UFPA, UFPE, UFPI, UFPR, UFRJ, UFRN, UFSC, UFT, UNB,
UNICAMP, UNIFESO, UNIFESP, UNIRIO, UNITAU
2011 - AMRIGS, CERMAM, CREMESP, FHEMIG, FMUSP, FMUSP-RP, HCPA, HFA, HMTJ, HNMD, HSPE, IMPARH, PUC-PR,
PUC-RS, SES-DF, SES-GO, SES-PE, SES-RJ, SES-SC, SUS-BA, SUS-CE, SUS-SP, UCPEL, UEL, UERJ, UFC, UFCG, UFES,
UFF, UFG, UFMA, UFMS, UFPE, UFPEL, UFPR, UFRJ, UFRN, UFSC, UFT, UNB, UNICAMP, UNIFESP, UNIRIO, UNITAU
2010- ALBERT EINSTEIN, AMP, AMRIGS, CERMAM , CREMESP, EMESCAM, FMJ, FMUSP, FMUSP-RP, HC-ICC, HFA,
HNMD, HPM-MG, HSPE-SP, HUEC, IMPARH, INCA-RJ, PM JOINVILLE, PM S JOSÉ DOS CAMPOS, PUC-PR, SES-DF,
SES-PE, SES-RJ, SES-SC, SUS-BA, SUS-CE, SUS-SP, UEL, UERJ, UFAM, UFCG, UFF, UFMS, UFPE, UFPR, UFRJ, UFRN,
UFSC, UNB, UNICAMP, UNIFESP, UNIRIO, UNITAU
2009 - ALBERT EINSTEIN, AMP, AMRIGS, CERMAM, CREMESP, EMESCAM, FMUSP-RP, FUNRIO, HC-ICC, HCPM, HFA,
HNMD, HPM-MG, HPM-RJ, HSPE-SP, HSPM-SP, IFF, IMPARH, INCA-RJ, PUC-PR, PUC-RS, SES-DF, SES-PE, SES-RJ,
SES-SC, SUS-BA, SUS-CE, SUS-SP, UEL, UERJ, UFAM, UFF, UFG, UFJF, UFMS, UFPE, UFPR, UFRJ, UFRN, UFSC,
UFU, UNB, UNICAMP, UNIFESP, UNIRIO, UNITAU, USP
2008- AMP, CERMAM, CREMESP, ESP-CE, FMUSP-RP, FUNRIO, HC-ICC, HNMD, HPM-MG, HPM -RJ, HSPM-SP, PUC-PR,
PUC-RS, SES-DF, SES-PE, SES-RJ, SES-SC, SMS-RJ, SUS-BA, SUS-CE, UCPEL, UEL, UERJ, UFAM, UFCG, UFF, UFG,
UFJF, UFPE, UFPR, UFRJ, UFRN, UFSC, UMC, UNB, UNIRIO, UNITAU

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Epidemiologia Pediatria

a 'JE. t- E. o

de saúde suplementar- ANS I .0%


_ Adolosc6ncia

:~~S~~"o
2.~

.
A D ç a dla""lca e desldrotaçOo 5.9%

\tk.ncogostroesofógk:o0.8%

crlanças e adolescenles 1.~ NUtriÇãO 20.7%


Epidem1 - Oesc e desenvolvimento 8,
e definições 2.9% - NutriçOo do laclente 6.~
Medicina Legal , ' , . ( ._ ·'· - Anemias carencials 2.~
- DesnutriçOo en8fgéticcr
Ético Médica 4,1% - Ccrdiapotias congênitas
3.~ -proteica 1,6,;
Medicina do Trabalho - Deficiências e excessos de
- Convuboo leb<il 2.4jl;
4,8%
• PCR I ,6l(;
Anólise de métodos - Anitmios cordfocas na
diagnósticos 4,9% eme<g ped 0.6l(;

Alergias 8.2% Alterações pulmonares


- Dças exanlemóticas 5.4% Infecções 13.9%
1
Ó 8%
· Alergia alimentar 1,Qjl;
-lmunizaçoes 7.~ - lnfecçoes respiratórias agudas
- Dermofite alópica OAl(;
-ITU 2,6l(; 6,2,;
- AnolilOl<ia 0,4l(;
Medidas de freq 11: mortalidade - Rlnite alérgico 0..3% - Meningites e - Pneumonias adquiidas na
e outros indicadores 8.0% meningoencefalites 2.~ comuOOode ... 6S
- Urtlcáio e angloedema
- Normas pera comunicantes - Asma2.2,;
o.~
de dças Infecciosas O.fr.lt - Sd do loctente siblante 1,3':1.
- Dças alérgicos em
-TBL~
PedlolriaO.~
-lnsuf resp e choque l,:lla

Ginecologia Obstetrícia
Mamas ll 0%
- Dças mal1gnas 6.5')1. - lsoimunlzaçOo Rh 2.4l(;
- Dças benignos 2.~ - Ccrdlopatla o.~
- Mad~ locais e slstêmicas
- Exames comptementares em mastok:>gia I.~ - Trombofilas 0.711:
no arganbmo mol...-na s.~
- Anato/lisio O.:IS -LESO.~
-Fisiologia 2.1,;
- D~túrbios PQ no pue<péria O.~

\ Outros temos 1,5%


Fertilidade 30.3%
- Planejamento famliar 8,9'J.
- Climatério 5. 9'.t
Patologias no
gestação 12,1%
Parto 30.4%
·Perto 10.711:
- Anoto. embriologia e -lntecçOes bacterianas 2,4,; - Assistência pr&-ncrlal 9,6,;
-AIDS2.~ - RelaçOes ul...-oleta~ 3.~
motformoçOes do trato
reprodutivo femlnino ~.~ -SIIIis2.~ - Pue<pérlo 3,2,;
- Aslologia menstruol 4.~ - Amniomt.Jds premaMo 2.4~ - Tocurgla 2.~

- ~tlca em GO. aboflamento - Toxoplasrnose 1.~ -Tr~toO.~

)ego! e abuso sexual 3,1 ~ - lnfecçoo puerperol 0.711:


- lnlerlildade conjugal2.~ - t!ub6ola 0.2,;
Neoplosios 21 .2% - Se><uaidade feminina o.~
- lnlroepllelal cervical e lesOes
pr6-lnVC11vas do colo uterino 6.~ ginecológicos 22,0% Alterocões fetoi
- Potdoglas ~os e co do - Tronstcmoo- 9.~ - Vltaldade fetaf 4,6j(; - Sds hipertenstvos 9.~
corpo utemo 4,9% - Sd pr&mensllual, dlsmenoneicl e -l'lemoturtdade 3.~ • Sds hernc>rrÓgiCOS do 1' metade a~
- Oços bonlgnos e molgnas do ovório .-.rJ. do< P<'fvl<;a crOnlca 3,711: -Drogas 1.9% - Sds hemooógicas do 'Z' metade 4, 9'.t
-Colo utemo 4.~ - Endomet!lose 3.~ - GestaçOo gemelar 2"J, - Diabetes 3.~
-Vulva I.~ - Mloma ul""no 3.~ - RestriçOo do cresc teta 1.5~
-MIPA2.1j(; - OligoOmnlo e polidrOmnlo 1.3,;
- Pós-datismo e gest prolongada O.~
- Pesqu~o de maturidade fetal O... ~
pera febr OS
)IL rrc sr -2 v
básica 1.1%
Edema agudo •
1,5%

Diag diferencial da
dor torácica 1. 7% HAS 21.2%
TB 9,8%

Hepato- Hepatites virais 8,9% Sds miocárdicas


esplenomegalias Dças do isquêmicas
crônicas 3,2% DSTs 7.4% pericárdio 2,3% instáveis 17%
Hanseníase 3,
PCR 4.7%
Icterícias tet i• Parasitoses intestinais 6.8%
3.8% Pneumonia adquirida na
Meningite comunidade 6,3%
e outras infecs DLP e fatores
Imunizações e terapia pós-exposição 5,1%
doSNC 4,2% de risco para
Sepse 5% dça cardiovascular Arritmias cardíacas 13%
Principais anlimicrobianos 4.6% 7.1%

Endocrinologia Hematologia

Hipertireoidismo
4.4%

Dças da hipófise
4.4%
~\ DM - tratamento
Neo mieloproliferativas
(não LMC) 2.5% Hemostasia e
trombose 20%

Tireoidites 4.
13.4% Anemias
Mielomo pós-hemorrágicos
Sd metabólica Dças das a drenais múlt1plo 5.3 e
4.8% 87% hiperproliferativos
18,2%
Complicações agudas
do DM 8,2%
Anemias por def
de produção 12.9%
Hipotireoidismo 7.7%
Anemias 9.9%
Leucemios agudos 10%
Complicações crônicos do DM 6,8%

Nefrologia Pneumologia
Dço renovascular isquêmica ) lt" nai 'lOZ: Fisio resp e provas de função pulmonar 2%

'31L,
'" 1.6%
Me fooos comp ~rne -
dJOgnosll os em 1\ie .... anatômicos da respiração
21 0,9%
S1nais e s1ntomas
respiratórios 3 1%
Asma 20,2%
DRC e terapia de Oços pu!mOno•"
substituição renal ntershc 01 5 7'
11.3% Dças glomerulares
38,8%
TEP 11.7% Neoplosias
pulmonares 17.4%
IRA 17.6%

Derrame pleural
14,1%
Distúrbios hidroeletrolíticos
20,5%
DPOC 17%
Ut JUt
Sd an•õfosfolípide "
Dç as cerebrovasculares
Febre reumática 16.4% Neuroanatomia 16,9%
5,1%

Artrite idiopática Tu do SNC 5.6%


Cefaleias 15,9%
juvenil 3.4% LES 16.4%
Semiologia e
propedêutica
neurológica 8.4%
Paralisias flácidos
Artrite reumatoide agudas 14.8%
15.9%

Osteoartrite
Demências 9,9%
Artrites septr< 0•
6 2'1t

Medicina Intensiva Psiquiatria


5"' Trars'?rnos sol""'a Ul:iSOC o• VOS e IC',-t CIO~ 1 4%

ot odL çao a P~

Emergências em
Drogas vasoativas 2.5%
PQ 2.8%
Transtornos mentais
VM e desmame
decorrentes de
ventilatório 7,8% Distúrbio do equilíbrio substs psicoativas 23%
olirnt ntarC'
acidobásico 28,5%
Insuficiência
respiratória 8,5% PQ infantil 4,3%
Transtornos
Esquizofrenia e do humor
outros 16.5%
transtornos
psicóticos
Psicoformocologia e outros
4,3%
ttos em PQ 12,5%
Choque 21%
Transtornos de
Intoxicações
p rsona~dad 4 6,
exógenas 25. 1%

Tran1lornos d-: on•,edode 10.3%

Dermatologia Geriatria
Reações alérgicas e farmacodermias 1.7%

Dças eritemato- Aspectos biológicos


descamativas 3% do envelhecimento
2.8%
Cuidados
Dças inflamatórias 6.4% paliativos 25.7%

Dermato normal Fisio do


7.4% Dças envelhecimento
infectocontagiosas 4.6%
45,5% Delirium 13.8%
Dças Promoção à
eczematosas saúde e
9.3%

Quedas 8.3%
Polifarmócia 9,2%
Tu malignos 21.8%
Intestinos 30.0%
- Alecçoes benignas do esOfogo 5,:2\1: -Co de cólon e reto 8.2%
-Co de esOiogo 1.~ - AlecçOes benignos dos bá! _"Js ::Je rnstr Ar'E'ntação c
- Anolo/llslo do esOiogo 0.411> cólons 6,611>
Suturas e feridas 1 entO<.ÕO C rr u,6%
'101 an-
- Dços lnllomolórlos
Fígado 11.6% \ Intestinais 5.~
- Ctrrose hepóllca e suas - Dços orlllclols 3.711>
compllcaçoes 4.S'JI> - Alteraçoes tvnclonols dos
-Tu e abscessos hepOIIcos 3.611> Intestinos 2.~
- HlperlensOo portal 1,311> - Dço pollpolde 1.1 11>
- Transplante hepótlco O. 9% - Anoto/ftslo do lntesllno
-Anoto clr do ligado 0.711> delgado 0.611>
- AvaloçOo da funçOo - Anolo/ftslo do cólon 0.511>
hep011co0,6'JI> - Co de Onus 0.411> Compl pós-operatórias
- ConsllpoçOO lntesllnol 0,:2\1: 14.2%
Pâncreas 12.3%
Procedi me r to,
- Pancreotlte aguda 6.-4~
tNa '~"""
Abdome agudo 14,1%
-Tu pancre6tlcos e
neuroendócrtnos .4, 1~ 2.3%
- Pancreante crOnlca l,o4'J, Estômago 22.3% Bases da cir Cuidados pré-operatórios 8,4%
- Anoto/llslo do pOncreos 0.411> - Co góslrlco 6.311>
video-
-DRGE 4.111>
- Dço ulceroso ~llco 3.711>
laparoscópica
- Tto ci' do obesidade m6rbk::Ja 2.~ 2.6%
- lltfase biliar e suas compllcoçOeu 9."" - Dlspepslo e H. pylorl2,0'JI>
- lcterfclo obstrullvo 3.~ - Anoto/llslo do estOmogo 1.311>
- Sds pOs-operaçoes góshtcos 1,S'JI>
-GIST0,7'JI> Pós-operatório 4,4%

Cirurgia do Trauma Urologia


1"10 raqUifT'eaurar Y7o
Bexrga neurogêf"iUJ o rena! ].l~lo

Trauma pediátrico
2.5% Trauma abdominal 20.7%
Litíase urinária 16,9%
Vias aéreas e
ventilação 3.8%
Infecção do
Choque 4,5%
TGU 16,5%

Trauma Trauma torácico


cranioencefálico 19,9%
8.5%
Pielonefrite 3.9%
Ca de testlculo
Queimaduras 12%
Atendimento
inicial ao
politraumatizado Hiperplasia prostática Uro pediátrica 6, 1%
15.9% benigna 5,7%

Cirurgia Pediátrica Ortopedia

Tu ósseos e lesões 11rnologra o rt ~~ édrco O 5


Cir Torácica Ped 2.5% pseudotumorais 5,5%

"'
Outras malformações Dças do m•>lnhnli<n,n
ósseo 7.9%

Dças
neuromusculares 8.

C ir Ped Geral 22. 1

pediátrica 20.8%
Cirurgia Vascular Otorrinolaringologia

Métodos diagnósticos
em ORL 2.S%

\
Dça cerebrovascular
extracraniana 2.S\ ( Ou tros temas 2.8%

Insuficiência venosa
crônico 11.4% AAA 22 ·9% Rinologio IO.
Otologio 33.3%

OAA 17

OAC deMMIIl
Faringoloringologio 27.7%

Oftalmologia

Tu malignos 4.

Uveites S.

Estrabismo S. Conjuntivo 13.9%

Troumotismos
oculares 9.7%

SIC NEY
O maior banco de provas focado para
Residência Médica.

Cronômetro
por questão/
simulado
CAPÍTULO 1
DI Gl

Anatomia e fisiologia cardíaca básica


José Paulo Ladeira I Victor Ales Rodrigues

LIntrodução trações cardíacas. O 1º som dá-se com o fechamento das


válvulas atrioventriculares (mitral e tricúspide), sendo grave
Para iniciar o livro de Cardiologia, é importante relem- e denominado de 1ª bulha cardíaca (B1). O 2º som é gerado
brar alguns pontos básicos da anatomia cardíaca. A maioria com o fechamento das válvulas semilunares (pulmonar e
dos assuntos abordados neste capítulo provavelmente já aórtica) e é denominado de 2ª bulha cardíaca (B2).
faz parte do conhecimento do aluno, porém alguns tópicos
serão destacados. B- localização anatômica
Está localizado no mediastino, que é a cavidade central
2.Coração do tórax. Estende-se de forma oblíqua da 2ª costela até oSº
espaço intercostal, situa-se acima do diafragma, anterior à
A -Visão geral coluna e posterior ao esterno, e está rodeado parcialmente
O coração é uma bomba dupla, de sucção e pressão, au- pelos pulmões. Dois terços estão à esquerda do eixo media-
toajustável, cujas porções trabalham conjuntamente para no e o outro terço à direita. O vértice cardíaco encontra-se
impulsionar o sangue para todos os órgãos e tecidos. O entre a Sª e a 6ª costelas, local onde se pode fazer a palpa-
lado direito recebe o sangue venoso através da Veia Cava ção do "choque da ponta" ou ictus cordis.
Superior (VCS) e da Veia Cava Inferior (VCI), bombeando-
-o, posteriormente, através do tronco pulmonar, fazendo- C - Morfologia
-o ser oxigenado nos pulmões. O lado esquerdo recebe Pode ser descrito como tendo base, ápice, 4 faces e ain-
sangue arterial dos pulmões através das veias pulmonares, da 4 margens:
bombeando-o, posteriormente, para a aorta, de onde será
distribuído a todo o corpo. a) Ápice
São 4 as câmaras do coração: Átrio Direito (AD), Átrio Es- Situa-se no Sº espaço intercostal esquerdo, a aproxima-
querdo (AE), Ventrículo Direito (VD) e Ventrículo Esquerdo damente 9cm do plano mediano; é imóvel durante o ciclo
(VE). Os átrios recebem e bombeiam o sangue aos ventrícu- cardíaco, além de ser o local de máximo som de fechamen-
los. O sincronismo de bombeamento das 2 bombas atrio- to da valva mitral.
ventriculares cardíacas (câmaras direita e esquerda) consti-
b) Base
tui o chamado ciclo cardíaco, o qual se inicia com a diástole,
que é o período em que há o relaxamento e o enchimento Voltada posteriormente em direção aos corpos das vér-
ventricular, e termina com a sístole, que é o período de con- tebras T6-T9, separada delas pelo pericárdio, pelo seio pe-
tração muscular e esvaziamento dos ventrículos. ricárdico oblíquo e pela aorta, recebe as veias pulmonares
Os 2 sons fisiologicamente auscultados no coração são nos lados direito e esquerdo da sua porção atrial esquerda
produzidos pelo estalido de fechamento das válvulas que e VCS e VCI nas extremidades superior e inferior da sua por-
normalmente impedem o refluxo de sangue durante as con- ção atrial direita.

21
c) Faces Já a parede do coração é formada por 3 camadas (Fi-
gura 2):
Tabela 1 - Quatro faces do coração
Tabela 3 - Formação da parede cardíaca
Esternocostal (anterior) É formada principalmente pelo VD.
É formada principalmente pelo VE e Camada interna, de fina espessura (endotélio e
Diafragmática (inferior) tecido conjuntivo subendotelial), que atua como
parte do VD. Endocárdio
Pulmonar direita É formada principalmente pelo AD. revestimento íntimo do coração, inclusive de suas
valvas
É formada principalmente pelo VE;
Pulmonar esquerda forma a impressão cardíaca do pul- Camada intermediária, helicoidal e espessa, for-
Miocárdio
mão esquerdo. mada por músculo cardíaco
Camada externa, fina espessura (mesotélio) e for-
d) Margens Epicárdio
mada pela lâmina visceral do pericárdio seroso
Tabela 2 - Quatro margens do coração
Pericárdio
Ligeiramente convexa e formada pelo AD, estende-
Direita ~ Parede do coração
-se entre a VCS e a VCI.
Oblíqua, quase vertical, é formada principalmente Pericárdio fibroso -
Inferior
pelo VE.
Camada parietal
É quase horizontal e formada principalmente pelo do pericárdio seroso béculas cardíacas
Esquerda
VE e por uma pequena parte da aurícula esquerda.
Formada pelos átrios e aurículas direitos e esquer-
dos em vista anterior; a aorta ascendente e o tronco
pulmonar emergem dessa margem, e a VCS entra no Cavidade pericárdica Miocárdio
Superior .\.C~~~~WIJ:- (músculo
seu lado direito. Posterior à aorta e ao tronco pul-
Camada visceral cardlaco)
monar e anterior à VCS, essa margem forma o limite
do pericárdio seroso
inferior ao seio transverso do pericárdio. (epicárdio)

3. Revestimento e parede cardíaca Figura 2 - Pericárdio e parede cardíaca I


Há uma membrana fibrosserosa que envolve todo o co-
ração e o início dos seus grandes vasos chamada pericárdio A- Câmaras cardíacas
(Figura 1), a qual tem a característica de ser semelhante a
um saco fechado contendo o coração. Éformado por 2 cama- São 4 as câmaras cardíacas (Figura 3}, sendo 2 átrios e 2
das: a externa, chamada pericárdio fibroso, mais resistente, ventrículos, separados por 1 septo e por 2 valvas atrioven-
constituída por tecido conjuntivo denso e que tem por fun- triculares. De forma geral, o sangue chega ao coração nos
ção fixar o coração ao diafragma e aos grandes vasos; e uma átrios (do pulmão através do AE e do corpo através do AD)
camada interna, chamada pericárdio seroso, mais delicada e é ejetado dele pelos ventrículos (para o pulmão pelo VD e
e que, por sua vez, possui 2 lâminas - parietal, que reveste para o restante do corpo pelo VE).
internamente o pericárdio fibroso, e visceral, que recobre o a) Átrio direito
coração e os grandes vasos. Entre as 2 lâminas existe a cavi-
Recebe o sangue venoso da VCS, da VCI e do seio co-
dade pericárdica, que contém certa quantidade de líquido e
ronariano. A aurícula direita é uma bolsa muscular cônica
permite a movimentação do coração dentro do tórax.
que se projeta como uma câmara adicional, aumentando
a capacidade do átrio, enquanto se superpõe à aorta as-
Coração
Pericárdio cendente. No AD há, ainda, 2 estruturas muito importan-

I
tes que serão tratadas mais à frente: o nó sinusal e o nó
atrioventricular. Seu interior é formado por uma parede
posterior lisa e fina e uma parede anterior muscular ru-
gosa, formada pelos músculos pectíneos, que auxiliam na
contração atrial.

Fluido b) Ventrículo direito

perlcárdlco Responsável pelo bombeamento do sangue na circula-


ção pulmonar, recebe o sangue venoso do AD, que repassa
ao ventrículo através da valva tricúspide, deságua no tronco
Pericárdio da artéria pulmonar por meio da valva pulmonar e possui
em seu interior elevações musculares chamadas trabéculas
Figura 1 - Pericordio
cárneas. Os chamados músculos papilares começam a con-

22
ANATOMIA EFISIOLOGIA CARDÍACA BÁSICA

trair antes da contração ventricular, tensionando estruturas d) Ventrículo esquerdo


chamadas cordas tendíneas. Esse mecanismo é o responsá- Responsável pelo bombeamento do sangue para o cor-
vel pela abertura e pelo fechamento das válvulas. po, recebe o sangue arterial do AE, que passa ao VE através
c) Átrio esquerdo da valva mitral, e deságua na aorta pela valva aórtíca. O VE
forma o ápice do coração, suas paredes são até 3 vezes mais
Recebe o sangue arterial, proveniente das veias pul-
espessas que as do VD, as trabéculas cárneas são mais fi-
monares direitas e esquerdas, e deságua no VE, separado
nas e numerosas, e os músculos papilares, maiores que os
pela valva mitral. Seu interior possui uma parte maior com
do VD. Vale lembrar que a pressão arterial é muito maior
paredes lisas e uma aurícula muscular menor, contendo
na circulação sistêmica do que na circulação pulmonar, por
músculos pectíneos. Sua parede é também um pouco mais
isso o VE trabalha mais do que o VD.
espessa que a do AD.

Artéria carótida comum esquerda

Tronco braquiocefálico ~----Artéria subclávia esquerda


Artérias pulmonares
direitas
Artéria pulmonar esquerda
Veia cava superior
Valva pulmonar Veias pulmonares esquerdas

Atrio direito ,_.-+::.__- Átrio esquerdo


Veia interventricular anterior
Veia cardíaca e artéria e artéria coronária esquerda
coronária direita Valva aórtica
Valva 'E"'- - Valva mitral
tricúspide _ .........,_ Cordas tendíneas
Septo Trabéculas
interventricular

- Epicárdio
inferior

Músculos Ventrículo esquerdo


papilares direito

Figura 3 - Estruturas cardíacas

B- Valvas cardíacas Essas 2 valvas (mitral e tricúspide) são fixadas a cordas


tendíneas provenientes de músculos papilares e promovem
As valvas são formadas, basicamente, de tecido conjun- a sustentação, permitindo que as válvulas resistam a maio-
tivo e têm a função de garantir o sentido unidirecional do res pressões, também impedindo o prolapso.
sangue, ou seja, impedem o refluxo sanguíneo nas 4 cavida-
c) Valva aórtica
des cardíacas. As valvas são formadas também por válvulas,
espécie de folhetos das valvas, que variam de acordo com a Possui 3 válvulas e permite o fluxo sanguíneo de saída
localização (Figuras 4, 5 e 6). do VE em direção à aorta.

a) Valva mitral d) Valva pulmonar

Possui 2 válvulas e permite o fluxo sanguíneo entre o Possui 3 válvulas e permite o fluxo sanguíneo de saída
AE e o VE. do VD em direção à artéria pulmonar.
Ao contrário das outras 2, as valvas aórtica e pulmonar
b) Valva tricúspide não têm cordas tendíneas para sustentá-las. São menores,
Possui 3 válvulas e permite o fluxo sanguíneo entre o e a pressão sobre elas é inferior à metade da exercida nas
AD e oVD. valvas atrioventriculares.

23
Tabela 4 - Volvas cardíacas e exame clínico

~-­
Em!.ml!lmmm!l localizações Observações
Sº espaço Trata-se da área em
intercostal es- que são mais bem per-
Pulmonar querdo, na linha cebidos os fenômenos
Valva hemiclavicular, estetoacústicos como
Mitral
mitral correspondendo bulhas, estalidos e
ao ictus cordis sopros relacionados a
Tricúspide ou ponta do valva mitral estenótica
coração ou insuficiente.
Algumas vezes os aco-
metimentos da valva
Base do apên- tricúspide são mais
Valva tri- dice xifoide, bem ouvidos no foco
Figura 4 - Volvas cardíacas Tricúspide
cúspide ligeiramente à mitral, porém a inspira-
esquerda ção profunda intensifi-
ca o sopro se ele for de
origem tricúspide.
Trata-se de local de
2º espaço inter- maior intensidade
Aórtico Valva
Aórtico costal direito, de ausculta de B2,

• Pulmonar aórtica
junto ao esterno juntamente com o foco
Aórtico pulmonar.
· - acessório É o foco em que se
têm condições ideais
2º espaço inter-


Valva para análise de desdo-
Pulmonar costal esquerdo,
pulmonar bramentos, patológico
junto ao esterno
Tricúspide ou fisiológico, da 2ª
\ bulha pulmonar.
Mitral Entre o 3º e o 4º
Trata-se do melhor
espaços intercos-
Aórtico Valva local para perceber
tais esquerdos,
acessório aórtica fenômenos acústicos
próximo ao
de origem aórtica.
Figura 5- Focos de ausculta cardíaca esterno

Artéria coronária esquerda


Válvula aórtica
Trígono fibroso esquerdo _.;.-~- Anel fibroso aórtico
I T · ono fibroso direito Artéria coronária direita

Válvula bicúspide Válvula tricúspide

el fibroso atrioventricular Anel fibroso atrioventricular


esquerdo direito

Figura 6- Volvas cardíacas (corte transversal)

C- Coronárias ventricular). Na sua porção posterior, dá origem ao grande


ramo interventricular posterior, que, por sua vez, envia os
As artérias coronárias são os primeiros ramos da aorta chamados ramos interventriculares septais.
e suprem o miocárdio e o epicárdio. As artérias coronárias
b) Artéria coronária esquerda
direita e esquerda originam-se dos seios da aorta corres-
pondentes na região proximal da parte ascendente da aorta Origina-se do seio esquerdo da aorta, seguindo no
e seguem por lados opostos do tronco pulmonar (Figura 7). sulco coronariano. Na extremidade superior do sulco in-
terventricular anterior, divide-se em 2 ramos, o anterior e
a) Artéria coronária direita o circunflexo. O ramo interventricular anterior segue até
Origina-se do seio direito da aorta, seguindo no sulco o ápice do coração e, em muitas pessoas, origina o ramo
coronariano. Próximo de sua origem, emite o ramo do nó diagonal. A artéria circunflexa origina a artéria marginal
sinoatrial (suprindo-o, depois emitindo o ramo do nó atrio- esquerda.

24
ANATOMIA EFISIOLOGIA CARDÍACA BÁSICA

rassimpático. Isso acontece para atender às demandas ou


conservar energia.
Os nós sinoatrial e atrioventricular são supridos pelos
Aorta ramos nodais da artéria coronária direita, o que justifica a
maior incidência de bloqueios da condução atrioventricular
Tronco da artéria nas síndromes coronarianas agudas dessa coronária; já os
~~~-coronária esquerda
feixes são supridos pelos ramos septais da artéria coronária
Artéria circunflexa
esquerda, o que justifica a presença frequente de bloqueios
de ramos agudos nas síndromes coronarianas agudas des-
Artéria diagonal sa artéria. A oclusão de qualquer artéria, com consequente
Artéria Artéria infarto do tecido nodal, pode exigir a inserção de um marca-
interventricular i-..P...- interventricular -passo cardíaco artificial.
posterior anterior


Ftgura 7- Artérias coronárias sinoatrial

4. Sistema elétrico
O sistema de condução do coração é constituído basi-
camente de fibras musculares especializadas para a trans-
missão de impulsos elétricos, sendo representado por nó si-
noatrial, feixes de condução atrial, nó atrioventricular, feixe
atrioventricular com seus ramos e fibras de Purkinje (Figura
8) . Os estímulos são gerados ritmicamente, resultando na
contração coordenada dos átrios e dos ventrículos. Figura 8 - Sistema elétrico do coração

O nó sinoatrial localiza-se na parte superior do AD, no


contorno anterolateral de junção da VCS. Os estímulos ge-
rados por ele se propagam pelos feixes de condução atrial
5. Grandes vasos
(anterior, médio e posterior) até o nó atrioventricular, que Como grandes vasos, apresentados na Figura 9, pode-
os retransmite. Este último está situado abaixo do endo- mos citar:
cárdio atrial direito, na parte do septo interatrial imediata- -Aorta;
mente acima do óstio do seio coronariano. O feixe atrio- - Tronco braquiocefálico;
ventricular dirige-se para a parte membranácea do septo - Artéria carótida comum esquerda;
interventricular e em seguida se divide nos ramos direito - Artéria subclávia esquerda;
e esquerdo, propagando-se até as paredes dos respectivos - Porção distai do tronco pulmonar;
ventrículos. - Veia braquiocefálica direita;
A frequência de geração e a velocidade de condução - Veia braquiocefálica esquerda;
são aumentadas pelo sistema simpático e inibidas pelo pa- - Parte da VCS.

Nervo vago direito Nervo frênico esquerdo

Artéria carótida comum esquerda


Músculo escaleno a
Nervo laríngeo recorrente
Veia jugular interna esquerda
Artéria subclávia direita - - -
i braquiocefálica esquerda
Tronco braquiocefálico -'lll. .iii~lí't....~

Veia cava superior

Ligamento arterial
Vista anterior
Parte torácica da aorta

Figura 9 - Grandes vasos

25
S. Ciclo cardíaco diastólico. Todo o ciclo, então, se repete na sequência de
outro impulso a partir do nó sinoatrial.
O ciclo cardíaco pode ser dividido em 2 fases: sístole e
diástole. A alternância entre elas é que determina o esvazia-
mento e o enchimento subsequente do coração. A contra- 120
1\~ Pressão aórtica
ção (sístole) e o relaxamento (diástole) podem ser isométri- ...... ~
Qjj
cos, quando ocorrem alterações na pressão intraventricular :r ao
E
sem modificação no comprimento das fibras musculares. .§.
O ciclo inicia-se no nó sinoatrial com uma despolarização ..."'o ressao
ventricular
que leva à contração do átrio. Durante esse tempo, o flu- ~ 1\
c.. .. ··. ll
xo sanguíneo no interior dos ventrículos é passivo, mas a ... .... . Pressão atrlal
contração atrial aumenta o seu enchimento em cerca de o •'

20%. A sístole ventricular ocasiona o fechamento das valvas


atrioventriculares (1ª bulha cardíaca), sendo a contração Eletrocardiograma
1\
isométrica até que as pressões intraventriculares se tornem l
suficientes para abrir as valvas pulmonar e aórtica, quando
se inicia a fase de ejeção. O volume de sangue ejetado é
Pulso
venoso a..· .... c

v ..
conhecido como volume de ejeção. Ao final desta fase ocor- jugular .. .. '•
...... ....
·. X ,:
rem o relaxamento ventricular e o fechamento das valvas
pulmonar e aórtica (2ª bulha cardíaca). Após o relaxamento Fonocardiograma ... 1 52
isovolumétrico, as pressões ventriculares diminuem mais
do que as pressões atriais, o que leva à abertura das val- Figura 10 - Relação entre eventos elétricos e mecânicos do ciclo
vas atrioventriculares e ao início do enchimento ventricular cardíaco

7. Resumo
Quadro-resumo
-O coração é uma bomba dupla, de sucção e pressão, autoajustável, cujas porções trabalham conjuntamente para impulsionar o sangue
para todos os órgãos e tecidos;
- É dividido em 4 câmeras:
·AD;
·AE;
·VD;
· VE.
-O sincronismo de bombeamento entre átrios e ventrículos constitui o ciclo cardíaco;
-Os sons fisiologicamente auscultados no coração são produzidos pelo estalido de fechamento das válvulas que normalmente impedem
o refluxo de sangue durante as contrações cardíacas;
- Localização:
· Mediastino, que é a cavidade central do tórax. Estende-se de forma oblíqua da 2~ costela até oSº espaço intercostal;
· 2/3 do coração estão à esquerda do eixo mediano, e o outro terço, à direita;
· O vértice cardíaco encontra-se entre a 5~ e a 6~ costelas, local onde se pode palpar o ictus cordis.
-Revestimento e parede cardíaca:
· Endocárdio;
· Miocárdio;
· Epicárdio.
- Valvas cardíacas:
·Mitral;
· Tricúspide;
· Aórtica;
·Pulmonar.
-Focos de ausculta:
·Mitral;
· Tricúspide;
· Aórtico;
·Pulmonar;
· Aórtico acessório.
-Coronárias:
·Direita;
·Esquerda.
-O sistema elétrico de condução dos impulsos cardíacos é constituído, basicamente, de fibras musculares especializadas.

26
CAPÍTULO 2
CARDIOLOGIA

Dislipidemia e fatores de risco


para doença cardiovascular
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

Os principais lipídios de importância clínica são Ácidos


1. Introdução Graxos (AGs), triglicérides (TGs), fosfolípides (FLs) e Coleste-
A doença card iovascular é a principal causa de morte rol (Col). Merecem destaque os TGs, que têm o papel fisio-
entre adultos, com mais de 250.000 óbitos no Brasil em lógico de reserva de energia, e o Col, que é um componente
2002. Aproximadamente 50% dos homens e 64% das mu- da membrana celular e que participa da síntese de ácidos
lheres não apresentavam sintomas prévios de doença até o biliares e de hormônios esteroides.
aparecimento de evento cardiovascu lar. Por isso, prevenção As lipoproteínas transportam os lipídios do local de sín-
e tratamento dos fatores predisponentes da doença ateros- tese ao local de utilização, apresentando as seguintes fun-
clerótica são de grande importância . Entre esses fatores, as ções:
alterações lipídicas representam um dos mais importantes - Formação de membranas celulares;
para o desenvolvimento e a progressão da doença ateros- - Síntese de ácidos biliares;
clerótica nas sociedades industrializadas, e o seu tratamen- - Substrato para esteroidogênese;
to objetiva a diminuição do risco cardiovascular. - Precursor da formação de vitamina D;
- Produção e armazenamento de energia.
2. lipídios e lipoproteínas Como os lipídios são molécu las hidrofóbicas, para se-
A aterosclerose pode ser definida como afecção de arté- rem transportados no plasma, associam-se a determinadas
rias de grande e médio calibre, caracterizada pela presença proteínas (apoproteínas), formando complexos lipídicos
de lesões com aspectos de placas (ateromas), além de ser solúveis. Esses complexos são divididos de acordo com sua
uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial densidade, característica conferida pela proporção entre
que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo quantidade de apoproteínas e de TGs, em:
principalmente a camada íntima dessas artérias. O depósito - Quilomícrons (QMs);
de lipoproteínas na parede arteria l, processo-chave no iní- - VLDL (Very Low-Density Lipoprotein);
cio da aterogênese, ocorre proporcionalmente à concentra- - IDL (Jntermediate-Density Lipoprotein);
ção dessas lipoproteínas no plasma. A arteriosclerose é essa - LOL (Low-Density Lipoprotein);
afecção nas arteríolas, sendo a lesão típica da hipertensão - HOL (High-Density Lípoprotein}.
arterial.
Uma das primeiras lesões associadas à dislipidemia são A dosagem de cada um desses componentes é possível
as placas gordurosas, formações planas e amareladas na para utilização clínica, mas é frequente a substituição deles
parede dos vasos, sem repercussão clínica. Podem evoluir pelo cálculo indireto de alguns de seus componentes, con-
forme a fórmula de Friedewa ld a seguir:
para o aparecimento das placas fibrolipídicas, que são for-
mações elevadas na superfície da camada íntima da artéria,
Para valores de TGs menores que 400ma/dl
estáveis ou instáveis. Podem ser vinculada s a complicações
Col LDL = Col total- Col HDL- TGs/5
como fissuras, calcificaçã o, necrose, trombose e rotura.

27
Entre pacientes com hipertrigliceridemia (TGs >200mg/ em 3 isoformas (E2, E3 e E4), e a sua genotipagem é usada,
dl), hepatopatia colestática crônica, diabetes mellitus ou principalmente, para o diagnóstico de disbetalipoproteine-
síndrome nefrótica, a equação é imprecisa. Nesses casos, o mia familiar (homozigoto para apo E2), sendo indicada para
valor do Col LDL pode ser obtido por dosagem direta. os casos de hiperlipidemia combinada grave. Ferramentas
Devido ao diabetes mellitus e à síndrome metabólica, de rastreamento genético em famílias com hipercolestero-
doenças muito frequentes na população e que causam disli- lemia familiar já estão disponíveis e devem ser usadas em
pidemia secundária, os tipos mais comuns de dislipidemias clínicas especializadas.
são:
Tabela 2 - Principais causas genéticas de dislipidemia
- Hipercolesterolemia isolada ou em associação a hiper-
trigliceridemia;

... . .
••
• o

- Hipertrigliceridemia com HDL baixo.

A classificação de Fredrickson, apesar de ser menos uti- o

lizada atualmente, é importante para entender os padrões Deficiência Autossô-


das dislipidemias familiares (Tabela 1). Também é impor- familiar de LPL mica reces- 1/106 I, V
tante saber que a avaliação semiológica pode sugerir o LPL si va
diagnóstico em algumas dislipidemias em que é caracterís- Deficiência Autossô-
tica a aparência do plasma. familiar de Apo-CII mica reces- 1/106 I, V
apo-CII siva
Tabela 1 - Dis/ipidemias familiares: classificação de Fredrickson,
Lees e Lewis -1/500
(heterozi-
Lipopro- Lipídios Hipercoles- Autossô-
Receptor goto);
teínas plasmá- Aparência terolemia mica domi- lia
de LDL - 1/106
plasmáticas ticos pre- do plasma familiar nante
Tipos Exemplos (homozi-
predomi- dominan- após refri- goto).
nantemente temente geração
Defeito Autossô-
elevadas elevados
familiar de Apo-B mica domi- 1/1.000 lia
Deficiência apo B-100 nante
Sobrena-
de lipase
QMs TGs dante cre- Hiperlipo-
lipoproteica Autossô-
mos o proteine-
(LPL) Apo-E mica reces- 1/10.000 111
mia familiar
Hiperlipide- si va
lia LDL Coi Claro tipo 111
mia familiar
Hiperli-
Hiperlipide- Autossô- lia, llb, IV
Geralmente pidemia Desconhe-
llb LDL e VLDL Co I e TGs mia familiar mica domi- 1/100 (raramente
claro familiar cido
combinada nante V)
combinada
Remanescen- Disbetalipo- Hipertrigli- Autossô-
111 Cole TGs Turvo Desconhe- IV (rara-
tes proteinemia ceridemia mica domi- Incerta
cido mente V)
Hipertrigli- familiar nante
IV VLDL TGs Turvo ceridemia Manifestações típicas
familiar
Sobre- Xantomas Pancreatites
nadante Deficiência
v QM e VLDL Co I e TGs
cremoso e de apo-CII
Eruptivos (raros) +
resto turvo
Tendinosos +
Uma discussão mais aprofundada das características Xantelasma +
das diferentes síndromes monogênicas que causam dislipi- Arco córneo lipídico +
demia não é o objetivo deste capítulo, mas a Tabela 2 apre-
Palmar +
senta as principais causas genéticas dessa alteração. Neste
Tuberoso +
momento, a genotipagem para estimativa de risco não é re-
comendada. No entanto, estudos sugerem que, no futuro,
ela poderá ser utilizada para a identificação de indivíduos 3. Metabolismo de lipoproteínas e
de alto risco. No diagnóstico de algumas hiperlipidemias ge-
neticamente determinadas, a genotipagem da apolipopro- colesterol
teína E (apo E) e/ou de genes associados à hipercolestero- O metabolismo das lipoproteínas pode ser dividido em
lemia familiar pode ser considerada. A apo E está presente 2 vias: exógena e endógena. A via exógena inicia-se com a
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENCA CARDIOVASCULAR

absorção intestinal dos AGs e do Col da dieta. Dentro das 4. Características e causas das dislipi-
células intestinais, os AGs são combinados com o glicerol,
formando os TGs, e o Col é esterificado pela acetilcoenzima demias
A. No intracelular, os TGs e o Col são agregados, formando Algumas características dependem do tipo de dislipide-
os QMs. Ao saírem das células intestinais, estes adquirem mia que o paciente apresenta . Aqueles com aumento de
apoliproteínas (componentes proteicos dos QMs que fun-
CoiLDL podem apresentar xantelasma e xantomas tendino-
cionam como cofatores para enzimas e ligandinas para re-
sos; já os xantomas eruptivos são mais comuns nas grandes
ceptores) como B-48, Cll e E. A apo B-48 permite a ligação
hipertrigliceridemias, enquanto a lipem ia retiniana é mais
entre os lipídios e os QMs, mas não se liga ao receptor LDL,
frequente em pacientes com hiperquilomicronemia . A Ta-
prevenindo o c/earance precoce de QMs da circulação (Fi-
bela 3 sumariza as principais causas.
gura 1).
A apo-CII é um cofator para lipoproteínas que geram Tabela 3 - Principais causas de dislipidemia
QMs progressivamente menores por hidrolisar o núcleo de Dislipidemias
TGs, liberando os AGs. Quando liberados, os 3 AGs são uti- Alterações Dislipldemias primárias
secundárias
lizados como fonte de energia, convertidos novamente em
- Hipercolesterolemia fami-
TGs ou estocados no tecido adiposo. O produto final dos
lia r;
QMs é chamado de remanescente, retirado da circulação Elevação - Hipotireoidismo;
-Defeito familiar apo B-100;
por receptores hepáticos. Esses remanescentes contêm de Col - Síndrome nefrótica.
- Hipercolesterolemia poli-
pequena quantidade de lipídios envelopados pelos com- gênica.
ponentes restantes de superficie . Esses constitu intes de - Hiperlipidemia familiar - Hipotireoidismo;
superfície são transferidos dos QMs remanescentes para a Elevação
combinada; - Sindrome nefrótica;
formação do HDL. de Co I e TGs
- Disbetalipoproteinemia. - Diabetes mellitus.
A via endógena inicia-se com a síntese hepática de
- Hipertrigliceridemia fami-
VLDL, formados por 60% de TGs e 20% de ésteres de Col. lia r;
A transferência proteica microssomal de TGs é essencial - Diabetes mellitus;
Elevação - Deficiência de LPL;
para o transporte do conjunto de TGs para o retículo en- - Hiperlipidemia alco-
deTGs - Deficiência de apo-CII;
ólica.
doplasmático, onde ocorrerão a montagem do VLDL e a se- - Hipertrigliceridemia espo-
creção de apo B-100 no fígado . O núcleo de TGs do VLDL é rádica.
hidrolisado pela LPL. Durante a lipólise, o núcleo do VLDL é
reduzido, gerando o VLDL remanescente. Os componentes As causas de dislipidemia secundária são frequente-
de superfície do VLDL remanescente como Fls, Col não es- mente encontradas na população e podem ser divididas em
terificado e apoproteínas são transferidos para o HDL. Os endócrinas e não endócrinas .
VLDls remanescentes podem ser eliminados da circulação
A - Endócrinas
ou remodelados para formar as partículas de LDL.
- Diabetes mellitus: hipertrigliceridemia ou
hiperlipidemia mista . Há aumento da pro-
Transporte dução de VLDL e redução do catabolismo de
Intestino reverso do VLDL;
HDL :• colesterol
- Hipotireoidismo: hipercolesterolemia. Há
diminuição da depuração do LDL. As anor-
LDL malidades no Col costumam reverter após a
correção do hipotireoidismo;
Tecidos - Terapia com estrogênio: hipertrigliceride-
VLDL extra-hepáticos
Quilomícron mia. Há aumento da produção de VLDL; as
VLDL remanes-
remanescente
centes mulheres pós-menopausa podem reduzir o
{I DL) LDL em 20 a 25%. No entanto, não deve ser
Quilomícrons utilizada exclusivamente com essa indicação,
)
devido ao discreto aumento do risco cardio-
vascular com o uso prolongado;
Precursores HDL
(provenientes do - Terapia com glicocorticoide: hipercolestero-
fígado e do intestino) lemia e/ou hipertrigliceridemia. Há aumento
Lipase lipoproteica da produção de VLDL e conversão a LDL;
Ácidos graxos livres - Hipopituitarismo: hipercolesterolemia e hi-
Tecidos mamário, muscular ou adiposo
pertrigliceridemia . Há aumento da produção
de VLDL e conversão a LDL;

29
@!!çl
- Acromegalia: hipertrigliceridemia. Há aumento da vasculares, mas evidências indiretas sugerem que esses
produção de VLDL; eventos possam diminuir com rastreamento em homens a
- Anorexia nervosa: hipercolesterolemia. Há diminuição partir dos 35 anos e mulheres a partir dos 45 anos.
da excreção biliar de Cal e ácidos biliares; O objetivo primário no manejo dos pacientes com dis-
- Lipodistrofia: hipertrigliceridem ia. Há aumento da lipidem ia é o controle do Cal LDL. Após atingi-lo, a meta é,
produção de VLDL. idealmente, Cal HDL maior que 40mg/dl para os homens
e 50mg/dl para as mulheres e os diabéticos. Os TGs são o
B • Não endócrinas 3º objetivo, porém, em pacientes com valores de TGs aci-
ma de SOOmg/dL, torna-se prioritário o seu controle pelo
- Álcool: hipertrigliceridemia. Há aumento da produção risco de pancreatite secundária à hipertrigliceridemia. Não
de VLDL; é possível calcular os níveis de partículas de Col com a fór-
- Uremia: hipertrigliceridemia. Há diminuição da depu- mula de Friedewald quando os níveis de TGs são maiores
ração de VLDL; que 400mg/dl. Nestes, pode-se utilizar o Cal não HDL como
- Obstrução biliar ou colestase: elevação da lipoproteína indicador e meta terapêutica.
X. Há extravasamento do Cal biliar e FL na circulação; A hepatopatia colestática crônica, o diabetes e a síndro-
- Hepatite: hipertrigliceridemia. Há diminuição da LCAT me nefrótica também podem tornar a fórmula imprecisa . A
(lecithin-cholesterol acyltransferase); V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateros-
- Lúpus eritematoso sistêmico: hipertrigliceridemia. clerose, publicada em 2013, recomenda a dosagem direta
Anticorpos diminuem a atividade da LPL; de Col LDL nessa população.
- Gamopatia monoclonal: hipercolesterolem ia ou hi- O NCEP (National Cholesterol Education Program ) re-
pertrigliceridemia. Anticorpos ligam lipoproteínas e comenda a dosagem de Ca l, HDL, lDL e TGs a pacientes
interferem no catabolismo; com menos de 20 anos, repetindo dosagem a cada S anos,
em caso de valores normais. Tal recomendação justifica-se
- Outras causas secundárias: incluem partiria, hepatite
para o rastreamento das causas monogênicas de dislipi-
e diversos medicamentos (diuréticos, betabloqueado-
demia, que podem causar eventos adversos em pacientes
res, corticosteroides, ciclosporina, entre outros).
com menos de 20 anos. O ACP (Am erican Co/lege of Phy-
sicians) considera raridade esses casos, com conduta mais
5. Classificação das dislipidemias conservadora, e recomenda o rast reamento a partir de 35
primárias anos.

A classificação genotípica é possível, mas a mais utiliza-


da é a fenotípica ou bioquímica, realizada a partir dos valo- 7. Risco cardiovascular e alvos
res de Col total, Cal LDL, TGs e Cal HDL, compreendendo 4 do tratamento
tipos principais bem definidos:
- Hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do Cal Independente do risco cardiovascular e da forma de
LDL (~160mg/dl); ava liá-lo, há valores de Cot e TGs desejáveis bem defini-
- Hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada dos TGs dos, conforme a Tabela 4. No entanto, existe considerável
variação intraindividual nos lipídios plasmáticos. Tem sido
(~lSOmg/dL), que reflete o aumento do número e/ou
descrita variação de 5 a 10% para o Cal total e superior a
do volume de partículas ricas em TGs, como VLDL, IDL
20% para os TGs, particularmente entre os indivíduos que
e quilomícrons;
apresentam hipertrigliceridemia. Essa variação se deve, de
- Hiperlipidemia mista: valores aumentados de Cal LDL
certa forma, à variação analítica, mas também a fatores
{~160mg/dl) e TGs (~150mg/dl). Nessas situações, o
ambientais, como dieta, atividade física e variação sazonal,
Cal não HDL também poderá ser usado como indica-
com níveis mais elevados de Cal total e Col HDl durante os
dor e meta terapêutica. Nos casos de TGs ~400mg/dl,
meses de frio. Para retirar as variáveis externas que possam
o cálculo do Col LDL pela fórmula de Friedewald é ina-
influenciar os valores obtidos, recomenda-se a coleta em je-
dequado, devendo-se, então, considerar a hiperlipide-
jum, sem consumo alcoólico por 72 horas ou atividade física
mia mista quando Col total ~200mg/dl; excessiva por 24 horas prévias à coleta.
- Col HDL baixo: redução do Col HDL (homens <40mg/
dl e mulheres <50mg/dl) isolada ou em associação a
aumento de Cal LDL ou de TGs.
lipldes Valores (mg/dl) Categoria
6. Rastreamento <200 Desejável
Col total 200 a 239 Limítrofe
Não há evidências diretas demonstrando que a dosa-
2:240 Alto
gem rotineira de lipídios con siga diminuir eventos cardio-

30 ______~---------~~------------------------------------------~
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENCA CARDIOVASCULAR

lípides Valores (mg/dl) Categoria Tabela 5 - Doenças aterosc/eróticas significativas e seus equiva-
lentes
<100 Ótimo
- Doença aterosclerótica arterial coronariana, cerebrovascular
100 a 129 Desejável
ou obstrutiva periférica, com manifestações clínicas (eventos
Col LDL 130 a 159 Limítrofe cardiovasculares);
160 a 189 Alto - Aterosclerose na forma subclínica, significativa, documentada
~190 Muito alto por metodologia diagnóstica;
>60 Desejável - Procedimentos de revascularização arterial;
Col HDL -Diabetes mellitus tipos 1 e 2;
<40 Baixo
- Doença renal crônica;
<150 Desejável
- Hipercolesterolemia familiar.
150 a 200 Limítrofe
TGs
200 a 499 Alto Aqueles com 1 das características anteriores já devem
~500 Muito alto ser classificados como de alto risco para apresentar novo
evento cardiovascular em 10 anos. Se o paciente se enqua-
<130 Ótimo
dra nesse perfil, deve-se ir direto ao 4º passo.
130 a 159 Desejável
Col não HDL
160 a 189 Alto B- 2ª etapa
~190 Muito alto
Avaliar o ER Global (predição de risco). Dentre os in-
No entanto, os valores absolutos do perfil lipídico de for- divíduos não classificados como de alto risco na 1ª etapa,
ma isolada não bastam para determinar adequadamente a deve-se estimar o risco cardiovascular global por meio dos
fatores de risco para doença cardiovascular. Assim, são con-
estratégia terapêutica, bem como as metas de valores do
siderados:
perfil lipídico. É necessário levar em conta outros fatores de
- Tabagismo;
risco cardiovascular. Diversos algoritmos têm sido criados
- Hipertensão arterial sistêmica;
com base em análises de regressão de estudos populacio-
-Baixo Col HDL (<40);
nais, por meio dos quais a identificação do risco global é
- História familiar de doença cardiovascular em homem
avaliada de forma substancialmente precisa. Entre os algo-
<55 anos ou em mulher <65 anos;
ritmos existentes, o Escore de Risco (ER) de Framingham,
- Idade (homem <!:45 anos, mulher <!:55 anos).
o ER de Reynolds (que inclui a proteína C reativa e o ante-
cedente familiar de doença coronariana prematura), o ER Deve-se acrescentar que, quando o Col HDL é maior que
Global e o ER pelo Tempo de Vida são opções para avaliação 60mg/dl, recomenda-se retirar 1 dos fatores de risco. Desta
do risco. forma, o risco individual de eventos cardiovasculares (doen-
Alguns desses ERs avaliam o risco de evento cardiovas- ça arterial carotídea, acidente vascular cerebral, doença ar-
cular em curto prazo e outros em longo prazo. Uma avalia- terial obstrutiva periférica ou insuficiência cardíaca) em 10
ção do risco é mais bem obtida quando se utilizam esses 2 anos pode ser dividido em:
horizontes temporais. A V Diretriz Brasileira de Dislipide- - Baixo risco (<5%}: no máximo, 1 fator de risco;
mias e Prevenção da Aterosclerose, publicada em 2013, -Risco intermediário (de 5 a 10% para mulheres e de
referenda o uso do ER Global, para avaliação do risco em 10 a 20% para homens): 2 ou mais fatores de risco;
10 anos, e do ER pelo Tempo de Vida como opção para os - Alto risco (acima de 10% para mulheres e acima de
indivíduos acima de 45 anos considerados de baixo risco 20% para homens): diabetes mellitus, doença cardio-
ou risco intermediário em 10 anos. Essa diretriz recomen- vascular prévia ou equivalente de risco cardiovascular.
da 3 etapas para a estratificação do risco, discutidas a se- Equivalentes de risco cardiovascular incluem manifesta-
guir. A partir da ER, a 4ª etapa é a escolha da terapêutica ções de formas não coronarianas de doença aterosclerótica
adequada. (doença arterial periférica, aneurisma da aorta abdominal e
- Determinação da presença de doença aterosclerótica doença arterial carotídea).
significativa ou de seus equivalentes; A V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da
- Utilização dos escores de predição do risco; Aterosclerose recomenda o uso do ER Global e, como op-
- Reclassificação do risco predito pela presença de fato- ção, o ER pelo Tempo de Vida em pacientes acima de 45
res agravantes do risco. anos para indivíduos de baixo risco ou risco intermediário
para essa estratificação (Tabela 6). São considerados de
Cada etapa será discutida a seguir.
baixo risco aqueles com probabilidade abaixo de 5% em 10
anos de vir a apresentar os principais eventos cardiovascu-
A- 1ª etapa lares relacionados (insuficiência coronariana, insuficiência
Avaliar a presença de doença aterosclerótica significati- cardíaca, acidente vascular cerebral, doença arterial perifé-
va ou seus equivalentes: rica obstrutiva).

31
Tabela 6- Atribuição ae pontos de acordo com o risco card10vascular global para mulheres

l:t@Hi Idade (anos) PAS (não tratada) PAS (tratada) iji!,I.MM•®if§4M


-3 <120
-2 60+
-1 50 a 59 <120
o 30 a 34 45 a 49 <160 120 a 129 Não Não
1 35 a 44 160 a 199 130 a 139
2 35 a 39 <35 140 a 149 120 a 129
3 200 a 239 130 a 139 Sim
4 40 a 44 240 a 279 150 a 159 Sim
5 45 a 49 280+ 160+ 140 a 149
6 150 a 159
7 50 a 54 160+
8 55 a 59
9 60 a 64
10 65 a 69
11 70 a 74
12 75+
Pontos Total
Fonte: adaptado da V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosc/erose.

Tabela 7- Risco cardiovascular global para mulheres em 10 anos Pontos Risco(%)


Pontos Risco {%) 10 6,3
~-2 <1 11 7,3
-1 1 12 8,6
o 1,2 13 10
1 1,5
14 11,7
2 1,7
15 13,7
3 2
16 15,9
4 2,4
17 18,5
5 2,8
3,3 18 21,6
6
7 3,9 19 24,8
8 4,5 20 28,5
9 5,3 21+ >30

Tabela 8 - Atribuição de pontos de acordo com a risco cardiovascular global para IJomens

Idade (anos) PAS (não tratada) PAS (tratada) iji!,!.M


-2 60+ <120
-1 50 a 59
o 30 a 34 45 a 49 <160 120 a 129 <120 Não Não
1 35 a 44 160 a 199 130 a 139
2 35 a 39 <35 200 a 239 140 a 159 120 a 129
3 240 a 279 160+ 130 a 139 Sim
4 280+ 140 a 159 Sim
5 40a44 160+
6 45 a 49
7

32
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENCA CARDIOVASCULAR

8
Idade (anos)
50 a 54
Uiii·'••c•mm• PAS (não tratada) PAS (tratada)

9
10 55 a 59
11 60 a 64
12 65 a 69
13
14 70 a 74
15+ 75+
Pontos Tota l

Tabela 9- Risco cardiovascular global para homens em 10 anos Tabela 10- Critérios de síndrome metabólica
Pontos Risco(%) Obesidade abdominal
s-3 ou menos <1
-2 1,1
Cri~ rios Definição
-1 1,4
Brancos de origem europeia e negros 2:94cm
o 1,6
1 1,9 Sul-asiáticos, ameríndios e chineses 2:90cm
2 2,3 Japoneses 2:85cm
3 2,8
4 3,3 Critérios Definição
5 3,9
Brancas de origem europeia, negras, sul-asiáticas,
6 4,7 2:80cm
ameríndias e chinesas
7 5,6
Japonesas 2:90cm
8 6,7
9 7,9 Col HDL
10 9,4 OI*'-
11 11,2 Homens <40mg/dl
12 13,2 Mulheres <50mg/dL
13 15,6
Pressão arterial
14 18,4
Sistólica 2:130mmHg ou tratamento para hipertensão arterial
15 21,6
16 25,3 Diastólica 2:85mmHg ou tratamento para hipertensão arterial
17 29,4
18+ >30 2:150mg/dl
Glicemia
C- 3!! etapa
Jejum 2:100mg/dL
A presença de fatores agravantes entre os pacientes
classificados pelo ER Global como risco intermediário eleva D- 4!! etapa: metas terapêuticas e reavaliação do
o indivíduo à categoria de risco alto. Esses fatores são: risco
- História familiar de doença cardiovascular prematura
(homens abaixo de 55 anos e mulheres abaixo de 65 Após as 3 etapas, chega-se a um valor de risco absoluto
anos); final, conforme descrito a seguir (Tabela 11 e Figura 2).
- Síndrome metabólica (critérios da Tabela 10, segundo Tabela 11 - Valor de risco absoluto de evento cardiovascular
a lnternational Diabetes Federation);
Risco absoluto em 10 anos %
- Micro ou macroalbuminúria;
Baixo risco <5 em homens e mulheres
- Hipertrofia ventricular esquerda;
- >5 e :!>10 em mulheres;
- Proteína C reativa de alta sensibilidade >2mg/L; Risco intermediário
- ~5 e s20 em homens.
- Espessura de íntima-média de carótidas >1;
- >10 em mulheres;
- Escore de cálcio em coronárias >100; Alto risco
- fndice Tornozelo-Braço (ITB) <0,9. - >20 em homens.

33
<5" em Para os indivíduos de risco cardiovascular baixo, médio
homens e
mulheres
ou alto, são estabelecidas metas terapêuticas primárias e
secundárias. A meta primária é direcionada ao CoiLDL, e a
secundária, ao Col não LDL.

Tabela 12- Metas terapêuticas

111
Alto
Meta primária: CoiLDL
(mg/dl)
<70
Meta secundária
(mg/dl)
Col não HDL <100

Intermedi-
<100 Col não HDL <130
ário

Baixo Meta individualizada Meta individualizada


Figura 2 - Estratificação de risco cardiovascular

Tabela 13 - Terapêutica conforme o r1sco cardiovascular e a necessidade de reavaliação terapêutica

Risco em 10 anos Metas terapêuticas Medidas


Reavaliação de metas
pelo escore de Framingham Col LDL N:loCol HDL terapêuticas iniciais
Baixo
Homens <5% Metas individualizadas* Mudança de estilo de vida 6 meses
Mulheres
Intermediário
5 a 20% 3 meses
Homens <100 <130 Mudança de estilo de vida
5 a 10%
Mulheres
Alto ou diabéticos
>20% <130 (opcional Mudança de estilo de vida +
Homens <70 3 meses
10% <100) terapia farmacológica
Mulheres
Aterosclerose signi- Mudança de estilo de vida+
>20% <70 <100 Individualizada
fi cativa terapia farmacológica
Homens ~40 <150
Mulheres ~50 <150
Diabéticos ~50 <150
• Metas individualizadas de acordo com os valores de referência do perfi/lipídico e o foco no controle de outros fatores de risco para
evento cardiovascular.
Fonte: adaptado da V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosc/erose.

Os TGs são considerados fatores de risco independentes - Glicemia de jejum alterada;


para doença coronariana, e a classificação quanto a seus ní- - Evidência de doença aterosclerótica subclínica.
veis é apresentada na Tabela 14.

Tabela 14 - Classificação dos níveis B. Tratamento não medicamentoso


Normal <150mg/dl
[mudança de estilo de vida]
Limítrofe 150 a 199mg/dl
Alto 200 a 499mg/dl
A- Dieta
Multo alto >500mg/dl
Um dos principais elementos das mudanças de estilo
Outros fatores de risco menores e não usados para a to- de vida é a dieta, que deve ser recomendada a todos com
mada de decisão são: alteração dos níveis de lipídios. Somente com ela, 60%
- Obesidade; têm 1,8% de diminuição do peso corpóreo e de 5 a 7%
- Sedentarismo; de queda dos níveis de LDL. Além disso, pode ajudar a
- Dieta aterogênica; modificar outros fatores envolvidos no desenvolvimento
- Lipoproteína A- Lp(a); de doença cardiovascular, como hipertensão, diabetes e
- Homocisteína; obesidade. A recomendação sugerida pelo NCEP está na
- Fatores pró-inflamatórios e pró-trombóticos; Tabela 15.

34
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENCA CARDIOVASCULAR

Tabela 15- Dieta recomendada pelo NCEP Intervenção não medicamentosa Magnitude
Nutrientes Recomendações Redução da ingestão de AGs trans +++
Gordura saturada <7% do total de calorias Ingestão de filoesteróis +++
Gordura poli-insaturada Até 10% do total de calorias Ingestão de fibras solúveis ++
Gordura monoinsaturada Até 20% do total de calorias
Ingestão de proteínas da soja +
Gordura total 25 a 35% do total de calorias
Aumento da atividade física +
Carboidrato 50 a 60% do total de calorias
Fibra 20 a 30g/d Tabela 17 -Impacto das mudanças de hábitos e dieta nos TGs
Proteína 15% do total de calorias
Intervenção não medicamentosa Magnitude
Co I <200mg/d
Redução de peso +++
O total de calorias deve proporcionar equilíbrio entre Redução da ingestão de bebidas alcoólicas +++
ingestão e gasto de energia, a fim de manter o peso deseja- Redução da ingestão de açúcares simples +++
do ou prevenir seu ganho. Entretanto, deve-se salientar que Redução da ingestão de carboidratos ++
atualmente é considerada mais importante a qualidade do
Substituição dos AGs saturados pelos mono
alimento ingerido do que proporções fixas de cada alimento. ++
e poli-insaturados
Uma dieta pode apresentar concentrações mais altas de gor-
Aumento da atividade física ++
duras, desde que na forma de gorduras vegetais, como óleo de
oliva ou canola. Dentre os carboidratos, devem-se preferir os
alimentos integrais e as formas com menor índice glicêmico. 9. Tratamento medicamentoso
B- Álcool A- Estatina (inibidor da HMG-CoA redutase)
Ingestão de álcool e mortalidade por doenças cardiovas- A estatina deve ser considerada medicação de 1ª esco-
culares estão relacionadas, e o consumo excessivo determi- lha para níveis altos de Col LDL, primários ou secundários .
na aumento do risco delas, enquanto o consumo moderado Apresenta também o efeito cardioprotetor devido a pro-
(1 dose/d para mulheres e 2 para homens) está associado à priedades pleiotrópicas, envolvendo a biologia da ateros-
redução do risco cardiovascular. Consumos maiores aumen- clerose (modulando imunorregulação, inflamação, coagula-
tam o risco, principalmente, de acidente vascular cerebral. ção e resposta vasomotora).
Essa medicação inibe de maneira competitiva a enzima
C - Perda de peso HMG-CoA redutase (Figura 3), passo limitante na síntese de
Além de melhorar o perfil lipídico, a perda de peso tem Col, levando a queda transitória dos níveis intracelulares,
grande influência nos demais fatores de risco cardiovascu- aumentando a síntese dos receptores celulares de LDL e
lar envolvidos com o excesso de peso, como hipertensão acelerando a remoção de Col LDL e TGs. A medicação au-
arterial sistêmica e diabetes mellitus. Redução no peso de 5 menta de 5 a 10% os níveis de Col HDL e diminui em 20 a
a 10% reduz o Col total em até 18%, TGs em até 44% e Col 60% os níveis de Col LDL e 10 a 33% os níveis de TGs.
LDL em até 22%, e aumenta os níveis de Col HDL em até
27%. Hoje, é uma das mais importantes medidas preventi-
vas quanto ao risco cardiovascular.

D - Atividade física
A inatividade física contribui, substancialmente, com os
fatores de risco cardiovasculares lipídicos e não lipídicos.
Os níveis de Col HDL aumentam proporcionalmente com o
nível de gasto energético. Os níveis de TGs também sofrem
diminuição importante, especialmente entre os pacientes
com altos níveis iniciais. A recomendação é que os exercí-
cios sejam realizados de 3 a 6 vezes por semana, em sessões
de 30 a 60 minutos.

Tabela 16 - Impacto das mudanças de hábitos e dieta no Co/ e


no Co/ LDL
Intervenção não medicamentosa Magnitude Figura 3 - Síntese de Co/
Redução de peso +
Não só para o tratamento da hipercolesterolemia e da
Redução da ingestão de AGs saturados +++
hiperlipidemia mista, o uso da estatina também tem sido

35
recentemente estudado na osteoporose e na insuficiência tatinas. Devem-se repetir essas dosagens na 1ª reavaliação
coronariana aguda, em que é notado o efeito potencializa- ou a cada aumento de dose.
dor na estabilização da placa, principalmente pela atorvas- Além disso, devem ser suspensas nos seguintes casos:
tatina. A posologia desse grupo medicamentoso é descrita - Aumento progressivo de creatinoquinase;
na Tabela 18. -Aumento superior a 10 vezes o limite superior do mé-
todo ou manutenção de mialgia;
Tabela 18 Po ologio sugerido das estotmos
- Sinais de hepatotoxicidade: icterícia, hepatomegalia,
Melhor Alteração no
aumento de bilirrubina direta e do tempo de protrom-
administrar Col LDL
bina;
10a Redução de 37
Atorvastatina À noite - Elevação de transaminases acima de 3 vezes o limite
80mg/d a 55%
superior do método. Se assintomática, avaliar a redu-
20a Redução de 27
Slnvastatina À noite ção da dose ou a suspensão da droga a critério clínico.
80mg/d a42%
10a Após refeição Redução de 21
Lovastatina B - Resinas sequestradoras de ácidos biliares
80mg/d noturna a41%
20 a Redução de 20 São medicações que se ligam aos ácidos biliares no in-
Pravastatina Ao deitar testino, diminuindo sua absorção no íleo terminal, reduzin-
40mg/d a33%
20 a Redução de 15 do, assim, o pool hepático de ácidos biliares. Isso leva ao
Fluvastatina Ao deitar aumento da conversão de Col em ácidos biliares nos hepa-
80mg/d a 37%
tócitos. Desta forma, ocorre aumento da síntese e expres-
10a Qualquer ho- Redução de 43
Rosuvastatina
rário a 55% são dos receptores de Col LDL, determinando queda dos
40mg/d
níveis deste. As resinas diminuem de 15 a 30% seus níveis
Há uma relação de equivalência terapêutica entre as e podem levar a pequeno aumento do Col HDL. Devem ser
estatinas: 10mg de atorvastatina = 20mg de sinvastatina = evitadas entre aqueles com hipertrigliceridemia, pois se ob-
40mg de lovastatina/pravastatina = 80mg de fluvastatina. servam, eventualmente, aumentos nos níveis de TGs.
O efeito é observado, em média, de 3 a 4 semanas após Por serem medicações sem efeitos sistêmicos, são a
o início do uso, podendo-se aumentar a dose após esse in- única classe de droga aprovada para o tratamento de hi-
tervalo, caso não seja atingido o efeito desejado. Após re- percolesterolemia na infância. São também consideradas a
dução inicial de 30 a 35% do CollDL, cada vez que se dobra opção de escolha para mulheres em idade fértil e utilizadas
a dose, obtém-se redução adicional de 6%. da seguinte forma:
Algumas apresentações estão citadas na Tabela 19. - Colestiramina: de 4 a 24g/d, 30 minutos antes das re-
feições- única droga disponível no Brasil;
- Colestipol: de 5 a 30g/d, 30 minutos antes das refei-
- Lipitor- comprimido, 10 e 20mg;
Atorvastatina ções;
- Citalor- comprimido, 10 e 20mg.
- Colesevelam: 3,75g/d, às refeições.
- Zocor- comprimido, 5, 10, 20 e 40mg;
- Mivalen- comprimido, 5 e 10mg;
A Tabela 20 sumariza as apresentações comerciais des-
Sinvastatina
sas medicações.
- Vaslip- comprimido, 5 e 10mg.
- Mevacor- comprimido, 10 e 20mg;
Lovastatina
- Reducol- comprimido, 20mg. Colestiramina Questran pó- misturar com água
- Pravacol- comprimido, 10 e 20mg; Colestipol Colestid- tablete de lg, pacote com grânulos de 5g
Pravastatina
- Mevalotin -comprimido, 10 e 20mg. Colesevelam Welchol- tablete de 625mg
- Lescol- cápsula, 20 e 40mg;
Fluvastatina O efeito adverso mais comum é a alteração da função
- Lescol XL- cápsula, 80mg.
intestinal (plenitude abdominal, flatulência e constipação),
em 30% dos casos, o que torna as medicações contraindi-
São medicações consideradas bem toleradas, sendo in-
cadas a pacientes com obstrução biliar completa e obstru-
comuns efeitos adversos significativos. Os principais são ce-
ção intestinal. Tais medicações podem levar a aumento de
faleia, náuseas, alteração do sono, aumento de enzimas he-
enzimas hepáticas e de fosfatase alcalina, de forma que se
páticas e de fosfatase alcalina, miosite e rabdomiólise (prin-
devem monitorizar esses indivíduos.
cipalmente, na presença de insuficiência renal, quando as-
sociadas a genfibrozila e ciclosporina). São contraindicadas
C - lnibidores da absorção de colesterol
na gestação, na amamentação, na doença hepática aguda
(ezetimiba)
e no aumento persistente e inexplicável de transaminases.
Recomenda-se obter os níveis basais de creatinoquina- O ezetimiba interfere na absorção intestinal do Col, di-
se total e transaminases antes do início da terapia com es- minuindo o seu aporte ao fígado e levando a diminuição

36
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR

do depósito hepático de C. Ocorre aumento do clearance naqueles com hiperlipidemia mista. Além disso, determi-
sérico de Col por aumento do seu catabolismo endógeno. na aumento do Col LDL naqueles com hipertrigliceridemia
Quando usado como monoterapia, reduz os níveis de Col pura. Sua principal característica é a capacidade em aumen-
LDL em 15 a 20%. Pode ser usado em associação a estatinas, tar Col HDL em pacientes com altos níveis de TGs, porém
levando a acréscimo de diminuição de Col LDL de até 14%. com pequenos aumentos naqueles com níveis normais de
Tal associação também mostrou decréscimo dos níveis de TGs e baixos de Col HDL. O fenofibrato apresenta efeito um
proteína C reativa. pouco melhor na redução de Col LDL em relação ao genfi-
A grande indicação são casos em que os níveis de redu- brozila. A posologia e as apresentações dessas medicações
ção do Col LDL estão subótimos, principalmente quando se estão descritas nas Tabelas 21 e 22.
desejam evitar doses altas de estatinas, ou quando a dose Recomenda-se evitar a associação do genfibrozila a es-
máxima já foi atingida, sem que seus níveis estejam satisfa- tatinas pelo aumento do risco de rabdomiólise.
tórios. A dose utilizada é de 10mg, devendo ser tomada 1
Tabelo 21 - Posologia
vez ao dia, com ou sem a refeição.
Melhor administrar
Apesar de ser um coadjuvante importante para atingir
as metas propostas, ainda não existem estudos clínicos con- Genfibrozila 600mg, {2x/d)* 30 minutos antes das refeições
sistentes que demonstrem a redução de eventos cardiovas- - 200mg,
- Durante ou após as refeições;
culares com o seu uso. Bezafibrato {3x/d)**;
Efeitos adversos clinicamente significativos são inco- - 400mg. -À noite.
muns, entre 1 e 10%. Pode haver diarreia, dor abdominal, 250mg, dose
Fenofibrato À noite
artralgia, lombalgia, fadiga, tosse e sinusite. O uso em asso- única
ciação a estatinas pode levar a aumento das transaminases Fenofibrato 200mg, dose
um pouco maior que o uso isolado de estatinas. No 1º caso, À noite
micronizado única
devem-se realizar provas de função hepática antes e depois -À noite;
lOOmg, dose
da introdução da droga. Ciprofibrato
única - Longe da refeição.

D- Fibratos SOOmg, dose


Etofibrato À noite, ao jantar
única
Os fibratos são as drogas de maior eficácia a pacientes * A dose pode ser diminuída para 900mg antes do jantar, caso os
com hipertrigliceridemia e baixos níveis de Col HDL. A eficá- níveis de TGs desejados sejam atingidos.
cia da sua ação está relacionada com a magnitude dos ní- * * Em caso de sensibilidade gástrica, iniciar com um comprimido
veis de TGs. No entanto, quanto maior o nível, menor a pro- e aumentar, gradativamente, para 3. Caso os níveis ideais de TGs
babilidade de normalização com o tratamento por fibratos. sejam atingidos, pode-se diminuir para 2 vezes ao dia.
São associados à redução dos níveis de TGs em 35 a 50% e
Tabela 22- prese
podem elevar os níveis de Col HDL em 15 a 25%. Além disso,
agem por meio da ativação do fator de transcrição nuclear Genfibrozila Lopid -comprimido, 600 e 900mg
PPAR-alfa, levando a: - Cedur- comprimido, 200mg;
Bezafibrato
- Diminuição da síntese da apo-CIII; - Cedur Retard- comprimido, 400mg.
- Aumento da atividade da LPL; - Lipanon Retard- comprimido, 250mg;
Fenofibrato
- Aumento da transcrição da apo-AI (e consequente- - Lipidil- cápsula, 200mg.
mente aumento do Col HDL) e da apo-AII; - Lipless- comprimido, lOOmg;
- Aumento da remoção hepática de LDL. Clprofibrato
- Oroxadin -comprimido, lOOmg.
Como via final dessas alterações, ocorrem aumento do Etofibrato Tricerol- comprimido
Col HDL e diminuição da trigliceridemia, do Col LDL e da
colesterolemia. Os fibratos são medicações geralmente bem toleradas.
As principais indicações para a terapia com fibratos são Os efeitos adversos mais relatados são distúrbios gastrin-
níveis de TGs acima de SOOmg/dL associados a medidas não testinais. Dor, fraqueza muscular, diminuição da libido,
farmacológicas (recomendação classe I, nível de evidência erupção cutânea e distúrbios do sono são outros efeitos re-
A), disbetalipoproteinem ia familiar e pacientes com baixos latados. Além destes, os fibratos parecem estar envolvidos
níveis de Col HDL. Dentre as medicações disponíveis, citam- no aumento de cálculos biliares.
-se genfibrozila, bezafibrato, fenofibrato, etofibrato, ciprofi-
brato e clofibrato. Este último foi proscrito devido à associa- E- Ácido nicotinico (niacina)
ção encontrada com colangiocarcinoma e outros cânceres O ácido nicotínico age por meio da inibição hepática
gastrintestinais. da produção de VLDL, levando à diminuição do Col LDL,
O genfibrozila tem efeito modesto em diminuir Col LDL e diminui a transformação de Col HDL em VLDL, aumen-
em pacientes com hipercolesterolemia e pequeno efeito tando, assim, os níveis de HDL. Também está associado à

37
diminuição dos níveis séricos de plasminogênio. A medica- casos de hipertrigliceridemia refratária e encontrados em
ção obtém diminuição de 5 a 25% nos níveis de Col LDL e cápsulas de 500 e l.OOOmg, com teor de ômega-3 de 30 a
de 20 a 50% nos níveis de TGs e aumento de 15 a 35% nos 50%.
níveis de Col HDL.
d) Terapia de reposição hormonal (estrogênica)
Deve ser iniciado com lOOmg, 2 vezes ao dia, aumen-
tando gradualmente até a dose-alvo tolerada (dose máxi- A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) em mulheres
ma de 1,5 a 2g, divididos em 3 vezes ao dia). É administra- pós-menopausadas proporciona efeito benéfico no perfil
do durante a refeição, para diminuir os efeitos colaterais lipídico, com redução de 15% no Col LDL, 20% na Lp(a) e
de flushing (rubor e prurido cutâneo) e náuseas. A admi- 24% nos TGs e aumento de 10 a 15% no Col HDL. Apesar
nistração prévia de ácido acetilsalicílico também diminui do teórico benefício cardiovascular, isso não foi confirmado
a ocorrência de tais efeitos. As apresentações comerciais no estudo Women's Health lnitiative, nem no estudo HERS
incluem: (Heart and Estrogen/progestin Replacement Study). A TRH
- Olbetam•: cápsula - 250mg; pode até ser prejudicial, não sendo recomendada para pre-
- Niaspan•: cápsula- SOOmg, 750mg, l.OOOmg; venção primária ou secundária.
- Slo·Niacin•: cápsula- 250mg, 500mg, 750mg; e) Ácido acetilsalicílico
- Ácido nicotfnico: comprimido- SOmg, 100mg, 250mg,
O estudo HOT (Hypertension Optimal Treatment) suge-
SOOmg.
riu benefício potencial com esse ácido para prevenir even-
Os efeitos adversos são frequentes, e a droga não é tos cardiovasculares. Seu uso é recomendado pela US Task
tolerada em até 10%. Os mais comuns são relacionados à Force quando o risco de evento cardiovascular é maior do
mediação por prostaglandinas, como rash cutâneo, descon- que 6% em 10 anos. Já a AHA (American Heart Association)
forto gastrintestinal e mialgia. Pode levar à piora do con- recomenda o uso se o risco de evento cardiovascular é
trole glicêmico, bem como ao aumento de homocisteína maior que 10%. Apesar disso, apenas 14% das pessoas com
e de ácido úrico. É contraindicado na presença de doença 1 ou mais fatores de risco cardiovasculares estão em uso de
hepática, úlcera péptica ativa, hipotensão severa e hemor- ácido acetilsalicílico.
ragia arterial. E deve ser evitado em etilistas, pacientes com f) Antioxidantes
insuficiência coronariana, diabetes me/litus, doença renal,
Não há evidências de que suplementos de vitaminas
gota e história pregressa de doença hepática.
antioxidantes (vitaminas E e C ou betacaroteno) previnam
F - Outras drogas manifestações clínicas da aterosclerose, portanto não são
recomendados.
a) Neomicina g) Outras drogas
Na dose de 2g/d, a neomicina reduz os níveis de Col LDL Os inibidores de proteína de transferência de éster de
e de Lp(a) em cerca de 25%. Age por meio da formação de Col mostraram resultados frustras ou negativos no controle
um complexo insolúvel com os ácidos biliares {mecanismo das dislipidemias, mas novas drogas dessa classe estão em
de ação semelhante ao dos sequestradores de ácidos bilia- estudo, assim como inibidores da proteína microssomal de
res). transferência (MTP) e inibidores de síntese da apolipopro-
b) Probucol tefna B.

Esta droga diminui a síntese hepática e a secreção de


VLDL, além de reduzir a captação de LDL por via indepen- 10. Situaçoes especiais
dente do receptor. Estimula a atividade da proteína de
transferência do Col (CETP), o que leva à redução do HDL. In A- Pacientes com HDL baixo
vitro, demonstra grande capacidade em aumentar a resis- O Col HDL baixo está associado a doença ateroscleróti-
tência do LDL à oxidação, diminuindo a sua modificação em ca. O estudo VA-HIT (Veterans Affairs High-Density Lipopro-
formas mais aterogênicas. A administração é oral, e a elimi- tein Cholesterol lntervention Trio/) demonstrou benefício
nação é biliar. A dose diária é de 1g, dividida no almoço e no com fibrato para aumentar o Col HDL em pacientes com
jantar. Deposita-se no tecido adiposo, sendo sua liberação Col LDL não aumentado. Nesses casos, o uso dos fibratos é
muito lenta. Atualmente, é pouco usada como monotera- considerado de escolha, e a niacina é 2! opção àqueles sem
pia, mais utilizada como antioxidante. diabetes ou intolerância a glicose.
c) Ácidos graxos ômega-3 (óleos de peixe}
B - Pacientes com hipertrigliceridemia
Agem pela inibição da síntese de VLDL e de apolipopro-
teína B, podendo reduzir os níveis de TGs em até 50% e ele- Recomenda-se trata r a hipertrigliceridemia quando em
var discretamente os níveis de Col HDL. São indicados aos níveis acima de 150mg/dl, procurando enfatizar as medi-

38 ------~----------~------------------------------------------------------------------------~
DISLIPIDEMIA EFATORES DE RISCO PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR

das gerais de dieta e atividade física quando os níveis estão plasminogênio na superfície do tromba. Além disso, tal li-
entre 150 e 199mg/dl. Quando ultrapassam 200mg/dl, o poproteína se liga aos macrófagos por meio de receptores
tratamento da hipertrigliceridemia passa a ser objetivo se- de alta afinidade, facilitando o depósito de Col nas placas
cundário no tratamento, enfatizando a importância de tra- ateroscleróticas.
tar, primariamente, o Col LDL elevado e, posteriormente,
o Cal HDL baixo. Contudo, nesses pacientes, considera-se B - Doença renal crônica
introduzir intervenção medicamentosa adjuvante às medi- É recomendado na literatura que a doença renal crôni-
das gerais. ca seja considerada equivalente de risco coronariano, pois
Quando os níveis ultrapassam 500mg/dl, os TGs pas- uma análise mostrou chance de eventos próxima a 20% em
sam a ser objetivo primordial do tratamento, com combi- 2,8 anos.
nação entre terapia medicamentosa (ácido nicotínico ou
fibratos) e medidas gerais. C - Microalbuminúria
Níveis de TGs acima de l.OOOmg/dl podem causar pan-
Vários estudos demonstraram aumento de risco cardio-
creatite aguda, e a hipertrigliceridemia é responsável por
vascular entre os pacientes com microalbuminúria positiva.
cerca de 1,3 a 3,8% desses casos. A maioria tem TGs em
Acredita-se que isso reflita dano vascular, sendo marcador
níveis superiores a 4.000mg/dl. Os indivíduos com hipertri-
precoce de lesão endotelial.
gliceridemia importante e sintomas sugestivos de pancre-
atite devem permanecer em repouso até que os níveis de
O- Hiper-homocisteinemia
TGs fiquem abaixo de l.OOOmg/dl.
Está associada a aumento de risco cardiovascular tanto
C- Pacientes HIV positivo em estudos caso-controle, quanto em estudos prospecti-
vos. Contudo, quem recebeu terapia dirigida com ácido fóli-
A dislipidemia relacionada à infecção pelo HIV tem ca-
co e vitaminas B6 e B12 não apresentou benefício.
racterística altamente aterogênica, com HDL baixo e LDL e
TGs altos.
E- Terapia antioxidante
Um recente estudo demonstrou a presença de hiperco-
lesterolemia em 27% dos indivíduos em terapia antirretro- Sabe-se que o LDL oxidado está associado a aumento do
viral com inibidores de protease, em 23% dos pacientes que risco de aterosclerose. Apesar dos benefícios teóricos da te-
recebiam somente inibidores da transcriptase reversa não rapia antioxidante, vários estudos realizados com vitamina
análogos de nucleosídeos (NNRTI) e 10% no grupo tratado E, vitamina C ou betacaroteno não demonstraram benefício
apenas com NRTI, em comparação com 8% nos indivíduos com a intervenção.
sem terapia antirretroviral. A correspondência desses da-
dos para hipertrigliceridemia foi de 40, 32 e 23%, respecti-
F - Fatores de coagulação
vamente, quando em comparação aos 15% que não rece- Níveis de fibrinogênio são importantes preditores do ris-
biam tratamento. co cardiovascular, mas ainda não foi determinado se esse é
As estatinas, como sinvastatina, lovastatina e atorvas- um fator independente de risco cardiovascular. Dados pre-
tatina, são metabolizadas pelo citocromo P-450 isoforma liminares, como D-dímero, parecem também associados a
3A4, o qual é inibido pelos inibidores de protease, entretan- aumento de eventos, assim como fator de von Willebrand,
to a pravastatina e o ezetimiba podem ser boas alternativas aumento da trombomodulina e diminuição do fator ativa-
pelo metabolismo alternativo. Nos casos de associação en- dor do plasminogênio.
tre drogas antirretrovirais e antilipemiantes (fibratos e/ou
estatinas), é fundamental rigorosa monitorização da função G - Proteína C reativa
renal, das enzimas hepáticas e da creatinofosfoquinase pela Ela e outros marcadores inflamatórios associam-se a au-
potencialização dos efeitos nefrotóxicos, hepatotóxicos e mento de risco de doença cardiovascular. Um estudo publi-
miotóxicos dessas medicações. cado na Circulation em 2001 demonstrou que as estatinas
diminuem em 20% os níveis de proteína C reativa . Um 2º
11. Outros fatores de risco para ate- estudo, publicado no New England Journal of Medicine, de-
monstrou que se reduz a mortalidade no subgrupo de pa-
rosclerose e doença cardiovascular cientes com proteína C reativa elevada e LDL normal.

A- Lipoproteína A H - Síndrome metabólica


Trata-se da forma específica de Col LDL formado no A síndrome metabólica corresponde a um conjunto de
extracelular, com interferência no processo de fibrinól ise doenças cuja base é a resistência insulínica . Pela dificuldade
devido à competição com o plasminogênio pelos recepto- de ação da insulina decorrem as manifestações que podem
res específicos, com diminuição da ativação e geração do fazer parte da síndrome. Não há um único critério aceito

39
universalmente para definir essa condição, mas os mais J - Partículas pequenas e densas de LDL
aceitos são os da Organização Mundial da Saúde (OMS) e os
A presença de partículas pequenas e densas de LDL
do NCEP americano. Porém, o Brasil também dispõe do seu
pode estar relacionada a aspectos da síndrome metabóli-
Consenso Brasileiro sobre Síndrome Metabólica, documen-
ca, e alguns estudos mostraram melhora angiográfica da
to referendado por diversas entidades médicas.
coronariopatia após melhora do seu tamanho. No entanto,
O estudo WOSCOPS (West of Scot/and Coronary Preven-
continua incerto se a mudança no tamanho das partículas
tion Study) encontrou risco 1,7 vez maior de evento cardio-
de LDL, além da redução no seu número absoluto, traz be-
vascular no grupo com síndrome metabólica e 3,5 vezes
nefícios clínicos.
mais chance de diabetes mellitus. Outros estudos demons-
traram associação semelhante. O diagnóstico de síndrome
K - Outros fatores
metabólica pode ser feito tendo a obesidade abdominal
como critério obrigatório, somado a pelo menos mais 2 cri- Vários outros fatores se associam a aumento de risco
térios entre os expostos a seguir: hipertrigliceridemia, Cal cardiovascular, como:
HDL baixo, hipertensão arterial e glicemia de jejum alterada - Hipertrofia do ventrículo esquerdo;
ou tratamento para diabetes mellitus. -Taquicardia ao repouso;
- Espessamento de artérias e relação íntima-média;
I - Hiperuricemia - Doenças do colágeno;
Está associada a aumento de risco cardiovascular, mas -Alterações retinianas;
não se sabe se tem relação causal com aterosclerose ou se - Peptídio natriurético cerebral;
é apenas um marcador de atividade do processo. -Acúmulo de ferro.

12. Resumo
Quadro-resumo
-A dislipidemia é um importante fator de risco para doença cardiovascular;
- Em pacientes com dislipidemia, deve-se avaliar a possibilidade de dislipidemia secundária;
-A decisão de iniciar estatinas depende da estimativa de risco de cada paciente e dos fatores de risco que ele apresenta;
-O Col HDL aumentado implica diminuição do risco de eventos cardiovasculares;
-O Col LDL é o principal alvo no tratamento da dislipidemia;
- Em pacientes com níveis de TGs maiores que SOOmg/dL, essa passa a ser a prioridade do tratamento;
- Pacientes com hipertrigliceridemia podem beneficiar-se do uso de fibratos;
-O ácido acetilsalicílico está indicado a pacientes com risco aumentado de eventos cardiovasculares;
- O tratamento medicamentoso depende do perfil da dislipidemia;
- Há outros fatores de risco cardiovascular, como microalbuminúria, proteína C reativa e hiper-homocisteinemia, contudo restam dúvi-
das se a intervenção modifica o risco.

40
CAPÍTULO 3
CARDIO OGI

Hipertensão arterial sistêmica


José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

l.lntrodução por DCVs, resultando em um custo de R$165.461.644,33


(DATASUS). A doença renal terminal, outra condição fre-
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) representa um quente na HAS, ocasionou a inclusão de 94.282 indivíduos
dos maiores problemas de saúde pública no Brasil e no em programa de diálise no SUS, registrando-se 9.486 óbitos
mundo, gerando elevado custo médico-social, principal- em 2007.
mente por sua participação em complicações, como na A principal causa de morte de origem cardiovascular
doença cerebrovascular, na doença arterial coronariana, em todas as regiões é o AVC, acometendo as mulheres em
na Insuficiência Cardíaca {IC), na insuficiência renal crônica, maior proporção. Um dos principais desafios no tratamento
na retinopatia hipertensiva e na insuficiência vascular pe- da hipertensão é a realização do diagnóstico precoce, de-
riférica. É uma condição clínica multifatorial, caracterizada vido à inexistência de sintomas precoces específicos. Dos
por níveis elevados e sustentados da Pressão Arterial (PA). pacientes com diagnóstico de hipertensão, atingir o alvo
Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou terapêutico é muitas vezes difícil, e é necessário o uso com-
estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos binado de várias drogas, o que tem impacto na redução da
sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente adesão ao tratamento medicamentoso. Hoje, cerca de 30
aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não milhões de brasileiros são hipertensos e estima-se que ape-
fatais. Tem alta prevalência e baixas taxas de controle, sen- nas 10% terão adesão e meta terapêutica atingidas.
do importante problema de saúde pública. A Organização
Mundial da Saúde estima que, atualmente, 1 em cada 3
pessoas no mundo é hipertensa (mais de 2 bilhões de pes-
2. Fisiopatologia
soas). Na China, cerca de 200 milhões de habitantes são Apesar de não estarem muito bem estabelecidos to-
hipertensos. dos os mecanismos associados à HAS, 2 teorias explicam
No Brasil, desde a década de 1960, as doenças car- a maioria dos casos: a neurogênica e a do desbalanço na
diovasculares (DCVs) têm superado as infectocontagiosas absorção de sódio e água.
como principal causa de morte, com certa participação da A teoria neurogênica sustenta a ideia de que o sistema
HAS nesse fato, pois esta é um dos fatores mais relevantes nervoso autônomo teria o seu set point pressórico alterado
para o desenvolvimento desse tipo de doença. Alguns auto- para um patamar mais elevado, determinando elevação da
res consideram que 40% das mortes por Acidente Vascular PA. A teoria do desbalanço do controle da absorção de só-
Cerebral (AVC) e 25% das mortes por doença arterial coro- dio sustenta a ideia de que ocorre perda da capacidade de
nariana são decorrentes de HAS. excreção adequada de sódio frente à quantidade de sódio
No país, em 2003, 27,4% dos óbitos foram causados por ingerido, determinando a retenção de sódio e de água.
DCVs, atingindo 37% quando excluídos os óbitos por cau- O sistema renina-angiotensina-aldosterona é o princi-
sas mal definidas e violência. Em 2007, foram registradas pal mecanismo de regulação da PA. Em situações de hipo-
1.157.509 internações por DCVs no SUS. Com relação aos perfusão renal, (1) ocorre a liberação da renina, uma enzima
custos, em novembro de 2009, houve 91.970 internações renal. Por sua vez, a renina (2) ativa a angiotensina (3), um

41
hormônio que provoca contração das paredes musculares Fatores socioe- No Brasil, a HAS é mais prevalente em pessoas
das pequenas artérias (arteríolas), aumentando a PA. A an- conômicos com baixa escolaridade.
giotensina também desencadeia a liberação do hormônio A contribuição de fatores genéticos no desen-
aldosterona pelas glândulas suprarrenais (4), provocando a volvimento da HAS é bem estabelecida, mas
História familiar
retenção de sódio e a excreção de potássio. O sódio promo- não há como utilizá-los para predizer o risco
ve a retenção de água e, dessa forma, provoca a expansão de desenvolvimento.
do volume sanguíneo e o aumento da PA. Esse é o principal
sistema de modulação da PA.
4. Diagnóstico
Aumentada • A medida da PA deve ser feita em toda consulta médica,
pressão arterial ' porém isso nem sempre é realizado corretamente. Deve ser
Retenção de sal aferida com manguito apropriado para a circunferência do

"J
braço (o cuff insuflável deve recobrir, pelo menos, 80% da
4 Aldosterona circunferência do braço), com repouso de, no mínimo, 5 a
10 minutos e abstinência de nicotina, álcool e cafeína de
ao menos 30 minutos. Devem ser realizadas medidas nos
2 braços, considerando a medida de maior valor para re-
ferência e certificando-se de que o indivíduo não está de
bexiga cheia, pernas cruzadas e nem praticou exercícios nos
últimos 90 minutos. Todos esses fatores podem influenciar
a medida da PA.
Para indivíduos com idade superior a 18 anos, o
1pressão
Queda da
diagnóstico de HAS é feito sempre que se obtêm 2 ou mais
arterial medidas de Pressão Arterial Diastólica (PAD), em 2 visitas
Figura 1 - Regulação da PA: sistema renina-angiotensina-aldos- subsequentes, iguais ou acima de 90mmHg, ou Pressão Ar-
terona terial Sistólica (PAS) maior ou igual a 140mmHg. Como pode
haver grande labilidade da PA, as medidas devem ser feitas
em diferentes ocasiões ao longo de semanas ou meses, a
3. Fatores de risco menos que ocorram sintomas.
Há situações em que a medida de PA pode estar falsa-
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento
mente elevada, decorrente de estresse ou de outros fato-
da HAS, e a maioria pode ser eliminada apenas com hábitos
res, principalmente de aspecto psicológico. Nesses casos,
saudáveis e cuidados com a saúde.
pode-se lançar mão de 3 artifícios diagnósticos: a Medida
Tabela 1 - Fatores de risco Residencial da PA (MRPA), a Medida Ambulatorial da PA
Existe relação direta entre idade e desenvolvi- (MAPA) e a automedida da PA (AMPA). O objetivo desses
Idade mento de HAS; acima de 65 anos, a prevalência artifícios é minimizar ao máximo o estresse da visita ao mé-
é de 60%. dico, o desconforto do exame e da medida da PA e permitir
Até os 50 anos, a prevalência é maior entre maior número de medidas, oferecendo ideia mais precisa
homens, invertendo-se a tendência após da variação da PA durante o dia. O aumento transitório da
essa idade. Também é mais prevalente nas PA associado a estresse ou ansiedade não constitui doença
Gênero e etnia
raças não brancas. No Brasil, mulheres ne- hipertensiva, mas pode indicar propensão para HAS no fu-
gras têm o dobro da incidência de HAS do turo. As principais indicações de MAPA são:
que as brancas.
- Suspeita de "hipertensão do consultório" ou "do aven-
Mesmo em jovens, a obesidade aumenta o risco tal branco";
Sobrepeso e
de HAS; o aumento de 2,4kg/m' acima do índice
obesidade - Suspeita de episódios de hipotensão arterial sintomá-
de massa corpórea adequado já eleva o risco.
tica.
A ingesta excessiva de sal está associada à
HAS; já foram identificadas populações indí- Avaliação da eficácia da terapêutica:
lngesta de sal
genas em que o sal não faz parte da dieta e - Quando a PA casual permanecer elevada, apesar da
não foram encontrados casos.
otimização do tratamento anti-hipertensivo para o
O consumo excessivo de álcool determina ele- diagnóstico de hipertensão arterial resistente ou "efei-
Álcool vação da PA e aumento da mortalidade car-
to do avental branco";
diovascular em geral.
- Quando a PA casual estiver controlada e houver in-
A atividade física protege o indivíduo de de-
Sedentarismo dícios da persistência ou da progressão de lesão de
senvolver HAS, mesmo em pré-hipertensos.
órgãos-alvo.

42 ____________~~~--------------------------------~------
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

VIsita 1
Medida da PA _, Emergência/urgência
Anamnese, exame físico e avaliação laboratorial hipertensiva
Prazo máximo de reavaliação: 2 meses

+
Visita 2 Diagnóstico
PA <!140 a 90mmHg com risco cardiovascular alto,
muito alto ou PA <!180 a llOmmHg
~ de
hipertensão

$
PA = 140 a 179x90 a 109mmHg
Hipertensão estágio 1 ou 2 e risco cardiovascular baixo ou médio
Prazo máximo de reavaliação: 2 meses

+ + +
[
Pressão arterial casual
de consultório
I
I ~~ Considerar
MAPA
I
I ~
Considerar
MRPA
I
I
+ +
Visita 3
+ +
Visita 3
+ +
Visita 3
Visita 3 Visita 3 Visita 3
PAS <!l40mmHg PA 24 horas PAS >130mmHg
PA <140 a PA vigília PA<130 a
ou PAS >125mmHg ou
90mmHg <BOa 85mmHg
PAD~90mmHg ou PAD >BSmmHg
SSmmHg
... ... PAD >75mmHg
... ...
Normotensão Hipertensão ... ... Hipertensão
Diagnóstico de
"do avental
Hipertensão hipertensão
MAPA/MRPA: MAPA/MRPA: Diagnóstico de branco"
na suspeita de na suspeita de " do avental
hipertensão
hipertensão hipertensão "do branco"
mascarada avental branco"

Continuar Continuar
medidas de medidas de
PA PA

Figura 2 - Diagnóstico de HA5

Tabela 2 - Metodologia correto paro aferição do PA Medida da PA


Preparo do paciente para medida da PA 5- Estimar o nível da PAS (palpar o pulso radial e inflar o mangui-
1 - Explicar o procedimento ao paciente. to até o seu desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar
2 - Oferecer repouso de, pelo menos, 5 minutos em ambiente 1 minuto antes da medida).
calmo. 6- Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânu-
3 - Evitar bexiga cheia. la do estetoscópio sem compressão excessiva.
4- Não praticar exercícios físicos de 60 a 90 minutos antes. 7 - Inflar rapidamente até ultrapassar de 20 a 30mmHg o nível
5- Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar estimado da PAS.
30 minutos antes. 8- Proceder a deflação lentamente (velocidade de 2 a 4mmHg/s).
6 - Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão e dorso 9- Determinar a PAS na ausculta do 1º som (fase I de Korotkoff),
recostado na cadeira e permanecer relaxado. que é um som fraco seguido de batidas regulares, e, posterior-
7- Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito. mente, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação.
8- Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio 10 - Determinar a PAD no desaparecimento do som (fase V de
do esterno ou 4~ espaço intercostal), apoiado, com a palma da Korotkoff).
mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. 11- Auscultar cerca de 20 a 30mmHg abaixo do último som para
9- Solicitar para que não fale durante a medida. confirmar seu desaparecimento e depois proceder a deflação rá-
Medida da PA pida e completa.
1 - Medir a circunferência do braço. 12 - Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar
2- Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço. a PAD no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar
valores da sistólica/diastólica/zero.
3- Colocar o manguito sem deixar folgas, cerca de 2 a 3cm acima
da fossa cubital. 13 - Esperar de 1 a 2 minutos antes de novas medidas.
4 - Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre 14- Informar os valores de PA obtidos para o paciente.
a artéria braquial. 15 -Anotar os valores e o membro.

43
A partir dos valores encontrados, deve-se orientar o siderados normais na AMPA, MRPA ou MAPA; em até
paciente para nova aferição e avaliação clínica, conforme 10 anos, 70% desenvolvem HAS;
a Tabela 3. - Hipertensão mascarada: quando o paciente apresenta
valores normais de PA nas consultas médicas e valores
Tabela 3 - Recomendações para reavaliação da PA
médios elevados na MRPA ou MAPA; o risco cardiovas-
cular é muito próximo ao dos indivíduos hipertensos;
Seguimentos
- Hipertensão refratária ou resistente: condição clínica
Reavaliar em 1 ano. Estimular mu- em que não há controle dos níveis pressóricos, apesar
<130 <85
danças no estilo de vida. de 3 ou mais classes farmacológicas estarem em uso
Reavaliar em 6 meses. Insistir em (obrigatoriamente 1 delas deve ser um diurético).
130 a 139 85 a 89
mudanças no estilo de vida.
Confirmar em 2 meses. Considerar
140 a 159 90 a 99
MAPA/MRPA. G. Avaliações clínica e laboratorial
Confirmar em 1 mês. Considerar
160 a 179 100 a 109 A avaliação clínica e laboratorial do paciente hiperten-
MAPA/MRPA.
Realizar intervenção medicamentosa so tem o objetivo de identificar fatores de risco associados
~180 ~110 a HAS, pesquisar lesões clínicas ou subclínicas em órgãos-
imediata ou reavaliar em 1 semana.
-alvo, identificar a presença de outras doenças associadas,
De acordo com o valor pressórico encontrado, o pacien- definir o risco cardiovascular global e avaliar indícios para
te é classificado por estágios da HAS, conforme a Tabela 4. o diagnóstico de hipertensão arterial secundária. A análise
de exames gerais do recém-diagnosticado permite melhor
Tabela 4 - Classificação da PA,
em consultório (>18 anos) compreensão do contexto da HAS (Tabela 5).

Classificações PAS(mmHg) PAD (mmHg) Tabela 5 -Avaliação laboratorial


Ótima <120 <80 Avaliação inicial de rotina para hipertenso
Normal <130 <85 -Análise de urina;
Limítrofe 130 a 139 85 a 89 - Potássio plasmático;
Estágio 1 140 a 159 90 a 99 - Creatinina plasmática*;
Estágio 2 160 a 179 100 a 109 -Glicemia de jejum;
Hipertensão
Estágio 3 ~180 ~110 -Colesterol total, HDL e triglicérides plasmáticos**;

Estágio 4 ~140 <90 -Ácido úrico plasmático;


- Eletrocardiograma convencional;
- Pacientes hipertensos diabéticos, hipertensos com síndrome
5. Classificação metabólica e hipertensos com 3 ou mais fatores de risco: re-
comenda-se pesquisa de microalbuminúria- índice albumina-
- HAS: PAS ~140mmHg e/ou PAD ~90mmHg, em medida
creatinina em amostra isolada de urina (mg de albumina/g de
de consultório, em 3 ou mais medidas obtidas em con-
creatinina ou mg de albumina/mmol de creatinina) - normal
dições ideais e em ocasiões diferentes;
<30mg/g ou <2,5mg/mmol;
- Essencial: não tem causa identificada; corresponde à - Pacientes com glicemia de jejum entre 100 e 125mg/dl: reco-
grande maioria dos casos; menda-se determinar a glicemia 2 horas após sobrecarga oral
- Secundária: representa de 5 a 10% dos casos, em que de glicose (75g);
uma causa secundária é associada à gênese da hiper- - Em hipertensos estágios 1 e 2 sem hipertrofia ventricular es-
tensão. Muitas vezes, essas causas são curáveis, resol- querda ao eletrocardiograma, mas com 3 ou mais fatores de
vendo a HAS; risco, considerar o ecocardiograma para a detecção de hiper-
- Acelerada: hipertensão acentuada, associada à perda trofia ventricular esquerda;
rápida da função renal, exsudatos ou hemorragias no - Para hipertensos com suspeita clínica de IC, considerar o ecocar-
exame do fundo do olho, sem papiledema; diograma para a avaliação das funções sistólica e diastólica.

- Maligna: hipertensão acentuada com papiledema e ne- * Calcular a Taxa de Filtração Glomerular Estimada (TFGE) pela
fórmula de Cockroft-Gault 57: TFGE (mL/min) = (140 - idade) x
crose fibrinoide da camada íntima das pequenas artérias;
peso (kg) I creatinina plasmática (mg/dL) x 72 para homens;
- Complicada: HAS associada a lesão de órgãos-alvo: para mulheres, multiplicar o resultado por 0,85. Interpretação:
AVC, Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), insufi- função renal normal: >90mL/min; disfunção renal leve: 60 a
ciência renal crônica, infarto agudo do miocárdio e 90mL/min; disfunção renal moderada: 30 a 60mL/min e disfun-
aneurismas; ção renal grave: <30mL/min.
- Hipertensão do avental branco: quando o paciente ** O colesterol LDL é calculado pela fórmula: colesterol LDL =co-
apresenta persistentemente valores elevados de PA lesterol total- colesterol HDL- trig/icérides/5 (quando a dosagem
de triglicérides for abaixo de 400mg/dL).
(~140x90mmHg) no consultório e valores médios con-

44 ------------------------------------------------ -
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

Outra avaliação válida para o hipertenso é o exame de Anatomia Anatomia com


fundoscopia óptica . A classificação mais utilizada divide a normal hipertensão
retinopatia hipertensiva em 3 graus, de acordo com a severi- Cérebro
dade do acometimento. O 1º estágio relaciona-se mais com O cérebro apresenta múltiplas
áreas de hemorragia
níveis pressóricos passados, enquanto aqueles de graus li e
111 se relacionam mais com níveis pressóricos atuais .

Tabela 6 - Classificação da retinopatia hipertensiva


Estreitamento arteriolar relacionado ao vasoespasmo Rim
Grau I A vasculatura rena l sofre constrição
arteriolar ou opacificação e cruzamentos patológicos
e há reduçao na salda de urina
Hemorragias "em chama de vela" ou puntiformes,
Grau 11 exsudatos moles (manchas algodonosas) ou duros e
microaneurismas
Alguns ou todos os achados anteriores descritos asso-
Grau 111
ciados ao edema de disco óptico Coração
Coração dilatado causando
Insuficiência cardfaca

Figura 4 -Acometimento de órgãos-alvo na doença h1pertensíva

Tabela 7- Componentes para a estratificação do risco individual


Identificação dos fatores de risco cardiovasculares
- Fatores de risco maiores:
· Tabagismo;
· Dislipidemias;
· Diabetes mellitus;
· Nefropatia;
· Idade acima de 60 anos.
- História familiar de DCV em:
· Mulheres com menos de 65 anos;
· Homens com menos de 55 anos.
Lesões em órgãos-alvo e DCVs
- Doenças cardíacas:
· Hipertrofia do ventrículo esquerdo;
· Angina ou infarto agudo do miocárdio prévio;
· Revascularização miocárdica prévia ;
. IC.
- Episódio isquêmico ou AVC;
- Nefropatia;
- Doença vascular arterial de extremidades;
- Retinopatia hipertensiva;

Figuro 3 - Retinopatias hipertensivas, de graus I, 11 e 111, respec- - Demência vascular.


tivamente
2 - Avaliação complementar- seus objetivos são:
Estabelecido o diagnóstico de HAS, a avaliação deve ser - Confirmar o diagnóstico de HAS;
tocada em 3 aspectos: estratificação do risco cardiovascular, - Avaliar lesões de órgãos-alvo;
avaliação complementar e da probabilidade da hipertensão - Identificar fatores de risco para DCVs;
arterial ser de origem secundária e não de origem essencial. - Diagnosticar doenças associadas à HAS;
1 - Estratificação de risco de DCV: é feita considerando - Diagnosticar causas secundárias .
os níveis pressóricos, a presença de fatores de risco para
DCV e a lesão de órgãos-alvo (Figura 4), conforme a Tabela 3 - Determinação da probabilidade de causa secundá-
7. A partir da estratificação (risco cardiovascular), estabele- ria: deve-se suspeitar de hipertensão de causa secundária
ce-se a abordagem terapêutica. nos casos de início precoce (antes dos 30 anos), tardio (após

45
os 50 anos), ausência de história familiar, descontrole ines- do captopril) e a angiorressonância, também podem ser utili-
perado da PA e hipertensão refratária. Outros sinais podem zados. Para a doença fibromuscular, o tratamento de escolha
estar presentes e estão listados na Tabela 8. é a angioplastia com stent. Na doença aterosclerótica, gran-
de parte dos indivíduos permanece hipertensa, mesmo após
Tabelo 8- rrrdícios de HAS s~mtdr k:r
restauração do fluxo renal; a angioplastia é indicada apenas
- Início da hipertensão antes dos 30 anos ou após os 50; quando há hipertensão refratária ou perda de função renal.
-Hipertensão arterial grave (estágio 3) e/ou resistente à terapia; - Feocromocitoma: caracteristicamente, apresenta-se
· Tríade do feocromocitoma: palpitações, sudorese e cefaleia em de forma episódica e se acompanha de intensos sinais
crises; de ativação adrenérgica;
-Uso de medicamentos e drogas que possam elevar a PA; - Hiperaldosteronismo primário: geralmente, por ade-
noma de suprarrenal ou hiperplasia; deve-se suspei-
- Fácies ou biótipo de doença que cursa com hipertensão: doen-
ça renal, hipertireoidismo, acromegalia e síndrome de Cushing; tar na presença de hipocalemia e baixo nível de renina
plasmática. Antes considerado causa rara de hiperten-
-Presença de massas ou de sopros abdominais;
são, alguns acreditam ser a principal causa de hiper-
-Assimetria de pulsos femorais; tensão secundária atualmente.
-Aumento da creatinina sé rica ou TFGE diminuída;
Outros distúrbios endócrinos, como a síndrome de
- Hipopotassemia espontânea;
Cushing, a acromegalia, o hipertireoidismo e o hipotireoi-
- Exame de urina anormal (proteinúria ou hematúria); dismo também podem iniciar sua apresentação com HAS.
-Sintomas de apneia durante o sono. A coarctação da aorta é uma situação rara em adultos. E
a HAS, associada à gestação, também caracteriza uma for-
Tabelo 9- Causas de HAS secundária
ma secundária de hipertensão.
Mais comum entre mulheres acima dos 35 anos.
Uso de
Em geral, a PA retorna ao normal algumas sema-
estrogênios
nas após a suspensão da medicação. 7. Tratamento
causa mais comum de HAS secundária, pode ser A decisão terapêutica considera, além de valores pres-
Doença renal resultado de doença glomerular, tu bula r, policís- sóricos, presença de lesão em órgãos-alvo e fatores de risco
tica ou nefropatia diabética. maiores vinculados associados a DCVs. A estratégia tera-
Presente em 1 a 2% dos hipertensos. Em jovens, pêutica, assim como as metas pressóricas a serem atingi-
a causa mais comum é a displasia fibromuscular. das, é determinada pela estratificação de risco cardiovascu-
Doença
No restante, deve-se à doença aterosclerótica da lar do paciente, como descrito na Tabela 10.
renovascu la r
porção proximal das artérias renais; pode ser uni
ou bilateral (25% dos casos- Figura 5).

Risco carcliovascular adiàonal, de acordo com os níveis da PA


e a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e DCV
Fatores de risco PA
Hi per- Hlper- Hiper-
tensão tensão tensão
Fatores Normal Umftrofe
estágio estágio estágio
1 2 3
Sem fator de Risco Risco Risco
Sem risco adicional
risco baixo méd•o alto
Risco
1 a 2 fatores Risco Risco Risco Risco
muito
de risco baixo baixo médio médio
alto
3 ou mais
fatores de
Deve-se suspeitar de doença renovascular em casos de risco ou Risco
Risco Risco Risco Risco
início precoce (antes dos 30 anos), tardio (após os 50 anos), lesão de muito
médio alto alto alto
presença de sopro abdominal (epigástrico), presença de in- órgãos-alvo alto
ou diabetes
suficiência arterial periférica e piora de função renal com
mellitus
inibidores da enzima de conversão.
O exame de eleição para o diagnóstico é a arteriografia; Risco Risco Risco Risco
Risco
testes não invasivos, como a ultrassonografia com Doppler de DCV muito muito muito muito
alto
alto alto alto alto
artérias renais, cintilografia renal com DTPA (com ou sem teste

46
HIPERTENSÃO ARTERIAl SISTÊMICA

A- Tratamento não farmacológico


Inicia-se sempre o tratamento com medidas não farma -
- Hipertrofia do ventrículo esquerdo;
cológicas, como orientação dietética (dieta DASH - Dietary
-Angina do peito ou infarto agudo do miocárdio prévio;
Approaches to Stop Hypertension) e estímulo à atividade
- Revascularização miocárd ica prévia;
física . Essas modificações nos hábitos de vida são mais efi-
-IC; cientes em se tratando de casos leves e moderados.
- AVC;
- lsquemia cerebral transitória; Tabela 14- Dieta DASH
-Alterações cognitivas ou demência vascular; - Escolher alimentos com pouca gordura saturada, colesterol e
- Nefropatia; gordura total. Por exemplo, carne magra, aves e peixes, em pe-
-Doença vascular arterial de extremidades; quena quantidade;
- Retinopatia hipertensiva; - Comer muitas frutas e hortaliças, aproximadamente de 8 a 10
-A pacientes com 3 ou mais fatores de risco cardiovascular, consi - porções/dia (1 porção= 1 concha média);
derar marcadores mais precoces da lesão de órgãos-alvo, como: - Incluir 2 ou 3 porções de laticínios desnatados ou semidesna-
· Microalbuminúria (índice albumina/creatinina em amostra tados por dia;
isolada de urina); - Preferir os alimentos integrais, como pão, cereais e massas in-
· Parâmetros ecocardiográficos: remodelação ventricular, fun- tegrais ou de trigo integral;
ções sistólica e diastólica ;
-Comer oleaginosas (castanhas), sementes e grãos, de 4 a 5 por-
· Espessura do complexo íntimo-média da carótida (ultrassono-
ções/semana (1 porção = 1/3 de xícara ou 40g de castanhas, 2
grafia vascular);
colheres de sopa ou 14g de sementes, ou 1/2 xícara de feijões
· Rigidez arterial;
ou ervilhas cozidas e secas);
· Função endotelial.
-Reduzir a adição de gorduras e consumir margarina light e óleos
Após a classificação do risco de evento cardiovascular vegetais insaturados (como azeite, soja, milho, canola);
do hipertenso, é necessário determinar metas pressóricas a - Evitar a adição de sal aos alimentos. Evitar, também, molhos e
serem atingidas com o tratamento da HAS . caldos prontos, além de produtos industrializados;
- Diminuir ou evitar o consumo de doces e bebidas com açúcar.
Tabela 12 -Metas terapêuticas do paciente hipertenso, conforme
níveis pressóricos e risco cardiovasculor As principais medidas são restrição de sal, controle do
Metas de valores da pressão a serem peso, restrição de álcool, restrição ao tabagismo, suple-
obtidas com o tratamento mentação de cálcio, potássio e magnésio e prescrição de
Metas atividade física. Após tais orientações, há a prescrição de
cateaorlas
m medicação, lembrando que o controle dos níveis pressóri-
Hipertensos estágios 1 e 2 com risco cardiovas- cos deve ser mais rigoroso nos diabéticos, coronariopatas e
cular baixo e médio <140x 9 0mmHg
pacientes com hipertrofia ventricular esquerda, pois estes
Hipertensos e limítrofes com risco cardiovas- têm maior risco de progressão para lesão de órgãos-alvo.
cular alto Hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos
Hipertensos e limítrofes com risco cardiovas- em programas de emagrecimento com restrição da ingestão
cular muito alto, ou com 3 ou mais fatores de calórica e aumento de atividade física . A meta é alcançar ín-
risco 130x80mmHg
dice de massa corpórea inferior a 25kg/m 2 e circunferência
Diabetes mellitus da cintura inferior a 102cm para homens e 88cm para mu-
Síndrome metabólica ou lesão de órgão-alvo lheres, embora a diminuição de 5 a 10% do peso corpóreo
Hipertensos nefropatas com proteinúria >1g/L inicial já seja suficiente para reduzir a PAS em hipertensos
leves . A seguir, as medidas de mudança do estilo de vida e
Após a classificação do risco cardiovascular e da defini-
seu impacto sobre os valores pressóricos (Tabela 15).
ção de metas terapêuticas do paciente h ipertenso, é neces-
sária a indicação da estratégia terapêutica (Tabela 13) . Tabela 15 - Mudanças nos hábitos de vida e seus impactos nos
valores da PA
Tabela 13 - Estratégia terapêutica para o paciente hipertensa, a

-
pamr do seu risco cardiovascular
.
Decisão terapêutica da hipertensão arterial,
se undo o risco cardiovascular
Recomendações
.
5 a 20mmHg
Manter o peso na faixa normal
Controle de para cada 10kg
Sem risco adicional Tratamento não medicamentoso isolado (índice de massa corpórea entre
peso de peso redu-
18,5 e 24,9kg/m').
Tratamento não medicamentoso isolado por zido
Risco baixo até 6 meses (se não atingir a meta, associar Adotar dieta rica em frutas e
tratamento medicamentoso) Padrão vegetais e alimentos com baixa
8 14
Risco médio, alto ou Tratamento não medicamentoso + medi- alimentar densidade calórica e baixo teor a mmHg
muito alto camentoso de gorduras saturadas e totais.

47
• -
associação a outra categoria de drogas e podem ter benefí-
.
"
Recomendações
. cio adicional em ICC e insuficiência renal crônica. Os efeitos
colaterais mais comuns são hiperuricemia, hiperglicemia,
Reduzir a ingestão de sódio para aumento de LDL, rash cutâneo, hipocalemia e impotência.
Redução de não mais de lOOmmol/d = 2,4g Drogas que pertencem a tal grupo são a hidroclorotiazida
consumo de de sódio (6g de sal/d = 4 colheres 2 a 8mmHg e a clortalidona, sendo a primeira a droga de escolha deste
sal de café rasas de sal = 4g + 2g de grupo.
sal próprio dos alimentos).
Moderação Limitar o consumo a 30g/d de b) Betabloqueadores
no consumo etano! para os homens e lSg/d 2a4mmHg Mais utilizados em jovens, trazem benefício adicional
de álcool para mulheres.
a pacientes com angina estável, infarto agudo prévio,
Habituar-se à prática regular de
manifestações somáticas de ansiedade, enxaqueca e IC
atividade física aeróbica, como
Exercício (apenas para carvedilol, bisoprolol e metoprolol). Asso-
caminhadas por pelo menos 30 4a9mmHg
físico ciados a vasodilatadores, evitam a taquicardia reflexa.
minutos por dia, 3 a 5 vezes/se-
mana. Devem ser usados com cautela em casos de diabetes,
dislipidemias, bloqueios atrioventriculares e doença pul-
B -Tratamento farmacológico monar obstrutiva. Seus efeitos colaterais mais comuns
são fadiga, indisposição, depressão, broncoespasmo,
O objetivo do tratamento farmacológico da HAS é,
bradiarritmias, insônia, impotência sexual, hipertriglice-
prioritariamente, reduzir a morbidade e a mortalidade por
ridemia, hiperglicemia, descompensação de ICe de insu-
DCVs, quando as medidas não farmacológicas não surtem
ficiência arterial periférica. Também bloqueiam a respos-
efeito ou quando o uso de medicação se faz necessário
ta fisiológica à hipoglicemia e retardam a neoglicogêne-
desde o início do diagnóstico. O anti-hipertensivo ideal
se, podendo mascarar os sinais clínicos da hipoglicemia.
deve apresentar características como tratamento em dose
São drogas desse grupo o propranolol, o atenolol, o car-
única, baixo custo e poucos efeitos colaterais. Infelizmen-
vedilol e o metoprolol.
te, não há, até agora, droga para monoterapia com todas
as características do medicamento ideal. Algumas classes c) Bloqueadores dos canais de cálcio
específicas de drogas têm indicação preferencial em de- Têm boa indicação para coronariopatas, com efeito me-
terminados pacientes por adicionarem benefícios ao con- lhor em negros e idosos, principalmente para controle da
trole e à evolução de outras doenças associadas (Tabelas hipertensão leve e moderada. Nifedipino, anlodipino, vera-
16 e 17). pamil e diltiazem pertencem a tal grupo.
Tabela 16- Forte mdlcoçõo paro escolha terapêutica do HAS d) IECAs
Situações clínicas Medicamentos São pouco eficazes em negros, mas têm eficácia me-
Diabetes mellitus tipo 1 lnibidores da Enzima Conversora da lhorada quando associada ao diurético. São os agentes
com proteinúria Angiotensina (IECAs) de escolha em pacientes com diabetes tipo 1 com micro-
Diabetes mellitus tipo 2 IECA e inibidor AT2 albuminúria ou proteinúria, assim como disfunção renal.
ICC IECA, betabloqueador e diuréticos Há indicação, também, para aqueles com diabetes tipo 2 e
Pós-infarto agudo do alteração renal. Naqueles com alto risco de eventos cardio-
Betabloqueador e IECA vasculares, são capazes de reduzir a mortalidade e o núme-
miocárdio
ro de eventos mórbidos. Drogas de escolha na IC e na dis-
HAS sistólica isolada Diuréticos e bloqueadores dos canais
(idosos) de cálcio função ventricular assintomática não alteram a glicemia e o
perfil lipídico, sendo bem toleradas durante o uso. Podem
Tabelo 17- Escolha terapêutico preferencial em situações especiais desencadear tosse seca, angioedema, elevação transitória
Negros Tiazídicos/bloqueadores dos canais de cálcio da ureia e da creatinina (em especial, na presença de este-
Tiazídicos + betabloqueador, bloqueadores dos ca- nose bilateral das artérias renais). Drogas como captopril,
Idosos nais de cálcio, IECA e bloqueadores dos receptores enalapril, lisinopril e ramipril têm essa ação.
da angiotensina
e) JECAs 11
Alfametildopa, bloqueio dos canais de cálcio, be-
Gestantes Há evidências de que possam reduzir risco cardiovascu-
tabloqueadores
lar em indivíduos hipertensos, diabéticos e com IC. Seu cus-
As classes disponíveis para tratamento são: to mais elevado e efeito protetor semelhante limitam o uso
a pacientes que desenvolvem tosse com IECA. No entanto,
a) Diuréticos parece haver menor incidência de efeitos colaterais. Drogas
São drogas seguras, de baixo custo, amplamente utili- como losartana, candesartana e irbesartana pertencem a
zadas e que apresentam melhor efeito em negros e idosos. tal grupo e estão indicadas primariamente aos que não to-
São recomendadas como 1ª escolha para monoterapia ou leram IECAs.

48
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

f) Agentes de ação simpatolítica central I Modlficaç&es de estilo de v ida I


Metildopa e clonidina têm seu uso reduzido para a hi-
pertensão severa, não controlada com as outras categorias
I •
Tratamento larmacológlco
I
I

de drogas. Agem estimulando os adrenorreceptores cen-


trais, diminuindo o fluxo simpático e gerando vasodilatação
I
...
Sem mdicações especificas
I
I •
Com lndlcaç&es
especificas
e redução da frequência cardíaca. Há baixa adesão de tra-
tamento devido aos efeitos colaterais (impotência sexual,
+
HAS Estágio 1
(140 a 159x90 a

HAS Est,glo 2
(160x100mmHg)

Drogas recomendadas
para situações
depressão, anemia hemolítica e teste de Coombs positivo) 99mmHg) Combinaç3o de 2 drogas
específicas
Diurético tiazfdico para a para a maior1a
e ao risco de hipertensão rebate quando o uso é interrom- maioria (geralmente, diurético •
Associação de outras
Podem-se considerar tiazfdico associado a
pido abruptamente. outra classe)
drogas, se necessário
I ECA. 8RA, 88, 8CC

g) Vasodilatadores arteriolares diretos I I I


Seus principais representantes são a hidralazina e o •
1Objetivo de controle pre.sórico n3o atingido J
minoxidil. Podem causar taquicardia reflexa e, quando
suspensos, produzir hipertensão rebate. São utilizados na I

Reforçar medidas não farmacológicas, avaliar adesào, otimizar
doses, associar outras drogas ate atingir o controle adequado
I
hipertensão de difícil controle, principalmente quando em
associação à alteração renal.
BRA: 8/oqueador do Receptor da Angiotensina
88: betobloqueador
I
BCC: Bloqueador dos Canais de Cálcio
A seguir, são listados efeitos benéficos do uso de deter-
minadas classes de medicações no controle de outras doen- Figura 6 - Tratamento da hipertensão
ças associadas (Tabela 18), assim como efeitos indesejáveis
em algumas associações (Tabela 19). Tabela 20- Drogas paro HAS e suas doses terapêuticos


Tabela 18 - Possíveis efeitos benéficos adjacentes para nortear a
escolha terapêutica -
Situações clínicas Medicamentos •
Betabloqueador e bloqueador dos ca- Clortalidona 12,5 25 1
Angina
nais de cálcio Hidroclorotia-
Tlazídicos 12,5 25 1
Doença aterosclerótica I ECA zida
(diuréticos)
Fibrilação atrial Betabloqueador lndapamida 2,5 5 1

Tremor essencial Betabloqueador lndapamida SR 1,5 5 1

Betabloqueador e bloqueador dos ca- Bumetanida 0,5 1a2


Enxaqueca
nais de cálcio Alça Furosemida 20 1a2
Osteoporose Tiazídicos Piretanida 6 12 1
Prostatismo Alfabloqueador (prazosina) Amilorida 2,5 10 1
Insuficiência renal crônica I ECA e inibidor AT2 Poupadores Espironolac-
25 100 1a2
de potássio tona
Tabela 19 - Prováveis efeitos indesejáveis da escolha terapêutica 1
Triantereno 50 100
e doenças de base/condições clínicas
Bloquea- Verapamil Re-
Situações clínicas Medicamentos 120 480 1a2
dores dos tard
Broncoespasmo Betabloqueador canais de Diltiazem AP,
180 480 1a2
Betabloqueador e alfa-agonista cen- cálcio SR ou CO
Depressão
tral 1
Anlodipino 2,5 10
Gota Diurético 1a2
Felodipino 5 20
Bloqueio atrioventri- Betabloqueador e bloqueador dos ca- 2
lsradipino 2,5 20
cular nais de cálcio (não diidropiridínico)
Lacidipino 2 8 1
Alfabloqueador, bloqueador dos canais
ICC Antago- Lercanidipino 10 30 1
de cálcio e betabloqueador
nistas dos Manidipino 10 20 1
Doença vascular peri-
Betabloqueador canais de
férica Nifedipino
cálcio 30 60 1
Gravidez IECA e inibidor AT2 oras

Insuficiência renal Nifedipino


Agentes poupadores de potássio 20 60 2a3
retard
crônica
Nisoldipino 5 40 1a2
Doença renovascular
I ECA e inibidor AT2
bilateral Nitrendipino 10 40 2a3

49
Posologia (mg) B. Hipertensão arterial resistente
Máxima Quando o paciente não responde à terapia combina-
da de 3 classes diferentes (obrigatoriamente 1 delas é um
Benazepril 5 20 1
diurético), fica caracterizada a hipertensão resistente. Nes-
Captopril 25 150 2a3 sa condição, devem-se buscar causas que determinem tal
Cilazapril 2,5 5 1 comportamento, como obesidade, consumo excessivo de
Delapril 15 30 1a2 álcool, apneia do sono e causas secundárias de hiperten-
são. Na ausência desses fatores de refratariedade, é reco-
Enalapril 5 40 1a2
mendada a associação de espironolactona e simpatolíticos
IECA Fosinopril 10 20 1
centrais e betabloqueadores.
Lisinopril 5 20 1
Perindopril 4 8 1
9. Emergência hipertensiva
Quinapril 10 20 1
As emergências caracterizam-se pela presença de sofri-
Ramipril 2,5 10 1
mento tecidual de órgãos-alvo, com iminente risco de vida,
Trandolapril 2 4 1 em geral, mas não necessariamente associado a altos níveis
Candesartana 8 32 1 pressóricos. É o caso da encefalopatia hipertensiva, da car-
lrbesartana 150 300 1 diopatia isquêmica, do edema agudo de pulmão, da dissec-
Bloqueado-
Losartana 25 100 1 ção de aorta e do AVC. São situações de gravidade clínica
res de re- acentuada, e o tratamento deve acontecer no ambiente da
Olmesartana 20 40 1
ceptor AT1 sala de emergência ou da terapia intensiva com infusão de
Telmisartana 40 160 1
drogas intravenosas, como o nitroprussiato de sódio.
Valsartana 80 320 1
Tabela 21 - Principais causas de emergências e urgências hiper-
lnlbldor tensivas
direto da Alisquireno 150 300 1
Emergências hipertensivas
renina
Alfametildopa 500 1.500 2a3 ~u~~~--------_j
- Encefalopatia hipertensiva;
lnibidores Clonidina 0,2 0,6 2a3
adrenérgi- - Hemorragia intraparenquimatosa;
Guanabenzo 4 12 2a3
cos - Hemorragia subaracnóidea.
Moxonidina 0,2 0,6 1
(ação cen- Cardiovasculares
trai) Rilmenidina 1 2 1 ~--------------~
- Dissecção aguda de aorta;
Reserpina 12,5 25 1a2
- Infarto agudo do miocárdio;
Atenolol 25 100 1a2
- Edema agudo de pulmão;
Bisoprolol 2,5 10 1a2
- Sfndromes coronarianas agudas.
Carvedilol 12,5 50 1a2
_ _ _ _ _Crlsesad~lf'II'MS - - - - - - - '
Metoprolol
lnibidores - Crise de feocromocitoma;
e metoprolol 50 200 1a2
adrenérgi- - Ingestão de cocaína e catecolaminérgicos.
(ZOK)
cos ~-
Associadas
_ _ _..;. ••.I!!!!S!!..
Nadolol 40 120 1
(betablo-
- Eclâmpsia;
queadores) Nebivolol 5 10 1
- Hipertensão maligna e acelerada (considerar emergência).
Propranolol/
propranolol 40/80 240/160 2 a 3/1 a 2 Urgências hipertensivas
(LA) Hlpertenslo associada a:
Pindolol 10 40 1a2 -Insuficiência coronariana crônica;
lnibidores Doxazosina 1 16 1 -I C;
adrenérgi- Prazosina 1 20 2a3 -Aneurisma de aorta;
cos - AVC isquêmico (prévio);
Prazosina XL 4 8 1
(alfabloque-
- Glomerulonefrites agudas;
adores) Terazosina 1 20 1a2
- Pré-eclâmpsia.
Vasodila- Hidralazina 50 150 2a3
ta dores As urgências hipertensivas caracterizam-se por ní-
Minoxidil 2,5 80 2a3
diretos veis pressóricos elevados, geralmente com níveis de PAS

50
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

>200mmHg e/ou PAD >120mmHg, sem sinais evidentes de nais de derrame pericárdico e pleural. O exame normal não
lesão de órgãos-alvo ou piora de lesão prévia. As drogas po- afasta o diagnóstico.
dem ser administradas pela via oral, e utilizam-se benzodia- O diagnóstico final pode ser obtido com angiotomografia
zepínicos para ansiedade e analgésicos para dor. Caso não de tórax ou ecoca rdiogra ma tra nsesofágico (sensibilidade
haja controle da PA com essas medidas, podem-se utilizar de 98%), eventualmente, com ressonância ou angiografia .
bloqueadores dos canais de cálcio, betabloqueadores, diu- O ecocardiograma transtorácico também pode ser usado,
réticos de alça e IECAs. porém apresenta sensibilidade menor (75% para dissecções
A seguir, um breve relato a respeito de algumas pato- do tipo A e apenas 40% para dissecções do tipo 8). Para pa-
logias. cientes instáveis, deve-se utiliza r o ecocardiograma t ransto-
rácico e, se não diagnosticada a dissecção, o transesofágico.
A - Dissecção aguda de aorta O principal fato r que determina o risco de dissecção, sua
progressão e suas complicações, além da PA, é o ritmo de
A dissecção de aorta é classificada em tipo A, se envolve
aumento da onda de pulso aórtico (dP/dT - variações da
a aorta ascendente, e tipo 8, se não a envolve. Em geral,
pressão em relação ao tem po), que tem, como principais
as dissecções proximais (tipo A) acontecem em indivíduos
determinantes, a amplitude da pressão de pulso e a fre-
com anormalidades do colágeno (por exemplo, síndrome
quência cardíaca.
de Marfan), e as dissecções distais (tipo 8), naqueles com
Assim, o tratamento clínico deve inclu ir, simultaneamen-
HAS de longa data. As dissecções tipo A respondem melhor
te, a redução da PAS (para próximo de 100 a llOmmHg) e a
ao tratamento cirúrgico, enquanto as do tipo 8 ao trata-
do fluxo aártico pulsátil (dP/dT), o que pode ser obtido com
mento clínico, embora ambas devam ser estabilizadas com
um anti-hipertensivo de ação rápida, como o nitroprussiato
tratamento clínico emergencial.
de sódio, e de um betabloqueador pa renteral, como o pro-
pranolol ou o metoprolol, para atingir a f requêncía cardía-
ca de 60bpm. É importante lem brar que o betabloqueador
associado a vasod ilatador é imprescindível, uma vez que o
uso de vasodilatador isoladamente pode levar a taquicardia
reflexa, aumentando a dP/ dT e produzindo result ados dele-
térios ao paciente. O propra nolol pode ser usado na dose
de 0,1Smg/kg, iniciando-se com 1 a 2mg IV em 5 minutos,
e repetindo-se a dose conforme necessá rio. Pode-se utili-
zar o metoprolol (Seloken"), iniciando-se com Smg a cada
3 a 5 minutos para atingir a frequência cardíaca necessária
Figuro 7 • Di~ rSie GOlfO: ( '
(em geral, 15mg). É importante lembrar o alívio da dor, que
O quadro clínico manifesta-se por dor torácica severa, pode ser alcançado com morfina, em doses de 3 a 6mg IV,
de início agudo, quase sempre anterior (retroesternal), ir- até atingir analgesia adequada.
radiando-se frequentemente para o dorso (interescapular,
inicialmente) e algumas vezes para o abdome, acompanha- B - Encefalopatia hipertensiva
da de sintomas adrenérgicos. Essa apresentação ocorre em O fluxo sanguíneo cerebral é autorregulado dentro
90% dos casos e se deve à dissecção propriamente dita. de limites específicos . Em normotensos, o fluxo sanguí-
Complicações da dissecção podem produzir outros sinto- neo cerebral permanece constante entre PA média de 60
mas, como síncope, sintomas neurológicos focais, sinais de a 120mmHg. Quando esta ultrapassa o limite superior da
isquemia em outros órgãos, IC, tamponamento cardíaco e capacidade de autorregulação do fluxo sanguíneo, há a
paraplegia. hiperperfusão cereb ra l, levando a disfunção endotelial,
Ao exame físico, o paciente parece estar em choque, quebra da barreira hematoencefálica com aumento da per-
mas a PA quase sempre está elevada. Os pulsos podem meabilidade, edema cerebral e micro-hemorragias. Em nor-
apresentar-se assimétricos, e a PA medida em ambos os motensos, sinais de encefalopatia podem ocorrer com PA
braços pode apresentar diferença significativa. É possível tão baixa quanto 160x100mmHg, enq uanto indivíduos com
ouvir sopro de regurgitação aórtica, podendo-se encontrar HAS de longa data, por terem sua curva de autorregulação
sinais de tamponamento cardíaco e derrame pleural. desviada para a direita, podem não ter sinais e sintomas de
O eletrocardiograma pode mostrar sinais de hipertrofia encefalopatia com PA = 220xllOmmHg ou maior.
ventricular esquerda decorrente da HAS crônica, ser nor- A encefalopatia hipertensiva pode ser definida como
mal ou, eventualmente, mostrar isquemia miocárdica agu- uma síndrome cerebral orgânica aguda que resulta da falên-
da, predominantemente nas derivações inferiores, quando cia do limite superior da autorregulação vascular cerebral.
a dissecção envolve o óstio coronariano direito. Já a radio- Clinicamente, caracteriza-se por início agudo ou subagudo
grafia de tórax pode mostrar alargamento do mediastino e de letargia, confusão, cefaleia, distúrbios visuais (incluindo
contorno aórtico anormal; é possível encontrar, ainda, si- amaurose) e convulsões (podem ser focais, generalizadas

51
ou focais com generalização). Em geral, a encefalopatia está mente, caracteriza-se por hipertensão e alterações de fun-
associada à HAS não tratada ou subtratada. Uma série de do de olho da retinopatia (graus I e 11), sempre associados
outras circunstâncias pode estar associada à hipertensão ao papiledema (grau 111). Além disso, pode haver:
arterial, como doença renal, terapia imunossupressora, uso - Sintomas gerais: astenia, mal-estar, fadiga e perda de
de eritropoetina, púrpura trombocitopênica trombótica ou peso são muito frequentes;
eclâmpsia. -Sintomas cardiovasculares: ICC (apresentação inicial
O exame de fundo de olho é obrigatório, devendo-se em 11% dos pacientes) e doença coronariana;
procurar por papiledema, hemorragias e exsudatos. Deve- -Sintomas neurológicos: cefaleia, tontura, encefalopa-
-se realizar tomografia de crânio para diagnóstico diferen- tia hipertensiva e AVCs.
cial com AVC. Em geral, a encefalopatia hipertensiva não
O envolvimento renal é comum, varia em gravidade e
produz sintomas neurológicos focais, ao contrário dos AVCs
pode variar de proteinúria não nefrótica a franca perda de
isquêmicos e hemorrágicos.
função renal. Há creatinina acima de 2,3mg/dl em 31% dos
O tratamento pode ser realizado com nitroprussiato de
pacientes na apresentação. O tratamento da hipertensão
sódio e anticonvulsivantes (fenitoína ou benzodiazepíni-
maligna deve ser realizado prontamente, entretanto pode
cos), em caso de convulsões. Na 1ª hora de tratamento, o
variar na dependência da forma de apresentação. Assim,
objetivo é reduzir em cerca de 20% a PA média ou uma PAD
naqueles com hipertensão maligna não complicada (sinto-
de 100mmHg (atingindo o valor mais alto dessas 2 opções).
mas gerais, como papiledema, mas sem grande perda de
Deve-se ter muito cuidado com hipertensos de longa data
função renal ou sintomas cardiovasculares ou neurológicos
e idosos, em quem a redução abrupta da PA pode causar
importantes), pode-se considerá-la uma urgência hiperten-
isquemia cerebral por redução significativa do fluxo sanguí-
siva, e a redução da PA é possível mais lentamente ao longo
neo cerebral. Em caso de piora do estado neurológico, de-
de 24 a 48 horas, com anti-hipertensivos orais. Contudo, se
ve-se suspender ou reduzir a infusão do anti-hipertensivo.
a hipertensão maligna é complicada por outras emergên-
cias, como insuficiência coronariana aguda, edema agudo
C - Hipertensão maligna
de pulmão ou encefalopatia hipertensiva, deve-se conside-
A hipertensão maligna caracteriza-se por necrose fibri- rá-la uma verdadeira emergência hipertensiva e devem-se
noide das arteríolas e proliferação miointimal das peque- usar medicações parenterais, como o nitroprussiato de só-
nas artérias, manifestadas por neurorretinopatia e doença dio, com o cuidado de não reduzir excessiva e abruptamen-
renal. É incomum nos dias de hoje, ocorrendo em, aproxi- te a PA. Deve-se estar atento, ainda, ao balanço hidroele-
madamente, 1% dos hipertensos. Sua mortalidade, se não trolítico e à função renal, pois a depleção volêmica é muito
tratada adequadamente, chega a 90% em 1 ano. Clínica- comum entre esses pacientes.

Tabela 22- Achados de história e exame físico das diferentes r?mergências hlpr?rtensivos
Emergências
Anamnese Exame físico Comentários
hipertensivas
-Estertores pulmonares;
- Paciente angustiado e com dificuldade Às vezes, podem ocorrer sibilos
-Baixa saturação de oxigênio;
para falar; importantes, deixando dúvidas
Edema agudo de pulmão - B3 e/ou B4;
- Geralmente, já apresenta algum grau com o diagnóstico diferencial de
- Pode ter estase de jugulares
de disfunção ventricular. asma.
(não é obrigatório).
-Dor ou sensação de opressão precordial; - B4 presente; A caracterização minuciosa da
Síndrome coronariana aguda - Pode ser acompanhada de náuseas, -Pobres achados propedêuti- dor é a etapa mais importante
dispneia e sudorese fria. cos geralmente. na investigação da síndrome.

Dor lancinante, que pode ser precordial -Pode ter pulsos assimétricos; É fundamental diferenciar de sín-
Dissecção aguda de aorta - Pode ter sopro diastólico no
ou irradiar-se para as costas foco aórtico. drome coronariana aguda.

Letargia, cefaleia, confusão, distúrbios


Possivelmente, sem qualquer Usualmente, é necessário excluir
Encefalopatia hipertensiva visuais e convulsões, todos com início
achado ao exame físico AVC com tomografia.
agudo ou subagudo
Potencialmente fatal, seu diagnós-
Astenia, mal-estar, oligúria, sintomas va-
Hipertensão maligna Fundo de olho: papiledema tico rápido só é possível com
gos cardiovasculares e/ou neurológicos
exame de fundo de olho.
O diagnóstico diferencial é feito
lsquemias/hemorragias ce- Súbita alteração neurológica (geralmen- Dependência de ventilação
com várias outras condições clíni-
rebrais te, motora ou sensitiva) mecânica
cas, como hipo ou hiperglicemia.
O diagnóstico prévio é de pré-
Gestante após a 20ª semana de gestação
Eclâmpsia HAS e convulsões -eclâmpsia e desenvolve convul-
ou até a 6ª semana após o parto
sões.

52
HIPERTENSÃO ARTERIAl SISTÊMICA

Tabela 23 - Drogas para uso em emergências hipertensivas


Medicamentos Doses II@I.MI·111f1MI Efeitos adversos e precauções Indicações
Náuseas, vômitos, intoxicação por
Nitroprussiato de só-
1a2 cianeto (cuidado na insuficiência Maioria das emergên-
dio (vasodilatador ar- 0,25 a 10mg/kg/min IV Imediato
minutos renal e hepática e na pressão intra- cias hipertensivas
teria I e venoso)
craniana alta; hipotensão grave)
Nitroglicerina (vaso- Cefaleia, taquicardia reflexa, taqui- Insuficiência coronaria-
2a5 3a5
dilatador arterial e 5 a 100mg/min IV filaxia, flushing, meta-hemoglobi- na; insuficiência ventri-
minutos minutos
venoso) nem ia cu lar esquerda
Taquicardia, cefaleia, vômitos. Piora
Hidralazina (vasodila- 10 a 20mg IV ou 10 a 10 a 30 3 a 12
da angina e do infarto (cuidado com Eclâmpsia
tador de ação direta) 40mg IM de 6/6h minutos horas
pressão intracraniana elevada)
Insuficiência corona-
Metoprolol (bloquea- 5mg IV (repetir de riana; dissecção aguda
5 a 10 Bradicardia, bloqueio atrioventri-
dor beta-adrenérgico 10/10min, se necessário 3 a 4 horas de aorta (em combina-
minutos cu lar avançado, IC, broncoespasmo
seletivo) até 20mg) ção com nitroprussiato
de sódio)

Ataque: 5001-l/kg; infusão Dissecção aguda de


Esmolol (bloqueador intermitente: 25 a 501-l/
Náuseas, vômitos, bloqueio atrio- aorta (em combina-
beta-adrenérgico se- kg/min; 1a2 1 a 20
ventricular de 1º grau, espasmo ção com nitroprussiato
letivo de ação ultrar- 1' 251-l/kg/min cada 10 a minutos minutos
de sódio); hipertensão
brônquico, hipotensão
rápida) 20min; máximo: 3001-lg/ pós-operatória grave
kg/min
Insuficiência ventricu-
20 a 60mg (repetir após 2a5 30 a 60
Furosemida (diurético) Hipopotassemia lar esquerda; situações
30 minutos) minutos minutos
de hipervolemia

Fentolamina (bloque- Infusão contínua: 1 a 1a2 3 a 5 minu- Taquicardia reflexa, flushing, ton- Excesso de catecola-
ador alfa-adrenérgico) 5mg; máximo: 15mg minutos tos tura, náuseas, vômitos minas

Importante
Está prevista, até o fim do ano de 2014, a publicação da VIl Diretriz Brasileira para Prevenção e Tratamento da HAS. Até o momento da
revisão e publicação deste material, essa diretriz ainda não havia sido publicada. Havendo a sua publicação, as alterações necessárias
serão feitas no texto e o aluno receberá o material revisado o mais brevemente possível.

10. Resumo
Quadro-resumo
- A forma de aferição da PA deve ser corretamente aplicada, pois os critérios diagnósticos da HAS são dependentes da forma de aferição;
-Os critérios para definição de HAS baseiam-se na aferição pressórica em 2 consultas consecutivas;
-A partir dos valores da PA, fatores de risco associados e existência de lesão em órgãos-alvo, as metas dos valores pressóricos a serem
atingidos são diferentes;
-A existência de fatores de risco, história ou alterações laboratoriais sugestivas de causa secundária da HAS demanda investigação;
-O reforço na adesão às medidas de mudanças dos hábitos de vida e o uso adequado das medicações devem ser sempre estimulados
no paciente hipertenso.

53
CAPÍTUL04

CA DIO OGIA

Síncope
Rodrigo Antônio Brandão Neto I José Paulo Ladeira I Fabrício Nogueira Furtado

que a taxa de eventos sincopais aumentava de cerca de 5


I. Introdução e definições eventos a cada 1.000 pessoas/ano, no grupo entre 20 e 29
A síncope é definida como perda súbita e breve da cons- anos, para cerca de 20 a cada 1.000 pessoas/ano no gru-
ciência e do tônus postura!, com recuperação espontânea e po com mais de 80 anos, mostrando aumento considerável
sem sequelas neurológicas. Quase todas as formas cursam com a idade, que se tornava muito importante a partir dos
com diminuição ou interrupção transitória do fluxo sanguí- 70 anos. Ainda nesse estudo, a incidência não foi diferente
neo cerebral. A pré-síncope, por sua vez, é apenas a per- a depender do sexo, embora outros tenham demonstrado
cepção de uma perda de consciência iminente com quadro diferenças, com incidência um pouco maior no sexo femi-
clínico prodrômico, semelhante ao da síncope. nino. Os homens, entretanto, têm maior probabilidade de
A síncope é responsável por mais de 3% de todas as con- causa cardiológica de síncope.
sultas no pronto-socorro. Cerca de 20% da população adul-
ta já experimentaram um episódio que pudesse ser descrito 3. Etiologia
como síncope, e aproximadamente de 1 a 6% das interna-
ções hospitalares nos Estados Unidos a têm como causa . Na As causas mais frequentes estão descritas na Tabela 2. A
maioria das vezes, é um evento limitado e benigno, mas que chamada síncope vasovagal ou neurocardiogênica é a prin-
pode causar injúrias (descritas em até 30%), aflição e com- cipal. Os pacientes apresentam profunda vasodepressão
plicações psicológicas em pacientes e familiares. Na avalia- devida a falência abrupta da modulação autonômica sobre
ção, deve-se ter em mente que existem 4 principais fatores o aparelho cardiovascular, além de importante diminuição
envolvidos no risco de eventos adversos : da frequência cardíaca por reflexos neuromediados. Alguns
1- Idade ~45 anos. autores subdividem esses casos em síncope vasodepresso-
2- História de insuficiência cardíaca. ra ou síncope cardioinibitória.
3- História de arritmias ventriculares.
Tabelo 1 - Outras co usos importantes
4- Eletrocardiograma (ECG) anormal (exceto alterações
-Anemia;
de repolarização inespecíficas).
Os pacientes que não apresentam nenhum desses fato- - Arritmias cardíacas;
res têm de 4 a 7% de risco de apresentar eventos adversos, - Débito cardíaco extremamente baixo, como no Infarto Agudo
enquanto os pacientes com 3 ou 4 fatores de risco têm de do Miocárdio (IAM) extenso e no tamponamento cardíaco;
58 a 80% de chance de apresentá-los. - Cardiomiopatia hipertrófica;
- Estenose aórtica (a síncope está associada a mortalidade de
50% em 5 anos) e estenose mitral;
2. Epidemiologia
- Hipersensibilidade do seio carotideo;
O maior estudo epidemiológico sobre o assunto consis-
- Hipoglicemia;
tiu em um seguimento de 822 pacientes no estudo de coor-
- Hipotensão ortostática;
te de Framingham; por cerca de 17 anos, o estudo verificou

55
- Hipoxemia; Situacional
- Uso de medicações; Ocorre logo após acessos de tosse, micção ou evacuação, o que
- Insuficiência adrenal; facilita o diagnóstico. Geralmente, é determinada por descarga
vagai.
- Síncope situacional (precipitada por tosse, defecação e micção
com esforço), considerada variante da síncope vasovagal. Síndrome do seio carotídeo
A manipulação mecânica do seio carotídeo é responsável pelo
A síncope apresenta causa desconhecida em cerca de 5 episódio de síncope. Os sinais e sintomas podem ser reproduzi-
a 20% dos casos, mas estudos antigos relatam que mais de dos pela massagem do seio. Acomete, principalmente, os idosos.
30% não têm causa detectável (31% no estudo de Framing- Hipotensão ortostática
ham e 34% em análise de 5 estudos publicada em 1997). O Apresenta queda progressiva da pressão arterial com a posição
uso de novos métodos diagnósticos, como o tilt-tab/e test, ortostática, e ocorre diminuição da pressão sistólica medida com
diminuiu significativamente esses números. paciente em pé por 3 minutos maior que 20mmHg em relação à
pressão arterial medida após o mesmo indivíduo ficar 5 minutos
Tabelo 2 - Causas de sinr:ope
deitado.
Prevalência média
Tipos ou causas Associada a arritmias
(%, variação entre estudos)
-Geralmente associadas a:
Síncope mediada neurologi-
40 a 60 · FC <40bpm ou bloqueios sinoatriais repetidos ou pausa sinu-
camente (neurocardiogênica)
sal >3 segundos;
Síncope vasovagal 30 a 50
· Bloqueio atrioventricular (BAV) de 2º grau Mobitz 2 ou BAV
Síncope situacional 5 total;
Síndrome do seio carotídeo 1 · Alternância de bloqueio do ramo direito e bloqueio do ramo
Hipotensão ortostática 1 a 14 esquerdo;
Medicações 3 (O a 7) · Paroxismos de taquicardias ventriculares ou supraventriculares;
Transtornos psiquiátricos laS · Disfunção de marca-passo com pausas cardíacas.

Neurológica (todas) 10 Associada a isquemia


Cardíaca 10 a 25 (estudos antigos <20) Procurar fatores de risco para IAM e sinais de isquemia no ECG
Doença cardíaca orgânica 3 (1 a 8) de repouso.
Bradiarritmias e taquiarrit- Associada a outras doenças cardiovasculares
14 (4 a 26)
mias É considerada quando acontece em pacientes com estenose aór-
Causa desconhecida S a 20 (estudos antigos >30) tica grave, hipertensão pulmonar, embolia pulmonar, dissecção
aórtica ou mixoma atrial grande.
Tabelo 3 Medicamentos que podem levar à doença
- Antiarrítmicos; Entre pacientes com diagnóstico de doença cardía-
- Anti depressivos; ca e síncope, os fatores mais fidedignos de predição de
- Anti-hipertensivos (especialmente betabloqueadores, diuré- síncope por causa cardíaca parecem ser desencadeados
ticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina, anta- pelo decúbito ou estar relacionados aos esforços, ou,
gonistas dos canais de cálcio e bloqueadores alfa-2-adrenérgi- ainda, síncope associada a convulsões . Dentre aqueles
cos). Há risco particular entre idosos; sem doença cardíaca, a presença de palpitações pare-
- Antiparkinsonianos; ce correlacionar-se com maior possibilidade de síncope
- Antipsicóticos e fenotiazinas; por causa cardíaca ; em neuromediadas, a diferença de
- Bromocriptina. tempo, entre o 12 e o 22 episódios, de mais de 4 anos,
desconforto abdominal que precede as crises e náuseas
4. Achados clínicos e diaforese no período de recuperação são fatores suges-
tivos desse diagnóstico. Fadiga após o episódio sincopal
A anamnese e o exame físico minucioso são os princi- também foi associada, em estudos, a maior probabilida-
pais instrumentos para o diagnóstico da causa da síncope. O de de síncope vasovagal.
principal objetivo é detectar doentes com risco aumentado
de óbito ou de complicações que necessitarão de investiga-
ção adicional imediata ou de internação. 5. Exames complementares
O ECG tem baixa sensibilidade, sendo exame diagnós-
Tabelo 4 - Tipos
tico em 5% dos casos e sugestivo em outros 5%. Ainda
Vasovagal assim, é considerado obrigatório a todos com síncope. Al-
Também conhecida como desmaio comum, é mediada pelo es- terações sugestivas de isquemia e alterações do ritmo e
tresse emocional ou ortostático. Geralmente é precedida por da condição cardíaca como as já descritas sugerem causas
pródromos como sudorese, náusea e palidez cutânea.
cardíacas.

56
SÍNCOPE

Na maioria dos pacientes com ECG normal e sem doen- versas inclinações (0,8 e -30°). Simultaneamente, é monito-
ça cardíaca, a síncope neuralmente mediada é a principal rizado com ECG e medida não invasiva da pressão arterial a
hipótese diagnóstica. cada 2 minutos. O princípio é promover sobrecarga adap-
Um 1º episódio de síncope sem achados sugestivos de tativa ao sistema nervoso autônomo do indivíduo e avaliar
etiologia cardíaca ou neurológica não necessita de testes sua resposta. Na Tabela 7, descrevem-se as indicações, su-
além do ECG. Por outro lado, testes diagnósticos são reco- geridas pela European Society of Cardiology (ESC).
mendados a casos recorrentes, episódios graves (que envol-
Tabela 7- PrincJpaJs indicações do tilt-toble test
vem lesões ou acidentes) e doentes com ocupações de alto
risco (como pilotos de avião). Classe I
1 - Episódio sincopal único em doentes em situações de alto ris-
co- ocorrência ou risco de lesão física ou ocupacional.
2- Episódios recorrentes:
Achados Possibilidades a) Sem evidência de doença estrutural cardiovascular.
Desidratação, uso de medicações b) Doença cardiovascular presente, mas outras causas de sínco-
Hipotensão ortostática de risco e outras causas de dis- pe excluídas com testes diagnósticos.
função autonômica 3 - Situações em que seja importante demonstrar síncope neu-
lctus desviado, sopro de re- romediada.
Baixo débito cardíaco ou taqui-
gurgitação mitral e B3, suge- Classe 11
cardias ventriculares
rindo disfunção ventricular
1 - Quando verificar o comportamento hemodinâmico na sínco-
Hipotensão e/ou assistolia pe, alteração de manejo.
Síndrome (hipersensibilidade) do
ventricular durante massa-
seio carotídeo 2 - Diferenciação entre síncope e crises convulsivas.
gem do seio carotídeo
3 -Avaliação de doentes (principalmente idosos) com "quedas"
Sopros de ejeção (estenose
Obstrução ao fluxo de saída do recorrentes inexplicáveis- investigação de tonturas recorrentes
aórtica e cardiomiopatia
ventrículo esquerdo ou pré-síncope.
hipertrófica obstrutiva)
4- Avaliação de síncope inexplicada em situações, como neuro-
Tabela 6- Achados do ECG que podem sugerir a causa da síncope patias periféricas ou disautonomias.
Achados Possibilidades Classe 111
Taquicardia ventricular tipo tor- 1- Avaliação do tratamento.
Intervalo QT longo
sades de pointes
Infarto do miocárdio prévio Taquicardia ventricular Em pacientes sem doença cardíaca, um resultado positi-
vo do teste (hipotensão ou bradicardia desencadeadas por
Atraso de condução e blo-
Bradicardia
ele) é considerado diagnóstico, mas, naqueles com doença
queio de ramo ou de fascí-
culo cardíaca estrutural, devem ser excluídas complicações des-
sas doenças.
Bloqueio do ramo direito
O ecocardiograma também pode ser utilizado para a
com elevação do segmento
ST e inversão da onda T em Síndrome de Brugada avaliação do paciente com síncope. As recomendações da
derivações precordiais (Vl- ESC sugerem realizar o exame sempre que há suspeita de
V3) causa cardíaca, mas apenas estenose aórtica severa, dissec-
lnespecífico: possível indicação ção aórtica, tumores cardíacos obstrutivos, tamponamento
Ectopia atrial e ventricular pericárdico e anomalias congênitas das artérias coronárias
de substrato para arritm ias
Síndrome de pré-excitação Síndrome de Wolff-Parkinson- podem ser diagnosticados como causa de síncope com cer-
(onda delta) White teza por meio desse exame.
Estudos eletrofisiológicos podem ser realizados em se-
Entre pacientes com episódio único, a possibilidade de lecionados, principalmente se apresentam doença cardíaca
recorrência em 2 anos é pequena, segundo a maioria dos estrutural. A ESC considera avaliar os pacientes em que a ar-
estudos, mas entre aqueles com mais de 1 episódio em tem- ritmia é sugerida pela avaliação inicial, ou que apresentem
po recente predomina a necessidade de investigação. Em doença cardíaca estrutural associada a história de palpita-
jovens e com provável síncope neurocardiogênica, o teste ções ou antecedente familiar de morte súbita. Condições
de escolha para avaliação é o tilt-tab/e test, o qual também que possivelmente se beneficiam desses estudos são suge-
pode ser útil a idosos, com síncope inexplicada. Também ridas na Tabela 8.
chamado de teste da inclinação, é um exame desenvolvido O desenvolvimento da técnica e a disseminação do es-
para identificar a síncope neurogênica que acomete pacien- tudo eletrofisiológico tornaram esse exame cada vez mais
tes de todas as idades, mas principalmente adultos jovens presente no dia a dia. No entanto, as indicações formais
e adolescentes. Para realizá-lo, o paciente é colocado sobre para o seu uso no manejo da síncope são bem claras, como
uma mesa basculante especial que permite avaliá-lo em di- discriminado a seguir.

57
Tabela 8 -' /ndicaçõe5 poro avaliação do e/etrofisiolagista (ESC pressão arterial diastólica ~10mmHg após 3 minutos em pé
2009 guldelfnes for thec diagnosis ond manogement of,syncope) (após repouso de 5 minutos em posição supina).
-Arritmia sugerida pela avaliação inicial e história de cardiopatia Quando ocorrem diminuições pressóricas menores
isquêmica; associadas a quadro de sintomas semelhantes, também
- Pacientes com bloqueio de ramo e falha dos testes não invasi- é provável o diagnóstico. A doença pode ser causada por
vos no diagnóstico; hipovolemia, uso de medicações como diuréticos, neuropa-
- Pacientes com palpitação precedendo a síncope e falha dos tias autonômicas primárias ou secundárias (diabetes, ure-
exames não invasivos no diagnóstico; mia, amiloidose etc.) e endocrinopatias como insuficiência
- Pacientes com síndrome de Brugada, cardiomiopatia hipertró- adrenal e feocromocitoma (hipertensão associada a episó-
fica, displasia arritmogênica do ventrículo direito- será avalia- dios de hipotensão postura!). A maioria relaciona-se ao uso
ção pode ser feita em casos selecionados; de medicações, e os pacientes, na maioria das vezes, têm
-Pacientes com altos riscos ocupacionais, pelos quais se devem idade superior a 60 anos.
realizar todos os esforços para excluir causa cardiovascular O tratamento inclui evitar situações de vasodilatação
para a síncope; periférica ou que dificultam o retorno venoso, como ba-
- Sem recomendação a pacientes com ECG normal, ausência de nhos quentes, exercício isométrico, grandes refeições e
doença estrutural e sem palpitações. permanecer em pé por grandes períodos. Assim, peque-
nas refeições com alta quantidade de carboidratos podem
O peptídio natriurético cerebral foi avaliado em um estu-
ser benéficas a quem recebe agentes pressóricos durante
do demonstrando capacidade para ajudar na diferenciação
o dia. Uma opção seria cafeína durante a refeição, pois
de síncopes cardiogênicas de não cardiogênicas, com sen-
tem ação pressórica e bloqueia o receptor de adenosina. A
sibilidade e especificidade de 82 e 92%, respectivamente,
elevação da cabeceira (decúbito) de 5 a 20° ativa o sistema
mas ainda não faz parte do manejo habitual. Testes de es-
renina-angiotensina-aldosterona e pode ser útil. Meias
forço e de holter também apontaram benefícios em alguns
estudos e podem ser feitos com indivíduos selecionados. compressivas também são recomendadas, e pode haver
necessidade de expansão volêmica. Em casos de sintomas
recorrentes, pode ser preciso instituir dieta rica em sal e
S. Diagnóstico diferencial fludrocortisona em doses de 0,1 a 1mg/d, pois aliviam os
Devem-se diferenciar episódios sincopais de tonturas, sintomas. Outras opções farmacológicas incluem anti-in-
de vertigens ou de pré-síncope, os quais não cursam com flamatórios não esteroides e agonistas alfa-1-adrenérgicos
perda do nível de consciência ou do tônus postura!. A dife- como a midodrina. Há relatos do uso da fluoxetina para
renciação entre síncope e crises convulsivas pode, ocasio- essa situação.
nalmente, ser difícil, mas, em episódios convulsivos, a recu-
peração da consciência tende a levar mais tempo. Quando B- Hipersensibilidade e síndrome do seio caro-
ocorre atividade motora rítmica (clônica ou mioclônica), o tídeo
diagnóstico mais provável é crise convulsiva, porém a sínco- É considerada uma variante da síncope vasovagal. Em
pe pode ser acompanhada de rápidos movimentos simila-
alguns pacientes, a massagem do seio carotídeo leva a
res. Eventualmente, observação em laboratórios especiali-
grande queda da frequência cardíaca, que pode ou não ser
zados e eletroencefalograma são necessários para a correta
associada a um declínio da pressão arterial. Essa reação é
diferenciação das 2 patologias.
descrita como hipersensibilidade do seio carotídeo, e tal
Transtornos psiquiátricos podem levar a episódios de
resposta exacerbada pode decorrer de 2 fatores, isolada-
síncope de repetição. Os principais diagnósticos psiquiátri-
mente ou em conjunto:
cos, nesse caso, são transtorno da ansiedade generalizada e
- Cardioinibitório: predomínio na queda da frequência
depressão maior (Tabela 9).
cardíaca;
Tabela 9 - DwgnósHcos diferenciais - Vasodepressor: declínio da pressão arterial na ausên-
-Crises convulsivas; cia de significativa bradicardia.
-Crises de ansiedade;
Os critérios para o seu diagnóstico são:
- Depressão maior; - Assistolia ventricular ~3s (devida à parada sinusal e ao
-Vertigens/pré-síncope. BAV);
- Diminuição da pressão arterial sistêmica de 50mmHg
A- Hipotensão ortostática ou mais;
A hipotensão ortostática representa a incapacidade do - Reprodução dos sintomas associada ao declínio de 30
sistema nervoso autônomo de manter a pressão arterial a 40% na frequência cardíaca, assistolia maior que 2
adequada quando em posição ortostática. Caracteriza-se segundos e/ou diminuição de 30mmHg na pressão ar-
por redução da pressão arterial sistólica ~20mmHg ou da terial.

58
SÍNCOPE

O manejo consiste, principalmente, em evitar a com- Embora bradiarritmias e taquiarritmias possam levar à sín-
pressão da região cervical por gravatas, colares ou outros. cope, não há valor fixo abaixo ou acima do qual ela possa
O tratamento envolve as mesmas táticas utilizadas para hi- ocorrer. Os sintomas dependem da capacidade de compen-
potensão ortostática ou síncope vasovagal, evitando medi- sação do sistema nervoso autônomo e do grau de doença
cações que possam causar bradicardia e hipotensão, bem aterosclerótica dos vasos do sistema nervoso central.
como vasoconstritores como midodrina ou inibidores da A maioria dos doentes com síncope cardíaca por arrit-
recaptação de serotonina, em pacientes com a forma va- mia não tem sintomas prodrômicos, e o quadro é súbito, o
sodepressora. Aqueles com a forma cardioinibitória, caso que pode ajudar a diferenciá-la da síncope vasovagal. Por
apresentem episódios recorrentes, podem beneficiar-se outro lado, em doenças cardíacas estruturais, a síncope cos-
com marca-passo. tuma ser desencadeada por esforço físico ou por vasodila-
tação arterial {calor ou medicação).
C - Síncope vasovagal A estenose aórtica é muito mais frequente em idosos, e
os pacientes podem apresentar a tríade de dispneia aos es-
Em todas as estatísticas, a síncope vasovagal é a causa
forços, dor torácica anginosa e síncope aos esforços. Todas
mais frequente de síncope e apresenta curso em geral be-
implicam pior prognóstico, e pacientes com dispneia aos
nigno, mas pode estar associada a injúrias devido às que-
esforços têm mortalidade de 50% em 2 anos, caso não seja
das. Os episódios têm como característica ocorrer em posi-
realizada nenhuma intervenção. Indivíduos com síncope
ção ortostática, raramente com o paciente deitado, sentado
isolada apresentam prognóstico melhor.
ou em atividade física .
A cardiomiopatia hipertrófica é mais comum em jovens,
Normalmente há pródromo de mal-estar abdominal.
embora também seja possível em indivíduos com mais de
Os episódios são em geral desencadeados por situações de
60 anos. Eles ainda apresentam alto risco de morte súbita,
estresse emocional, a perda de consciência é de curta du-
com algumas séries demonstrando mortalidade de 40% em
ração, e há fase de recuperação, que pode ser associada a
1 ano após um episódio sincopal.
náuseas e fadiga.
Os indivíduos com embolia pulmonar também podem,
O tratamento geralmente é realizado por especialistas.
por vezes, apresentar síncope. Em algumas séries, até 135
Diversas medicações foram utilizadas na tentativa de dimi-
têm tal complicação, normal entre aqueles com grandes
nuir os episódios de síncope:
êmbolos.
- Pacientes com formas cardioinibitórias pareciam ter
O tratamento depende da causa da síncope, mas as
benefício com betabloqueadores, pois estes diminuem
causas cardíacas mostram pior prognóstico, sendo esse o
a pressão intracavitária cardíaca, de forma a suprimir o
principal fator envolvido em eventos adversos, com possibi-
reflexo vasovagal;
lidade de IAM ou acidente vascular cerebral e morte de 2 a
-Também foi descrito o uso da escopolamina que,
3 vezes maior em tais grupos.
provavelmente, tem ação central, com inibição das
eferências vagais, parecendo eficaz nas síncopes com
componente cardioinibitório importante. A fludrocor- ?.Avaliação
tisona seria particularmente eficaz nas crises vasode-
J História, exame físico, press~o arterial em posição su pina e sentada, ECG J
pressoras;
- lnibidores da recaptação da serotonina, como a fluo- . .
xetina. I Hipótese diagnOstica I I Slncope in.,wpllcoda I
+
No entanto, nenhuma dessas medicações se mostrou
superior em relação ao placebo nos estudos de seguimento
I Exames diasnósticos
conforme a hipótese

+
I •
ECG anormal ou
doença cardíaca,

ECG normal e
em longo prazo. As únicas indicadas pela ESC são a etile- ausêncla de doença

frina e a midodrina, 2 alfa-agonistas que parecem reduzir


I Tratamento I síncope aos
esforços
cardfaca

os eventos de síncope, sendo que esta última recebeu, no •


Avaliação
• •
último guideline dessa sociedade, grau de recomendação
llb para refratários às medidas não farmacológicas.
(ecocardiogra fia,
teste de esforço, I Eventos
frequentes ou
I I Evento unico ou
ra ro
I
holter s/n) graves
Quanto àqueles com resposta predominantemente car-
dioinibitória, deve-se considerar a possibilidade de implan-
+
AvaliaçJo para síncope
neuralmente mediada

I Nada a fazer I
te de marca-passo, principalmente entre aqueles com mais com tilt-toble t~st (obs : ~
paciente >60 anos,
de 40 anos e episódios sincopais frequentes. COflsiderJ;r ECO f testE' de
~forço como paciente5
com doertç.a cardiaca}
O - Síncope cardíaca +
As síncopes de causa cardíaca são ocasionadas, princi-
Se positiva: tratar
Se negativa : reavaliar
I
palmente, por arritmias e doenças cardíacas estruturais,
e ambas podem cursar com redução do débito cardíaco . Figura 1 -Avaliação da síncope

59
8. Tratamento
Tabela 10 - Tratamento
-Orientar sobre a condição benigna do quadro;
- Evitar eventos precipitantes;
Síndromes neuromediadas
-Reconhecer os sintomas premonitórios;
-Orientar sobre manobras para abortar o episódio (como deitar-se, manobras de contrapressão).
-Evitar desidratação, longos períodos em ortostase, ambientes fechados e quentes e punções
venosas;
Síncope vasovagal -Aumentar a ingesta hídrica e de sal (na ausência de hipertensão arterial sistêmica);
- Realizar exercício moderado e tilt training (treinos em prancha de tilt-table test);
-Drogas (quando há recorrência frequente ou trauma associado): midodrina, fludrocortisona.
-Marca-passo cardíaco: para formas cardioinibitórias ou mistas;
Síndrome do seio carotídeo
- Nas formas vasodepressoras, o tratamento é semelhante ao da síncope vasovagal.
- Evitar/aliviar o mecanismo de disparo: tosse, defecação, micção, estresse emocional, dor
intensa;
Síncope situacional
- Quando não é possível controlar o evento de disparo, manter volemia adequada e evitar
ortostase prolongada.
-Evitar diuréticos, vasodilatadores e álcool;
-Evitar mudança brusca de postura, período prolongado em posição supina, ambientes quen-
tes, exercício extenuante e refeições copiosas;
Hipotensão ortostática
-Aumentar a ingesta hídrica e de sal;
-Elevar a cabeceira da cama durante o sono;
-Em casos de difícil controle, realizar tratamento farmacológico (fludrocortisona, midodrina).
Disfunção do nó sinusal Marca-passo cardíaco (preferencialmente atrial ou dupla câmara)
Doença do sistema de condução atrio-
Marca-passo atrioventricular
ventricular
- Ablação por cateter;
Taquicardias supraventriculares ou
- Drogas antiarrítmicas;
ventriculares paroxísticas
- Cardiodesfibrilador implantável.
Doenças cardíacas ou cardiopulmona- -Tratamento farmacológico ou revascularização;
res estruturais: isquemia miocárdica - Anticoagulação e trombólise, quando houver indicação;
aguda ou infarto, embolia pulmonar, -Punção pericárdica e drenagem;
tamponamento pericárdico, estenose -Cirurgia valvar;
aórtica, cardiomiopatia hipertrófica -Tratamento farmacológico ou cirúrgico.

9. Resumo
Quadro-resumo
-A síncope é um evento clínico comum, que demanda maior atenção entre os pacientes com insuficiência cardíaca, aqueles com mais
de 45 anos, portadores de arritmia e ECG alterado;
-As causas são multifatoriais, tendo maior relevância os eventos de causa neurocardiogênica;
-A anamnese e o exame físico são importantes na identificação do mecanismo da síncope;
-O diagnóstico diferencial envolve as crises convulsivas e as causas psiquiátricas.

60
CAPÍTULO 5
I LOGI

Eletrofisiologia
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

O processo de despolarização determina mudança tran-


1. Atividade elétrica cardíaca sitória das propriedades físicas da membrana. Cátions en-
A atividade elétrica cardíaca é uma propriedade intrín- tram no intracelular por meio de canais iônicos da membra-
seca às células miocárdicas, que são divididas em 2 tipos: na, tornando seu interior positivo eletricamente. Existem 2
1- Células de trabalho: responsáveis pela contratilidade tipos de canais por onde passam os íons através das mem-
cardíaca . branas:
2 - Células do sistema elétrico: responsáveis pela gera- 1 - Canal rápido: é ativado quando os potenciais da
ção e pela condução do estímulo elétrico cardíaco . membrana estão menores do que -60mV, permitindo a en-
As células de trabalho têm a característica da contratili- trada rápida de sódio. Esse é o canal normal para as célu-
dade, podendo encurtar seu tamanho e voltar ao original. las miocárdicas sem propriedade cronotrópica, ou seja, de
Para a contração, é necessária a despolarização da mem - marca-passo.
brana celular do miócito por meio do aumento da perme- 2 - Canal lento: funciona com potenciais de membrana
abilidade da membrana ao sódio e ao cálcio. Este último maiores do que -SOmV e determina o influxo de cálcio. A
determina a ligação entre actina e miosina no sarcômero, despolarização dos canais lentos e o fluxo de potássio são
gerando a contração celular. os responsáveis pela atividade de marca-passo do NS e do
As células elétricas transmitem o impulso elétrico até as nó AV.
células de trabalho, permitindo que estas desempenhem Tais canais lentos também estão envolvidos na ativação
sua função. Certas células do sistema elétrico têm a carac- de despolarizações anormais nas regiões periféricas em
terística de gerar um estímulo elétrico (automaticidade) e áreas isquêmicas miocárdicas, podendo gerar focos ectópi-
são encontradas no Nó Sinusal (NS), nas fibras do sistema cos por extravasamento de potássio das células lesadas re-
de condução atrial, no nó atrioventricular (AV), no feixe de gionais com redução do potencial de repouso da membrana
His e em seus ramos e no sistema ventricular de Purkinje. celular (por exemplo, de -90 para -40mV).
Na membrana celular de um miócito típico (célula de
trabalho), o potencial de repouso (potencial transmembra-
2. Eletrofisiologia na antes da despolarização) é de, aproximadamente, -90mV.
Para a função celular de contração ou condução do es- O interior celular é eletricamente negativo em relação ao
tímulo elétrico, é necessário que a célula esteja polarizada extracelular. O sódio é encontrado em altas concentrações
eletricamente. Há diferentes concentrações de potássio, no extracelular e em baixas no intracelular, determinando
sódio e cálcio no intracelular e no extracelular, e essa dife- tendência de entrada do elemento. Para manter o gradien-
rença de concentrações iônicas gera um gradiente elétrico te transmembrana, é necessário o transporte ativo de sódio
de -80 a -90mV através da membrana. Quando a célula é es- do intracelular para o extracelular, apesar de a membrana
timulada, o gradiente inverte-se até +35mV, determinando ser pouco permeável à substância na fase de repouso.
condução ou contração, dependendo da função da célula O potássio encontra-se em grandes concentrações no
analisada. intracelular e em baixas no extracelular, sendo a membra-

61
na permeável a pequenas quantidades na fase de repouso O nível de potencial de repouso da membrana celular
(fase 4). Assim, o potencial de repouso depende, basica- (fase 4) no início da despolarização é um determinante da
mente, do gradiente de potássio através da membrana condutividade (capacidade de despolarizar a célula vizi-
celular. nha com rapidez) do impulso elétrico para outras células.
Quanto menos negativo esse potencial na fase zero, menor
a velocidade de subida dessa fase, o que representa dimi-
nuição da condutividade. O gradiente de potássio na fase
Inicia-se a despolarização. Nesse período, o canal 4 também determina a condutividade. Quanto menor tal
rápido de sódio é ativado, permitindo o seu influxo gradiente, menor a condução. Isso explica a lentificação da
rápido para o intracelular. Com isso, diminui o gra- condução elétrica na hipercalemia.
diente elétrico transmembrana até valores positivos
O potencial de ação das células do sistema condutor di-
Fase zero ao redor de +20m V, enquanto o extracelular perma-
fere, significativamente, das células de trabalho, pois as de
nece negativo; é quando surgem a onda P e o com-
plexo QRS no eletrocardiograma (ECG), representan- condução têm a capacidade de se despolarizarem sozinhas
do a despolarização da massa atrial e ventricular, (automaticidade). Isso ocorre porque, na fase 4, o potencial
respectivamente. de ação não permanece constante durante todo o tempo,
Diminui a entrada de sódio na célula cardíaca, deter- devido à perda progressiva do potencial de repouso por
Fase 1 minando menor positividade intracelular. É o início entrada de pequenas quantidades de cálcio e sódio, o que
da fase de repolarização. torna menos negativo o potencial de repouso na membrana
O potencial de ação transmembrana é praticamente (despolarização diastólica espontânea). Quando o potencial
isoelétrico; a célula permanece despolarizada, e não há de repouso da membrana alcança certa voltagem crítica (li-
mais influxo de sódio para o interior da célula. Os canais miar), tem início a fase zero. Como o potencial é menos ne-
Fase2
rápidos de sódio estão fechados, enquanto há entrada
gativo, a velocidade de ascensão da fase zero é menor. As
de cálcio para o intracelular pelos canais lentos. Ocorre
velocidades de ascensão lenta nas células do NS e do nó AV
o segmento ST no ECG.
dependem da entrada rápida de cálcio.
Ocorre a repolarização rápida, ou seja, o intracelular
volta a ficar negativo, devido à saída de potássio do
Fase3 intracelular para o extracelular, com tendência de mV
a membrana voltar ao potencial de repouso, o que
acontece no final da fase 3. Surge a onda T no ECG. Potenclal

A célula está com um potencial de membrana igual


trans-
membrana -60
oi - - - 0
ao imediatamente anterior à despolarização, porém a -99
composição iônica transmembrana é bastante diferen-
te daquele momento. Há alta concentração de sódio e
baixa concentração de potássio no intracelular. É ativa- Figura 2 - Potencial de ação da célula de trabalho do miocárdio
ventricula r.
Fase4 da a bomba de sódio-potássio dependente de ATP, que
proporciona gasto energético significativo para restabe-
lecer a concentração iônica fisiológica. Caso ocorram, A inclinação da fase 4 nas células de condução é impor-
nessa fase, repetidas despolarizações, sem tempo para tante para determinar a velocidade de formação do impul-
que as células retomem a concentração iônica fisiológi- so. Quanto mais íngreme a curva, maior a velocidade de
ca, pode haver disfunção celular importante. formação de impulsos e vice-versa. A ativação simpática do
sistema nervoso autônomo torna essa curva mais íngreme,
enquanto o sistema nervoso parassimpático determina o

---Á~------- ECG efeito oposto.


Segundo a classificação de Vaughan Williams, distin-
mY
guem-se 4 classes de antiarrítmicos, a partir do seu meca-
o nismo de ação nas fases do potencial de ação (Tabela 2):
Potencial Potencial de açao
trans-
membrana


I
Mecanismos de
. ação principais
Drogas
·100
!
K•
Ir r H
Na• ca· ~
ll c;D 1l
~
Oentto da célula
MEMBRANA
CELULAR
f()(a da célula

Bloqueio dos ca-
Flecainida, propafenona,
quinidina, lidocaína e pro-
nais de sódio
Figuro 1 - Potencial de açào do célula do sistema cardíaco de cainamida
condução eletrico: observar a comparação com o troçado ele- Antagonistas beta- Propranolol, pindolol, car-
11
trocardiográfico -adrenérgicos vedilol e metoprolol

62
ELETROFISIOLOGIA

Indução de foco automático, dependente


Mecanismos de de batimento prematuro inicial que, por
. Drogas Automaticidade
ação principais rep olarização anormal, determina 2ª des-
• "em gatilho"
pol arização ou uma série de despolariza-
Bloqueio dos ca-
ções.
nais de potássio,
111 Amiodarona e sotalol
prolongando o po-
tencial de ação B - Reentrada
Bloqueio dos ca- Este fenômeno pode acontecer no NS, no átrio, no nó
IV nais de cálcio Verapamil e diltiazem
AV ou no sistema de condução ventricular. Pode determinar
batimentos isolados (extrassístoles) ou ritmos anormais (ta-
A frequência de disparo das células do sistema de con-
quicardias). Os componentes do mecanismo de reentrada
dução é diferente entre vários locais. No NS, é de 60 a
incluem 2 vias de condução: uma com bloqueio unidirecio-
lOObpm, no nó AV, de 40 a 60bpm, e no ventrículo (fibras
nal (ou período refratário mais longo) e outra com condu-
de Purkinje), menor do que 40bpm . Assim, os marca-passos
inferiores (nó AV e região juncional) não conseguem atingir ção muito lenta, que faz que o tempo de passagem pelo
o limiar antes de serem despolarizados pelo NS na fase 4. O circuito seja longo o suficiente para o período refratário da
marca-passo "superior" subordina os inferiores em termos célula de Purkinje mais próxima ao local de bloqueio não
de frequência de despolarização. Portanto, o nó AV e a re- ser mais absoluto, e sim relativo. Geralmente, tais altera-
gião juncional somente geram estímulos elétricos quando ções de padrão na condução são determinadas por isque-
há falha do marca-passo atrial. mias ou miocardiopatias.
Há um momento no ciclo cardíaco em que o ventrículo
se encontra refratário à condução de um novo estímulo elé-
trico. Esse período tem início na fase zero, acaba na fase 3 e
4. Condução do impulso cardíaco
pode ser dividido em absoluto e relativo. O impulso cardíaco normal origina-se no NS, situado
- Período refratário absoluto: a célula é incapaz de con- no átrio direito, em sua junção com a veia cava superior.
duzir um novo potencial de ação; inicia-se no QRS e se A condução do NS até o nó AV se dá por 3 vias internodais
estende até o pico da onda T; (anterior, posterior e mediana). A velocidade de condução
- Período refratário relativo : um estímulo intenso pode por essas fibras é de l.OOOmm/s. O nó AV localiza-se infe-
determinar a condução de um potencial de ação, po- riormente ao átrio direito e abaixo da válvula tricúspide.
rém de forma não normal. Estende-se pelo restante da Caudalmente, tais fibras formam o feixe de His, que origina-
onda T. rá os ramos ventriculares, sendo a velocidade de condução
nesse ponto de 200mm/s. Os ramos direito e esquerdo dis-
3. Mecanismos de formação do impulso tribuem o estímulo elétrico pela rede de fibras de Purkinje
intraventricular, em cada um dos ventrículos, à velocidade
elétrico de condução de 4.000mm/s.
Há 2 mecanismos de geração de estímulo elétrico no
músculo cardíaco: automaticidade e reentrada.

A - Automaticidade
Fisiologicamente, o estímulo pode ser gerado de forma Vias Ramo
espontânea . internodais esquerdo

Tabelo 3 - Outras formas patológicas de automaticidode


NóAV--T----:ll-..1
Há diminuição transitória do potencial de FC 40 a 60 Divisão
Pós-potencial repouso que pode atingir o limiar, determi- posterior
nando despolarização.
Múltiplos pós- Divisão
Também são chamados de oscilações.
-potenciais anterior
No infarto, as células periféricas da região
isquêmica podem apresentar repolariza-
Diferenças no ção incompleta, enquanto ocorre a repo- Fibras de
Purkinje
potencial entre larização normal nas demais. A corrente FC<40
células vizinhas elétrica anômala pode fluir através desses
grupos de células, causando despolariza-
ção das células normais. Figura 3 - Sistema cardíaco de condução elétrica

63
5. Resumo
Quadro-resumo
-As células cardíacas de trabalho apresentam características de potencial elétrico diferentes das células do sistema de condução elé-
trica;
-O principal determinante do potencial elétrico de repouso transmembrana é o potássio;
-As arritmias cardíacas são geradas por mecanismos de automaticidade ectópica ou mecanismo de reentrada .

64
CAPÍTULO 6
CA lO L G

Arritmias cardíacas
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

J.lntrodução do que a do sistema de condução elétrica miocárdica, como


na taquicardia ventricular ou na taquicardia atrial.
Para melhor compreensão do tema, é necessária uma
revisão de conceitos importantes.
l
A- Sistema de condução elétrico intracardíaco
O sistema de condução intracardíaco é composto pelas Vias Ramo
seguintes estruturas: nó sinusal, nó atrioventricular (AV), internodais esquerdo
feixe juncional ou de His, ramos direito e esquerdo e fibras
de Purkinje. Tais estruturas têm a característica intrínseca Nó AV--Pr--~'11111
de se despolarizarem automaticamente a uma frequência FC40a60 Divisão
posterior
própria, sendo desnecessário algum estímulo externo para
gerar essa despolarização.
Divisão
As estruturas mais superiores apresentam frequências
anterior
de despolarizações automáticas mais elevadas que as estru-
turas mais inferiores (Figura 1). Aquela que fisiologicamen-
te tem a maior frequência de despolarização é o nó sinusal,
de cerca de 80 por minuto, fazendo que as estruturas abai-
Fibras de
Purkinje
I
FC<40
xo desse nó sejam despolarizadas pelo estímulo elétrico ge-
rado pelo próprio nó sinusal.
Em determinadas condições (hipercalemia, degeneração Figura 1 - Estruturas do sistema de condução elétrica intracardfa-
do nó sinusal, entre outras), o nó sinusal pode perder tal ca- ca e suas frequências autamóticas de despolarização

pacidade de despolarização automática, determinando, co-


mumente, queda da frequência cardíaca. Isso ocorre porque, B- Onda P
na ausência funcional desse nó, a frequência cardíaca passa a
ser determinada pela estrutura do sistema de condução que A onda P compreende o registro eletrocardiográfico da
tem a ma ior frequência de despolarização autônoma, geral- despolarização atrial, determinada, fisiologicamente, pela
mente o nó AV. Caso este não esteja ativo, a região juncional despolarização automática do nó sinusal. A onda elétrica
determina o ritmo cardíaco, e assim por diante. da repolarização atrial não é visível ao eletrocardiograma
Ou seja, a frequência cardíaca será determinada pelare- (ECG) por ocorrer, justamente, no período em que o com-
gião do sistema de condução que tiver a maior frequência plexo QRS é registrado, com sobreposição dos traçados.
de despolarização, exceto em situações em que focos elé- O intervalo compreendido entre o início da onda P e o
tricos ectópicos (fora do sistema de condução) apresentem início do QRS é chamado PR, o qual corresponde ao atraso
frequências automáticas de despolarização mais elevadas fisiológico na condução da onda elétrica gerada na despola-

65
rização atrial dentro do nó AV. Tal atraso pode ter a duração Std = 1mV
máxima de 0,2ms (ou 5 quadrinhos do traçado eletrocar-
diográfico- cada um tem duração de 0,04ms).
~ -++-+-t-+--t-t-+-+-+-+-+t !-1-+11-HH-
C- Complexo QRS
0 -1--H-t-+-t-+-t-+-t-t-+11-1-Htt-IH-
O complexo QRS representa a despolarização elétri-
ca dos ventrículos e tem a duração fisiológica máxima de ~ ~++HH~++~~++
,.... -++-+-t-+--t-t-+-+-+-+--+111-I-+IIHH-
0,12ms. A despolarização ventricular normal acontece por
progressão do estímulo elétrico por meio da região juncio-
nal, dos ramos direito e esquerdo e das fibras de Purkinje, 1mm =0,04s
até chegar ao músculo cardíaco. Quando o QRS apresen- Figura 3 - Papel milimetrodo para troçado eletrocardiográfico
ta duração <0,12ms, é chamado de QRS estreito; quando
~0,12ms, é chamado de QRS largo.
A importância de definir o QRS como largo ou estreito
está no fato de que, quando o estímulo de despolarização
ventricular progride pelos ramos direito e esquerdo, a velo-
cidade com que a onda elétrica determina a despolarização
dos 2 ventrículos é elevada, determinando o QRS de menor
duração. Quando, por algum motivo (alteração metabólica,
isquemia, degeneração etc.), o estímulo elétrico progride
apenas por 1 dos ramos ventriculares, o ventrículo oposto
é despolarizado pela propagação da onda elétrica por meio
do músculo cardíaco do ventrículo já despolarizado até che-
gar ao outro ventrículo. Figuro 4 - ECG normal
Essa condução intramuscular ocorre de forma mais lenta
do que aquela no sistema de condução através dos ramos,
determinando o QRS largo. Assim, de forma genérica, este
indica o bloqueio de 1 dos ramos do sistema de condução. A
2. Arritmias
exceção acontece quando há um foco elétrico ectópico ven- A chave para a interpretação das arritmias é a análise da
tricular, pois o estímulo elétrico nasce em 1 dos ventrículos forma e das inter-relações da onda P, do intervalo PR e do
propagando-se para o outro por meio da musculatura car- complexo QRS. A avaliação do traçado envolve a análise da
díaca, mesmo com a integridade do sistema de condução. frequência, do ritmo, da origem mais constante do estímulo
(marca-passo predominante) e da configuração da onda P e
D- Onda T do QRS (estreito ou largo).
As arritmias cardíacas acontecem, de forma simplifica-
A onda T representa a repolarização elétrica ventricular.
Vários fatores podem influenciar esse período, como distúr- da, por 3 mecanismos possíveis.
bios metabólicos e isquemia.
A - Alteração do automatismo cardíaco
E- Onda U Pode ocorrer por aceleração ou desaceleração das es-
O significado da onda U ainda é incerto e, possivelmen- truturas automáticas do coração, como o nó sinusal (ta-
te, representa a repolarização mais tardia das fibras de His- quicardia ou bradicardia sinusal), nó AV ou o próprio mio-
-Purkinje. Também se associa a situações de hipocalemia. cárdio. Batimentos (ou despolarizações ectópicas) podem
Nas Figuras seguintes, estão descritas as ondas do traçado surgir por distúrbios elétricos atriais, da junção AV ou dos
eletrocardiográfico normal. ventrículos. Também são possíveis ritmos anormais, como
taquicardia atrial ou ventricular.
Complexo QRS
R B - Distúrbios de condução atrioventricular
A condução pode ser acelerada, como na Síndrome de
Wolff-Parkinson-White {SWPW), ou lenta, como no blo-
queio AV.

as C - Combinações de distúrbios de automatismo


e de condução
Intervalo PR Intervalo QT Extrassístole atrial com bloqueio AV ou taquicardia atrial
Figura 2 - Traçado eletrocardiográfico normal com bloqueio AV 3:1 são exemplos destas combinações.

66
ARRITMIAS CARDÍACAS

3. Identificando arritmias
Serão interpretadas as arritmias pela análise de um tra-
çado eletrocardiográfico (ECG) em derivação única.
Há vários métodos de identificação, porém o mais siste- Figura 6 - Assisto/ia
matizado se baseia na análise das respostas a estas 4 per-
guntas:
c) Taquicardia ventricular
A- 1ª pergunta: o QRS tem aparência e tamanho A Taquicardia Ventricular (TV) é definida como 3 ou mais
normais? batimentos sucessivos de origem ventricular com frequên-
cia >120bpm, sendo que o QRS tem duração >0,12ms. Ape-
Quando não é possível a identificação de um complexo
sar de ter a mesma origem que a FV, o ritmo idioventricular
QRS no traçado eletrocardiográfico, restam 2 diagnósticos:
acelerado difere desta por sua frequência menor (frequên-
fibrilação ventricular ou assistolia, condições que deman-
cia cardíaca entre 100 e 120bpm). Na TV, o ritmo é regular,
dam intervenções imediatas.
porém pode apresentar alguns períodos de irregularidade.
a) Fibrilação ventricular A apresentação clínica é variável, podendo ser bem tolera-
Ritmo de origem ventricular, desorganizado, represen- da, assim como determinar instabilidade hemodinâmica e,
tando a despolarização caótica dos ventrículos. Essa forma até mesmo, parada cardiorrespiratória.
de despolarização não gera contração ventricular coorde- Tal variação na apresentação clínica depende muito da
nada e efetiva, determinando parada cardíaca . O tratamen- presença ou não de disfunção miocárdica e da frequência
to imediato é a desfibrilação cardíaca. cardíaca associada. Quando a morfologia do QRS é cons-
- Critérios diagnósticos ao ECG: tante, trata-se de TV monomórfica; quando ocorrem várias
• Não se identifica QRS; morfologias do QRS, há a TV polimórfica. Pode haver ondas
• Frequência: muito elevada e caótica; P relacionadas à despolarização sinusal, as quais são blo-
• Ritmo: desorganizado, não se identificando ondas P, queadas pela despolarização do nó AV determinada pela
complexo QRS, segmento ST ou onda T. TV. Também pode ocorrer condução retrógrada, gerando a
onda P retrógrada após o QRS. Tal condição é de difícil di-
fl:J ~,
~ i
1:1 ferenciação da taquicardia supraventricular com condução

'
·r. ttrf.t+ ~~~
!& !&..

'
r~ v ~' 'i
r~ ~
""
·11 ~~
retrógrada.
O tratamento da TV depende da condição clínica. Entre
os pacientes com estabilidade hemodinâmica, há tempo
Figura 5 - Fibrilaçõo venrriculor
para a aplicação de antiarrítmicos, como amiodarona e li-
docaína. Pacientes com QTc prévio normal devem receber
b) Assistolia amiodarona, enquanto aqueles com aumento do QTc de-
vem receber lidocaína. Nas TVs com repercussão hemodi-
Representa a ausência completa de atividade elétrica
nâmica (hipotensão, alteração de consciência, dor precor-
cardíaca quando confirmada por meio da checagem do
dial e congestão pulmonar importante), a cardioversão elé-
protocolo da linha plana (aumento do ganho, exclusão de
trica imediata é o tratamento de escolha.
artefato técnico, confirmação da correta colocação dos ele-
A TV também é considerada sustentada quando a sua
trodos, assim como a ligação dos cabos e a confirmação da
duração é maior que 30 segundos ou quando, independen-
assistolia em 2 derivações). O tratamento passa pelo uso de
te do seu tempo de duração, determina sintomas clínicos,
adrenalina, pela busca de causas associadas, entre outras
e é chamada de não sustentada quando a duração é menor
medidas. O marca-passo transcutâneo ou venoso e a atro-
que 30 segundos. Uma característica que auxilia na localiza-
pina não são mais indicados.
ção do foco ectópico ventricular é a avaliação da morfologia
- Critérios diagnósticos ao ECG:
dos complexos QRS nas derivações precordiais. Quando a
• Ausência completa de atividade elétrica ventricular;
TV apresenta morfologia de bloqueio do ramo direito (rsR'
é possível a ocorrência de ondas P ou de batimentos
em V1), o foco ectópico está no ventrículo esquerdo. Simi-
de escape ventricular agônicos.
larmente, quando a morfologia em V1 é de bloqueio do
No entanto, quando se identifica o QRS, é necessária a ramo esquerdo (qs), a origem da taquiarritmia é o ventrí-
análise mais detalhada de sua duração, primeiramente pela culo direito.
caracterização deste em estreito ou largo. O QRS estreito - Critérios diagnósticos ao ECG:
(<0,12ms) demonstra o funcionamento correto do sistema • Frequência >100bpm;
de condução intraventricular, e o QRS alargado pode indicar • Ritmo: geralmente regular;
ou não o funcionamento de 1 dos ramos do sistema de con- • Ondas P: normalmente não visíveis nas TVs com alta
dução ou um complexo QRS determinado por batimento frequência, mas possivelmente presentes e disso-
ectópico de origem ventricular. ciadas do QRS;

67
• QRS, segmento ST e onda T: morfologia do QRS serri- após cada 5 a 20 batimentos, lembrando uma forma de
lhada e bizarra, com duração >0,12ms; segmento ST e atividade elétrica de forma helicoidal torcida no seu eixo
onda T geralmente opostos em polaridade com o QRS; espacial (daí seu nome). Geralmente, é desencadeada por
• Quando a TV é polimórfica, o intervalo e a morfolo- distúrbios metabólicos (hipomagnesemia ou hipocale-
gia do QRS variam. mia), alargamento do intervalo QT (bradicardias) e efeito
Um desafio clínico associado a essa arritmia é a diferen- pró-arrítmico de certas drogas, como procainamida, qui-
ciação com a taquicardia supraventricular (TSV) associada a nidina e disopiramida, que podem alargar o intervalo QT,
bloqueio de ramo, pois nessa condição o QRS também será que, quando normal (medido do início do QRS até o final
alargado. Tal diferenciação tem impacto sobre qual trata- da onda T), fica entre 390 e 450ms nos homens e 460ms
mento será corretamente empregado. Os critérios de Bru- nas mulheres. Quando está alargado, deve-se considerar
gada podem ser usados na tentativa de diferenciar TV de a possibilidade de indução dessa arritmia com o uso dos
TSV. Quando não são encontrados esses critérios, a arritmia antiarrítmicos citados. O tratamento da arritmia envolve
é, provavelmente, de origem supraventricular. o uso de sulfato de magnésio, procainamida (quando a
droga não foi indutora da arritmia) e marca-passo em alta
-1º passo:
frequência.
Ausência de complexos RS nas derivações precordiais?
• Sim: TV;
• Não: ir para passo 2.
- 2!! passo:
O intervalo entre o início do R e o nadir do 5 é maior do Figura 8- Torsodes de pointes
que lOOms (2,5mm)?
• Sim:TV;
• Não: ir para passo 3. e) Extrassístole ventricular

- 3!! passo: Alguns complexos QRS de aspecto anormal (QRS


>0,12ms) podem ocorrer intercalados com complexos QRS
Há dissociação AV?
normais em alguns pacientes. Denominados extrassístoles
• Sim:TV;
ventriculares (ESVs), surgem a partir de qualquer um dos
• Não: ir para os critérios morfológicos (passo 4).
ventrículos antes do próximo batimento sinusal, de forma
- 4!! passo: prematura, podendo ser geradas por reentrada ou a par-
É sugerida a etiologia ventricular de taquicardia asso- tir de um foco automático ventricular. O intervalo entre o
ciada a bloqueio do ramo direito (QRS predominantemente batimento normal prévio e a ESV, chamado intervalo de
positivo em Vl) quando: conexão, é constante quando o mecanismo é de reentra-
• QRS >0,14ms; da do mesmo foco (ESVs uniformes). Quando o intervalo
• Desvio de eixo; de conexão e a morfologia dos complexos QRS variam, ge-
• Onda QS predominante em V6; ralmente as extrassístoles são originadas de vários focos
• QRSs concordantes (positivos ou negativos) nas de- (multifocais). Quando, de cada 2 batimentos, 1 é uma ESV,
rivações precordiais; o ritmo é chamado de bigeminismo; quando, de cada 3
• Onda R simples ou bifásica em Vl. batimentos, o 3º é uma ESV, o ritmo é chamado de trige-
minismo, e assim por diante. Quando uma ESV cai sobre o
É sugerida a etiologia ventricular de taquicardia associa-
período vulnerável do ST, pode haver uma TV ou fibrilação
da a bloqueio do ramo esquerdo (QRS predominantemente
negativo em Vl) quando: ventricular. As ESVs são, geralmente, bem toleradas e rara-
• Desvio de eixo; mente tratadas, exceto quando os sintomas de palpitação
• QRS >0,16ms; são importantes.
• QS predominantemente negativo em V6; -Critérios diagnósticos ao ECG:
• QRSs concordantes (positivos ou negativos) nas de- • QRS com aparência aberrante (<!0,12ms);
rivações precordiais; • Ritmo irregular;
• Complexo rS em Vl. • Onda P geralmente oculta pela ESV, podendo deter-
minar a pausa compensatória.

Figura 7- Taquiwrdia ventricular

d) Torsades de pointes (torção da ponta)


Trata-se de uma forma de TV em que os complexos
QRS aparentam estar, constantemente, mudando de eixo Figura 9 - ESV

68
ARRITMIAS CARDÍACAS

B- 2ª pergunta: existe onda P? denada e estase sanguínea, favorecendo a formação dos


trombas atriais.
Após a identificação do complexo QRS, deve-se tentar
As ondas fibrilatórias têm frequência variável, e a passa-
identificar a onda P normal. A ausência desta ou a presença
gem delas pelo nó AV ocorre de forma aleatória, determi-
de ondas P atípicas permitem o diagnóstico de várias arrit-
nando o ritmo ventricular irregular. Nem todos os estímulos
mias.
que chegam ao nó AV passam para o ventrículo, podendo
a) Fibrilação atrial ser bloqueados no próprio nó. É o que determina a resposta
A Fibrilação Atrial (FA) é a arritmia cardíaca mais fre- da frequência ventricular menor do que o número de estí-
quente, responsável por 30% das internações por altera- mulos iniciados no átrio.
ção do ritmo cardíaco. Apresenta incidência de 0,1% na A FA, geralmente, é secundária a alguma doença sub-
população acima de 40 anos e prevalência alta, chegando jacente cardíaca, possivelmente de forma crônica ou em
a 8% da população acima de 80 anos (Figura 10). Os por- paroxismos, sem outras evidências de doença cardíaca. O
tadores sem intervenção terapêutica têm até o dobro da tratamento inicial envolve o controle da frequência cardía-
mortalidade em relação aos não portadores. O prognós- ca por meio de drogas que retardam a condução dentro
tico relaciona-se aos eventos embólicos arteriais. Um em do nó AV, determinando redução da resposta ventricular,
cada 6 acidentes vasculares cerebrais isquêmicos tem a FA como diltiazem, verapamil, betabloqueadores ou digoxi-
como causa-base. Quando é causada por valvulopatia reu- na. A reversão fica condicionada ao tempo de existência
mática (geralmente, estenose mitral), a chance de evento da arritmia, pois a perda da contração mecânica efetiva
embólico aumenta 17 vezes em relação à população sem dos átrios permite a formação de trombas intra-atriais
FA e 5 vezes em relação à população com FA sem valvulo- pela estase sanguínea subsequente. Quando há o retorno
ao ritmo sinusal e a contração mecânica atrial é restabe-
patia associada. O fenômeno tromboembólico decorre da
lecida, podem ocorrer fenômenos tromboembólicos agu-
formação de trombas atriais, principalmente na aurícula
dos, principalmente arteriais.
esquerda, que não é corretamente avaliada pelo ecocar-
-Critérios ao ECG:
diograma transtorácico. Com a persistência do ritmo de
• Frequência atrial: normalmente, não pode ser con-
FA, os átrios sofrem processo de remodelação muscular,
tada, enquanto a frequência ventricular pode che-
determinando a sua dilatação e favorecendo a persistên-
gar de 160 a 180bpm;
cia da arritmia.
• Ritmo: o ritmo ventricular é irregular, devido à

I~2_
presença de bloqueio AV fisiológico, que protege
• Homem os ventrículos da imensa quantidade de impulsos
10 • Mulher atriais. Na FA, esse bloqueio é sempre inconstante;
!. 8
• Ondas P: substituição das ondas P por outras de-
;:; nominadas de ondas F (fibrilação). Estas se apre-
:1. 6 sentam muito diferentes umas das outras, na am-
>
~ 4 .. plitude, na duração ou no formato, sem qualquer
semelhança entre elas. Ocorre substituição da linha
de base isoelétrica por ondulações ou serrilhado
polimórfico;
<55 55 a 59 60a 64 65a 69 70a 74 75a 79 SOa 84 ~85
• Intervalo QRS: a condução ventricular é normal, ex-
Idade em anos ceto se há condução aberrante intraventricular.
F1guro 10- Prevalência

Essa arritmia pode resultar de múltiplas áreas de re-


entrada dentro dos átrios ou de múltiplos focos ectópi-
cos, além de ser frequentemente desencadeada por sín-
Figura 11 - Ritmo de FA. onde não é possível idenriftcor onda P
drome do nó sinusal, hipóxia, pressão atrial aumentada,
(são visualizadas ondas F) e o intervalo R·R é Irregular
pericardites e outras condições menos frequentes, como
a ingestão de álcool. Quando há doença isquêmica mio- A sintomatologia da FA é muito variada, e esta pode
cárdica, a causa mais comum é o aumento da pressão ocorrer de forma assintomática, embora a maioria refira
atrial esquerda decorrente da falência miocárdica. Usual- palpitação, tontura, dor torácica, fadiga, síncope e períodos
mente, a atividade elétrica atrial é muito elevada (de 400 de escurecimento visual. Com relação à apresentação, a FA
a 700 despolarizações por minuto), determinada pela pode ser classificada como:
despolarização de vários pequenos seguimentos atriais - Inicial ou aguda: 1º episódio documentado com dura-
e não de todo o átrio. Isso gera contração atrial desor- ção >30s;

69
- Crônica: definida quando se documenta a recorrência
de FA após um episódio inicial; pode ser classificada
em paroxística, persistente e permanente:
• Paroxística: resolução espontânea da arritmia com
duração geralmente <7 dias e frequentemente <24
horas; geralmente, não necessita de tratamento de
manutenção, exceto anticoagulação conforme co-
morbidades associadas;
• Persistente: demanda tratamento específico para a
reversão ao ritmo sinusal, durando geralmente mais
de 7 dias. É chamada de longa duração quando per-
manece por mais de 1 ano;
• Permanente: aquela em que houve falha nas tenta-
tivas de cardioversão química ou elétrica ou aquela
em que se optou por não tentar a reversão da ar-
Figura 12- Estratégta terapêutica da FA
ritmia.
- Recorrente: história de 2 ou mais episódios de FA; se A reversão para o ritmo sinusal pode ser obtida por car-
não houver sintomas incapacitantes, apenas a anti- dioversão farmacológica ou elétrica . O uso de antiarrítmicos
coagulação e o controle da frequência cardíaca serão é reservado a pacientes estáveis, sem grande repercussão clí-
necessários. Caso os sintomas sejam significativos, é nica da arritmia, enquanto a cardioversão elétrica é indicada
necessária droga antiarrítmica para a prevenção de re- aos instáveis, independente da duração da FA, e aos casos re-
corrência ou ablação. fratários ao uso de antiarrítmicos. O índice de reversão da FA
por terapêutica farmacológica é menor do que o obtido pela
A FA também pode ser classificada como primária cardioversão elétrica que deve ser iniciada com 100 a 200J
ou secundária. A FA primária não está associada a ou- na onda monofásica ou entre 120 e 200J na onda bifásica;
tras causas (infarto agudo do miocárdio, insuficiência elevações de 100J na energia são adicionadas aos choques
cardíaca, pericardite e tromboembolismo pulmonar), subsequentes até a reversão da arritmia e/ou a carga de 360J
pois, nesses contextos, a FA tende a resolver-se quando em onda monofásica e 200J em onda bifásica.
há controle da causa-base. A FA secundária é tida como A reversão para ritmo sinusal do 1º episódio de FA, prin-
entidade diferente da primária, pois a recorrência/per- cipalmente em pacientes jovens, deve ser considerada, pri-
sistência não é esperada. A FA isolada é encontrada em mordialmente pelo baixo risco de recorrência, quando:
indivíduos abaixo dos 60 anos, sem sinais clínicos ou - Átrio esquerdo <4,5 a Sem;
ecocardiográficos de doença cardiopulmonar associada. -Causa reversível identificada (hipertireoidismo, pericar-
No entanto, a maioria dos casos associa-se a patologias dite, cirurgia cardíaca, tromboembolismo pulmonar).
cardiopulmonares. A escolha do fármaco para o tratamento da FA persis-
O manuseio tem 2 objetivos principais: controle de tente depende da existência de doença cardíaca estrutural
sintomas e prevenção de eventos cardioembólicos. A te- em vista dos efeitos colaterais das drogas utilizadas. A Figu-
rapêutica baseada nesses 2 princípios determina redução ra 13 apresenta as opções terapêuticas.
da mortalidade quando comparada a nenhum tratamento.
Para isso, o tratamento passa por 2 focos principais: rever-
são da arritmia e controle da resposta ventricular. A rever-
são do ritmo de FA para ritmo sinusal visa evitar eventos
tromboembólicos e sintomatologia, além de impedir o re-
modelamento ventricular e a progressão para Insuficiên-
cia Cardíaca (IC) determinados pela arritmia. No entanto,
os efeitos colaterais das drogas utilizadas para reversão do
ritmo são maiores que os das drogas utilizadas para con-
trole da frequência cardíaca em longo prazo, assim a me- Propafenona Dofetilida
Classe 11
lhor estratégia terapêutica na FA ainda não é definida. Um
estudo mostrou a melhor tolerância ao exercício entre os
pacientes mantidos em ritmo sinusal. Porém, a estratégia
Amiodarona
de controle da resposta ventricular na FA crônica associada Oofetilida
Sotalol
à anticoagulação mostra os mesmos benefícios na ocorrên-
cia de complicações (IC, acidente vascular cerebral, número Figura 13 - Conduta medicamentosa para controle de FA persis-
de internações). tente/paroxistica

70 - .- .. ~-:.--- ...... -.-:----r--·=.----------;::-,.---- -. - -- ·-~t


ARRITMIAS CARDÍACAS

Em nosso meio, é frequente o uso de digoxina associada ria com o grau de risco do evento. A antiagregação plaque-
a quinidina para controle e reversão da FA. Porém, a última tária com ácido acetilsalicílico e a anticoagulação oral são
Diretriz Brasileira de FA contra indica o uso de digoxina com eficazes em reduzir o número de eventos cardioembólicos
esse objetivo e classifica como llb o uso de quinidina com (redução de 22 e 64%, respectivamente).
essa indicação nos pacientes sem disfunção ventricular. Aos pacientes com valvulopatia e FA associada a antico-
Apesar de ser rara a associação de FA e SWPW, alguns agulação é fortemente recomendada.
cuidados devem ser tomados no manuseio da FA nessa si- Na população não valvulopata, a indicação de antiagre-
tuação. Quando a FA se instala no portador da síndrome, gação/anticoagulação é discutida a seguir, assim como as
em geral, ocorre alta resposta ventricular a arritmia . No en- orientações para antiagregação/anticoagulação dos que te-
tanto, há competição entre os estímulos conduzidos através rão a FA revertida para ritmo sinusal (Tabela 1) e para aque-
do nó AV e pela via AV anômala responsável pela síndrome. les com recorrência/persistência da arritmia (Figura 14).
Quando há o uso de drogas que determinam a redução se- De forma geral, todo indivíduo com FA persistente deve ter
letiva na condução do nó AV (não atuam sobre a via anôma- proteção contra evento cardioembólico, com estratégia de-
la), há inibição da competição entre as 2 vias, causando o finida a partir dos fatores de risco associados (CHADS- Con-
aumento do número de estímulos conduzidos efetivamente gestive heartfailure/Hypertension/Age >75 anos/Diabetes/
ao ventrículo, determinando aumento da resposta ventri- Secondary prevention). A reavaliação contínua desses fato-
cular e evolução para fibrilação ventricular, já que de 300 a res ao longo da evolução do paciente com FA pode deter-
400 estímulos passam por minuto pela via anômala "libe- minar mudança da estratégia protetora. A decisão de per-
rada" pelo bloqueio seletivo do nó AV. Por isso, para o con- manecer o paciente anticoagulado ou apenas antiagregado
trole da resposta ventricular na FA, devem-se utilizar drogas deve basear-se em alguns fatores . As Diretrizes Brasileiras
que bloqueiem tanto o nó AV como a via de condução AV de FA indicam esta classificação de risco a ser seguida:
anômala, como a amiodarona. Devem-se evitar betablo-
Tabela 1 - Classificação de risco indicada pelas Diretrizes Brasi-
queadores, bloqueadores dos canais de cálcio e digoxina. leiras de FA
Há modalidades terapêuticas além da farmacológica no
Categorias de risco Terapias recomendadas
manuseio da FA. A ablação cirúrgica dos pontos de ectopia
atrial é possível quando o paciente é submetido à revas- Ácido acetilsalicílico 81 a
Sem fatores de risco
325mg
cularização miocárdica ou troca valvar. Na vigência de ou-
tras indicações de marca-passo, a aplicação de um eletrodo Ácido acetilsalicílico 81 a
1 fator de risco moderado
325mg ou varfarina (RNI 2 a 3)
atrial promove a despolarização atrial coordenada. Outra
possibilidade é a ablação de FA por meio de cateter ou a Qualquer fator de risco eleva-
colocação de marca-passo AV associado à ablação do nó AV do ou + de 1 fator de risco mo- Varfarina (RNI 2 a 3)
dera do
nos refratários aos tratamentos farmacológicos.
De forma resumida, podemos destacar as seguintes re- Fatores de risco
comendações para o manuseio da FA, segundo o Consenso -Sexo feminino;
Europeu de FA: - Idade: 65 a 74 anos;
- A estratégia de controle da frequência é preferida a pa- Fracos
- Doença coronariana;
cientes mais idosos e pouco sintomáticos, em virtude
- Tireotoxicose .
dos efeitos pró-arrítmicos das drogas para reversão do
-Idade >75 anos;
ritmo e da prevalência elevada de FA permanente nes-
ta faixa etária; - Hipertensão arterial;
- A estratégia de controle de ritmo é preferida a pacien- Moderados - IC;
tes sintomáticos, a despeito da terapêutica de controle - FE <35%;
da frequência, mesmo entre aqueles com IC sintomá- - Diabetes mellitus.
tica; - Acidente vascular encefálico isquêmico/ataque
- A estratégia de controle de ritmo é sugerida a pacien- isquêmico transitório;
tes jovens sintomáticos; - Embolia prévia;
Elevados
- A estratégia de controle de ritmo é sugerida a pacien-
- Estenose mitral;
tes com FA secundária determinada por causa já cor-
- Prótese valvar.
rigida.

Outro ponto importante da estratégia terapêutica da FA A anticoagulação aplicada à reversão do ritmo de FA


é a terapia anticoagulante, cujo objetivo principal é reduzir para sinusal deve ser cercada de alguns cuidados. Após a
a possibilidade de evento tromboembólico no manuseio da reversão para ritmo sinusal, o átrio permanece sem função
FA. Proteger o paciente de eventos cardioembólicos deve contrátil por um período de até semanas, favorecendo a
ser considerado diante dos riscos de complicações hemor- formação de trombos atriais. Quando ocorre a recuperação
rágicas do tratamento. Por isso, a indicação terapêutica va- mecânica atrial, há o risco de o trombo formado ser ejetado

71
e acontecer o fenômeno embólico. Quanto maior o período b) Flutter atrial
em FA, maior o tempo para a recuperação mecânica. Isso Trata-se de uma arritmia desencadeada por um cir-
explica por que a maioria dos eventos embólicos acontece cuito de reentrada intra-atrial. A despolarização atrial
até o 10º dia após a reversão da FA para ritmo sinusal. O acontece de baixo para cima e é mais bem observada nas
IN R-alvo na anticoagulação da FA é de 2 a 3. derivações inferiores (DII, Dlll e aVF). O registro de on-
Estima-se que a FAde início recente (<48 horas) apre- das "em dente de serra" da atividade atrial caracteriza o
sente pouco risco para a formação do trombo atrial, sem flutter atrial. Em geral, a frequência dessa atividade va-
necessitar de anticoagulação àqueles sem cardiopatia asso- ria de 220 a 350 despolarizações por minuto, no entanto
ciada ou outros fatores de risco para evento tromboembó- tais estímulos sofrem um bloqueio fisiológico no nó AV,
lico. Para os pacientes com tempo de FA acima de 48 horas caracterizando os ritmos de batimento atrial em relação
ou por tempo indeterminado, recomenda-se a anticoagula- ao ventricular 2:1, 3:1, e assim por diante. Algumas dro-
ção por 3 semanas previamente à reversão para o ritmo si- gas, como betabloqueador, digital e verapamil, podem
nusal. Quando o ecocardiograma transesofágico está dispo- determinar aumento do grau de bloqueio e, até mesmo,
nível, é possível identificar os que tenham trombos atriais torná-lo variável.
(sensibilidade acima de 90%). Quando há trombo, é ade- Trata-se de uma arritmia rara na ausência de patologia
quada a anticoagulação prévia por 3 a 4 semanas anterior- cardíaca que, em geral, associa-se à doença valvar mitral
mente à cardioversão, mantendo a anticoagulação por mais ou tricúspide, cor pu/mona/e crônico e agudo ou doença
4 semanas após a conversão para ritmo sinusal. Quanto aos coronariana. Também é raro ocorrer por intoxicação digi-
que não têm trombos ao ecocardiograma, deve-se iniciar tálica. O tratamento preferencial para o paciente instável
heparinização plena, e pode-se proceder à cardioversão e é a cardioversão elétrica, iniciada em SOJ. O indivíduo que
manter a anticoagulação por mais 4 semanas. Portanto, o tolera razoavelmente a arritmia pode ter a frequência con-
ecocardiograma apenas permite reduzir o tempo de anti- trolada com diltiazem, digital, verapamil ou betabloquea-
coagulação. dores. A reversão pode ser atingida com quinidina, procai-
namida ou amiodarona, apesar de o sucesso na estratégia
Tabela 2 - Anticoagulação e tempo de duração da FA
farmacológica ser infrequente. Após a falha terapêutica
- FA aguda (<48 horas): não anticoagular e proceder ao controle/ farmacológica, deve-se cardioverter eletricamente o do-
reversão da FA; ente.
- FA crônica ou de duração indeterminada: proceder à anticoa- Embora haja poucos dados a respeito, aconselha-se o
gulação e ao controle da frequência cardíaca; após 3 a 4 sema- seguimento das mesmas orientações de anticoagulação de-
nas com RNI entre 2 e 3, proceder à cardioversão e manter a finidas para a FA no manuseio do f/utter, apesar de a apre-
anticoagulação por mais 3 a 4 semanas. Na vigência de ecocar- sentação crônica de tal patologia ser incomum.
diograma transesofágico negativo para tromba atrial, proceder
-Critérios ao ECG:
à cardioversão e manter a anticoagulação por 3 a 4 semanas.
• Frequência atrial: geralmente, em torno de
Entre aqueles com FA permanente, persistente ou pa- 300bpm;
roxística, é necessária a proteção prolongada para even- • Ritmo: regular, mas possivelmente irregular em
tos cardioembólicos, cuja intensidade é determinada pela caso de bloqueio AV variável;
presença de fatores de risco que potencializam o risco do • Onda P: as ondas atriais lembram os dentes de uma
evento, que pode ser baixo, moderado ou alto, determi- serra e são mais bem identificadas nas derivações
inferiores; em graus de bloqueio 1:1 ou 2:1, pode
nando o uso de ácido acetilsalicílico ou varfarina, confor-
ser difícil identificar as ondas do flutter, mas o uso
me a Tabela 2.
de manobra vagai ou de adenosina resolve o pro-
Considerando aqueles com valvulopatia e FA associada,
blema. Há, ainda, a substituição das ondas P por ou-
a anticoagulação é fortemente recomendada com IN R-alvo
tras denominadas de ondas F (Fiutter), de aspecto
entre 2 e 3 para os pacientes com alto risco de fenômeno
pontiagudo, largas, interligadas umas às outras e de
tromboembólico (portadores de estenose mitral ou evento
aparência semelhante;
tromboembólico prévio).
• Intervalo PR: geralmente regular, mas pode va-
Recentemente, um estudo demonstrou que o dabigatra-
riar;
na, um inibidor da trombina, pode ser utilizado na FA como
• Intervalo QRS: geralmente, normal.
terapêutica isolada de anticoagulação, com menor risco de
sangramento quando comparado com a varfarina para os
pacientes com FA paroxística ou permanente.
Entre os pacientes com contraindicação formal ao uso
de anticoagulantes, a associação de ácido acetilsalicílico e
clopidogrel pode ser feita, apesar de o efeito protetor para
eventos embólicos ser menor do que o determinado pela
varfarina. Figura 14 - Flutter atnal

72
ARRITMIAS CARDÍACAS

C- 3!! pergunta: existe relação entre a onda P e - 2!! grau Mobitz 11: é mais comum no feixe de His e em
oQRS? seus ramos. Geralmente, associa-se à lesão orgânica
do sistema de condução, raramente derivado do au-
Ao ECG normal, todo complexo QRS é precedido de uma
mento do tônus parassimpático ou da ação de drogas,
onda P, e o intervalo PR normal é de, no máximo, 0,2ms.
com maior probabilidade de evolução para bloqueio
Os bloqueios cardíacos são ritmos causados pela condução
AV total. Uma característica é não haver alargamen-
alterada através do nó AV. À medida que a velocidade de
to do intervalo PR antes da onda P, podendo haver
condução por esse nó AV diminui, o intervalo PR aumenta.
mais de 1 batimento não conduzido no momento do
Quando o bloqueio é intenso, algumas ondas P não passam
bloqueio. O tratamento depende da condição clínica.
para o ventrículo, e, na pior situação, nenhuma onda P che-
Quando há repercussão hemodinâmica da bradicar-
ga ali. Há 3 graus possíveis de bloqueio AV.
dia, o tratamento imediato consiste em marca-passo
a) 12 grau transcutâneo; na ausência do dispositivo ou na falha
Traduz, simplesmente, o retardo na passagem do impul- da sua captura, podem-se usar drogas adrenérgicas,
so do átrio para os ventrículos, geralmente no nó AV, mas como dopamina ou adrenalina em infusão contínua,
pode ser também infranodal. O intervalo é maior do que para a melhora da frequência. O paciente assintomá-
0,2ms, e toda onda P determina um QRS. O tratamento, ge- tico deve receber marca-passo transcutâneo para o
ralmente, é desnecessário quando não há sintomas. teste de captura elétrica que deve ser mantido desli-
- Critérios ao ECG: gado (ligado novamente caso o paciente se torne ins-
• QRS: normal; tável). Tal medida é necessária em virtude do risco de
• Ritmo: regular; o indivíduo piorar o ritmo da bradicardia e tornar-se
• Onda P: onda normal, seguida de QRS; sintomático. Tanto no paciente instável quanto no es-
• Intervalo PR: maior do que 0,2ms; geralmente, per- tável, é aceitável atropina para melhora da frequência
manece constante. cardíaca, medida mais efetiva nos graus mais elevados
de bloqueio AV.
• Critérios ao ECG:
* QRS: normal, quando o bloqueio ocorre no feixe
Figura 15- Bloqueio AV de lYgrau de His; quando abaixo desse nível, é alargado;
* Frequência: a frequência atrial não é afetada, e a
b) 22 grau ventricular é menor que a atrial. Ausência de 1 ou
Alguns estímulos são bloqueados e outros conduzidos . mais ciclos elétricos completos P-QRS-T, traduzi-
Esse tipo de bloqueio é subdividido em: dos por uma pausa elétrica;
- 2!! grau Mobitz 1: também conhecido como fenômeno * Ritmo: o ritmo atrial é regular, enquanto o blo-
de Wenckebach, usualmente é causado por aumento queio intermitente da onda P determina resposta
do tônus simpático no nó AV ou ação de drogas (di- ventricular irregular;
gital, verapamil), podendo ocorrer na região juncio- * Ondas P: morfologia normal. Intervalos P-P são
nal; geralmente é transitório e de bom prognóstico. constantes nos ciclos de base;
Caracteriza-se pelo aumento progressivo do intervalo * Intervalo da pausa elétrica: o dobro do intervalo
PR, até o bloqueio total de uma onda P, repetindo o diastólico do ciclo sinusal;
mesmo padrão ao longo do tempo. O tratamento es- * Intervalo PR: pode ser normal ou alargado, po-
pecífico raramente é necessário, a menos que estejam rém é constante nas ondas P que são conduzidas;
presentes sinais e sintomas graves. pode haver diminuição do PR após uma onda P
• Critérios ao ECG: bloqueada.
* QRS: normal;
* Frequência: a atrial não é afetada, mas a ventricu-
lar se altera devido às ondas P bloqueadas. O in-
tervalo da pausa elétrica é menor do que o dobro
Figura 17- Bloqueio AV de 2P grau Mobltz 11
do intervalo diastólico do ciclo sinusal precedente;
* Ritmo: o ritmo atrial é regular, ao contrário do
ventricular; c) 32 grau
* Onda P: o aspecto é normal; é sucedida por QRS, ex- Representa desconexão total entre átrios e ventrículos
ceto aquela bloqueada. Intervalos P-P são progres- e pode ocorrer no nível do nó AV, no feixe de His ou nos
sivamente mais curtos, até a ocorrência da pausa. seus ramos. No 12 caso, o ritmo que mantém a frequência
ventricular é, geralmente, originado na região do nó juncio-
nal (ritmo de escape juncional), com frequência estável de
40 a 60bpm e QRS estreito. Está associado a infarto agudo
F1gura 16- Bloqueio AV de 2º grau Mobitz I

73
do miocárdio inferior, efeito de drogas (betabloqueadores)
ou dano ao nó AV, sendo de bom prognóstico. Quando o
bloqueio AV acontece na região infranodal, em geral é de Figura 18- Bloque1o AV total ou bloqueio AV de 3'1 grau
2 ramos e indicativo de lesão extensa do sistema de con-
dução intracardíaca. O ritmo de escape desse bloqueio é O manuseio das bradiarritmias deve seguir as orientações
geralmente ventricular, com 30 a 40bpm, e o QRS, por ori- da Figura 19. Quando assintomática, a bradicardia deve ser
ginar-se no próprio ventrículo, é alargado, não sendo um tratada de forma conservadora, buscando a reversão das
marca-passo confiável, podendo evoluir para assistolia. possíveis causas associadas. Quando determinada por ritmo
- Critérios ao ECG: de bloqueio AV de 2º grau Mobitz 11 ou bloqueio AV de 3º
• QRS: geralmente normal; pode ser alargado, depen- grau, recomenda-se marca-passo transcutâneo como dispo-
dendo da origem do ritmo de escape; sitivo de segurança para a estabilização do quadro, utilizado
• Ondas P: normais; somente na ocorrência de desestabilização. Na bradicardia
• Frequência: a atrial é normal, e a ventricular é me- sintomática, independente da forma (bradicardia sinusal,
nor que a atrial; bloqueio AV total etc.), devem-se utilizar as orientações
• Ritmo: o ritmo atrial é regular, mas pode ser irregu- descritas na Figura 19. Sintomas e sinais como hipotensão,
lar; o ritmo ventricular é sempre regular; choque, congestão pulmonar, tontura, dor torácica isquêmi-
• Intervalo PR: é variável pelas independências atrial ca, IC, fraqueza ou fadiga e alteração aguda da consciência
e ventricular. definem a situação de instabilidade da bradicardia.

Sinais/sintomas graves devidos à bradlcardla (frequência cardíaca <60bpm)?


- Hipotensão;
- Congestão pulmonar;
-Tontura;
-Choque;
-Angina continua;
-Falta de ar;
-ICC;
- Fraqueza/fadiga;
- Estado mental agudamente alterado.

I ABCs, o,, acesso venoso, monitor I



I QRS estreito (SO,lOs)


Atropina O,Smg IV
,l
I
I
I
QRS estreito ou larj!o

Preparar marca-passo transvenoso

+
Considerar causas associadas
I
I

rI •
I
QIIS largo (><l, lOs)
I
I
l
Marca-passo transcutãneo
Repetir a cada 3 a 5 min

1 •
- Embolia pulmonar- anticoagulantes?

I
Dose total máxima 3mg


Marca-passo t ranscutâneo I
Cirurgia?
- Acidose- oferecer oxigênio, garantir
venti laç3o adequadaj
- Pneumotórax hipertensivo-
Administrar dopamina 2 a
lO~g/kg/mín ou administrar
epinetrina 2 a lO~min
I
I •
Administrar dopam i na 2 a
10118lkg/min ou administrar
~
descompre.ss3o com agu lhi! ;
- Tamponamento cardíaco-
perlcardlocent f!se;
- Hipovolemia- repor volume;
epinefrina 2 a 10118lmin
- Hipóxia- oferecer oxigênio, garantir
ventilação adequada;
~ Calor/frio- medidas de resfriamento/
aquecimento;
- Hipo/hipercalemia (e outros
eletrólito.s) - corrigir anormalidades
eletroHtlcas;
- Infarto do miocárdio- fibrinolíticos?
- Superdosagem/acidentes- antídoto/
te.rapia espedflca_

Figura 19 - Tratamento das bradicardias sintomáticas

d) Complexos juncionais - Extrassístoles juncionais


O tecido de condução próximo ao nó AV pode assumir Trata-se de impulso elétrico com origem na junção AV
a função de marca-passo do coração. Isso acontece em pa- que acontece antes do próximo impulso sinusal fisiológico,
cientes com frequências cardíacas baixas (de 40 a 60bpm) determinando uma despolarização atrial retrógrada, com
e complexos QRS invertidos, porém estreitos, e podem ser onda P negativa nas derivações inferiores. Essa onda pode
identificadas ondas P retrógradas nas derivações Dll e Dlll. coincidir com o complexo QRS, precedê-lo ou segui-lo pela

74
ARRITMIAS CARDÍACAS

dependência do tempo de condução relativo entre o local


de origem na junção e os átrios e ventrículos; quando o im-
pulso é gerado em uma porção mais alta da junção AV, a
onda P retrógrada geralmente antecede o QRS ou coincide Figuro 21 - Extrassístole juncional

com ele; porções mais baixas da junção podem determinar


a onda P retrógrada após o QRS. Raramente é necessário D- 4ª pergunta: qual é a frequência cardíaca?
tratamento.
• Critérios ao ECG: Um grupo final de ritmos deve ser identificado com base
• QRS: normal; pode ocorrer QRS alargado, indican- na análise da frequência : a bradicardia e a taquicardia si nu-
sal e a TSV.
do bloqueio de ramo;
A frequência cardíaca do traçado eletrocardiográfico
* Ritmo: irregular;
pode ser avaliada por várias formas. Uma mais trabalhosa é
• Ondas P: geralmente negativas nas derivações in-
dividir o número 1.500 pelo número de quadrinhos existen-
feriores (aVF, Dll e Dlll), determinadas pelas des-
tes entre 2 ondas R de 2 complexos QRS consecutivos (pas-
polarizações retrógradas; podem coincidir com o
sam pela fita do traçado 1.500 quadrinhos em 1 minuto); o
QRS, precedê-lo ou vir depois dele;
resultado é a frequência cardíaca do traçado. Uma forma
* Intervalo PR: geralmente menor do que 0,12ms. mais simples de determinar a frequência cardíaca é lembrar
Pode ocorrer em bloqueio AV total. a regra numérica descrita na Figura 22. Ao avaliar o traçado,
- Escape juncional encontra-se uma onda R do QRS que incide sobre o início do
A junção AV pode funcionar como marca-passo car- intervalo de 200ms (5 quadrados menores). A partir desse
díaco, gerando frequência de 40 a 60bpm. Em situações ponto, contam-se quantos intervalos de 5 quadrinhos exis-
normais, o marca-passo sinusal predomina sobre a junção tem, aproximadamente, até a próxima onda R do QRS. Tal
regra pré-calcula o número prévio de quadrinhos entre as
AV em virtude da frequência mais alta de despolarizações.
ondas R de 2 QRS consecutivos, determinando a frequên-
Quando não há tal predomínio, ou seja, quando não há o
cia. Frequências >100bpm são consideradas taquicárdicas,
estímulo do nó AV pela ordem sinusal em 1 a 1,5 segun-
e <60bpm, bradicárdicas.
do, o nó AV despolariza-se de forma autônoma, gerando o
chamado complexo de escape juncional. Quando há uma
série repetida de tais estímulos, estamos diante do ritmo de
escape juncional. Trata-se de uma situação frequentemente
associada à intoxicação digitálica.

1 -·+#~ 1 60 50 < 45
Figura 22 - Formo rápido paro cálculo do frequência cardíaca

" +++ H+ a) Taquicardia sinusal


Definida pelo aumento da frequência de despolariza-

aVF~ ~ ções atriais, compreende uma resposta fisiológica à neces-


sidade de aumento do débito cardíaco. Pode ser determi-
Figura 20- (A) Ondas P retrógradas antes e {8) depois do QRS nada por febre, exercício, ansiedade, hipovolemia e dor, de-
vendo ser tratada a causa que a determinou e não a própria
- Critérios ao ECG: taquicardia.
• QRS: normal; - Critérios ao ECG:
• Frequência: o ritmo de escape juncional tem fre- • QRS: normal;
quência de 40 a 60bpm; • Frequência: acima de 100bpm;
• Ritmo: regular;
• Ritmo: a presença de alguns complexos de escape
• Ondas P: positivas em DI I, Dlll e aVF.
juncional pode causar ritmo irregular, no entanto o
ritmo de escape juncional geralmente é regular; b) Bradicardia sinusal
• Ondas P: pode haver a onda P retrógrada; Determinada pela lentidão do nó sinusal em despolari-
• Intervalo PR: geralmente é variável, porém menor zar-se, pode acontecer devido ao efeito de determinadas
do que o PR da onda sinusal; drogas (betabloqueador, digital e verapamil), doença do nó
• Intervalo QRS: normal. sinusal ou aumento do tônus parassimpático.

75
- Critérios ao ECG: • Critérios ao ECG:
• QRS: normal; * Frequência: a atrial, em geral, oscila entre 140 e
• Frequência: abaixo de 60bpm; 220bpm;
• Ritmo: regular; * Ritmo: o ritmo atrial é normalmente regular;
• Ondas P: positivas em DI I, Dlll e aVF. pode haver bloqueio AV, o que determinará fre-
quência ventricular menor;
* Ondas P: de difícil identificação, geralmente com
morfologia diferente da onda P sinusal;
* Intervalo PR: normal ou prolongado;
* Intervalo QRS: normal ou alargado.

4. Abordagem das taquiarritmias


As taquiarritmias caracterizam-se por frequência cardía-
ca >lOObpm e podem ser classificadas em instáveis (apre-
c) TSVs sentam os mesmos critérios de instabilidade das bradicar-
As TSVs podem ser multifocais ou uniformes e englo- dias citados) ou estáveis:
bam as seguintes arritmias:
- Taquicardia paroxística supraventricular (TPSV): ocor- A - Taquicardias com QRS estreito (todas de ori-
re em episódios paroxísticos de taquicardia com início gem supraventricular)
abrupto e duração breve (segundos) ou prolongada (ho-
Taquicardia sinusal, FA, flutter atrial, taquicardia atrial,
ras) e pode ser abortada por manobras vagais. O meca-
taquicardia por reentrada nodal, taquicardia juncional e
nismo mais comumente associado é a reentrada, em ge-
taquicardia AV (ortodrômica- envolvendo uma via acessó-
ral envolvendo somente o nó AV ou este juntamente com
ria). Podem ser diferenciadas, ainda, entre as taquicardias
uma via anômala acessória. Os complexos QRS são es-
com intervalo QRS irregular ou regular.
treitos, porém podem ocorrer de forma alargada quando
há bloqueio de ramo frequência-dependente, bloqueios
preexistentes ou condução anterógrada aos ventrículos
por via anômala extranodal, como na SWPW (feixe de
Kent). A despolarização atrial é retrógrada (onda P ne-
gativa). Tal arritmia é bem tolerada em jovens, e o trata- Figura 25 - Taquicardias com QRS estreito
mento envolve manobra vagai, adenosina, verapamil ou
betabloqueador. Deve-se ter cuidado com pacientes com
QRS alargado, pois pode tratar-se de TV; B - Taquicardias com QRS largo (na maioria das
vezes, de origem ventricular)
TV, fibrilação ventricular e TSV com aberrância de con-
dução intraventricular (com bloqueio de ramo antigo ou
funcional).

~~trrrr
It aVL .
V2 vs

Rgura 26- Taquicardías com QRS largo

C - Taquicardias pré-excitadas (de origem supra-


ventricular)
Taquicardia antidrômica (utiliza em sentido anterógra-
- Flutter e FA: já discutidos; do uma via acessória e, em sentido retrógrado, o nó AV) e
-Taquicardia atrial não paroxística: normalmente, é se- taquiarritmias atriais conduzidas por meio de uma via aces-
cundária a outros eventos, mais comumente à intoxi- sória.
cação digitálica. Seu mecanismo envolve o surgimento A seguir, os algoritmos para o tratamento das taquiarrit-
de um foco atrial ectópico com automatismo aumen- mias de complexo QRS largo e estreito com intervalo regu-
tado. É comum associar-se ao bloqueio AV variável. lar ou irregular do QRS.

t----
76
ARRITMIAS CARDÍACAS

Sinais/sintomas graves devidos a taquicardia (freQuência cardfaca >150bpm)?


- Hipotensao;
-Congestão pulmonar;
-Tontura;
-ChoQue;
-Angina contínua ;
-Falta de ar;
-!CC;
- FraQueza/fadiga;
- Estado mental agudamente alterado.

Três perguntas importantes :


1 · Paciente estável ou instável?
2- QRS estreito ou largo?
3 - Ritmo regular ou irregular?
I ABCs, 0 2 , acesso venoso, mon itor,
ECG de 12 derivações

+
I
I I
r l
Est ável o u In stáv el?
r
1
.
Est-A v e I
Considerar causas associad as
- Embolia pulmonar- anticoagulantes?
Ci r urgia?
I .
Instável

- Acidose- oferecer oxigênio, garantir


Se houver sinais e
Se possível TSV com ven tilação adequada; sintoma s g raves, preparar
aberração, adenosina
- Pneumotórax hipertensivo- cardioversã o sincronizada
como para taquicardia
d escompressão com agulha; imediata . Sedar sempre
com QRS estreito
- Tamponamento card(aco - que possível. Taquicard ia
peric-ardiocente se; ventr icular (com pulso),
Se TV monomórfica ou
- Hipovolemia- repor volume; cardioversão sincronizada
taquicardia com QRS largo
- Hipóxia- oferecer oxigênio, garantir com 100, 200, 300, 360J
de origem desconhecida,
ventilação adequada; (ou bifá sica equivalente)
amiodarona lSOmg IV
durante 10m in. Repetir se - Calor/frio- medidas de r esfr iamento/
necessário até dose aq uecimen to;
- Hipo/hi p ercalemia (e outros O algoritmo a ssume que a
máxima de l,lg/24h
elet rôli tos)- corrigir anorm a lidades segura n ça da cena foi
eletrolí tica s; garantida , o equipamento
Drogas alternativa s: -Infarto do miocárdio- fibrinoliti cos? de prot eção individual foi
procainamida, sotalol usado e a etapa anterior
- Superdosagem/acidentes- a ntídoto/
l erapia e specífica .
não obteve sucesso
I
Figuro 2 7 - Tratamento dos toquicardios com QRS estrerto

Sinais/sintomas graves devidos ài taquicardia (frequência card(aca >lSObpm) ?


- Hipotens.llo;
- Congestão pulmonar;
- Tontura;
-ChoQue;
- Angina contfnua;
- Falta de ar;
-ICC;
- Fraqueza/fadiga;
-Estado mental agudamente alterado.

Tr ês perguntas Impon an tes:


I
1 - Paciente estável ou
instável?
2 - QA S estreito ou largo?
li ABC s, 0 2 , acesso venoso , m o nitor,
ECG de 12 derivações

+
3 - Ritmo regular ou irregular?
I E.s'ü'vel ou lns t ôi vel?
I
l
l I
1
Estável
Considerar causas associadas
·Embolia pulmonar- anticoagulantes? I Instável

-.- I Cirurgia ?
- Acidose - oferecer o xigênio. garantir •
I M anobras vagais ventilação adequada;
Considerar medicações
(adenosina ) ao preparar


Adenosina 6mg injeç:io IV
- Pneumotó ra x hipertensivo -
descompress:io com agulha ;
- Tamponamento cardíaco -
card ioversão
N:io retardar cardiovers3o
rápida pericardiocentese;
Se houver sinais e
Se n~o houver reversão, - Hipovolemla- repor volume ; sintomas graves, preparar
12mg IV rápida depois de - Hipóxia- oferecer oxigênio, garantir cardiovers ão sincron izada
1 a 2 minutos. Pode- se ventilação adequada; Imediata com 50, 100. 200,
repetir dose de 12mg b :
-Calor/frio- medidas de 300, 360J (o u bifásica
em 1 a 2 minutos.
resfriamento/aquecimento ; equ iva lente)
Seguir cada dose com
- Hipo/hipercalemia (e outros Sedaç~o se possível
flush IV de 20m L de soro
eletrólitos)- corrigir anormalidades
fisiológico


eletrolítlcas;
-Infarto do miocárdio- fibdnolfticos?
Se n3o houver reversilo, - Superdosagem/acidentes- antídoto/
considerar bloqueador dos terapia específica .
canais de cálcio
(verapamil, diltiazem) ou
betabloqueador

Figura 28- Tratamento das taqwcordios com intervalo QRS irregular

77
5. Resumo
Quadro-resumo
-A correta identificação do ritmo cardíaco é essencial na conduta terapêutica das arritmias;
-As fibrilações ventriculares/TVs devem ser sempre tratadas imediatamente com desfibrilação elétrica (choque não sincronizado);
-A TV, TSV e a FA instáveis devem ser tratadas com cardioversão elétrica imediata;
-A FA estável pode ter tratamento de 2 formas: controle do ritmo (reversão para sinusal) ou controle da frequência cardíaca (resposta
ventricular);
- Nas bradicardias sintomáticas, a aplicação do marca-passo transcutâneo está indicada; o uso de atropina pode ser empregado;
- Na falha da atropina ou do marca-passo, epinefrina ou dopam i na podem ser utilizadas para tratar a bradicardia sintomática.

78
CAPÍTULO 7
CARDIOLOGIA

Angina estável
Rodrigo Antônio Brandão Neto I José Paulo Ladeira I Fabrício Nogueira Furtado

1. Introdução e definições 2. Epidemiologia


A angina estável é a forma de apresentação de cerca de Há dúvida quanto à real prevalência da doença corona-
50% dos casos de insuficiência coronariana crônica. É de- riana, mas certamente são milhões de casos. Uma estatís-
finida, segundo as Diretrizes Brasileiras de Angina Estável, tica americana mostra incidência em torno de 213:100.000
como uma síndrome clínica caracterizada por dor ou des- na população com idade acima de 30 anos. Segundo esti-
conforto em quaisquer das seguintes regiões: tórax, epigás- mativas da American Heart Association (AHA), pelo menos
trio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores, sen- 6.500.000 pacientes nos Estados Unidos apresentam dor
do, tipicamente, desencadeada ou agravada por atividade precordial. Entretanto, também têm prognóstico relativa-
física ou estresse emocional e atenuada com repouso e uso mente bom, em comparação àqueles com insuficiência co-
de nitroglicerina e derivados. Com base nessas característi- ronariana, que evoluem para Infarto Agudo do Miocárdio
cas, pode ser classificada como típica, atípica ou de origem {IAM) de 3 a 3,5% ao ano (pacientes que apresentam angina
não cardíaca. estável crônica). Portanto, pode-se estimar que, para cada
A maioria apresenta estenose de ao menos 70% de uma pessoa que necessita de internação por doença coronaria-
das principais artérias coronarianas ao manifestar sintomas na aguda, há um pouco mais de 30 pacientes com angina
clínicos. Pode, entretanto, ocorrer naqueles com doença estável.
cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica e hipertensão De qualquer forma, a doença coronariana ainda é a
não controlada. Pacientes com coronárias normais podem, maior causa de mortalidade no mundo, representando a
ainda, ter isquemia miocárdica relacionada a vasoespasmo causa de morte em 1 a cada 4,8 óbitos nos Estados Uni-
ou disfunção endotelial, apresentando-se sob a forma de dos. No Brasil, estima-se que, para cada IAM diagnosticado,
angina. ocorrem 30 diagnósticos de angina estável ao ano, corres-
A angina precordial acontece quando a demanda de oxi- pendendo a cerca de 20.000 casos novos ao ano.
gênio pelo miocárdio supera a oferta, e a dor é indicativa da
presença de isquemia miocárdica transitória. O diagnóstico
clínico tem capacidade de predizer a presença de doença
3. Fisiopatologia
coronariana com 90% de acurácia. A angina acontece quando há isquemia miocárdica re-
Do ponto de vista angiográfico, a doença arterial coro- gional, devido a perfusão coronariana inadequada, usual-
nariana é considerada significativa quando ocorre esteno- mente associada a situações em que o consumo de oxigê-
se de, no mínimo, 70% do lúmen do vaso, ao menos em 1 nio aumenta, como estresse emocional e atividade física.
segmento de 1 das artérias epicárdicas maiores, ou este- Uma característica dessa situação é a reversibilidade dos
nose maior que 50% do diâmetro do tronco da coronária sintomas após a interrupção do fator estressante e/ou o
esquerda. Apesar de lesões com menor grau de estenose uso de nitratos (gera vasodilatação coronariana).
também causarem angina, estas apresentam melhor prog- A angina pectoris ocorre como consequência da evolu-
nóstico nessas situações. ção da aterosclerose coronariana. Nesse processo, inicial-

79
mente aparecem estrias gordurosas, que são formações pla- 5. Cla -o da dor r
nas amareladas sem repercussão clínica; posteriormente,
podem aparecer placas fibrolipídicas. Estas são formações De acordo com suas características clínicas, a dor toráci-
elevadas na superfície da íntima que podem se associar a ca pode ser classificada em:
complicações como fissuras, trombose, roturas, calcifica- Angina típica: dor característica, provocada por esfor-
ção e necrose. As placas fibrolipídicas podem ser divididas ço, com alívio por meio de nitrato ou repouso;
em estáveis e instáveis. Quando ocorrem fissuras e roturas, Angina atípica: 2 das características anteriores;
pode haver instabilidade da placa, de forma que o pacien- Dor torácica não cardíaca: 1 ou nenhuma das caracte-
te evolui com síndrome coronariana instável. Por sua vez, rísticas anteriores.
quando o indivíduo apresenta calcificação, com obstrução Apesar de diferentes classificações terem sido criadas,
fixa ao fluxo coronariano, há evolução para angina estável.
esta é a que provavelmente melhor auxilia na realização do
diagnóstico de doença coronariana.
anifestações clínicas Alguns autores dividem, ainda, a angina crônica estável
em 2 padrões de dor: angina estável de limiar fixo, em que
a dor é reproduzida pelo mesmo tipo de esforço físico, e an-
gina crônica estável de limiar variável, em que diferentes es-
Na história clínica, devem-se observar os caracteres pro-
forços podem causar dor, ora apenas com esforços maiores,
pedêuticos da dor tipo anginosa, conforme descritos a seguir:

Caráter
• I • • I • I • • . '. .
, f I I f

Em pressão, aperto, constrição ou peso


ora com esforços menores. Neste caso, os pacientes podem
apresentar algum componente vasoespástico de base, e em
tal situação alguns autores preconizam que poderia haver
Alguns minutos (usual - pacientes efeito benéfico com o uso de medicações vasodilatadoras
com quadro de aparecimento repen- (bloqueadores dos canais de cálcio, por exemplo).
Duração tino e duração fugaz, ou com várias O que caracteriza a estabilidade ou a instabilidade da
horas de evolução, raramente apre- angina é o fato de ela manter ou não o mesmo padrão. Ou
sentam angina) seja, angina instável é qualquer angina que tenha aumenta-
Subesternal (podendo ocorrer, ainda, do a frequência de ocorrência, a intensidade ou a duração,
Localização no ombro, no epigástrio, na região cer- ou que esteja surgindo com limiares menores de esforço.
vical, no hemitórax e no dorso)
Eventualmente, para membros superio-
res (direito, esquerdo ou ambos), om- S ia e
Irradiação
bro, mandíbula, pescoço, dorso e região A dor tipo anginosa pode ser causada por outras doen-
epigástrica
ças, sendo nesses casos denominada angina funcional. Esta
Variada, podendo levar o indivíduo a também se relaciona à isquemia miocárdica, mas na ausên-
imobilidade por alguns minutos ou ser
cia de obstrução significativa ao fluxo coronariano. Pode ser
Intensidade menos pronunciada, em especial em al-
causada, por exemplo, pelo aumento no consumo de oxi-
guns grupos com neuropatia associada
(diabéticos, por exemplo) gênio associado a hipertermia, hipertireoidismo e uso de
cocaína.
Fatores desencadean- Precipitação por esforço físico e estres-
tes (e de piora) se emocional É importante salientar que idosos podem não apresen-
tar quadro clínico típico de tireotoxicose (hipertireoidismo
Alívio característico com repouso ou
Fatores de melhora apático); deste modo, deve-se considerar tal hipótese prin-
uso de nitratos
cipalmente aos que apresentam aumento da frequência
Possibilidade de náuseas, vômitos e pa-
Sintomas associados cardíaca.
lidez mucocutânea
A intoxicação por cocaína ou agentes catecolaminérgi-
cos (como os que existem nas fórmulas de emagrecimento)
B- Exame físico
pode levar à toxicidade simpaticomimética, aumentando o
É quase sempre normal, entretanto a presença de 3ª ou consumo de oxigênio e levando, eventualmente, ao apare-
4ª bulha cardíaca, sopro de regurgitação mitral e estertores cimento de espasmo coronariano.
pulmonares são sugestivos de doença coronariana no indi- Pacientes com hipertensão não controlada podem apre-
víduo com dor no momento do exame. sentar sintomas anginosos devido ao aumento da tensão
O achado de aterosclerose em outros locais costuma da parede ventricular esquerda e diminuição da perfusão
ter boa correlação com a presença de doença coronariana, subendocárdica do miocárdio. Episódios de taquiarritmias
assim como a presença de múltiplos fatores de risco car- também podem aumentar o consumo de oxigênio.
diovascular, como hipertensão arterial, tabagismo, dislipi- As causas cardíacas de dor anginosa, como miocardio-
demia e antecedente familiar de doença cardiovascular, os patia hipertrófica e estenose aórtica, também devem ser
quais aumentam a probabilidade diagnóstica. lembradas no diagnóstico diferencial desses pacientes.

80
ANGINA ESTÁVEL

Indivíduos com dissecção de aorta apresentam-se com as- Tabela 3 - Pacientes com fatores de alto risco e probabilidade
simetria de pulsos e têm, como diagnóstico diferencial, a do diagnóstico de insuficiência coronariana a partir de história
síndrome coronariana aguda. e exame ftsico
A anemia é uma situação em que se reduz a capacidade
de transporte de oxigênio do sangue, podendo cursar com
sintomas anginosos. O débito cardíaco aumenta com níveis Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher
de hemoglobina inferiores a 9g/dl, e alterações do segmen- 30a lO a
35 3 a 35% la 19% 8a 59% 2a39%
to ST podem ocorrer quando o nível cai para menos de 7g/ 88% 78%
dl. Situações em que a viscosidade sanguínea está aumen- 21 a 51 a 20a
45 9a47% 2a 22% 5a43%
tada, como policitemia, leucemia e trombocitose, entre ou- 70% 92% 79%
tras situações, também podem levar à dor anginosa. 23 a 45a lO a 80a 38a
55 4a25%
O espasmo esofágico pode reproduzir dor na região 59% 79% 47% 95% 82%
retroesternal em aperto, com duração de minutos e alívio 49a 71 a 20a 93a 56 a
65 9a29%
com nitratos, de forma que pode ser um fator de confu- 69% 86% 51% 97% 84%
são.
A dor torácica pode, ainda, associar-se a afecções pul- A angina estável apresenta uma classificação clínica, da
monares como pleurite (mas, nesse caso, a dor costuma ter Sociedade Canadense de Cardiologia, adotada tanto pelo
caráter ventilatoriodependente), tromboembolismo pul- consenso da AHA quanto pelas Diretrizes Brasileiras de An-
monar, pneumotórax e outras condições que cursam com gina Estável (Tabela 4).
hipoxemia. Tabela 4 - Classificação clínica do angina estável
Por fim, na avaliação do quadro de dor anginosa, tam-
Angina com esforço físico extremo
bém devem ser lembrados, como diagnósticos diferenciais,
Angina com atividades do cotidiano, como andar mais que
quadros de distúrbios ansiosos, depressivos e somatofor- 11
2 quarteirões
mes.
111 Angina com importante restrição na atividade física
IV Inabilidade de realizar qualquer atividade física sem dor
7. Diagnóstico e exames ou dor mesmo ao repouso
complementares
Àqueles com suspeita diagnóstica de angina estável, são
necessários exames mínimos, segundo as recomendações da
A história e o exame físico apresentam ótima acurácia AHA, os quais incluem hemoglobina, glicemia de jejum, perfil
no diagnóstico de doença arterial coronariana. lipídico, raio x de tórax e eletrocardiograma de repouso.
A probabilidade dessa doença também depende da ida-
de e do sexo do paciente, além da presença de fatores de
alto risco para doença coronariana (diabetes, tabagismo e O hemograma, principalmente a dosagem de hemoglo-
dislipidemia). As Tabelas a seguir, adaptadas do Consenso bina, ajudará a descartar a presença de anemia, enquanto a
Americano de Angina Estável, mostram a probabilidade do glicemia de jejum e o perfil lipídico objetivam avaliar os fa-
diagnóstico, segundo idade, sexo, características da dor e tores de risco associados à doença coronariana. É importan-
presença de fatores de alto risco. te também a avaliação da função tireoidiana, já que o hiper-
tireoidismo pode ser um fator etiológico e agravante, assim
Tabela 2 - Pacientes sem fatores de alto risco e probabilidade como o hipotireoidismo pode contribuir para o surgimento
do diagnóstico de insuficiência coronariana a partir de história
de alterações metabólicas que predispõem à aterosclerose.
e exame físico

A radiografia de tórax pode auxiliar na diferenciação


Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher com causas de dor torácica, como fraturas de costelas e
30 a pneumotórax, sendo de grande importância em pacientes
4% 2% 34% 12% 76% 26%
39 com suspeita de doença coronariana e sinais/sintomas su-
40 a gestivos de insuficiência cardíaca, além daqueles com pos-
13% 3% 51% 22% 87% 55% sível doença pulmonar associada.
49
50 a
20% 7% 65% 31% 93% 73%
59
O eletrocardiograma (ECG) tem utilidade limitada para
60 a
27% 14% 72% 51% 94% 86% o diagnóstico de doença arterial crônica, pois alterações
69
da repolarização, observadas em alguns anginosos, tam-

81
bém podem ocorrer em outras situações, como sobrecarga mulher de 25 anos, com dor atípica e sem fatores de risco,
ventricular esquerda secundária à hipertensão, distúrbios é, logicamente, de baixa probabilidade. O teste ergo métrico
hidroeletrolíticos, entre outras. Deve-se acrescentar ainda não deve ser usado nesses cenários, pois um teste positivo
que o ECG normal não exclui a presença de obstrução co- em paciente com probabilidade pré-teste baixa de doença
ronariana . Ainda assim, pode auxiliar no diagnóstico. Áreas coronariana pode ser um falso positivo, assim como um tes-
inativas prévias, com ondas Q significativas, são bastante te negativo em paciente de alta probabilidade não exclui
sugestivas do diagnóstico, principalmente se associadas a a doença, sendo que em ambos será preciso continuar a
ondas T negativas. A presença de ondas T positivas, pon- investigação para a definição diagnóstica.
tiagudas e simétricas, também sugere isquemia . O exame é O teste pode ser usado, ainda, para avaliar o prognóstico.
considerado pela AHA como classe I (fortemente indicado)
Tabela 6 - Recomendações das Diretrizes Brasileiras de Angina
naqueles com suspeita de dor torácica de causa cardíaca. Estável para o uso do teste ergométnco na definição prognóstico
do paciente
Todos com probabilidade intermediária ou alta de
O teste de esforço ou ergométrico é utilizado tanto para
Classe I doença arterial coronariana, após avaliação inicial
diagnóstico como para estratificação do risco de pacientes
ou que apresentem modificações dos sintomas
com doença coronariana, sendo o método não invasivo
Classe lia Revascularizados com sintomas sugerindo isquemia
mais comumente empregado, tornando-se a abordagem
mais custo-eficaz nessa população. Apresenta sensibilida- Portadores de pré-excitação, depressão do
de de 68% para o diagnóstico, com especificidade de 77%, segmento ST >lmm no ECG de repouso, ritmo de
Classe llb
marca-passo, bloqueio completo do ramo esquer-
além de ser considerado seguro, com complicações impor-
do (interpretação dificultada do teste)
tantes, como IAM e morte em menos de 1 a cada 2.500 pro-
cedimentos. Os resultados do teste de esforço apresentam impli-
O teste é usualmente considerado positivo quando cação prognóstica e são considerados dados de alto risco
ocorre depressão horizontal ou descendente do segmento para eventos cardiovasculares: baixa capacidade funcional
ST maior que 1mm, 60 a 80ms após o final do QRS (ponto J). (~4mets) e depressão ou elevação do segmento ST em car-

Tabela 5 - lnd1cações do teste de esforço para o diagnóstico da gas baixas. Uma forma mais objetiva de avaliar a capaci-
condição, segundo a AHA e as Diretrizes Brasileiras de Angina dade funcional é calculando o escore de Duke, obtido por
Estável meio da seguinte fórmula:
Pacientes com probabilidade intermediária de
Classe I
doença arterial coronariana Tempo de exercício (em minutos)- desvio máximo
Angina vasoespástica (indicação não discutida nas segmento ST (em mm) máximo - 4x angina de esforço
Classe lia (zero se sem, 1 se não limitante e 2 se limitante)
Diretrizes Brasileiras)
- Pacientes com probabilidade baixa ou alta de
doença arterial coronariana ou hipertrofia do Tabela 7- Interpretação dos resultados
Classe llb ventrículo esquerdo com depressão de ST <lmm ~5 Baixo risco
ou bloqueio completo do ramo esquerdo;
-10 a 4 Moderado risco
- Paciente com infarto prévio.
S-11 Alto risco
- Pacientes com alterações no ECG de repouso que
impossibilitam a interpretação do teste de esfor- Sabe-se que os pacientes com doença coronariana crô-
ço e pacientes com doença arterial coronariana nica que estejam assintomáticos, sem alteração eletrocar-
Classe 111 definida angiograficamente (classe llb pela Dire-
diográfica e que conseguem ultrapassar o 3º estágio do
triz Brasileira);
protocolo de Bruce têm taxa de mortalidade anual inferior
-Pacientes sem indicação do procedimento, e este, a 1%.
se realizado, pode ser potencialmente maléfico.
Tabela 8 - Condições em que o teste de esforço é interrompido
Caso sejam apresentados importante sobrecarga es-
- Frequência cardíaca submáxima atingida;
querda, com alterações de repolarização ventricular signifi-
-Queda de lOmmHg na pressão arterial sistêmica com sinais de
cativas, ou bloqueios de ramo, a interpretação do teste será
isquemia;
prejudicada, e será preferível outro método para avaliação.
Assim, pelas indicações citadas, observa-se dependên- -Angina moderada a severa;
cia das indicações e do resultado na probabilidade pré-tes- -Tontura ou ataxia;
te. A avaliação das indicações pode ser feita com base no -Taquicardia ventricular sustentada;
julgamento clínico ou nas Tabelas apresentadas no capítulo, - Desejo do paciente de interromper o teste;
mas aqueles com mais de 60 anos, do sexo masculino, com -Sinais de má perfusão;
dor típica, são, obviamente, de alta probabilidade e não
-Supra ST >lmm.
necessitam de indicações adicionais. Por outro lado, uma

1--r-~
82
ANGINA ESTÁVEL

macos e programas de computador mais sofisticados, tais


A ecocardiografia pode ajudar tanto no diagnóstico avaliações podem ser obtidas com um único exame.
quanto na definição do prognóstico de angina estável. O Os estudos de cintilografia de perfusão miocárdica com
exame em repouso serve para avaliar função e viabilida- radioisótopos (são utilizados, principalmente, o tálio e o
de miocárdicas, sendo sua indicação classe I naqueles com tecnécio), estresse farmacológico (com dipiridamol ou ade-
doença coronariana com IAM prévio, ondas Q patológicas, nosina, por exemplo) ou de esforço apresentam excelentes
sintomas de insuficiência cardíaca congestiva e arritmias resultados (sensibilidade e especificidade de 90 e 80%, res-
ventriculares complexas. pectivamente). A escolha entre os diferentes radioisótopos
Pode, ainda, avaliar a contratilidade segmentar. Nessa leva em conta vantagens e desvantagens específicas; assim,
análise, o ventrículo esquerdo é dividido ecocardiografica- o tálio é um isótopo mais validado pela literatura, enquanto
mente em 16 segmentos, aos quais serão atribuídos valores o sestamibi (derivado do tecnécio) tem indicação especial-
de 1 a 4 (1 representa a normalidade da contratilidade, e mente a obesos.
déficits contráteis são gradativamente representados de 2 a Tabela 9 - Indicações para realização de cintilograjia segundo a
4); posteriormente, é possível fazer um escore de motilida- AHA
de somando os valores segmentares e dividindo-os por 16.
Valores entre 1 e 1,6 são considerados normais; entre 1,6 - Pacientes com probabilidade intermediária de doen-
e 2, representam déficit discreto; e maiores de 2 represen- ça coronariana com síndrome de pré-excitação ou
tam comprometimento significativo da contratilidade mio- depressão do ST ao repouso maior que lmm;

cárdica. É importante ressaltar que a alteração segmentar Classe I - Pacientes com história de procedimento de revas-
isoladamente não é sensível o suficiente para definir que a cularização miocárdica prévia;

etiologia da cardiopatia seja isquêmica. No entanto, a sua - Cintilografia com radionucleotídeos em pacientes
presença sugere o diagnóstico de insuficiência coronariana, com marca-passo e bloqueio do ramo esquerdo.
assim deve-se seguir a investigação de acordo com o risco e Classe llb Mesmas condições anteriores, mas em paciente com
a probabilidade clínica de cada paciente. baixa ou alta probabilidade de doença coronariana
A ecocardiografia de estresse tem grande utilidade. Em
Deve-se preferir a cintilografia miocárdica com radionu-
regiões supridas por uma artéria com grau significativo de
cleotídeos e o ECG com estresse farmacológico ao teste de
estenose, o estresse cardiovascular acarreta isquemia mio-
esforço no manejo de angina estável nas seguintes situa-
cárdica, e esse fenômeno se manifesta por alteração transi-
ções:
tória da contração segmentar. Os métodos disponíveis para
Bloqueio completo do ramo esquerdo;
a indução do estresse são esforço físico (esteira ou bicicle-
Ritmo ventricular com marca-passo;
ta ergométrica), estimulação atrial transesofágica, uso de
Depressão maior que 1mm no ECG em repouso;
drogas vasodilatadoras (dipiridamol e adenosina) ou de es-
Inabilidade de realizar esforço físico;
timulantes adrenérgicos (dobutamina). A indução de isque-
Angina e história de revascularização.
mia miocárdica por esforço físico, dobutamina e marca-pas-
so transesofágico baseia-se no aumento do duplo produto A realização de exames para estratificação prognóstica
cardíaco e, consequentemente, do consumo miocárdico de permite classificar tais indivíduos em grupos de risco (Ta-
oxigênio. bela 10).
Por outro lado, os agentes vasodilatadores aumentam
Tabela 10- Estratificação prognóstica em grupos de risco nos pa-
o fluxo sanguíneo coronariano e podem levar a uma perfu-
cientes com angina estável
são miocárdica heterogênea devido ao roubo de fluxo que,
em alguns, é suficiente para causar isquemia miocárdica. O
ecocardiograma de estresse com dobutamina é considera- - Disfunção do ventrículo esquerdo <35%;
do incomum quando se verificam anormalidades de mobi- -Escore de Duke no teste de esforço :s:-11;
lidade de parede ventricular. A sensibilidade do exame é de - Defeitos de perfusão importantes ou múltiplos defeitos na cin-
76%, com especificidade de 88%, sendo a primeira maior tilografia;
em pacientes com doença coronariana triarterial (superior -Alterações de motilidade com ecocardiograma com dobutami-
a 90%). na em pequenas doses ou com frequência cardíaca <120bpm
em mais de 2 segmentos.

Os métodos de Medicina Nuclear permitem avaliar o


- Disfunção do ventrículo esquerdo: de 35 a 49%;
coração com enfoque nos aspectos de perfusão miocárdica,
integridade celular, metabolismo e contratilidade miocárdi- - Risco intermediário no escore de Duke: de -11 a +5; defeitos
moderados em exame de imagem;
cos, além da função ventricular global ou segmentar. Com
a incorporação à Cardiologia Nuclear de equipamentos de -Alterações de motilidade em ecocardiograma com dobutamina
em doses maiores em menos de 2 segmentos.
última geração (detectores digitais duplos), novos radiofár-

83
.. . risco (mortalidade <1% ao ano)
A ressonância magnética cardíaca é uma técnica não in-
- Escore de Duke <5;
vasiva de imagem que vem apresentando desenvolvimen-
- Exame de cintilografia ou ecocardiograma normais ou com pe-
quenas alterações.
to tecnológico intenso, com repercussão na sua aplicação
clínica nos últimos anos. É útil na determinação tanto de
isquemia miocárdica como na avaliação de viabilidade na-
queles com infarto prévio.
A cineangiocoronariografia (ou cateterismo cardíaco)
A tomografia computadorizada de coronárias avalia a
é considerada padrão-ouro para o diagnóstico de doença
carga de placas de ateroma representada por calcificação,
coronariana. Porém, levando em conta a baixa mortalidade
além de poder analisar as obstruções coronarianas por
secundariamente à coronariopatia, o exame não é apro- meio da angiografia não invasiva . Uma meta-análise publi-
priado à grande maioria. cada recentemente mostrou o papel independente dos es-
Tabela 11 -Indicações para o diagnóstico de doença coronanono cores de cálcio coronariano na predição de eventos clínicos.
por cateterismo, segundo o AHA O exame apresenta sensibilidade alta (cerca de 95%) para
o diagnóstico de doença coronariana, com especificidade
relativamente baixa {66%}, e não é útil para pacientes com
- Pacientes sobreviventes de morte súbita;
diagnóstico fechado da doença .
- Angina estável CCS 111 e IV;
-Critério de alto risco em exame de imagem não invasivo .
8. Tratamen
- Angina CCS 111 e IV que melhoram com tratamento medicamen-
toso; A • ão farmacológi o
- Diagnóstico incerto após testes não invasivos;
- Contraindicações a testes não invasivos;
- Pacientes que, por motivos ocupacionais, necessitam do O controle de fatores de risco é importante. Também
diagnóstico; são indicações universais os tratamentos de diabetes, hi-
-Suspeita de causa não aterosclerótica . pertensão e mudança de hábitos, como cessação do taba-
gismo. Exercícios físicos, com aumento progressivo da tole-
rância ao esforço, também são benéficos.
- Angina CCS I ou li e exame não invasivo com isquemia de baixo
risco;
- Paciente assintomático e exame não invasivo com isquemia de A terapia para dislipidemia está indicada àqueles com
baixo risco;
baixo risco cardiovascular, com o objetivo de manter o coles-
- História de IAM prévio, porém assintomático, e exame não in-
terol LDL abaixo de 100mg/dl. Nos demais grupos, é neces-
vasivo com isquemia de baixo risco;
sário seguir as orientações pertinentes a cada comorbidade.
-Avaliação periódica pós-transplante cardíaco.

- Calcificação coronariana presente em qualquer método na au-


sência das indicações anteriores; Devem ser combatidos fatores de hipóxia, como tireoto-
- Pós-revascularização na ausência de isquemia em testes não xicose, anemia e doenças pulmonares .
invasivos;
- Pacientes com comorbidades importantes;
- Pacientes querendo fazer o exame, mas com probabilidade ex-
tremamente baixa do diagnóstico.
Pacientes com angina estável devem ser encorajados a
Entretanto, situações em que o tratamento clínico de- realizar atividade física aeróbica por 30 a 60 minutos, 7 dias
monstra resultados insatisfatórios ou em que os pacientes da semana (mínimo de 5 dias)- classe I. O teste ergométri-
apresentam fatores de mau prognóstico constituem a prin- co pode ajudar na prescrição do exercício. O treino de resis-
cipal indicação de cateterismo . tência pode ser incluído na programação da atividade física
As principais indicações para o exame entre os pacien- 2 vezes por semana (classe llb).
tes com angina estável são :
Angina limitante, apesar da terapia; B· e tcamentoso
Contraindicações a testes não invasivos;
Sobreviventes de morte súbita e com arritmias ventri-
culares complexas; O tratamento da angina estável implica terapia com an-
Angina classes funcionais I e 11, mas com disfunção tiagregante plaquetário. Segundo um estudo mundialmen-
ventricular. te reconhecido, a Aspirina® em dose de 75mg/d reduz em

84
ANGINA ESTÁVEL

cerca de 34% os eventos cardiovasculares primários e di- do diltiazem são de 30 a 90mg VO, de 8/8h, e do verapamil
minui em 32% a recorrência destes. Àqueles com contrain- de 40 a 120mg VO, de 8/8h . Seu principal efeito é de va-
dicação ao uso, deve-se considerar o uso de ticlopidina ou sodilatação coronariana e controle de frequência cardíaca .
clopidogrel. A ação antiagregante reduz a probabilidade de,
na vigência de instabilização de uma placa aterosclerótica,
ocorrer progressão significativa do trombo, levando à oclu- Os nitratos não estão associados à diminuição de mor-
são coronariana. talidade, mas podem ser associados a outras medicações
no controle dos sintomas e determinam vasodilatação co-
ronariana. As 2 formas principais de apresentação dessas
São as drogas de 1ª linha na terapia antianginosa, em substâncias são:
especial naqueles com angina após infarto. Quanto à an- Di nitrato de isossorbida em dose de 10 a 40mg VO, de
gina estável, não há evidências concretas na literatura da 8/8h, ou Smg (SL) a cada 5 a 10 minutos até a dose
diferença entre o uso de betabloqueadores e de bloquea- máxima de 15mg ou alívio da dor;
dores dos canais de cálcio. Estudos comparando as 2 medi- Mononitrato de isossorbida em dose 10mg VO, de
cações, além de não mostrarem diferença na mortalidade 12/12h, até 40mg VO, de 8/8h.
em longo prazo, demonstram resultados similares quanto a
Alguns pacientes apresentam dor associada a vaso-
desfechos (como tempo após iniciar atividade física até ma-
espasmo, sem obstrução fixa, denominada angina de
nifestar dor e número de metros percorridos sem dor). Con-
Prinzmetal. Nesses casos, os betabloqueadores, além de
tudo, considerando o maior benefício com os betabloquea-
serem ineficazes, podem piorar o vasoespasmo. Os nitra-
dores na angina instável, essa classe se torna a 1ª linha para
tos, entretanto, podem ser benéficos devido à dilatação
terapia antianginosa . A dose dos betabloqueadores deve
dos vasos epicárdicos, com ou sem aterosclerose. Contu-
ser ajustada para manter a frequência cardíaca em torno de
do, os bloqueadores dos canais de cálcio são as drogas de
60bpm. A Tabela 12 cita a posologia e a apresentação dos
escolha no manejo em longo prazo dessa condição. Uma
principais betabloqueadores. O efeito protetor deles está
das principais questões no manejo daqueles com angina
associado à limitação da elevação da frequência cardíaca.
de Prinzmetal é verificar a indicação de intervenção com
angioplastia e revascularização do miocárdio. Pacientes
com angina limitante podem beneficiar-se de angioplastia
com stent, e aqueles com lesões triarteriais ou biarteriais
Propra- 20 a 320mg e envolvimento da artéria descendente anterior, ou com
lnderal 10, 40e 80mg disfunção ventricular esquerda, são candidatos à cirurgia
nolol (2 a 3x/d)
25 a 200mg
de revascularização miocárdica. Em geral, as recomenda-
Atenolol Atenol 25, 50 e 100mg ções para intervenção são semelhantes às das síndromes
(1 a 2x/d)
coronarianas agudas, mas há pouca evidência de superio-
5eloken,
Meto- 100mg (25, 50 e 50 a 200mg ridade dessas terapias em relação ao tratamento clínico
Lopressor e
prolol 100mg) (1 a 2x/d) de angina estável.
5elozok*
Nas Diretrizes Brasileiras de Angina Estável, sugere-se
Biso pro- 2,5 a 10mg
Concor 1,25/2,5/5/lOmg que aqueles com alto risco cardiovascular e com miocárdio
lo I (lx/d)
viável (verificado em exame de Medicina Nuclear) pode-
Coreg, Divelol, 12,5 a
Carve-
lOOmg
riam beneficiar-se de procedimentos de revascularização
Carvedilol e 3,125/6,25/12,5/25mg
dilol miocárdica, seja a angioplastia, seja a cirurgia.
Dilatrend (2x/d)
5 a 60mg
Pindolol Visken 5 e 10mg
(2x/d)
A trimetazidina faz parte de um grupo de agentes com
* Se/oken"' e Lopressor.,- tartarato de metopro/ol (comprimidos ação no metabolismo, que também apresentam a capacida-
de lOOmg); Seloken Ou rifes"'- comprimidos de 200mg; Selozok'" de de aumentar a tolerância ao exercício em pacientes com
- succinato de metopro/o/ (comprimidos de 25, 50 e lOOmg).
angina. É a 1ª de uma nova classe de agentes conhecidos
** Dose diária (número de tomadas diárias).
como 3-KAT inibidores, que ajudam a otimizar a energia do
metabolismo cardíaco e, secundariamente, inibem a oxi-
dação beta dos ácidos graxos. A ação metabólica da trime-
Os antagonistas dos canais de cálcio diidropiridínicos de tazidina não interfere no fluxo coronariano e não modifica
curta ação devem ser evitados, uma vez que aumentam a parâmetros hemodinâmicos. Acredita-se que exista um po-
ocorrência de eventos cardíacos em portadores de doença tencial benéfico, particularmente nos idosos.
isquêmica do miocárdio. Em compensação, os de longa du-
ração e os não diidropiridínicos, como o verapamil e o dil-
tiazem, são eficazes em aliviar os sintomas e não aumentam A vacinação anual para influenza deve ser recomendada
a ocorrência de eventos cardíacos . As doses recomendadas a pacientes com doença cardiovascular (classe 1).

85
9. Resumo
.. . '
-A angina estável é decorrente do desbalanço entre a oferta e o consumo de oxigênio ao miocárdio, associada a lesão aterosclerótica
estável da coronária;
-A anamnese e o exame físico têm boa sensibilidade em identificar o quadro;
-As provas e a provocação de estresse metabólico miocárdico, como o ecocardiograma com estresse ou o teste ergométrico, são sensí-
veis em definir o diagnóstico quando o quadro clínico não é típico;
- O tratamento dos fatores de risco, como tabagismo, diabetes e dislipidemias, é essencial para a prevenção da instabilização da pro-
gressão da lesão aterosclerótica;
-A Aspirina• e o betabloqueador são essenciais na prevenção de síndrome coronariana aguda entre portadores de angina estável. Os
bloqueadores dos canais de cálcio e os nitratos melhoram os sintomas isquêmicos da angina, mas não alteram a ocorrência de insta-
bilizações agudas.

86
CAPÍTULO 8
CARDIOLOGIA

Síndromes miocárdicas isquêmicas instáveis


José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtada

IAMSSST. A diferença crucial entre estes últimos é que a AI


I. Introdução acontece sem determinar lesão muscular miocárdica (mor-
O reconhecimento precoce e o tratamento correto da te celular). Vale lembrar que, ao mesmo tempo em que os
Síndrome Coronariana Aguda {SCA) determinam um gran- mecanismos de trombose são ativados pela instabilização
de impacto na sua evolução. A sequência de fenômenos da placa aterosclerótica, há ativação dos mecanismos de fi-
patológicos associados nas várias formas de apresentação brinólise locais. A resultante do equilíbrio entre essas forças
dessa síndrome é semelhante: obstrução arterial transitó- determina a progressão, a estabilização ou a regressão da
ria ou permanente de uma artéria coronária, determinando obstrução coronariana .
alterações no músculo cardíaco que variam de isquemia e A isquemia que resulta dessa obstrução pode provocar
lesão miocárdica até necrose do músculo. O espectro de diferentes graus de lesão tecidual, dependendo da porção
apresentação clínica, seguindo a intensidade da lesão mio- da artéria acometida (obstruções mais proximais tendem a
cárdica em ordem crescente, abrange a Angina Instável (AI), provocar maior lesão), do tamanho e do calibre da artéria,
Infarto Agudo do Miocárdio Sem Supradesnivelamento de da duração da obstrução (pode haver lise espontânea ou te-
ST (IAMSSST) e Infarto Agudo do Miocárdio Com Suprades- rapêutica do trombo) e da presença de circulação colateral.
nivelamento de ST (IAMCSST) . A essa variação na intensidade e na duração da isquemia
miocárdica está associada maior ou menor mortalidade.

2. Angina instávei/IAMSSST
A - Introdução
A expressão clínica da instabilização de uma placa ate-
rosclerótica coronariana é a SCA. A placa pode sofrer rotura
ou fissura ou ter o seu endotélio desnudado. Tais eventos
costumam ser mais frequentes em placas jovens, com gran-
de quantidade de lipídios (sais de colesterol e células es-
pumosas) e menor quantidade de colágeno, fibroblastos e
cálcio. Após a instabilização da placa, principal mecanismo
de descompensação da SCA, forma-se sobre ela o trombo,
a partir da agregação plaquetária. Esse trombo pode ocluir
de forma parcial ou completa a luz do vaso, o que limita a
oferta de oxigênio para o tecido miocárdico e, dessa manei-
ra, determina a síndrome clínica .
Quando a obstrução é completa, a forma de apresen- Figura 1 -Artéria coronária com obstrução estável de 70% da luz
tação clínica é o IAMCSST; quando parcial, ocorre a AI ou o do vaso por placa de ateroma

87
Os sinais, os sintomas e o desfecho da evolução clínica A seguir, um algoritmo das possibilidades diagnósticas
dependem de vários fatores, como: da dor torácica.
- Extensão de músculo cardíaco perfundido pela artéria
obstruída;
- Gravidade e duração da isquemia miocárdica;
- Instabilidade elétrica do miocárdio isquêmico;
- Grau e duração da obstrução da artéria coronária;
- Presença ou ausência de circulação colateral.
Angin~ estlvel PeriCllrdite
B -Avaliação inicial
Angina ins!ilvel Valvular
A queixa que os pacientes geralmente trazem ao pronto-
-socorro é dor torácica. Nesse grupo, encontram-se desde Infarto agudo do miodrdio Dissecção aguda de aorta
indivíduos cuja origem da dor não é cardíaca até aqueles em
choque cardiogênico por infarto do miocárdio com poucas
horas de evolução (Tabela 1). Assim, é necessária uma abor-
dagem sistematizada daqueles com risco de evento corona-
riano agudo. Diante dessa queixa de dor torácica, há 3 pos-
sibilidades diagnósticas, a partir de 3 características básicas:
Dor retroesternal/desencadeada por esforço/aliviada
com repouso ou nitrato. Refiuxo gastroesofágico Pneumotórax
1 - Dor torácica de etiologia não cardíaca: apenas 1 ou
nenhuma das características citadas. E5pasmo esofâgico Embolia pulmonar
2- Dor torácica de possível origem cardíaca: 2 das carac-
Úlcera péptica Musculoesquelétlca
terísticas citadas.
3 - Dor torácica de origem cardíaca definida: as 3 carac- Piso emocional
terísticas citadas.
O paciente com dor torácica de possível origem cardíaca Figura 3 - Diferenciais diagnósticos de síndromes miocórdicos
deve ser observado no pronto-socorro e avaliado seriada- isquêmicas
mente, por algumas horas, com eletrocardiograma (ECG)/
enzimas cardíacas e outros exames, como teste de esforço
Tabelo 1 - Doenças cardíacas e não cardíacas que se manifestam
ou cintilografia miocárdica, para definir, com maior segu- com dor torácica
rança, a existência ou não do 1º evento isquêmico. Mesmo
que a pesquisa seja negativa, esse paciente deve ser segui- Diagnóstico diferencial de síndrome isquêmica aguda
do ambulatorialmente. Caso a pesquisa seja positiva em al- - úIcera péptica;
guns dos exames, o indivíduo deve ser internado e aguardar
- Espasmo esofágico;
o resultado de todos os exames para ser classificado em AI
(enzimas seriadas normais) ou IAMSSST. - Costocondrite;
A dor de origem isquêmica miocárdica pode ter locali- - Embolia pulmonar;
zação variada, porém segue um padrão clínico sugestivo do
- Dissecção de aorta;
quadro, conforme mostra a Figura 2.
- Pericardite;

- Herpes-zóster;

- Colecistite.

A característica da dor torácica é o dado com maior


valor preditivo da SCA, embora até 33% não apresentem
dor torácica típica, em especial diabéticos, mulheres, ido-
sos e pacientes psiquiátricos. A seguir, são descritas carac-
terísticas típicas da dor associada à isquemia miocárdica
(Tabela 2).

Tabela 2- Caracteristicas da dor precordial de origem isquêmica

- Dor em aperto, precordial ou retroesternal, com irradiação


para a mandíbula ou o membro superior esquerdo;

F1gura 2- Localização clinico da dor toracico de origem isquem1ca - Dor acompanhada de sudorese, palpitações e vômitos;

88
SÍNDROMES MIOCÁRDICAS ISOUÊMICAS INSTÁVEIS

querdo (BRE) prévio, síndrome de Wolff-Parkinson-White


- Dor desencadeada por esforço físico ou emoção;
e pancreatite.
- Duração prolongada (superior a 20 minutos no IAM); A seguir, estão representados o complexo QRS normal,
- Alívio com repouso ou nitrato. o supradesnivelamento do segmento ST e o infradesnivela-
mento do segmento (Figura 4- A, B e C).
Em algumas situações, a dor pode apresentar-se como
epigástrica, associada ou não à eructação e a sintomas gás-
tricos, e é clinicamente interpretada como dispepsia quan-
do, na verdade, representa quadro coronariano.
Deve-se considerar que a manifestação clínica de doen-
ça aterosclerótica prévia por acidentes vasculares cerebrais
ou doença arterial periférica aumenta a chance de evento
coronariano. Após caracterização da dor, exame físico e
análise do ECG, é possível classificar a condição de proba-
bilidade clínica de SCA conforme as características a seguir
(Tabela 3):

Tabela 3 · Probabilidade de SCA após a avaliação clinico e o ECG

Alta
- História de insuficiência coronariana;
Figura 4 - (A) Complexo QRS normal e. seu~,intervolos; (B) supro·
- Dor torácica ou no membro superior esquerdo semelhante a
desnivelamento de ST e (C) infrodesnivelamento de ST
crise prévia;
· Hipotensão; Nos casos em que é definido o diagnóstico de IAMSSST
ou IAMCSST, a conduta terapêutica está bem estabelecida.
- Congestão pulmonar;
No entanto, em casos duvidosos, são necessários exames
- Insuficiência mitral;
subsidiários que evidenciem a existência de isquemia mio-
-Alteração de ST transitória (2:0,05mV); cárdica, pois há o risco de perda do diagnóstico, expondo
- Elevação de enzimas troponina/CK·MB; o paciente ao risco de evolução para evento isquêmico
- Dispneia. grave.
A partir da história clínica, do exame físico e dos dados
Moderada
do ECG e dos exames laboratoriais, é possível definir a pro-
-Dor/pressão torácica ou no membro superior esquerdo; babilidade clínica de o evento de dor torácica estar relacio-
- Diabetes mellitus; nado a uma SCA. Nos casos de baixa probabilidade de SCA
- >70 anos; (ECG normal, quadro clínico atípico, sem alteração enzimáti-
ca), é possível avaliar o paciente de forma segura, conforme
- Doença vascular não cardíaca;
o algoritmo a seguir (Figura 5). Quanto aos pacientes que
-Ondas Q patológicas; não podem caminhar ou têm alteração eletrocardiográfica
-Alterações fixas no ECG (ST ou onda T); que não permita adequada avaliação do traçado, há a op-
- Enzimas normais ou discretamente elevadas; ção de avaliação por meio de ecocardiograma com estresse
farmacológico {dobutamina ou dipiridamol) ou cintilografia
-Sexo masculino.
miocárdica.
Baixa
- Dor reproduzida à compressão; ·~- - ' - __J _ _._
n • -' _1_ _..._ ~ ~ - - - ... .... ..-...r-lrTV
J~-----~~~-....----vr--,... TVTVTR
- Onda T retificada;
- ECG normal;
- Enzimas normais.

As alterações eletrocardiográficas na AI e no IAMSSST


podem variar da normalidade até a presença de isque-
mia miocárdica instalada . No entanto, algumas patolo- "-

gias podem simular essas alterações, determinando erro


lll r r r ' r r ' ·r r r ~ r ' r r
diagnóstico, como pericardite, aneurisma do ventrículo Figura 5 - ECG com inversão de onda T nos derivações precordiais
esquerdo, repolarização precoce, Bloqueio do Ramo Es- (AI/IAMSSST) ~-..u..:...""""-~o.. • ....:. • .-w.... :......t-..~

89
Média
- IAM prévio/insuficiência vascular periférica ou cerebrovascular;
- Revascularização prévia;
- Uso de ácido acetilsalicílico;
- Dor em repouso (>20 minutos) sem dor no momento;
Sem bloqueio do ramo esquerdo
Sem marca-passo -Dor em repouso (<20 minutos) que melhora com nitrato;
Sem sobrecarga do ventrículo esquerdo -Idade >70 anos;
Sem estenose aórtica
Sem arritmia -Ondas Q patológicas;
- Inversão de T >0,2mV;
- Enzimas normais ou pouco elevadas.
Baixa
- Dor com ECG normal/sem alteração;
- Enzimas normais.

A seguir, outra importante classificação da AI, analisan-


do a mortalidade associada (Tabela 5) :

Tabela 5 - Classificação clínica da ang1na (Braunwald)

M/81: cintilogrofio do miocórdio com sestamibi Classificação de Braunwald para Morte/infarto em


angina instável 1 ano(%)
Figuro 6- Avaliação de isquemia miacárdica para possível angina
- Classe 1: angina de esfor-
de baixo risco
ço de início recente ou
7,3
acelerada; sem angina ao
repouso;
C - Classificação
-Classe 11: angina de repou-
Pacientes que procuram atendimento médico por dor lntensidade
so no último mês, mas 10,3
precordial podem apresentar diferentes graus de instabili- não nas últimas 48 horas;
zação de uma placa aterosclerótica em diferentes porções - Classe 111: angina de re-
das artérias coronárias. Além disso, pode haver lesões co- pouso nas últimas 48 ho- 10,8
ronarianas únicas ou múltiplas. Essas variáveis conferem ras.
maior ou menor risco na evolução do paciente com SCA, o - A: desencadeada por con-
que vai determinar a intensidade do tratamento a ser ins- dições extracardíacas (se- 14
tituído. cundárias);
A AI pode ser classificada como de baixo, moderado ou Circunstân-
- B: na ausência de condi-
alto risco de evolução para IAMCSST, choque cardiogênico, tias 8,5
ções extracardíacas;
morte súbita e revascularização de emergência, confor- - C: até 2 semanas após in-
me descrito na Tabela 4. Há diversos marcadores clínicos 18,5
farto do miocárdio.
de gravidade, e, quando presentes, tais achados refletem
doença mais grave (lesões mais intensas, frequentemente Segundo tal classificação, são considerados pacientes
envolvendo porções proximais da artéria coronária esquer- de risco para eventos graves (morte e infarto) aqueles com
da, com outras lesões concomitantes e, muitas vezes, com angina de repouso nas últimas 48 horas, principalmente em
disfunção ventricular). se tratando de angina pós-infarto.
Outra forma de estratificação de risco, o TIMI Risk, foi
Tabela 4 - Classificação de risco de IAMSSST
desenvolvida por análise multivariada de um grande núme-
Alta ro de casos compilados em estudos multicêntricos, tendo
-Angina "em crescendo" nas últimas 48 horas; sido identificados os seguintes fatores de risco independen-
- Dor em repouso (>20 minutos); tes (a presença de zero, 1 ou 2 destes classifica o paciente
- Edema pulmonar ou congestão/galope com B3/hipotensão/so- em baixo risco, 3 ou 4 em moderado e 5 ou mais identificam
pro mitral novo ou piora/bradicardia ou taquicardia; os pacientes de alto risco em AI/IAMSSST) :
-Idade >75 anos; - Idade superior a 65 anos;
- Mais de 3 fatores de risco para doença coronariana
-Alteração de ST transitória (~0,05mV) ;
(diabetes, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia,
-Taquicardia ventricular sustentada;
tabagismo e história familiar);
-Elevação enzimática (troponina 1/T ou CK-MB) . - Doença aterosclerótica coronariana prévia;

90
SÍNDROMES MIOCÁRDICAS ISOUEMICAS INSTÁ VEIS

- Uso de Aspirina® nos últimos 7 dias; -Tratamento na unidade de emergência;


- Alteração de segmento ST (elevação transitória ou de- - ECGs seriados, sendo o 1º até 10 minutos após
pressão persistente); a admissão e repetido pelo menos 1 vez nas pri-
- Marcadores de isquemia miocárdica positivos; meiras 6 horas;
- Mais de 2 episódios de angina nas últimas 24 horas. Condutas - Colher CK-MB-troponina na admissão e pelo
menos mais 1 vez entre 6 e 9 horas da admis-
são- preferencialmente entre 9 e 12 horas do
início dos sintomas;
- Investigação inicial com teste não invasivo- TE.

Tabela 7- Caracterização da angina de médio risco e tratamento


De 70 a 75 anos, IAM prev1o, revascularização
História
miocárdica prévia, em uso de ácido acetilsalicílico
Duração >20 minutos; alívio espontâneo ou com
Dor
nitrato
ECG Inversão de onda T >2mm/ondas Q patológicas
Normais ou discretamente elevados, porém sem
Marcadores
curva típica de infarto
- Antiplaquetário oral (ácido acetilsalicílico + clo-
pidogrel);
- Heparinização plena com Heparina de Baixo
Figura 7- Artéria coronária com obstrução parcial por fratura e Peso Molecular (HBPM) ou Heparina Não Fra-
formação de tromba sobre placa mstável cionada (HNF);
- Nitrato, se dor persistir;
Há ainda outros marcadores, não necessariamente in- Conduta - Betabloqueador oral nas primeiras 24 horas;
- Antagonista de canal de cálcio, se houver con-
cluídos nessas escalas, que também indicam maior gravida-
traindicação ao betabloqueador;
de da doença:
- Investigação não invasiva com exames de ima-
-História:
gem (cintilografia miocárdica ou eco estresse).
• Idade >65 anos; Considerar exame invasivo com base no tipo da
• Diabetes mellitus; dor e nos fatores de risco do paciente.
• Angina pós-infarto;
• Angiografia prévia positiva para doença arterial co- Tabela 8 - Caracterização do angina de oito risco e tratamento
ronariana; História >75 anos ou diabetes
• Uso de ácido acetilsalicílico;
Duração >20 minutos em repouso; sintomas
• Presença de doença vascular periférica. nas últimas 48 horas: angina progressiva, con-
- Apresentação clínica: Dor
gestão, 83, sopro mitral e alteração da fre-
• Insuficiência cardíaca; quência cardíaca
• Hipotensão. lnfradesnivelamento do segmento ST >0,5mm/
- ECG com: alteração dinâmica de ST/bloqueio de ramo
ECG
• Elevação de ST >O,Smm; novo ou supostamente novo/taquicardia ven-
• lnfradesnivelamento de ST >0,3mm; tricular sustentada
• BRE; Positivos com curva típica de isquemia miocár-
Marcadores
• Marcadores cardíacos positivos (aumento de tropa- dica secundária a IAM
nina T ou I); - Ácido acetilsalicílico + clopidogrel - inibidor
• Presença de tromba coronariano na angiografia ca- de glicoproteína llb/llla:
rona ria na. · Tirofibana se tratamento clínico e abciximabe
se planejada angioplastia.
Seguem Tabelas com as características dos subtipos de - Heparina - heparinização plena com HBPM
risco da angina, associadas ao seu tratamento adequado: ou HNF;
- Avaliação invasiva com estudo hemodinâmi-
Tabela 6- Caracterização da AI de baixo risco e tratamento Conduta
co preferencialmente nas primeiras 48 horas;
Dor torácica não anginosa ou de possível origem - Estudo hemodinâmico imediato- indicações:
Dor · Emergência (até 6 horas): se isquemia per-
cardíaca
sistente ou instabilidade hemodinâmica ou
Duração <20 minutos
elétrica;
ECG Normal ou inalterado durante dor · Urgência (até 24 horas): isquemia recorren-
Marcadores Normais (troponina I e CK-MB) te ou extensa área em risco.

91
O IAMSSST, quando comparado à AI, já define condição
de maior risco, sem subtipos de classificação. .
·oc:
50

·~
20 Pico A: liberação precoce de mioglobina

D - Diagnóstico ~.!! Pico 8: troponina


~g 10 Pico C: CK-MB
"t:JC:
~o Pico 0: elevação de troponina com CK-MB normill
O diagnóstico da SCA é obtido com base nos dados de ou
'i:: o
QJC. 5
história, exames laboratoriais e análise do ECG, e a presença C.:J
,~

~""
de 2 desses 3 critérios define a síndrome. A dor torácica tí- QJO
.~"C
2
pica ocorre na região precordial, com característica de aper- ~;g
to ou compressão, irradiando-se para o membro superior ..
OGI
"t:Ji::!
~
o c.
1

esquerdo, o dorso ou a mandíbula. Pode ainda ser acom- .,


c.
::;
o
panhada de sudorese fria, náuseas e vômitos e ter início ao ~ o 1 2 3 4 5 6 7 8
Dias após lnlclo do IAM
repouso, com duração, em geral, >20 e <40 minutos. Pode
haver modificações eletrocardiográficas com mudanças do Figura 8 - Nível sérico de marcadores de necrose miocórdico e
segmento ST e da onda T, e dos marcadores cardíacos. tempo aJJ.ÓS iníciO dos sintomas
As enzimas cardíacas utilizadas para a definição de lesão
muscular miocárdica e seus respectivos comportamentos Na vigência de resultados normais dos marcadores car-
temporais em relação à injúria miocárdica (Figura 8) são: díacos, os pacientes com risco intermediário ou baixo po-
- CPK: sua elevação ocorre de 4 a 8 horas após o infarto dem ser submetidos a exames não invasivos para refinar
e se normaliza em 2 a 3 dias, com pico ao redor de 24 a estratificação de risco. São exames úteis, em unidade de
horas após o início do quadro. É sensível, mas muito dor torácica, o teste ergométrico (para pacientes de risco
pouco específica, podendo estar elevada entre porta- clínico baixo ou intermediário com enzimas normais), a cin-
dores de lesões musculares, intoxicação pelo álcool, tilografia miocárdica com esforço e o ecocardiograma com
diabetes mellitus, síndrome do desfiladeiro torácico e estresse farmacológico ou físico.
embolia pulmonar; Para a caracterização do IAMSSST, são necessários os se-
- CK-MB: uma das isoenzimas da CPK (além da CK-BB e guintes critérios: quadro clínico sugestivo com dor torácica
da CK-MM). A CK-MB é a isoenzima predominante no sustentada por mais de 20 minutos, ECG sem supradesnive-
coração, enquanto a BB está presente no cérebro e nos lamento de ST persistente e elevação de enzimas cardíacas
rins, e a MM, nos músculos. Pequenas quantidades de (troponina e/ou CK-MB com valores 2 vezes acima do nor-
CK-MB podem ser encontradas no intestino delgado, mal). A AI, geralmente, apresenta quadro clínico sugestivo
na língua, no útero e na próstata. Há 2 isoformas da com dor torácica sustentada por menos de 20 minutos, ECG
CK-MB: CK-MB-1 e CK-MB-2, esta última liberada mais
sem supradesnivelamento deSTe dosagem de enzimas car-
rapidamente no sangue após o infarto. Aproveitando-
díacas normal.
-se disso, autores têm proposto a dosagem de CK-MB-2
(ou a relação entre CK-MB-2 e CK-MB-1 no sangue)
E -Tratamento
como maneira de tornar mais sensível o exame. A CK-
-MB começa a elevar-se de 4 a 8 horas após o infarto, Na sala de emergência, o paciente com dor torácica
tem o pico com 24 horas e retorna aos níveis normais deve ser avaliado visando à rápida identificação da SCA e,
em 72 horas. Vale lembrar que outras formas de injúria definida a presença de AI/IAMSSST, mantido em repouso
miocárdica, que não a isquemia, podem elevar a CK- e com monitorização cardíaca, recebendo oxigênio, ácido
-MB, como miocardite, choque, cateterismo cardíaco, acetilsalicílico, nitrato e morfina para o controle da dor
operação cardíaca e trauma; (MONA). Betabloqueador deve ser adicionado pela via oral
- Mioglobina: é uma proteína do grupo heme, que se nas primeiras 24 horas, além de clopidogrel, para maior blo-
eleva mais precocemente (de 1 a 4 horas) do que a CK- queio da agregação plaquetária. Com o objetivo de estabi-
-MB. É muito pouco específica, porém extremamente lizar o tromba que se desenvolveu sobre a placa ateroscle-
sensível, sendo improvável a SCA quando seu resulta- rótica coronariana, todos os pacientes com AI ou IAMSSST
do é negativo após 4 horas do início da dor; devem receber anticoagulação plena com HNF ou HBPM,
- Troponinas: são as mais específicas para o coração; devendo-se dar preferência a esta (enoxaparina), pois há
apesar de existirem no tecido muscular, são codifica- maior redução do risco de morte, infarto e necessidade de
das por diferentes genes, tendo, portanto, diferentes revascularização de emergência.
sequências de aminoácidos. Não são detectadas no Antes da administração de tais medicações, deve-se es-
sangue em circunstâncias normais, elevam-se nele tar atento à presença de eventuais contra indicações: reação
dentro de 6 a 8 horas após o infarto, têm o pico com alérgica a salicilatos (usar clopidogrel), infarto do ventrículo
24 horas e podem persistir elevadas por 10 a 14 dias; direito (pode ocorrer hipotensão com nitrato) e, para o uso
não são úteis, portanto, para o diagnóstico de rein- de betabloqueadores, descartar bloqueios atrioventricula-
farto. Podem estar elevadas em insuficiência cardíaca res, broncoespasmo, hipotensão, insuficiência cardíaca des-
descompensada, embolia pulmonar e choque séptico. compensada ou bradicardia.

92
SÍNIJROMES MIOCÁRIJICAS ISOUÊMICAS INSTÁ VEIS

Quanto aos considerados de alto risco, podem ser as- Não usar em caso de PAS <90mmHg. Pode determinar
sociados os inibidores de glicoproteína llb/llla (tirofibana, liberação histaminérgica, causando náuseas, vômitos
abciximabe) como complemento à terapia antiagregante. e prurido;
Preferencialmente, esses pacientes devem ser encaminha- - lnibidores de glicoproteínas llb/llla: fazem parte des-
dos para cateterismo cardíaco dentro de 48 a 72 horas e sa classe o abciximabe, o eptifibatida e o tirofibana.
mantidos com o inibi dor de glicoproteína até 12 horas após Um deles deve ser utilizado conjuntamente com ácido
o procedimento. O clopidogrel é contraindicado em asso- acetilsalicílico, clopidogrel e heparina para todos com
ciação à Aspirina® a pacientes a serem submetidos a trata- AI de alto risco ou IAMSSST, associado à abordagem
mento cirúrgico. precoce com angioplastia (classe 1) . Quando esta não
é possível, o tirofibana e o eptifibatida são as drogas
F -Tratamento específico de escolha. O abciximabe só poderá ser oferecido se a
abordagem precoce com angioplastia for efetivamente
- Oxigênio: para todos com congestão pulmonar ou
realizada . O uso dessas drogas no IAMCSST é contro-
Sat0 2 abaixo de 90% (classe 1). Para todas as outras
verso, sem evidência de benefício até o momento;
formas de SCA, deve ser mantido por 6 horas do início
- Betabloqueador: uso inicial com metoprolol; está in-
do quadro (classe lia);
dicado na angina de moderado e alto risco e na vigên-
- Ácido acetilsalicílico: uso obrigatório na dose de 160 cia de dor precordial isquêmica, mas contraindicado
até 325mg, pois reduz a mortalidade e apresenta efei- aos pacientes com história de broncoespasmo, hipo-
to rápido antiagregante por bloqueio quase total da tensão, disfunção moderada a severa do ventrículo
síntese de antitromboxano A2. Em caso de alergia ao esquerdo, intervalo PR maior do que 0,24ms ou BAV
ácido acetilsalicílico, deve-se iniciar a antiagregação de 2º ou 3º graus e bradicardia abaixo de 60bpm. O
apenas com clopidogrel; betabloqueador intravenoso deve ser prescrito apenas
- Clopidogrel: dose de ataque de 300mg (4 comprimi- para o tratamento de situações específicas que não o
dos) a todos com AI ou IAMSSST em que o tratamento IAM/AI. Deve ser prescrito por via oral nas primeiras
clínico ou a abordagem precoce da lesão coronariana 24 horas da internação;
com angioplastia é planejada (classe 1). Caso haja a - Heparina: preferencialmente, HBPM (enoxaparina),
possibilidade de intervenção cirúrgica precoce de re- pois dispensa controle laboratorial e determina menor
vascularização miocárdica, o seu uso deve ser adiado incidência de plaquetopenia. A dose é de 2mg/kg/d
até a conclusão da indicação cirúrgica. Atuando por por pelo menos 48 horas. Pode-se utilizar a HNF por
bloqueio irreversível do receptor plaquetário de ADP, via intravenosa contínua, principalmente quando a
via diferente do ácido acetilsalicílico (bloqueio da ciclo- abordagem cirúrgica precoce é possível. No entanto, a
xigenase), sua associação a este não aumentou signifi- heparina fracionada é superior na proteção de reinfar-
cativamente o risco de sangramentos e reduziu o risco to e angina pós-IAM. Após a angioplastia, não há mais
de reinfarto e angina pós-infarto. Seu uso deve ser sus- indicação de manter heparinização plena. Recente-
penso de 5 a 7 dias antes da abordagem cirúrgica para mente para a AI/IAMSSST, a utilização do fondaparinux
revascularização do miocárdio, pelo risco elevado de ou da bivalirudina foi autorizada como alternativa ao
sangramento grave no pós-operatório. O ticagrelor ou uso da enoxaparina;
o prasugrel (outros novos antiagregantes plaquetários) - Estatinas: trata-se de terapia adjuvante, recomenda-
podem ser utilizados em substituição ao clopidogrel da se LDL acima de 100mg/dl em qualquer quadro de
para os casos de AI/IAMSSST em que o cateterismo SCA comprovada (AI, IAMSSST ou IAMCSST);
é utilizado de forma precoce no quadro agudo da in- - Jnibidor da Enzima Conversora de Angiotensina
suficiência coronariana. Após a colocação de stent, 1 (JECA): não deve ser utilizado tão precocemente quan-
dessas drogas deve ser mantida por até 1 ano após o to o ácido acetilsalicílico, mas também tem impacto na
procedimento; sobrevida dos pacientes com risco de evolução para
- Nitratos: proporcionam alívio da dor e melhora da dilatação ventricular. Quanto àqueles com IAMCSST
congestão e da hipertensão. Não devem ser adminis- e hipertensão arterial sistêmica, diabetes mel/itus,
trados antes do ECG, pois o IAM do ventrículo direito manutenção da hipertensão e sinais ou sintomas de
está presente em 30% dos casos de IAM de parede in- disfunção do ventrículo esquerdo, o uso tem indicação
ferior, não promovem redução da mortalidade e de- formal. Pode ser iniciado em doses baixas, com 6 a 24
vem ser evitados na hipotensão (Pressão Arterial Sistó- horas do evento, com rápida progressão da dose tera -
lica- PAS <90mmHg), bradicardia abaixo de 60bpm ou pêutica, de acordo com a tolerância do paciente;
em casos de uso de inibidores de fosfodiesterase para - Cateterismo: trata-se de um procedimento seguro
disfunção erétil há menos de 24 horas; (mortalidade de 0,1% e morbidade de 5%), indicado
- Morfina: promove melhora da congestão e da dor e a candidatos à revascularização por falha de controle
é indicada quando esta persiste mesmo após nitrato. clínico, já revascularizados, recidiva de sintomas instá-

93
veis ou pacientes com valvopatia que serão submeti- de ejeção abaixo de 40%, teste de isquemia miocárdi-
dos a correção cirúrgica. Na SCA, o exame deve ser fei- ca positivo ou sobreviventes de parada cardíaca súbita.
to quando a dosagem de troponina é positiva, quando Caso contrário, pode ser realizado mais tardiamente,
ocorrem alterações dinâmicas de ST, na Insuficiência como parte da estratificação/tratamento da doença
Cardíaca Congestiva {ICC}, presença de B3, EAP (Edema coronariana;
Agudo de Pulmão), novo sopro ou piora de insuficiên- - Controle glicêmico: na SCA, é aconselhável nas primei-
cia mitral, instabilidade hemodinâmica, revasculariza- ras 48 horas do início do quadro, porém não há, ainda,
ção prévia, angioplastia há menos de 6 meses, taqui- diretriz específica sobre o tema. Serve a orientação ge-
cardia ventricular sustentada, dor recorrente, fração ral de evitar/tratar hiperglicemias acima de 180mg/dl.

Dor torácica sugestiva de lsquemla I



Abordagem na sala de emergência:
- Checagem de sinais vitais/acesso IV/história e exame
Hslco sucintos;
• ECG em menos de 10 minutos da chegada;
· Revisão de critérios de exclusão de trombólise;
- Dosagem sérica de enzimas cardíacas, eletrólitos,
coagulograma;
- Raio x de tórax em menos de 30 minutos;
·Início de oxigênio (manter Sat >90%);
• Aspirina• 160 a 325mg;
· Nitroglicerina SL/spray/IV;
· Morfina, se não houver alívio da dor com nitrato.

I
+
ECG iniCial I

t + +
Supra-ST ou BRE
novo IAMCSST
J lnfra-ST ou inversão
dinâmica de ST
Normal ou mudanças não
diagnósticas do ST ou da onda T

.. ..
Angina instávei/IAMSSST

..
l lnociar betabloqueador/
clopidogrel/heparina
Iniciar nitroglicerina/
betabloqueador/
clopidogrel/heparina/
Sim
1--
Aparecem critérios de alto risco
ou risco intermediário OU
troponina elevada
inibidor de GP llb·llla

Tempo de inicio >12hom


!
Admitir em leito com
Não
t
Avaliar admissão na unidade de
dor torácica
dos sintomas = 12 monitorizaçao Fazer coleta seriada de enzimas
horas? Avaliar grau de risco


cardíacas

+ = 12 horas
Paciente de alto risco
Repetir ECG
Considerar teste de estresse
Agilizar a reperfusão
miocárdica
Tempo porta-balão <90
Dor isquêmica refratária
Alteração ST persistente/
Sim +
Surgem sinais de risco alto
recorrente
ou intermediário ou
minutos Instabilidade troponina+?
Tempo porta-agulha <30 hemodinãmica
minutos
IECA dentro de 24 horas
ICC
Continuar ácido
N3o
t
Na ausência de sinais de
Estatinas acetilsalicilico/heparina
isquemia ou infarto,
IECA
dispensar para
Estatinas
seguimento
Pacientes de risco
moderado/baixo:
encaminhar para avallaç3o
cardiológica

Figura 9- Tratamento de dar toracica sugestiva de isquemia

3.1AMCSST prolongada (>20 a 30 minutos). O diagnóstico é alcançado por


meio de história, exame físico e ECG, preenchendo os seguin-
A - Introdução tes critérios: elevação e queda gradual da troponina, elevação
e queda rápida da CK-MB, sintomas isquêmicos, aparecimento
Quando a ruptura da placa aterosclerótica da coronária de- de ondas Q no ECG, elevação de ST ~lmV em 2 derivações con-
termina a formação de trombo que a obstrui na sua máxima tíguas ao ECG ou intervenção em coronária com angioplastia
intensidade por tempo suficiente, ocorre o IAMCSST. A história que evolua com tais características. As alterações eletrocardio-
é semelhante à da AI, exceto pela duração da dor, que é mais gráficas evolutivas estão descritas na Figura 10.

94
SÍNDROMES MIOCÁRDICAS ISOUÊMICAS INSTÁ VEIS

A A localização da parede isquêmica pode ser feita por


meio da análise do ECG e permite estimar a artéria coroná-
Onda T al1a
ria acometida, conforme indica a Tabela 9.
D
Segmento Tabela 9 - Caracterização do IAMCSST e a relação parede-coro-
STelevado
FaH hlperegudll nária acometida
Onda T lnvwtld8 Localização da parede acometida no IAMCSST
Onda O
B com elevação <!:lmm em 2 derivações contíguas
FaH da evoluçio completa
OndaT alta Anterior D1, AVL, V3J artéria coronária descendente anterior
E lnferolateral D2, D3, AVF/artéria coronária circunflexa ou direita
Segmento
ST """'Ido Lateral D,, AVL/artéria coronária circunflexa
FaH ~~gudlllnlc&.J
Direito AVR; v, e V
2
, V30 e V4.Jartéria coronária direita
Onda O Posteroinferior AVF, V5 e V6 em espelho/artéria coronária direita
c FaM clcatrlclal
SeGmento
ST~

Onda T lnvel1lda

FaH ~~gudll tardia

Figora 1O- Padrão evolutivo do supradesnivelamento do segmen-


to 5T no IAM no ECG

Definida a condição clínica, o paciente deve ser levado


até a sala de emergência para receber oxigenoterapia, áci-
do acetilsalicílico, clopidogrel, nitrato e morfina (classe I) e,
após a estabilização, ser avaliado quanto à sua elegibilidade
para terapia trombolítica ou abertura mecânica da artéria
por angioplastia.

11• passo: dor precordial hâ mais de


minutos e menos de 12 horas?
151
Figura 12 - Artéria coronána com obstrução completa da sua luz
~ j_
por fratura e formação de tromba sobre a placa
Sim
I I Não

l ! J
l I
Contralndicada
Com a avaliação clínica inicial, é possível estratificar os
pacientes quanto à repercussão hemodinâmica do IAM e seu
I
21 passo: ECG com supra·ST ou novo
bloqueio do ramo esquerdo? trombóllse prognóstico, utilizando-se a classificação clínica de Killip-Kim-
j_ ball (Tabela 10). Outra forma de estratificação é a avaliação
+
Sim j l Não
i hemodinâmica invasiva, por meio do cateter de Swan-Ganz,
utilizando-se a classificação de Forrester (Tabela 11).
!
Contra indicações para fibrinólise? Esta poderá ser Tabela 10- Classificação clínica (Ki//ip-Kimba/1) do IAMCSST
contralndlcada em caso de qualquer resposta
positiva •
• PA sistólica >180mm Hg?
GUiWJ Clínica
- PA diastólica >llOmmHg? Sem B3 ou crepitações pulmonares
- Diferença de PA sistólica de membros superiores
direito e esqul!rdo >lSmm Hg? Estertores até 50% dos campos pulmonares, com ou
11
- Trauma ou cirurgia de grande porte (inclusive sem B3
drurgia ocular a laser) ou sangramento digestivo
ou urinário? 111 Estertores >50% dos campos pulmonares (EAP)
-Alteração da coagulação?
. PCR >lO minutos? IV Choque cardiogênico
- G·estaç.3o ?
-Doença sistémica grave (câncer avançado ou
lt!fmina l. lnsuflcl~nda hepática ou renal grave?) Tabela 11 - Classificação hemodinâmtca (Forrester) do IAMCSST
por meio de Swan-Ganz
31 passo: a paciente é de alta risca para
trombólls.e ? Em c:asa de resposta positiva,
considerar transporte/transferência para
lhfi141 Perfis hemodinâmicos
angiografia coronarlana . Normal
- FC >lOObpm e PA sistólica <lOOmmHg? Pressão de Oclusão da Artéria Pulmonar (POAP)
· Edema pulmonar?
- Sinais de choque? <18mmHg e Índice Cardíaco (IC) >2,2L/min/m 2
- Cantra indicações de trambó lise?
Congestão pulmonar
11
Figura 11 - Checklist para avaliação do risco de trombólíse POAP >18mmHg e IC >2,2L/min/m 2

95
hUH4i Perfis hemodinâmicos Ácido acetilsalicílico
(redução de mortalidade- 23%; quando associado à
Má perfusão tecidual
11 1 estreptoquinase, redução de 43% na mortalidade)
POAP <18mmHg e IC <2,2L/min/m'
Má perfusão tecidual e congestão Ácido acetilsalicílico, de 160 a 325mg VO, no mo-
IV Classe I
POAP >18mmHg e IC <2,2L/min/m' mento do diagnóstico; mantido indefinidamente
Na alergia verdadeira ao ácido acetilsalicílico, subs-
Classe llb
B - Tratamento tituição por clopidogrel
Nitroglicerina
O tratamento do IAM deve ser iniciado, de preferência,
- IAM e ICC, IAM anterior extenso, isquemia ou hi-
já no transporte do paciente ao hospital. Fazem parte do
pertensão persistente por 24 a 48 horas;
tratamento de 1ª linha oxigênio, ácido acetilsalicílico, nitro- Classe I
- Congestão/isquemia persistente/recorrente >48
glicerina, betabloqueador e trombólise farmacológica ou
horas.
abertura mecânica da artéria por angiografia coronariana
com stent. Quando este é utilizado, pode-se lançar mão de - IAM sem hipotensão, bradicardia ou taquicardia
Classe llb >24 a 48 horas;
outros antiagregantes plaquetários antes do procedimento,
além do ácido acetilsalicílico, como o ticagrelor ou o prasu- - IAM complicado ou anterior extenso >48 horas.
grel. Este último é contraindicado a pacientes que tiveram Hipotensão (PAS <90mmHg) e bradicardia
Classe 111
evento cerebrovascular isquêmico no passado. Além desses (<50bpm)
antiagregantes plaquetários, o uso de tirofibana, abciximabe Betabloqueador (metoprolol/carvedilol)
ou eptifibatida para o procedimento angiográfico pode ser Início por via oral nas primeiras 24 horas a pa-
associado aos pacientes que recebem HNF antes do procedi- cientes sem sinais de insuficiência cardíaca, baixo
mento angiográfico. débito, risco aumentado para choque cardiogêni-
A utilização de HNF aos pacientes com IAMCSST está indi- co ou outras contraindicações para betabloque-
cada quando a terapia de reperfusão utilizada é a angiografia Classe I adores (pacientes com contraindicação ao uso
com stent e deve ser iniciada antes do procedimento. A bi- precoce do betabloqueador devem ser reavalia-
dos quanto à indicação para prevenção secundá-
valirudina também pode ser iniciada neste momento. A an-
ria após estabilização. Deve ser mantido durante
ticoagulação deve ser mantida por ao menos 48 horas após toda a internação e após a alta)
a trombólise e preferencialmente durante toda a internação
Pacientes hipertensos sem sinais de insuficiência
até o Bº dia. Quando a HNF é utilizada, o tempo de trombo-
cardíaca, baixo débito, risco aumentado para cho-
plastina parcial ativada deve ser mantido no valor de 1,5 a Classe lia
que cardiogênico ou outras contraindicações para
2 vezes o valor normal. Vale lembrar que o fondaparinux e betabloqueadores; uso possível pela via intravenosa
a enoxaparina podem ser utilizados em substituição à HNF.
Betabloqueador intravenoso para pacientes com
Nos centros onde a angiografia não é disponível ou o insuficiência cardíaca, baixo débito, risco aumen-
tempo de realização do exame é maior do que 120 minutos, tado para choque cardiogênico ou outras contra in-
Classe 111
deve-se realizar a trombólise farmacológica. dicações para betabloqueadores (asma, hiper-rea-
Outras drogas são utilizadas em situações especiais, tividade de vias aéreas, PR >0,24ms, BAV de 2º ou
conforme mostram as Tabelas a seguir. O nível de recomen- de 3º grau)
dação da atitude terapêutica também está relacionado (Ta- Estatinas
bela 12). Todos os pacientes com IAMCSST sem contra indicação ao uso de
atorvastatina, 80mg/d
Tabela 12 - Níveis de recomendação para medidas terapêuticas
IECA
Classe I Nível de benefício comprovado por estudos clínicos
Todos os pacientes com IAM anterior e disfunção ventricular
Nível de benefício provável demonstrado em estu-
Classe lia com fração de ejeção <40% (pode ser oferecido aos demais pa-
dos clínicos
cientes; bloqueador do receptor de angiotensina pode ser subs-
Nível de benefício possível demonstrado em estu- tituto aos intolerantes a IECA)
Classe llb
dos clínicos
Trombólise (redução de mortalidade de 18%)
Classe 111 Malefício comprovado com medida clínica Maior benefício: tempo <3 horas, IAM anterior, DM, PAS
<lOOmmHg
Tabela 13 - Drogas indicadas a situações especiais
Menor benefício: IAM inferior (exceto com IAM do ven-
Oxigênio trículo direito)
Classe I Congestão pulmonar/SatO, <90% - Supra-ST >0,1mV em 2 derivações contíguas, há
Todos os doentes com IAM não complicado (2 a 3 Classe I <12 horas e idade <75 anos;
Classe lia
primeiras horas) - BRE e história compatível com IAM.
Todos os doentes com IAM não complicado (3 a 6 Supra-ST >0,1mV em 2 derivações contíguas, há
Classe llb Classe lia
primeiras horas) <12 horas, e idade >75 anos

96
SÍNDROMES MIOCÁRDICAS ISOUÊMICAS INSTÁ VEIS

Trombólise (redução de mortalidade de 18%)


Maior benefício: tempo <3 horas, IAM anterior, DM, PAS
<lOOmmHg
Menor benefício: IAM inferior (exceto com IAM do ven-
"'
-~ 50
trículo direito) - Troponina sem reperfusilo
'2!
- Supra-ST >0,1mV em 2 derivações contíguas, há ~ 20 - Troponina com reperfusilo

>12 horas, e <24 horas; CK-MB sem reperfusilo


~ 10
Classe llb :s - CK-MB com reperfusilo
- PAS >180mmHg e/ou PAD >llOmmHg com IAM :g. 5
de alto risco após controle pressórico. ::;
::!; 2
- Supra-ST há >24 horas, sem dor do tipo isquêmica; Limite superior
Classe 111 da referência =
- lnfra-ST, apenas. percentil 99 do
o 2 3 4 5 6 7 8 grupo controle
Independente de qual trombolítico é utilizado, seu em- Dias após o infcio do IAMCSST

prego é fundamental para a melhora da sobrevida, assim


como prevenção da disfunção ventricular em longo prazo.
O tempo hábil de trombólise é de até 12 horas, com maior
benefício quando no início desse período. A droga mais utili- A angioplastia primária é potencialmente superior à te-
zada é a estreptoquinase, na dose de l.SOO.OOOU em 30 mi- rapia trombolítica na restauração da patência miocárdica.
nutos (Tabela 14). A existência de qualquer contraindicação Os pacientes apresentam menor isquemia recorrente e me-
absoluta para trombólise exclui essa terapia ao paciente. A nores taxas de reintervenção e reinternação hospitalar em
associação do clopidogrel ao ácido acetilsalicílico é mandatá- relação ao uso de trombolíticos. No entanto, a maior crítica
ria quando a terapêutica de trombólise é a escolha. a tal procedimento são as dificuldades em obtê-lo e a ne-
cessidade de operadores experientes.
Tabela 14 Trombolíticos disponíveis e resultoao de potência ar- O tempo porta-balão não deve exceder 120 minutos, e o
terial {TIMI 2 ou 3) após 90 m1nutos da mfusão
tempo porta-agulha, para aqueles que serão submetidos à
Antigenici- fibrinólise, deve idealmente ser de, no máximo, 30 minutos.
Fibrinolíticos Patência da artéria (%)
dade A cirurgia cardíaca na fase aguda é reservada para si-
Estreptoquinase Sim 60 a 68 tuações como complicações na angioplastia, complicações
Reteplase (rt-PA) Não 84 mecânicas, dor persistente e/ou pacientes instáveis hemo-
Tenecteplase dinamicamente e com coronárias suscetíveis de sofrerem
Não 85
(TNK-t-PA) revascularização.
Alteplase (t-PA) Não 73 a 84
~~--- --]

Caso haja contra indicações relativas ao uso do trombolíti- Alternativa à trombólise, em centros capacitados,
co, a decisão de aplicar a droga deve ser definida caso a caso. com capacidade cirúrgica e pessoal treinado, IAM
Os efeitos colaterais mais frequentes são hipotensão ar- Classe I em evolução até 36 horas, que desenvolve choque
terial, reação alérgica cutânea e choque anafilático. A hipo- cardiogênico, idade <75 anos; realizada até 18 horas
tensão é tratada com diminuição do volume e da velocidade após o início do choque
de infusão da droga. As outras complicações determinam a Classe lia Candidatos a reperfusão com contra indicação à
suspensão da droga e o tratamento angiográfico de resgate, trombólise
se disponível. A heparinização posterior não é necessária Classe llb IAM sem supra com TIMI <2 (critério angiográfico de
após o uso de estreptoquinase. Apesar de estudos demons- baixo fluxo) <12 horas do início do IAM
trarem benefício no seu uso associado à trombólise, ainda - Angioplastia de artéria não relacionada a infarto;
não representam consenso.
-Início de sintomas >12 horas e ausência de sintomas;
Outro trombolítico utilizado é o rt-PA, cujo efeito trombo-
lítico permanece por 2 a 3 horas, sendo necessária a hepari- Classe 111 -Após trombólise sem evidências de isquemia;
nização por 24 horas. Na vigência de complicações hemor- - Baixa capacidade do hospital em realizar o proce-
rágicas após a trombólise, a estabilização do sangramento dimento.
pode ser obtida com plasma fresco e crioprecipitado.
Tabela 16 - Revoscularizoção miocárdica de urgência/emergencto
Podem ser observados alguns sinais indiretos de reper-
- Angioplastia sem sucesso com dor ou instabilidade
fusão coronariana: arritmias de reperfusão (ritmo idioven-
hemodinâmica e anatomia favorável;
tricular e extrassístoles ventriculares), melhora da dor, re-
dução do supra em mais de 50% da sua intensidade após 90 - IAM + isquemia refratária/persistente em não can-
Ciasse I didatos à manipulação angiográfica com anatomia
minutos do início da trombólise e pico precoce de enzimas
favorável;
cardíacas (Figura 13). O critério mais importante e que deve
ser considerado para indicação de angioplastia de resgate é -Cirurgia concomitante para correção de defeito sep-
tal/insuficiência mitral pós-IAM.
a redução do supradesnivelamento do segmento ST.

97
Classe lia Choque cardiogênico com anatomia favorável gestão pulmonar. O tratamento dessa hipotensão é a repo-
Classe llb Angioplastia sem sucesso em área pequena de infarto
sição volêmica agressiva. Uma falha comum quando ta liAM
não é reconhecido é a administração de venodilatadores
Classe Taxa de mortalidade cirúrgica ~mortalidade do trata-
111 (nitroglicerina, morfina), determinando choque intenso por
mento clínico
perda da pré-carga do ventrículo direito. O ecocardiograma
Tabela 17 - /ECA <24 horas da IAM pode identificar a discinesia ou acinesia do mesmo ventrí-
IAM anterior ou ICC com PAS>100mmHg e sem con- culo, auxiliando no diagnóstico tardio.
Classe I
traindicação conhecida
Todos os outros IAMs sem hipotensão ou outra con-
Classe lia
tra indicação conhecida DI
••
Pós-IAM com ventrículo esquerdo normal ou disfun-
Ciasse llb
ção leve

C- IAM do ventrículo direito


No IAM da parede inferior, deve-se dar atenção ao infar-
to do ventrículo direito, que ocorre em até 30% dos infartos
inferiores. Tal entidade clínica pode ser reconhecida ao ECG
nas derivações direitas (V3R e V4R) até cerca de 3 horas do
início do infarto. Após esse período, o supradesnivelamento
de ST comumente desaparece, e o IAM do ventrículo direito Figuro 14 - IAM ·tjo ventriculo'direito.com suprodesnivelamento
é comumente identificado quando o paciente desenvolve em Vl que corresporÍde a V3R; cisupro isolado de Vl associado o
choque até 12 horas do início do infarto inferior, sem con- infarto inÍerior suger~-~ infarto do ~é~t;i~i~ dir~;t~-~:_· - -~~.;.:®11

4. Resumo
Quadro-resumo

-Mastigação de 300mg de ácido acetilsalicílico (de 160 a 32Smg);


- Monitorização cardíaca e oximetria, acesso venoso e oxigenoterapia (indispensável se Sat0 2 <90%);
-Obtenção de ECG de 12 derivações com menos de 10 minutos da chegada;
- Radiografia de tórax;
- Clopidogrel, 300mg, dose de ataque (atenção à possibilidade de procedimento cirúrgico de urgência);
-Glicemia capilar e exames (eletrólitos, hemograma e enzimas cardíacas de base- CK e CK-MB);
-Enzimas cardíacas a cada 6 horas (CK, CK-MB e troponinas).

- Anticoagulação para casos de AI/IAM com suprarreperfusão coronariana a casos de IAM com supra:
• Angioplastia primária (se disponível, em até 90 minutos);
· Trombólise: estreptoquinase, rt-PA ou TNK em até 30 minutos;
· Betabloqueador: se não há contraindicação (PAS <90mmHg, BAV de 22 ou 32 grau ou história de broncoespasmo, doença pulmonar
obstrutiva crônica);
• Nitrato: controle da dor e da hipertensão;
• Morfina: controle da dor.

-Alívio dos sintomas (melhora da dor);


- Equilíbrios hemodinâmico e elétrico (ausência de arritmias);
-Diminuição de 50% do supra-ST (cerca de 60 a 90 minutos após o início da trombólise) .

- Persistência de sintomas de isquemia;


-Instabilidade hemodinâmica ou elétrica ;
-Ausência de redução do supra-ST;
- Conduta : angioplastia de resgate.

98
CAPÍTULO 9
CARO I OGI

Parada cardiorrespiratória
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

tintroduçao · A ênfase no fornecimento de compressões torácicas


de alta qualidade continua a ser essencial: os socor-
Nenhuma situação clínica supera a prioridade de aten- ristas devem comprimir o tórax sobre uma superfície
dimento da parada cardiorrespiratória (PCR). A rapidez e a rígida, determinando depressão de Sem no esterno, à
eficácia das intervenções adotadas são cruciais para o bom frequência mínima de 100 compressões por minuto,
resultado do atendimento. Dados obtidos pelo DATASUS permitindo o retorno do tórax à posição de repouso;
apontam que 35% das mortes no Brasil são por causas cardio- · Os resgatistas treinados devem fornecer ventilação as-
vasculares, que perfazem 300.000 casos anuais. Nos Estados sistida na relação de 2 ventilações intercaladas com 30
Unidos, estima-se que 250.000 mortes súbitas por ano ocor- compressões torácicas;
ram por causa coronariana. A PCR é desencadeada, na sua · Para os socorristas leigos, o serviço de emergência
deve fornecer apenas instruções de compressões torá-
grande maioria, por fibrilação ventricular associada a evento
cicas quando o auxílio é telefônico.
isquêmico miocárdico ou a distúrbio elétrico primário.
O sucesso na ressuscitação cardiopulmonar depende da
rapidez com que se ativa a nova cadeia de sobrevida (Figura 2. Manobras de suporte básico de vida
1), que consiste em acesso rápido ao sistema de emergên- O suporte básico de vida visa ao reconhecimento e ao
cia, ressuscitação cardiopulmonar, desfibrilação precoce, atendimento de situações de emergência, como obstrução
suporte avançado de vida eficaz e cuidados pós-PCR. aguda de via aérea, infarto agudo do miocárdio, acidente
vascular cerebral e PCR. A abordagem inicial por meio des-
sas manobras visa instituir as condições mínimas neces-
sárias para manutenção ou recuperação da oxigenação e
perfusão cerebral, já que é a viabilidade neurológica que
define, em grande parte, o prognóstico da vítima de PCR.
F1gura 1 - Cadela da sobrevido Disso depende o respeito às prioridades da abordagem ini-
cial: ABC (Airway/Breathing/Cardiovascular).
Em 2010, foi publicado o novo consenso da American A seguir, enumeram-se e discutem-se os passos que
Heart Association, que determinou algumas mudanças sig- constituem o suporte básico de vida.
nificativas, descritas a seguir:
A reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser iniciada A- Avaliar o nível de consciência (responsividade)
imediatamente se a vítima não responde e não respira. A vítima de um evento agudo precisa ser abordada rapi-
A avaliação do pulso não é mais recomendada; a RCP damente. A checagem do nível de consciência fornece, em
deve ser iniciada imediatamente com as compressões pouco tempo, informações valiosas. Se o paciente responde
torácicas, em vez da abertura das vias aéreas, além da ao chamado, mesmo que a resposta seja incompreensível,
respiração artificial; todos os socorristas, treinados ou isso demonstra fluxo sanguíneo cerebral suficiente para
não, devem fornecer as compressões torácicas às víti- manter alguma atividade do Sistema Nervoso Central (SNC),
mas de parada cardíaca; ou seja, a situação se afasta da condição de PCR (Figura 2).

99
A checagem do nível de consciência deve ser feita por O DEA é um aparelho eletrônico portátil que desenca-
meio do chamado verbal e do contato físico com a vítima. Se deia um choque elétrico com corrente contínua sobre o
não há resposta, assume-se que a função do SNC está pre- tórax da vítima, organizando o ritmo elétrico do coração,
judicada, por exemplo, por hipóxia (como na parada respi- quando necessário. Tal aparelho deve estar facilmente dis-
ratória) ou baixo fluxo sanguíneo cerebral (como no choque ponível nos ambientes de alto risco de evento cardiovascu-
hipovolêmico). A ausência de resposta da vítima demonstra lar, como áreas hospitalares, aeroportos ou áreas de grande
maior probabilidade de condição crítica como a PCR. aglomeração de pessoas, pois o tempo de chegada até o
paciente determina a sua sobrevida.
A necessidade do chamado precoce de ajuda e do des-
fibrilador justifica-se pelo fato de que cerca de 80% dos
eventos de PCR extra-hospitalares são desencadeados por
2 formas de arritmias letais: a Fibrilação Ventricular (FV) e a
Taquicardia Ventricular (TV). Tais ritmos estão presentes no
início da maioria dos casos e apresentam bom índice deres-
posta à desfibrilação quando tratados em tempo hábil. No
entanto, evoluem rapidamente para assistolia ou tornam-se
progressivamente refratários ao choque se tratados tardia-
mente.

p r ftim o
Em quaisquer das 2 condições (consciente ou incons- A posição correta durante o atendimento é o decúbi-
ciente), o passo seguinte deve ser o desencadeamento do to dorsal horizontal sobre superfície rígida, em virtude da
sistema de emergência, chamando por ajuda e pelo Desfi- possibilidade de massagem cardíaca. Durante o posiciona-
brilador Externo Automático (DEA). Essa orientação não é mento, deve-se lembrar da necessidade de manter a coluna
válida para atendimento de afogados e vítimas de obstru- cervical sempre alinhada com o restante do tronco durante
ção testemunhada da via aérea, em que o resgatista deve a mobilização. A suspeita da lesão cervical deve ser sempre
aplicar 2 minutos de RCP antes de acionar o serviço de lembrada quando a perda de consciência da vítima não foi
emergência (recomendação llb). presenciada ou quando a há trauma de crânio ou cervical
durante a queda.
B - Chamar por ajuda, p dlndo o desfibrllador
uto · ic
O chamado de emergência constitui passo crucial no
O posicionamento correto do resgatista é colocar-se
atendimento, pois não se pode definir de imediato o que
à linha dos ombros do paciente, não importando o lado
aconteceu com a vítima. O evento pode ter sido desencadea-
(direito ou esquerdo). Essa posição permite acesso rá-
do por uma simples hipoglicemia até uma situação de extre-
pido ao seguimento cefálico (via aérea) e ao tronco do
ma gravidade, como a PCR. Nessa situação, o suporte básico
indivíduo (massagem cardíaca). Em caso de 2 socorristas,
de vida é fundamental para manter as condições mínimas de
ambos devem posicionar-se, um de cada lado, à linha dos
perfusão e oxigenação tecidual cerebrais e miocárdicas. No
ombros.
entanto, a medida principal que permite a reversão da PCR é
o acesso rápido ao desfibrilador elétrico (Figura 3).
E - Abrir as vias aéreas
.. r Ira
Na avaliação da respiração recomendada anteriormen-
te, era dedicado tempo muito longo ao processo de abertu-
ra das vias aéreas e da avaliação da presença de ventilação
espontânea (ver, ouvir, sentir), o que retardava o início da
RCP. A recomendação atual orienta que, após a abertura
das vias aéreas, deve ser realizada avaliação rápida e objeti-
va, por meio apenas de observação direta do paciente, para
definir a ausência de movimentos respiratórios (Figura 4). A
presença de gasping não caracteriza ventilação espontânea
e deve ser interpretada como ritmo respiratório indicativo
Figura 3 - Chamado de emergência e pedido de desftbrilador de PCR.

100
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

A avaliação do pulso não é mais recomendada para lei- Figura 5 - Localização do ponto de compressão torácica

gos, bastando a definição de perda de consciência e ausên-


cia de respiração para definir a situação de PCR no ambien-
te extra-hospitalar. Para profissionais de saúde, a pesquisa
de pulso ainda é obrigatória por até 10 segundos. Definida
a ausência, deve-se iniciar a RCP imediatamente.

ni lo lmon
Nas novas recomendações, indica-se que a massagem
cardíaca seja iniciada antes das ventilações, após o re-
conhecimento da PCR (C-A-B, em vez de A-B-C, como era
orientado).
Definida a PCR (paciente apneico e inconsciente), são
iniciadas imediatamente as manobras de RCP, por meio das
compressões torácicas alternadas com as ventilações assis-
tidas: aplica-se a sequência de 30 compressões torácicas
para 2 ventilações assistidas, iniciando-se com as compres-
sões. Após a compressão, deve-se permitir o retorno do
tórax à posição normal. As compressões só devem ser inter-
rompidas na chegada do DEA, da equipe de suporte avan-
çado, ou quando são detectados movimentos espontâneos
da vítima . Para o leigo, quando não habilitado, orienta-se
aplicar apenas as compressões torácicas, não sendo neces-
sárias as ventilações assistidas. Para os profissionais da saú-
de, a aplicação da ventilação assistida ainda é necessária.
Quando a aplicação da abertura da via aérea ou da ventila- R
ção assistida não é possível, devem-se aplicar somente as Sabe-se que o ritmo mais frequente presente nos pri-
compressões torácicas .
meiros minutos da PCR extra-hospitalar é a FV. Quanto mais
A localização correta do ponto de compressão torácica
precoce a desfibrilação, melhores os resultados na sobrevi-
é muito importante para a boa eficiência da massagem car-
da. Estudos demonstram que a desfibrilação precoce, quan-
díaca. O ponto de compressão torácica localiza-se na meta-
do empregada nos 3 a 4 primeiros minutos da PCR, deter-
de inferior do esterno (o centro do tórax- Figura 5). Nesse
mina a reversão do evento em até 75% dos casos. Portanto,
ponto, coloca-se a região hipotênar da mão do braço mais
a colocação das pás do desfibrilador sobre a vítima deve ser
forte, que servirá de base para a compressão cardíaca. A
realizada assim que o aparelho está disponível, interrom-
outra mão deve ser colocada paralelamente sobre a primei-
ra, mantendo os cotovelos estendidos. A compressão deve pendo as manobras de RCP para identificar o ritmo elétrico
ser aplicada de forma rápida e forte, causando depressão da PCR.
de Sem no tórax, formando um ângulo de 90° com o plano O desfibrilador automático/semiautomático (Figura 7)
horizontal (Figura 6). possui um programa que lhe permite identificar e reconhe-
A frequência de compressões torácicas deve manter o cer os ritmos de FV e TV, indicando, então, o choque. Se o
objetivo de, ao menos, 100 compressões ou mais por mi- ritmo presente não for uma TV ou FV, o aparelho não indi-
nuto. cará o choque, cabendo ao resgatista manter a massagem

101
cardíaca e as ventilações até a chegada do suporte avan- ou TV). Quando a desfibrilação é feita nessa fase sem a
çado, mantendo ciclos de 2 ventilações e 30 compressões aplicação prévia de RCP para reperfusão miocárdica, há
torácicas, até que o DEA indique a necessidade de checar maior incidência de reversão do ritmo inicial para ritmo
pulso. elétrico não associado a pulso central (atividade elétri-
ca sem pulso ou assistolia). Para aumentar a chance de
sucesso do choque nesse momento, recomenda-se a
aplicação de RCP por 2 minutos antes da desfibrilação
nas vítimas que não receberam RCP até o 5º minuto da
PCR. Trata-se de uma tentativa de melhorar a resposta
do miocárdio não perfundido ao choque (recomendação
llb). Às vítimas que receberam RCP antes do 5º minuto
da PCR, a desfibrilação imediata é indicada assim que a
FV/TV sem pulso é identificada.
3- Metabólica: é a fase de evolução final do sofrimento
celular, em que a viabilidade miocárdica é terminal. Predo-
mina a acidose metabólica láctica.
Com a aplicação do suporte básico de vida, pode-se re-
tardar o tempo de instalação e evolução dessas fases.

Figuro 7 - DEA

Quando indicado, o choque inicial é de 360J (monofási-


co) ou de 150 a 200J (na energia equivalente nos aparelhos
bifásicos). O choque bifásico é preferível em relação ao mo-
nofásico para a reversão da PCR em FV. No momento do
choque, o socorrista deve certificar-se de que ninguém está
em contato com a vítima.
Em vítimas atendidas após 4 a 5 minutos do evento e Acione o Pegue o
que não receberam suporte básico de vida e apresentam serviço de emergência desfibrilador
FV ou TV sem pulso, é aceitável a aplicação de 2 minutos de
RCP antes da aplicação da desfibrilação.
Imediatamente, após o choque, retoma-se a RCP por 2
minutos, quando o aparelho reavalia a necessidade de novo
choque. Se indicado, é aplicado na mesma energia empre-
gada, seguido de mais 2 minutos de RCP e assim por diante,
até que o sistema de emergência se encarregue do atendi- ra Inicie a
~
mento ou ocorra mudança do ritmo. Quando esta ocorre,
o aparelho não indica o choque, quando se deve checar o -
o
E
o
u
RCP

pulso. Em caso de pulso presente, há reversão da PCR, e ra


deve-se manter suporte ventilatório até a chegada do sis- E
·;:
tema de emergência, checando o pulso a cada 2 minutos; a.
E
se ausente, as manobras de RCP devem ser mantidas por o
u Verifique o ritmo/choque caso indicado
mais 2 minutos até uma nova checagem de ritmo pelo des- Repita a cada 2 minutos
fibrilador.
A PCR pode ser descrita em 3 fases distintas:
1- Elétrica: é o início da PCR, quando a reversão da de- Comprima com rapidez
sorganização elétrica determina o Retorno da Circulação Figura 8 - Suporte básico de vida para adultos
Espontânea (RCE) e não houve, ainda, grande comprome-
timento metabólico miocárdico e sistêmico. Tal fase se es-
tende até o 4º ou 5º minuto da PCR. A desfibrilação é o 3. Manobras de suporte avançado de
tratamento prioritário.
2- Hemodinâmica: já ocorre comprometimento me-
vida
tabólico intenso do miocárdio, que se apresenta debili- Deve-se esclarecer que, por mais avançados que sejam
tado em manter a atividade elétrica inicial da PCR (FV os recursos disponíveis para o atendimento da PCR, o su-

102
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

porte básico de vida é fundamental à manutenção da per- te para, posteriormente, aplicar a desfibrilação. Isso por-
fusão e da oxigenação cerebral e coronariana. que é grande a chance de evolução da FV/TV sem pulso
O suporte avançado de vida implica a presença de pro- para assistolia ou atividade elétrica sem pulso, e esse risco
fissional habilitado para a realização de procedimentos de é significativamente reduzido quando se aplica um perí-
risco, como a abordagem invasiva de via aérea, a aplicação odo de RCP prévio ao choque, aumentando a chance de
de desfibrilação e o uso de medicações. Em nosso meio, tais reversão da FV/TV sem pulso para ritmo organizado com
procedimentos só podem ser realizados por médico habili- pulso. Imediatamente após o choque, mais 2 minutos de
tado. RCP devem ser aplicados. Após tal período, avalia-se no-
No suporte avançado, a identificação do ritmo cardíaco vamente o ritmo, aplicando-se o choque se necessário e
é feita pelas pás do monitor cardíaco, com o objetivo de assim por diante.
poupar tempo durante o atendimento, permitindo a rápida A segurança durante a desfibrilação é de responsabi-
desfibrilação, caso seja indicada . Por meio da identificação lidade de quem manipula o aparelho. Durante a adminis-
do ritmo cardíaco pelas pás, pode-se dividir a PCR em 2 tração dos choques, alguns cuidados devem ser adotados,
modalidades: ritmo de FV/TV sem pulso (ritmo que merece como o correto posicionamento das pás, a aplicação de
choque imediato) ou em ritmo de assistolia/atividade elé- força sobre elas e a utilização de gel condutor. Tais medi-
trica sem pulso (ritmo que não merece ser chocado). das contribuem para maior taxa de sucesso na desfibrila-
ção (Figura 11).
p
As formas mais frequentes de atividades elétricas ini-
ciais na PCR extra-hospitalar são a FV (Figura 9) e a TV sem
A
pulso (Figura 10), em cerca de 80% dos casos. São as formas
de melhor prognóstico para reversão, desde que tratadas
adequadamente e em tempo hábil.

Figura 9- FV
B

F1gura 10- 7V sem pulsa

A FV caracteriza-se por uma atividade elétrica caótica


e desorganizada do coração, com ritmo incapaz de gerar Figura 11 - (A) Posicionamento correto das pás: a corrente per-
contração cardíaca eficiente, daí a ausência de pulso cen- corre maior massa de miocárdio possível; e {B) posição errada:
tral nesse ritmo elétrico. A TV difere da FV por tratar-se corte transversal
de ritmo elétrico organizado, caracterizado por complexos
QRS alargados (~0,12ms), idênticos entre si, com frequência No suporte avançado de vida da FV/TV sem pulso, ache-
elevada e sem ondas P identificáveis ao traçado. Tal ritmo cagem do pulso central deve ser feita apenas quando há
pode ou não gerar contração miocárdica efetiva (pulso). Na mudança do ritmo visando reduzir ao máximo as interrup-
ausência de pulso, a TV deve ser tratada como FV. ções da RCP.
Identificada a FV/TV sem pulso, o tratamento inicial Caso persista a FV/TV sem pulso após o 1º choque, são
depende do tempo do início do evento até a identificação necessárias medidas de suporte avançado, como drogas
desse ritmo. Quando o paciente é atendido rapidamente que melhorem a condição hemodinâmica da PCR e medi-
e a FV/TV sem pulso é identificada até o 4º ou Sº minuto das de auxílio no tratamento da PCR . Neste momento, são
da PCR, a medida imediata é a desfibrilação elétrica com necessárias a instalação de um acesso venoso periférico
choque único de 360J monofásico ou em energia equiva- (IV) ou intraósseo (10), a colocação de via aérea definitiva
lente de choque bifásico (geralmente, entre 150 e 200J, para melhor oxigenação (O) e a monitorização cardíaca por
recomendando-se energia máxima do equipamento). meio de eletrodos. Ou seja, após o 1º choque, mantida a
Quando o mesmo ritmo é identificado após o Sº minuto PCR, deve-se proceder à aplicação de Monitor, Oxigênio e
de PCR, 2 minutos de RCP podem ser aplicados inicialmen- acesso Venoso (MOV- Figura 12).

103
. -
ministradas inicialmente em qualquer modalidade de PCR
são a epinefrina (1mg, a cada 3 a 5 minutos IV, ou na dose
equivalente através da cânula endotraqueal - recomenda-
ção indeterminada) ou vasopressina em uma única dose de
40U. A vasopressina pode ser utilizada em substituição à 1ª
ou à 2ª dose da adrenalina ou como droga inicial.
A droga seguinte é a amiodarona, na dose de 300mg IV
em bolus, podendo ser repetida mais 1 dose de 150mg. A
manutenção após retorno de ritmo com pulso é de 1mg/
min por 6 horas e 0,5mg/min por mais 18 horas. Em um
estudo recente, essa droga se mostrou superior à lidocaí-
na na FV/TV refratária, em atendimento extra-hospitalar,
quanto à sobrevida na admissão hospitalar. No entanto, a
mortalidade intra-hospitalar não foi diferente nos 2 gru-
pos.
A lidocaína é aceita como antiarrítmico na dose de 1 a
1,5mg/kg de peso do paciente, na dose máxima de 3mg/
kg. Pode-se usar o sulfato de magnésio para a reversão da
arritmia quando hipomagnesemia é documentada ou na
torsades de pointes; sua dose é de 1 a 2g IV em bo/us. A
procainamida não é mais utilizada na PCR para reversão de
FV/TV sem pulso.
Quando ocorre a reversão da arritmia, em qualquer mo-
mento durante a PCR, uma dose de manutenção do últi-
mo antiarrítmico utilizado pode ser administrada por 12 a
24 horas para evitar a recidiva da arritmia. Caso não tenha
Após a intubação, procede-se à checagem primária da sido administrado nenhum antiarrítmico, pode ser aplicada
via aérea por meio da ausculta epigástrica e pulmonar (ba- dose de ataque de lidocaína (1 a 1,5mg/kg), seguida da in-
ses e ápices); a checagem secundária deve ser realizada por fusão da dose de manutenção (Tabela 1).
meio de equipamentos de confirmação (detector de co2,
capnógrafo ou detector esofágico ), com preferência ao Tabela 1 - Antiorrítmicos usados na FV/TV sem pulso
capnógrafo. Caso o acesso venoso não esteja disponível,
deve-se administrar a droga desejada por meio da via 10 300mg; 2ª dose de 1mg/min/6h e O,Smg/
ou da cânula traqueal sem demora. Recentemente, essa via Amiodarona
150mg min por mais 18 horas
foi padronizada para uso na PCR em adultos, podendo ser 1 a 1,5mg/kg; dose
utilizada para infusão das drogas. Na impossibilidade abso- Lidocaína 2 a 4mg/min
máxima de 3mg/kg
luta de estabelecer um acesso venoso periférico ou da via
Sulfato de
10 para a administração das drogas, é aceitável colocar um 1 a 2g 1 a 2g/h
magnésio*
cateter em posição central. Enquanto qualquer outro aces-
* Em caso de hipomagnesemia.
so para a aplicação de drogas não está disponível, deve ser
utilizada a cânula traqueal para a administração das drogas.
id d 1 trtc m pulo o
Algumas drogas podem ser utilizadas via cânula traque-
al: Vasopressina, Atropina, Naloxona (antagonista opioide),
Epinefrina e Lidocaína (VANEL). Para que tais drogas admi- Após a colocação das pás do desfibrilador no tórax da
nistradas através da cânula tenham o mesmo efeito da dro- vítima, a identificação de qualquer atividade elétrica dife-
ga IV, é necessário administrar de 2 a 2,5 vezes a dose IV (ex- rente das atividades de FV/TV sem pulso caracteriza PCR em
ceto a vasopressina, aplicada na mesma dose). Para melho- ritmo não passível de choque (Atividade Elétrica Sem Pulso
rar a absorção da droga, a dose via cânula deve ser seguida - AESP- ou assistolia).
de um bolus de 10m L de soro fisiológico 0,9%. No entanto, A AESP caracteriza-se por um ritmo elétrico que usual-
com a possibilidade do uso da via 10 para infusão de drogas, mente deveria estar associado a pulso central. São várias
a prioridade na intubação foi reduzida, não sendo incorre- as atividades elétricas englobadas nessa definição (disso-
to retardá-la no início da PCR para priorizar outras medidas ciação eletromecânica, pseudodissociação eletromecânica,
terapêuticas, como a desfibrilação e a aplicação das drogas. ritmo idioventricular e outros), mas o tratamento é o mes-
O uso de um vasopressor durante o atendimento da mo para tais ritmos. Na verdade, o que ocorre é que existe
parada é necessário, pois determina melhora do retorno um fator impedindo o acoplamento entre a atividade elétri-
venoso e da perfusão coronariana. As drogas a serem ad- ca organizada do miocárdio e a contração muscular efetiva

104
PARADA CAADIOARESPIRATÓRIA

que deveria resultar dessa atividade elétrica. Há várias cau- nha reta, que consiste em checar a conexão dos eletrodos
sas de AESP, o que se discutirá a seguir. (artefatos podem simular assistolia), aumentar o ganho do
monitor cardíaco (a FV fina pode ser interpretada como as-
sistolia num baixo ganho sobre o sinal do monitor) e, final-
mente, checar o ritmo em 2 derivações.
Todo cuidado na identificação desse ritmo é pouco, pois,
em até 10% dos identificados como assistolia, por meio das
pás, o ritmo de base verdadeiro é a FV. Isso pode aconte-
cer em virtude de o eixo elétrico resultante da FV poder
ser, naquele momento, perpendicular à derivação da mo-
O tratamento da AESP nunca deve ser realizado por nitorização por meio das pás, gerando um ritmo isoelétrico
meio do choque, pois já existe atividade elétrica ventricular no monitor (assistolia), bem como por cabos ou eletrodos
organizada potencialmente capaz de gerar pulso central. O desconexos.
choque poderia desorganizá-la, gerando mais um problema As causas de assistolia são as mesmas da AESP, de-
durante o atendimento. Como as pás do desfibrilador não vendo-se iniciar infusão de volume e procurar tratamento
são mais utilizadas após a identificação do ritmo, deve-se adequado com base nas causas possíveis. O uso do marca-
aplicar o suporte avançado de vida (RCP, monitor, intubação -passo transcutâneo na assistolia não é mais indicado. A 1ª
e acesso venoso). droga a ser administrada na AESP e na assistolia também é
Uma atitude clínica importante com relação à AESP é a um vasopressor. Pode ser a ep inefrina (1mg/dose, a cada 3
determinação da sua causa e a aplicação do tratamento es- a 5 minutos) ou a vasopressina (40U, dose única), que pode
pecífico. São 11 as causas reversíveis, e pode-se denominá- ser aplicada como 1ª droga ou em substituição à 1ª ou à 2ª
-las de forma simples para memorização, como 6Hs e STs. dose da epinefrina. A atropina não é mais recomendada no
O tratamento das causas da AESP é o fator determinan- tratamento da AESP/assistolia por não ter benefício com-
te da reversão do quadro. Caso não se encontre uma dessas provado.
causas durante o atendimento, as chances de reversão da
Gritar por ajuda/acionar o serviço de emergência
PCR se tornam muito reduzidas. A causa principal e mais
frequente de AESP é a hipovolemia, a ser tratada pela admi-
Iniciar a RCP
nistração de volume IV; o tratamento de cada uma das cau- • Fornecer oxigênio;
sas está descrito na Tabela 2. Vale lembrar que a trombólise -Aplicar o monitor/desfibrilador.
do infarto agudo do miocárdio e do tromboembolismo pul-
monar durante a PCR é um procedimento de benefício du-
R<l
vidoso. No infarto, a angiografia pós-PCR está relacionada a
2 minutos
melhor prognóstico. Parada/paragem, cuidado p6i-PCR

r---....1....-+ Se choque FV/TV 1---- - -


Hipovolemia Volume Terapia medicamentosa
Acesso IV/10
Hipóxia Oxigênio (intubação endotraqueal) Epinefrina a cada 3 a 5 minutos
Amiodarona para FV/TV refratária
Hipocalemia Administração de KCI
Hipercalemia Bicarbonato de sódio lmEq/kg Considerar via aérea avançada
Capnografia quantitativa com forma de onda
H' (acidose metabólica) Bicarbonato de sódio lmEq/kg
Hipoglicemia Glicose hipertônica Tratar causas reversíveis

Hipotermia Reaquecimento ~ Mon~orizar a qualidade da RCP 1+---....l


L
L.,__ _

Tamponamento cardíaco Punção pericárdica (Marfan)


Figura 14 -Suporte avançado de vida em adultos
Tromboembolismo pulmonar Volume+ reversão da PCR*
Trombose coronariana Volume+ reversão da PCR*
Pneumotórax hipertensivo Punção torácica de alívio Tabela 3 - Atendimento inicial ao paciente com PCR

Tóxicos Antagonista específico


* Trombólise a critério clínico. - Comprimir com força >2pol (Sem) e rapidez (:1:100/min) e
aguardar o retorno total do tórax;
Na PCR, a assistolia é a forma de pior prognóstico e con- - Minimizar interrupções nas compressões;
siste na ausência de atividade elétrica no coração, porém
- Evitar ventilação excessiva;
algumas situações determinam o erro diagnóstico. Para
-Alternar a pessoa que aplica as compressões a cada 2 minutos;
que essa seja correta, deve-se proceder ao protocolo da li-

105
da pós-PCR; a população de sobreviventes à PCR caracteriza
grupo específico de pacientes que apresentam as seguintes
-Se via aérea avançada, relação compressão-ventilação de 30:2;
características: lesão neurológica por anóxia/hipóxia cere-
- Capnografia quantitativa com forma de onda:
bral; isquemia generalizada sucedida por hiperperfusão te-
· Se PETC0 2 (pressão parcial de dióxido de carbono ao final da
expiração) <10mmHg, tentar melhorar a qualidade da RCP. cidual; depressão miocárdica e a causa-base da PCR. Essa
população apresenta mortalidade elevada e deve ser tra-
-Pressão intra-arterial:
· Se pressão na fase de relaxamento (diastólica) <250mmHg, tada de forma agressiva, visando à sua proteção. A medida
tentar melhorar a qualidade da RCP. mais efetiva na redução de mortalidade, nesse grupo, é a
hipotermia induzida.
A reabordagem do ABC deve ser realizada periodica-
- Pulso e pressão arterial;
mente, principalmente ao menor sinal de deterioração
-Aumento abrupto prolongado PETC0 2 (normalmente, ~40mmHg);
clínica do doente. A checagem do correto posicionamento
- Variabilidade espontânea na pressão arterial com monitoriza-
da cânula e da adequação das ventilações assegura a sua
ção intra-arterial.
boa oxigenação. Após a reversão da PCR, o indivíduo pode
ser colocado em ventilação mecânica, e a colocação de um
Recomendação do fabricante (120 a 200J); se oxímetro de pulso permite avaliar a adequação da sua oxi-
desconhecida, usar o máximo disponível (a 2ª
Bifásica genação.
carga e as subsequentes devem ser equivalentes
A verificação do correto funcionamento do acesso veno-
e consideradas cargas mais altas)
so disponível e a checagem dos dados vitais por meio de um
Monofásica 360J
monitor de pressão arterial não invasiva, da monitorização
da frequência cardíaca e do ritmo de base permitem ava-
Dose IV/10 de epinefrina 1mg a cada 3 a 5 minutos liar e manipular a condição hemodinâmica do paciente por
40 unidades (podem substituir meio da infusão de volume, drogas vasoativas e antiarrít-
Dose IV/10 de vasopressina
a 1ª ou a 2ª dose de epinefrina) micas quando for necessário. Após a estabilização, pode-se
1ª dose: bo/us de 300mg; 2ª providenciar o transporte para recursos mais adequados
Dose IV/10 de amiodarona
dose: 150mg (UTI, sala de hemodinâmica etc.).
Outra medida terapêutica indicada para aplicação clíni-
-Via aérea avançada supraglótica ou intubação endotraqueal; ca no período pós-PCR é a hipotermia induzida (temperatu-
- Capnografia com forma de onda para confirmar e monitorizar ra central de 32 a 34°C) por 12 a 24 horas de duração nos
o posicionamento do tubo endotraqueal; casos de encefalopatia anóxica grave. Iniciada até 6 horas
- 8 a 10 ventilações por minuto, com compressões torácicas após a reversão, a hipotermia determina melhor prognósti-
contínuas. co neurológico, bem como de mortalidade. Por outro lado,
a hipertermia deve ser evitada a todo custo, assim como a
- Hipovolemia; hiperventilação.
Embora não haja estudo específico com pacientes no
- Hipóxia;
período pós-ressuscitação, a recomendação de controle
-Hidrogênio (acidose);
glicêmico a eles parece razoável, pois são grandes as evi-
- Hipo/hipercalemia;
dências do seu beneficio entre indivíduos em estado crítico.
- Hipotermia; Falta definir os melhores valores de controle glicêmico para
-Tensão do tórax por pneumotórax; essa população.
- Tamponamento cardíaco;
-Toxinas;
5. Fatores prognósticos
-Trombose pulmonar;
Não existe exame laboratorial ou diagnóstico que per-
-Trombose coronariana.
mita predição adequada da evolução do paciente após re-
O término dos esforços deve ser considerado por meio versão da PCR, principalmente entre aqueles submetidos a
da análise de diversos fatores (tempo de PCR até o lQ aten- hipotermia. No entanto, a presença de alguns sinais após
dimento, prognóstico do paciente, idade da vítima, doença 24 a 72 horas depois do evento está correlacionada a pior
de base etc.). prognóstico neurológico:
·Ausência de reflexo pupila r em 24 horas;
· Ausência de reflexo corneano em 24 horas;
4 Cuidados após a reanim ç- o · Ausência de reflexo de retirada do estímulo doloroso
Após a reversão da PCR, alguns cuidados são necessá- em 24 horas;
rios para possibilitar a melhor condição para a recuperação. · Sem resposta motora em 24 horas;
Recentemente se definiu de forma padronizada a síndrome ·· Sem resposta motora em 72 horas.

106
PARADA CARDIORRESPIRATÔRIA

--

Tabela 4 - Pnnctpais componentes de suporte básico de vtda para adultos, crianças e bebês

Componentes Adultos aews•


Não responsivo (para todas as idades)
Sem respiração ou com respiração
Reconhecimento Sem respiração ou apenas com gosping
anormal (isto é, apenas com gasping)
Sem pulso palpado em 10 segundos, para todas as idades (apenas para profissionais de saúde)
Sequência da RCP C-A-B
Frequência de compreensão No mínimo, 100/min
No máximo 1/3 do diâme- No mínimo, 1/3 do diâmetro
Profundidade da compreensão No mínimo, 2 polegadas (Sem) tro anteroposterior; cerca anteroposteríor; cerca de 1,S
de 2 polegadas (Sem) polegada (4cm)
Permissão do retorno total entre as compreensões (quanto a profissionais de saúde, alternar os que
Retorno da parede torácica
aplicam as compressões a cada 2 minutos)
Minimiza~o de Interrupções nas compreensões torácicas e tentativa de limitação das interrupções
Interrupções nas compreensões
a menos de 10 segundos
Inclinação da cabeça e elevação do queixo (profissionais de saúde que suspeitem de trauma : ante-
Vias aéreas
riorização da mandíbula)
Relação compreensão-ventilação
30:2. Um socorrista; 15:2. Dois socorristas profissionais de
(até a colocação da via aérea 30:2. Um ou 2 socorristas
saúde
avançada)
Ventilações: quando socorrista
Apenas compressões
não treinado e não proficiente
Ventilações com via aérea avan- 1 ventilação a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações/min); assíncronas com compressões to rácicas;
çada (profissionais de saúde) cerca de 1 segundo por ventilação; elevação visível do tórax
DEA/DAE assim que estiver disponível; minimização das interrupções nas compreensões torácicas
Desfibrilação antes e depois do choque; reinício da RCP começando com compreensões imediatamente após cada
choque
* Excluindo-se recém-nascidos, cuja etiopotologio da PCR é quase sempre asfixia.
Fonte: Destaques das Diretrizes da Amerícon Heart Associotion 2010 para RCP e Atendimento Cardiovascular de Emergência (ACE).

S. Resumo

- A RCP deve ser iniciada imediatamente se a vítima não responde e não respira. A avaliação do pulso não é mais recomendada;
-A RCP deve ser iniciada imediatamente com as compressões torácicas em vez de serem abertas as vias aéreas e ser iniciada a respira-
ção artificial;
-Todos os socorristas, treinados ou não, devem fornecer as compressões torácicas às vítimas de parada cardíaca;
-A ênfase no fornecimento de compressões torácicas de alta qualidade continua a ser essencial, à frequência mínima de 100 compres-
sões/mio;
- Os resgatistas treinados devem fornecer ventilação assistida na relação de 2 ventilações intercaladas com 30 compressões torácicas;
- Para os socorristas leigos, a aplicação de ventilações assistidas é dispensável. O serviço de emergência deve fornecer apenas instruções
de compressões torácicas quando o auxílio for telefônico;
- FV/TV devem ser revertidas com desfibrilação imediata;
- A epinefrina ou a vasopressina são os vasopressores aplicados em todas as formas de PCR;
- O beneficio da atropina na assisto lia ou na AESP é questionável;
• A hipotermia terapêutica reduz a mortalidade entre os sobreviventes de PCR.

107
CAPÍTULO 10
A OL GIA

Insuficiência cardíaca congestiva


José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

L Introdução menta ventricular ou a ejeção do sangue. Também se carac-


teriza pela incapacidade do coração de suprir as necessidades
A Insuficiência Cardíaca (IC) é um grande problema de saú- metabólicas do organismo, e diferentes estruturas cardíacas
de pública, particularmente nos países desenvolvidos e em podem estar acometidas e determiná-la. É possível, ainda, que
alguns em desenvolvimento, como o Brasil, além de uma das ocorra não por mau funcionamento cardíaco, mas por exces-
principais causas de internação e óbito em todo o mundo. Nos siva demanda metabólica tecidual, como acontece na anemia,
últimos anos, tem havido melhor entendimento da sua fisio- na sepse, no beribéri, na doença de Paget e nas fístulas arterio-
patologia, o que, associado a diversos estudos randomizados venosas, situações em que a IC é dita de alto débito.
com grande número de indivíduos, permitiu o desenvolvimen- Por definição, para o estudo da IC, o grande marcador
to de novas opções terapêuticas. O termo ICC, referente à In- é a presença de baixo débito cardíaco por disfunção mio-
suficiência Cardíaca Congestiva, está sendo abandonado, pois cárdica ventricular, já que essa é a forma mais frequente de
nem todos os pacientes apresentam quadro de congestão. apresentação. Suas principais manifestações são dispneia e
Nos Estados Unidos, acomete cerca de 5 milhões de fadiga, além de intolerância aos esforços, retenção de flui-
pessoas, e, a cada ano, são diagnosticados 500.000 novos dos com consequente congestão pulmonar e edema dos
casos. É a causa principal de 12 a 15 milhões de consultas, membros inferiores.
6,5 milhões de diárias hospitalares e 300.000 óbitos ao ano. A disfunção pode ocorrer por predomínio de dificulda-
Acomete principalmente idosos, pois de 6 a 10% das pesso- de para relaxamento miocárdico (IC diastólica) ou de dé-
as acima de 65 anos têm ICe 80% dos hospitalizados por IC ficit contrátil (IC sistólica). São exemplos de doenças que
têm mais de 65 anos. causam IC diastólica: isquemia miocárdica, miocardiopatia
No Brasil, não existem estudos epidemiológicos, porém hipertensiva, miocardiopatia hipertrófica e as doenças in-
se estimam cerca de 6,4 milhões de portadores de IC. Em filtrativas do miocárdio (amiloidose, sarcoidose). A última
2000, houve quase 400.000 internações e 26.000 óbitos Diretriz Brasileira de IC recomenda o uso dos termos IC com
por ela, sendo a principal causa de internação hospitalar na Fração de Ejeção (FE) preservada e IC com FE reduzida para
população acima dos 60 anos, números superiores aos das a caracterização dos referidos tipos de IC.
pneumonias domiciliares (DATASUS). Entre 2000 e 2007, Já a dilatação ventricular e a consequente disfunção sistó-
houve redução no número de internações, com manuten- lica representam, em grande parte, a via final comum de dife-
ção da porcentagem de morte creditada à IC durante a in- rentes miocardiopatias, como as miocardiopatias isquêmica,
ternação- em torno de 6%. hipertensiva (fase dilatada), chagásica e dilatada idiopática.
O prognóstico é reservado. Metade falece em 4 anos, e, O acometimento ventricular, muitas vezes, é heterogê-
em casos mais graves (classe funcional IV), metade falece neo, com maior prejuízo de 1 dos ventrículos, o que dá ori-
no período de 1 ano. Apesar dos avanços no tratamento de gem às denominações de IC direita ou esquerda. Na maior
tais casos, não tem sido observada melhora nas taxas de parte dos casos, há acometimentos mistos diastólico e sis-
mortalidade no decorrer dos anos. tólico, direito e esquerdo.
Por ser um quadro sindrômico, o diagnóstico não pode
basear-se em achado único de exame físico ou laboratorial.
2. Definições Para o diagnóstico clínico, são necessários ao menos 2 si-
A IC é uma síndrome complexa que resulta de qualquer nais maiores ou 1 sinal maior associado a 2 menores, con-
anormalidade estrutural ou funcional que prejudique o enchi- forme os critérios de Framingham modificados (Tabela 1),

109
e quando esses sintomas/sinais não podem ser atribuídos câmaras cardíacas acaba causando hipertrofia e dilatação
a outras causas. miocárdica, além de elevação das pressões nos átrios e nas
circulações sistêmica e pulmonar. A taquicardia e o aumen-
Tabela 1 - Critérios de Framingham modificadas to da contratilidade podem desencadear isquemia do mio-
Critérios maiores cárdio, e o aumento da pré-carga agrava a congestão pul-
- Dispneia paroxística noturna; monar. A vasoconstrição excessiva eleva demasiadamente
- Ortopneia; a pós-carga, dificultando o esvaziamento cardíaco, além de
- Elevação da pressão venosa jugular; prejudicar a perfusão dos demais órgãos. Há, também, ele-
- Crepitações pulmonares; vação dos níveis de vasopressina, responsável pela absor-
- 3~ bulha; ção de água livre de sódio, podendo gerar hiponatremia.
- Cardiomegalia na radiografia de tórax; Várias são as alterações neuro-hormonais associadas à
-Edema pulmonar na radiografia de tórax; fisiopatologia da IC. Algumas promovem vasoconstrição e
- Perda ~4,5kg em até 5 dias após o início do tratamento para IC.
retenção de sódio e água, como a hiperatividade do sistema
nervoso simpático, a estimulação do sistema renina-angio-
Critérios menores
tensina-aldosterona e a liberação de arginina-vasopressi-
- Edema dos membros inferiores bilateral;
na. Outros mecanismos compensatórios promovem vasodi-
-Tosse noturna;
latação, natriurese e diurese por meio da ação de peptidios
- Dispneia aos médios esforços;
natriuréticos (BNPs), de algumas prostaglandinas e da bra-
- Hepatomegalia; dicinina. Embora interajam continuamente, as ações vaso-
-Derrame pleural; constritoras e retentoras de sódio superam as ações vaso-
- FC >120bpm. dilatadoras e natriuréticas, resultando em aumento da re-
sistência vascular periférica e na retenção de sódio e água.
Há tempos é reconhecida a deficiência da vasodilatação
periférica que se manifesta ao exercício entre os pacientes com
IC. Neles foram demonstrados níveis de endotelina plasmática
de 2 a 5 vezes mais elevados do que em pacientes normais,
com significado expressivo de mau prognóstico. As endoteli-
nas determinam ação vasoconstritora potente, retenção de
sódio e água, ativação simpática e do sistema renina-angio-
tensina-aldosterona, além de estímulo proliferativo sobre os
músculos lisos, miócitos cardíacos e fibroblastos. Tal conjunto
de alterações caracteriza a disfunção endotelial da IC.
Do ponto de vista macroscópico, o termo remodelação
ventricular refere-se às modificações da forma e do tama-
nho do coração, que passa a aumentar de volume e de mas-
Figura 1 - /C de alto debito por beribéri sa e a adquirir forma esférica. Do ponto de vista tecidual,
representa a morte de cardiomiócitos por necrose e apop-
tose, sendo substituídos por fibroblastos e tecido colágeno.
Os miócitos restantes sofrem hipertrofia excêntrica.
3. Fisiopatologia As citocinas compõem um grupo heterogêneo de pro-
A partir de uma injúria ao coração, levando ao estado teínas com pequeno peso molecular, que se caracterizam
de baixo débito cardíaco, diversos mecanismos são ativados por exercer seus efeitos localmente por ação autócrina ou
para compensarem a queda do débito cardíaco por aumen- parácrina. Duas classes de citocinas estão relacionadas na
to de inotropismo e cronotropismo, mantendo a pressão fisiopatologia da IC: citocinas vasoconstritoras e inotrópicas
arterial à custa de vasoconstrição arterial periférica e de positivas (endotelinas) e citocinas pró-inflamatórias vaso-
retenção de sódio e água. Esses mecanismos visam garantir depressoras (TNF-alfa, IL-6 e IL-lb).
as perfusões cerebral, cardíaca e renal. Os sistemas ativa-
dos foram desenvolvidos, do ponto de vista filogenético,
para proteger o organismo de estados hipovolêmicos agu-
4. História natural
dos (desidratação e hemorragia) e representam, no caso A IC é uma doença progressiva. O que perpetua o quadro é
da disfunção ventricular, mecanismos desadaptativos, pois, a contínua ativação dos sistemas citados, portanto tal progres-
quando mantidos em estimulação prolongada (semanas/ são está diretamente relacionada à deterioração da função
meses), levam ao remodelamento ventricular, perpetuando e da estrutura cardíacas, que pode acontecer sem uma nova
e colaborando para a piora progressiva. agressão ao coração. Com o tempo, os sinais e as consequên-
Mesmo procurando melhorar o débito cardíaco, esses cias funcionais tornam-se progressivamente mais intensos, e
mecanismos também podem ser deletérios. A persistên- os indivíduos podem manifestar sintomas aos mínimos esfor-
cia de um regime de pressão cronicamente elevado nas ços e mesmo ao repouso. São causas de descompensação da
IC: excesso de ingestão de líquidos e de sódio, interrupção do

110
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

tratamento, embolia pulmonar, arritmias, isquemia coronaria- do, o edema alveolar atinge brônquios de grande calibre,
na, infecções, trauma (acidental ou cirúrgico), anemia, hipoti- causando crepitações grosseiras inspiratórias e expirató-
reoidismo ou hipertireoidismo, entre outras. rias.
Nos casos mais graves, apresenta taxa de mortalidade O edema nos membros inferiores é outra queixa comum,
superior à da maior parte das neoplasias malignas. A morte inicialmente na região perimaleolar, depois ascendendo pela
pode acontecer por progressão da disfunção ventricular ou região pré-tibial, chegando à raiz da coxa. Tal edema é, em
por eventos súbitos (taquicardia ventricular, fibrilação ven- geral, simétrico, depressível e mole, com predomínio à tarde
tricular). São também causas de morte desses indivíduos e melhorando à noite. Isso acontece pela redistribuição do
infecções, embolia pulmonar e bradiarritmias. fluxo sanguíneo durante o sono em decúbito dorsal. Entre
acamados, acontece, principalmente, na região sacral. Even-
tualmente, pode haver ascite e derrame pleural.
5. Quadro clínico A fadiga é uma queixa frequente, mas não comple-
O diagnóstico é clínico e baseia-se em achados de histó- tamente explicável. A presença de galope com 83, íctus
ria e exame fisico. Queixa de dispneia progressiva é relata- globoso e distensão venosa jugular aumenta a chance do
da com mais frequência, em geral notada, inicialmente, aos diagnóstico em, respectivamente, 24, 16,5 e 8,5 vezes. A
grandes esforços e progredindo para pequenos esforços ou presença de quaisquer desses achados deixa a probabili-
mesmo ao repouso. dade do diagnóstico em 80%, e a presença dos 3 achados
O edema pulmonar manifesta-se, inicialmente, por virtualmente define a IC.
meio de acúmulo de líquido no compartimento intersticial, Palpitação, outra queixa comum, aparece, em especial,
progredindo para espaços alveolares e vias aéreas. O pa- aos esforços e pode tanto refletir o estado de hiperativida-
ciente passa a apresentar ortopneia, que aparece minutos de simpática que busca melhorar o débito cardíaco como
após se deitar, tipicamente quando ainda está acordado. ser consequente de taquiarritmias ou bradiarritmias.
Embora seja característico, tal sintoma é inespecífico. Alguns outros sintomas estão listados na Tabela 2. Pacien-
O paciente em evolução pode apresentar tosse em vir- tes com IC (tanto diastólica quanto sistólica) podem apresen-
tude da congestão pulmonar, sendo seca e de predomínio tar sintomas de baixo débito (pele fria, pulsos finos, tempo
noturno. Posteriormente, há dispneia paroxística noturna, de enchimento capilar prolongado, rebaixamento do nível de
que surge horas após deitar-se. Trata-se de um sintoma consciência, dor abdominal, oligúria) e congestivos (dispneia,
com boa especificidade para o diagnóstico. ortopneia, edema de membros inferiores, hepatomegalia,
A propedêutica pulmonar revela estertores crepitantes ascite e aumento da pressão venosa central). A intensidade
inspiratórios, e sibilos podem ocorrer por congestão peri- dos sintomas e de alguns sinais (persistência de estase jugu-
brônquica . Em quadros de edema pulmonar mais avança- lar e de 3ª bulha) está associada a pior prognóstico.

I Sinais e sintomas de IC Peptidlos natrluréticos I

I +
BNP >400pg/ml li
+
BNP 100 a 400pg/mL LI I
J,
BNP <lOOpg/ml I
.
NT-pró BNP >2 ooOpg/ml

l i C cr6nlc.o provável I
NT- pró BNP 400 a 2.000pg/ml

I •
IC cr6nlca lnt:e:rt a l r
NT-pró BNP <4 OOOpg/ml
...
IC crônica lmpro>n vel l
I Ecodopplerc.ordlograma
I I

I
+
FEVE~50% I
...
FEVE <50%

I •
ICFEP I I
...
IC sistólica
...
I lnv~ t fgaçlo etiológica

.
Chag obk;a

lsquêmica
• •
Alcoólica
...
M l ocardlt~
...
ldlop,tlca ; I
· Fatores de risco DAC; - História recente de Exclusão de outras
- Antecedente Hlpertenslva • Hl>tórla de lngesta
- História de IAM/RM/ATC; infecçJc vira!. etiologias
epidemiológico; • His tória de HA5; >90h/ d la de álcool
- ECC com AEI ou sinais de • IC df! Inicio rf!cente:
• Soro logia para • hclusJode (8 doses) >5 anos;
lsquemla miocárdka; (<2 meses !:
Chagas; o utras et lologtas. • Exclus3o de outrn s
- Ecocardiograma com ~Exclusilc de outras
• ECC: BRD/BDA5; etiologfas
alterliç3o de con traç3o et Jologlas.
& Ecoc.ardlogflillma;
segm~n t ar ou presença de
aneur-Isma aplcal .
aneurisma aplcal.
AEI. Ana ElerrlcomctU~ lnoltlti'O
ECC; noc.ordiOQramo
HA$; Ht~n~n$60 Artenol Slsrlmk.o
D.AC; Doell(o Artenol Coronoriono
ATC: ongioplostio
RM RevascuJari2oçlJo do Miocórdio
BOAS- bloqueio divisio nol onterossuperior
lJRO: Bloqueio do Roma Direito
BNP peptidio notriur~tic o tipo B
ICFEP: lnsuficiincia Cardiaca com Froçdo de Ejeçda Preservado
FfVE · Frorbo d~ C~llo de Vf!ntuculo -EJQur:rdo

Figuro 2_-5 !!gestão de diagnóstico de I

111
A última Diretriz Brasileira para o manejo de IC, publica- Alterações cardíacas
da em 2009, sugere algumas características clínicas para a
-Taquicardia;
diferenciação entre ICs sistólica e diastólica.
- Bradicardia;
Tabela 2- Características da /C defE reduzida em comparação - Arritmias;
à de FE normal _ ·

••
- 3ª bulha;
- 4ª bulha;
Características
-Sopro de insuficiência mitral;
Sexo feminino +++ +
Epidemiologia -Outros sopros cardíacos (valvopatias).
Idade >65 anos +++ +
Dispneia +++ +++ Uma classificação muito utilizada é a do Consenso Bra-
Angina +++ + sileiro de ICe do Consenso Europeu, cujos estágios funcio-
nais apresentam boa correlação com a classificação clínica
Edema agudo pulmonar +++ +
da NYHA.
3ª bulha +++
Sintomas
4ª bulha +++
Sinais de hipervolemia
Hipertensão arterial
Fibrilação atrial
Ecocardiograma FE <45 a 50%

BNP
>l.OOOpg/ml
+++
+++
+++

+
++
+
++
+++
+++
- Descrições

Pacientes com alto ris-


co de IC pela presença
de condições clínicas
associadas ao desenvol-
Fatores etiológicos
(eKemplos)

Hipertensão sistêmica,
coronariopatia, diabetes
mellitus, histórico de car-
400 a l.OOOpg/ml +++ + vimento dessa enfermi-
A (paciente diotoxicidade, tratamen-
dade e que não apresen-
de alto to por droga ou abuso
tam nenhuma alteração
risco) de álcool, histórico pes-
funcional ou estrutural
soai de febre reumática,
do pericárdio, miocárdio
I Ausência de dispneia aos esforços habituais histórico familiar de
ou de valvas cardíacas
11 Dispneia aos esforços habituais cardiomiopatia
e nunca apresentaram
111 Dispneia aos pequenos esforços sinais ou sintomas
IV Dispneia ao repouso Hipertrofia ventricular
Pacientes que já desen-
B (dis- esquerda ou fibrose,
volveram cardiopatia
Tabela 4 - Possfveis achados clínicos função dilatação ventricular
estrutural sabidamente
ventricular esquerda ou hipocon-
Geral associada à IC, mas que
assintomá- tratilidade, valvulopatia
nunca apresentaram
- Emagrecimento; tica) ou infarto agudo do
sinais ou sintomas
miocárdio
- Alteração da consciência;
Dispneia ou fadiga por
- Dispneia; disfunção ventricular
Pacientes com sintomas
-Palidez; C (I C sinto- prévios ou presentes de esquerda sistólica, as-
mática) IC associados a cardiopa- sintomáticos sob trata-
-Cianose;
tia estrutural subjacente mento para prevenção
- Icterícia (congestão hepática); de IC
- Sudorese. Hospitalizados por IC ou
Congestão sistêmica que não podem rece-
Pacientes com cardiopa- ber alta, hospitalizados
- Estase jugular; tia estrutural e sintomas esperando por trans-
- Edema de parede; acentuados de IC em plante, pacientes em
D (IC refra-
repouso, apesar de tera- casa sob tratamento de
- Ascite; tária)
pia clínica máxima, e que suporte intravenoso ou
- Derrame pleural; requerem intervenções sob circulação assistida,
- Hepatomegalia dolorosa; especializadas pacientes em unidade
especial para o manejo
- Edema de membros inferiores. da IC
Congestão pulmonar
Do ponto de vista terapêutico, é de maior utilidade a
- Estertoração pulmonar fina;
classificação que avalia o estágio evolutivo da doença e a
- Edema agudo.
presença ou não de anormalidade estrutural do coração

112
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

(pericárdica, miocárdica sistólica ou diastólica, ou valvular), O ECG pode trazer pistas tanto da etiologia da IC (áreas
pois o tratamento varia com a evolução. de necrose e isquemia sugerem miocardiopatia isquêmica,
enquanto bloqueio do ramo direito associado a BDAS- blo-
queio divisional anterossuperior - sugere doença de Cha-
Tratamentos gas) quanto da causa de descompensação (taquiarritmias,
bradiarritmias, isquemia), assim como a radiografia de tó-
Controle/eliminação de rax faz parte da avaliação inicial de todos os pacientes.
fatores de risco; introdu-
A Ausente Ausentes ção de lnibidor de Enzima
B - Ecocardiograma
Conversora da Angioten-
sina (IECA) Exame muito importante para a avaliação de IC, o eco-
Todas de A + betabloque- cardiograma pode determinar se há ou não dilatação dos
B Presente Ausentes
ador ventrículos, avaliar tanto a função sistólica quanto a diastó-
Todas de B + restrição de lica, medir a espessura ventricular e oferecer informações
c Presente Presentes sal +diurético+ digital se sobre o pericárdio e o funcionamento valvar. Os achados
disfunção sistólica ecocardiográficos não levam a diagnóstico (que é clínico),
Todas de C + medidas es- mas oferecem informações valiosas para caracterização da
D Presente Presentes
peciais síndrome, definição etiológica, avaliação prognóstica e se-
guimento.
Na classe A, estão os pacientes com alto risco de IC (Hi- A principal medida da função do ventrículo esquerdo é
pertensão Arterial Sistêmica - HAS -, diabetes me/litus, in- a FE; quando abaixo de 45 a 50%, há prejuízo da função
suficiência coronariana, alcoolismo, febre reumática), mas
sistólica (alguns autores definem a disfunção quando a FE é
sem alteração estrutural cardíaca ou sintomas. Na classe B,
menor do que 55%). Entretanto, a interpretação da FE apre-
estão aqueles com alteração estrutural cardíaca, mas sem
senta baixa reprodutibilidade entre diferentes observado-
sintomas (hipertrofia ou dilatação ventricular esquerda).
res, além de estar prejudicada após um episódio de Infarto
Na classe C, estão os pacientes com alteração estrutural e
Agudo do Miocárdio (IAM) ou na presença de insuficiência
sintomas prévios ou recorrentes de IC. E, na classe D, estão
mitral.
aqueles com alteração estrutural cardíaca severa e sinto-
A ecocardiografia com estresse com dobutamina é útil
mas intensos, a despeito da terapia clínica máxima.
A síndrome cardiorrenal é uma condição clínica em que na investigação de isquemia e na avaliação da viabilidade
há interação entre a piora da função cardíaca e a redução miocárdica. A detecção de um miocárdio hibernante (mús-
do clearance renal e vice-versa . Nessa condição, o trata- culo miocárdico viável, porém não funcionante, geralmente
mento fica limitado pela piora da função renal e as formas por isquemia relativa da região) pode influenciar a terapia e
de apresentação clínica variam de lesão renal aguda, pio- tem implicações prognósticas. Há controvérsias na literatu-
ra crônica da função renal por IC, agressões renais deter- ra quanto à necessidade da avaliação de isquemia em todos
minando descompensação cardíaca ou piora de ambos os com IC, mas, na maioria dos casos, não se recomenda ava-
órgãos por agressão secundária, como sepse. Adaptações liação sistemática da vitalidade miocárdica a esses mesmos
neuro-hormonais, perfusão renal reduzida, congestão ve- pacientes. Nos Estados Unidos, onde a porcentagem dos
nosa renal e disfunção ventricular direita estão envolvidas casos de IC secundária à miocardiopatia isquêmica é extre-
na fisiopatologia. mamente elevada, tal avaliação é recomendada da seguinte
forma :
S. Exames complementares - Pacientes com Doença Arterial Coronariana (DAC) de-
finida e angina: a intervenção cirúrgica demonstra be-
A- Exames gerais neficio de forma inequívoca, portanto se recomenda
a estratificação invasiva com cineangiocoronariografia;
Os exames subsidiários podem identificar fatores rela-
- Pacientes com DAC sem angina: podem ter beneficio
cionados à IC ou à sua piora. Os exames iniciais na avaliação
com a revascularização, mas a literatura não define a
incluem hemograma completo, eletrólitos (incluindo cálcio
melhor estratégia de estratificação (cintilografia/eco-
e magnésio), perfil lipídico, função renal, glicemia e funções
cardiograma com estresse ou cateterismo cardíaco);
hepática e tireoidiana. Sorologia para Chagas deve ser soli-
citada quando há epidemiologia sugestiva . A radiografia de - Pacientes com DAC jamais avaliada: caso apresentem
tórax pode revelar aumento da área cardíaca e da trama dor torácica , mesmo atípica, a estratificação deve ser
vascular pulmonar; na IC diastólica, essa área costuma ser realizada com cineangiocoronariografia; quanto àque-
normal. A presença de índice cardiotorácico >0,5 é sensí- les sem dor torácica, é recomendada a cineangiocoro-
vel para o diagnóstico, mas, quando >0,6, a especificidade nariografia a jovens para avaliar anormalidades congê-
diagnóstica é maior. Deve ser realizado na avaliação inicial nitas de coronárias; em outros grupos, a abordagem é
de todos os pacientes. duvidosa.

113
A Diretriz Brasileira de 2009 recomenda a seguinte abor- centração de peptídio atrial natriurético e de peptídio na-
dagem: triurético tipo B (BNP) aumenta em formas mais avançadas
- Classe 1: coronariografia ao paciente com IC e angina ou crônicas de IC, e o uso em particular do último foi estu-
típica; dado para diferenciar quadros cardíacos de pulmonares em
-Classe lia: coronariografia ao paciente com IC sem an- unidades de emergência.
gina, mas com fatores de risco para doença coronaria- Valores de BNP superiores a lOOpg/mL apresentam sen-
na ou IAM prévio; sibilidade, especificidade e valor preditivo de, respectiva-
- Avaliação não invasiva para isquemia a pacientes com mente, 90, 76 e 83% para a definição da IC descompensada
IC sem angina típica, mas com fatores de risco para como causa da dispneia. O BNP revelou-se a melhor vari-
doença coronariana ou IAM prévio; ável isolada para o diagnóstico em dados de história, exa-
- Avaliação não invasiva para viabilidade a pacientes me físico e exames complementares. Quanto maiores seus
valores, maior a probabilidade do diagnóstico final de IC;
com IC com doença coronariana e candidatos a revas-
quando maiores que 400pg/ml, têm grande valor preditivo
cularização;
positivo e, se menores que lOOpg/mL, valor preditivo nega-
- Classe llb: angiotomografia de coronárias a pacien-
tivo. Um estudo europeu demonstrou que valores menores
tes com IC sem angina, mas com fatores de risco para
que 80pg/ml têm valor preditivo negativo de 98% para o
doença coronariana ou IAM prévio.
diagnóstico de IC descompensada.
Outros exames podem ser realizados para o diagnóstico
C - Medicina Nuclear
de dispneia aguda, como marcadores de isquemia aguda
A Medicina Nuclear fornece medida acurada da função (troponina e CK-MB) e outros.
ventricular, principalmente do ventrículo esquerdo. Permi-
te, também, a investigação de isquemia, que pode ser tanto
a causa como um fator de piora da contratilidade miocár-
dica.

D- Ressonância nuclear magnética


A ressonância nuclear magnética permite medida mais
acurada e reprodutível dos volumes cardíacos, da espessura
da parede e da função ventricular, além de detectar espes-
samento pericárdico e necrose miocárdica. A ressonância
com espectroscopia possibilita, inclusive, a medida da re-
serva energética muscular.
Está indicada aos pacientes com suspeita clínica de car-
diomiopatias específicas (restritivas, infiltrativas, de depósi-
to, miocardite, displasia do ventrículo direito e hemocroma-
tose) e é útil na delimitação de áreas de infarto prévio com Figura 3 - /C chagasica

a técnica de realce tardio, além da possibilidade de avaliar a


São considerados marcadores clínicos de mau prognós-
presença de isquemia.
tico: hiponatremia (reflete hiperativação do sistema reni-
na-angiotensina), hiperuricemia (reflete hiperativação do
E - Teste ergométrico
estresse oxidativo), hipoalbuminemia, hipocolesterolemia e
O teste ergométrico é pouco útil para o diagnóstico, no linfopenia (marcadores de desnutrição), anemia (geralmen-
entanto o resultado de exame normal, com carga máxima te, com perfil de doença crônica), elevação de catecolami-
em indivíduo sem tratamento, torna-o improvável. Sua nas e, mais recentemente, elevação do BNP.
principal indicação é a avaliação da capacidade funcional do
paciente, o que tem implicações prognósticas. Um pico de G - Biópsia endomiocárdica
V0 2 <lOmL/kg/min identifica indivíduos de alto risco para Não existe recomendação de biópsia endomiocárdica a
má evolução da IC, enquanto valores superiores a 18ml/kg/ todos com diagnóstico de IC; deve ser considerada àqueles
min definem indivíduos com baixo risco. com doença de mais de 3 meses de evolução, dilatação ven-
tricular e arritmias ventriculares novas e bloqueio atrioven-
F - Marcadores hormonais
tricular (BAV) de 2º e 3º graus, sem resposta ao tratamento
Com relação aos indivíduos com dispneia aguda no usual. Também pode ser considerada àqueles com suspeita
pronto-socorro, marcadores hormonais têm demonstrado clínica de doenças infiltrativas, alérgicas ou restritivas de
utilidade para a avaliação da etiologia da dispneia. A con- causa desconhecida.

114
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

7. Tratamento - Vacinação: entre os pacientes com IC, recomenda-se a


vacinação contra gripe (anual) e pneumonia (a cada 5
No tratamento, os níveis de relevância das atitudes te- anos e a cada 3 anos àqueles com IC avançada).
rapêuticas podem ser classificados de acordo com a quali-
dade dos trabalhos científicos e a concordância clínica que B - Tratamento farmacológico
as sustentam. Assim, as atitudes terapêuticas dividem-se
conforme a classe evolutiva da doença e a relevância clínica a) IECAs
no seu uso.
São inibidores específicos da Enzima Conversora da
Angiotensina 1 (ECA), responsável pela conversão da an-
A - Medidas não farmacológicas
giotensina 1 em angiotensina 2. O mecanismo de ação
- Controle dos fatores de risco: toda patologia que pos- ainda não é completamente elucidado; seu efeito bené-
sa contribuir, direta ou indiretamente, para a progres- fico na ICe na HAS, aparentemente, resulta da supressão
são da cardiopatia ou para o agravamento dos sinto- do sistema renina-angiotensina-aldosterona, embora
mas deve ser identificada e tratada. Incluem-se, aqui, não haja na literatura correlação consistente entre níveis
hipertensão, diabetes e dislipidemias, todas as pato- de renina e resposta à droga. A ECA é idêntica à bradici-
logias relacionadas ao desenvolvimento de ateroscle- ninase, assim os IECAs podem aumentar os níveis séri-
rose e, portanto, geradoras potenciais de isquemia e cos de bradicininas e prostaglandina E2, que podem ter,
necrose miocárdica. A HAS e o diabetes mellitus po- também , papel no tratamento da IC e da HAS. O uso dos
dem, ainda, causar perda de função renal, piorando os IECAs e o seu nível de evidência são indicados a todos
sintomas;
com disfunção sistólica sintomática ou assintomática -
- Dieta: todo cardiopata necessita de aconselhamento classe 1/NE:A.
dietético, a fim de evitar tanto obesidade quanto ca- Tais medicamentos determinam melhora clínica, aliviam
quexia. Nos casos de anorexia intensa, refeições pe-
sintomas e reduzem a mortalidade e o número de hospita-
quenas e frequentes podem ajudar a ingerir o equi-
lizações. Não há evidência clínica da superioridade de uma
valente às suas necessidades calóricas, evitando a
droga do grupo dos IECAs sobre a outra. Devem ser prefe-
desnutrição. Uma dieta laxante contribui para a pre-
ridos quando comparados a antagonistas de receptores da
venção de obstipação intestinal e do consequente es-
angiotensina e vasodilatadores de ação direta (hidralazina
forço para evacuar;
e nitratos). Indivíduos com reações severas à droga (angio-
- Ingestão de sal: uma dieta com 2 a 3g é um objetivo
edema, insuficiência renal aguda anúrica), pressão arterial
atingível, desde que não comprometa a ingesta hídrica
sistólica <80mmHg, estenose bilateral da artéria renal e hi -
e os pacientes não estejam hiponatrêmicos. Esse nível
percalemia (K >5,5mEq/dL) não devem fazer uso. A intro-
de ingestão é facilmente atingido, evitando a adição de
sal aos alimentos após o seu preparo e não utilizando dução deve ser feita em doses baixas, com aumento pro-
alimentos habitualmente salgados. A redução estrita gressivo de acordo com a tolerância, e a dose-alvo deve ser
(menos que 2g/d) não é recomendada; determinada pelos estudos clínicos em que ocorreu bene-
- Ingestão de líquidos: na maioria dos casos, pode ser fício terapêutico, como 150mg/d para o captopril. Quando
liberada de acordo com a vontade do paciente. Entre há intolerância por parte do doente, a dose atingida deve
sintomáticos com risco de hipervolemia, recomenda- ser mantida, sem grande prejuízo da melhora em sobrevida
-se a restrição hídrica de 1.000 a 1.500ml/d; e morbidade. Quando há tosse, os IECAs podem ser subs-
- Ingestão de álcool: o álcool deprime a contratilidade tituídos por antagonistas de receptores da angiotensina. A
miocárdica e pode precipitar arritmias. Sua ingestão opção para quem desenvolve disfunção renal é a associação
deve ser minimizada. Em caso de cardiomiopatia alco- de hidralazina a nitrato.
ólica, é necessária a abstinência total; A dose inicial de captopril para IC, em pacientes com
-Tabagismo: deve ser totalmente desestimulado. Os pressão arterial normal ou baixa (já em uso de doses apro-
adesivos de nicotina podem ser utilizados com segu- priadas de diuréticos), é de 6,25 a 12,5mg, 3x/d. Entre os
rança, assim como a abordagem multidisciplinar para demais, o tratamento pode ser iniciado na dose de 25mg,
o abandono do cigarro; 3x/d.
- Atividade física: diferentemente do que se acreditava, A dose-alvo é de 150mg/d, atingida em alguns dias com
um programa de exercícios planejado e adaptado a monitorização cuidadosa de pressão arterial, sintomas e
cada caso é de grande ajuda no controle dos sintomas função renal. Eventualmente, alguns podem necessitar de
e na melhora psicológica; doses maiores.
- Atividade sexual: sua manutenção contribui para au- A dose inicial de enalapril recomendada pela literatura
mentar a autoestima e a qualidade de vida. Classes é de Smg/d, e a dose-alvo, de 20 a 40mg/d. Outros IECAs
funcionais 111 e IV devem evitar o uso de sildenafila por que podem ser usados para o tratamento da IC são ramipril
24 horas após a utilização de nitratos; e lisinopril.

115
Tabelo 7- /ECA e uso em /C c) Betabloqueadores

M·Ji·!if(M Doses iniciais Doses máximas A ativação simpática e os níveis plasmáticos elevados
Captopril 6,25mg, 3x/d 50mg, 3x/d de noradrenalina desempenham papel primordial na pro-
gressão da disfunção ventricular e no prognóstico da IC. Há
Enalapril 2,5mg, 2x/d 20mg, 2x/d
3 betabloqueadores aprovados para uso em IC: carvedilol,
Lisinopril 2,5 a 5mg, 1x/d 20 a 40mg, 1x/d
succinato de metoprolol e bisoprolol, que devem ser pres-
Ramipril 1,25 a 2,5mg, 1x/d lOmg, 1x/d critos a pacientes com IC estável com disfunção sistólica.
A internação motivada por descompensação da IC não é o
Angioedema de face e ocasionalmente o de glote são
melhor momento para iniciar a prescrição dessa classe far-
relatados em qualquer tempo da terapêutica. Na maioria
macológica. Entretanto, após a estabilização, tais medica-
das vezes, o envolvimento restringe-se a face e lábios,
ções podem ser iniciadas em enfermaria, de forma segura e
porém o envolvimento de língua, glote e laringe pode de fácil monitorização.
causar a obstrução das vias aéreas. Neutropenia e até Ao iniciá-los, podem ser necessários o aumento da
agranulocitose são relatadas com o uso do captopril, dose de diuréticos e o emprego de restrição hídrica, pois
cerca de 3 meses após o início de seu uso, contudo não pode haver piora clínica. São iniciados em doses baixas, e,
parecem ser causadas por outros IECAs. A piora da fun- em ambiente ambulatorial, o aumento é realizado a cada
ção renal é descrita na literatura, principalmente entre 2 semanas. Os efeitos colaterais e as interações são seme-
pacientes suscetíveis (alteração renal prévia e hipovolê- lhantes aos demais da classe. Bloqueiam receptores beta-
micos), e reversível após a descontinuação da medica- -adrenérgicos, dependendo da droga utilizada. Há redução
ção. O uso dessa classe farmacológica entre aqueles com da mortalidade e do risco de internação naqueles com IC
creatinina >3,5mg/dl deve ser realizado com extremo classes 11, 111 e IV, aliviando os sintomas tanto de portadores
cuidado. como de não portadores. Devem ser utilizados em todos
Cerca de 1% daqueles em estudos clínicos apresenta hi- os indivíduos com IC por falência ventricular esquerda, ex-
percalemia (K+ >5,7mg/dL), efeito observado em 3,8% dos ceto naqueles com contraindicação ou intolerância. Para o
pacientes com IC. No entanto, na maioria dos casos, não é início do tratamento, os pacientes não devem apresentar
necessária a interrupção da medicação. retenção hídrica importante nem ter recebido inotrópicos
Tosse é descrita com a medicação em 2,2 a 10% dos ca- positivos intravenosos recentemente. Aqueles com hiper-
sos, presumivelmente, atribuída à degradação das bradici- -reatividade brônquica, bradicardia sintomática ou BAV
ninas. Em geral, resolve-se com a descontinuação da me- avançado também não devem receber a droga.
dicação ou a troca do fármaco por outro da mesma classe. Quanto aos assintomáticos, há evidência de benefício
Trata-se do efeito colateral mais comum observado com o apenas entre aqueles com disfunção ventricular pós-infarto.
uso dessa classe de medicamentos. A dose inicial deve ser baixa, com aumento progressi-
vo, conforme há tolerância à medicação. O peso deve ser
b) Diuréticos
acompanhado, pois o betabloqueador determina retenção
Os diuréticos formam o único grupo de medicações que hídrica, a ser tratada com diuréticos. A dose a ser atingida
controla, efetivamente, a retenção hídrica, determinando a é a determinada pelos estudos clínicos de cada droga, com
melhora sintomática mais precocemente do que as outras demora na resposta terapêutica em cerca de 8 a 12 sema-
drogas. Deve-se utilizar, de preferência, o diurético de alça nas.
(furosemida), pois os tiazídicos têm ação diurética pouco O uso de betabloqueador pode determinar 4 tipos de
potente, principalmente entre pacientes com clearance de complicações: retenção hídrica (geralmente assintomática),
creatinina abaixo de 30ml/min. Não devem ser utilizados fadiga (geralmente, melhora em 4 a 6 semanas), bradicar-
isoladamente para controle da IC; são associados ao uso de dia/BAV e hipotensão.
IECA, betabloqueadores e digoxina. Os efeitos adversos in-
bl ueai::Jores
cluem perda de eletrólitos (magnésio e potássio), hipoten-
são e uremia. Estão indicados apenas aos sintomáticos com Medicações Doses iniciais Doses máximas
sinais e sintomas de congestão. A introdução àqueles com Carvedilol 3,125mg, 2x/d 25mg, 2x/d
disfunção ventricular, porém assintomáticos ou hipovolêmi- Succinato de metoprolol 6,25mg, 2x/d 200mg,lx/d
cos, está contraindicada (classe 111). Bisoprolol 1,25mg, lx/d lOmg, lx/d

d) Digitálicos
Drogas Doses iniciais Doses máximas
A digoxina e a digitoxina, glicosídeos cardíacos com efei-
20 a 40mg, 1 a Atingir peso seco (até
Furosemida to inotrópico positivo, inibem a Na-K-ATPase, determinando
2x/d 200mg/d).
aumento de sódio e cálcio intracelular. A medicação reduz
Bumetanida (com- 0,5 a 1mg, 1 a Atingir peso seco (até a atividade simpática e estimula a ação vagai, diminuindo a
primidos de 1mg) 2x/d lOmg/d).
frequência cardíaca e retardando a condução do estímulo

116
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

elétrico no nó atrioventricular. Entre pacientes com falência - Tratamento do hiperaldosteronismo primário: em cur-
cardíaca leve a moderada, a digoxina reduziu os sintomas e to prazo para preparação cirúrgica ou em longo prazo
diminuiu a necessidade de hospitalização, sem, no entan- aos pacientes com hiperaldosteronismo idiopático -
to, causar qualquer impacto na sobrevida. Houve peque- nível de evidência li;
na diminuição no risco de morte por causa cardíaca, mas - Estados edematosos associados à cirrose hepática- ní-
também houve aumento no número de mortes por outras vel de evidência li;
causas. - Tratamento da hipertensão essencial em associações a
As indicações de digital em IC são pacientes com disfun- outras medicações- nível de evidência 11;
ção sistólica sintomática, atenuando sintomas, melhorando - Tratamento da IC classe funcional 3 ou 4 ou com FE
a qualidade de vida e contribuindo para diminuir o número <35%- nível de evidência 11.
de internações (evidência nível li) e para controlar a respos-
ta ventricular naqueles com ftbrilação atrial, sendo droga de f) Antagonistas do receptor da angiotensina 11
1ª escolha no subgrupo com IC. Os antagonistas da angiotensina 11 (ATII} apresentam-
O uso parenteral deve ser limitado a situações em que é -se como alternativa ao uso de IECAs e realizam bloqueio
necessária rápida digitalização para o controle clínico, prin- do sistema renina-angiotensina- aldosterona, porém sem
cipalmente em arritmias supraventriculares agudas. inibição das cininases, o que lhes confere menores efeitos
A terapia é iniciada na dose usual de 0,125 a 0,250mg/d; adversos. Quando comparados aos IECAs, são inferiores em
pacientes com mais de 70 anos ou alteração da função re- relação aos benefícios no manuseio da IC. No entanto, po-
nal podem utilizar menores doses. Raramente se recorre a dem ser utilizados como opção terapêutica na intolerância
maiores que 0,25mg/d, e não há necessidade de dose de aos IECAs.
ataque. Podem ser utilizados em associação a betabloque- As 2 drogas desse grupo estudadas para o tratamento
adores e IECA para maior alívio de sintomas ou controle da IC são a valsartana e a losartana. A primeira, que apre-
de resposta ventricular entre os portadores de ftbrilação senta melhores resultados, é iniciada na dose de 40mg,
atrial. 2x/d, e deve-se dar a maior possível tolerada, até 320mg/d.
A intoxicação digitálica pode manifestar-se com deso- Já a dose-alvo da losartana é de 25 a lOOmg, lx/d .
rientação, confusão mental, alterações visuais, diarreia, Não há benefícios adicionais ao acrescentar rotineira-
náuseas, vômitos e arritmias cardíacas (ritmos ectópicos, mente os inibidores da ATII a doses adequadas de IECA,
reentrada e BAV), e o seu risco é maior em algumas situ- sendo deletéria tal associação. E, apesar de os antagonis-
ações clínicas (hipocalemia, hipomagnesemia e hipotireoi- tas Z da ATII não provocarem tosse, como os IECAs, a inci-
dismo) e durante o uso de algumas medicações (quinidina, dência de hipotensão, o prejuízo na função renal e a hiper-
verapamil, espironolactona e amiodarona). calemia são semelhantes aos induzidos por esses últimos
Na sua presença, é importante descontinuar a medica- inibi dores. Tal associação é aceitável apenas entre aqueles
ção, e a correção de hipomagnesemia e de hipocalemia é que permanecem sintomáticos mesmo com terapia otimi-
de extrema importância. O anticorpo antidigoxina é indi- zada (classe lia) .
cado a arritmias severas. Já outras medidas, como marca-
Tabelo 10- Principais inibidores
-passo temporário, são indicadas conforme cada caso.
Medicamentos Doses diárias (mg)
e) Antagonistas da aldosterona
Losartana 50 a 100
Além da retenção de sódio e água e da perda de potás-
Valsartana 80 a 320
sio e magnésio, a aldosterona estimula a produção de fi-
Candesartana 8 a 32
broblastos e aumenta as fibroses miocárdica e perivascular,
provocando disfunção ventricular e diminuição da compla-
cência arterial. Portanto, seu bloqueio apresenta efeitos he- g) Nitratos e hidralazina
modinâmicos favoráveis e interfere na progressão da lesão O estudo Vasodi/ator-Heart Failure Trio/ (V-HeFT) de-
miocárdica. Estudos com espironolactona demonstraram monstrou que a combinação de nitratos e hidralazina dimi-
que doses entre 12,5 e SOmg melhoram a sintomatologia e nui a mortalidade, embora não diminua o número de hospi-
diminuem a taxa de mortalidade. talizações. É indicada àqueles com contraindicações a IECA
São indicadas a pacientes com IC avançada (NYHA 111 e e inibidores da ATII (classe I) e àqueles em CF 111-IV em uso
IV), associada ao tratamento-padrão com diurético, digital, de terapia já otimizada (classe lia), principalmente afrodes-
IECA e betabloqueador. Os níveis séricos de potássio e cre- cendentes (classe 1). A dose-alvo de hidralazina é de 200 a
atinina devem ser controlados antes do tratamento e du- 300mg/d, em doses divididas em 3 a 4 doses ao longo do
rante, devendo-se reduzir a dose em 50%, caso os níveis de dia, e Monocordil ®, 40mg, 4x/d.
potássio estejam entre 5 e S,SmEq/L, e suspender a medi- Para os pacientes com descompensação aguda de IC,
cação se superam S,SmEq/L. Não há estudos que revelem os nitratos parenterais são drogas sintomáticas importan-
sua eficácia entre assintomáticos. O uso da espironolactona tes. Essas medicações diminuem a congestão pulmonar e
é indicado para: melhoram a perfusão coronariana, sendo seu mecanismo

117
principal a diminuição da pré-carga pelo seu efeito veno- k) Tratamento cirúrgico
dilatador. A cirurgia de troca valvar mitral pode ser considerada
A nitroglicerina intravenosa é iniciada na dose de S1-1g/ aos pacientes com insuficiência mitral grave secundária e
mine pode ser titulada a cada 3 a 5 minutos até a resposta refratária ao tratamento clínico otimizado. Outros proce-
desejada. Pode-se diluir um frasco de SOmg em SOOmL de dimentos a considerar são a reconstrução do ventrículo
água destilada em frasco de vidro ou soro fisiológico a 5% esquerdo na presença de grande área fibrótica durante ci-
em frasco especial, o que fornece uma solução de 10011g/ rurgia de revascularização miocárdica. A aneurismectomia
ml. Pode-se iniciar com 3 a 6ml/h dessa solução em bomba do ventrículo esquerdo também está indicada aos sintomá-
de infusão. A meia-vida sérica da nitroglicerina é de, aproxi-
ticos com terapia otimizada, arritmia ventricular refratária
madamente, 3 minutos.
ou tromboembolismo.
h} Antagonistas de cálcio
Os antagonistas de cálcio não são recomendados ao B. Insuficiência cardíaca diastólica
tratamento da IC sistólica, especialmente o diltiazem e o
verapamil, pois são depressores miocárdicos e aumentam Poucos assuntos na Medicina são tão controversos
a probabilidade de bloqueio cardíaco quando associados a como o da IC diastófica. Muitos com IC sem alteração de
betabloqueadores. Porém, alguns estudos demonstraram a FE ao ecocardiograma são rotulados como portadores de IC
segurança dos antagonistas de 3!! geração, como anlodipino diastólica. No entanto, é frequente, ao longo da investiga-
e felodipino (nos pacientes), e podem ser considerados no ção clínica, encontrar outros diagnósticos que justifiquem
tratamento de hipertensão e de angina associadas à IC. a dispneia. Cerca de 20 a 40% têm função ventricular pre-
servada, sendo sua sintomatologia secundária ao compro-
i) Antiarrítmicos metimento da função de relaxamento ventricular. Várias
Em geral, os antiarrítmicos não são recomendados ao condições estão associadas à disfunção diastólica, incluindo
tratamento da IC, e o uso crônico de sua maioria foi asso- as miocardiopatias restritiva, hipertrófica e infiltrativa. En-
ciado a aumento da mortalidade. Uma exceção é a amioda- tretanto, a maioria não apresenta uma doença miocárdica
rona, que demonstrou perfil de segurança adequado entre identificável.
os portadores de IC. A dose de manutenção desse antiarrít- A IC associada à função sistólica preservada é mais fre-
mico varia entre 100 e 200mg/d. quente em mulheres idosas, a maioria delas com hiperten-
A monitorização eletrocardiográfica contínua revela que são arterial. O envelhecimento está associado à perda das
90% apresentam algum tipo de arritmia, sendo frequentes propriedades elásticas do coração e dos grandes vasos, o
a extrassistolia ventricular multifocal e mesmo a taquicar- que causa aumento da pressão sistólica e da rigidez mio-
dia ventricular não sustentada. Contudo, os mecanismos cárdica. Além disso, os idosos apresentam, habitualmente,
predisponentes incluem a própria disfunção ventricular, a doenças que podem comprometer a função diastólica de
isquemia miocárdica, a hiperatividade simpática e os níveis forma adicional, como coronariopatia, diabetes, estenose
elevados de catecolaminas, estando a melhora da arritmia aórtica e fibrilação atrial.
condicionada ao controle da IC.
Indica-se o uso de antiarrítmicos para a prevenção de A - Diagnóstico
choques recorrentes em portadores de cardiodesfibrilador
O ecocardiograma com Doppler é o método mais utili-
implantável, aos pacientes com taquicardia supraventricu-
zado na avaliação do relaxamento ventricular. Todavia, di-
lar ou ventricular sustentada sintomática, e a medicação versas condições podem torná-lo impreciso, entre elas a
de escolha é a amiodarona. Quando associada aos beta- volemia, a frequência cardíaca e a presença de regurgitação
bloqueadores no manuseio da IC, seu benefício parece ser mitral. A avaliação da função diastólica ecocardiográfica re-
reduzido. quer exame bem mais detalhado que o habitual. Na prática,
Verapamil, quinidina, propafenona e sotalol estão con- o diagnóstico é obtido quando o paciente apresenta sinto-
traindicados àqueles com disfunção sistólica. mas e sinais típicos de ICe FE normal. O padrão-ouro para
j) Antitrombóticos o diagnóstico seria o estudo hemodinâmico, o qual não é
possível rotineiramente.
Indivíduos com IC têm risco aumentado de eventos
tromboembólicos devido a estase venosa, dilatação cardía-
ca e, provavelmente, aumento da atividade pró-coagulante.
B - Tratamento
Os poucos estudos existentes não mostraram que o uso de Há muito pouca evidência sobre como tratar a disfun-
agentes antitrombóticos no tratamento crônico da IC dimi- ção diastólica, pois os pacientes foram excluídos de quase
nuiu a incidência de complicações. Já entre os agudamente todos os grandes estudos de IC. Estudos anteriores suge-
descompensados, com necessidade de internação e restri- riam os betabloqueadores e os bloqueadores dos canais de
ção ao leito, estudos randomizados e controlados indicam cálcio como as drogas de escolha, mas a metodologia falha
que o uso de heparina reduz o risco de tromboembolismo de tais estudos não permite conclusões. De modo geral, o
venoso. tratamento baseia-se no controle da pressão arterial, da

118
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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

frequência cardíaca e da isquemia miocárdica . Um estudo sinais de isquemia miocárdica, sobrecargas ventriculares,
recente sugere que a valsartana, um antagonista de ATII, arritmias e sinais de pericardite. A oximetria de pulso e a
apresenta benefício adicional. A Tabela 11 apresenta os fár- gasometria arterial também são úteis. A avaliação da fun-
macos mais utilizados nessa condição clínica. ção renal, de eletrólitos e do hemograma pode identificar
fontes de descompensação, como insuficiência rena l, dis-
- túrbios hidroeletrolíticos, anemia e infecção. Marcadores
M~ditamentos Ações de lesão miocárdica podem ser úteis se utilizados de acor-
Diminui a frequência cardíaca e aumenta o do com a clínica. O D-dímero também pode ser utilizado
Betabloqueador
tempo de diástole. para descartar tromboembolism o pulmonar como causa
Melhora o relaxamento e diminui hiperten· de descompensação, apesar de poder apresentar resultado
IECA falso positivo nas classes avançadas de IC. Estase jugular e
são e hipertrofia ventricular.
Idem ao betabloqueador; há possível melho- 83, embora tenham alta especificidade para identificar al-
Verapamil ra funcional em pacientes com hipertrofia tas pressões de enchimento ventricular, apresentam sen-
miocárdica. sibilidades de, respectivamente, apenas 30 e 24%, para o
Podem ser necessários em caso de retenção de diagnóstico de IC no serviço de emergência. A combinação
Diuréticos de crepitações pulmonares, edema de membros inferiores
fluidos, mas devem ser utilizados com cuidado.
e estase jugular teve 100% de especificidade, mas somente
58% de sensibilidade para diagnosticar real congestão pul-
S. Insuficiência cardíaca monar identificada pela pressão encunhada de artéria pul-
monar :::!:22mmHg em 43 pacientes avaliados.
descompensada Nos últimos anos, foi avaliado o papel dos BNPs no
A avaliação do paciente que chega ao departamento de diagnóstico de IC. Alguns estudos mostraram a acurácia
emergências com dispneia e suspeita de IC deve passar por diagnóstica de tais peptídios naqueles que chegam ao pron-
história clínica e exame físico detalhados, além de alguns to-socorro com queixa de dispneia. Foram identificados 4
exames laboratoriais. tipos desses peptidios:
A história clínica deve incluir duração dos sintomas, tipo 1- Peptidio natriurético atrial (ANP).
de dispneia, grau de limitação funcional, presença de or- 2- Peptídio natriurético cerebral (ou tipo B- BNP).
topneia e dispneia paroxística noturna, sintomas associa- 3- Peptídio natriurético tipo C (CNP).
dos (febre, tosse, expectoração, dor torácica pleurítica ou 4- Peptídio natriurético tipo D.
precordial, hemoptise, dor abdominal, sintomas urinários
Todos são secretados em resposta a estresse hemodi-
etc.), número de internações prévias, tempo de duração da
nâmico, particularmente ao aumento da pressão intracar-
doença, se já existe diagnóstico prévio de IC, comorbidades
díaca e ao estiramento das fibras miocárdicas. O mais es-
(Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica- DPOC - , asma, HAS,
tudado e, provavelmente, mais útil no diagnóstico é o BNP.
câncer, doença cerebrovascular, insuficiência renal, cirrose,
Sua acurácia diagnóstica no principal estudo que o avaliou
insuficiência coronariana, outras doenças cardíacas etc.),
(valor de corte= 100pg/ml) foi de 81,2%, com sensibilidade
medicações em uso, med idas não farmacológicas, grau de
de 90%, especificidade de 73%, valor preditivo positivo de
adesão ao tratamento, tabagismo, etilismo, uso de drogas e
75% e valor preditivo negativo de 90%. A acurácia de uma
fatores de risco para tromboembolism o pulmonar.
abordagem diagnóstica incluindo a avaliação clínica ou BNP
O exame físico deve avaliar o grau de dispneia, cianose,
acima de lOOpg/ml ou ambos foi de 81,5%. Desta forma, a
palidez, perfusão periférica, pressão arterial e frequência
adição de um BNP positivo (maior que 100pg/ml) aumenta
cardíaca, presença de estase jugular, avaliação de estridor
a acurácia diagnóstica no pronto-socorro pelo julgamento
laríngeo, ausculta pulmonar cuidadosa (crepitações difusas
clínico de 74 para 81,5%.
ou localizadas, sibilos, roncos, derrame pleural, pneumotó-
O BNP aumenta tanto na IC por disfunção sistólica
rax etc.), ictus e frêmitos, ausculta cardíaca (sopros, atritos,
como na IC por disfunção diastólica, todavia não há como
abafamento de bulhas, B3 e B4 etc.), avaliação de conges-
diferenciar esses 2 tipos com base no valor do BNP. Como
tão hepática, edema de membros inferiores ou sacral no
diagnóstico, já foi incorporado pelo Consenso Europeu de
caso de pacientes acamados e sinais de trombose venosa
IC, contudo ainda não existe consenso quanto ao seu uso
profunda .
para diagnóstico e prognóstico e como medida da resposta
Na maioria dos casos, o diagnóstico no serviço de emer-
terapêutica. Além disso, sua disponibilidade ainda se res-
gência pode ser realizado apenas com história e exame físi-
tringe a poucos centros brasileiros.
co. No entanto, alguns exames complementares são impor-
tantes tanto para o diagnóstico como para a avaliação da
A - Classificação de risco
gravidade e do prognóstico.
A radiografia de tórax pode mostrar área cardíaca au- O prognóstico dos pacientes com IC descompensada
mentada, sinais de congestão pulmonar, derrame pleural, pode ser avaliado por meio de alguns parâmetros. Recente-
pneumotórax, condensações pulmonares localizadas e hi- mente, foi desenvolvido um modelo de predição clínica, de
perinsuflação pulmonar. O ECG, por sua vez, pode mostrar fácil uso e aplicável no pronto-socorro pelo médico-assis-

119
tente. O escore de risco prediz mortalidade em 30 dias e 1 Tal escore pode ser útil na decisão quanto a internação
ano, e os preditores foram idade, pressão arterial sistólica, hospitalar em enfermaria ou UTI, observação no pronto-so-
frequência respiratória, sódio sérico, hemoglobina (apenas corro, encaminhamento ambulatorial e alta do pronto-so-
para mortalidade em 1 ano), nitrogênio ureico, doença ce- corro. Entretanto, por tratar-se de um estudo recente, ain-
rebrovascular associada, demência, DPOC, cirrose e câncer. da não há dados sobre sua utilização para esse fim. Outro
O escore de risco desenvolvido a partir do estudo está des- estudo demonstrou que variáveis com PA <110x70mmHg e
crito na Tabela 12. creatinina >2mg/dl foram preditoras de evolução desfavo-
rável. A Tabela 14 mostra algumas indicações de internação
hospitalar sugeridas por Stevenson e Braunwald.
Número de pontos

- Arritmias assintomáticas;
+ Idade (nº de + Idade (nº de
Idade (anos) - Múltiplas descargas de desfibrilador implantável;
anos) anos)
FR (mínimo de 20, máximo + Frequência + Frequência -Síncope;
de 45irpm)* (irpm) (irpm) - Parada cardíaca;
~180 - 60 -50 -Insuficiência coronariana aguda;
160 a 179 -55 -45 - Rápida instalação de novos sintomas de IC;
140 a 159 -50 -40 - Descompensação de IC crônica;
Pressão sis-
tólica (em 120 a 139 - Necessidade de internação imediata:
-45 -35
mmHg) · Edema pulmonar e desconforto respiratório na posição sentada;
100 a 119 -40 - 30
· Saturação arterial <90% na ausência de hipoxemia conhecida;
90 a 99 -35 -25 · FC >120bpm (exceto se em fibrilação atrial crônica);
<90 - 30 -20 · Pressão arterial sistólica <75mmHg;
+ Valor(mg/ ·Alterações de consciência atribuíveis à hipoperfusão.
Ureia (máx. 60mg/dL)* + Valor (mg/dL)
dL) - Necessidade de internação urgente:
Sódio <136mEq/L + 10 +10 · Evidência de congestão e hipoperfusão simultâneas;
· Desenvolvimento de distensão hepática, ascite tensa ou ana-
Doença cerebrovascular + 10 + 10
sarca;
Demência +2 + 15 · Descompensação na presença de piora aguda de condições
DPOC +10 + 10 não cardíacas, como DPOC;
Cirrose + 25 + 35 · Insuficiência renal.
Câncer + 15 + 15 - Considerar hospitalização:
Hemoglobina <10g/dl · Queda rápida no sódio sérico para <130mEq/L;
Não se aplica + 10
· Aumento de creatinina, pelo menos, 2 vezes o basal ou
• Deve-se considerar o limite superior ou inferior indicados, caso
>2,5mg/dl;
o valor obtido esteja acima ou abaixo desse limite.
· Sintomas persistentes de congestão em repouso, a despeito
de repetidas visitas ambulatoriais.
O escore de risco para mortalidade em 30 dias é calcula-
do somando todos os fatores (exceto hemoglobina, só adi- A internação é necessária, muitas vezes, durante os epi-
cionada para a avaliação do risco em 1 ano) e subtraindo os sódios de descompensação da IC. De modo geral, a IC des-
pontos atribuídos ao valor da pressão arterial sistólica (va- compensada pode apresentar-se de 3 formas:
lores elevados são protetores) . As categorias de risco foram 1- IC aguda.
divididas de acordo com aumentos de 30 pontos no escore, 2- IC crônica agudizada .
correspondendo a aumentos unitários no desvio-padrão, 3- IC refratária.
conforme ilustra a Tabela 13.
O 1º passo no manejo é determinar o motivo da des-
compensação.
Mortalidade Mortalidade v !fatores paro a descompensoçõo
em 30 dias* em 1 ano *
Fatores cardiovasculares
Muito baixo $60 0,64% 2,7%
- lsquemia ou infarto;
Baixo 61 a 90 4,2% 14,4%
- Hipertensão não controlada;
Intermediário 91 a 120 13,7% 30,2% - Doença valvar primária não suspeita;
121 a - Piora da insuficiência mitral secundária;
Alto 26% 55,5%
150 - Fibrilação atrial aguda ou não controlada;
Muito alto >150 50% 74,7% - Arritmias (taquiarritmias ou bradiarritmias);
• Os valores representam a mortalidade da coorte de validação. - Tromboembolismo pulmonar.

120
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

Fatores sistêmicos Perfis de


Terapêuticas propostas
- Medicações impróprias; paciente
- Infecções; Este pequeno subgrupo pode apre-
Aiteração da
-Anemia; sentar-se com poucos sintomas, e é
perfusão peri-
- Diabetes descompensado; possível o uso isolado de vasodilata-
Grupo 4 fé rica sem con-
dores ou a associação a inotrópicos
-Disfunção tireoidiana; gestão - "seco
parenterais. Reposição volêmica
- Distúrbios hidroeletrolíticos; e frio"
pode ser necessária.
-Gravidez.
Fatores relacionados ao paciente A grande maioria dos que chegam ao pronto-socorro
- Não adesão ao tratamento farmacológico; por descompensação da IC o faz por falta de adesão ao
- Não adesão à dieta e a líquidos; tratamento farmacológico ou às medidas dietéticas. Essas
-Consumo de álcool; pessoas se apresentam, na maioria das vezes, com piora da
- Abuso de drogas; congestão, mas mantendo boa pressão arterial e perfusão,
-Tabagismo. e nem sempre têm dispneia em repouso. Geralmente, já
Fatores relacionados ao sistema de saúde apresentam o diagnóstico de IC e recebem algum tipo de
- Falta de acesso à atenção primária; tratamento ambulatorial. Nesses casos, muitas vezes um
- Falta de acesso às medicações efetivas para ICC; diurético de alça intravenoso associado a captopril oral é
-Tratamento farmacológico inadequado (subdoses ou negligên- medida suficiente para diminuir a congestão e melhorar a
cia em prescrever intervenções terapêuticas eficazes). sintomatologia.
Após um período de observação e avaliação de outras
A abordagem inicial depende do grau e do tipo de des-
causas potenciais de descompensação, devem receber
compensação da IC. De forma geral, podem-se classificar os
orientações não farmacológicas adequadas, aumento da
pacientes que chegam ao pronto-socorro em 4 subgrupos
dose de diuréticos, reavaliação da prescrição com intro-
distintos, de acordo com o grau de congestão e o de perfu-
dução ou ajuste de outras drogas (IECA, digoxina, blo-
são tecidual. A Tabela 16 especifica esses grupos e sugere
queadores da angiotensina, espironolactona, nitratos) e
a conduta.
consulta ambulatorial precoce para acompanhamento.
Tabelo 16- Proposta terapêutico de acordo com a apresentação Entretanto, alguns se apresentam muito congestos e
Perfis de dispneicos em repouso e não respondem satisfatoria-
Terapêuticas propostas
paciente mente às medidas iniciais, necessitando de internação
Sem congestão Há o ajuste de medicações pela via em enfermaria e, algumas vezes, UTI. Neste caso, está in-
e boa perfusão oral para objetivos de redução de dicado o uso de diuréticos parenterais e vasodilatadores,
Grupo 1
periférica - mortalidade e manutenção de esta- de preferência, de forma parenteral. Já os inotrópicos
"seco e quente" do volêmico estável.
parenterais também podem ser úteis, levando à melhora
Necessidade de introdução ou au- sintomática, apesar de o uso prolongado de tais medi-
menta das doses de diuréticos, assu-
cações se associar a aumento de mortalidade em longo
mindo que já estejam usando IECA.
prazo.
Congestão, mas Em casos mais complexos, associação
boa perfusão pe- de vasodilatadores parenterais (nitro- Os pacientes que chegam com edema agudo pulmonar
Grupo 2 necessitam de diuréticos, nitratos, morfina e, eventualmen-
riférica- "úmido glicerina) e/ou nesiritida. lnotrópicos
e quente" não são geralmente necessários e po- te, drogas vasoativas.
dem ser deletérios. Observação curta
no pronto-socorro ou internação em B - Drogas inotrópicas parenterais
casos mais graves.
Geralmente, necessidade de suspen- Os inotrópicos tradicionais atuam através do aumento
são de IECAs e betabloqueadores, do AMPc intramiocárdico, permitindo maior entrada de cál-
particularmente entre aqueles com cio nas células e aumentando o acoplamento actina-mio-
hipotensão sintomática. Muitas ve- sina. Agem via ativação de receptores beta-adrenérgicos
Congestão e zes, vasodilatadores parenterais sufi- (dopamina e dobutamina) ou via inibição da fosfodiestera-
alteração da cientes, devido à elevada resistência
se cardíaco-específica tipo 111 (milrinona e anrinona) e são
Grupo 3 perfusão peri- vascular periférica presente em tais
administrados parenteralmente.
férica- "úmido pacientes. lnotrópicos parenterais
e frio" podem ser necessários por curto pe- O uso de inibidores da fosfodiesterase entre pacientes
ríodo para estabilização, embora se sem hipotensão e hipoperfusão tecidual foi associado ao
associem a taquiarritmias, hipoten- aumento de complicações e à tendência a aumento de mor-
são, isquemia, até aumento da mor- talidade. Mesmo a dobutamina está associada ao aumento
talidade em longo prazo.
da frequência cardíaca e de arritmias.

121
Deve-se ressaltar, no entanto, que, embora os be- recomendada é de 12 a 241J.g/ kg infund idos em 10 minu-
nefícios limitados das infusões de inotrópicos não justi- tos, seguida por dose de man utenção de 0,1 a 0,21J.g/ kg/
fiquem os riscos na maioria dos pacientes com IC des- min por 24 horas. Essa dose é titulada conforme a resposta
compensada, os inotrópicos podem salvar pessoas com clínica e a tolerância.
choque cardiogênico, estando indicados àqueles com
hipoperfusão periférica e adequado volume intravascu- C - Outras medidas
lar. A dobutamina é um agonista betasseletivo e o agente
- Balão intra-aórtico: modo de suporte circu lat ório mais
de escolha para pacientes com pressão arterial sistólica
amplamente utilizado que pode aumentar o débito
acima de 80mmHg, podendo, entretanto, exacerbar a
hipotensão e provocar taquiarritmias. A taquicardia e o cardíaco em até 30%. Está ind icado no choque car-
aumento da resistência vascular periférica, ocasionados diogênico e no edema pulmonar que não respondem
pela dopamina, podem aumentar a isquemia miocárdica. ao tratamento-pad rão. Na IC associada à isquemia
Em algumas situações, a associação das 2 drogas pode miocárdica, atua como ponte até a coronariografia
ser benéfica. Em casos de hipotensão refratária, a nore- di agnóstica e/ou tera pêutica;
pinefrina pode ser necessária para manter a pressão de - Bomba de fluxo contínuo: dispositi vo de bombea men-
perfusão tecidual. to sanguíneo que trabalha em paralelo ao ventrículo,
capaz de gerar, por princípio centrífugo, débito inde-
Tabela 17 · Doses das droqas ma1s usadas no IC descompo'nsoda
pendente do apresentado. Pode ser utilizado de f orma
Drogas Doses isolada ou associada ao balão intra-aórtico;
- Bofus: 20 a 80mg (máximo 600mg/d); - Ventrículo artificial: utilizado, principal mente, como
Furosemida ponte para transplante, na síndrome pós-cardiotomia
-Infusão contínua: ataque de 0,1.
e, ocasionalmente, como alternati va ao transplante
NitrogUcetina Inicial: 5 a 10~/min cardíaco;
-Inicial: 0,3 a O,Silg/kg/min; - Coração artificial: dispositivo implantável que tem
Nitr1lprusseto
- Usual: 3 a 5 i.J.g/kg/mm. sido utilizado como ponte para t ranspla nte. Observa-
-se melhora importa nte da função vent ricular após pe-
-Ataque: 2i.J.g/kg;
Nesiritida ríodo prolongado de circulação assi stida, que permite,
-Manutenção: 0,01~/kg/min. eventualmente, a remoção do sistema;
Dopamina 1 a 20i.J.g/kg/min - Tratamento cirúrgico:
Dobutamina 1 a 20!lg/kg/min • Revascularização miocárdica: a revascularização do
paciente com IC crônica pode ser útil no controle
-Ataque: 501-lg/kg/min;
Milrinona dos sintomas, desde que a disfu nção do ventrícu-
-Manutenção: 0,375 a 0,750~/kg/min. lo esquerdo não sej a irreversível. A identificação
1 a 30~/min (recomendado pelo Advanced de miocárdio viável pode ser feita com cintilografia
Noradrenalina Cardiovascu/ar Life Support, mas se podem com tálio ou ecocardiografia de estresse, mas é ne-
usar doses mais altas) cessário critério na escolha do paciente potencial,
-Ataque: 24~/kg em 10 minutos; pois a mortalidade cirúrgica é alta e não existem es-
Levosimendana tudos mostrando que a ci ru rgia é melhor do que o
- Manutenção.
tratamento clínico oti mizado;
A levosimendana, medicação relativamente recente no • Cirurgia para insuficiência mitral: a regurg ita ção
manejo da IC aguda, apresenta vantagens em relação às mitral de gra u variável no ventrículo dilatado pode
outras drogas inotrópicas por permitir melhora do relaxa- ocorrer na IC. A plastia da valva mit ral tem sido re-
mento diastólico, ao contrário dos inotrópicos, que agem alizada com baixa mortalidade e potencial de me-
por via adrenérgica, comprometendo o relaxamento dias- lhorar sintomas, assim como as variáveis de função
tólico. Causa, também, vasodilatação por meio da abertura ventricular;
de canais de potássio. Por essas ações inotrópicas e vaso- • Transplante cardíaco: é a única abordagem cirú r-
dilatadoras, a medicação aumenta o débito cardíaco sem gica efetiva no trata mento da IC refrat ária, embora
aumentar o consumo miocárdico de oxigênio. beneficie poucas pessoas a cada ano. As indicações
Outro mecanismo associado é o melhor aproveitamento atuais baseia m-se na identificação de pessoas com
no sarcômero do cálcio disponível para a contração miocár- grave prejuízo fu ncional, como ind icado por um vol
dica. A levosimendana mostrou-se superior à dobutamina inferior a 10mL/kg (menos de 50% do esperado) ou
em pacientes com IC grave descompensada e, ao contrá- pela dependência contín ua de inotrópicos. Outras
rio da dobutamina, principalmente, e da nesiritida em 2º indicações menos comuns são angina e arritmias
lugar, parece não ter associação importante a aumento de ventriculare s graves, refratárias a out ras opções te-
mortalidade em médio e longo prazos. A dose de ataque rapêuticas.

122
- - ~ -~ - -- - - -~ -"' - - - - -- - - - o - - --......-
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

10. Resumo
Quadro-resumo
-A IC é uma síndrome caracterizada pela incapacidade do coração de suprir as necessidades metabólicas dos tecidos;
- Pode ocorrer por déficit contrátil (IC sistólica) ou por déficit de relaxamento ventricular (IC diastólica);
-As principais manifestações são dispneia e fadiga , além da intolerância aos esforços, retenção de fluidos com consequente congestão
pulmonar e edema de membros inferiores;
- A partir de uma injúria (hipertensão, infarto do miocárdio etc.), uma série de mecanismos fisiopatológ icos neuro-humorais é ativada,
como na ativação do eixo renina-angiotensina-ald osterona; esses mecanismos determinam a progressão da disfunção ventricular;
-O diagnóstico é clínico e baseia-se na história e nos achados do exame físico;
- O ecocardiograma não define o diagnóstico de IC, mas fornece informações significativas sobre a função ventricular e as possíveis
causas;
-A principal medida da função do ventrículo esquerdo é a FE, considerando prejuízo da função sistólica quando a FE é inferior a 55%;
- O tratamento depende da classe funcional; o controle ou a eliminação dos fatores de risco são essenciais para evitar a progressão
da IC;
-O tratamento farmacológico utiliza :
· IECA (indicado em qualquer estágio funcional da IC);
· Betabloqueador (seu uso reduz a mortalidade e o risco de internação entre naqueles com IC classes 11, 111 e IV, melhorando os sin-
tomas tanto de portadores como de não portadores de ICC. Deve ser utilizado em todos com IC por falência ventricular esquerda,
exceto entre aqueles com contra indicação ou intolerância à droga);
· Diuréticos (único grupo de medicações que controla efetivamente a retenção hídrica; determinam a melhora sintomática mais pre-
cocemente do que as outras drogas);
· Restrição de sódio;
· Digital (as indicações do uso de digital em IC são tratamento sintomático, atenuando sintomas, melhorando a qualidade de vida e
contribuindo para diminuir o número de internações, além de controle da resposta ventricular em pacientes com fibrilação atrial,
sendo a droga de 1ª escolha nesse subgrupo com IC).
-Os antagonistas da aldosterona são indicados àqueles com IC avançada (NYHA 111 e IV), associada ao tratamento-padrão com diurético,
digital, I ECA e betabloqueador;
- O uso das medicações inotrópicas parenterais deve ser limitado a IC grave, principalmente em caso de choque cardiogênico, pois se
associam a aumento de mortalidade em médio e em longo prazos.

123
CAPÍTULO 11
CARDIOLO A

Edema agudo pulmonar


José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

pulmonar na síndrome do desconforto respiratório agudo e o edema pulmonar


I. Introdução
das grandes altitudes. Nessas situações, a pressão hidrostática do capilar pulmo-
A - Etiologia nar encontra-se normal (abaixo de 18mmHg). Nesse tipo de edema, a pressão
capilar pulmonar é normal e não há hipertensão pulmonar.
O Edema Agudo Pulmonar (EAP) é
No edema pulmonar cardiogênico, o mecanismo principal fisiopatológico é a
uma síndrome clínica que pode resul-
ação da pressão hidrostática capilar elevada (hipertensão pulmonar >18mmHg),
tar de diferentes condições:
que determina o aumento do edema intersticial pulmonar, como na insuficiência
- Distúrbios hemodinâmicos: in-
cardíaca descompensada e na insuficiência mitral aguda no infarto do miocárdio.
suficiência ventricular esquerda,
obstrução ao nível da valva mi-
Pulmão normal
tral, arritmias cardíacas e hiper-
volemia;
- Aumento da permeabilidade da Interstício perimicrovascular ........_
membrana alveolocapilar: sepse,
infecção pulmonar, afogamento, Capilar Filtração de fluidos
aspiração pulmonar, anafilaxia e
síndrome do desconforto respira- Barreira endotelial intacta

tório agudo; Pressão Hidrostática Normal (PHN)


- Elevação da pressão negativa in-
Edema pulmonar cardiogênico Edema pulmonar não cardiogênico
trapleural: obstrução da via aérea;
- Outras: após traumatismo cranio-
_ Drenagem linfática aumentada
encefálico, exposição a grandes
- Edema peribroncovascular
altitudes e embolia pulmonar.
Interstício cheio de fluido
' /
B - Fisiopatologia proteínas

Na gênese do edema pulmonar, é Pressão hidrostática


importante considerar a fisiopatologia aumentada Inundação alveolar devido ao
presente, a depender se de origem aumento da permeabilidade epitelial
Filtração de fluidos
cardiogênica ou não cardiogênica. Neutrófilo
aumentados
O edema pulmonar não cardiogêni- Permeabilidade aumentada

co está associado ao aumento da água Barreira endotelial intacta

intersticial pulmonar por alteração da


permeabilidade do capilar pulmonar; Figura 1 - Diferenças na fisiopatolog/0 do edema pulmonar cardiogênico e do não car-
são exemplos dessa condição o edema diogêníco

125
Tabela 1 - Causas

- lsquemia miocárdica;
- Insuficiência aórtica aguda;
-Insuficiência mitral aguda;
- Estenose mitral;
-Hipertensão arterial sistêmica;
- Hipertensão renovascular;
- Fibrilação atrial/taquiarritmias;
-Anemia;
- Febre;
- Doença tireoidiana;
- Neurogênico.

Tabela 2 - Classificação segundo a sua fisiopa tologia

Desbalanço das forças de Starling


-Aumento da pressão capilar pulmonar:
· Aumento da pressão venosa pulmonar, sem falência do ven-
trículo esquerdo (estenose mitral);
· Aumento da pressão venosa pulmonar, com falência do ven-
trículo esquerdo.
- Redução da pressão oncótica plasmática: hipoalbuminemia,
por exemplo;
-Aumento da negatividade da pressão intersticial:
Figura 2 - Edema "em asa de borboleta'; típico de EAP · Rápida correção de pneumotórax;
· Obstrução respiratória aguda (asma).
A causa mais comum de EAP de origem cardiogênica Alteração da permeabilidade alveolocapilar
é a disfunção diastólica do ventrículo esquerdo, associada (síndrome da angústia respiratória aguda)
à etiologia isquêmica. Pode ocorrer por diferentes condi- - Pneumonia;
ções hemodinâmicas, como crise hipertensiva, isquemia - Inalação de substâncias tóxicas;
miocárdica ou miocardiopatias hipertróficas. A disfunção
-Toxinas circulantes (bacterianas, venosas etc.);
diastólica representa a redução da capacidade ventricular
-Aspiração do conteúdo gástrico;
esquerda de receber o volume de sangue que chega pelo
- Pneumonite aguda por radiação;
átrio esquerdo e pelas veias pulmonares (redução da com-
placência ventricular), o que provoca a elevação da pressão - Coagulação intravascular disseminada;
de enchimento do ventrículo esquerdo (pressão diastólica -Imunologia (reações de hipersensibilidade);
final), que se transmite para o átrio esquerdo, as veias pul- -Trauma não torácico;
monares e os capilares pulmonares. - Pancreatite hemorrágica aguda.
O aumento da pressão hidrostática capilar pulmonar Insuficiência linfática
determina o extravasamento de líquido para o interstício -Após transplante pulmonar;
pulmonar e, quando é excedida a capacidade de drena-
- Carcinomatose linfangítica;
gem do sistema linfático dos pulmões, também para os
- Linfangite fibrosante (exemplo : silicose pulmonar).
alvéolos.
Como outras causas do EAP de origem cardiogênica, Etiologia desconhecida
têm-se a obstrução ao fluxo pela valva mitral (estenose val- - Edema pulmonar das grandes altitudes;
var, mixoma e trombo), insuficiência mitral aguda (disfun- - Edema pulmonar neurogênico;
ção do músculo papilar ou ruptura da cordoalha no infarto - Embolia pulmonar;
agudo do miocárdio e no prolapso, endocardite), insuficiên- - Pós-anestesia e pós-cardioversão.
cia aórtica aguda (endocardite, dissecção de aorta, disfun-
ção de prótese), arritmias cardíacas e hipervolemia; estas
2 últimas costumam ser causa de EAP entre portadores de
2. Quadro clínico
algum grau de disfunção cardíaca sistólica (miocardiopatias O principal sintoma é intensa falta de ar (dispneia), ge-
dilatadas) ou diastólica. A seguir, estão listadas algumas ralmente súbita, mas também podem ocorrer ortopneia,
causas de EAP. taquipneia, tosse com expectoração rósea e dor torácica,

126
EDEMA AGUDO PULMONAR

mesmo na ausência de isquemia. O exame clínico, além dos Pode ser feita, ainda, a dosagem do peptídio natriuréti-
sintomas já citados, revela sinais proeminentes de ativação co cerebral, em inglês, BNP (Brain Natriuretic Peptide), um
simpática: taquicardia, palidez, sudorese fria, agitação psi- hormônio fisiologicamente produzido pelo coração que,
comotora e ansiedade. quando em situações de sobrecarga, eleva-se no sangue
No exame pulmonar, há crepitações inspiratórias e ex- e, portanto, auxilia a diferenciar causas cardiogênicas de
piratórias em todo o tórax, podendo ocorrer sibilos, o que pulmonares em pacientes com insuficiência respiratória.
sugere edema da parede brônquica. Tal condição pode ser Valores >500pg/ml sugerem insuficiência cardíaca como
confundida com quadro de reatividade brônquica exacer- etiologia do EAP, enquanto valores <100 tornam improvável
bada, pois pode, muitas vezes, apresentar-se com quadro o diagnóstico.
de sibilância semelhante ao do broncoespasmo, por isso o
nome de asma cardíaca .
Podem estar presentes as tiragens intercostal e infra-
4. Tratamento
clavicular. O exame cardiovascular pode sugerir a etiologia O paciente deve permanecer sentado durante o trata-
quando, por exemplo, há hipertensão arterial, 4ª bulha mento (redução da pré-carga, melhora da relação ventila-
(disfunção diastólica), 3ª bulha (disfunção sistólica), sopros ção-perfusão e redução do esforço respiratório) e com os
cardíacos ou arritmia. membros inferiores pendentes. Como tratamentos farma-
cológicos, têm-se :
3. Diagnóstico A- Oxigênio
Deve ser obtido com base em dados da história e do
exame físico. O diagnóstico diferencial entre edema pulmo- Deve ser administrado por máscara facial com fluxo de 5
nar cardiogênico e não cardiogênico é muitas vezes difícil, a 10L/min para a correção da hipoxemia. Quando o método
e a radiografia de tórax é o exame complementar que pode não é eficaz, pode-se associar ao uso de pressão positiva
ajudar a diferenciar essas 2 condições, conforme a Tabela 3. (CPAP de 5 a 10cmHp ou BiPAP - pressão positiva em 2
níveis em via aérea). Essas 2 opções terapêuticas reduzem
Tabela 3 - Diagnóstico diferencial entre edema pulmonar cardio- a necessidade de intubação, reservada àqueles com fadiga
génico e não cardiogênico
muscular respiratória, acidose respiratória e hipoxemia re-
Não fratária.
cardiogênico
Área cardíaca Normal ou aumentada Normal B - Vasodilatadores
Distribuição vascular Balanceada ou inver-
pulmonar no raio x tida - cefalização de Balanceada Promovem melhora clínica por redução da pré e da pós-
de tórax trama vascular -carga. Inicialmente, pode ser usado nitrato SL 5mg, repeti-
Edema Central Periférico do a cada 5 a 10 minutos (máximo de 15mg, dividido em 3
Geralmente doses), seguido ou não por nitratos parenterais. Há prefe-
Derrame pleural Presente
ausente rência pelas drogas parenterais tituláveis, de meia-vida cur-
Geralmente ta e pico rápido de ação. Em casos de isquemia miocárdica,
Linhas septais Presente
ausente a melhor opção é a nitroglicerina, na dose de 5 a 200~g/
Geralmente min, pois o nitroprussiato pode promover roubo de fluxo.
Broncograma aéreo Geralmente ausente
presente No entanto, a primeira é menos eficaz que o último na re-
dução dos níveis de pressão arterial e apresenta início de
O eletrocardiograma, comumente, mostra taquicardia
ação entre 2 e 5 minutos e meia-vida de 5 a 10 minutos.
sinusal e pode contribuir para a definição da etiologia: arrit-
Caso contrário, opta-se pelo nitroprussiato de sódio (que
mias, sinais de isquemia ou sobrecarga ventricular. O ecocar-
também pode ser usado nos casos de falha com a nitrogli-
diograma, se possível, deve ser realizado na sala de emergên-
cerina, insuficiência mitral ou aórtica severa e hipertensão
cia, quando a causa não é rapidamente identificada.
arterial sistêmica), na dose inicial de 0,3 a 0,5mg/kg/min,
Quando necessária, a monitorização invasiva com ca-
que tem início de ação imediata e meia-vida de 1 a 2 mi-
teter de artéria pulmonar revela elevação da pressão de
nutos. Os efeitos colaterais mais comuns dessa droga são
oclusão da artéria pulmonar, auxiliando na diferenciação
náuseas, vômitos e cefaleia; o mais grave é a intoxicação
entre edema pulmonar cardiogênico (pressão do capilar
por cianeto e tiocianato com altas doses ou infusões pro-
pulmonar elevada) e não cardiogênico (pressão de capilar
longadas de nitroprussiato, principalmente entre aqueles
pulmonar normal).
com insuficiência renal.
As enzimas cardíacas (CK-MB e troponina) devem ser
solicitadas já na sala de emergência e seriadas ao longo da
C- Diuréticos de alça (furosemida, 40 a 80mg IV)
evolução do paciente. A gasometria arterial pode eviden-
ciar hipoxemia severa. Também devem ser avaliados Na•, Promovem vasodilatação venosa, reduzindo a pré-carga
K•, ureia e creatinina. (venodilatação em 5 minutos), antes de determinar diurese,

127
que ocorre cerca de 20 a 30 minutos após a dose inicial. Uma E - Outras terapêuticas
2ª dose de até 160mg pode ser usada, caso não haja melho-
A infusão de nesiritida resulta em natriurese, diminui-
ra após 20 minutos da 1ª. Deve-se salientar que, frequente-
mente, pacientes com EAP apresentam volemia total normal ção das pressões de enchimento cardíaco e aumento do ín-
dice cardíaco. Porém, ainda não há dados confiáveis sobre a
quando procuram serviço médico, e a congestão pulmonar
alteração de função renal e a mortalidade. O uso em classes
se deve, predominantemente, a distúrbios hemodinâmicos.
funcionais avançadas de insuficiência cardíaca foi associado
Nestes, o uso excessivo de diuréticos pode levar à hipovole-
a melhora da sintomatologia do quadro, porém a mortali-
mia, que, após a resolução do quadro agudo, pode manifes-
dade aumentou .
tar-se como hipotensão ou piora da função renal.

D- Morfina Edema •11 pulmonar ~


Deve ser administrada na dose de 1 a 3mg a cada 5 mi-
nutos, com o objetivo de reduzir a ansiedade determinada liDescartar slndrome coronariana agud~ I cardlogênico li Descartar causa n~o cardfaca I
pelo aumento do esforço respiratório, a pré-carga por va-
~
sodilatação (em até 40%) e os reflexos pulmonares respon-
sáveis pela dispneia; deve ser usada com cautela e em am-
biente com condições para intubação traqueal, pois pode
H Avaliar status respiratório e hemodinâmico 1
determinar a exacerbação do broncoespasmo pela libera- NitratoSl Oxigênio
Furosemida 0,5 a lmg/kg, IV CPAP- BIPAP
ção da histamina ou narcose pela diminuição do estímulo Morfina 2 a 4mg, IV Ventilação mecânica
respiratório (o antídoto específico é o naloxona, que pode
ser administrado na dose de 0,4mg a cada 3 minutos). Náu-
seas e hipotensão podem ocorrer. I
t
EAP hlpertensivo I I •
EAP associado à hlpotenQO I
A morfina, a furosemida e o nitrato são as drogas de ~ l
1ª escolha. Essas medidas conseguem tratar a maioria dos
quadros da síndrome, e, caso não haja sinais de baixo dé-
I Nitroglicerina
Nltroprussiato de sódio
I I Drogas vasopressoras _j

bito ou arritmias fatais que necessitem de cardioversão


elétrica, a intubação orotraqueal para ventilação mecânica Figura 3- Tratamento aa EAP
invasiva deve ser adiada. Máscaras de CPAP diminuem a
necessidade de ventilação invasiva e podem ser utilizadas No tratamento do EAP, atualmente a utilização de CPAP
precocemente, sem prejuízo, promovendo tendência de re- também se mostrou efetiva em reduzir o número de intuba-
dução da mortalidade. ções e forte tendência de redução da mortalidade, poden-
Entre pacientes com EAP e sinais de redução do débito do ser utilizada como medida terapêutica adjuvante. Além
cardíaco (hipoperfusão periférica, hipotensão, rebaixamento disso, a utilização de CPAP ou a ventilação não invasiva em 2
do nível de consciência), são indicados inotrópicos positivos níveis de pressão (BiPAP) não mostrou diferenças de resul-
como a dobutamina, além de monitorização hemodinâmica. tados quando comparadas.

5. Resumo
Quadro-resumo
-O aumento da pressão hidrostática no território capilar pulmonar determina o extravasamento de líquido para o interstício pulmonar
e para o alvéolo, resultando em hipóxia;
-A perda aguda da função ventricular e o aumento da pós-carga e da pré-carga são as causas mais comuns de EAP;
-O tratamento passa por vasodilatadores arteriolares e venosos, diuréticos e inotrópicos;
-O emprego do CPAP está associado à redução do número de intubações e do tempo de internação hospitalar, além de determinar
redução da mortalidade.

128
CAPÍTULO 12
C RDIOLOG A

Hipertensão pulmonar
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

l.lntroduçào HP arterial
- Drogas e toxinas;
A Hipertensão Pulmonar (HP) é um estado patológico
- Doença veno-oclusiva pulmonar;
em que a pressão sistólica pulmonar é elevada ao repouso
(PAPm >25mmHg) ou ao exercício (PAPm >30mmHg). A ele- -Outras.
vação desses valores frequentemente é acompanhada de HP associada à doença ventricular esquerda
aumento da resistência vascular e diminuição do débito car- - Doença cardíaca arterial ou ventricular esquerda;
díaco. Na essência, a HP é resultado da redução do calibre - Valvulopatia.
dos vasos pulmonares e/ou do aumento do fluxo sanguíneo
HP associada à doença pulmonar e/ou hipoxemia
pulmonar. Os valores normais da pressão sistólica pulmo-
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
nar são de 20 a 30mmHg, com pressões diastólicas de 12 a
- Doença intersticial pulmonar;
16mmHg. A resistência vascular pulmonar reflete a área do
diâmetro dos vasos pulmonares e da superfície pulmonar - Hipoventilação pulmonar;

total. Vários processos de doença podem alterar o diâmetro - Exposição crônica a altas altitudes.
dos vasos e determinar a HP. HP associada à doença pulmonar trombótica e/ou em-
bélica
2. Etiologia e fisiopatologia - Tromboembolismo pulmonar de artérias proximais e/ou distais;
- Embolia pulmonar não trombótica (tumor, parasitas, corpo es-
As etiologias específicas estão descritas na Tabela 1, de tranho).
acordo com a causa-base que as determina. Doenças intrín- Miscelânea
secas pulmonares, como vasculites, constituem porção im-
Sarcoidose, linfangiomatose pulmonar, compressão ganglionar
portante das causas de HP. Também nessa categoria está a dos vasos pulmonares, tumores, mediastinite fibrosante etc.
HP primária, que acomete o dobro de mulheres em relação
aos homens, não tem causa definida e pode representar a De forma simplificada, 3 mecanismos contribuem para
via final comum de várias doenças. o surgimento da HP:
- Vasoconstrição hipóxica;
Tabela 1 - Classificações
- Diminuição da área da superfície do leito vascular pul-
HP arterial
monar;
- ldiopática; - Sobrecarga de pressão/volume no ventrículo direito.
-Familiar;
No entanto, em muitos pacientes, há mecanismos so-
-Associada a colagenose;
brepostos. Um aspecto importante é a busca por causas
- Hipertensão portal;
tratáveis. Vale lembrar que o diagnóstico de HP primária é
-Infecção por HIV;
sempre de exclusão.

129
O grupo mais comum de patologias que determinam a HP 4. Quadro clínico
é o que afeta, diretamente, o parênquima pulmonar, como
a DPOC e as fibroses. Geralmente, os sintomas associados A - Sinais e sintomas
a tais doenças são precoces e aparecem antes de HP grave,
levando ao diagnóstico também precoce. A hipóxia e a hiper- Um dos maiores problemas da HP, a demora no diagnós-
capnia decorrentes da alteração da relação ventilação-perfu- tico precoce, ocorre porque os sintomas podem ser inespe-
são causadas por obstrução e perda dos elementos vascula- cíficos e variam de indivíduo para indivíduo. Em geral, só
res pulmonares são as principais consequências e sustentam aparecem quando os valores pressóricos pulmonares estão
a piora progressiva. A hipoxemia determina vasoconstrição e de 3 a 4 vezes maiores que o normal. Os sintomas mais co-
menor resposta aos vasodilatadores endógenos. Mudanças muns são dispneia aos esforços, síncope e dores torácicas
crônicas na arquitetura tecidual, assim como a hiperviscosi- inespecíficas (musculoesqueléticas, pleuríticas ou angino-
dade associada à poliglobulia, também contribuem. A DPOC sas). Muitas vezes, a piora dos sintomas clínicos é atribuída
é a causa mais importante de HP não reversível. à progressão da doença de base, como a DPOC, e não à da
As patologias do átrio esquerdo e do território venoso HP, permitindo o avanço desta por meses ou anos. Sintomas
pulmonar, comumente, também resultam em HP. Lesões mais tardios aparecem na falência ventricular direita com
das válvulas aórtica ou mitral, cardiomiopatias e insuficiên- edema periférico, ascite e fadiga.
cia coronariana podem determinar elevação das pressões
nas câmaras esquerdas. A hipertensão atrial esquerda é B - Exame físico
transmitida aos vasos pulmonares e às câmaras direitas,
Os achados de exame físico podem ser agudos ou indi-
pois a pressão da artéria pulmonar deve elevar-se para
car a causa da HP. Aumento da intensidade do componente
permitir o fluxo sanguíneo anterógrado por meio da árvore
pulmonar da 2ª bulha não está sempre presente. Um es-
vascular pulmonar. Doenças da caixa torácica, como cifoes-
talido de abertura pode ser ouvido como consequência da
coliose, doenças neuromusculares, apneia do sono e fibro-
se pleural representam pequena porção das causas de HP, interrupção da abertura da válvula pulmonar. Pode ocorrer,
a qual é determinada pela hipóxia crônica dessas condições com frequência, um sopro mesossistólico pulmonar. Em si-
clínicas associadas à hipoventilação. tuações extremas, pode-se palpar o batimento do ventrí-
Tromboembolismo pulmonar e anemia falciforme resul- culo direito na borda esternal esquerda. Outros achados,
tam, em último caso, em obstrução mecânica da luz dos vasos como insuficiência tricúspide e pulmonar, pressão venosa
pulmonares, mas não em anormalidades intrínsecas per se. jugular elevada, ascite, refluxo hepatojugular, hepatome-
De forma genérica, as diferentes categorias determinam galia, fígado pulsátil e edema periférico, são variáveis, e a
lesão vascular endotelial. Uma vez iniciadas, as alterações severidade deles se correlaciona com a gravidade da HP.
endoteliais geram reatividade vascular diminuída, ativação Nem sempre é fácil ouvir o sopro da insuficiência tri-
trombótica e proliferação de células musculares lisas, fibro- cúspide, mesmo em pacientes com insuficiência moderada
blastos e perpetuação da inflamação. Ao longo do tempo, ou severa. Além disso, com o aumento da pressão do átrio
tais alterações perpetuam-se, aumentando a pressão da ar- direito, a variação respiratória desse sopro pode estar au-
téria pulmonar por diminuição da vasodilatação regional e sente, falseando o diagnóstico de insuficiência mitral. Dife-
da formação de trombos. rentemente desta, o sopro da insuficiência tricúspide não é
audível na axila.
Achados do parênquima pulmonar ou de sopros dias-
3. Diagnóstico tólicos de estenose mitral facilitam a pesquisa etiológica
Na história clínica, alguns dados auxiliam na elucidação por indicarem a provável causa da HP. Cianose e baquetea-
etiológica. O uso de drogas anorexígenas, intravenosas, mento digital geralmente indicam cardiopatias congênitas,
crack ou cocaína pode apontar a causa. A história de trom- na ausência de patologia pulmonar. Um sopro sistólico ou
bose venosa profunda ou história familiar de trombofilias contínuo nos campos pulmonares indica HP tromboembóli-
aumenta o grau de suspeita para causa tromboembólica. ca ou estenose congênita da artéria pulmonar. Artrite, rash
O acometimento paralelo do fígado, da pele ou das articu- cutâneo ou outras alterações de pele podem indicar doen-
lações aponta para uma causa associada ao colágeno. São ças reumatológicas de base.
critérios essenciais para o diagnóstico: Rigorosamente, o mecanismo do hipocratismo digital
- Sobrecarga ventricular direita; (baqueteamento) permanece desconhecido, porém diver-
- Aumento da intensidade do componente pulmonar da sas teorias foram propostas para explicar a sua patogenia.
2ª bulha cardíaca; A presença de shunts intra ou extra pulmonares permitiria a
-Onda A jugular elevada; liberação para a periferia de substâncias vasodilatadoras. A
- Evidência eletrocardiográfica de hipertrofia ventricular hipóxia tissular poderia explicar o hipocratismo digital em
direita; pacientes com doenças cardíacas cianóticas, porém muitas
- Pressões da artéria pulmonar elevadas ao ecocardio- doenças pulmonares cursam com acentuada hipoxemia,
grama ou à cateterização cardíaca. sem baqueteamento digital, e, inversamente, este pode

130
HIPERTENSÃO PULMONAR

estar presente com pa0 2 arterial preservada. Ações neu- da doença ocorrem tardiamente em seu curso. Isso é vá-
rogênicas poderiam contribuir, sendo o melhor exemplo lido para sinais como a proeminência de vasos pulmona-
o alívio imediato do baqueteamento após vagotomia, em res proximais, assim como o preenchimento do espaço
portadores de carcinoma brônquico, mesmo sem ressecção retroesternal pelo ventrículo direito na projeção lateral.
da lesão primária. Hipocratismo hereditário não é raro, o Congestão venosa e aumento do átrio esquerdo e da área
que levou à postulação de que fatores genéticos poderiam cardíaca dirigem a pesquisa etiológica para causas de câ-
atuar em casos de aparecimento mais tardio. A teoria atual- maras esquerdas. Hiperinsuflação sugere DPOC, enquanto
mente mais aceita para a patogenia do hipocratismo digital cifose ou escoliose podem indicar causas restritivas para
envolve a liberação de fatores de crescimento vascular, o HP. Vale lembrar que a radiografia normal não afasta a
que resulta na neoformação de capilares nas extremidades. possibilidade de HP, mesmo em estágios avançados da
A presença de hipoxemia e a estase de plaquetas potencia- doença.
lizam a sua liberação, bem como o aumento da perfusão
periférica, o que poderia explicar a associação a diversos
dos fatores descritos.

5. Exames diagnósticos
A - Eletrocardiografia
A eletrocardiografia (ECG) frequentemente aponta anor-
malidades que sugerem hipertrofia ventricular direita, como
o aumento das forças elétricas nas derivações precordiais e
inversão de onda T no precórdio. Os achados mais sugestivos
de sobrecarga direita crônica são desvio do eixo para a direita
e relação R-5 >1 em Vl, bloqueio do ramo direito completo
ou incompleto e onda P pu/mona/e. Os achados da ECG têm
alta especificidade, porém baixa sensibilidade, ainda menor
entre pacientes com hipertrofia biventricular. Não é inco-
mum a interpretação errônea de isquemia anterior aguda.
Geralmente, essas alterações ocorrem em casos avançados,
podendo ser a ECG normal em casos iniciais ou moderados,
assim como a radiografia de tórax.
As alterações à ECG podem ser revertidas quando há
melhora da HP.

C -Testes de função pulmonar


Os testes de função pulmonar podem ser totalmente
normais entre pacientes com doenças intrínsecas dos vasos
pulmonares ou apresentar padrões característicos de doen-
ças obstrutivas ou restritivas. O exame é necessário nas
suspeitas de doença pulmonar parenquimatosa, obstrução
de via aérea ou doença neuromuscular. A doença pulmonar
intersticial severa causa HP, que pode gerar um distúrbio
restritivo leve, confundindo o diagnóstico.

F,igura 1 - ECG demonstrando_desvio do eixo e~~tri~q po~? dihif l O - Cintilografia pulmonar


ta, ondas P_apiwladas, ondas R dominantes em V1· e5 f?.fo[unda~l
em ~6 ~inversão de onda Tem OI/, OI/I, a V/, V1 ay· dkf!1,0TJ,ftrondo - O exame de ventilação-perfusão pode não apontar
sinais de sobrecarga ventricular. direito ·em mulher portadora de~ a causa-base. A fase de perfusão é diagnóstica no trom-
estenose mitral por febre ;e~m~tiça~~;l:.i..._~..:..o~~-~~ ...... .J boembolismo pulmonar. Na HP primária, a cintilografia é
normal ou mostra pequenas falhas de captação subseg-
mentar. Como o tratamento cirúrgico pode ser curativo
B - Radiografia de tórax
nas causas tromboembólicas, a cintilografia deve fazer
A radiografia de tórax pode auxiliar na suspeita parte da pesquisa etiológica em todos com HP de origem
diagnóstica de HP. Infelizmente, as alterações sugestivas indefinida.

131
E - Ecocardiograma ças vasculares pulmonares. Quando há apenas hipertrofia
da túnica muscular média dos vasos pulmonares, a HP é
O exame bidimensional com Doppler, extremamente reversível; quando ocorrem arterite e áreas de necrose, é,
útil não só para o diagnóstico, mas também para o segui-
usualmente, irreversível.
mento da HP, avalia a pressão da artéria pulmonar valendo-
-se da insuficiência tricúspide por meio da equação de Ber-
noulli. O valor da HP tem importância prognóstica, pois seu
aumento se associa a aumento da mortalidade.
Pode demonstrar o achatamento do septo ventricular
na sístole e na diástole (em forma de D); quando presente
somente nesta última, a causa pode ser sobrecarga volêmi-
ca sem HP. A HP pura do ventrículo direito resulta em conca-
vidade do septo interventricular direcionada ao ventrículo
esquerdo. Este, em geral, é pequeno e com função sistólica
preservada . Tais alterações são reversíveis com a melhora
da HP, assim como a dilatação ventricular direita.
O exame também é essencial para evidenciar ou excluir
causas de câmaras esquerdas, como estenose mitral, insu-
ficiência ventricular esquerda e causas congênitas. A análi-
se do Doppler pode sugerir refluxo tricúspide importante,
mesmo na ausência de sopro audível.
I - Outros testes diagnósticos
F - Arteriografia pulmonar e cateterismo cardíaco
Como a etiologia é variável, outros exames, como mar-
A cateterização das câmaras cardíacas direitas é o exa-
cadores reumatológicos ou eletroforese de hemoglobina,
me padrão-ouro para estabelecer o diagnóstico, quantificar
podem ser necessários. Segue um algoritmo para investiga-
e caracterizar a HP, e está indicada quando o ecocardiogra-
ção diagnóstica e etiológica da HP.
ma não oferece informações significativas. A angiografia
pulmonar confirma HP primária e diagnostica causa trom-
boembólica de grandes vasos pulmonares. As alterações I Suspeita de HP I
podem evidenciar dilatação da árvore pulmonar e paradas +
Ecocardiograma do
abruptas do enchimento vascular por contraste. Outra uti- ventrículo d~reito
lidade do cateterismo é a avaliação da resposta vascular ao dilatado e pressões
sistólicas elevadas
uso de vasodilatadores, como nitroprussiato de sódio, pros-
taciclina ou óxido nítrico. Quedas maiores de 20% do valor '"'""''~· "'"" """"'"'
~ esquerda 1--
inicial sugerem boa resposta clínica. Doença valvar

r
Doença cardlaca congênota

G - Tomografia computadorizada e ressonância Enfisema


~ Radiografia de tórax Fibrose pulmonar
r-
nuclear magnética Prova de função pulmonar Fibrose cística
.. Alteração da caixa torácica
A Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância
Nuclear Magnética (RNM) do tórax podem fornecer infor- I Prova de estudo do sono
(polissonografia)
Doenças do sono I
mações úteis quanto a doenças do parênquima e de mui-
tas outras condições que causam HP. A TC do mediastino +
indica alterações características na mediastinite fibrosante I antolografia pulmonar
Angiografia pulmonar
Tromboembolismo
pulmonar ttónico
I
J
.I HP secundilrla l
por histoplasmose, em que linfonodos calcificados podem
comprimir veias e artérias pulmonares. Similarmente, a + LU pus eritematoso sistêmico
Esclerodermia
RNM pode evidenciar tumores do mediastino, alterações Pesquisa de autoantlcorpos ~ Artrite reumatoide 1--
Vasculite
de fluxo sanguíneo e tumores intra-arteriais pulmonares. ~
Pode, também, evidenciar o êmbolo na árvore pulmonar
com precisão próxima à da angiografia.
Provas de funçilo hepo!tica Hipertensão portopulmonar r
+
H- Biópsia pulmonar
Cateterismo cardlaco Doença congênota cardlaca f--
+
A biópsia pulmonar não é frequentemente necessária Pesquisa de HIV lnfecç~o pelo HIV ~
para confirmar a causa da HP. No entanto, em algumas si- +
tuações de etiologia obscura, pode evidenciar partículas
impactadas de material pulverizado na árvore arterial pul-
li HP pnmilna
I
monar pelo uso de drogas intravenosas ou de outras doen- Ftgura 4 • lnveshgação

132
HIPERTENSAO PULMONAR

logia indefinida, o benefício não é estabelecido. Porém,


G. Tratamento da hipertensão muitas vezes, durante o exercício, os pacientes apresentam
pulmonar secundária hipoxemia, sendo necessária, de qualquer forma, a suple-
mentação. Pessoas com insuficiência ventricular direita e
A HP cuja causa é identificada é mais bem tratada com o
hipóxia devem receber suplementação contínua.
controle da doença subjacente. Em casos como a estenose
mitral, a valvoplastia por balão ou o tratamento cirúrgico
C - Diuréticos
podem reverter completamente a doença. Em outras situa-
ções, seus efeitos crônicos podem ser irreversíveis, já que, O edema periférico e a congestão hepática podem acom-
mesmo após a correção da causa-base, pode haver HP re- panhar a HP e apresentam melhora com o uso de diuréticos,
sidual. Em causas de cardiopatia congênita, o transplante correndo o risco de redução intensa da pré-carga ventricular
duplo (coração-pulmão) pode tratar totalmente a HP. e disfunção cardíaca aguda; daí o uso criterioso dessa medi-
Aparentemente, a maior parte dos agentes utilizados cação. O controle bioquímica deve ser rigoroso pelo risco de
para a vasodilatação da artéria pulmonar na HP primária potencialização de eventos fatais como a hipóxia.
não tem surtido efeito satisfatório, provavelmente por falta
de reatividade vascular, em especial quando a hipóxia é tra- D- Anticoagulação
tada com oxigênio. Tal medida parece ser a mais eficaz em
A anticoagulação por período prolongado é indicada
reduzir a HP nesses casos. E, nas formas secundárias, tais
àqueles com causa tromboembólica da HP e destinada aos
medicações também podem surtir efeito.
Nas causas de origem torácica ou neuromuscular, a HP demais casos quando o seu emprego se associa a redução
pode ser controlada completamente com a administração de mortalidade. A HP primária predispõe a trombose in situ
de oxigênio à pressão positiva (CPAP ou BiPAP), assim como na árvore pulmonar, e os pacientes com HP severa, geral-
na apneia do sono (perda de peso com efeito similar neste mente, são sedentários ou restritos ao leito, o que aumenta
último). A correção cirúrgica de obstrução da via aérea tam- o risco de fenômenos trombóticos.
bém reverte a HP.
A revascularização miocárdica e a correção valvar determi- E - Vasodilatadores
nam reversão da HP por disfunção ventricular miocárdica ou Os vasodilatadores mais efetivos são os bloqueadores
valvar, assim como a pericardiectomia para a pericardite cons- de canais de cálcio. Nenhuma droga disponível tem ação
tritiva e a ressecção tumoral para os tumores intracardíacos. A seletiva na árvore pulmonar, e os efeitos sistêmicos podem
mediastinite fibrosante, quase sempre associada à histoplas- levar a hipotensão severa. O objetivo do tratamento é re-
mose, normalmente é refratária a qualquer tratamento. duzir a pós-carga ventricular direita e a HP, melhorando o
A situação clínica em que o tratamento é bem definido débito cardíaco. Cerca de 25% têm resposta com nifedipino
é a da doença tromboembólica. A tromboendarterectom ia, (de 30 a 240mg/d) ou diltiazem (de 120 a 900mg/d). Em
para pacientes selecionados, reverte quase totalmente a alguns casos, a hipertrofia ventricular direita diminui; em
HP, apesar de estar associada a alta mortalidade no pós- outros, há melhora do débito cardíaco sem redução da HP.
-operatório. A classe funcional desses pacientes melhora, porém é incer-
A reversão da HP é acompanhada da reversão do tama- to o efeito na sobrevida.
nho e da função ventricular ao ecocardiograma. Após 1 mês Testes com prostaciclinas intravenosas têm sido eficazes
da cirurgia, há melhora da função ventricular esquerda e a em identificar os pacientes que respondem ao tratamento
quase normalização das câmaras direitas. A normalização oral com bloqueadores de canais de cálcio. Outros, como
da HP acontece dentro de 1 ano. acetilcolina, óxido nítrico inalatório e adenosina, são agen-
tes úteis de curta duração para determinar a reatividade
7. Tratamento da hipertensão vascular durante o cateterismo de câmaras direitas. Quan-
do é definida a resposta do paciente a vasodilatadores que
pulmonar primária podem ser titulados, troca-se por agentes de mesma classe
de longa duração. Devem ser introduzidos gradativamente
A- Glicosídeos cardíacos e mantidos na dose máxima tolerada. Independente da dro-
O valor da digoxina na recuperação da função ventricular ga, o uso deve ser feito de forma monitorizada, pois os efei-
direita não é comprovado, embora a droga seja bastante uti- tos colaterais do tratamento, como a hipotensão, podem
lizada. O risco de intoxicação sobrepõe-se ao seu benefício, ser fatais. Com frequência, a monitorização com cateter de
principalmente em se tratando de hipoxêmicos e daqueles Swan-Ganz é utilizada para o ajuste fino das drogas.
em uso de diuréticos, nos quais hipocalemia é frequente.
F - Prostaciclina
B- Oxigênio Pacientes com HP podem ser mais bem tratados com
Entre os hipoxêmicos com HP primária ou secundária, medicações de curta duração, como a prostaciclina intra-
a oxigenoterapia é mandatária, e, quanto àqueles de etio- venosa (PGI2- epoprostenol), administrada durante a mo-

133
nitorização com o cateter de Swan-Ganz. Esse agente é útil ação vasoconstritora dessa substância. São exemplos o bo-
devido à sua meia-vida curta (de 3 a 5 minutos), e sua infu- sentana e o sitaxentana.
são contínua tem tido resultados satisfatórios em pacientes
com HP primária, como melhora na sobrevida e na classe J - lnibidores de fosfodiesterase
funcional. Além disso, pode ser aplicada por via central em
O mais conhecido é o sildenafila, na dose de 20mg, de
infusão contínua. A apresentação farmacológica para uso
8/8h. Melhora a oxigenação arterial e a capacidade ao exer-
inalatório (iloprosta) ou subcutâneo já está disponível. Até
cício e diminui a resistência vascular pulmonar e a pressão
o momento, compreende o tratamento mais efetivo na HP
da artéria pulmonar.
de origem vascular intrínseca.

G -Transplante 8. Prognóstico
Apesar de a experiência com transplante aumentar, al- A causa-base da HP é o principal determinante da evo-
gumas causas, como a HP associada a tromboembolismo, lução da doença. Quando o tratamento da causa é possível
apresentam melhora após o tratamento cirúrgico da artéria e efetivo, a HP apresenta melhora sensível na sobrevida. O
pulmonar. Os resultados com transplante pulmonar tam- prognóstico varia de indivíduo para indivíduo, dependen-
bém têm demonstrado benefício, com sobrevida de 95% do do tempo de diagnóstico e da intensidade da doença. O
dos casos em 1 ano e de 50% em 5 anos, e só se aplicam grau de reatividade vascular presente também determina o
àqueles em que a causa secundária não incide sobre o novo prognóstico.
órgão transplantado. A sobrevida entre pacientes com HP primária depende
de vários fatores e é de difícil previsão. A causa mais fre-
H - Outras formas de tratamento quente de morte é a insuficiência ventricular direita em
2/3 dos casos, seguida de morte súbita e pneumonia, e a
Em pacientes com forame oval patente, a sobrevida na vi-
sobrevida média é de 10 anos. Pacientes com pressão da
gência de HP parece ser maior devido ao shunt direito-esquer-
artéria pulmonar média acima de 85mmHg têm sobrevi-
do. Assim, a septostomia atrial por cateter ou cirúrgica pode
da de 1 ano, contra 4 anos entre aqueles com pressão de
ser aplicada em alguns casos que aguardam transplante.
SOmmHg. Índice cardíaco e pressão do átrio direito tam-
bém são preditores de mortalidade. As classes funcionais
I - Antagonistas do receptor de endotelina
de insuficiência cardíaca congestiva I e 11 têm sobrevida de
Melhoram a tolerância ao exercício e o débito cardíaco e 5 anos, enquanto classes funcionais 111 e IV apresentam so·
diminuem a pressão da artéria pulmonar por bloquearem a brevida entre 6 e 30 meses.

9. Resumo
Quadro-resumo
-A elevação da pressão da arténa pulmonar determina a sobrecarga ventricular direita, geralmente por redução do calibre das arteríolas
pulmonares e/ou aumento do fluxo sanguíneo pulmonar;
-A HP é via final comum de várias patologias pulmonares primárias, assim como de doenças sistêmicas;
-O quadro clín1co não é específico, o que dificulta o diagnóstico no seu início; dor torácica, dispneia aos esforços e síncope. Nas fases
mais tardias, ocorre insuficiência cardíaca direita;
-O tratamento baseia-se em oxigenoterapia, diuréticos e vasodilatadores pulmonares como bloqueadores de canais de cálcio. Alterna-
tivas terapêuticas recentes são o sildenatila e o bosentana.

134
....---
CAPÍTULO 13
CARDIOLOGIA

Valvulopatias
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

1. Estenose aórtica 8 - Quadro clínico

a) Sinais e sintomas
A - Introdução
Os sinais e os sintomas clássicos da
A Estenose Aórtica (EA) decorre de estreitamento no orifício valvar causa- EA são angina, síncope de esforço e Insu-
do pela falência dos folhetos valvares em se abrirem normalmente (Figura 1). ficiência Cardíaca Congestiva (ICC), esta
A redução desse orifício produz perda de energia na impulsão do volume sis- última a forma mais frequente de apre-
tólico, com fluxo turbulento que determina aumento do trabalho cardíaco e sentação clínica. O início desses sintomas
da pós-carga ventricular. Como consequência, surge a hipertrofia ventricular é considerado marco no seguimento do
esquerda, o principal mecanismo compensatório da estenose. O diagnóstico paciente, sendo a média de sobrevida
é confirmado por meio de história clínica e exame físico, ecocardiograma e pós-início dos sintomas de 2 a 3 anos com
cateterismo cardíaco . As causas principais de EA são válvula bicúspide con- alto risco de morte súbita. A morte súbita
gênita, EA congênita, degeneração valvar com calcificação dos folhetos sem entre indivíduos com EA assintomática é
fusão das comissuras e febre reumática . As últimas 2 causas são responsá- rara: menos de 1%.
veis por cerca de 70% dos casos. - Angina: acontece em resposta à is-
quemia miocárdica que se desen-
volve pelo aumento do consumo de
oxigênio pelo miocárdio. Em geral,
a angina associada à EA ocorre sem
doença coronariana . A hipertrofia
ventricular concêntrica, que aconte-
ce como resposta compensatória ao
aumento da pós-carga, determina
elevação da tensão transmural do
miocárdio, o que causa aumento do
Ventrículo
esquerdo consumo de oxigênio, nem sempre
aumentado acompanhado do aumento da oferta,
determinando a angina;
- Síncope de esforço: durante o exer-
cício físico, a resistência vascular
Coração normal Coração anormal
sistêmica diminui. Pela existência
Figura 1 - Válvula normal e com EA da estenose, o débito cardíaco não

135
consegue compensar a diminuição da resistência para v,
manter a pressão arterial média constante, causando
hipofluxo cerebral e síncope;
- ICC: as falências ventriculares sistólica e diastólica es-
querdas acontecem na EA concomitantemente, de-
terminando sintomas de dispneia aos esforços, assim
como ortopneia e dispneia paroxística noturna. Em
alguns pacientes, podem ocorrer hipertensão pul-
monar e insuficiência cardíaca direita. A insuficiência
ventricular esquerda decorre da perda progressiva dos
elementos contráteis causada pela hipertrofia concên-
Figura 2 • 8loquel() do 10/TilJ esqwrdb em padenttt com '1'1fi~&O dt
trica e pela isquemia miocárdica que acompanham o
síncopes aos esforços e episódios de dor precordrol; é identifico-
quadro. da EA arove em exames subsrdiários

b) Exame físico
b) Radiografia de tórax
- Sopro sistólico de ejeção: o sopro clássico da EA é sis-
tólico rude de ejeção, mais bem percebido no foco aór- Geralmente, a área cardíaca é normal ao exame. Pode
tico e com irradiação para as carótidas. Constitui um haver abaulamento da borda cardíaca esquerda e dilatação
sinal específico, porém pouco sensível para a determi- pós-estenótica da aorta. Ocasionalmente, é possível visuali-
nação da gravidade da lesão. No começo da doença, o zar calcificação da válvula aórtica na incidência lateral.
sopro acontece no início da sístole, tornando-se mais c) Ecocardiograma
tardio com a evolução. Frêmito pode ser palpado na
Normalmente confirma o diagnóstico, além de quantifi-
área aórtica. Em fases tardias, o sopro perde força,
car a severidade. Achados de espessamento valvar, redução
com tendência a ocorrer no fim da sístole, e o frêmito
da mobilidade dos folhetos e hipertrofia ventricular con-
pode desaparecer. Pode também ocorrer o fenômeno cêntrica fecham o diagnóstico. A determinação do gradien-
de Gallavardin, que é a irradiação do sopro para a área te transvalvar e da área valvar permitem graduar melhor a
mitral, por vezes sendo esse o sopro predominante severidade da doença .
do paciente, simulando insuficiência mitral. Há ainda

-
diminuição do sopro com a manobra de Valsalva e au- Tabelo 1 - Severidade do EA
mento com o agachamento; Gradiente
- Pulso carotídeo: na EA, o pulso carotídeo é tipicamen- transvalvar (mmHg)
te baixo e tem volume tardio quando atinge o pico de Normal $1,5 <5 3a4
amplitude (pulso parvus et tardus). Seu achado tem Leve <3 <25 >1,5
relação com a gravidade da doença; Moderada 3a4 25 a 40 1 a l ,S
- 2! bulha cardíaca : o tempo de ejeção prolongado ne- Grave >4 40 <1
cessário para a progressão do volume sistólico através
da válvula estenosada leva à 2~ bulha única. A presen- d) Cateterismo cardíaco
ça de desdobramento fisiológico de B2 praticamente
Necessário para identificar a presença de doença coro-
exclui a possibilidade de EA grave;
nariana associada à EA, está indicado aos que serão sub-
- Batimento apical: na EA, o ventrículo esquerdo hiper- metidos à troca valvar e com fatores de risco para doença
trofiado concentricamente mantém o batimento do coronariana, e àqueles sintomáticos, em que os exames
ápice cardíaco no mesmo loca l, porém com intensida- não invasivos são inconclusivos ou quando o resultado de-
de aumentada; les é conflitante com a clínica do paciente; constitui, então,
- Outros achados: a 3i! bulha pode ser encontrada em o método de escolha para a determinação da real gravida-
casos avançados de insuficiência cardíaca. de da lesão. Está contraindicado a assintomáticos e/ou que
não serão submetidos a procedimento cirúrgico.
C- Exames diagnósticos
O- Tratamento
a) Eletrocardiograma
O único tratamento efetivo para a EA severa é o alívio
Com a hipertrofia ventricular concêntrica, ocorrem mecânico da obstrução valvar. A sobrevida é excelente
aumento da voltagem do QRS, sobrecarga atrial esquer- quando o tratamento é aplicado antes do surgimento dos
da e alterações da onda Te do segmento ST. No entanto, sintomas clássicos. Após esse surgimento, a mortalidade
nenhum achado é sensível ou específico no diagnóstico eleva-se acentuadamente. Pode ser realizado por meio de
da EA. troca valvar por prótese, valvuloplastia cirúrgica ou balão.

- - -136
VALVULOPATIAS

a) Farmacológico b) Troca de válvula aórtica em doença avançada


Entre os pacientes com EA reumática, a profilaxia para Geralmente, há recuperação marcante da FE após a ci-
novos surtos de febre reumática é obrigatória. Diuréticos rurgia. Ocorre, progressivamente, melhora da hipertrofia,
e/ou digitálicos podem controlar parcialmente os sintomas da função contrátil e da FE.
congestivos, porém a troca valvar continua necessária. Os c) Efeitos da idade
inibidores da enzima conversora de angiotensina são con-
Mesmo os mais idosos podem beneficiar-se da cirurgia.
traindicados na EA severa por determinarem hipotensão
A troca valvar entre pacientes acima de 65 anos é uma das
algumas vezes fatal, sem compensação pelo débito cardí-
poucas condições da cirurgia cardíaca em que o procedi-
aco aumentado quando ocorre a redução da resistência
mento cirúrgico iguala a mortalidade dos pacientes à da
vascular sistêmica. Em casos leves e moderados, seu uso é
população em geral. Deve-se lembrar que a idade não é um
bem tolerado para o controle dos sintomas da insuficiên- fator que influencia os desfechos, mas a sintomatologia.
cia cardíaca e hipertensão. Nitratos podem ser utilizados
com cuidado na vigência de angina, até ser realizada a ci- F - Prognóstico
rurgia . Betabloqueadores devem ser evitados, pois podem
desencadear o agravamento da insuficiência ventricular. A A história natural da EA é bem conhecida. Quando os
sintomas surgem, a doença passa a ser fatal, com morta-
profilaxia para endocardite é mandatária, independente
lidade de 75% em 3 anos. A sobrevida após o tratamento
da gravidade da lesão. Alguns estudos mostraram benefí-
cirúrgico em 10 anos é de 75%, com maior benefício aos
cio na prevenção de piora da lesão aórtica com estatinas,
mais idosos.
porém os resultados não conseguiram ser reproduzidos em
estudos subsequentes. Atualmente, não se indica estatina Tabela 2 - Principais características da EA
exclusivamente para o tratamento da EA, mas para aqueles -Angina;
com dislipidemia associada a tal valvulopatia. Quadro
- Dispneia;
clínico
- Síncope de esforço.
b) Valvuloplastia aórtica por balão
- Sopro sistólico de ejeção com irradiação para as
Nos casos de estenose congênita, os resultados dos
carótidas;
procedimentos são animadores. Todavia, nas situações em - Pico de pulso carotídeo tardio e de amplitude re-
que a válvula está calcificada, os resultados são ruins. Seis duzida.
meses após o procedimento, 50% perdem qualquer benefí- Propedêu-
cio alcançado (reestenose e piora clínica), sendo reservado, tica
então, a casos em que a troca cirúrgica da válvula é con-
traindicada pelo risco cirúrgico. Em até 20% há complica-
ções, como acidente vascular cerebral, insuficiência aórtica
e infarto agudo do miocárdio. A valvuloplastia por balão é Ecocardio- Folhetos aórticos espessados e imóveis, gradiente
considerada classe llb como ponte até a troca definitiva em grama transvalvar aumentado e área valvar diminuída
hemodinamicamente instáveis, que são de alto risco cirúr-
gico.
2. Insuficiência aórtica
c) Troca valvar por angioarteriografia
Já está disponível a técnica de troca valvar por via intra- A - Etiologia
vascular ou transtorácica . Esse procedimento é mais indi-
A Insuficiência Aórtica (IA) pode ser causada por uma
cado para aqueles com EA grave e alto risco de troca valvar
variedade de alterações que afetam as cúspides ou a via de
cirúrgica. saída aórtica (Tabela 3). A febre reumática continua a ser a
principal causa da doença . Doenças que acometem a via de
E -Tratamento cirúrgico saída também são causas comuns de IA, como síndrome de
Marfan, necrose cística da túnica média, dissecção de aorta e
a) Troca de válvula aórtica
doenças inflamatórias. Mesmo na ausência de outra doença
A troca de válvula aórtica é indicada quando, na EA gra- clínica, a hipertensão arterial sistêmica grave pode causar IA.
ve associada, há sintomas clássicos da doença, pois 50%
morrem em 5 anos se não tratados com cirurgia . Quanto Tabela 3 -Alterações que afetam a aorta au a pós-carga
aos assintomáticos, a única indicação é para aqueles com Alterações da válvula aórtica
estenose grave e disfunção ventricular (Fração de Ejeção- - Endocardite, febre reumática;
FE <50%). A nova válvula pode ser biológica ou mecânica . - Lúpus, artrite reumatoide;
Os fatores mais relacionados a piores taxas de sobrevivên-
-Válvula mixedematosa, calcificação;
cia são ICC CF 111 e IV (New York Heart Association) e Fibrila-
-Trauma.
ção Arterial (FA) no pré-operatório.

137
Alterações da aorta b) IA aguda

-Sífilis, síndrome de Marfan; A maior parte dos pacientes é sintomática, e a apresen-


- Espondilite anquilosante;
tação clínica depende da causa-base da insuficiência. Os
motivos mais frequentes são dissecção aórtica, endocardi-
-Dissecção aórtica, trauma.
te infecciosa e trauma. Fraqueza, dispneia e ortopneia são
Pós-carga aumentada
comuns. O início dos sintomas é súbito, e o choque surge
- Hipertensão sistêmica; quando a IA não é tratada. Como não há tempo para a
- EA supravalvar. adaptação do ventrículo esquerdo, os sinais periféricos de
IA são ausentes. Estertores bilaterais são frequentes no exa-
B - Fisiopatologia me pulmonar, e o pulso apical não está desviado. B3 pode
A apresentação clínica e os achados ao exame físico dos estar presente, e o sopro diastólico típico é curto na dura-
pacientes com IA dependem da severidade e da rapidez de ins- ção e de difícil identificação, sendo habitual a não detecção.
talação da lesão. Os efeitos hemodinâmicos do quadro agudo
são completamente diferentes dos da apresentação crônica. D - Exames diagnósticos
a) Insuficiência aórtica crônica a) Eletrocardiograma
Pela sobrecarga volêmica, acontece a dilatação ventri- Nenhum achado é específico; sinais de aumento do
cular esquerda progressiva, determinando hipertrofia que,
átrio esquerdo, hipertrofia ventricular esquerda e corren-
temporariamente, mantém o débito cardíaco adequado.
tes de lesão (inversão da onda Te depressão do segmento
Com a lenta e progressiva piora da função diastólica e con-
ST) são encontrados nos quadros crônicos avançados. Ar-
trátil do ventrículo, há queda progressiva do débito cardía-
ritmias, incluindo a taquicardia ventricular e extrassístoles
co com o surgimento da insuficiência cardíaca.
ventriculares, podem ocorrer. Na apresentação aguda, ta-
b) Insuficiência aórtica aguda quicardia sinusal pode ser a única alteração. Nos casos de
Quando ocorre insuficiência valvar aguda, não há tem- endocardite bacteriana, a inflamação ou a formação de abs-
po para a adaptação ventricular, determinando aumento da cesso pode acometer o nó atrioventricular, resultando em
pressão hidrostática nas câmaras esquerdas, resultando em bloqueio progressivo atrioventricular.
edema agudo de pulmão. A taquicardia e a vasoconstrição
b) Radiografia de tórax
periférica reflexas determinam piora da IA.
Os achados não são específicos e refletem o aumento
C - Quadro clínico da área cardíaca e da vascularização pulmonar. No quadro
agudo, é frequente a congestão pulmonar, e pode haver
a) IA crônica alargamento da aorta ascendente na vigência de dissecção.
Por um período prolongado, os portadores são assinto- c) Ecocardiograma
máticos. Palpitações são frequentes, e angina pode ocorrer
É o método de escolha na avaliação da IA. Além de ava-
por associação de doença coronariana. Quando acontece
liar a gravidade, a técnica transesofágica pode identificar a
a insuficiência ventricular esquerda, surgem os sintomas
de dispneia aos esforços e fadiga; nas fases mais avança- etiologia. Ao Doppler, o fluxo anormal diastólico originado
das, ortopneia e dispneia paroxística noturna. Ao exame na válvula aórtica atribui alta sensibilidade e especificidade
físico, batimentos cardíacos visíveis são comuns, e o pulso ao exame, mesmo na ausência de sopro audível. É de gran-
apical está aumentado e desviado para baixo e à esquerda. de utilidade nos quadros agudos, em que a detecção clínica
B4 pode ocorrer pela hipertrofia ventricular, e B3 pode ser do sopro não é frequente. Alterações estruturais da válvu-
identificada na insuficiência cardíaca. O sopro característi- la aórtica podem ser identificadas ao exame, como espes-
co é leve, diastólico, decrescente, mais bem ouvido no 3º samento da válvula, calcificações, alterações congênitas,
espaço intercostal ao longo da borda esternal esquerda, ao vegetações ou prolapso da válvula. Todas essas alterações
fim da expiração. Na presença de doença da via de saída da podem ser vistas no exame transtorácico, porém a via tran-
aorta, o sopro pode ser mais bem avaliado na borda direita sesofágica aumenta ainda mais a sensibilidade do exame
esternal. Um sopro de ejeção pode estar presente na área em situações de difícil diagnóstico, como na endocardite ou
aórtica, devido ao estado hiperdinâmico. Ocasionalmen- na dissecção de aorta.
te, um sopro diastólico pode ser ouvido no ápice cardíaco,
d) Cateterismo cardíaco
também chamado sopro de Austin Flint. A pressão arterial
sistólica está aumentada, em virtude do alto volume sistó- Antes do ecocardiograma, era o exame de eleição para
lico, e a diastólica, diminuída em razão do retorno de parte a avaliação da IA. Hoje fica em plano secundário, principal-
do volume sistólico injetado na aorta de volta para o ventrí- mente para os casos com possibilidade de insuficiência co-
culo. Com a evolução da insuficiência cardíaca, estreitam-se ronariana associada. Também é útil no planejamento cirúr-
as diferenças pressóricas. gico para a correção de dissecção aórtica.

138
VAl VUlOPATIAS

e) Ressonância magnética com dilatação do ventrículo esquerdo sem disfunção sistó-


Está indicada para a avaliação do refluxo e dos diâmetros lica e IA de qualquer grau com hipertensão. Na IA sintomá-
cavitários nos casos em que o ecocardiograma é ineficiente. tica moderada a severa com função ventricular diminuída,
indica-se o tratamento cirúrgico, porém o risco é maior.
f) Outros achados laboratoriais Quanto aos casos para os quais a cirurgia é contraindicada
Podem auxiliar no diagnóstico da causa da IA. Leucoci- por falta de condições clínicas, o tratamento medicamento-
tose e velocidade de hemossedimentação elevada sugerem so deve ser mais agressivo.
causas inflamatórias, como endocardite ou aortite. Fator As indicações para troca valvar na IA são:
reumatoide positivo e anticorpos anti núcleo positivos suge- - IA severa associada a quaisquer das situações a seguir:
rem doença reumatológica . A sorologia para sífilis também • Sintomas;
pode ser útil. • Disfunção ventricular (FE <50%);
• Dilatação ventricular importante;
E- Tratamento • Paciente submetido a revascularização miocárdica
O tratamento depende da causa-base, da função cardía- cirúrgica/cirurgia de aorta/troca de outras valvas .
ca e da presença ou não de sintomas. IA leve ou moderada - IA moderada só deverá ser submetida a tratamento
geralmente não demanda tratamento específico, enquanto cirúrgico se já houver indicação de outra cirurgia car-
a IA aguda por dissecção de aorta é uma emergência mé- díaca ou de aorta proximal.
dica .
F - Prognóstico
a) Forma aguda
Assintomáticos com IA crônica têm evolução estável ao
Quando não tratada, apresenta alta mortalidade. Geral-
longo dos anos, ao passo que os sintomáticos apresentam
mente, necessita de medidas agressivas de suporte, rápida
mortalidade acima de 10% ao ano. A taxa média de progres-
abordagem da causa e aplicação de tratamento definitivo.
são para a cirurgia é de 4%, e o surgimento de sintomas é
Como o óbito por falência ventricular esquerda e choque é
a maior indicação para o procedimento. A mortalidade as-
frequente entre esses pacientes, a despeito do tratamen-
sociada a sintomas de dispneia aos esforços (classes 11 a IV
to intensivo, é indicada a intervenção cirúrgica imediata .
de ICC) é de 20% ao ano. Quando ocorre a troca valvar, há
O nitroprussiato é a droga de escolha para determinar di-
redução da mortalidade com sobrevida em 5 anos de 85%.
minuição da pré-carga e da pós-carga. Agentes inotrópicos
positivos, como a dobutamina, podem ser utilizados na vi- Tabelo 4 - Principais corocterístlcos ao IA
gência de ba ixo débito cardíaco e hipotensão. Quando há
Quadro Após longo período sem sintomas, apresentação
instabilidade hemodinâmica, o único tratamento definitivo
clínico com insuficiência cardíaca ou angina
é a cirurgia, cujo momento depende da causa e do grau de
- Pressões sistólica elevada e diastólica reduzida,
repercussão hemodinâmica. Na endocardite infecciosa com
manifestando-se pelo aumento da pressão de
IA grave, prefere-se o uso por 7 a 10 dias de antibióticos
pulso (pressão arterial sistólica - pressão arterial
previamente à troca valvar, quando a condição clínica do diastólica);
paciente permite a espera. As indicações para a cirurgia de - Sopro diastólico leve, decrescente, mais bem ou-
urgência, nesse cenário, são insuficiência cardíaca classes vido no 3º espaço intercostal ao longo da borda
111-IV, embolização sistêmica, bacteriemia persistente, en- Propedêu- esternal esquerda, ao fim da expiração.
tica
docardite por fungos ou formação de abscesso perivalvar.

b) Forma crônica
Nos quadros leves a moderados de IA em assintomáti-
cos, o tratamento não é necessário. O seguimento clínico
deve ser feito anualmente com o ecocardiograma. A pro-
filaxia com antibióticos para endocardite deve ser aplicada - Dilatação ventricular esquerda e hipertrofia com
àqueles com anormalidades estruturais da válvula. Ecocardio- função preservada;
Quando a febre reumática está associada, indica-se a grama - Importante para o diagnóstico nos quadros agu-
profilaxia secundária. Qualquer evidência de hipertensão dos de IA.
arterial deve ser prontamente tratada para não agravar o
grau de insuficiência. Exercícios isométricos, esportes com-
petitivos e esforço físico exacerbado devem ser evitados. Os
3. Estenose mitral
quadros de IA moderada a severa sintomática com função
A- Introdução
ventricular normal devem ter a válvula substituída.
Vasodilatadores, diuréticos e nitratos atenuam os sinto- A válvula mitral permite a passagem de grande quan-
mas enquanto se aguarda a cirurgia . É indicado o tratamen - tidade de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo es-
to medicamentoso a assintomáticos para toda IA severa querdo. A área seccional da válvula é de 4 a 6cm 2 • Surge

139
o gradiente de pressão transvalvar assim que a área valvar nal de Ortner) por compressão do nervo laríngeo recorren-
cai para menos de 2,5cm 2 , quando, então, a pressão atrial te pelo átrio esquerdo aumentado ou pela artéria pulmonar
esquerda começa a elevar-se, determinando congestão pul- dilatada. Hemoptise pode acontecer por hipertensão veno-
monar. sa pulmonar, possivelmente de forma súbita, e também há
A principal causa de Estenose Mitral (EM) é o acometi- a hipótese de a dor torácica decorrer da hipertensão pul-
mento da válvula por febre reumática, com predomínio em monar e da hipertrofia do ventrículo direito.
mulheres (65% dos casos), apesar de 50% não apresenta-
b) Exame físico
rem história prévia da doença. Outras causas são extrema-
mente raras. O estado geral é frequentemente inalterado, no entan-
to a insuficiência ventricular direita pode determinar pulso
Tabela 5 - Diagnósticos diferencíois jugular elevado com ondas A e V proeminentes. O pulso
- Mixoma atrial; apicai é, em geral, normal ou diminuído por função ventri-
- Disfunção de prótese valvar; cular esquerda preservada e baixa pressão de enchimen-
to. Em decúbito lateral esquerdo, um murmúrio diastólico
-Tromba;
pode ser notado e exacerbado por expiração profunda, e
- Neoplasia;
sua intensidade tem relação com o gradiente transvalvar.
-Grande vegetação bacteriana ou fúngica. A 1ª bulha é hiperfonética, com estalido de abertura e so-
pro diastólico perto do ápice cardíaco. No início da doença,
A febre reumática pode produzir, na fase aguda, uma
apenas uma Bl hiperfonética pode ser percebida. Com a
pancardite. Corpos de Aschoff no pericárdio são muito es-
evolução da doença, a hiperfonese desaparece.
pecíficos dessa febre. O acometimento da válvula mitral é a
regra, podendo ocorrer, também, o espessamento das co-
C - Exames diagnósticos
missuras, cúspides e da cordoalha.
A fibrose e a calcificação dos folhetos podem estender-
a) Eletrocardiograma
-se até o anel valvar. Com a progressão da estenose, surge
o gradiente transvalvar através da válvula estenosada, asso- Na fase precoce da doença, tem pouca utilidade por ser
ciada a contração atrial. usual. Na progressão desta, surgem o aumento da onda P
(onda P larga e geralmente com entalhe no ápice- forma
B - Quadro clínico de M) e a evolução de vários pacientes para FA. Com a piora
da hipertensão pulmonar, ocorrem o desvio do eixo para a
a) Sinais e sintomas direita e onda R maior do que Sem Vl.
No início, os pacientes são, em geral, assintomáticos.
É estimado que o prognóstico piore muito quando os sin-
tomas se iniciam, pois a progressão de sintomas leves até
disfunção severa, em média, acontece apenas de 7 a 9 anos
depois.
Em condições que aumentam o débito cardíaco, há au-
mento do gradiente transvalvar, com elevação da pressão
do átrio esquerdo. A congestão pulmonar subsequente, de-
sencadeada por exercício, hipertireoidismo, gravidez, FA e
febre, determina a dispneia. Em virtude do aumento do re-
torno venoso na posição supina, podem ocorrer, a pacien-
tes com doença moderada, ortopneia e dispneia paroxística
noturna.
Com a progressão da doença, a pressão da artéria pul-
monar aumenta, elevando, proporcionalmente, a pressão
capilar pulmonar.
A inflamação reumática valvar pode também estender-
-se aos átrios, causando alterações estruturais que predis-
põem à fibrilação atrial e, portanto, a maior risco de even- b) Radiografia de tórax
tos embólicos. Entre os pacientes em ritmo sinusal, a idade,
O exame da silhueta cardíaca permite identificar o au-
a presença de trombo atrial, a área valvar mitral e a signifi-
mento do átrio esquerdo (Figura 4) por meio do sinal do
cativa IA são fatores que predizem maiores riscos de evento
duplo contorno na borda cardíaca esquerda, associado à
embólico.
elevação do brônquio principal esquerdo e à compressão
Os pacientes ainda têm risco aumentado para endocar-
esofágica na incidência posterior. O aumento do ventrículo
dite infecciosa. Rouquidão, apesar de rara, pode ocorrer (si-
direito pode ocupar o espaço retroesternal.

140
VALVULOPATIAS

c) Ecocardiografia
Átrio esquerdo
aumentado Trata-se do principal exame na avaliação da EM, por
demonstrar alteração da movimentaç ão dos folhetos e
comissuras valvares, avaliação da área valvar e da re-
percussão hemodinâmi ca . É utilizado para determinar
o escore de Wilkins-Bioc k, que ajudará na decisão tera-
pêutica entre valvuloplasti a por balão ou necessidade de
cirurgia aberta.

Tabela 6- Severidade da EM

Normal

Leve
Gradiente trans-
valvar (mmHg)

o
<5
.- 4a6
>1,5
....
o

<30
<30
o
·
o

Moderada 5 a 10 1 a 1,5 30 a 50
Severa >10 <1 >50
Figura 4- Anatomia do coração com volvula m1trol~ anormal, .

mostrando aumento do átrio esquerdo , ~ .


d) Cateterização cardíaca
A avaliação da árvore pulmonar pode evidenciar hiper- A avaliação indireta das pressões das câmaras esquer-
tensão pulmonar com proeminência das artérias pulmona- das, por meio do cateter de Swan-Ganz, permite melhor jul-
res e cefalização do fluxo pulmonar. Linhas A e B de Kerley, gamento da repercussão da EM e está indicada apenas aos
por sua vez, podem acontecer por transudação. casos em que os exames não invasivos são inconclusivos ou
quando há discrepância entre o resultado dos exames e a
clínica apresentada.

D- Tratamento

a) Clínico
A profilaxia primária envolve o tratamento adequado
das infecções por Streptococcu s do grupo A. O tratamento
iniciado dentro de 7 a 9 dias após o evento infeccioso pode
prevenir a febre reumática. A profilaxia secundária de no-
vas crises impede a progressão da EM e deve ser realizada,
com penicilina G benzatina de 21/21 dias, de acordo com a
Tabela 7.

I
Categorias

Até 21 anos ou 5 anos


Febre reumática sem após o último surto, va- 1-C
cardite prévia lendo o que cobrir maior
período
Febre reumática com
Até 25 anos ou 10 anos
cardite prévia; insufi-
após o último surto, va-
ciência mitral leve re- 1-C
lendo o que cobrir maior
sidual ou resolução da
período
lesão valvar
Lesão valvar residual Até os 40 anos ou por 1-C
moderada a severa toda a vida
Figura 5 - (A) Aumento do átrio esquerdo evidenciado por con- Após cirurgia valvar Por toda a vida 1-C
traste e (8} calcificação da válvula mitral

141
Pacientes com EM têm risco aumentado para endocar- de preocupação, e os pacientes se tornam sintomáticos
dite bacteriana, sendo indicada profilaxia para certos pro- após 16 anos do início da doença. Entre eles, 84% morre-
cedimentos, como extração dentária . ram por causa cardíaca - insuficiência ventricular direita,
O manuseio clínico da EM entre os pacientes em rit- edema pulmonar refratário, fenômenos tromboembó-
mo sinusal é limitado. O uso de diuréticos e a restrição licos, endocardite, infarto do miocárdio e morte súbita.
sádica são indicados aos casos de congestão pulmonar. Com a progressão dos sintomas moderados para severos,
Digitálicos entre pacientes com ritmo sinusal não agregam o prognóstico piora rapidamente. E, com o tratamento clí-
benefício, exceto na presença de disfunção ventricular. nico angiográfico e cirúrgico, é possível a melhor evolução
Betabloqueadores podem, significativamente, diminuir o da doença.
débito cardíaco e a frequência, determinando queda do
gradiente transvalvar. Apesar de lógica, a terapia com tal Tabela 8- Principais características da EM
grupo de drogas aponta resultados conflitantes, ficando Quadro Dispneia de esforço, dispneia paroxística noturna,
reservados para sintomáticos aos esforços. A anticoagula- clínico ortopneia e cansaço em fase mais tardia
ção é benéfica a casos com ritmo sinusal e evento embó- - Estalido de abertura, Bl hiperfonética, sopro dias-
lico prévio ou portadores de átrios maiores de SSmm ao tólico ruflante;
ecocardiograma (classe llb).
Quando há a associação de EM e FA, o tratamento ofe- 81 82 SMD 81 82 SMD
rece maiores benefícios por controlar o risco de eventos
embólicos. A FA é mal tolerada nessas pessoas pela perda Propedêu- I ' l '

tica
do enchimento ventricular esquerdo com a sístole atrial e
- Eletrocardiograma com aumento do átrio esquer-
o aumento da frequência cardíaca, cujo controle pode ser do ou FA; hipertrofia ventricular direita em está-
atingido com betabloqueadores, digitais ou bloqueadores gios mais tardios;
dos canais de cálcio. A cardioversão elétrica ou química, por - Radiografia de tórax com sinais de aumento do
sua vez, deve ser aplicada com anticoagulação adequada. O átrio esquerdo e ventrículo esquerdo normal.
uso de antiarrítmicos, como a amiodarona, após a reversão Válvulas com restrição de mobilidade, área orificial
a ritmo sinusal, previne novo evento de FA em aproximada- Ecocardio- valvar reduzida demonstrada pelo ecocardiograma
mente 70% dos pacientes por ano de reversão da arritmia. grama e gradiente transmitral elevado demonstrado pelo
Àqueles que não mantêm ritmo sinusal é indicada a antico- Doppler
agulação.

b) Valvulotomia mitral com balão 4. Insuficiência mitral


Permite a separação e a fratura dos pontos de calcifi-
cação na válvula, além de ser recomendada aos sintomá- A - Introdução
ticos ou assintomáticos com hipertensão pulmonar, este- Qualquer alteração que cause dilatação ventricular es-
nose moderada a severa (área valvar <l,Scm 2), anatomia querda pode determinar o desalinhamento dos músculos
adequada determinada pelo ecocardiograma (escore de papilares, prejudicando a sua função e dilatando o anel val-
Wilkins-Biock !>8), sem tromba atrial ou refluxo mitral mo- var, causando a Insuficiência Mitral (IM). O infarto miocár-
derado a importante (minoria). Antes de realizar a valvoto- dico envolvendo o músculo papilar ou a parede ventricular
mia por balão, deve-se assegurar que não existe tromba no que o suporta pode determinar insuficiência pelo mesmo
átrio esquerdo, que é uma contra indicação ao procedimen- mecanismo. A ruptura da cordoalha valvar pode ocorrer,
to pelo risco de embolização sistêmica. em especial, entre pacientes com hipertensão ou prolapso
c) Tratamento cirúrgico valvar mitral.
As doenças mais comuns que determinam a IM são
Há 3 opções cirúrgicas terapêuticas para EM: comis-
doença reumática cardíaca e degeneração mixedematosa
surotomias fechada e aberta e troca por prótese valvar.
do prolapso valvar. A endocardite pode destruir os folhetos
A substituição valvar é indicada a pacientes muito sinto-
valvares, e a calcificação do anel valvar, prejudicar a con-
máticos e área valvar <l,Scm 2 • Também se recomenda
tração sistólica do anel, causando IM. A dilatação atrial es-
intervenção a assintomáticos com EM severa (área valvar
querda de qualquer causa também pode determinar a IM
<l,Scm 2 ), com PAPs >SOmmHg em repouso ou >60mmHg
(Figura 6). Alguns casos apresentam vários desses fatores
ao exercício.
concomitantemente.
A IM pode ser dividida em causas orgânicas ou funcio-
E - Prognóstico
nais, como mostra a Tabela 9. As causas orgânicas usual-
A história natural da EM mudou em virtude das opções mente acometem a válvula diretamente, enquanto as fun-
terapêuticas utilizadas. A febre reumática ainda é motivo cionais têm origem atrial e deixam a válvula intacta.

142- - - - - - - -
VAL VULOPA TIAS

esquerdo Veias Aorta Aorta Átrio esquerdo


pulmonares
,.
~ /

Folheto da
válvula
mitral

Diástole Ventrículo Sístole


esquerdo esquerdo

Flgura6-/M . _ _.-_ _ . _. _____ _, ___ . ____ _

Tabela 9 - Causas orgânicas e funcionais miocardiopatia. O sintoma mais comum é a dispneia pro-
gressiva, inicialmente aos esforços, progredindo para disp-
Causas orgânicas
neia paroxística noturna e ortopneia. Também pode ocor-
-Degeneração mixedematosa (Prolapso Mitral- PM);
rer edema periférico, assim como fibrilação atrial, gerando
- Febre reumática; queixa de palpitação ou outros distúrbios de ritmo. Pode
- Endocardite infecciosa; haver, ainda, dor torácica atípica e até crises de pânico. A IM
- Ruptura espontânea de corda tendínea; aguda geralmente é acompanhada de congestão pulmonar
-Trauma cardíaco. exacerbada e súbita, com dispneia acentuada.
Causas funcionais b) Exame físico
-Insuficiência coronariana; - IM crônica: nessa situação, a frequência cardíaca pode
- Cardiomiopatia hipertrófica ou dilatada; estar aumentada por FA ou insuficiência cardíaca. O
- Dilatação atrial esquerda. pulso carotídeo, em geral, é curto e de baixa amplitu-
de. A avaliação da pressão arterial mostra essa pinça-
Na IM crônica, a forma mais comum de apresentação, da. Sinais de insuficiência cardíaca podem estar pre-
a IM piora progressivamente, de acordo com a evolução da sentes (edema periférico, ritmo de galope, congestão
doença de base. Nessa situação, o miocárdio é apto a adap- pulmonar), e o aumento do ventrículo esquerdo pode
tar-se ao refluxo valvar, sendo que o aumento da pressão gerar intensificação do pulso apical. A 1!! e a 2!! bulhas
atrial esquerda determina a dilatação atrial, acompanhada são normais na vigência de hipertensão pulmonar, e a
de hipertensão pulmonar subsequente. Como o volume de 3!! bulha pode ser observada devido à sobrecarga valê-
refluxo atrial retorna para o ventrículo na diástole com o mica, mas não necessariamente caracteriza insuficiên-
volume sistólico normal atrial, há sobrecarga ventriculares- cia cardíaca. Já a 4!! bulha é rara. O sopro característico
querda, que evolui com miocardiopatia ventricular dilatada é holossistólico e mais bem observado no ápice cardí-
hipertrófica excêntrica. Inicialmente, não há impacto clíni- aco, com irradiação para a axila. No PM, o sopro pode
co, pois o ventrículo é capaz de compensar a sobrecarga. ser "em crescendo" e tardio na sístole, acompanhado
Com a progressão da IM, a dilatação ventricular sofre desa- de estalido mesossistólico de abertura;
daptação, e a insuficiência cardíaca se manifesta. - IM aguda: os achados de exame físico são mais varia-
A apresentação clínica da IM aguda é diferente, pois não dos. Com o aumento agudo da pressão do átrio es-
há tempo para a adaptação ventricular, geralmente ocor- querdo, há equalização das pressões entre as câmaras,
rendo congestão pulmonar aguda por aumento das pres- determinando queda do gradiente de pressão trans-
sões atriais e pulmonares. O ventrículo esquerdo também valvar. Surge, então, um sopro sistólico precoce e não
não se adapta ao regime de pré-carga elevada, entrando mais holossistólico, característico da disfunção crônica
em falência. A descompensação aguda de IM crônica tam- da IM. A congestão pulmonar, invariavelmente, acom-
bém é possível. panha o quadro, podendo haver sinais de insuficiência
cardíaca direita;
B - Quadro clínico - Doença valvar mista: pacientes com IM de etiologia
reumática habitualmente podem apresentar um com-
a) Sintomas e sinais ponente de insuficiência e EM (dupla lesão valvar) ou
Na IM crônica, a história em geral sugere a causa, fre- apresentá-la acompanhada de outra lesão valvar, como
quentemente febre reumática, insuficiência coronariana ou a IA. O curso clínico da dupla lesão valvar é semelhan-

143
te ao curso da IM, e o tratamento é semelhante. A IA cia para o diagnóstico diferencial. O sopro da Insuficiência
pode ocorrer tanto por dilatação ventricular como por Tricúspide (IT), por exemplo, pode ser percebido no ápice
acometimento direto da doença de base sobre a válvu- cardíaco, em especial se há aumento do ventrículo direito.
la. Nessa situação, há piora da sobrecarga ventricular, O diagnóstico diferencial inclui o achado de aumento doso-
e a evolução para insuficiência cardíaca se acelera. pro com a inspiração, ondas V amplas no pulso jugular, des-
c) Exames diagnósticos vio do ventrículo direito e fígado pulsátil. Ambos os sopros,
da IT e da IM, podem coexistir se há hipertensão pulmonar
- Eletrocardiograma: a IM cron1ca pode vir acompa-
associada à IM. Nesse caso, o sopro da IT é mais bem per-
nhada de sinais de sobrecarga ventricular esquerda,
aumento do átrio esquerdo e, mais raramente, sobre- cebido nos bordos esternais direito e esquerdo, e o sopro
carga ventricular direita. Pacientes com insuficiência mitral, da IM, no ápice cardíaco.
coronariana podem apresentar isquemia miocárdica. O sopro da EA é frequentemente confundido com a IM,
O teste de esforço pode ser utilizado para definir a em especial quando o sopro desta é atípico e se irradia para
classe funcional do paciente, perdendo sensibilidade a região aórtica. O sopro da EA, em geral, irradia-se para a re-
para o diagnóstico de doença coronariana em virtude gião cervical, é acompanhado de B4 e não há mudança dinâ-
da sobrecarga ventricular já existente; mica do sopro com a inspiração. Outra forma de diferenciar
- Radiografia de tórax: em casos de IM crônica, há o os 2 sopros é a inalação de almitrina, potente vasodilatador,
aumento do ventrículo e do átrio esquerdos. Nos qua- que potencializa o sopro aórtico e suaviza o sopro mitral.
dros severos, podem-se identificar o aumento do ven- Um defeito no septo ventricular pode simular o sopro da
trículo direito e a hipertensão pulmonar. Além disso, IM. O paciente com esse defeito tem aumento do ventrículo
podem ocorrer sinais de congestão pulmonar e derra- direito, e frêmito pode ser palpado na caixa torácica. O so-
me pleural. Já na IM aguda, há poucos sinais de sobre- pro da Cardiomiopatia Hipertrófica (CH) pode ser confundi-
carga ventricular; do com o da IM, e os maiores achados que diferenciam tais
- Ecocardiograma: o Doppler permite a identificação do sopros são a piora do sopro da CH na manobra de Valsalva
refluxo sistólico pela válvula mitral para o átrio esquer- e a diminuição do sopro da IM com essa mesma manobra.
do, confirmando o diagnóstico, além de poder graduar O sopro do PM pode ser de difícil diferenciação do sopro
a severidade da lesão. Permite, também, a avaliação da CH, pois ambos se comportam da mesma forma nas ma-
anatômica da válvula para definir onde ocorre o defei- nobras propedêuticas de diferenciação. No PM, em geral há
to que possibilita o refluxo. A avaliação do tamanho do estalido mesossistólico, enquanto é perceptível a hipertro-
átrio e do ventrículo esquerdos também torna possível fia ventricular esquerda na palpação do tórax e B4, na CH.
estimar a gravidade da lesão. Curiosamente, a IM de O grande diagnóstico diferencial da IM aguda é o defeito
intensidade leve ao ecocardiograma não está relacio- de septo ventricular porque a maioria acontece na vigência
nada ao achado de sopro ao exame tísico. Um dado do infarto do miocárdio. O frêmito palpável e o aumento do
muito importante de estudos recentes mostra que ventrículo direito são mais comuns. Outro sinal importante
mesmo assintomáticos sem tratamento devem reali- é que a dispneia no defeito de septo ventricular é menor do
zar ecocardiograma. Nesses casos, um orifício valvar que na IM.
>40mm 2 associa-se a maior mortalidade;
- Medicina Nuclear: a avaliação por cintilografia mostra D- Tratamento
a estimativa da fração de ejeção que refi ui para o átrio
esquerdo, permitindo avaliar o quanto do volume sis- a) Farmacológico
tólico efetivo é atribuído ao volume que reflui para o
Os vasodilatadores são úteis na IM aguda (de prefe-
átrio. Tal fração do volume sistólico está relacionada
rência, os parenterais) para diminuir a pressão de aorta e
com o prognóstico. A avaliação de isquemia miocárdi-
a impedância, favorecendo o esvaziamento ventricular e
ca por cintilografia também auxilia no manuseio da IM.
reduzindo o volume de refluxo para o átrio. A diminuição
No entanto, o exame angiográfico para a confirmação
do tamanho das câmaras dilatadas também favorece a me-
do diagnóstico de insuficiência coronariana é o indica-
do, também, para a definição desse diagnóstico; lhora do débito cardíaco. Podem ser utilizados a hidralazina
e o nitroprussiato de sódio. Quanto à IM crônica, o uso de
- Cateterismo cardíaco: raramente necessário, é mais
medicações tem impacto duvidoso (a pós-carga não está
utilizado para investigação de insuficiência coronaria-
na e avaliação do risco cirúrgico envolvido na correção aumentada nessas situações, e não há a necessidade de re-
da IM. Também permite a avaliação das pressões do duzi-la), e o grupo que parece ter benefício é o de pacientes
sistema, identificando hipertensão pulmonar. com IM secundária à disfunção do ventrículo esquerdo. Em
todo caso, terapia vasodilatadora está indicada a todo pa-
C- Diagnóstico diferencial ciente sintomático ainda não candidato à cirurgia. Aqueles
com disfunção valvar leve ou moderada, por sua vez, não se
Como a manifestação clínica da IM é comum a outras beneficiam dessas medicações em termos de mortalidade,
patologias, o exame tísico passa a ser de grande importân- e, nos quadros graves, é melhor o tratamento cirúrgico.

144
VAL VULOPATIAS

- Digoxina: é útil na FA para o controle da frequência car- são da cordoalha, deformidades valvares acentuadas e en-
díaca; já o benefício com IM e ritmo sinusal é incerto; docardite infecciosa em geral necessitam de substituição da
- Anticoagulação oral: é indicada a pacientes com FA e válvula. O reparo valvar é preferível por não necessitar de
EM concomitante. Quanto aos indivíduos com disfun- anticoagulação perene após a cirurgia, além de estar asso-
ção valvar moderada a severa, aumento do ventrículo ciado a melhor recuperação da função ventricular.
e átrio esquerdos e que estejam em ritmo sinusal com Quando é necessária a troca da válvula, a função ven-
função ventricular normal, o benefício é incerto; tricular pode ser preservada, deixando intacto o sistema de
- Profilaxia com antibióticos: todos aqueles com IM ne- cordoalhas. A escolha do material da válvula também in-
cessitam de profilaxia para prevenir a endocardite bac- fluencia o tempo de cirurgia . As válvulas metálicas apresen-
teriana. A profilaxia secundária a pacientes com febre tam maior durabilidade, porém necessitam de anticoagula-
reumática também está indicada. ção perene. Já as biológicas podem ser utilizadas quando a
longevidade da prótese não é uma preocupação (duração
b) Cirúrgico de cerca de 10 a 15 anos) ou quando tem de ser evitada a
Pessoas com disfunção aguda ou severa ou descompen- anticoagulação.
sação da IM crônica severa necessitam de tratamento cirúr-
gico, caso as condições clínicas o permitam. Tais pacientes E - Prognóstico
podem ser estabilizados com vasodilatadores e diuréticos.
A IM crônica tem evolução semelhante à da IA e da EM
Na falha terapêutica das medicações, é indicado o balão
crônicas. A causa da IM influencia, também, o prognóstico;
intra-aórtico, pois determina redução da pressão sistólica
pacientes com causa isquêmica associada têm prognóstico
do ventrículo esquerdo e reduz a pressão diastólica da aor-
pior, e a degeneração valvar mixedematosa tem o melhor
ta, melhorando a contratilidade ventricular. A maioria dos
prognóstico. Já o da lesão associada à febre reumática tem
pacientes torna-se estável com tais medidas, o que permite
posição intermediária. A endocardite muda o prognóstico,
o tratamento cirúrgico.
assim como a descompensação aguda de uma IM crônica .
Eventualmente, os indivíduos com IM aguda ou crônica
E é pior o prognóstico na IM aguda com edema pulmonar e
moderadamente severa necessitam de cirurgia. O momen-
sintomas severos.
to certo para a indicação cirúrgica é fundamental, pois os
que desenvolvem sintomatologia intensa, dilatação ventri-
F - Prolapso da válvula mitral
cular, disfunção ventricular (FE <30%) e hipertensão pulmo-
nar não apresentam grande melhora após a cirurgia . Por O PM é a valvulopatia mais frequente, ocorre entre 10 e
outro lado, caso sejam operados mais cedo, é bem provável 15% da população e é uma patologia associada a complica-
a recuperação para um quadro assintomático. ções como endocardite, fenômenos embólicos, insuficiência
As indicações para troca de valva mitral são, em resumo: cardíaca e necessidade de reparo cirúrgico, além de ser cau-
- IM severa sintomática associada a um dos seguintes sa de IM. Definido como a projeção de 1 ou mais folhetos
fatores: da válvula em direção ao átrio esquerdo durante a sístole,
• IM aguda; manifesta-se por um click mesossistólico seguido de sopro
• IM crônica sem disfunção ventricular (FE >30%) ou sistólico tardio, mais bem percebido no ápice cardíaco da
dilatação ventricular; abertura. O diagnóstico definitivo é controverso, já que não
• Se FE <30%, considerar se o mecanismo da insufi- há consenso sobre os critérios ecocardiográficos no método
ciência é realmente valvar e não secundário à car- bidimensional. O tratamento do paciente assintomático é o
diopatia de base. seguimento. Já considerando aqueles com fenômenos car-
- IM severa assintomática associada a um dos seguin- dioembólicos, a anticoagulação deve ser considerada, assim
tes fatores: como a profilaxia da febre reumática nos portadores de PM.
• FE entre 30 e 60%; Tabela 10- Principais características da IM
• Função ventricular preservada e FA recente;
Quadro
• Hipertensão pulmonar. Dispneia ou ortopneia
cUnico
A cirurgia para a correção isolada de refluxos leves a mo- Sopro sistólico apical; sopro protossistólico
derados não deve ser indicada (classe 111).
O início de sintomas de insuficiência cardíaca também
deve ser considerado na decisão do tratamento cirúrgico. Propedêu-
Alguns se tornam sintomáticos antes de desenvolverem al- tica
terações hemodinâmicas da IM.
Outros fatores devem ser considerados na decisão do
momento e do tipo da cirurgia (reparo da válvula ou subs-
tituição por material biológico ou metálico). Pacientes com
ruptura da cordoalha, PM ou ruptura do músculo papilar Ecocardio-
Refluxo valvar mitral do ventrículo para o átrio
grama
podem ter a válvula corrigida, enquanto indivíduos com fu-

145
5. Estenose tricúspide e insuficiência prolapso de válvula tricúspide é visto, quase exclusivamen-
te, em pacientes com PM, além de ser um componente fre-
tricúspide quente da anomalia de Ebstein.
A IT de intensidade moderada pode complicar-se em até
A -Introdução 25% dos casos de lúpus eritematoso sistêmico por hiper-
A frequência do acometimento valvar tricúspide (Figura tensão pulmonar. A endocardite de Libman-Sacks envolven-
do a válvula tricúspide é muito menos comum. A síndrome
7) tem aumentado ao longo do tempo pela associação di-
antifosfolípide pode cursar com acometimento da válvula.
reta ao uso intravenoso de drogas, cateteres de longa per-
Também pode surgir a IT como complicação tardia da troca
manência, dispositivos cardíacos implantáveis e pacientes
de válvula mitral.
imunossuprimidos.

Normal Regurgitação em vélvula trlcúsplde


D - Estenose tricúspide
A Estenose Tricúspide (ET) é uma lesão incomum e usu-
almente acompanha a EM, tendo como principal causa a
reumática. O acometimento isolado da válvula é raro. Além
disso, pode ter etiologia congênita e surgir após tratamento
com metisergida.

E -Achados clínicos

a) Sinais e sintomas
O reconhecimento clínico da doença é difícil e, em ge-
ral, obscurecido pela doença associada. Os achados mais
frequentes são sintomas não considerados de origem car-
díaca: dor abdominal, icterícia, perda de peso e inanição.
As queixas cardiológicas, usualmente, associam-se a outras
disfunções valvares. Já a história, normalmente, é pobre, e
Figura 7- Alterações na válvula tricúspide
o exame físico fornece mais dados para o diagnóstico.

b) Exame fisico
B - Etiologia e fisiopatologia
- Pulso venoso jugular: a pressão atrial direita pode ser
A válvula tricúspide é composta por 3 folhetos de tama- estimada por meio do Pulso Venoso Jugular (PVJ). Há 3
nho desigual (anterior >septal >posterior), e os músculos ondas (A, C, V) ascendentes e 2 (X e Y) descendentes.
papilares não são tão bem definidos quanto os das câmaras A onda A e a 1ª descendente (X) são produzidas, res-
esquerdas. A alteração de qualquer um dos componentes pectivamente, por contração e relaxamento atrial. A
valvares pode determinar a disfunção. onda X é interrompida pela onda C, que é causada pela
contração isovolumétrica do ventrículo direito com
C - Insuficiência tricúspide projeção em direção ao átrio, devido ao fechamento
da valva tricúspide (alguns autores acreditam que a
A IT, em geral, ocorre pela dilatação do anel valvar ou
onda C se relacione à transmissão de pressão do pulso
pela disfunção da musculatura papilar, sendo comumente carotídeo na sístole ventricular). A onda V representa
uma insuficiência funcional. Na maioria das vezes, é causa- o enchimento atrial passivo, estando a valva tricúspide
da por doença ventricular esquerda (doença mitral), porém fechada; o cume dessa onda corresponde à abertu-
alterações da vasculatura pulmonar ou do ventrículo direito ra da valva tricúspide, que acontece no momento do
podem determinar a disfunção. fechamento da valva pulmonar (2ª bulha). A doença
Quando a causa é reumática, quase sempre ocorre o valvar tricúspide é, tipicamente, associada ao aumento
acometimento valvar mitral associado, e a disfunção tricús- da pressão venosa central, que pode ser identificado
pide é leve. A endocardite da válvula, em geral, acontece pela análise do pulso jugular. Na IT, ocorrem onda me-
entre usuários de drogas intravenosas, e o Staphylococcus sossistólica S e onda Y proeminente (passagem rápida
aureus é o agente mais comum, seguido de subtipos de de todo o sangue proveniente do retorno venoso so-
Pseudomonas e Candida sp. mado ao sangue que refluiu do ventrículo direito na
É importante lembrar-se de etiologia fúngica quando a sístole devido à incompetência da valva tricúspide, le-
vegetação é grande, podendo causar obstrução do anel val- vando a queda rápida da pressão atrial). Na ET, a onda
var. A perfuração ou a ruptura da cordoalha podem deter- A torna-se muito proeminente, e a Y, muito discreta (o
minar insuficiência valvar. Tumores carcinoides são causas sangue encontra dificuldade em passar do átrio para o
das raras doenças valvares pulmonares e/ou tricúspides. O ventrículo direito).

146
VALVULOPATIAS

A Figura 8 demonstra as ondas do pulso venoso jugular G- Tratamento


normais e sua relação com o complexo QRS e o fonocardio-
A IT é bem tolerada na ausência de hipertensão pulmo-
grama.
nar; quando esta ocorre, surge a insuficiência ventricular
direita. A restrição de sódio e o uso de diuréticos de alça di-
minuem a pressão do átrio direito. O tratamento da doença
PVJ associada também é importante. A ET sintomática é tratada
y y cirurgicamente com reparo ou troca da válvula por prótese
81 82 biológica ou metálica, enquanto a correção cirúrgica da IT é
de indicação mais difícil. Comumente, está indicada inter-
venção quando a valva mitral tem indicação de abordagem
ou quando o paciente apresenta sintomas.
ECG
Tabela 11- Característicos da ET e da /T
Figura 8 - Registro da onda pressórica do pulso venoso jugular e
suas relações com a complexo QRS e o fonocardiograma
-Onda A proeminente e onda Y reduzida no pulso venoso jugular;
- Ausculta cardíaca da IT: quando o ventrículo direito é
-Sopro diastólico na borda esternal esquerda que aumenta com
muito dilatado, a localização do sopro pode ser deslo-
a inspiração;
cada para a esquerda, sugerindo IM. O aumento inspi-
-Achados característicos ao ecocardiograma.
ratório do sopro holossistólico no foco tricúspide é a
marca dessa disfunção valvar. Quando a insuficiência
ventricular direita é marcante, pode não ocorrer au- -Onda V proeminente no pulso venoso jugular;
mento do sopro com a inspiração. Geralmente, não se - Sopro sistólico na borda esternal esquerda que aumenta com
palpa o frêmito cardíaco; a inspiração;
-Ausculta cardíaca da ET: um estalido de abertura da
-Achados característicos ao ecocardiograma.
válvula tricúspide é de difícil diferenciação com rela-
ção ao estalido de abertura da válvula mitral. O sopro
da ET aumenta com a inspiração, pode ser mais bem 6. Insuficiência pulmonar e estenose
avaliado na borda esternal esquerda e, geralmente, é
rude. Ambas as disfunções valvares podem determinar
pulmonar
disfunção hepática pelo aumento da pressão venosa
no território da cava inferior. Normal Estenose pulmonar

F- Exames diagnósticos

a) Eletrocardiograma
Ondas P, características de aumento atrial direito sem
evidência de sobrecarga ventricular direita, sugerem ET, e
a FA é frequente.
b) Radiografia de tórax
A cardiomegalia ocorre na ET com uma borda cardíaca
direita proeminente em virtude do aumento do átrio direito
e dilatação das veias cava superior e ázigo. Na IT, podem
ocorrer derrame pleural e elevação do diafragma por ascite.
c) Ecocardiograma
Figura 9 - Válvula pulmonar estenosada
O exame de escolha permite definir se existe associação
entre outra doença, como o mixoma atrial, e a patologia pri-
mária da válvula. Na IT, o exame evidencia sobrecarga ven- A - Introdução
tricular direita e movimentação paradoxal do septo, permi-
A Insuficiência Pulmonar (IP), frequente na vigência de
tindo estimar o gradiente transvalvar. A válvula encontra-se
hipertensão pulmonar, acontece por dilatação do anel val-
espessada e com mobilidade diminuída na ET.
var pulmonar e pode ser precipitada por qualquer causa
d) Cateterismo cardíaco de hipertensão pulmonar. Também são causas a dilatação
Na IT e na ET, é possível identificar ondas características idiopática do tronco pulmonar e a síndrome de Marfan. A
que compõem o pulso venoso jugular. endocardite bacteriana pode determinar IP por obstrução

147
direta do anel valvar pela vegetação . Em geral, a repercus- direita são achados típicos . EP leve ou moderada habitual-
são cl ínica da IP é mínima, raramente necessitando de troca mente apresenta exame normal.
valvar. O acometimento reumático da válvula é raro.
b) Radiografia de tórax
A Estenose Pulmonar (EP), por sua vez, é de origem con-
gênita em 95% dos casos, e a forma adquirida tem a doença Aumento não específico do ventrículo direito e das arté-
cardíaca carcinoide como causa mais comum . rias pulmonares pode ser observado na EP.
c) Ecocardiograma
B -Sinais e sintomas
Determina a natureza, o local e a severidade da esteno-
Como na doença tricúspide, os sintomas da doença pul- se e da insuficiência. Além disso, identifica sinais de hiper-
monar podem ser súbitos e associados à doença de base. tensão pulmonar.
Pacientes com IP são frequentemente assintomáticos, ex-
d) Cateterismo cardíaco
ceto quando surge a hipertensão pulmonar, e indivíduos
com EP também não apresentam sintomas; nestes casos, Desnecessário.
ocorrem dispneia, dor torácica e fadiga quando se eleva o
gradiente transvalvar. D- Tratamento

a) Pulso venoso jugular É raro que a IP necessite de tratamento específico; é


melhorada com o tratamento de condições predisponen-
Onda venosa jugular- a presença de EP é sugerida por
tes, como a hipertensão pulmonar e a endocardite. A EP
onda A proeminente na vigência de pressão venosa central
tem sido resolvida, com grande sucesso, por meio da valvu-
normal.
loplastia por balão. O tratamento baseia-se na severidade
b) Ausculta cardíaca da doença, e os pacientes com doença moderada e severa
Na IP, o componente pulmonar de B2 é usualmente sintomática podem ser tratados por essa modalidade tera-
hipofonético porque a maior parte dos pacientes tem hi- pêutica.
pertensão pulmonar. Ritmo de galope e B3 podem ser en-
contrados na região paraesternal esquerda . Na ausência de
E - Prognóstico
hipertensão pulmonar, o sopro é de baixa frequência, dias- Geralmente, é muito bom. Quanto a pacientes com IP,
tólico, com padrão crescente-decrescente, mais bem ava- pode ser influenciado por fatores como a hipertensão pul-
liado no 3º ou no 4º espaço intercostal esquerdo. O sopro monar.
de Graham-Steel ocorre na região paraesternal esquerda
entre o 2º e o 3º espaços intercostais, decrescente, indi- Tabela 12 - Características da IP e da E"'
cando hipertensão pulmonar intensa. Na EP, a B2 desdobra-
-se proporcionalmente ao grau de estenose. O sopro pode - Sopro diastólico na borda superior esquerda esternal que au-
estar associado ao frêmito, e o pulso do ventrículo direito menta com a inspiração;
pode ser palpado. - Desdobramento da 2ª bulha hiperfonética no foco pulmonar;
-Achados ecocardiográficos característicos .
C - Exames diagnósticos
EP (Figura 9)
a) Eletrocardiograma -Sopro sistólico no 2º espaço intercostal esquerdo precedido de
c/ick sistólico;
Tanto a EP quanto a IP podem demonstrar o aumento
- Desdobramento da 2ª bulha hipofonética no foco pulmonar;
das câmaras cardíacas direitas. O bloqueio do ramo direito,
o desvio do eixo para a direita e a hipertrofia ventricular - Achados ecocardiográficos característicos .

7. Resumo
Quadro-resumo

- Sintomas de angina, dispneia aos esforços, síncope de esforço, sopro sistólico ejetivo com irradiação para as carótidas, pulso parvus
et tardus;
-Tratamento com diuréticos, digitálicos e vasodilatadores, exceto inibidores da enzima conversora de angiotensina para EA grave e troca
valvar ou valvuloplastia por cateterismo.

-Sem sintomas até palpitações e angina; evolução para insuficiência cardíaca com dispneia e ortopneia; pressão arterial diastólica mais
baixa;

148
VALVULOPATIAS

- Sopro diastólico leve, decrescente no 3º espaço intercostal; quando percebido no ápice cardíaco, é chamado sopro de Austin Flint;
-Segmento nos quadros leves e moderados; vasodilatadores, diuréticos e nitratos para o controle dos sintomas, enquanto se aguarda a
cirurgia para os casos mais sintomáticos .

- Dispneia aos esforços, ortopneia e dispneia paroxística noturna;


-Estalido de abertura, Bl hiperfonética e sopro diastólico ruflante;
- FA frequente;
-Diuréticos e restrição de sal na congestão; valvuloplastia mitral com balão ou troca valvar;
- Dispneia progressiva, ortopneia, edema periférico;
-Sopro sistólico apical;
- Vasodilatadores, tratamento cirúrgico para descompensações de repetição.

149
CAPÍTULO 14
CARDIOLOGIA

Miocardites
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

- Dano direto de miócitos pelo agente infeccioso;


1. Critérios diagnósticos - Dano de miócito causado por uma toxina como a da
- Insuficiência cardíaca congestiva nova com história de difteria pelo Corynebacterium;
síndrome virótica antecedente; - Dano de miócito como resultado de reação imune in-
- Marcadores cardíacos alterados; duzida pela infecção.
- Eletrocardiograma com taquicardia sinusal, alterações A hipótese de autoimunidade é a teoria mais ampla-
não específicas de ST, arritmias atriais ou ventriculares mente aceita. Acredita-se que a infecção viral determine
ou alterações de condução; uma resposta autoimune. São predispostos imunocompro-
- Ecocardiograma com aumento de câmaras, discinesias metidos, como mulheres grávidas e pacientes com AIDS. A
de paredes ventriculares, deficiência sistólica ou dias- suscetibilidade para a miocardite virótica também tem rela-
tólica ou trombo mural; ção com idade mais avançada e história familiar.
- Biópsia de endomiocárdio com infiltrado inflamatório
associado a dano de miócitos. Tabela 1 - Causas infecciosas
- Virais;
A- Definição - Coxsackie vírus B;

A miocardite é definida como um processo inflamatório - Citomegalovírus;


com necrose que envolve o miocárdio. Sua marca histológi- - Epstein-Barr;
ca é um infiltrado inflamatório localizado ou generalizado, - Adenovírus;
com dano ao miócito adjacente. A inflamação pode não ser -HIV;
restrita ao miocárdio, envolvendo também o endocárdio
- Hepatite C;
adjacente, o pericárdio e estruturas valvulares.
-Rubéola;

B - Etiologia -Dengue;
- Febre amarela;
Em geral, inicia-se com infecção viral, porém o começo
-Sarampo;
do processo patológico pode ser resultado de uma varieda-
de de fatores, como drogas, toxinas, reações de hipersensi- -Varicela;
bilidade, doenças vasculares do colágeno e reações autoi- - Bactérias;
munes. O agente mais comum associado à miocardite em -Sífilis;
imunocompetentes é o vírus coxsackie humano B. Outros -Tuberculose;
vírus, bactérias, rickéttsias, espiroquetas, fungos, protozoá- -Cocos Gram positivos;
rios ou metazoários também podem levar a essa condição,
- Hemófilo;
todavia de forma rara. Foram propostos vários mecanismos
- Clamídia;
de dano miocárdico:

151
- Micoplasma; Ocasionalmente, apresentam quadro compatível com
infarto do miocárdio por dor torácica aguda, eletrocardio-
- Leptospirose;
grama com alterações, isoenzimas cardíacas elevadas ou
- Meningococo;
evidência de anormalidades de movimentos de paredes
- Micoses sistêmicas; ventriculares esquerdas. Foram implicados arterite corona-
-Protozoários; riana virótica e vasoespasmo como as causas da síndrome;
- Helmintíases; as artérias coronárias epicárdicas são, em geral, extensa-
- Rickéttsias. mente patentes.
O início abrupto de sintomas de insuficiência cardíaca
congestiva em jovens ou sem doença da artéria coronária
conhecida frequentemente sugere o diagnóstico de mio-
- Cardiotoxinas;
cardite. Podem estar presentes sintomas clássicos de insu-
- Catecolaminas;
ficiência cardíaca, inclusive dispneia, cansaço e diminuição
-Cocaína; da tolerância ao exercício e palpitações. Tal constelação de
- Metais pesados; sinais e sintomas pode ser indistinguível da miocardiopatia
-Álcool; dilatada. Podem ocorrer morte súbita por arritmias ventri-
-Arsênico; culares malignas ou bloqueio atrioventricular total e trom-
boembolismo pulmonar.
- Monóxido de carbono;
- Antraciclinas;
- Reações de hipersensibilidade;
3. Exame físico
-Antibióticos; Os resultados variam bastante. As outras manifestações
-Diuréticos; de uma doença viral dominam o quadro clínico, e o envol-
vimento miocárdico pode tornar-se mais evidente no curso
- Lítio;
da doença. Doença cardíaca preexistente pode obscurecer
- Toxoide tetânico;
os resultados de miocardite em exames. Taquicardia, hipo-
- Clozapina; tensão e febre estão associadas a ela.
- Picada de insetos e cobras; A taquicardia pode ser desproporcional ao grau de
- Doenças sistêmicas; febre. Raramente é vista bradicardia, e uma pressão de
- Colagenoses; pulso pinçada é encontrada ocasionalmente. Sopros de
- Sarcoidose; insuficiência mitral ou tricúspide são comuns, mas sopros
diastólicos são raros; podem ser encontrados B3 e galopes
- Doença celíaca;
de B4. Colapso circulatório e choque podem acontecer,
- Doença de Kawasaki;
mas são raros.
- Hipereosinofilia;
- Granulomatose de Wegener;
- Tireotoxicose.
4. Exames diagnósticos
A - Eletrocardiograma
2. Sintomas e sinais As mudanças habitualmente são inespecíficas e apare-
Em geral, é assintomática, sem evidência de deficiência cem nas primeiras 2 semanas da doença. A anormalidade
orgânica ventricular esquerda. O envolvimento miocárdico mais comum é a taquicardia sinusal. Bloqueios de condução
pode ser obscurecido ou completamente mascarado pelos atrioventricular são possíveis, porém reversíveis, necessi-
sintomas constitucionais da doença ou outra deficiência or- tando de marca-passo temporário. Extrassistolia ventricular
gânica. Quando surgem os sintomas cardíacos, geralmente pode ser o único sinal sugestivo, podendo haver períodos
resultam da deficiência ventricular esquerda sistólica ou de taquicardia ventricular não sustentada. As alterações
diastólica ou de taquiarritmias ou bradiarritmias. Dias ou de repolarização geralmente ocorrem quando há acometi-
semanas após uma doença febril aguda, particularmente mento concomitante do pericárdio. Quando há bloqueio do
síndrome inf/uenza-/ike, surgem os sintomas. ramo esquerdo e onda Q nas precordiais, há também maior
No momento do diagnóstico, 60% dos pacientes com risco de necessidade de transplante e morte.
miocardite ativa descreveram uma síndrome virótica pré-
B - Radiografia de tórax
via. Sintomas constitucionais comuns incluíram febre,
mal-estar, fadiga, artralgias, mialgias e erupção cutânea Pode ser normal ou apresentar cardiomegalia modera-
da pele. Desconforto torácico é um sintoma comum (35% da com acometimento uni ou bicameral. A silhueta cardíaca
dos casos) e tipicamente pericárdico em natureza; também também pode ser "em moringa" na presença do derrame
pode haver dor isquêmica ou dor atípica. pericárdico.

152
MIOCARDITES

H - Outros testes
A elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS)
está presente em cerca de 60% dos indivíduos com miocar-
dite ativa . Se elevada, a VHS pode ser útil, monitorizando o
curso da doença e a efetividade de terapia. A precisão do
teste pode ser afetada por congestão hepática coexistente
ou hepatite; tais condições diminuem a síntese de fibrino-
gênio e reduzem o valor da VHS.
Leucocitose moderada ocorre em cerca de 25%, jun-
tamente com neutrofilia ou linfocitose e, ocasionalmente,
eosinofilia, em especial em doenças parasitárias. A porcen-
tagem de eosinófilos também pode aumentar na fase de
recuperação.
Figura 1 - Derrame pericardico na miocardite A fração CPK-MB é elevada em quase 6%, nos quais o
grau de elevação é proporcional aos danos dos miócitos.
A troponina cardíaca é um marcador sensível e específico
C- Ecocardiografia para o dano de miócito na miocardite. A medida dos títulos
A deficiência sistólica ventricular geralmente é vista en- de anticorpos de soro para vários vírus cardiotrópicos é útil
tre indivíduos com insuficiência cardíaca . Anormalidades para estabelecer exposição a tais agentes. Além disso, a re-
de movimento de paredes regionais que imitam um infarto cuperação viral só é normalmente possível durante a fase
miocárdico são surpreendentemente comuns, porém a hi- aguda, quando acontece a replicação ativa. Como essa fase
pocinesia global também é possível. A cavidade ventricular não se associa ao dano virótico, é mínimo o rendimento
esquerda pode ser normal em tamanho ou minimamente diagnóstico de culturas de amostras miocárdicas obtido por
aumentada, mas pode estar notadamente aumentada na biópsia de endomiocárdio. Sorologias para citomegalovírus,
doença fulminante. A ecocardiografia também é útil em vírus Epstein-Barr e hepatite podem ajudar no diagnósti-
demonstrar anormalidades de enchimento diastólico. São co . A técnica de PCR aplicada no material da biópsia pode
obtidos ecocardiogramas geralmente seriados para avaliar ajudar a identificar um subgrupo com miocardite linfocíti-
o curso da doença. A insuficiência mitral ou tricúspide pode ca ativa, que pode beneficiar-se de imunossupressão com
estar presente, e trombas murais acontecem em cerca de prednisona e azatioprina. A análise imuno-histoquímica na
15% dos casos. biópsia também pode fornecer tal informação, desde que
se identifique aumento na expressão do antígeno HLA.
D - Ventriculografia com radioisótopos
I - Ressonância nuclear magnética
Esta técnica oferece estimativas precisas de volumes de
câmara, além de frações de ejeção esquerda e direita. Realizada com gadolínio, pode detectar edema no mio-
cárdio e dano aos miócitos.
E- Imagem com gálio-67
Este é um método altamente sensível, por identificar 5. Tratamento
inflamação ativa do miocárdio e pericárdio. Infelizmente,
Os pacientes com miocardite aguda suspeita devem ser
sua utilidade técnica encontra-se limitada devido à falta de
hospitalizados e monitorizados de perto para a evidência
especificidade.
de piora da insuficiência cardíaca, arritmias, distúrbios de
condução ou êmbolos. Repouso no leito é essencial, e de-
F- Cateterização cardíaca
vem ser interrompidas atividades que aumentem carga de
Não é executada habitualmente em todos os casos, trabalho cardíaco.
todavia pode auxiliar no diagnóstico diferencial quando a Não há benefício comprovado de terapia antiviral aos
apresentação clínica sugere a síndrome coronariana aguda . casos específicos. Antipiréticos devem ser oferecidos a pa-
cientes febris, e analgésicos são úteis no controle da dor
G - Biópsia endomiocárdica torácica e pleuropericárdica. O consumo de cigarros e álco-
Padrão-ouro para o diagnóstico de miocardite, é um ol deve ser interrompido. Indivíduos com insuficiência car-
procedimento invasivo, embora envolva apenas morbidez díaca devem ser tratados com restrição de sódio e fluidos
mínima e desconforto. São obtidos de 4 a 6 fragmentos de e administração de diuréticos, inibidores de conversão da
tecido do lado direito do septo interventricular. Devido ao angiotensina, betabloqueadores e espironolactona .
caráter focal e migratório das lesões, o exame apresenta Pessoas com doença fulminante que se manifesta como
sensibilidade de apenas 60%. Sua especificidade é de 80%. choque cardiogênico necessitam de vasodilatadores intra-

153
venosos e agentes inotrópicos, como dobutamina ou milri- para a qual a terapia imunossupressora pode ser indicada
nona. Ocasionalmente, alguns casos podem ser refratários é a miocardite associada a doenças imunes subjacentes,
a medidas conservadoras e requerer balão intra-aórtico ou como lúpus. Nas formas crônicas, bem como na miocardite
dispositivo de assistência ventricular esquerda. Como últi- por células gigantes idiopática, o tratamento definitivo é o
mo recurso, o transplante cardíaco pode ser considerado transplante.
àqueles com miocardite aguda caso todas as outras medi-
das falhem e a sua condição piore rapidamente.
A terapia de anticoagulação é indicada àqueles com
S. Prognóstico
êmbolos sistêmicos ou pulmonares ou trombos murais des- A maioria dos pacientes com miocardite tem doen-
cobertos por ecocardiografia ou ventriculografia. Pacientes ça autolimitada, assintomática e sem deficiência orgânica
com miocardite ativa e até mesmo insuficiência ventricu- cardíaca residual. Os sintomáticos têm prognóstico ruim e
lar esquerda moderada devem receber anticoagulação em podem recuperar-se espontaneamente a qualquer momen-
virtude do aumento de eventos embólicos. A globulina hi- to, e o grau de disfunção ventricular pode estabilizar-se ou
perimune intravenosa foi sugerida como útil em alguns re- progredir para cardiomiopatia dilatada. Infelizmente, uma
latos, e a imunossupressão tem resultados desanimadores. porcentagem significativa desses tem morte súbita. O prog-
O prognóstico da miocardite de células gigantes é muito nóstico global é pobre, e a taxa de mortalidade cumulativa
ruim, mas o imunossupressor pode ser útil. Outra situação calculada em 5 anos, de cerca de 55%.

7. Resumo
Quadro-resumo
-Insuficiência cardíaca de início recente associada a quadro vira I prévio;
- Marcadores de lesão miocárdica alterados;
- Eletrocardiograma com alterações da condução atrioventricular, repolarização ventricular e arritmias atriais ou ventriculares;
- Ecocardiograma com aumento de câmaras cardíacas e disfunção sistólica ou diastólica;
-Lesão direta do miócito e reação imunológica cruzada como explicações fisiopatológicas da miocardite;
-Biópsia do miocárdio como o exame padrão-ouro para o diagnóstico;
-Não há procedimento específico efetivo para a miocardite, sendo o tratamento da insuficiência cardíaca a estratégia mais adequa-
da, enquanto se aguarda a resolução da miocardite.

----154
CAPÍTULO 15
AR lO L Gl

Doenças do pericárdio
José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

(de 65 a 77%), a pericardite bacteriana deve ser vista como


1. Pericardites infecciosas emergência médica.
A- Viral
C- Por tuberculose
Provavelmente, a maior parte tem como causa infecção
viral não identificada. A possibilidade de etiologia viral é Entre os imunossuprimidos, a tuberculose continua a
sugerida quando acontece na ausência de outros fatores . ser causa de derrame pericárdico, principalmente quando
Um quadro respiratório viral geralmente precede a pericar- há associação à infecção pelo HIV, mas em geral ocorre sem
dite, e os agentes virais mais recorrentes associados a ela quadro pulmonar evidente relacionado.
incluem os vírus coxsackie B (o mais comum), coxsackie A e Os sintomas podem ser não específicos ou insidiosos.
HIV. Apesar de vários vírus terem sido envolvidos na gênese Os achados são predominantemente sistêmicos, e o atrito
da patologia, nenhum tratamento antiviral é recomendado . pericárdico só é encontrado na minoria. Com frequência,
ocorre o tamponamento, e há grande quantidade de líquido
B - Bacteriana pericárdico. A restrição diastólica é uma complicação tardia
por pericardite constritiva.
Pode ocorrer após uma cirurgia torácica ou como infec-
A pesquisa direta do bacilo é positiva em apenas 1/3 dos
ção por continuidade de focos mediastinais, pleurais, pul-
casos, cujo diagnóstico acaba sendo firmado com base em
monares, endocardite bacteriana ou bacteriemia sistêmica.
reações cutâneas (PPD) e na história de exposição do porta-
A extensão direta de pneumonia ou empiema por bactérias
dor ao bacilo. Níveis elevados de adenosina deaminase (ADA)
como Staphylococcus sp., pneumococo e Streptococcus é
no líquido pericárdico têm alta sensibilidade e especificidade
responsável pela maioria dos casos, e a existência prévia
diagnóstica. A cultura do líquido pericárdico e a identificação
de derrame pericárdico e de estados de imunossupressão é
de granuloma em biópsia também confirmam o diagnóstico.
um fator predisponente importante. As manifestações clíni-
Sem tratamento, a mortalidade ultrapassa 80%.
cas mais comuns incluem febre, calafrios, suores noturnos,
O tratamento consiste no uso do esquema tríplice por,
dispneia, dor pleurítica e atrito pericárdico.
ao menos, 9 meses, associado a corticoides para diminuir a
O desvio à esquerda no hemograma e o aumento da
chance de pericardite constritiva. Um terço dos pacientes
área cardíaca são achados frequentes . O eletrocardiogra-
necessita de pericardiectomia.
ma, embora seja habitualmente normal, pode evidenciar
alterações típicas.
O- Síndrome da imunodeficiência adquirida
Para o tratamento, é necessária a drenagem pericárdica,
apesar de a concentração intrapericárdica de antibióticos A alteração pericárdica mais comum no portador do HIV
ser efetiva . O tamponamento cardíaco pode ocorrer e evo- é o derrame asséptico, que se resolve espontaneamente na
luir rapidamente com instabilidade hemodinâmica, além maioria das vezes. O derrame pericárdico sintomático é co-
de possivelmente determinar retardo diagnóstico por so- mumente causado por uma variedade de agentes infecciosos
breposição do choque séptico. Devido à alta mortalidade oportunistas e neoplasias. Os mais comuns são o Mycobac-

155
__J
terium tuberculosis e o Mycobacterium avium intracellulare. clínica é bem mais rara, e pode haver o tamponamento em
Linfomas e sarcoma de Kaposi são neoplasias associadas. alguns casos, principalmente entre aqueles com a forma
nodular da doença. Em geral, a pericardite acompanha a
2. Síndromes relacionadas a cirurgias pleurite e a artrite.

b) lúpus eritematoso sistêmico


A - Tamponamento cardíaco
A pericardite é a complicação cardíaca mais comum no
É possível durante a recuperação pós-operatória, prin- lúpus, geralmente na doença em atividade. Os achados
cipalmente nas primeiras 24 horas. A parada súbita da clínicos e eletrocardiográficos são típicos do quadro de pe-
drenagem deve chamar a atenção do cirurgião para a for- ricardite. Embora o tamponamento ocorra, a pericardite
mação de coágulos. Na dúvida, o ecocardiograma é capaz constritiva é rara.
de mensurar e de avaliar a repercussão hemodinâmica do
c) Esclerodermia
tamponamento.
O derrame pericárdico assintomático é encontrado em
B- Síndrome pós-pericardiotomia 40%. O prognóstico da pericardite é reservado, pois há pou-
ca sintomatologia clínica até que o tamponamento cardíaco
Ocorre em 30 a 40%, usualmente, durante as primeiras
ocorra subitamente.
semanas de pós-operatório, cursando com febre, pleurite
e pericardite. O diagnóstico é de exclusão, e o tratamento
C- Infarto do miocárdio
consiste na administração de Anti-Inflamatórios Não Hor-
monais (AINHs). Evidências clínicas de pericardite podem ser encontra-
das em 7 a 20% na 1ª semana após o infarto, principalmen-
C - Pericardite constritiva te nos transmurais. A anticoagulação no tratamento pode
É rara como complicação de cirurgia cardíaca, com inci- aumentar a chance de pericardite hemorrágica e tampona-
dência abaixo de 0,3%, possivelmente entre 3 semanas e 21 mento, enquanto a trombólise diminui o risco da pericardi-
anos após a cirurgia. Pode ser abordada com corticoides e te. No entanto, quando esta é identificada, contraindica-se
anti-inflamatórios, porém o tratamento definitivo é a peri- a trombólise.
cardiectomia. A síndrome de Dressler acontece após a 1ª e até a 6ª
semanas do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). O paciente
D - Pericardite actínica pode apresentar febre, dor pleuropericárdica, fraqueza e
evidência de derrame pericárdico. A síndrome contra indica
A intensidade da lesão está relacionada à dose, ao tem-
a anticoagulação, pelo risco aumentado de pericardite he-
po de exposição e à intensidade da radiação aplicada. Ale-
morrágica, aumentando a chance de tamponamento.
são pode surgir ao longo da terapia ou um pouco mais tar-
Parece haver sensibilização imune para as células mio-
diamente. Os sintomas podem iniciar-se em até 1 ano após
cárdicas durante a fase aguda do infarto, pois o anticorpo
a exposição à radiação. A manifestação clínica varia desde
anti músculo cardíaco já foi isolado na síndrome de Dressler.
o derrame pericárdico assintomático até o tamponamento
cardíaco. Hoje, a radioterapia é uma causa importante des-
D - Neoplasias
sa condição.
Vários tumores malignos sólidos e hematológicos po-
3. Outras causas de síndromes dem cursar com metástases pericárdicas. Geralmente, o
diagnóstico oncológico já existe quando há o quadro de
pericárdicas derrame pericárdico maligno.
Quando não há o diagnóstico etiológico do derrame, a
A- Trauma apresentação com tamponamento, a ausência de resposta
O derrame pericárdico hemorrágico traumático pode a AINH e o quadro clínico incessante ou recorrente aumen-
resultar de lesões penetrantes torácicas ou de uma varie- tam a probabilidade de doença neoplásica. Raramente o
dade de ações iatrogênicas, como cateterização cardíaca, tamponamento é a 1ª manifestação da neoplasia.
implantação de marca-passo e massagem cardíaca externa. O diagnóstico é definido pelo ecocardiograma e pelo
A rapidez com que o líquido se acumula pode levar rapida- exame citológico, que é positivo para células neoplásicas
mente a instabilidade hemodinâmica e determinar a morte. em 80%. A sobrevida depende do estadiamento da neopla-
sia associada, e o derrame pericárdico não tem muita influ-
B - Doenças do tecido conectivo ência sobre ela. O tratamento alivia a sintomatologia e pre-
vine a reincidência. Enquanto a pericardiocentese promove
a) Artrite reumatoide o alívio imediato de sintomas, quimioterapia e radiação
A pericardite tem sido encontrada em 50% das necróp- para tumores de mama, linfomas e leucemias podem ser
sias de pacientes com artrite reumatoide. A manifestação usados para o controle do derrame. O uso de quimioterápi-

156
DOENCAS DO PERICÁRDIO

cos intrapericárdicos também é efetivo, mas pode desenca- (23%), viral (21%), bacteriana {6%), urêmica (6%), tubercu-
dear dor e febre. Por vezes, ainda é necessário tratamento losa (4%) e idiopática {6%). No entanto, é importante res-
cirúrgico com pericardiectomia. saltar que esse é um estudo isolado, conduzido em um país
com perfil distinto do do Brasil, o que influencia enorme-
E- Uremia mente a prevalência das etiologias da pericardite.
Pacientes com insuficiência renal apresentam, com fre-
C - Sintomas e sinais
quência, alterações pericárdicas, porém a incidência de pe-
ricardite urêmica tem diminuído com o tempo. Esta ocorre O sintoma primário é a dor torácica cujas localização,
dependendo do nível de creatinina e uremia e responde duração e intensidade são variáveis. A dor pode ser descrita
bem ao tratamento com diálise. O quadro clínico é bastante como aguda ou difusa, localizada no precórdio ou na região
variável e pode ser assintomático, apesar do grande volume do trapézio (sinal quase patognomônico da doença).
do derrame. O atrito pericárdico também pode associar-se Há aumento da dor com tosse, inspiração ou decúbito e
a essa condição. alívio com a posição ortostática e com a projeção do tórax
para frente ("em prece maometana"). Embora geralmente
F - Associação a drogas aconteça em 1 a 2 horas, a dor pode ser súbita. Sintomas
virais prodrômicos são habituais.
Várias medicações têm sido associadas à pericardite.
É necessário separar os pacientes de alto risco, que pre-
Drogas que induzem à síndrome lúpus-/íke, como procaina-
cisam de internação imediata (eventualmente, em UTI), da-
mida, hidralazina, difenil-hidantoína, reserpina, metildopa
queles que podem ser acompanhados em ambulatório. São
e isoniazida, podem cursar com pericardite. A antraciclina
características de indivíduos com alto risco de má evolução:
pode determinar essa inflamação, e a metisergida, pericar-
- Início subagudo;
dite constritiva. Já o minoxidil se associa à pericardite e ao
- Febre e leucocitose;
tamponamento.
- Evidência de tamponamento;
G - Hipotireoidismo - Derrame pericárdico >2cm que não diminui após trata-
mento com AINHs;
O derrame pericárdico, presente em cerca de 30% dos - lmunodeprimidos;
casos de mixedema, está relacionado à intensidade e à - Uso de anticoagulantes orais;
duração do hipotireoidismo, assim como ao aumento da - Trauma agudo;
pressão hidrostática e à diminuição da drenagem linfática. - Falência de resposta após 7 dias de AINHs.
O acúmulo, geralmente, é lento, e o tamponamento, raro. O
líquido pericárdico usualmente é amarelado e contém gran- O - Exame físico
de quantidade de colesterol.
Febre e taquicardia são comuns, assim como o atrito pe-
ricárdico (em até 85% dos casos na ausência de derrame).
4. Pericardite aguda Como a posição pode alterar o atrito, o paciente deve ser
examinado em várias posições.
A - Critérios diagnósticos
- Compreendem dor torácica central agravada por tos- E - Exames diagnósticos
se, decúbito ou inspiração;
a) Eletrocardiograma
- Atrito pericárdico;
- Alterações sugestivas ao eletrocardiograma; Podem ser identificados 4 estágios de alterações (Tabela
1). No estágio I, as mudanças acompanham a dor torácica,
- Derrame pericárdico;
com elevação difusa do segmento ST com concavidade para
- São necessários, pelo menos, 2 desses achados para o
cima (diferentemente da isquemia miocárdica). A elevação
diagnóstico.
está presente em todos os segmentos, exceto em aVR e V1,
em que a depressão do ST está presente. As ondas T ficam
B - Etiologia
apiculadas onde há elevação do ST. Nesta fase, é difícil a
Com a estratégia diagnóstica padronizada, de 80 a 90% diferenciação entre pericardite e repolarização precoce. No
têm como diagnóstico final etiologia vira I ou idiopática. Em estágio 11, que se segue normalmente após alguns dias, há
alguns centros, a porcentagem daqueles em que não se normalização do segmento ST e achatamento das ondas T.
consegue definir uma etiologia específica pode chegar a 30 No estágio 111, as ondas T se invertem, e o segmento ST se
a 50%. normaliza, alterações que podem ser perenes. No estágio
Uma série de casos utilizando todo o arsenal diagnósti- IV, após semanas ou meses, as ondas T se normalizam. Em
co disponível para a definição etiológica teve as seguintes cerca de 50%, é possível a identificação de todos os está-
etiologias como mais comuns: neoplásica (35%), autoimune gios.

157
Tabela 1 -Alterações do eletrocardiograma Quando há falha terapêutica ou doença autoimune
identificada, corticoides podem ser iniciados em altas doses
ififf$ '''''flft!l (prednisona, 60mg/d) por 1 ou 2 semanas, diminuídas com
-Elevação do ST (concavidade para cima);
a redução dos sintomas. Quando utilizados como 1ª droga,
-Ondas T apiculadas; Horas/dias
estão associados a maior risco de recorrência.
- lnfradesnível de PR. Na maioria das situações, o tratamento com AINHs re-
- Normalização do ST; solve o quadro sem sequelas; na minoria, a recorrência é
li Dias
-Achatamento de T. possível dentro de semanas ou meses após o 1º episódio.
111 Inversão de T Semanas As recidivas podem ser tratadas com novo curso de AINH,
IV Normalização de T Meses e, na presença de refratariedade, é útil a terapia imunos-
supressora. Em casos raros de refratariedade sustentada, a
•v
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.\ . pericardiectomia tem sido indicada, embora seja habitual-
mente ineficaz.
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r-,.. lt~
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r Ii-'~ ~~ 5. Derrame pericárdico
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1111 ' A - Critérios diagnósticos
1rrr · 11111
\' v Nota-se Derrame Pericárdico (DP) ao ecocardiograma,
- 11" ,I 111 que pode desenvolver-se como resultado de pericardite ou
h-+ h!!
h-=-
de qualquer agressão ao pericárdio parietal. Além disso,
:
pode ser encontrado na ausência da 1ª situação em muitas
~ ~~-- ~ ~~ fZ ocorrências clínicas, como uremia, trauma cardíaco ou rup-
tura de câmara, malignidade, AIDS e hipotireoidismo.
,I I . . lt
Figura 1 - Alterações eletrocardiogroficas B- Achados clínicos

b) Outros testes a) Sintomas e sinais


Nos quadros virais ou idiopáticos, sinais indiretos de As manifestações clínicas são relacionadas diretamen-
inflamação, como velocidade de hemossedimentação ele- te ao volume absoluto do derrame e à velocidade do seu
vada e hemograma alterado, são comuns. Embora a radio- acúmulo. Derrames pequenos raramente causam sintomas
grafia de tórax não revele frequentemente nenhuma anor- ou complicações. Quando o DP se desenvolve lentamente,
malidade em pericardite não complicada, pode revelar a mesmo grandes volumes de líquido (1 a 2L) não causam
evidência de derrame pericárdico. manifestações clínicas. Eventualmente, esses longos der-
Apesar de a ecocardiografia poder revelar um derrame rames se manifestam com compressão de estruturas adja-
pericárdico, sua ausência não exclui o diagnóstico. A cin- centes, determinando tosse, dispneia, soluço, rouquidão,
tilografia com gálio pode ser positiva. Ocorrem pequenas náusea ou sensação de plenitude gástrica. O acúmulo rápi-
elevações de CK-MB e troponina; essa última pode apare- do, mesmo de pequenos volumes, pode determinar grande
cer positiva na ausência de elevação da CK-MB. A elevação repercussão hemodinâmica.
da troponina relaciona-se à extensão de acometimento do
miocárdio (miopericardite) e ao surgimento de alterações b) Exame físico
do segmento ST. Em geral, os pacientes são jovens, do sexo Não há sinais e sintomas clínicos perceptíveis para DP
masculino, com história recente de infecção, e apresentam de pequeno volume sem pressão pericárdica elevada. Aba-
derrame pericárdico. famento das bulhas e som maciço à percussão torácica po-
dem ser observados (líquido entre o pulmão e a caixa torá-
F - Tratamento cica- sinal de Ewart).
Está associado à causa-base. Nos casos de pericardite idio-
pática, o tratamento com AINH normalmente elimina os sinto- C - Estudos diagnósticos
mas em 24 horas, constituindo a droga de escolha. São reco-
a) Eletrocardiograma
mendados os regimes com ácido acetilsalicílico ou ibuprofeno
por 3 a 4 semanas, com os quais há bom resultado em 87%. Pode ser completamente normal, e o DP de grande vo-
O uso associado de colchicina por até 3 meses aponta lume, determinar voltagem reduzida e alternância elétrica
benefício ao reduzir, significativamente, a chance de recor- (voltagem de QRS alternante como resultado de um movi-
rência do quadro e deve ser associado ao tratamento de mento oscilante do coração em relação ao plano frontal do
casos com recidiva. eletrocardiograma).

158
DOENÇAS DO PERICÁRDIO

b) Radiografia de tórax
6. Tamponamento cardíaco
Pode demonstrar aumento na silhueta cardíaca com-
binada com áreas de oligoemia dos campos pulmonares. A - Critérios diagnósticos
Acúmulos rapidamente progressivos podem determinar
pequenas alterações ao exame. No acúmulo lento, há a di- - Pressão venosa jugular aumentada com onda Y dimi-
latação pericárdica, definindo a imagem característica de nuída;
"moringa" ao coração. O diagnóstico diferencial entre DP - Pulso paradoxal;
e aumento da área cardíaca pode não ser possível somente - Ecocardiograma mostrando colabamento atrial e ven-
por raio x. tricular;
- Pressões diastólicas iguais em todas as 4 câmaras car-
c) Ecocardiograma
díacas.
É o exame mais sensível e preciso no diagnóstico. A efu-
são aparece como um espaço eco-livre entre o epicárdio em O Tamponamento Cardíaco (TC) acontece quando o
movimento e o pericárdio estacionário. A ecocardiografia aumento da pressão intrapericárdica impede o enchimen-
pode identificar coleções tão pequenas quanto 20m L e de- to das câmaras cardíacas, determinando queda do débito
monstrar a distribuição homogênea ou loculada do DP. A cardíaco.
quantificação do volume do derrame por meio do método Pequenos volumes, como no trauma, podem determi-
não é totalmente precisa. DP de pequeno volume tende a nar o TC pela rápida elevação da pressão intrapericárdica,
ser visível apenas em regiões posteriores. assim como grandes volumes podem acumular-se no pe-
ricárdio com pressões normais, como no mixedema. O TC
D - Tratamento pode ser dividido em agudo (decorrente de trauma, rotura
O manejo do DP é determinado por seu tamanho, pela cardíaca ou de aorta ou complicação de intervenção tera-
presença ou pela ausência de pressão intrapericárdica ele- pêutica ou diagnóstica), subagudo (neoplásico, urêmico ou
vada e sua repercussão hemodinâmica e pela natureza da pericardite idiopática), regional (em geral, hematoma pós-
doença de base. Na maioria dos casos, DP pequeno ou in- -pericardiotomia ou IAM) e variante de baixa pressão (habi-
cidental não demandam nenhuma intervenção específica. tualmente entre hipovolêmicos).

Sangue colotldo em
saco pericárdico com
tamponamento cardlaco

Figura 2 -Anatomia cardíaca normal e após TC

B- Quadro clínico b) Pulso paradoxal


O termo representa certo exagero porque o pulso para-
a) Sintomas e sinais doxal compreende excesso do declínio normal da pressão
Pacientes podem queixar-se de dispneia e de descon- arterial sistólica durante a inspiração. Presente na maioria
forto torácico. Em casos mais severos, pode haver rebaixa- dos casos, é detectado pela avaliação cuidadosa dos sons
mento da consciência e sinais de débito cardíaco reduzido; de Korotkoff, por meio da liberação lenta da pressão no
o choque também pode estar presente. A pressão arterial manguito do aparelho de pressão. É também definido como
sistêmica é tipicamente baixa, embora possa estar surpre- diferença de pressão entre os batimentos sistólicos ouvidos
endentemente normal. A pressão de pulso normalmente é ao longo do ciclo respiratório (>lOmmHg).
diminuída. O paciente é tipicamente taquicárdico e taquip- O extremo da manifestação é a ausência de pulso arte-
neico, embora a bradicardia seja possível em fases termi- rial palpável durante a inspiração. O pulso paradoxal não é
nais de colapso hemodinâmico. essencial para o diagnóstico do TC, mas pode estar presente

159
em situações de aumento de pressão intratorácica, como b) Radiografia de tórax
doença pulmonar obstrutiva crônica. Entre os pacientes em Nenhum sinal específico é identificado, e a área cardíaca
ventilação mecânica com pressão positiva, pode ser obser- pode ser normal. Os campos pulmonares com frequência
vado o pulso paradoxal invertido. apresentam oligoemia. Ocasionalmente, a imagem pode
oferecer pistas de condições coexistentes importantes,
Pulso normal como dissecção aórtica ou neoplasia.
151

<10 = •t
c) Ecocardiograma
Trata-se do exame de eleição a todos com suspeita de
doença pericárdica, o qual confirma a presença de fluido
PA pericárdico e pode evidenciar pressão intrapericárdica ele-
rnrnHg vada . O sinal mais útil é o colapso diastólico do átrio e do
~r-~~--+--+--~~~--+--+--+
Segmrdos ventrículo direito. Qualquer colapso das câmaras apresenta
Pulso paradoxal ~ m.i xima sensibilidade de 90% e especificidade de 65%. O exame é
~ _ _ lneplraçio má- l _-___
>10 -··· •• ._ '• i~- .--·.. extremamente útil como guia na pericardiocentese. Quanto
àqueles sem sinais de tamponamento no 1º exame, é re-
T
... comendado um novo exame, conforme a evolução clínica .

PA
lliiiiHg

ser-~~--+--+--~~~--+--+--+
Se Idos

Figura 3 - Diferenças entre pulso no r ai e pulso paradoxal

c) Pressão venosa central


A Pressão Venosa Central (PVC), ou pressão venosa ju-
gular, é notadamente elevada, e o exame da onda de pulso
venoso jugular revela amortecimento da queda da onda Y
normal. Entre pacientes com tamponamento de baixa pres-
são, a PVC pode ser, na verdade, normal, ou apenas ligeira-
Figura 5 - DP determinando colapso parcial do átrio direito
mente elevada.

d) Cateterização cardíaca
C - Exames diagnósticos
No paciente com TC, a cateterização cardíaca revela dé-
a) Eletrocardiograma bito cardíaco reduzido e pressões de ench imento das câma-
ras cardíacas com valores de PVC, de pressão de oclusão da
Ocorrem as anormalidades descritas para TC e DP. O de-
artéria pulmonar e de pressão arterial pulmonar diastólica
senvolvimento de alternância do eixo elétrico quase sem-
equalizados. O exame da forma de onda de pressão atrial
pre indica um DP com repercussão hemodinâmica.
revela a perda da descida da onda Y normal. A apresenta-
ção inicial hemodinâmica do tamponamento pode ser alte-
I
I ~ rada por um estado concomitante de depleção de volume
intravascular, situação chamada de TC de baixa pressão.
11 Geralmente, a reposição volêmica determina o padrão he-
modinâmico compatível com TC.
!
D- Tratamento
I
A drenagem do líquido pericárdico é a principal terapia,
e o esvaziamento de pequenas quantidades (100 a 200ml)
- determina grande melhora clínica . A drenagem, em geral,
é realizada por meio de pericardiocentese percutânea ou
fY.I subxifoidiana. Esse procedimento é considerado de exce-
lência quando guiado por ecocardiograma, por ser de baixo
custo, indicar o melhor local para esvaziamento e permitir a
I l avaliação das características do líquido pericárdico. Embo-
·l ra seja efetivo e seguro, pode haver complicações. A mais
Figum 4 - Alternância de eixo elétrico ao e/etrocordiograrr10-em grave e comum é a perfuração cardíaca, tipicamente do
paciente com DP 11olumoso

160
DOENÇAS DO PERICÁRDIO

ventrículo direito, em que o ecocardiograma pode diminuir é o espessamento fibrótico com calcificação do pericárdio,
esse risco. A presença de, pelo menos, 1cm de espaço eco- criando um envelope inelástico que impede o enchimento
-livre na região anterior ao coração foi recomendada como diastólico do pericárdio, sendo causa de insuficiência car-
diretriz para o volume mínimo de fluido que deveria estar díaca com função sistólica preservada.
presente antes de realizar a pericardiocentese percutânea.
A elevação do tronco também diminui o risco de acidente. B - Achados clínicos
Podem ser administrados fluidos intravenosos e vasopres-
sores como medida transitória, até que o procedimento a) Sintomas e sinais
possa ser executado. Muitos sintomas de PC são inespecíficos e estão relacio-
Em alguns casos, apenas 1 pericardiocentese alivia o nados à elevação das pressões de enchimento ventricular,
DP completamente, mas, na maioria, deve-se considerar a determinando congestão venosa, manifestada por insufi-
ideia de deixar um cateter pericárdico. A repetição do DP ciência cardíaca direita. Sintomas de insuficiência ventricu-
pode requerer remoção cirúrgica do pericárdio ou a criação lar esquerda são muito menos frequentes.
de uma abertura entre este e pleura de esquerda (janela
b) Exame físico
pericárdica ou pericardiotomia).
O paciente pode ter distribuição corpórea anormal, com
aumento marcante do volume abdominal. Ascite, hepato-
megalia com pulsações hepáticas proeminentes e outros
Pericárdio ~ sinais de insuficiência hepática são comuns. Esses podem
apresentar a ausência do sinal de Kussmaul (diminuição da
Tamponamento .._...,.,....._..,
/ card faco pressão venosa jugular durante a inspiração).
- - - - - - devido a- - _ A pressão de pulso arterial pode ser diminuída ou nor-
liquido
mal, e o pulso paradoxal, presente em 1/3. A avaliação car-
ECG díaca pode revelar som diastólico precoce (batimento peri-
cárdico), que acontece ligeiramente mais cedo na diástole

~ ECG Asplraçao ---.~5'.1


que a B3.

C- Exames diagnósticos

~ L,___j
Aculha em contato
a) Eletrocardiograma
As alterações frequentes são baixa voltagem, inversão
da onda Te onda P mitral, com possível fibrilação atrial.
com a superffde cardfaca

Figura 6- Pericardiocentese b) Radiografia de tórax


A área cardíaca pode ser pequena, normal ou aumenta-
da. A presença de calcificação pericárdica é útil, confirman-
7. Pericardite constritiva do o diagnóstico e sugerindo a tuberculose como causa .

A - Critérios diagnósticos
- Pressão venosa jugular com onda X acentuada e de-
pressão de Y notadamente elevadas e sinal de Kuss-
maul;
- Batimento pericárdico;
- Espessamento pericárdico em exame de imagem.

A Pericardite Constritiva (PC) pode desenvolver-se como


o resultado de qualquer dano ou inflamação pericárdica.
Entre as principais causas, as idiopáticas ou virais respon-
dem por 42 a 49% dos casos, o pós-operatório de cirurgia
cardíaca, por 11 a 37%, e a radioterapia, por 9 a 31%. A
constrição tuberculosa é causa rara na maioria dos casos no
mundo industrializado, mas permanece significativa em pa-
íses subdesenvolvidos. Pode haver um período muito longo
entre a agressão pericárdica e o surgimento da constrição
com repercussão clínica. A base histopatológica da doença
Figura 7- Raio x de PC

161
grafia computadorizada e a imagem de ressonância nuclear
magnética são mais precisas do que a ecocardiografia para
imagem direta do pericárdio, pois permitem suas medidas
precisas com diferenciação de miocardiopatias restritivas .

D - Diagnóstico diferencial
O principal é distinguir PC de miocardiopatia restritiva.
Com o uso combinado de ecocardiografia, ressonância ou
tomografia para imagem do pericárdio, estudo hemodinâmi-
co cuidadoso e biópsia de endomiocárdio, deveria ser pos-
sível, na maioria dos casos, a distinção entre tais causas. A
Figuro 8 - Tomografia de PC
cardiomiopatia restritiva é uma condição em geral causada
por doenças que infiltram o miocárdio, como amiloidose,
c) Ecocardiograma sarcoidose e hemocromatose. Ambas as situações clínicas se
Pode demonstrar espessamento pericárdico, porém não associam a enchimento diastólico diminuído, porém a fase
descarta o diagnóstico quando não ocorre o achado. Pode diastólica alterada é diferente nas 2 condições. Ao contrário
ser útil elevando a suspeita de PC em paciente com insufi- da PC, em que o enchimento diastólico é abruptamente in-
ciência cardíaca esquerda com função sistólica ventricular terrompido de forma precoce na diástole, a miocardiopatia
preservada e tamanhos de câmaras cardíacas normais. restritiva determina alteração do enchimento durante toda a
diástole. O diagnóstico diferencial é de grande importância,
d) Cateterização cardíaca pois a PC é tratável. Na persistência de dúvida diagnóstica, é
Pode ajudar a estabelecer o diagnóstico correto e con- necessária a toracoscopia para avaliação do pericárdio.
firmar a pressão diastólica elevada e igual em ambos os
ventrículos. E -Tratamento
e) Biópsia endomiocárdica Embora o tratamento clínico possa controlar os sinto-
É útil no diagnóstico diferencial, porém deve ser realizada mas, isso é temporário, pois a doença progride na maioria
apenas em casos selecionados de dúvida em que há disfun- dos casos . Pericardiectomia é o tratamento definitivo para
ção diastólica do tipo restritiva e o diagnóstico de PC perma- a PC. Na maioria, o procedimento é possível, e a taxa de
nece incerto. Pode revelar doença infiltrativa endomiocárdi- mortalidade cirúrgica em recentes séries, de até 10%.
ca. O achado de amiloidose, sarcoidose ou hemocromatose Porém, ocasionalmente, a fibrose é muito densa, e a cal-
impede a necessidade de investigação adicional, porém o cificação estender-se ao epicárdio, tornando impossível a
achado de miocardite demanda maior investigação. ressecção. O miocárdio pode sofrer atrofia como resultado
da compressão existente há muito tempo, e um estado de
f) Ventriculografia com radioisótopos baixo débito pode persistir depois da pericardiectomia. A
Curvas de tempo-atividade podem demonstrar o enchi- maioria apresenta melhora dramática e contínua, embora a
mento normal na diástole em PC precocemente. A tomo- recuperação seja possível somente após vários meses.

B. Resumo
Quadro-resumo

-Causa vira i (mais frequente), bacteriana, inflamatória ou traumática (cirurgia);


-Dor torácica que piora com tosse, inspiração ou decúbito e melhora com ortostase e "posição de prece maometana";
-Atrito pericárdico, derrame e alterações da repolarização difusas e redução de amplitude do QRS;
- Ecocardiograma que pode evidenciar o derrame pleural, mas não exclui o diagnóstico;
-Tratamento com anti-inflamatórios (ácido acetilsalicílico/ibuprofeno) por 3 a 4 semanas. Nas causas autoimunes, indica-se corticoide.
Denwne
-Dependente da velocidade de instalação; tosse, dispneia, soluço, náuseas; abafamento de bulhas; eletrocardiograma com redução da
amplitude dos complexos QRS;
- Raio x com aumento de área cardíaca e oligoemia pulmonar; diagnóstico pelo ecocardiograma.
~ --~-----------------------,
- PVC elevada, pulso paradoxal e ecocardiograma com colapso atrial e/ou ventricular;
- Dispneia e desconforto torácico; pode haver choque;
- Pericardiocentese como tratamento de eleição.

162
CAPÍTULO 16
CA DI OGIA

Avaliação e abordagem perioperatória


José Paulo Ladeira I Rodrigo Antônio Brandão Neto I Fabrício Nogueira Furtado

L Introdução Tabela 1 - Risca cirúrg1co conforme o procedimento


Eventos car-
A avaliação pré-operatória engloba vanos fatores,
Riscos Tipos de cirurgia diovasculares
como risco de sangramento, desenvolvimento de trombo- (%)
se e complicações metabólicas. Contudo, provavelmente
- Cirurgia de emergência, principal-
o principal tópico envolve a avaliação do risco de eventos mente em idosos;
cardiovasculares. Existem várias classificações de risco pré- -Cirurgias arteriais de aorta e ramos;
-operatório cardiovascular, desde a simplificada, adotada Alto - Cirurgia de revascularização pe- >5
pela American Society of Anesthesio/ogists (ASA), tradicio- riférica;
nalmente usada no passado e ainda cobrada em provas de - Cirurgias com grande potencial de
Residência, até os algoritmos atuais, como o da American perda de sangue.
Heart Association (AHA) e os utilizados pelo American Co/- - Endarterectomia de carótidas;
/ege of Physicians (ACP). - Cirurgias de cabeça e pescoço,
O risco cirúrgico depende de fatores inerentes à própria otorrinolaringológicas, ortopédi-
Interme-
cirurgia, bem como à idade e às comorbidades apresenta- cas e urológicas; <5
diário
das. Deve-se salientar que todo procedimento cirúrgico im- -Cirurgia neurológica;
plica certo risco, sendo necessário pesá-lo em relação ao - Cirurgia intraperitoneal e cirurgia
benefício. intratorácica .
- Procedimentos endoscópicos;
Baixo <1
2. Risco cardiovascular inerente ao - Procedimentos superficiais.

procedimento
3. Risco cardiovascular inerente ao
O risco cirúrgico inerente ao procedimento depende do
porte da cirurgia e de ser ou não realizada em situação de
paciente
emergência. Provavelmente, a principal variável é a cirur- O algoritmo da AHA leva muito em conta o estado fun-
gia realizada nessa situação, em que tanto os trabalhos de cional do paciente, pois apresenta associação a eventos car-
Goldman como os de Detsky encontraram associação im- diovasculares no pós-operatório. Embora a maioria dos es-
portante a aumento de eventos cardiovasculares, com risco tudos utilize testes com ergometria ou ergoespirométricos,
equivalente, por exemplo, a um Infarto Agudo do Miocárdio a AHA usa a unidade de equivalente metabólico, descrita
(IAM) relativamente recente. A Tabela 1 sumariza o risco como a quantidade de oxigênio consumida por um homem
cirúrgico em relação ao procedimento a que o paciente é de 40 anos, 70kg e em repouso, cujo valor é de 3,5ml/kg.
submetido. A essa unidade de medida se dá o nome de 1 equivalente

163
metabólico (1MET). Com relação ao seu equivalente meta- A realização de testes não invasivos para doença coro-
bólico, os pacientes podem ser classificados quanto à capa- nariana é recomendada àqueles de alto risco, mas duvido-
cidade de realizar atividades com diferentes intensidades e sa quanto aos de risco intermediário e não indicada aos de
consequentes consumos de oxigênio, como: baixo risco.
-Excelente: maior do que 10METs (nível de atividade de
atletas); C - Índice de Detsky
- Bom: 7 a 10METs; o indivíduo pratica atividade física,
Bastante semelhante ao de Goldman e utilizado pelo
como natação;
ACP desde 1986, foi adotado pelas Diretrizes Brasileiras de
- Moderado: 4 a 7METs; o indivíduo tolera atividades
Avaliação Periperatória.
como caminhadas curtas, de até 6,4km/h;
-Pobre: menor que 4METs; o indivíduo tolera caminha-
Tabela 3 - fndice de Detsky
das curtas com menos de 2 quarteirões.
- 1- Avalia-se o risco cardiovascular segundo estas variáveis:
Apresentadas essas variáveis, podem-se considerar os · IAM <6 meses (10 pontos);
diversos algoritmos de avaliação do risco cardiovascular. ·IAM >6 meses (5 pontos);
·Angina classe 111 (10 pontos);
A - Classificação da ASA · Angina classe IV (20 pontos);
· Edema agudo pulmonar na última semana (10 pontos);
A seguir, a classificação da ASA, embora sua importância
· Edema agudo pulmonar alguma vez na vida (5 pontos);
hoje seja mais histórica:
· Suspeita de estenose aórtica crítica (20 pontos);
- 1: indivíduo saudável, <70 anos;
· Ritmo não sinusal ou RS com ESSV ou >SESV no eletrocardio-
- 11: doença sistêmica leve, sem limitação funcional ou
grama (ECG- 5 pontos);
>70 anos;
· p0 2 <60mmHg, pCO, >SOmmHg, K• <3mEq/L, ureia >50mg/dl,
- 111: doença sistêmica grave, com limitação funcional creatinina >3mg/dl ou restrição ao leito (5 pontos);
definida; ·Idade >70 anos (5 pontos);
- IV: doença sistêmica incapacitante, que constitui ame- ·Cirurgia de emergência (10 pontos).
aça à sobrevivência;
- 2 -Somam-se os pontos. Os pacientes são classificados em:
-V: paciente gravíssimo - sem expectativa de sobrevi- ·Classe 1: Oa 15 pontos;
vência por mais de 24 horas com ou sem a cirurgia. · Classe 11: 20 a 30 pontos;
· Classe 111: >30 pontos.
Essa classificação, não utilizada atualmente para avalia-
ção pré-operatória, não é citada nas Diretrizes Brasileiras de
Avaliação Perioperatória .
D - Riscos complementares de Eagle e Vanzetto
Em se tratando dos pacientes da classe I de Detsky
B - Índice de risco cardíaco de Goldman que serão submetidos a cirurgia vascular, devem-se con-
Foi o 1º modelo validado na literatura para predizer siderar as variáveis de risco complementares de Eagle e
complicações cardíacas. Devido à sua simplicidade, alguns Vanzetto:
ainda o consideram o melhor índice de avaliação pré-ope- - Idade> 70 anos;
ratória, mas parece falhar ao avaliar pacientes de risco in- - História de angina;
termediário. Além disso, a classificação não considera indi- -Diabetes;
víduos com angina. - História de IAM;
- História de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC);
Tabela 2 - Índice de risco cardíaco de Goldman
- Ectopia ventricular;
-Variáveis:
- Ondas Q no ECG;
· 1- Cirurgia de alto risco.
· 2- História de doença coronariana. -Anormalidades isquêmicas do segmento ST no ECG de
· 3 - História de insuficiência cardíaca. repouso;
· 4 - História de doença cerebrovascular. - Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) com hipertrofia
· 5 - Diabetes Mellitus (DM) que requeira tratamento com in- ventricular grave.
sulina.
· 6- Creatinina sérica no pré-operatório >2mg/dl. E -Avaliação do ACP
- Considerando o número de variáveis encontradas, pode-se
classificar o risco cardiovascular do paciente em : O algoritmo de avaliação do ACP (Figura 1), recomenda-
· Baixo (0,4 a 0,5%): nenhuma variável; do pelas Diretrizes Brasileiras de Avaliação Perioperatória,
· Intermediário: 1 ou 2 variáveis; usa a classificação de Detsky e as variáveis de risco de Eagle
·Alto (9 a 11%): 3 ou mais variáveis. e Vanzetto.

164
AVALIAÇÀO EABORDAGEM PERIOPERATÓRIA

Variáveis cardiológicas maiores:


Pacientes classe I
- Síndromes coronarianas agudas;
(O a 15 pontos) ~ ICC descompensada;
- Arritmias significativas;

+ - Doença valvar grave.

Ana lisar variáveis


de baixo risco

I •+
Zero a 1 variável I •+
12 ou mais variáveis I
Variáveis cardiológicas Intermediárias:
• Angina estável;
-Infarto do miocárdio prévio;
- Insuficiência cardíaca compensada;
· Diabetes insulinodependente;
~ Insuficiência renal crônica

Considerar risco baixo Risco intermediário (3 a


(<3%) e proceder com 15%). Em caso de cirurgia
cirurgia não vascular, considerar
liberação; caso contrário,
recomendar teste não
invasivo para isquemia

Pacientes classes
llelll

+
Considerar, caso a caso,
risco e benefício da
cirurgia

Frgura 1 -Avaliação do ACP

EM: Equi11alente Metabólico


A AHA, por sua vez, não usa índices de risco cardíaco TE: te.ste não jnvosJvo para isquemfo (exame radJoscOplco com tóflo e d;pfridomol
ou ecocordiogrofio de estresse com dobutamina ou teste ergométrico)
específicos, mas preditores de risco para definir o risco ci-
rúrgico quanto a complicações cardiovasculares.

Tabela 4 - Preditores

Maiores
- ICC descompensada; Variáveis cardiológicas menores:
- Idade avançada;
- Arritmias significativas; • ECG normal;
- Ritmo cardíaco não sinusal;
-Doença valvar grave.
· História de AVC;
. Hipertensão arterial sistêmica descontrolada.
Intermediários
-Angina estável;

- IAM prévio;

- ICC compensada;

- DM;

- Insuficiência renal crônica.

Menores
- Idade avançada;

- ECG anormal ou ritmo não sinusal;

-Capacidade funcional reduzida;

- História de Acidente Vascular Cerebral (AVC);

- HAS não controlada.

Considerando tais preditores, o algoritmo da Figura 2 é


utilizado para a avaliação. F1gura 3- Avaliação do ACC/AHA

165
Aqueles em ambos os grupos em que existe indicação de usuários que se submeterão à cirurgia é recomendada a
teste não invasivo para avaliação de isquemia podem fazê- manutenção durante todo o período perioperatório.
-lo por meio de cintilografia miocárdica ou ecocardiograma
de estresse com dobutamina. Não é necessário teste não B- Estatinas
invasivo em já submetidos a esse exame em menos de 2
Há estudos promissores com o uso de estatinas, as quais
anos, desde que os fatores de risco para doença cardiovas-
devem ser consideradas em todos aqueles com doença ar-
cular estejam controlados e não haja sintomas. A avaliação terial coronariana submetidos a procedimentos cirúrgicos.
também não é necessária em revascularizados há menos
de 5 anos ou assintomáticos e com cateterismo negativo e C - Angiografia coronariana
fatores de risco controlados .
As diretrizes brasileiras consideram as seguintes indica- Há grande discussão sobre quando realizar angiografia
ções para a realização de exames não invasivos para avalia- coronariana antes de procedimentos cirúrgicos não cardí-
ção pré-operatória: acos, pois esse teste é invasivo e tem taxas de morbidade
e mortalidade que variam, respectivamente, entre 0,01 e
- Grau de recomendação 1:
0,5% e 0,03 e 0,25%. A AHA sugere que o exame seja reali-
• Pacientes com preditores clínicos intermediários de
zado nas seguintes situações:
risco e que serão submetidos a intervenções vascu-
- Pacientes de alto risco em testes não invasivos;
lares.
-Angina não responsiva ao tratamento;
- Grau de recomendação lia:
- Pacientes com angina instável;
• Na presença de 2 dos 3 fatores a seguir:
- Testes não invasivos inconclusivos para isquemia, em
* Presença de angina classe funcional I ou 11, histó-
pacientes de alto risco e que serão submetidos a cirur-
ria prévia de infarto do miocárdio ou onda Q pa-
gia também de alto risco.
tológica, insuficiência cardíaca prévia ou compen-
sada, DM ou insuficiência renal;
* Baixa capacidade funcional: menos de 4METs; 5. Exames laboratoriais no
* Procedimento cirúrgico de alto risco: cirurgias
vasculares periféricas ou de aorta, procedimen-
pré-operatório
tos cirúrgicos prolongados com grandes perdas A solicitação de exames complementares na avaliação
sanguíneas ou de shifts de fluidos. pré-operatória objetiva reduzir a morbidade e a mortali-
- Grau de recomendação llb: dade perioperatórias, e continuam a ser de maior impor-
• Pacientes sem avaliação funcional nos últimos 2 tância a anamnese e o exame físico. Exames laboratoriais
anos e sabidamente coronariopatas ou com, no mí- devem ser solicitados quando podem apresentar benefício,
nimo, 2 fatores de risco para doença arterial coro- demonstrando riscos e realizando diagnósticos que possam
nariana (HAS, tabagismo, dislipidemia, DM, história fazer diferença no manejo.
familiar positiva). Pessoas com menos de 40 anos, assintomáticas e sem
- Grau de recomendação 111: fatores de risco para doenças não apresentam indicação de
• Pacientes não candidatos à revascularização mio- exames adicionais, exceto quando apresentam indicações
cárdica, sem possibilidade de modificação do plano específicas com base na cirurgia a que serão submetidas.
cirúrgico não cardíaco de acordo com o resultado da Em cirurgias neurológicas, por exemplo, o coagulograma é
prova funcional. necessário independentemente da idade do indivíduo.
Para aqueles entre 40 e 60 anos sem outros fatores de
risco, o ACP indica exames de creatinina, glicemia e eletro-
4. Uso de drogas para diminuição do cardiograma; em indivíduos acima de 60 anos, acrescen-
risco cardiovascular tam-se hemograma e radiografia de tórax.
A seguir, estão apresentadas as indicações de exames la-
A- Betabloqueadores boratoriais conforme as indicações das Diretrizes Brasileiras
de Avaliação Perioperatória.
Uma medida potencial para a diminuição do risco car-
diovascular é o uso dos betabloqueadores. Estudos tanto
A- ECG
com atenolol quanto com bisoprolol apontaram diminuição
de eventos cardiovasculares, e essas medicações são indi- - Grau de recomendação 1:
cadas a risco alto ou intermediário sempre que é indicado • Todos com idade superior a 40 anos ou, independen-
também o procedimento cirúrgico. Recomenda-se a droga, te da idade, com história e/ou anormalidades ao exa-
pelo menos, 1 semana antes (os estudos que mostraram me físico sugestivas de doença cardiovascular;
maior benefício utilizaram a medicação de 1 a 4 semanas • Àqueles com episódio recente de dor torácica is-
antes da cirurgia), mas se pode introduzi-la a qualquer mo- quêmica ou considerados de alto risco no algoritmo
mento. Procura-se manter a FC em torno de 60bpm. Aos ou pelo médico assistente;

166
AVALIAÇÃO EABORDAGEM PEAIOPEAATÓAIA

• Pacientes com DM. • Portadores de distúrbios de coagulação;


- Grau de recomendação lia: • Intervenções de médio e grande porte.
• Assintomáticos obesos.
- Grau de recomendação 111: E - Dosagem da creatinina sérica
• Rotina a assintomáticos que serão submetidos a
- Grau de recomendação 1:
procedimentos cirúrgicos de baixo risco.
• Àqueles com idade superior a 40 anos;
• Portadores de nefropatia, DM, HAS, insuficiência
B- Radiografia de tórax
hepática, insuficiência cardíaca (se não houver um
- Grau de recomendação 1: àqueles com anormalidades, resultado desse exame nos últimos 12 meses);
relacionadas ao tórax, na história e no exame físico. • Intervenções de médio e grande porte.

C- Hemograma completo
- Grau de recomendação 1:
S. Avaliação do risco de sangramento
• Idosos (>65 anos); A história de sangramento é o melhor preditor deste
• Suspeita clínica de anemia ao exame físico ou pre - próprio no intraoperatório. Na grande maioria dos procedi-
sença de doenças crônicas associadas à anemia; mentos cirúrgicos, não são necessários exames para a ava-
• Intervenções de médio e grande porte, com previ- liação da hemostasia, desde que não haja história de san-
são de necessidade de transfusão. gramentos nem fatores de risco associados ao aumento da
possibilidade deles. Presença de achados, como petéquias,
D - Hemostasia e testes da coagulação equimose, icterícia, entre outros, sugere a mesma hipótese
- Grau de recomendação 1: em submetidos a procedimentos cirúrgicos. De acordo com
• Pacientes anticoagulados; a cirurgia, devem se r solicitados outros exames, especifica-
• Pacientes com insuficiência hepática; dos na Tabela 5.

Tabela 5 -Avaliação do risco de sangramento de acordo com o procedimento cirúrg1co


Métodos e exames
para avaliação
Cirurgia geral .. Cirurgia prostática,
cardíaca ou neurológica
História clínica positiva para
sangramento
Históna +
Exame físico + + + +
Número de plaquetas + + +
Tempo de tromboplasti-
+ + +
na parcial ativada
Tempo de protrombina + +
Tempo de trombina + +
Tempo de sangramento + +
Nível de fibrinogênio + +
Fator XIII +
Outros fatores de coa-
gulação
Teste de agregação pla-
+
quetária

cações no pós-operatório. Aqueles com hipertensão esta-


7. Hipertensão arterial sistêmica no dia 111, por sua vez, devem ter a p ressão arterial controlada,
pré-operatório em níveis menores que 170mmHg de pressão arterial sistó-
A HAS apresenta aumento do risco cardiovascular cro- lica e 110mmHg de pressão diastólica. São recomendações
nicamente, mas não é um dos grandes fatores associados das Diretrizes Brasileiras de Avaliação Perioperatória (grau
a eventos agudos no perioperatório. Indivíduos com hiper- de recomendação 1):
tensão em estadias I e li não precisam de aj uste da pressão - Se a pressão arterial não está controlada e há tempo
arterial antes de procedimento eletivo. Intervenções nesses hábil para o controle (cirurgia eletiva a realizar em pe-
casos, a menos de 2 semanas para cirurgia eletiva, podem ríodo superior a 2 semanas), deve-se otimizar a tera-
aumentar o risco de insuficiência renal e de outras compli- pêutica para reduzir os níveis de pressão;

167
r-----------~~----------~----------------------------------~----------------~--~~--
- As medicações anti-hipertensivas (incluindo lnibidores - Pacientes que usam múltiplas doses de insulina de
da Enzima Conversora de Angiotensina -IECAs) devem duração curta: administrar 1/3 da dose total diária no
ser mantidas no pré-operatório, inclusive no dia da dia da cirurgia;
operação; - Pacientes que usam bomba de insulina: manter a taxa
- Se o paciente está com a pressão elevada e não exis- de infusão basal no dia da cirurgia.
te tempo para controlá-la, deve-se utilizar bloqueador
adrenérgico de curta ação (esmolo!) para evitar a ele- C- Cirurgia de curta duração {à tarde)
vação da pressão no ato da intubação; quanto àqueles - Pacientes que usam hipoglicemiantes orais: não ad-
a quem o bloqueador está contraindicado, pode ser ministrar no dia da cirurgia;
usada a clonidina por via oral; -Pacientes que usam dose única de insulina de dura-
-A hipocalemia, se presente, deve ser corrigida antes ção intermediária: administrar 1/2 da dose total diária
da cirurgia; no dia da cirurgia;
- Devem-se reiniciar os anti-hipertensivos no pós-ope- - Pacientes que usam de 2 a 3 doses de insulina de du-
ratório, de preferência com os mesmos medicamentos ração intermediária: administrar 1/3 da dose total na
de antes da cirurgia; manhã da cirurgia;
- A otimização da volemia deve ser realizada durante - Pacientes que usam múltiplas doses de insulina de
todo o perioperatório. duração curta: administrar 1/3 da dose pela manhã e
antes do almoço;
-Pacientes que usam bomba de insulina: manter a taxa
8. Controle glicêmico no perioperatório de infusão basal no dia da cirurgia.
O diabetes está associado a complicações micro e ma-
D- Procedimento de grande duração e comple-
crovasculares. Alguns estudos atestaram que também há
xidade
associação a maior risco de eventos cardiovasculares. O
controle estrito de glicemia foi associado à diminuição de - Pacientes que usam hipoglicemiantes orais: não ad-
eventos adversos em pessoas com IAM e naquelas com ministrar no dia da cirurgia;
choque séptico. - Pacientes que usam insulina de dura~o intermediária:
O controle glicêmico durante cirurgias eletivas é impor- • Mantê-la no intraoperatório e no pós-operatório,
tante, e glicemia maior do que 250mg/dl não contra indica conforme a glicemia capilar. Por meio de insulina in-
o procedimento eletivo. Se os valores de glicemia são maio· travenosa, manter a glicemia entre 150 e 200mg/dl
res do que 250mg/dl e o paciente é submetido a um proce- para proteger contra hipoglicemia. Em caso de uso
dimento de urgência, este pode ser realizado com controle de bomba de insulina, pode-se tentar controle mais
glicêmico durante a cirurgia. Quando submetido a cirurgias estrito, com glicemia entre 100 e 150mg/dl;
eletivas, deve-se considerar um período de compensação • Monitorizar glicemia capilar no início da cirurgia a
do diabetes antes da cirurgia. O Consenso Brasileiro de Ava- cada 1 ou 2 horas;
liação Perioperatória sugere que valores acima de 220mg/ • Pode ser necessária a infusão de 5 a 10g de glicose/h
dl indicam que se considere o adiamento da cirurgia ele- para evitar hipoglicemia e cetose.
tiva. A literatura, por sua vez, indica as seguintes medidas -Pacientes submetidos a procedimentos complexos,
para controle glicêmico durante o perioperatório. cirurgias de emergência, diabetes tipo 1 descompen-
sado e gestantes diabéticas tipo 1:
A- Cirurgia de curta duração {pela manhã cedo) • Em caso de valores glicêmicos acima de 200mg/dl,
utilizar insulina regular intravenosa conforme glice-
Não administrar hipoglicemiante ou insulina no dia da mia capilar, ou insulina intravenosa contínua na taxa
cirurgia. Logo após a operação, pode-se reintroduzir a dieta de infusão de 0,5 a SU/h, para manter a glicemia
e retomar o esquema habitual. menor do que 200mg/dl;
• Realizar controle glicêmico a cada hora.
B- Cirurgia de curta duração (ao final da manhã)
- Pacientes que usam hipoglicemiantes orais: não ad- 9. Cuidados perioperatórios ao
ministrar no dia da cirurgia;
- Pacientes que usam dose única de insulina de dura-
paciente nefropata
ç~o intermediária: administrar 2/3 da dose total diária Aqueles com insuficiência renal apresentam maior chan-
no dia da cirurgia; ce de complicações no perioperatório. O principal fator é
- Pacientes que usam de 2 a 3 doses de insulina de du- o nível de creatinina que, quando maior do que l,Smg/dl
raç~o intermediária: administrar 1/2 da dose total na e, principalmente, se maior do que 2mg/dl, implica risco
manhã da cirurgia; superior de eventos cardiovasculares e de piora da função
AVALIAÇÃO EABORDAGEM PERIOPERATÓRIA

renal durante a cirurgia. A Insuficiência Renal Aguda (IRA) com Child C, em geral, também apresentam contra indicação
acontece em 5% das admissões hospitalares e em 1 a 30% a esses procedimentos. Pacientes com Child A, por sua vez,
dos submetidos aos procedimentos cirúrgicos, dependendo normalmente não têm contraindicação a procedimentos
das séries estudadas, com mortalidade próxima a 50%. Ne- cirúrgicos. Maiores considerações devem ser feitas quanto
nhuma medida pré-operatória demonstrou benefício. àqueles com Child B, em que o benefício do procedimento
Cirurgias cardíacas ou que envolvem a aorta apresen- deve ser contrabalançado com o maior risco de cirurgias.
tam maior risco de insuficiência renal. Outras condições A presença de coagulopatia deve ser corrigida antes do
que aumentam esse risco são presença de icterícia, diabe- procedimento, assim como distúrbios hidroeletrolíticos. É
tes e idade avançada. São considerações importantes em se importante a reposição de vitamina K. A presença de ascite
tratando desses pacientes: aumenta o número de casos de deiscência de ferida cirúrgi-
- Manter o volume plasmático adequado, evitando hi- ca, contudo seu manejo com diuréticos e paracenteses deve
povolemia; ser cauteloso, pois pode ocasionar insuficiência renal aguda
e encefalopatia hepática. A reposição de albumina, junta-
- Evitar agentes nefrotóxicos e corrigir doses de antibió-
mente com paracentese entre aqueles com ascite, parece
ticos e outros medicamentos adequadamente, confor-
ser a medida mais apropriada para evitar complicações.
me a função renal;
- Evitar hipotensão e diminuição do débito cardíaco;
- Em procedimentos endovasculares ou radiointerven- 11. Paciente com pneumopatia
ção, hidratação e N-acetilcisteína devem ser realizadas As complicações pulmonares cirúrgicas implicam au-
apropriadamente (pacientes com diabetes ou insufi- mento de morbidade, mas com aumento de mortalidade
ciência renal crônica). muito menor do que as complicações cardíacas. A incidên-
cia estimada de complicações pulmonares varia de 17 a
Recomenda-se solução salina a 0,45% (100m l/h, 12 ho-
25% nas diferentes séries de casos . O risco de tais complica-
ras antes e 12 horas depois do procedimento), associada a
ções é, em particular, maior entre aqueles com obesidade,
N-acetilcisteína (600mg, de 12/12h), 24 horas antes e de-
os quais apresentam risco de hipoxemia.
pois.
O tabagismo está associado ao risco de aparecimento
Um estudo recente demonstrou que o emprego de solu-
de complicações pulmonares aumentado em cerca de 4 ve-
ção de hidratação 154mEq/L de bicarbonato de sódio diluí-
zes, mas a sua cessação aumenta secreções pulmonares nas
do em solução de dextrose a 5%, em total de 1L de solução,
primeiras semanas, elevando o risco de problemas. Tal risco
infundida a 3mL/kg 1 hora antes do procedimento e 1ml/kg
desaparece após 8 semanas de abstinência.
durante o procedimento e 6 horas depois, apresenta resul- A asma é um fator de risco independente para compli-
tados superiores à infusão convencional de solução salina. cações pulmonares, mas não particularmente aumentado
Trata-se, portanto, de uma opção válida para prevenção da naqueles fora de exacerbação e compensados clinicamen-
IRA por contraste. te. Já aqueles com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Aqueles com insuficiência renal dialítica devem realizar (DPOC) apresentam risco até 4,7 vezes maior dessas com-
diálise de 12 a 24 horas antes da cirurgia para minimizar plicações. Assim, é absolutamente necessário compensá-
as complicações. Medidas apropriadas para hipercalemia, -los antes da cirurgia.
acidose e outras complicações da insuficiência renal crôni- Indivíduos com redução da Capacidade Vital Forçada
ca devem ser realizadas conforme a necessidade e as reco- (CVF) e Volume Expiratório Forçado no 1º segundo (VEF1)
mendações da literatura para situações não cirúrgicas. menor do que 70% apresentam maior taxa de complicações
pulmonares associadas à cirurgia, as quais estão aumenta-
10. Complicações cirúrgicas ao paciente das naqueles com índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) menor do
que 65%.
hepatopata O risco de complicações pulmonares é, em particular,
O paciente hepatopata apresenta grande número de al- maior entre aqueles com alterações gasométricas, sen-
terações que implicam maior risco de complicações cirúrgi- do que pa0 2 <50mmHg e paC0 2 >50mmHg se associam a
cas. A doença hepática leva a alterações na síntese proteica eventos cardíacos no perioperatório. Um estudo demons-
e no metabolismo de drogas e nutrientes, além de alterar trou que níveis de paC0 2 >45mmHg estavam associados a
a excreção e a eliminação de toxinas. O hepatopata leve, maior taxa de complicações pulmonares em submetidos a
como o apresentando cirrose com Child A, não apresenta cirurgias cardíacas, o que é compreensível, visto que esses
risco cirúrgico muito diferente de outros, entretanto aquele níveis apontam comprometimento ventilatório importante
com disfunção importante, como o que apresenta Child C, e apresentam correlação com hipoxemia e outros fatores
tem risco aumentado de complicações perioperatórias. que aumentam morbidades perioperatórias.
Hepatites agudas, virais ou alcoólicas são contraindica- Cirurgias com duração maior do que 3 horas, uso de
ções absolutas para procedimentos eletivos, com taxas de pancurônio e anestesia geral também são associados a taxa
mortalidade de 10 a 50%. Hepatopatas crônicos e cirróticos maior de problemas pulmonares.

169
A prova de função pulmonar pode ajudar no manejo em terapia, uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas
relação a esses problemas. São indicações para tal: (CPAP) ou outras formas de pressão positiva e controle rigo-
- Submetidos a cirurgia torácica e abdominal alta, com roso da dor podem ajudar, enquanto a corticoterapia àque-
sintomas de tosse ou dispneia ou que apresentem in- les com asma e DPOC pode ser importante.
tolerância ao exercício de causa incerta;
- Pacientes com DPOC; 12. Paciente em uso de anticoagulantes
- Aqueles que serão submetidos a cirurgia de ressecção
pulmonar; O paciente pode estar anticoagulado por diferentes ra-
zões, o que aumenta o risco de sangramento, enquanto a
- Pré-operatório de pacientes com dispneia de causa in-
interrupção da anticoagulação pode aumentar o risco de
certa;
trombose.
-Submetidos à cirurgia de revascularização do miocár-
Alguns procedimentos não se associam a aumento do
dio.
risco de sangramento, mesmo em submetidos a anticoa-
A avaliação de risco pulmonar pode ser orientada pela gulação, como cirurgias de catarata e vitreorretinal, bem
escala de Torri ngton-Henderson, que classifica os pacientes como procedimentos protéticos e dentários.
em baixo, moderado e alto risco de complicações pulmo- As Diret rizes Brasileiras de Ava li ação Perioperatória divi-
nares, utilizando vários fatores independentes de compli- dem os pacientes de acordo com o risco de eventos trom-
cações pulmonares. A classificação, apesar de importante, boembólicos:
não deve ser usada para contraindicar procedimentos cirúr- - Alto risco: tromboembolismo venoso há menos de 3
gicos, mas para indicar a necessidade de medidas preventi- meses; próteses valvares mecânicas; fibrilação atrial
vas para as complicações. A Tabela 6 sumariza a classifica- com AVC prévio ou com múltiplos fatores de risco para
ção de Torrington. AVC ou associada a valvopatias; estados de hipercoa-
gulabitidade (fator V de Leiden, deficiências de proteí-
Tabela 6 - Classificação de Torrinolon na C e S) com trombose recorrente ou recente;
: Variáveis - Risco intermediário: fibritação atrial sem AVC prévio e
com apenas 1 fator de risco para AVC (idade >65 anos,
1 · Espirometria.
DM, HAS, JCC);
a) CVF <50% do previsto l
- Baixo risco: tromboembotismo venoso há mais de 3
b) VEF1/CVF- 65 a 75% 1 meses, fibrilação atrial sem fatores de risco para AVC,
c) VEF1/CVF - 50 a 64% 2 estados de hipercoagulabilidade sem complicação
d) VEF1/CVF - <50% 3 trombótica recente, trombose recorrente.
2- Idade >65 anos. 1 As recomendações das diretrizes brasileiras, com rela-
3- Peso >150% do ideal. 1 ção à anticoagulação, são:
4 - Cirurgia abdominal alta ou torácica. 2 - Baixo risco para tromboembolismo (grau de reco-
5 - Outras cirurgias. 1 mendação lia):
6 - Tabagismo. 1 • Interromper a varfarina 4 dias antes da operação
e aguardar o INR retornar a valores quase normais
7- Sintomas pulmonares (tosse, dispneia, catarro). 1
(<1,5);
8 · História de doença pulmonar.


1
• No pré-operatório, se indicado, heparina profilática
Cla55i!'ícaçio Taxa de não fracionada (HNF) ou de baixo peso molecular
de risco compticações I") (HBPM);
Baixo Oa3 6 2 • No pós-operatório, HNF ou HBPM profilática (se in-
Moderado 4a6 23 6 dicado pelo tipo de procedimento) e reiniciar a var-
Alto >7 35 12 farina simultaneamente.
- Alto risco para tromboembolismo (grau de recomen-
Algumas medidas podem auxiliar a diminuir o risco ci- dação lia):
rúrgico, como cessação do tabagismo, pelo menos 8 sema- • Interromper a varfarina 4 dias antes da operação e
nas antes. A compensação de doenças pulmonares, como aguardar o INR normatizar-se;
asma e DPOC, também é importante. Aqueles com infec- • Iniciar HNF ou HBPM dose plena quando INR <2;
ções respiratórias precisam ser adequadamente tratados, e • Suspender HNF intravenosa 5 horas antes do pro-
educação e manobras de expansão pulmonar podem au- cedimento e HBPM ou HNF subcutânea de 12 a 24
xiliar, em particular, os obesos. Quando possível, deve-se horas antes;
limitar a duração de procedimentos cirúrgicos, evitar o uso • No pós-operatório, reiniciar HNF ou HBPM em dose
de bloqueadores neuromusculares, entre outras medidas. plena e varfarina simultaneamente, até o INR estar
Exercícios com estímulo de respiração profunda, ftsio- dentro da faixa terapêutica.

170
AVALIAÇÃO EABORDAGEM PEAIOPERATÓRIA

- Risco intermediário de tromboembolis mo (grau de • Varfarina em selecionados: início com Smg/d ou no


recomendação lia): dia após a cirurgia, ajustando a dose para manter
• Depende da avaliação de cada paciente; podem ser INR de 2 a 3 (grau de recomendação lia).
seguidas as orientações tanto para o alto como para - Artroplastia de quadril eletiva (grau de recomenda-
o baixo risco, a critério do médico assistente. ção 1):
- Procedimentos de baixo risco de sangramento (grau • Heparina: Se, a cada 8 horas, dose inicial de 3.SOOU,
de recomendação 1): ajustando SOOU por dose para manter TIPA nos ní-
• Realizar o procedimento com INR ao redor de 2; não veis superiores da norma lidade (grau de recomen-
é necessária a suspensão do anticoagulante; dação lia);
• Se INR >3, descontinuar o anticoagulante por 1 a 2 • Enoxaparina: 40mg Se, 12 horas antes ou 12 a 24
dias antes da cirurgia e reiniciá-lo na noite após a horas depois da cirurgia, ou 20mg se, 4 a 6 horas
cirurgia . depois da cirurgia mantendo 40mg/d nos dias sub-
- Procedimentos de urgência: sequentes;
• Vitamina K e plasma fresco podem ser usados para • Varfarina: com ajuste da dose para manter o INR
a reversão da anticoagulação, evitando altas doses entre 2 e 3, iniciando no pré-operatório ou imedia-
da primeira, que podem dificultar anticoagulação tamente após a cirurgia;
posterior. • Associação das medidas de profilaxia com ePI ou
Quanto a pacientes em uso de HNF intravenosa, esta meia elástica (grau de recomendação lia);
deve ser descontinuada 2 horas antes da cirurgia. E HNF • Duração da profilaxia por, pelo menos, 7 dias.
subcutânea ou HBPM devem ser descontinuadas 12 horas - Artroplastia de joelho eletiva (grau de recomendação 1):
antes da cirurgia. • Enoxaparina: 40mg se, 12 horas antes ou 12 a 24
horas depois da cirurgia, ou 20mg se, 4 a 6 horas
depois da cirurgia mantendo 40mg/d nos dias sub-
13. Abordagem para diminuir o risco de sequentes;
trombose venosa profunda • Varfarina: com ajuste da dose para manter o INR
entre 2 e 3, iniciando no pré-operatório ou imedia-
Procedimentos cirúrgicos são importantes fatores de tamente após a cirurgia;
risco para o desenvolvimento de eventos tromboembóli· • CPI: início imediatamente antes da cirurgia até a
cos. Outros fatores incluem trombofilias, fraturas de fêmur, alta hospitalar;
entre outras condições. • Duração da profilaxia por, pelo menos, 7 a 10 dias.
As Diretrizes Brasileiras de Aval iação Perioperatória re-
- Cirurgia de fratura de quadril (grau de recomendação 1):
comendam:
• Heparina: S.OOOUI se, a cada 8 horas, 1 a 2 horas
- Risco baixo (grau de recomendação 1):
antes (grau de recomendação lia );
• Mobilização precoce.
• Enoxaparina: 40mg SC, 12 horas antes ou 12 a 24
- Risco moderado (grau de recomendação 1):
horas depois da cirurgia, ou 20mg se, 4 a 6 horas
• Heparina: S.OOOUI se, a cada 12 horas, 1 a 2 horas
antes da operação; depois da cirurgia mantendo 40mg/d nos dias sub-
sequentes;
• Enoxaparina: 20mg se, 1 a 2 horas antes da cirurgia
e 1x/d no pós-operatório; • Varfarina: com ajuste da dose para manter o INR
• Meia elástica: início imediatamente antes da cirur· entre 2 e 3, iniciando no pré-operatório ou imedia-
gia, até o acompanhamento ambulatorial; tamente após a cirurgia.
• Compressão Pneumática Intermitente (CPI): início - Neurocirurgia (grau de recomendação 1):
imediatamente antes da cirurgia, até a alta hospi- • Heparina: S.OOOUI Se, a cada 8 horas, 1 a 2 horas
talar. antes (grau de recomendação lia);
- Risco alto (grau de recomendação 1): • Enoxaparina: 40mg SC/d no pós-operatório (grau
• Heparina: S.OOOUI Se, a cada 8 horas, 1 a 2 horas de recomendação lia);
antes da cirurgia; • CPI: com ou sem meia elástica;
• Enoxaparina: 40mg Se, 1 a 2 horas antes da cirurgia • Associação de meia elástica/ePI a enoxaparina/he-
e 1x/d no pós-operatório; parina profilática.
• CPI: infcio imediatamente antes da cirurgia até a - Trauma (grau de recomendação 1):
alta hospitalar. • Enoxaparina: 30mg SC, a cada 12 horas, 12 a 36 ho-
- Risco muito alto (grau de recomendação 1): ras após o trauma ser hemodinamicamente estável;
• Heparlna: S.OOOUI se, a cada 8 horas, 1 a 2 horas • CPI/meia elástica: em caso de contraindicação ao
antes de cirurgia combinado com ePI/meia elástica; uso de enoxaparina pelo risco de sangramento;
• Enoxaparina: 40mg Se, 1 a 2 horas antes da cirurgia • Filtro de veia cava inferior: em caso de trombose
e 1x/d no pós-operatório combinado com ePI/meia venosa profunda demonstrada e contraindicação
elástica; ao uso de anticoagulantes.

171
- Lesão aguda da medula espinal (grau de recomenda-
14. Paciente com tireoidopatia
ção 1):
• Enoxaparina: 30mg se, a cada 12 horas; Aqueles com doença de tireoide apresentam risco au-
• CPI/meia elástica: em associação a enoxaparina ou mentado de eventos mórbidos e mortalidade no periope-
heparina profilática, ou se anticoagulantes são con- ratório. O hipotireoidismo, por exemplo, é extremamente
traindicados logo após a lesão (grau de recomenda- prevalente entre as mulheres, as quais podem apresentar
ção lia); complicações. As recomendações das Diretrizes Brasileiras
• Na fase de reabilitação, continuar terapia com eno- de Avaliação Perioperatória são (grau de recomendação I,
xaparina ou passar para anticoagulação plena com nível de evidência D):
varfarina (INR entre 2 e 3). - Não valorizar hipotireoidismo subclínico em caso de
- Cirurgias ginecológicas (grau de recomendação 1): valor de TSH <10mU/dL;
• Pequenas em doenças benignas: -Só realizar o procedimento eletivo quando o paciente
* Mobilização precoce. estiver eutireóideo;
• De grande porte em doença benigna sem fatores de -Aqueles com idade <45 anos devem receber a dose
risco: plena, que costuma ser de 1,6 a 2,21J.g/kg de L-tiroxina
* Heparina: 5.000UI Se, a cada 12 horas; ou 100 a 2001J.g/d. Os níveis de TSH só se normalizam
* Enoxaparina: 40mg se, a cada 24 horas, ou ePI após 4 a 6 semanas do início da dose adequada;
antes da cirurgia e, no mínimo, vários dias do pós- -Aqueles com mais de 45 anos devem iniciar com 25 a
-operatório. 501J.g/d, e a dose é aumentada a cada 2 semanas;
• Extensas por câncer: - eoronarianos devem receber 151J.g/d, e a dose deve
* Heparina: 5.000UI se, a cada 8 horas; ser aumentada a cada semana, até chegar a TSH nor-
* Heparina: 5.000UI se, a cada 8 horas, associada mal;
a ePI ou meia elástica na tentativa de promover - Não adiar procedimento naqueles com quadro de hi-
uma proteção adicional. potireoidismo leve, porém iniciar reposição hormonal
- Cirurgias urológicas (grau de recomendação 1): oral;
• Baixo risco ou transuretrais: mobilização precoce; - Em procedimentos cirúrgicos na vigência de hipoti-
• Grande porte ou com abertura de cavidade : reoidismo, devem-se realizar profilaxia de hipotermia
* Heparina: 5.000UI Se, a cada 8 horas, 1 a 2 horas e monitorização card iovascular e administrar hidrocor-
antes; tisona, 100mg, a cada 8 horas em 24 horas, pela chan-
* Enoxaparina: 40mg se, 1 a 2 horas antes e 1x/d ce de insuficiência adrenal.
no pós-operatório; Os pacientes com hipertireoidismo apresentam risco
* CPI: imediatamente antes e até a alta hospita- de crise tireotóxica em procedimentos cirúrgicos e devem
lar; ser submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos só em
* Meia elástica: início imediatamente antes da ci- caso de eutireoidismo. A tempestade tireoidiana já foi uma
rurgia até o acompanhamento ambulatorial. complicação relatada com relativa frequência entre pessoas
• Pacientes de alto risco: com hipertireoidismo submetidas à cirurgia, por isso devem
* Associação de ePI/meia elástica a enoxaparina/ ser pontuados alguns princípios do manejo delas:
heparina profilática. - Doses de propiltiouracil, 200 a 2501J.g, a cada 4 horas,
A Tabela 7 sumariza as recomendações das diretrizes e de TapazoJ®, 201J.g, a cada 4 horas, são apropriadas;
brasileiras. - Propiltiouracil é a 1!! escolha pela ação na inibição da
conversão periférica de T4 em T3;
Tabela 7 - Recomendação para o manejo da anticoagulação pré -O ácido iopanoico é o agente iodado de escolha (Tele-
e pós-operatória a pacientes em uso de anticoogulação oral por paque®) -1g, a cada 8 horas no 1º dia e, após, 500mg,
história de tromboembolismo venoso prévio
de 12/12h; na falta deste, usar iodeto de potássio, 4 a
Antes da 8 gotas, a cada 6 ou 8 horas;
Indicações Após a cirurgia
cirurgia - Tionamidas devem ser oferecidas antes do iodo (2 a 3
Heparina intrave- Heparina intravenosa (reiniciar horas);
Agudo- nosa 12 horas após operações de - A dose de lítio é de 300mg a cada 6 horas, quando não
mês 1 (suspender 6 ho- grande porte ou mais tarde, caso se podem utilizar tionamidas (há poucos estudos com
ras antes) haja risco de sangramento)
elas);
Heparina intravenosa (até atingir - Hemodiálise e hemoperfusão não devem ser usadas
Meses 2 e 3 Sem alteração
INR de 2 com uso de varfarina) como terapia de 1!! linha;
Após 3 -Os betabloqueadores são importantes para inibir efei-
Sem alteração HBPM subcutânea
meses tos periféricos dos hormônios tireoidianos; a dose de
Recorrente Sem alteração HBPM subcutânea propranolol é de 60 a 120mg, a cada 6 horas;

172
---
AVALIAÇÃO EABORDAGEM PERIOPERATÓRIA

- A reposição de corticosteroides é indicada, pois os pa- em dias alternados, ou qualquer dose de corticoide usada
cientes são de risco para insuficiência adrenal; a dose por menos de 3 semanas. Porém, provavelmente, apresen-
de hidrocortisona recomendada é de 100mg, a cada 8 tam essa supressão aqueles que usaram dose de 20mg ou
horas. mais de prednisona por período de tempo superior a 3 se-
manas, que pareçam clinicamente cushingoides ou em uso
de dose de 7,Smg ou mais por período de 1 mês ou mais. A
15. Reposição de corticosteroides duração da supressão do eixo é discutível, mas pode ser de
A insuficiência adrenal pode ser precipitada por proce- até 1 ano após a interrupção do uso de glicocorticoides. Tais
dimentos cirúrgicos em virtude do estresse causado pelo pessoas podem ter o eixo testado previamente à cirurgia,
dano tecidual. Na vigência do bloqueio do eixo adrenal pelo com teste da cortisona de baixa dose. Não é feito o teste
uso crônico de corticosteroides, existe o risco de falência convencional, pois representa dose suprafisiológica.
adrenal no perioperatório. O aumento dos níveis de cortisol Caso não seja prático testar o eixo desses indivíduos,
sérico é uma importante resposta ao estresse cirúrgico e deve-se introduzir regime de suplementação de glicocorti-
representa resposta protetora do organismo, necessária no coides previamente à cirurgia. E, caso o procedimento seja
processo adaptativo. simples ou com anestesia local, pode-se usar apenas dose
Cirurgias, portanto, representam estresse fisiológico usual de reposição de glicocorticoide, como Smg de predni-
e resultam em ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário- sona ou 20 a 25mg de acetato de cortisona.
-adrenal, provocando aumento do hormônio adrenocor- Em procedimentos de estresse cirúrgico moderado,
ticotrófico (ACTH) e da secreção de cortisol. Pacientes em recomenda-se dose suplementar de SOmg IV de hidrocor-
uso de glicocorticoide exógeno podem não produzir ACTH tisona antes da cirurgia e 25mg, a cada 8 horas, por 24 a 48
e cortisol suficiente para situações de estresse, como cirur- horas, podendo retornar à dose suplementar de glicocorti-
gias, e podem evoluir para insuficiência adrenal com hipo- coide ou descontinuá-lo.
tensão e choque, embora a evidência de que isso ocorra Em estresses cirúrgicos considerados maiores, a litera-
seja anedótica. tura recomenda repor hidrocortisona na dose de lOOmg
Doses inferiores a Smg de prednisona, únicas pela ma- antes da indução anestésica, mantendo SOmg IV, a cada 8
nhã, não parecem causar qualquer espécie de supressão no horas, por 48 a 72 horas, antes de descontinuar ou retornar
eixo. O mesmo acontece com corticoide de curta duração ao esquema de reposição usual.

16. Resumo
Quadro-resumo
- O risco cirúrgico depende dos riscos da própria cirurgia, da idade do paciente e das suas comorbidades;
-As cirurgias de emergência/urgência apresentam maior risco;
-O risco cardiovascular nas cirurgias eletivas pode ser avaliado por teste de esforço;
-A classificação ASA é pouco sensível em classificar adequadamente o risco perioperatório;
-As avaliações de Goldman e a de Detsky são mais sensíveis na avaliação do risco cardiovascular;
- A utilização de betabloqueadores no perioperatório para pacientes de risco cardiovascular está associada à redução de eventos no
perioperatório;
-A avaliação laboratorial pré-operatória deve ser individualizada, de acordo com as morbidades do paciente.

173
CAPÍTULO 17
CARDIOLOGIA

Diagnóstico diferencial da dor torácica


Rodrigo Antônio Brandão Neto I José Paulo Ladeira

I. Introdução Causas Prevalência (%)


Angina estável 10,5
A dor torácica, principalmente no contexto da sala de
emergência, pode ser de diagnóstico problemático, pois, Angina instável ou Infarto Agudo do
1,5
Miocárdio (IAM)
embora na maioria dos casos apresente etiologias benig-
nas, pode estar associada a patologias graves potencial- Outras causas cardíacas 3,8
mente fatais e de rápida evolução. Psiquiátricas 8
O diagnóstico diferencial das patologias que podem Pulmonares 5
evoluir com dor torácica é vasto, e torna-se quase impos- Outras 16
sível realizar uma investigação complementar a todas essas
possibilidades . Assim, a avaliação inicial a partir da histó- A dor musculoesquelética é o principal motivo de pro-
ria e do exame físico é importante para a triagem dos po- cura por dor torácica em serviços de emergência, represen-
tencialmente graves. De forma mais específica, também é tando 36% das causas, em que a osteocondrite é responsá-
importante descartar as síndromes coronarianas agudas, o vel por 13% dos casos. Cerca de 60% dos casos de dor torá-
tromboembolismo pulmonar (TEP) e a dissecção de aorta. cica não têm doença pulmonar, cardíaca ou mesmo gastrin-
As síndromes coronarianas representam cerca de 20% testinal como causa-base. Considerando as gastrintestinais,
dos pacientes com dor torácica que procuram os serviços menos de 20% daqueles com dor torácica apresentam uma
de emergência. Embora a minoria se apresente na forma de causa que pode ter evolução potencialmente desfavorável.
síndromes instáveis, esses indivíduos são os que apresen- A prevalência de doença cardíaca é relativa à idade; em
tam a maior dificuldade na diferenciação de outras causas pacientes com menos de 35 anos, apenas 7% têm causas
benignas. cardíacas como motivo da dor. Porém, entre aqueles com
mais de 40 anos e em especial aqueles acima de 50 anos,
2. Epidemiologia essas causas podem ter prevalência de até 50%. A Tabela 2
descreve as principais causas de dor torácica, e a Tabela 3,
Um estudo relativamente recente, com cerca de 400 pa-
de dor torácica e sua apresentação clínica.
cientes, descreveu as causas de dor torácica em diferentes
serviços de emergência. Os resultados estão especificados Tabela 2 - Causas de dor torácica
na Tabela 1.
Dor óssea e neuromuscular
Tabela 1 - Resultados do estudo - Lesões costais (fraturas/trauma/neurites);
Causas Prevalência (%) - Osteocondrite (síndrome de Tietze);
Dor osteomuscular 36 - Neurite intercostal (herpes-zóster);
Gastrintestinais 19 -Outras causas de dor osteomuscular;
Cardíacas 16 - Refluxo gastroesofágico.

175
Doenças gastroesofágicas Causas cardiovasculares
- Espasmo esofágico; - Dissecção de aorta.
- Úlcera péptica e dispepsia; Causas pulmonares
-Ruptura de esôfago.
- Pneumotórax;
Transtornos psiquiátricos
- TEP;
-Transtorno do pânico e outros distúrbios de ansiedade;
-Pneumonia e outras causas de pleurite.
-Transtornos somatoformes;
-Quadros depressivos. Outras causas

Causas cardiovasculares - Pancreatite;

- Síndromes coronarianas; - Cólica biliar;


- Pericardite; -Abscesso subfrênico.

Tabelo 3- Causas de dor torácica e carocter!stlcos clinicas da sua apresentação


Síndromes Descrição clínica Características distintas
Pressão torácica retroesternal, queimação ou
Precipitação por exercício, tempo frio ou
peso, irradiação ocasional para pescoço, man-
Angina estresse emocional; duração de 2 a 10
díbula, epigástrio, ombros ou membro superior
minutos
esquerdo
Angina em repouso ou A mesma da angina, porém possivelmente mais Geralmente <20 minutos, com menor
Cardíaco
instável intensa tolerância para o esforço
A mesma da angina, porém possivelmente mais Início súbito, ~30 minutos; associação a
IAM
intensa dispneia, fraqueza, náuseas e vômito
Dor aguda e pleurítica agravada com mudanças
Pericardite Atrito pericárdico
na posição, de duração variável
Dor muito intensa, refratária; geralmen-
Dor excruciante, lacerante, de início abrupto,
te em um contexto de hipertensão ou de
Dissecção aórtica na parte anterior do tórax frequentemente se
um distúrbio subjacente do tecido con-
irradiando para o dorso
juntivo (síndrome de Marfan)
Vascular
Início súbito de dispneia e dor, geralmente pleu- Dispneia, taquipneia, taquicardia e si-
Embolismo pulmonar
rítica, com infarto pulmonar nais de insuficiência cardíaca direita
Pressão torácica subesternal, exacerbada pelo Dor associada a dispneia e sinais de hi-
Hipertensão pulmonar
esforço pertensão pulmonar
Dor pleurítica, geralmente breve, sobre a área Dor pleurítica e lateral à linha média, as-
Pleurite/pneumonia
envolvida saciada a dispneia
Localização na linha média, associada a
Pulmonar Traqueobronquite Desconforto em queimação, na linha média
tosse
Pneumotórax espontâ- Início súbito de dor pleurítica unilateral,
Início abrupto de dispneia e dor
neo com dispneia
Desconforto em queimação subesternal e epi- Agravado por refeições pesadas e alivia-
Refluxo esofágico
gástrico, de 10 a 60 minutos do por antiácidos
Úlcera péptica Queimação epigástrica ou subesternal prolongada Aliviada por antiácidos ou por alimentos
Gastrintestinal Dor prolongada epigástrica ou no quadrante su-
Doença da vesícula biliar Não provocada ou após as refeições
perior direito
Fatores de risco que incluem álcool, hi-
Pancreatite Dor epigástrica e subesternal prolongada intensa
pertrigliceridemia e medicações
Reprodução pela pressão sobre a articu-
Costocondrite (síndro- In1c1o
, . su, b"1to d e dor .mtensa e f ugaz lação afetada; possíveis edema e infla-
Musculoesque- me de Tietze)
mação no local
lético
Possivelmente reproduzida pelo movi-
Doença do disco cervical Início súbito de dor fugaz
mento do pescoço
Dor em queimação prolongada com distribui- Rash vesicular, com distribuição para o
Infeccioso Herpes-zóster
ção em dermátomo dermátomo
Aperto torácico ou dolorimento comumente Frequentemente, outras evidências de
Psicológico Síndrome do pânico acompanhado por dispneia e durando 30 minutos distúrbios emocionais
ou mais, sem relação ao esforço ou ao movimento

176
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR TORÁCICA

3. Quadro clínico Tabela 5 - Pactentes com fatores de alto nsco


Dor não
Pacientes que se apresentam no serviço de emergên-
anginosa
cia com quadro de dor torácica que potencialmente pode
representar causa fatal devem ser levados imediatamente
para a sala de emergência, com o desfibrilador à disposição 35 3 a 35 1 a 19 8 a 59 2 a 39 30 a 88 10 a 78
para uso eventual. As medidas iniciais para a estabilização 45 9 a 47 2 a 22 21 a 70 5 a 43 51 a 92 20 a 79
incluem monitorização cardíaca, obtenção de acesso ve- 55 23 a 59 4 a 25 45 a 79 10 a 47 80 a 95 38 a 82
noso e oxigênio suplementar. Durante o exame físico e a
65 49 a 69 9 a 29 71 a 86 20 a 51 93 a 97 56 a 84
tomada da história, deve ser realizado eletrocardiograma
(ECG) de 12 derivações com resultado em, no máximo, 10 A dor anginosa pode ser reproduzida também pela es-
minutos da entrada no pronto-socorro. tenose aórtica, que apresenta a tríade de síncope, angina e
dispneia ou sintomas de insuficiência cardíaca. Os pacientes
A - Dor torácica cardíaca por isquemia podem apresentar, nas 2 situações, sopro sistólico no foco
A história e o exame físico são bons recursos para o aórtico e sobrecarga ventricular esquerda. O diagnóstico é
diagnóstico das síndromes coronarianas. As características confirmado por ecocardiograma.
da dor anginosa são dor em pressão, aperto, constritiva ou
em peso, com duração usual de alguns minutos, e a localiza- B- Pericardite
ção é usualmente retroesternal, podendo ocorrer, ainda, no Os pacientes apresentam-se com dor de característica
ombro, no epigástrio, na região cervical e no dorso. A dor pleurítica no hemitórax esquerdo, com piora durante a res-
pode irradiar-se eventualmente para membros superiores
piração, ao deitar ou ao deglutir. Há melhora quando o pa-
(direito, esquerdo ou ambos), ombro, mandíbula, pesco-
ciente se senta ou se inclina para a frente. A apresentação
ço, dorso ou região epigástrica. Os fatores desencadeantes típica engloba dor torácica respiratoriodependente, altera-
mais frequentes são o esforço físico e o estresse emocional.
ções ao ECG como supradesnivelamento do segmento ST
É aliviada, caracteristicamente, com o repouso ou o uso de
ou infradesnivelamento de PR em várias derivações e pre-
nitratos. Vale salientar que cerca de 1/3 dos pacientes com
sença de derrame pericárdico.
síndrome coronariana aguda não apresenta dor anginosa
Os pacientes podem, ainda, apresentar febre, e o qua-
típica, particularmente idosos ou diabéticos. Em algumas
dro frequentemente é precedido por gripe. A dor é, em ge-
situações, podem acontecer os chamados sintomas equi-
ral, mais aguda do que a da angina e tem caráter contínuo.
valentes de isquemia, como desconforto torácico, dispneia,
Indivíduos com miocardite podem apresentar, ao ECG, au-
broncoespasmo e diaforese.
mento da duração do intervalo QRS e sintomas de insufi-
A dor torácica pode ser classificada em 3 subtipos:
ciência cardíaca.
1 - Angina típica: dor característica, provocada por es-
forço e aliviada com nitrato ou repouso. C - Dissecção aguda de aorta
2 - Angina atípica: 2 das características citadas na angi-
na típica. A dissecção aguda de aorta é relativamente rara, em-
3- Dor torácica não cardíaca: 1 ou nenhuma das carac- bora apresente alto potencial de letalidade. A dissecção
terísticas citadas. sempre deve ser considerada possibilidade em pacientes
Outros fatores que sugerem a possibilidade do diagnós- com dor torácica no serviço de emergência e surge como
tico são a idade e a presença de fatores de risco para doen- dor torácica abrupta e de forte intensidade em 73%, com
ça coronariana, como diabetes, tabagismo, dislipidemia e característica principalmente de pontadas agudas. Pode ser
hipertensão arterial. As Tabelas 4 e 5 descrevem a possibi- acompanhada por insuficiência cardíaca, principalmente
lidade, em porcentagem, do diagnóstico de angina estável secundária à insuficiência aórtica aguda, ou por sangra-
em pacientes com e sem fatores de alto risco de doença menta para o saco pericárdico com tamponamento e cho-
cardiovascular. que. Dependendo da extensão da dissecção, pode ocorrer
oclusão arterial aguda de membros ou renal e mesentérica.
Tabela 4- Pacientes sem fa tores de alto risco Os pacientes costumam estar agitados, e é descrita a
Dor não migração da dor seguindo o trajeto da aorta. Podem apre-
Angina atípica Angina típica
anginosa sentar também assimetria de pulsos e hipertensão arterial
significativa, valorizando-se diferenças acima de lSmmHg
30 a 39 4 2 34 12 76 26 entre cada membro. Cerca de 90% apresentam histórico de
40 a 49 13 3 51 22 87 55 hipertensão arterial, doenças do tecido conectivo, como as
síndromes de Marfan e Ehiers-Danlos ou sífilis. Sintomas
50 a 59 20 7 65 31 93 73
autonômicos, como diaforese e palidez cutânea, também
60 a 69 27 14 72 51 94 86
são comuns. A confirmação do diagnóstico deve ser realiza-

-------------- -------------- -------------- ------------177


da com tomografia de tórax, e, na sala de emergência, pode A ruptura de esôfago acontece após trauma local ou
ser utilizado o ecocardiograma transesofágico. vômitos intensos, principalmente após ingestão alcoólica
aguda. A dor é intensa, retroesternal ou no andar superior
O - Tromboembolismo pulmonar do abdome, geralmente acompanhada de um componente
pleurítico à esquerda. O diagnóstico pode ser sugerido pela
Tipicamente, há dor em 2/3 dos casos, que pode ser
presença de pneumomediastino, e em torno de 1/3 apre-
pleurítica e costuma ser súbita. Dispneia e taquicardia são
senta enfisema subcutâneo.
sintomas comuns e podem acompanhar o quadro. O uso
de escores clínicos, como o de Wells e Geneva, ajuda na
F - Dor osteomuscular e psicogênica
definição de risco de doença tromboembólica e facilita a in-
vestigação. Os critérios de Wells estão citados na Tabela 6. Conforme já discutido, a dor osteomuscular, em geral,
apresenta características pleuríticas desencadeadas ou
Tabela 6- Probabilidade de TEP (critérios de Wells) exacerbadas pelos movimentos dos músculos e/ou articu-
Achados clínicos lações que participam da respiração. Apalpação cuidadosa
Sintomas clínicos de doença tromboembólica 3 das articulações ou dos músculos envolvidos quase sempre
reproduz ou desencadeia a dor referida. Geralmente, a dor
Outro diagnóstico menos provável que TEP 3
é contínua e com duração de horas a semanas. Frequente-
FC >100bpm 1,5
mente se localiza em área específica, o que facilita a dife-
Imobilização ou cirurgia nas últimas 4 semanas 1,5
renciação com outros quadros.
TEP ou Trombose Venosa Profunda (TVP} prévios 1,5 As dores por causas psicogênicas são comuns nos ser-
Hemoptise 1,5 viços de emergência e podem apresentar qualquer padrão,
Malignidade 1,5 mas costumam ser difusas, de localização imprecisa, po-
dendo estar associadas a utilização abusiva de analgésicos
- Alta probabilidade: escore >6; sem melhora sintomática, e representam cerca de 30% dos
- Moderada probabilidade: escore de 2 a 6; casos de dor torácica em serviços de emergência, portanto,
- Baixa probabilidade: escore <2. significativamente mais frequentes do que as causas cardí-
Outras causas de dor torácica pulmonar incluem o acas.
pneumotórax espontâneo, que se apresenta com dor torá-
cica localizada no dorso ou nos ombros, acompanhada de 4. Exames complementares
dispneia, e que pode ter evolução para pneumotórax hiper-
Dependem da hipótese diagnóstica. Em geral, a aborda-
tensivo, em que há insuficiência respiratória e colapso car-
gem visa excluir doença coronariana, sendo absolutamente
diovascular; a percussão torácica se encontra timpânica; o
fundamental ECG em, no máximo, até 10 minutos, conta-
murmúrio vesicular está abolido do lado do pneumotórax;
dos da chegada. Será normal na maioria dos casos com dor
a traqueia pode estar desviada; e há, ainda, a hipótese de
torácica. Ainda assim, cerca de 5% dos indivíduos com ECG
estase jugular.
normal apresentam síndrome coronariana aguda. Por isso,
A pneumonia e outras doenças parenquimatosas, prin-
outros dados de história são necessários para a exclusão
cipalmente as que se apresentam com envolvimento pleu-
precisa desse diagnóstico.
ral, cursam com dor, que geralmente tem piora ventilatória.
A sensibilidade do ECG para o diagnóstico de IAM é de
O diagnóstico diferencial principal, nesses casos, passa pe-
pouco mais de 50%. Assim, a necessidade de exames seria-
las dores osteomusculares e pelas neurites intercostais, que
dos e de observação com monitorização é imperiosa àque-
também apresentam tais características.
les com essa suspeita. Recomenda-se realizar um 2º exame
com intervalo de, no máximo, 3 horas após o 1º ou a qual-
E - Dor esofágica e dispepsia
quer momento, em caso de recorrência da dor torácica ou
Pacientes com refluxo gastroesofágico podem apre- de surgimento de instabilidade clínica.
sentar desconforto torácico, comumente em queimação, Os pacientes com dor torácica suspeita de doença car-
algumas vezes como sensação opressiva, retroesternal ou díaca podem ser subdivididos nos seguintes grupos:
subesternal, podendo irradiar-se para pescoço, braços e
dorso. Frequentemente se associa a regurgitação alimentar. A-IAM
O espasmo esofágico pode apresentar melhora com
Pacientes em que o ECG demonstra supradesnivelamento
o uso de nitratos, causando dificuldade na diferenciação
de ST ou aparecimento de bloqueio do ramo esquerdo novo.
com síndromes coronarianas. Pacientes com úlcera péptica
apresentam dor localizada na região epigástrica ou no an-
B - lsquemia aguda provável
dar superior do abdome, mas, algumas vezes, pode ser re-
ferida na região subesternal ou retroesternal. Habitualmen- Pacientes com alta probabilidade de eventos adversos;
te, ocorre após uma refeição, melhorando com antiácidos. devem apresentar pelo menos 1 dos critérios a seguir:

178
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA DOR TORÁCICA

- Instabilidade clínica: definida pela presença de hipo- está disponível. Além disso, auxilia o diagnóstico de reinfarto,
tensão, arritmia ou edema pulmonar; pois a troponina permanece elevada por longos períodos.
- Dor torácica anginosa típica em repouso e com altera- Os exames de imagem, como radiografia e tomogra-
ções isquêmicas no ECG; fia de tórax, são úteis para o diagnóstico de pneumonia,
- Enzimas cardíacas elevadas. pneumotórax, entre outras condições cardiopulmonares.
A tomografia de tórax apresenta boa sensibilidade para
C - lsquemia aguda possível doenças pleurais, do parênquima e da vasculatura pulmo-
Pacientes com probabilidade média de eventos adver- nar, além de grande utilidade para o diagnóstico de embolia
sos e dor anginosa típica com pelo menos 1 das seguintes pulmonar, com estudos recentes com sensibilidade próxima
características: a 95%, e para dissecção de aorta .
- Dor que se iniciou em repouso, mas ausente no mo- Em quem a suspeita de doença coronariana persiste,
mento; pode-se lançar mão de testes não invasivos, como o teste
- Dor em esforço de início recente; de esforço, ecocardiograma com estresse farmacológico ou
- Dor torácica com esforço "em crescendo". cintilografia miocárdica. O teste de esforço apresenta sensi-
bilidade de 68% para o diagnóstico, com especificidade de
O - Dor provavelmente não isquêmica 77%. É, usualmente, considerado positivo quando ocorre
Pacientes com dor sem características de isquemia coro- depressão do segmento ST maior que lmm 60 a 80ms após
na ria na; tanto a história clínica como o ECG e os marcado- o final do QRS (ponto J). Todavia, não é útil quando o ECG
res cardíacos não sugerem doença coronariana. de repouso apresenta alterações que dificultem a sua inter-
pretação, como bloqueios de ramo e sobrecarga ventricular
E- Dor definitivamente não isquêmica esquerda severa.
Os exames de cintilografia miocárdica apresentam sensi-
- Paciente com forte evidência de outra etiologia para
bilidade e especificidade maiores do que o teste de esforço,
a dor;
sendo indicados, principalmente, a situações que dificultem
- O uso de nitrato sublingual e a observação da resposta
a interpretação do teste de esforço, como valvulopatia aór-
da dor a essa manobra não são suficientes para con-
tica ou bloqueio do ramo esquerdo.
firmar nem excluir a hipótese de doença coronariana.
O ecocardiograma de estresse físico ou com dobutami-
Ainda assim, alguns autores o valorizam, pois a respos-
na ou dipiridamol também é útil para o diagnóstico na sus-
ta da dor torácica a ele aumenta a chance de doença
peita de doença coronariana, com desempenho diagnóstico
coronariana, mas não apresenta acurácia suficiente
para confirmar nem para descartar o diagnóstico, o semelhante ao dos exames de cintilografia miocárdica. Per-
que torna opcional a manobra. mite, ainda, o diagnóstico de pericardite, TEP e dissecção de
aorta, principalmente na sala de emergência.
Em casos de suspeita diagnóstica de doença coronaria- A tomografia computadorizada de coronárias avalia a car-
na, os marcadores laboratoriais são importantes; os mais ga de placas de ateroma, representada pela calcificação coro-
sensíveis e específicos são as troponinas (incluindo tropa- na ria na, e pode avaliar as obstruções coronarianas por meio
nina T e 1), que apresentam sensibilidade acima de 95% da angiografia não invasiva. Uma meta-análise publicada re-
e especificidade em torno de 94% para o diagnóstico de
centemente mostrou o papel independente dos escores de
IAM. Outra vantagem desse exame é que alguns estudos
cálcio coronariano na predição de eventos clínicos. O exame
demonstraram correlação prognóstica entre a sua elevação
apresenta sensibilidade alta para o diagnóstico de doença
e a mortalidade por IAM. Sua coleta deve ser realizada já
coronariana próxima de 95%, mas sua especificidade é re-
na admissão e após 6 e 12 horas do início da dor. A tropa-
lativamente baixa - corresponde a apenas 66%. Além disso,
nina começa a elevar-se em 4 horas, com pico em 12 a 48
não é útil àqueles já com diagnóstico dessa doença. Recente-
horas, e permanece aumentada por 10 a 14 dias. Portan-
mente, o uso de tomografia com multidetectores, que pode,
to, tal marcador perde sensibilidade para o diagnóstico de
reinfarto, mas permite a identificação de infarto ocorrido com menor quantidade de contraste, avaliar as vasculariza-
dentro do prazo descrito (7 a 10 dias). Deve-se ressaltar que ções pulmonar, coronariana e aórtica, tem sido advogado em
a especificidade das troponinas diminui entre aqueles com serviços de emergência, mas ainda é discutível.
insuficiência renal, miocardite e TEP. Os pacientes com dissecção de aorta representam de-
A mioglobina, por sua vez, é o marcador mais precoce safio diagnóstico importante. A radiografia pode mostrar
disponível: altera-se em 2 a 3 horas após o infarto, com pico aumento do mediastino, sinal do cálcio (separação da calci-
entre 6 e 12 horas e normalização em 24 horas. Sua maior ficação da íntima de mais de 1cm da borda do arco aórtico)
utilidade é descartar precocemente necrose miocárdica, com e derrame pleural (em geral, à esquerda), mas, em cerca de
valor preditivo negativo, em 4 horas após o início da dor, de 15%, não há qualquer alteração radiográfica. O ECG tam-
quase 100%. Entretanto, o exame é inespecífico e necessita bém apenas apresenta sinais inespecíficos com hipertrofia
de confirmação com dosagem de troponinas e/ou CK-MB. do ventrículo esquerdo. O diagnóstico deve ser confirmado
A CK-MB é sensível para o diagnóstico de IAM e deve ser em situações graves e que não possam ser removidas da
utilizada para a definição de infarto quando a troponina não sala de emergência com ecocardiograma transesofágico.

179
Nos casos em que podem ser removidos, o exame de esco- - Dor recorrente ou persistente, apesar do tratamento;
lha é a tomografia helicoidal ou a ressonância magnética. - Expansão precoce;
Raramente pode ser necessária a aortografia, principal- -Complicações isquêmicas periféricas;
mente quando existem vísceras mal perfundidas ou a ne- - Ruptura .
cessidade de intervenção percutânea.
Todos devem ter pressão arterial controlada com beta-
A dissecção de aorta pode ser classificada com relação
bloqueador e vasodilatador, de preferência nitroprussiato.
ao local e ao tempo de evolução.
Pacientes com dor torácica potencialmente associada à
-Quanto ao local: doença grave devem ser tratados com prioridade nos ser-
• Dissecção proximal: caso acometa a aorta ascen- viços de emergência. A instituição de unidades específicas
dente (tipos I e li de DeBakey e tipo A de Stanford) . nesses serviços para o manejo tem demonstrado melhora
Cerca de 65% têm dissecção da aorta ascendente; da sobrevida, pois permite estabelecer protocolos e acionar
• Dissecção distai: não acomete a aorta ascendente rapidamente intervenções necessárias, como trombólise e
(tipo 111 de DeBakey e tipo B de Stanford). A dissec- angioplastia para indivíduos com supradesnivelamento do
ção da aorta descendente ocorre em 20%. segmento ST e exames subsidiários de emergência para dis-
- Quanto à evolução: secção de aorta, entre outras medidas.
• Aguda: menos de 2 semanas do início dos sintomas
(2/3 dos doentes); História. l!xame flslco e
eletrocardloarama
• Crônica: mais de 2 semanas do início dos sintomas
(1/3 dos doentes).

Ecocardiograma transtorácico
Com sensibilidade de 63 a 96% e especificidade de 59 a 85%,
tem melhor acurácia para as dissecções proximais.
Ecocardiograma transesofágico
1 - Enzimas seriadas.
Sensibilidade de 98 a 99%; apresenta baixa especificidade, mas 2 · ECGs seriados (3, 6 e 9
horas).
é o método de eleição a pacientes graves na sala de emergência . 3 - Monltorização cont rnua.
4 - Desfibrilador
Tomografia helicoidal
prontamente disponíveL
Com sensibilidade de 83 a 100% e especificidade de 87 a 100%,
identifica a laceração intimai e complicações como derrame
pfeural e pericárdico, entre outras.
Ressonância magnética
Tem acurácia diagnóstica de quase 100%, mas é de pouca dispo-
nibilidade no Brasil.

Essa classificação da dissecção de aorta é importante


com relação ao tratamento, pois a dissecção proximal ne-
cessita de intervenção cirúrgica imediata, enquanto indi-
víduos com dissecção de aorta abdominal são manejados
clinicamente, exceto nas seguintes condições:

5. Resumo
Quadro-resumo
- Dor torácica na sala de emergência é uma entidade clínica que exige cuidado no seu manejo, pois causas potencialmente fatais podem
ser confundidas com outras de evolução benigna;
-A dissecção de aorta, o TEP e a síndrome coronariana aguda são as patologias que cursam com dor torácica e maior risco de mortali-
dade;
- A causa mais frequente é a dor musculoesquelética;
- Idealmente, os pacientes com causa de dor torácica aguda de origem não definida devem ser avaliados em unidades de dor torácica
para esclarecimento efetivo da causa, conforme protocolos institucionais.

180
S••sc
~
CARDIOLOGIA

c) Escreva a conduta terapêutica para a 1!! hora de atendi-


2014- FMUSP mento. Considere o quadro do paciente inalterado du-
1. Um homem de 58 anos procura o pronto-socorro de rante o período.
um hospital secundário por quadro de desconforto precor-
dial que se iniciou há 2 horas e durou cerca de 20 minu-
tos, enquanto caminhava no quarteirão de casa. Esse des-
conforto foi acompanhado de náuseas e de sudorese fria,
irradiava-se para a região da mandíbula e melhorou com
o repouso. Teve quadro similar no dia anterior, durante
partida de futebol com amigos, que melhorou assim que
se deitou em casa. Faz acompanhamento ambulatorial re-
gular por hipertensão há 10 anos (em uso de hidrocloro-
tiazida) e tem sorologia positiva para doença de Chagas há
5 anos. É tabagista (carga tabágica total de 25 anos/maço
e não faz uso de outras medicações. No momento, relata
2014- FMUSP
novo episódio de dor, nota 6 em 10, mesmo ao repouso, 2. Um paciente de 62 anos, hipertenso, diabético e obe-
há 10 minutos. No exame clrnico, apresenta-se em regu- so, é trazido ao pronto-socorro, pois há 10 minutos iniciou
lar estado geral, corado, hidratado, eupneico, com FR = intenso mal-estar e, na sequência, tornou-se arresponsi-
20irpm, FC = 82bpm, PA = 170x90mmHg, pulsos presentes vo. Foi levado à sala de emergência e monitorizado. O mo-
e simétricos bilateralmente sem alterações. Exames pul- nitor cardíaco apresentava o seguinte traçado:
monar, cardíaco e de membros sem alterações. Foi realiza-
do um eletrocardiograma, mostrado a seguir:

a) Cite a conduta terapêutica imediata para o caso.

a) Cite a conclusão do laudo do eletrocardiograma. As condutas adequadas foram realizadas. No momento, o


paciente está sedado e sob ventilação mecânica controla-
da. PA = 120x78mmHg, pulso = 72bpm e glicemia capilar =
80mg/dl. O exame clínico não mostrou outras alterações.
As curvas do ventilador e o eletrocardiograma realizado
no momento encontram-se a seguir:

b) Cite a principal hipótese diagnóstica para o caso.

183
CASOS ClÍNICOS

30
Pressão (cmH 20) 2014 - UNIFESP
25
3. Um homem de 72 anos teve parada cardiorrespira-
r- ..-- r-- r-- tória (PCR) por fibrilação ventricular, tendo sido reani-
20 mado por 10 minutos. O eletrocardiograma pós-parada
mostrava infradesnivelamento do segmento ST de V2-V6.
15
Foi encaminhado para a cineangiocoronariografia, pelos
10 antecedentes pessoais de hipertensão arterial sistêmica e
tabagismo. Na UTI, foi ocasionada hipotermia terapêutica,
5
e foi iniciada bomba de insulina mantendo glicemias entre
o 140 e 180mg/dl, já que estavam em torno de 250mg/dl.
Foram ajustados os parâmetros do ventilador, e o paciente
Fluxo (L/ s)
1,2 permaneceu com Fi0 2 = 100% e Sat0 2 = 100%. A gasome-
1 tria arterial foi: p0 2 = 180mmHg.
0,8
0,6 \ ~ Í\ a) Segundo o ACLS-2010, qual das medidas pós-PCR foi
0,4 \ \ \ \ inadequada?
0,2
o
-0,2 ~ ~ ~
-0,4 / / / /
I I 11 I
-0,6
-08

Volume (L)
0,6

0,5 A A A

0,4 I \ I I
0,3 I \ I \ \ I \
0,2 I \ I \ \ \ 2014 - UNIFESP
0,1 1/ \ I \ \
o '-1 '-1 '-1 4. Uma mulher de 58 anos, diabética, hipertensa, em uso
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1 de metformina, sinvastatina, captopril, ácido acetilsalicíli-
-0,1
Tempo (s) co, glibenclamida e anlodipino, tem creatinina = 1,5mg/
dl. Mantém PA adequada e bom controle glicêmico. Foi
b) Cite a conclusão do laudo do eletrocardiograma. indicada cineangiocoronariografia com ventriculografia.

a) Qual(is) medicamento(s) você suspenderia antes do


procedimento?

c) Cite o modo ventilatório.

2014 - UNIFESP
5. Um homem de 54 anos, hipertenso, diabético e ta-
bagista, chegou com dor precordial opressiva há 1 hora,
acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese. Foi reali-
zado o eletrocardiograma a seguir:

184
CARDIOLOGIA

a) Que ajustes você faria na prescrição da paciente?


o VR V1
••

2014 - UNIFESP
8. Uma mulher de 65 anos, de 45kg, em tratamento am-
a) Qual é a conduta terapêutica indicada para o paciente bulatorial para insuficiência cardíaca congestiva em uso de
no momento? captopril 25mg a cada 8 horas, furosemida 40mg/d, carve-
dilol 12,Smg a cada 12 horas, espironolactona 25mg/d e
digoxina 0,25mg, chegou ao pronto-socorro com tontura,
náusea, vômitos e dispepsia. Ao exame: dispneica, acianó-
tica, anictérica, orientada, com estertores crepitantes ba-
sais, ritmo cardíaco regular em 3 tempos (B3), sopro sistó-
= =
lico no foco mitral (+/4+), FC 40bpm, PA 100x70mmHg,
estase jugular, hepatomegalia, edema de membros infe-
riores (++/4+), sem sinais de TVP. Foi realizado o seguinte
exame:

c 400 UI. OZ 29 . Har . 1Z 05:27

2014 - UNIFESP
6. Um homem de 62 anos chegou ao pronto-socorro com
quadro de disúria e sonolência há 24 horas. Ao exame, FC
= 120bpm, PA = 90x60mmHg, Sat0 2 = 92% em ar ambiente,
Tax = 38,2"C e sinal de Giordano positivo. Exames iniciais:
lactato = 60mg/dl (VR = até 14), leucograma = 20.000/
mm 3 (10% de bastões). O paciente encontra-se anúrico há Aut.o ~/s 1o-1.u SAD

6 horas, mesmo após expansão volêmica adequada.

a) Qual deve ser a meta do lactato que já faria diferença


nas primeiras 6 horas de evolução da doença?

a) Qual é o diagnóstico mais provável da paciente, no mo-


mento?

2014 - UNIFESP
7. Uma mulher de 66 anos, negra, hipertensa, deprimida
e dislipidêmica, atualmente está em uso de propranolol
20mg 2x/d, sinvastatina 20mg pela manhã, anlodipino
10mg pela manhã e sertralina SOmg à noite.

185
CASOS CLÍNICOS

c) Considere que a principal hipótese diagnóstica etioló-


gica foi confirmada. Cite a(s) conduta(s) terapêutica(s)
2013- FMUSP indicada(s) ao caso.
9. Uma mulher de 36 anos procura o ambulatório de Clí-
nica Geral com queixa de falta de memória e dificuldade
de concentração há 4 meses. Durante o período, refere
perda de 6kg, equivalente a 12% de seu peso, além de di-
ficuldade para dormir e palpitações. Nega dispneia, dor
torácica ou síncope no período, além de tabagismo, eti-
lismo ou uso de drogas ilícitas. Não tem doenças prévias
conhecidas e não faz uso de medicamentos. No exame
clínico, encontra-se em regular estado geral, hidratada,
corada, acianótica, eupneica, com PA = 170x60mmHg, FC = 2012 - UNIFESP
132bpm, FR = 20irpm e Sat0 2 em ar ambiente = 99%. Aus-
culta cardíaca: bulhas taquicárdicas normofonéticas em 2
1 O. Uma mulher de 58 anos, negra, procurou o ambu-
latório de Clínica Médica, pois tem se sentido mais triste.
tempos, sem sopros. Semiologias pulmonar, abdominal e Refere ganho de peso não quantificado, obstipação intes-
de membros sem alterações. Traz eletrocardiograma, rea- tinal, mialgia e hipersonia. Antecedentes pessoais: taba-
lizado na última semana. gista de 30 anos/maço, hipertensão arterial sistêmica em
uso de propranolol 40mg/d e captopril 75mg/d, diabetes
mellitus tipo 2 em uso de glibenclamida 10mg/d e metfor-
mina 2.550mg/d, e dislipidemia em uso de sinvastatina
20mg/d. Ao exame: peso = 80kg, altura = 1,58m, circun-
ferência abdominal = 94cm, PA = 160x100mmHg e FC =
70bpm. Encontra-se em bom estado geral, corada, anicté-
rica, acianótica, com as palmas das mãos amareladas. As
auscultas pulmonar e cardíaca e o abdome não têm alte-
rações. Além disso, edema de membros inferiores (2+/4+)
e pulsos presentes e simétricos. Exames complementares:
Hb = 10g/dl; Ht = 30%; colesterol total = 240mg/dl; HDL
= 30; LDL = 180; triglicérides = 550; TGO = 80; TGP = 100;
bilirrubinas totais= 1 (bilirrubina direta = 0,7); CPK = 200;
glicemia de jejum = 100mg/dl; glicemia pós-prandial =
205mg/dl; Hb glicada = 8%; ureia = SOmg/dL; creatinina
a) Cite a conclusão do laudo do eletrocardiograma.
= 1,3mg/dl; ácido úrico= 9mg/dl e urina tipo I normal.

a) Qual é a melhor medida não farmacológica para o con-


trole da hipertensão arterial da paciente?

b) Cite o exame que confirma a principal hipótese diagnós-


tica para o caso.

186
CARDIOLOGIA

b) Cite a classe medicamentosa mais indicada para o con-


trole da hipertrigliceridemia da paciente.

b) Quais dos medicamentos citados no enunciado podem


contribuir para essa alteração?

c) Que exames devem ser solicitados para avaliar a lesão


de microcirculação?

2012 - UNICAMP
1 2. Uma mulher de 43 anos é admitida no pronto-so-
corro queixando-se de palpitações, mal-estar e sudore-
d) Qual é a meta de PApara a paciente? se fria há 30 minutos e refere 3 episódios autolimitados
de palpitações acompanhadas de sensação de desmaio
=
nos últimos 12 meses. Exame físico: FC 170bpm e PA =
62x44mmHg. Realizou o ECG a seguir:

a) Qual é o tratamento imediato para a paciente?


2012 - UNICAMP
11 . Um homem de 42 anos, negro, está em acompa-
nhamento por insuficiência renal crônica secundária a hi-
pertensão arterial e vem à consulta em uso de captopril
7Smg/d, hidroclorotiazida 25mg/d, furosemida 80mg/d e
espironolactona SOmg/d. Além disso, traz o seguinte ECG:

t-r-1 + -
.. -r ., ~ .,.- b) Cite 3 drogas de uso ambulatorial que podem evitar no-
1 -r' i1'1'Tl FJ-
vos episódios.

-+ - f-<
1fT' T h !'f
Ih

p ftb<!

--I++ _. -
- bel
r'
±k!
+
u .• •• ..,..
~~·---
t
~~

I
:::11
c+
- ~

a) Qual é a alteração metabólica relacionada ao ECG?

187
CASOS CLÍNICOS

2012 - UNICAMP tivas; estase jugular móvel presente a 45" e extremidades


quentes; bulhas rítmicas normofonéticas com sopro sistó-
1 3. Uma mulher de 32 anos, com antecedente de ane- lico (1+/6+), audível em todos os focos e com maior niti-
mia falciforme, vem ao pronto-socorro queixando-se de dez no foco aórtico acessório; murmúrio vesicular presen-
dor torácica, falta de ar e febre há 2 dias e dor nos mem- te com estertores finos nas bases; semiologia abdominal
bros inferiores há 4 dias. Ao exame físico, em regular es- normal; membros inferiores: edema (2+/4+), depressível e
= =
tado geral, com FC 124bpm, PA 118x78mmHg, FR = sem sinais de Trombose Venosa Profunda (TVP); articula-
32irpm, Sat0 2 = 93% (ar ambiente), esta se jugular presen- ções: sem sinais flogísticos. Foram solicitados os seguintes
te, bulhas "em ritmo de galope", com desdobramento fixo exames complementares:
da 2! bulha, murmúrio vesicular diminuído globalmente - Radiografia de tórax: discreto aumento da área cardíaca
com estertores nas bases pulmonares, abdome plano, com sinais de congestão nas bases;
pouco distendido, e ruídos hidroaéreos diminuídos. Além - ECG:
disso, não apresenta edema. Hemograma: Hb = 4,2g/dl,
= = =
Ht 22%, leucócitos 13.800/mm3 e plaquetas 270.000/
mm 3 •

a) Cite a principal hipótese diagnóstica.

- Ecocardiograma: aumento do volume diastólico final,


b) Cite as 5 medidas terapêuticas que devem ser iniciadas. fração de ejeção de 70%, sem alteração de relaxamento,
sem inversão E:A, sem derrame pericárdico, sem sinais
de restrição diastólica;
-Endoscopia digestiva alta: gastrite enantemática mode-
rada, sem ulcerações, com teste da uréase positivo;
- Exames laboratoriais:

- Ureia: 40mg/dL;
- Creatinina: lmg/dL;
- Na•: 135mEq/L;
·-
- K•: 4mEq/L;
2011- FMUSP J· Urina tipo 1: normal;
14. Uma mulher de 40 anos é internada na enfermaria - Hb: 4g/dl;
de Clínica Geral e tem diagnóstico de Lúpus Eritematoso - Ht: 13%;
Sistêmico (LES) há 2 anos, ocasião em que o quadro clínico i--
- VCM: 95fL;
foi articular. No último ano, esteve em uso de cloroquina,
com controle total dos sintomas articulares, e, nos últimos - HCM: 30pg;
6 meses, tem sentido cansaço progressivo aos esforços -Leucócitos: 4.000mm 3 (2% de bastões, 62% de neutrófilos, 34%
e edema vespertino dos membros inferiores. Na última de linfócitos, 2% de eosinófilos);
semana, sentiu cansaço para andar 1 quarteirão. Refere - Plaquetas: 100.000/mm3 ;
ciclos menstruais irregulares, com hipermenorragia há 5
- Reticulócitos corrigidos para taxa de hemoglobina: 0,3%
anos, além de queimação epigástrica diária nos últimos (15.000/mm');
6 meses, com piora à alimentação. Nega qualquer outro I--
- Ferritina: 41J.g/dL;
sintoma e antecedente patológico relevante. Ao exame
clínico: em bom estado geral, consciente, orientada, hi- - Ferro sérico: l01J.g/dL;
dratada, afebril, descorada (3+/4+), anictérica, com FR = - Saturação de ferro: 5%;
= = =
24irpm, FC 136bpm, Tax 36,6"C e PA 120x52mmHg; -Capacidade total de ligação: 5501J.g/dL;
orofaringe: língua lisa, não se identificando papilas gusta-

188
o-o----
CARDIOLOGIA

- DHL: 2.000UI; fundoscopia representada na Figura a seguir. FC = 56bpm,


;----- PA = 210x144mmHg, FR = 12irpm, Sat0 2 em ar ambiente =
- Bilirrubinas totais: lmg/dl;
94% e glicemia capilar= 120mg/dl. Semiologias cardíaca,
- Testes de Coombs direto e indireto: negativos; pulmonar, abdominal e de membros normais.
- Haptoglobina: 80mg/dL;
- rndice de segmentação de neutrófilos: 7%;
- Slobos: 18%; 6 ou mais lobos- 2%;
- PCR: 2mg/dl;
- Complemento total, C3 e C4: normais;
[ - Dosagem de ácido fólico e vitamina 812: em análise.

a) Cite o diagnóstico eletrocardiográfico.

b) Cite os diagnósticos da paciente. a) Descreva a imagem encontrada no exame de fundo de


olho.

c) Faça a prescrição inicial da paciente.

b) Cite a conduta na sala de emergência e inclua os exames


complementares a serem solicitados nas primeiras ho-
ras do atendimento.

2011- FMUSP
1 5. Um homem de 55 anos apresenta-se no pronto-
-socorro de um hospital secundário, com queixa de cefa-
leia e vômitos há 12 horas. É hipertenso de longa data, em
tratamento irregular com atenolol 50mg/d. Exame clínico:
em regular estado geral, corado, acianótico, eupneico, hi-
dratado, desorientado no tempo e no espaço (pontuação
2011 - UNICAMP
na escala de coma de Glasgow: 14), ausência de sinais 16. Um homem de 54 anos, hipertenso, em uso de
meníngeos, sem sinais neurológicos focais. Foi realizada a nifedipino e propranolol, chega ao pronto-socorro quei-

189
CASOS CLÍNICOS

xando-se de falta de ar com piora progressiva há 2 dias.


O exame físico mostra paciente consciente, orientado,
dlspneico e com dificuldade para falar. FC = 112bpm, PA
= 240x130mmHg, FR = 32irpm e Sat0 2 = 95%. Apresenta,
também, galope na ausculta cardíaca e estertores nas ba-
ses pulmonares. Não apresenta edema nos membros infe-
riores, e o exame neurológico é normal.

a) Quais são os diagnósticos sindrômicos?

a) Qual é o diagnóstico eletrocardiográfico?

b) Quais condutas devem ser prontamente iniciadas?

b) Qual é a conduta terapêutica inicial a ser adotada?

2010- FMUSP
1 7. Um homem de 71 anos é levado ao pronto-socorro
devido a uma testemunhada perda aguda de consciên-
cia, sem evidência de trauma ou quadro convulsivo. No 2009 - FMUSP (BASEADA NA PROVA)
momento da perda, estava fazendo exercícios físicos na 18. Um paciente de 74 anos, com antecedentes de hi-
academia, havia cerca de 30 minutos, e permaneceu desa- pertensão arterial (há 23 anos) e diabetes mellitus tipo 2
cordado por menos de 1 minuto, com recuperação rápida (há 12 anos), dá entrada no pronto-socorro de Clínica Mé-
e completa. Nega dor torácica, palpitações, tonturas, disp- dica confuso, com queixa de dispneia ao falar. Familiares
neia ou episódios prévios. Há 4 meses, iniciou tratamento relatam irregularidade do tratamento proposto para doen-
para hipertensão arterial e, desde então, está em uso de ças de base (não sabiam referir medicações utilizadas),
atenolol SOmg/d e diltiazem 60mg, 8/Sh. No momento, mas negam eventos similares anteriores. Contam, ainda,
está assintomático. O exame clínico mostra bom estado que, há 2 anos, o paciente vem apresentando "cansaço"
geral, consciente, orientado, com PA = 100x60mmHg (dei- no início para subir escadas e andar rápido, mas, no último
tado e em pé), FC = SObpm, FR = 20irpm, Sat0 2 = 96% (em mês, não conseguia andar pela vizinhança. Há 3 dias, tinha
ar ambiente) e glicemia capilar= 90mg/dl. Não apresenta "falta de ar" para comer, tomar banho e até para dormir,
outras alterações ao restante do exame clínico, incluindo além das pernas muito "inchadas". Ao exame físico, en-
o neurológico. Na sala de emergência, foi realizada mo- contrava-se em regular estado geral, descorado (1+/3+),
nitorização cardíaca e foi obtido acesso venoso. O ECG afebril, consciente e desorientado, com FC = 90bpm, FR
também foi realizado (Figura), assim como os seguintes = 26irpm, PA = 160x100mmHg, ausculta cardíaca com bu-
exames complementares: hemograma, eletrólitos e mar- lhas hiperfonéticas e presença de 83, murmúrios vesicula-
cadores de lesão cardíaca, os quais estavam dentro dos res reduzidos globalmente com estertores crepitantes nas
limites da normalidade. bases, abdome sem alterações, edema de membros infe-

190 ____~~----~~~--~------------------------------
CARDIOLOGIA

riores (2+/3+} até a raiz das coxas, simétrico. O ECG realiza- MEDCEL
do no pronto-socorro mostrava onda Q patológica em 011,
0111 e aVF, e o raio x de tórax, infiltrado pulmonar difuso 19. Uma paciente de 58 anos, previamente com hiper-
nas bases. O paciente apresentou insuficiência respirató- tensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, procurou o
ria, sendo realizada intubação orotraqueal, evoluindo mal pronto-socorro com queixa de palpitação há 1 dia e evo-
luiu com dispneia intensa há cerca de 3 horas. Ao exame
e encaminhado para o CTI. A gasometria sob ventilação
físico, apresenta regular estado geral, Glasgow = 15, mur-
=
mecânica, realizada no local, evidenciou pH 7I 25 I pCO 2 =
múrio vesicular positivo com estertores crepitantes em
16mmHg, p0 2 = 90mmHg, BIC = 11 e Sat0 2 = 90%.
2 terços bilaterais, bulhas rítmicas normofonéticas em 2
a) Que fatores poderiam ter desencadeado a descompen- tempos, sem sopros, FC = 170bpm, PA = 120x80mmHg e FR
sação do quadro de base? = 36irpm. Foi realizado o ECG a seguir:

b} Indique a classe funcional do paciente na admissão.


a) Qual é o diagnóstico sindrômico?

c) Qual é o distúrbio acidobásico presente na gasometria? b) Que conduta deverá ser tomada? Por quê?

c) Quais passos devem ser seguidos no procedimento defi-


d} Mencione 3 indicações para o uso de ventilação me-
nido?
cânica.

191
CASOS ClÍNICOS

d) Caso a paciente estivesse estável e com quadro clínico - ECG:


evoluindo há 4 dias, qual seria a conduta?

MEDCEL
20. Uma mulher de 25 anos, profissional do sexo, sem
outros fatores de risco, apresenta quadro de dispneia de
início há 2 dias, durante passeio no parque, com piora pro-
gressiva. Ela refere quadro "gripal" há 1 semana, princi-
palmente quando faz inspirações profundas, com saída de
secreção hialina, e nega febre nesse período, assim como - Radiografia de tórax:
alterações urinárias, corrimento vaginal e patologias pré-
vias. Antecedentes: 10 cigarros por dia há 10 anos; uso de
anticoncepcionais orais; ao exame físico, ansiosa, taquip-
neica; ritmo cardíaco regular em 2 tempos, sem sopros
taquicárdicos; FC = llObpm; murmúrio vesicular positivo
bilateralmente, sem ruídos adventícios; Sat0 2 = 91% em ar
ambiente; FR = 28irpm, rápidas e superficiais; e membros
inferiores sem edemas e sem sinais de trombose venosa
profunda.

a) Qual é a sua principal hipótese e que exames você soli-


citaria para a avaliação inicial? Justifique.

b) Esses resultados reforçam ou refutam a sua hipótese


diagnóstica? Justifique.

Os achados dos exames iniciais foram:


-Gasometria arterial:
· pH = 7,39;
· p0 2 = 62mmHg; c) Quais exames poderiam confirmar definitivamente a
· pC0 2 = 28mmHg; sua hipótese diagnóstica?
· BIC = 27;
· BE = -0,5;
· Sat0 2 = 90,5%.
- Hemograma:
· Hb = 12,8g/dl;
· Ht = 37%;
· Leucócitos = 6.300 (bastonetes = 3%, segmentados =
77%, eosinófilos = 3%, linfócitos= 14%, monócitos = 3%);
·Plaquetas= 257.000.

192
CARDIOLOGIA

A paciente realizou tomografia de tórax, que confirmou o


quadro de falha de enchimento na artéria pulmonar direi-
ta, revelando trombo em seu tronco.

c) O que teria indicado cardioversão imediata?

d) Qual tratamento deve ser empregado?


d) Quais são as indicações de anticoagulação em fibrilação
atrial crônica?

MEDCEL
21 . Um paciente de 61 anos, com antecedente de hi- MEDCEL
pertensão arterial sistêmica e tabagismo, procura seu con-
sultório com queixa de palpitações há, aproximadamente,
22. Um paciente de 78 anos é levado ao pronto-socorro
por apresentar síncope há 1 hora. Previamente hiperten-
4 meses, sem outras queixas associadas. Ao exame físico,
so, está em uso regular de medicações. Ao exame físico,
chama a atenção FC = 120bpm. Você realiza ECG, que mos-
mostra Glasgow = 13, murmúrio vesicular positivo sem
tra fibrilação atrial. Sobre esse caso:
ruídos adventícios, bulhas rítmicas normofonéticas em 2
a) O que você pode usar para controlar a FC? tempos sem sopros, FC = 40bpm, PA = 110x80mmHg e FR =
12irpm. Foi realizado o ECG a seguir:

... ..
,..L!I L ,::,

:t~ c r
~

~. ~~ ·f' t I .l
.
t ln:i~r: f ~t"'~ ~~ ! c-<·1-- ·~
t
'
L
=
l o"'~~~

a) Qual é o diagnóstico?

b) Que critérios podem ser usados para determinar que o


controle da FC esteja efetivo?

193
CASOS CLÍNICOS

b) Quais são as possíveis causas dessa alteração eletrocar-


diográfica?

c) Que medidas farmacológicas podem ser utilizadas nesse


caso?

a) Qual é o diagnóstico?

d) Especificamente, qual é a melhor conduta?


b) Que conduta deve ser seguida?

c) Quais são as bases do tratamento?


MEDCEL
23. Um paciente de 58 anos, portador de insuficiência
cardíaca congestiva, em uso irregular de medicações, pro-
cura o hospital com queixa de dispneia progressiva aos
esforços há 1 mês e intenso edema de membros inferio-
res. Hoje, houve considerável piora da dispneia. Ao exa-
me físico, apresenta regular estado geral, Glasgow = 15,
murmúrio vesicular positivo com estertor crepitante até o
ápice, bulhas rítmicas normofonéticas em 2 tempos, com
sopro sistólico regurgitativo em foco mitral, FC = 82bpm,
PA =170x80mmHg e FR =36irpm. Foi realizado o raio x de
tórax a seguir:

194
CARDIOLOGIA

d) Que outra conduta pode impactar positivamente esse c) Qual é a conduta terapêutica inicial?
quadro?

d) Segundo a última diretriz brasileira de hipertensão, qual

MEDCEL é a meta pressórica para a paciente?

24. Uma mulher de 60 anos comparece a consulta de


rotina, está assintomática do ponto de vista cardiovas-
cular e refere medida ocasional de PA, previamente, de
160x100mmHg, há 6 meses. Além disso, refere tabagismo
e dislipidemia e está em uso de sinvastatina 40mg à noi-
te. Ao exame, mostra peso = 62kg, altura = l,SSm, PA =
= =
170x120mmHg, FC 76bpm e FR 12irpm. Além disso, au-
sência de estase jugular; bulhas rítmicas normofonéticas
em 2 tempos sem sopros e murmúrio vesicular positivo
sem ruídos adventícios; abdome plano, depressível, com
ruídos hidroaéreos normais, sem sopros abdominais e
A paciente retorna sem controle adequado da pressão ar-
sem edemas, mas com perfusão periférica adequada.
terial e com exames solicitados sem alterações.
a) Segundo a última diretriz brasileira de hipertensão arte-
e) Qual é o próximo passo na investigação diagnóstica?
rial, qual é o estágio da hipertensão da paciente?

b) Que exames iniciais devem ser solicitados na avaliação


da paciente? f) Cite 4 causas de hipertensão secundária.

195
I CASOS CLÍNICOS

g) Para a paciente em questão, há necessidade de inves-


tigação para hipertensão secundária? Se houver, qual RESPOSTAS
será a hipótese mais provável e o exame indicado para a
sua investigação? Caso 1
a) Eletrocardiograma normal.
b) Síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento
do segmento S.
c) Ácido acetilsalicílico/nitrato/clopidogrel/inibidor da gli-
coproteína llb/llla/enoxaparina.

Caso 2
a) Desfibrilação.
b) Hipercalemia.
Os níveis elevados de potássio (hipercalemia >S,SmEq/L)
inativam os canais de sódio, reduzindo a velocidade de
condução. A hipercalemia causa alterações na onda P,
no QRS e na repolarização ventricular.
-Onda T "em tenda": alteração mais precoce;
- Prolongamento do intervalo PR;
- Onda P achatada;
- Ritmo sinoventricular;
- Alargamento do QRS e distúrbios de condução intra-
ventricular;
-Bloqueio atrioventricular (bloqueio de 2º ou 3º grau);
- Ritmo senoide, fibrilação ventricular ou assistolia.
c) Ventilação controlada a pressão.

Caso 3
a) Hiperoxigenação.

Caso4
a) Captopril e metformina.

Caso 5
a) Angioplastia primária ou trombólise.

Caso 6
a) Diminuir o lactato em 10%/manter valor abaixo de
54mg/dl/normalizar o lactato.

Caso 7
a) -Suspender/trocar propranolol por outra classe;
- Passar sinvastatina para ser tomada à noite.

CasoS
a) Intoxicação digitálica.
A dose habitual de digoxina é de 0,25mg/d, variando
(0,125 a O,Smg/d) de acordo com a idade, a massa cor-

196
CARDIOLOGIA

pórea e a função renal. O fracionamento pode estar in- c) Devem ser solicitados fundo de olho para o diagnóstico
dicado quando as doses são maiores do que 0,25mg/d de retinopatia diabética e proteínas totais em urina de
e há necessidade de ação terapêutica mais uniforme. 24 horas (valores de proteinúria 430mg/L apresentam
A digitoxina tem meia-vida maior em idosos (de 4 a 6 sensibilidade de 100% e especificidade de 80% para o
dias). Nestes, a intoxicação digitálica é frequente (20% diagnóstico de nefropatia clínica). Valores de albuminú-
dos casos) e deve ser suspeitada em caso de náuseas, ria = 17mg/L são considerados diagnósticos de micro-
hiporexia, vômitos, diarreia, alucinações visuais (enxer- albuminúria (nefropatia incipiente), e valores menores
ga-se em faixas verde-amarelas ou vê-se um halo), con- do que estes são considerados normais; a presença de
fusão mental, vertigens, insônia. Toda atenção deve ser microalbuminúria deve ser confirmada em urina de 24
dada aos distúrbios do potássio: a hipo e a hipercalemia horas com tempo marcado.
modificam os efeitos do digital no músculo cardíaco. Por
Para o diagnóstico do pé diabético, a avaliação clínica
isso, a dose de digital deve ser a metade da usual, e a
baseia-se em exame físico dos pés, que inclui a inspe-
posologia pode ser o seu uso em dias alternados. Os di-
ção e a palpação da pele (coloração e temperatura), das
gitálicos devem ser usados com cautela na presença de:
unhas, do subcutâneo e da estrutura dos pés, a palpa-
arritmias ventriculares complexas, bloqueio atrioventri-
ção dos pulsos arteriais tibial posterior e pedioso (que
cular, bradiarritmias, idosos, infarto agudo do miocár-
pode estar ausente em 10% de indivíduos normais) e a
dio, hipoxêmicos.
avaliação da sensibilidade protetora plantar. Idealmen-
te, esta deve ser feita utilizando monofilamento de 10g
Caso 9
em 6 regiões do pé. Medidas da pressão sistólica com
a) O traçado é de fibrilação atrial. A atividade elétrica atrial Doppler, da pressão no tornozelo e do índice tornozelo-
é desorganizada, com resposta ventricular variável, mas braço, análise das formas de onda do Doppler, análise
de alta resposta ventricular no caso, em torno de 150/ gráfica do volume do pulso, medidas de pressão nos de-
min. A irregularidade da linha de base é formada pelas dos do pé e pressão transcutânea de oxigênio também
ondas F, que, por definição, têm frequência entre 450 e podem ser realizadas.
700 ciclos/min.
d) Recomenda-se que a pressão arterial seja reduzida a va-
b) TSH. A principal hipótese diagnóstica é hipertireoidis- lores inferiores a 130x80 e a 125x75mmHg, se houver
mo. Trata-se de mulher jovem, com emagrecimento proteinúria >1g/24h, por serem pacientes de alto risco
importante, palpitações e insônia, aspectos que fazem para eventos cardiovasculares.
parte do quadro de hipertireoidismo. Não ingere álco-
ol nem faz uso de drogas ilícitas, ambas causas de fi- Caso 11
brilação atrial aguda. No exame físico, o diferencial de
pressão aumentada também ajuda na caracterização do a) Hiperpotassemia.
hipertireoidismo, um quadro hiperdinâmico. Os níveis elevados de potássio (hipercalemia >5,5mEq/L)
inativam os canais de sódio, reduzindo a velocidade de
c) A conduta vai depender da etiologia do hipertireoidis-
condução. A hipercalemia causa alterações na onda P,
mo, portanto as medicações, a radioiodoterapia ou a ci-
no QRS e na repolarização ventricular.
rurgia podem ter indicação. Com relação à arritmia em
-Onda T "em tenda": alteração mais precoce;
si, a melhor conduta é o uso de betabloqueadores para
- Prolongamento do intervalo PR;
diminuir a resposta ventricular, já que a reversão não
- Onda P achatada;
teria indicação agora, visto que, se o processo de base
- Ritmo sinoventricular;
não está controlado, a arritmia vai recorrer.
- Alargamento do QRS e distúrbios de condução intra-
ventricular;
Caso 10
- Bloqueio atrioventricular (bloqueio de 2º ou 3º grau);
a) Cessar o tabagismo, que deve ser agressivamente com- - Ritmo senoide, fibrilação ventricular ou assistolia.
batido e eliminado. Hipertensos podem usar, com b) Captopril e Aldactone®.
segurança, terapias reposicionais com nicotina para Pacientes com cardiopatia, principalmente com insufi-
abandono do tabagismo. Eventual descontrole de peso ciência cardíaca e disfunção renal, em uso de inibidor da
observado com a abolição do tabaco, embora seja tran-
enzima conversora de angiotensina ou bloqueador da
sitório e de pequeno impacto no risco cardiovascular,
aldosterona associado a espironolactona, são atendidos
não deve ser negligenciado.
em unidades de emergência com bloqueios atrioventri-
b) No tratamento da hipertrigliceridemia isolada, são prio- culares avançados secundários a hipercalemia, com es-
ritariamente indicados os fibratos e, em 2º lugar, o ácido capes com frequência baixa e QRS largo, com risco de
nicotínico ou a associação de ambos. óbito.

197
CASOS CLÍNICOS

Caso 12 ma nervoso central e, se normal, liquor para descartar


hemorragia meníngea. Outros exames necessários a
a) Cardioversão elétrica sincronizada . pacientes com emergências hipertensivas incluem he-
b) Propranolol, atenolol, metoprolol, diltiazem, verapamil. mograma completo, raio x de tórax, glicemia capilar,
eletrocardiograma, provas de hemólise, urina I e função
renal, para descartar complicações renais associadas a
Caso 13
hipertensão.
a) Infarto pulmonar como complicação frequente da ane-
mia falciforme. Caso 16
b) Oxigênio, analgesia, hidratação, antibioticoterapia e a) Emergência hipertensiva e edema agudo pulmonar. O
transfusão sanguínea. quadro é compatível com insuficiência cardíaca descem-
pensada (pode haver componente diastólico predomi-
Caso 14 nante, sugerido pela hipertensão severa).

a) Eletrocardiograma com ritmo sinusal sem outras altera- b) Oxigênio; acesso venoso; monitorização cardíaca; apli-
ções, mas com frequência aumentada . A resposta é, cação de nitroprussiato de sódio e furosemida. Morfina
portanto, taquicardia sinusal. e nitrato podem ser utilizados como tratamento de 2ª
linha caso não haja melhora clínica com as medidas an-
b) A paciente apresenta quadro de dispneia e edema dos teriores. Devem ser realizados exames subsidiários para
membros inferiores sugestivos de insuficiência cardía- avaliação da função renal, isquemia miocárdica (enzi-
ca, com ecocardiograma normal e grande diferencial de mas cardíacas), eletrocardiograma para investigação de
pressão arterial e níveis baixos de hemoglobina, o que arritmias ou isquemia miocárdica. Após a administração
sugere quadro de insuficiência cardíaca de alto débi- de nitroprussiato de sódio, está indicada a monitoriza-
to, provavelmente por cor anêmico. Apresenta, ainda, ção contínua da pressão arterial.
quadro de anemia com ferritina em níveis baixos que
são patognomônicos de anemia ferropriva; ainda as-
sim, a paciente mantém VCM normal e até próximo do
Caso 17
limite superior da normalidade, sugerindo outra causa a) Ritmo sinusal, eixo QRS preservado (em torno de 75•) e
de anemia que curse com macrocitose com DHL alto. bloqueio atrioventricular de 3º grau (BAVT) com escape
Como está aumentada a segmentação de neutrófilos, o juncional.
diagnóstico provável é de anemia megaloblástica, lem-
brando que a paciente apresenta teste de Coombs ne- b) O paciente deve permanecer em observação e ser mo-
gativo, o que descartou anemia hemolítica autoimune nitorizado em leito de unidade de terapia intensiva, re-
associada ao LES. A paciente tem, ainda, quadro dispép- cebendo oxigênio inalatório e com acesso venoso pun-
tico com gastrite à endoscopia, caracterizando dispepsia cionado. A necessidade de marca-passo transcutâneo
funcional. deve basear-se na presença, ou não, de estabilidade
clínica . Como o paciente não apresenta dor torácica,
c) 1- Dieta geral. hipotensão arterial, alteração do nível de consciência,
2 -Transfusão de concentrado de hemácias. dispneia ou sinais de congestão pulmonar, devem-se co-
3- Bloqueador H2 ou da bomba de prótons para dispepsia. locar as pás do marca-passo transcutâneo, porém este
4 - Heparina S.OOOU SC, de 12/12h, ou de baixo peso só deve ser ligado caso o paciente apresente algum sin-
molecular, pois se trata de paciente lúpica, de alto risco toma ou sinal de instabilidade clínica.
para eventos tromboembólicos na internação. Outra medida inicial necessária é a suspensão das dro-
gas em uso (cronotrópicos negativos, que podem estar
Caso 15 relacionados ao aparecimento do bloqueio). Outros
exames úteis na investigação etiológica, além daqueles
a) Trata-se de paciente com papiledema caracterizando re-
já realizados na admissão, são TSH (afastar hipotireoidis-
tinopatia hipertensiva grau IV. Também tem hemorra-
mo) e ecocardiograma, para avaliar a função ventricular
gias retinianas e, portanto, achados de encefalopatia
(afastar miocardite, cardiomiopatia dilatada, doenças
grau 111; assim, tem hipertensão arterial sistêmica acele-
valvares). Não havendo reversão após a suspensão das
rada maligna .
drogas e afastados diagnósticos alternativos (distúrbios
b) A pressão arterial deve baixar cerca de 20% do valor ini- eletrolíticos, hipotireoidismo, miocardite, isquemia,
cial durante a 1ª hora, com droga parenteral, como o doenças inflamatórias), deve-se considerar indicação de
nitroprussiato de sódio. O paciente deve realizar tomo- marca-passo definitivo por BAVT de etiologia degenera-
grafia de crânio para descartar sangramentos do siste- tiva.

198----------------------------------------------- ---------------------------------------------
CARDIOLOGIA

Caso 18 d) Entre pacientes com mais de 48 horas, em quem se de-


seja realizar cardioversão elétrica, há 2 opções:
a) O paciente apresenta fatores de risco para doença car- - Realizar ecocardiograma transesofágico; caso não seja
diovascular e quadro sugestivo de insuficiência cardíaca visualizada a presença de trombas, pode-se proceder
congestiva descompensada . As principais causas de des- à cardioversão;
compensação são má adesão ao tratamento, evolução - Iniciar anticoagulação, que deve ser realizada por 3
da doença de base, isquemia (onda Q patológica- deve semanas antes da cardioversão e mantida por mais 4
exceder 25% a onda R e durar >0,04s), arritmia, anemia semanas após sua realização.
e infecção (já que nem todo idoso apresenta febre).

b) Na admissão hospitalar (pronto-socorro}, o paciente Caso 20


apresentava dispneia ao repouso, devendo ser classifi- a) A principal hipótese é tromboembolismo pulmonar. A
cado, segundo a New York Heart Association, como clas- paciente tem quadro de início súbito, com característi-
se funcional IV. cas de dor pleurítica (piora com inspirações profundas),
c) O paciente apresenta acidemia (pH = 7,25}. A pC02 es- taquipneia, hipoxemia, sem alterações pulmonares à
perada, no caso de acidose metabólica (BIC = 11}, seria ausculta, sem febre, sem secreção pulmonar indicativa
=
1,5 x BIC + 8 24,5. Como ele apresenta pC02 menor do de quadro pneumônico. Há, ainda, fator de risco para
que o confiado, trata-se de distúrbio misto, com acidose hipercoagulabilidade: uso de anticoncepciona l oral as-
metabólica e alca lose respiratória primárias, não tendo sociado ao tabagismo. Vale lembrar que as tromboses
conseguido compensar o quadro. dos membros inferiores que causam tromboembolismo
pulmonar são, em sua maioria, dos vasos pélvicos, por-
d) Quaisquer das seguintes indicações poderiam ser cita- tanto o exame físico inalterado não afasta a possibilida-
das: de de trombose venosa profunda. Os exames iniciais a
- Dispneia grave com uso de musculatura acessória e serem solicitados são os mais adequados para a avalia-
respiração abdominal paradoxal; ção de quadro respiratório agudo: gasometria arterial,
- FR >35irpm; hemograma, eletrocardiograma e radiografia de tórax.
- Hipoxemia grave (pa0 2 <40mmHg, relação pa0 2-Fi0 2
<200}; b) Os exames laboratoriais reforçam a hipótese diagnóstica
- Acidose grave (pH <7,25) e hipercapnia grave (paC02 de tromboembolismo pulmonar: a gasometria com hipo-
>60mmHg); xemia e hipocapnia mostra achados comuns nessa con-
- Parada respiratória; dição; o hemograma revela que é improvável um quadro
- Rebaixamento do nível de consciência/coma; infeccioso que possa explicar a dispneia e a dor torácica;
-Complicações cardiovasculares; o eletrocardiograma com taquicardia sinusal e sinais de
- Falência de ventilação não invasiva ou contraindica- sobrecarga de câmaras direitas é bastante sugestivo de
tromboembolismo pulmonar, assim como a radiografia
ções a esta .
com achado de opacidade em cunha à direita.

Caso 19 c) Os exames que podem confirmar a hipótese diagnóstica


são:
a) Taquicardia de QRS estreito, RR irregular e ausência de
- Cintilografia ventilação-perfusão;
onda P: fibrilação atrial.
-Tomografia computadorizada de tórax;
b) A conduta a ser seguida é a cardioversão elétrica, pois a - Ressonância nuclear magnética;
paciente apresenta sinais de instabilidade clínica: alte- - Arteriografia: permanece como o padrão-ouro para o
ração do estado mental (mesmo que transitória), dor diagnóstico, porém é um exame com altos índices de
torácica, hipotensão, choque, sinais de insuficiência car- complicações e de difícil execução (motivo pelo qual
díaca aguda ou descompensada. vem sendo raramente empregado).

c) -Passar gel de condutância nas pás do desfibrilador; d) O tratamento é a anticoagulação. A paciente deve rece-
-Administrar analgesia e sedação; ber, inicialmente, anticoagulante intravenoso ou subcu-
-Assegurar que a sincronização do aparelho esteja liga- tâneo, seguido de anticoagulação oral. Após 6 meses,
da; a anticoagu lação pode ser descontinuada, de acordo
- Ajustar a voltagem do aparelho (segundo a arritmia); com a causa do tromboembolismo pulmonar. Algumas
-Afastar a equipe e aplicar as pás sobre o tórax, exer- causas de embolia pulmonar requerem tratamento por
cendo pressão para melhorar a eficácia da cardiover- tempo indeterminado. Não há, no caso, indicação de
são (cerca de 13kg); fibrinolíticos, pois a "trombólise" está indicada a situ-
- Aplicar o choque, não remover as pás e ver o ritmo ações com instabilidade hemodinâmica, decorrente de
após o choque. tromboembolismo pulmonar.

199
CASOS ClÍNICOS

Caso 21 b) O paciente deve ser levado para a sala de emergência, e


deve ser instalada monitorização (PA, FC e SatOJ e ser
a) Podem ser usados betabloqueadores, bloqueadores dos fornecido oxigênio, além de acesso venoso para colher
canais de cálcio e digitálicos, porém se sabe que a eficá- exames e administrar medicações.
cia destes em manter a frequência cardíaca adequada é
c) - Morfina;
menor, sendo eficazes para pacientes em repouso, mas
-Oxigênio;
não para indivíduos realizando atividade física.
- Nitratos;
b) - FC em repouso <80bpm; - Diurético de alça.
- FC <110bpm após caminhada de 6 minutos;
d) A ventilação não invasiva, preferencialmente com CPAP,
- Holter com FC média <lOObpm.
pode ser utilizada no caso.
c) Sinais de deterioração clínica decorrente da arritmia,
como insuficiência cardíaca congestiva descompensada, Caso 24
angina, alteração de nível de consciência e hipotensão.
a) Hipertensão estágio 3: pressão arterial sistólica >180 ou
d) -Acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transi-
diastólica >110.
tório prévios;
- Doença reumática; Pressão
- Insuficiência cardíaca ou fração de ejeção <45%; Pressão diastólica
Classificação sistólica
(mmHg)
- Hipertensão arterial sistêmica; (mmHg)
- Diabetes mellitus; Ótima <120 <80
-Idade ~75 anos. -
Normal <130 <85
Limítrofe 130 a 139 85 a 89
-
Caso 22 -
Hipertensão
140 a 159 90 a 99
a) Existe dissociação completa entre a onda P e o comple- estágio 1
xo QRS: bloqueio atrioventricular total ou de 3º grau. Hipertensão
160 a 179 100 a 109
estágio 2
b) As causas são: -
Hipertensão
>180 >110
Causas reversíveis estágio 3

Betabloqueadores, bloqueadores dos canais de Hipertensão


Medicações >140 <90
sistólica isolada
cálcio, antiarrítmicos, antidepressivos tricíclicos
Intoxicação Fonte: V Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, 2006.
Em geral, surgimento de ritmos juncionais
digitálica
b) Exames séricos: creatinina, potássio, glicemia de jejum,
Infarto BAV, em geral, decorrente de obstrução da co-
agudo do ronária direita em 90% dos casos; circunflexa
colesterol total e frações e ácido úrico, urina I e eletro-
miocárdio responsável pelos 10% restantes cardiograma convencional.

Distúrbios c) Pacientes que se apresentam com hipertensão estágio 3


eletroliticos Atenção para K, Mg, Ca e função renal
e com 2 fatores de risco adicionais (tabagismo e disli-
Algumas bradicardias que podem ser iniciadas pidemia) devem receber tratamento medicamentoso e
Reflexo após esforço miccional, vômitos, manobra de não medicamentoso já como conduta inicial do trata-
vagai Valsalva etc. e que costumam responder bem mento. O não medicamentoso deve englobar restrição
à administração de atropina de sódio, dieta DASH e atividade física. Para pacientes
com sobrepeso, deve-se realizar controle de peso e,
Degeneração senil, doença do nó sinusal, para aqueles com uso abusivo de álcool, indicar sua res-
doença de Chagas, alterações congênitas trição. O tratamento medicamentoso pode ser iniciado
com monoterapia ou 2 classes distintas de anti-hiper-
c) Pode-se tentar a administração de atropina, dopamina tensivos.
ou epinefrina. d) Pacientes com risco cardiovascular muito alto (hiperten-
d) Instalar marca-passo transcutâneo e preparar instalação são estágio 3 e mais 2 fatores de risco) têm meta pres-
de marca-passo transvenoso. sórica de 130x80mmHg.

Caso 23
Hipertensos estágios 1 e 2 com riscos
<140x90mmHg
a) Edema agudo pulmonar. cardiovasculares baixo e médio

200
CARDIOLOGIA

Categorias Metas (no mínimo)


Hipertensos e limítrofes com risco
cardiovascular alto <l30xSSmmHg

I
Hipertensos e limítrofes com risco <l30xBOmmHg
cardiovascular muito alto
Hi_p~rtensos nefropatas com protei- <l 0x?SmmH
2
nuna >lg/L g

e) Como a paciente é refratária à terapia inicial, a conduta


seria adicionar outro anti-hipertensivo e iniciar investi-
gação de lesões de órgão-alvo (pesquisa de microalbu-
minúria, ecocardiograma para avaliar hipertrofia ven-
tricular esquerda e/ou disfunção diastólica). Se houver
lesão de órgão-alvo, deve-se iniciar investigação de hi-
pertensão secundária.
Caso essa investigação inicial seja negativa, a monito-
rização ambulatorial da pressão arterial ajudará a ava-
liar a variação pressórica diária, analisando o efeito do
jaleco branco, fazendo o diagnóstico diferencial entre
hipertensão deste e hipertensão resistente sem lesão
de órgão-alvo. Se esta for confirmada, estará indicada
avaliação de hipertensão secundária.

f) Podem-se citar:
- Apneia obstrutiva do sono;
- Hiperaldosteronismo primário;
- Doença renovascular;
- Insuficiência renal crônica;
- Feocromocitoma;
- Coarctação de aorta;
- Síndrome de Cushing;
- Uso de anticoncepcionais;
- Hipertireoidismo;
- Hipotireoidismo.

g) Sim. Hipertensão secundária deve ser investigada, pois


a paciente apresenta 2 indícios de hipertensão secundá-
ria (início de hipertensão após os 50 anos e hipertensão
estágio 3 e refratária à terapia inicial). A hipótese mais
provável é a hipertensão renovascular pela alta preva-
lência dessa doença e pelo fato de os exames iniciais
serem negativos, além de a paciente não apresentar
quadro clínico sugestivo de outras causas. Como apre-
senta função renal normal e não quadro de hipertensão
maligna, é classificada como de médio risco para doen-
ça renovascular. A investigação inicial pode ser feita com
Doppler de artérias renais ou angiografia por ressonân-
cia magnética. Na indisponibilidade desses exames, a
cintilografia com captopril é uma opção.

201
I
STC
QUESTÕES

PROVAS

- ALBERT EINSTEIN- Hospital Albert Einstein - SANTA CASA DE BH - Santa Casa de Misericórdia de Belo
- AMP- Associação Médica do Paraná Horizonte
- AMRIGS - Associação Médica do Rio Grande do Sul -SANTA CASA-SP- Irmandade da Santa Casa de Misericórdia
- CERMAM - Comissão Estadual de Residência Médica do de São Paulo
Amazonas - SES-DF- Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal
- CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de - SES-GO - Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
São Paulo - SES-PE- Secretaria de Estado da Saúde do Pernambuco
- EMESCAM- Escola Superior de Ciências da Santa Casa de - SES-RJ - Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro
Misericórdia de Vitória - SES-SC- Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
- FESP-RJ- Fundação Escola de Serviço Público -SÍRIO-LIBANÊS- Hospital Sírio-Libanês
- FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - SURCE -Seleção Unificada para Residência Médica do Es-
- FMJ- Faculdade de Medicina de Jundiaí tado do Ceará
- FMUSP- Faculdade de Medicina da Universidade de São - SUS-BA- Sistema Único de Saúde da Bahia
Paulo - SUS-CE- Sistema Único de Saúde do Ceará
- FMUSP - RIBEIRÃO PRETO - Faculdade de Medicina da - SUS-SP - Sistema Único de Saúde de São Paulo
Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto - UCPEL- Universidade Católica de Pelotas
- FURB- Un iversidade Regional de Blumenau - U EL- Universidade Estadual de Londrina
- HC-ICC- Hospital do Câncer - Instituto do Câncer do Ceará - UERJ- Universidade Estadual do Rio de Janeiro
- HCPA- Hospital de Clínicas de Porto Alegre - UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
- HCV-PR - Hospital da Cruz Vermelha Brasileira - Filial do - UFAL- Universidade Federal do Alagoas
Paraná - UFAM - Universidade Federal do Amazonas
- HECI- Hospital Evangélico de Cachoeira de ltapemirim - UFC - Universidade Federal do Ceará
- H FA- Hospital das Forças Armadas- DF - UFCG - Universidade Federal de Campina Grande
- HFAG- Hospital da Força Aérea do Galeão - UFES- Universidade Federal do Espírito Santo
- HFMO-SP - Hospital Francisco Morato de Oliveira - UFF- Universidade Federal Fluminense
- HIVS- Hospital Infantil Varela Santiago - UFG- Universidade Federal de Goiás
- HMOB- Hospital Municipal Odilon Behrens - UFJF- Universidade Federal de Juiz de Fora
- HMRN- Hospital Militar do Rio Grande do Norte - UFMS - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
- HMSJ- Hospital Municipal São José - UFPE- Universidade Federal de Pernambuco
- HNMD- Hospital Naval Marcílio Dias - UFPR- Universidade Federal do Paraná
- HPM-MG- Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais -UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro
- HSPE-SP* - Hospital do Servidor Público Estadual - UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- HSPM-SP - Hospital do Servidor Públ ico Municipal - UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina
- HUEC- Hospital Universitário Evangélico de Curitiba - UMC- Universidade de Mogi das Cruzes
- IAMSPE - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Pú- - UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto
bl ico Estadual - UNCISAL- Un iversidade Estadual de Ciências da Saúde de
- IASERJ- Instituto de Assistência dos Servidores do Estado Alagoas
do Rio de Janeiro - UNESP- Universidade Estadual Paulista
- IFF- FIOCRUZ- Instituto Fernandes Figueira - UNIAMRIGS- Universidade Corporativa AMRIGS
- IMPARH - Instituto Municipal de Pesquisas, Administra- - UNICAMP- Universidade de Campinas
ção e Recursos Humanos de Fortaleza - UNIFESO- Centro Universitário Serra dos Órgãos
- INCA-RJ- Instituto Nacional do Câncer - UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo
- IOG - Instituto de Olhos de Go iânia -UNI RIO- Un iversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
- IPSEMG- Instituto de Previdência dos Servidores do Esta- - UNITAU- Universidade de Taubaté
do de Minas Gerais
- PM-MG- Polícia Militar de Minas Gerais * Em 2010, 2011 e 2013, a instituição não divulgou seu ca-
- PUC-PR- Pontifícia Universidade Católica do Paraná derno de provas. As questões destes anos são baseadas
- PUC-RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande nos temas e nos casos abordados nas provas.
do Sul

204
CARDIOLOGIA

piração e na expiração, mantendo o mesmo grau de


Anatomia e fisiologia cardíaca básica desdobramento, ou seja, sem variabilidade, o que não
acontece com o desdobramento fixo
2014- UFPR O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
1. O átrio direito é a câmara cardíaca que normalmente re- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
cebe o sangue venoso sistêmico. Nessa câmara, encontra-
-se a valva de Eustáquio, que se relaciona com:
a) veia cava inferior Dislipidemia e fatores de risco para
b) crista terminalis doença cardiovascular
c) veia cava superior
d) seio coronário
e) junção atrioventricular direita 2015- HCV
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 4. O risco de doença aterosclerótica é estimado com base
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder na análise conjunta de características que aumentam a
chance de um indivíduo desenvolver a doença, portanto
2012- UFPR o identificador de risco mais claro é a manifestação prévia
2. As doenças cardiovasculares são muito comuns e consi- da própria doença. Dessa forma, o 12 passo na estratifica-
deradas a principal causa de morte em nosso meio. Com ção do risco é a identificação de manifestações clínicas da
relação à semiologia médica sobre esse assunto, é correto doença aterosclerótica ou de seus equivalentes. Das alter-
afirmar que: nativas a seguir, assinale aquela que contém algum desses
a) tosse produtiva com secreção amarelo-esverdeada e equivalentes:
achados de sibilos à ausculta pulmonar sugerem con- a) diabetes mellitus tipos 1 e 2
gestão pulmonar b) história familiar de doença arterial coronariana prema-
b) o exame de fundo de olho torna-se irrelevante e pou- tura
co acrescenta ao diagnóstico de doenças cardiovascu- c) índice tornozelo-braço <0,9
lares d) proteína C reativa de alta sensibilidade >2mg/dl
c) o pulso paradoxal corresponde à irregularidade de onda e) VHS <20
de propagação observada nas artérias carótidas durante O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
a inspeção tangencial O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
d) alterações referentes ao ventrículo esquerdo, como hi-
pertrofia ou dilatação, podem ser suspeitas pela avalia- 2015- SURCE
ção do ictus cardíaco S. Uma paciente de 58 anos, diabética, comparece em con-
e) sopros cardíacos originados do lado esquerdo do cora- sulta de seguimento com seu médico de família e comuni-
ção ficam mais evidentes e mais bem audíveis durante a dade. Faz uso continuo de hipoglicemiante oral de forma
inspiração regular e trouxe os seguintes exames solicitados na última
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ consulta: glicemia de jejum = 168mg/dl, hemoglobina
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder = =
glicada 8,2%, triglicérides 400mg/dl, colesterol total
= 230mg/dl e HDL = 20mg/dl. Que conduta deve ser to-
2009- UFSC mada?
a) prescrever fibrato
3. Analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
b) prescrever estatina
a) a 81 está relacionada ao fechamento das valvas mitral e
c) prescrever fibrato e estatina
tricúspide
d) prescrever fibrato, estatina e ácido acetilsalicílico
b) os componentes audíveis ao desdobramento patológico
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
da 82 na área pulmonar são o mitral e o tricúspide, que
estão separados na expiração
,./' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) os componentes audíveis no desdobramento fisiológico
da 82 na área aórtica são o aórtico e o pulmonar, que 2014- HCV
2
estão separados na expiração 6. Um senhor de 38 anos, obeso {IMC = 32kg/m e circun-
d) o desdobramento patológico da 82 na área pulmonar ferência abdominal = 104cm), é hipertenso com pressão
caracteriza-se pelo seu desdobramento na inspiração, arterial controlada, em torno de 132x86mmHg, com uso
enquanto na expiração se torna único de JECA e hidroclorotiazida, sedentário, tabagista de 30 ci-
e) o desdobramento constante da 82 na área pulmonar =
garros ao dia, colesterol total 186mg/dl e HDL SSmg/ =
caracteriza-se por apresentar desdobramento na ins- dl, triglicérides = 150 e história familiar que mostra que o

205
~,.,~ QUESTÕES
pai faleceu aos 53 anos por infarto agudo do miocárdio. a) apenas dieta
Qual é a ação que mais contribuirá para a diminuição do b) dieta+ fibrato
risco cardiovascular desse paciente? c) dieta+ ezetimiba
a) reduzir a pressão arterial a níveis inferiores a 120x80mmHg d) dieta +terapia de reposição estrogênica
b) abandonar o hábito de fumar e) dieta + estatina
c) iniciar o uso sinvastatina
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(-
d) iniciar atividade física regular
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e) reduzir o peso
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(- 2013 - SUS-BA
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
11. Trata-se do fator de risco mais temido na atualidade.
2013- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA) Sua prevalência encontra-se mundialmente em patamares
de epidemia e, no Brasil, constitui problema de saúde em
7. Assinale o principal efeito colateral das estatinas:
todos os grupos etários, da criança ao adulto maduro e,
a) diarreia
em menor proporção, nos idosos. Difere entre homens e
b) obstipação
mulheres e entre regiões, sendo mais elevada nas de maior
c) hiperglicemia
pobreza, como Norte e Nordeste. Com base em informa-
d) miopatia
e) hepatotoxicidade ções autorrelatadas, a sua prevalência nas capitais brasi-
leiras está nitidamente associada a baixa escolaridade em
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(-
13 de 16 capitais, incluindo-se entre elas todas as do Sul,
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
do Sudeste e o Distrito Federal. Apenas em Belém, Natal e
João Pessoa o problema predominou entre pessoas de es-
2013 -INCA
colaridade elevada. Ainda do ponto de vista social, é mais
8. O agente antilipêmico que pertence ao grupo das resi- frequente em homens de classe social mais elevada e em
nas quelantes de ácidos biliares é:
mulheres de classes sociais mais baixas (Almeida Filho &
a) o probucol
Barreto. Epidemiologia e saúde: fundamentos, métodos,
b) o fenofibrato
aplicações, p.495, 2012).
c) a niacina
O texto refere-se ao seguinte fator de risco cardiovascular:
d) a colestiramina
a) hipertensão
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(- b) obesidade
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) diabetes
d) colesterol sérico elevado
2013 -IFF
e) tabagismo
9. Um portador de diabetes mellitus 2, hipertensão arte-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(-
rial sistêmica e doença arterial coronariana utiliza enala-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
pril 20mg/d, ácido acetilsalicílico 200mg/d, atorvastatina
lOmg/d e glibenclamida lOmg/d. Exames laboratoriais:
2012 - UNICAMP
glicemia de jejum =110mg/dl, HbA1c =6,5% (normal =4 a
6,2%), creatinina =1,2mg/dl, colesterol HDL =40mg/dl, co- 12. Uma mulher de 62 anos, hipertensa e tabagista, refere
lesterol LDL =80mg/dl e triglicérides =160mg/dl. Assinale a claudicação intermitente nos membros inferiores há 3 me-
alternativa que contém apenas os medicamentos capazes de ses. Está em uso de clortalidona, 12,5mg/d, e ao exame
reduzir o risco de eventos cardiovasculares desse paciente: físico apresenta pulsos pediosos, tibiais posteriores e po-
a) enalapril, ácido acetilsalicílico, atorvastatina e glibencla- plíteos não palpáveis, além de PA = 142x74mmHg. Pode-se
mida afirmar que:
b) enalapril, ácido acetilsalicílico e atorvastatina a) a paciente apresenta alto risco cardiovascular, indepen-
c) ácido acetilsalicílico e glibenclamida dentemente do escore de Framingham
d) enalapril e glibenclamida b) a paciente tem menos de 15% de chance de eventos
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ cardiovasculares nos próximos 10 anos
/ ' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder c) o diagnóstico de alto risco cardiovascular só pode ser
feito se há os valores de lipidemia e glicemia
2013- UFMS d) por ser do sexo feminino, o alto risco cardiovascular está
associado à presença ou não de tabagismo
10. A uma paciente de 60 anos, com alto risco de evento
cardiovascular, LDL = 170mg/dl e hormônios tireoidianos O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vv-----'(-
normais, a melhor conduta é: 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

206
CARDIOLOGIA

2012- UFF 2009- UFPE


13. A hipercolesterolemia familiar caracteriza-se por: 17. A dislipidemia, associada ao uso de inibidores de pro-
a) doença cardíaca com aterosclerose antes dos 60 anos e tease, é caracterizada, predominantemente, por:
perda da regulação da fração HDL do colesterol a) hipercolesterolemia com redução do colesterol HDL e
b) disfunção dos receptores HDL e aumento excessivo da do VLDL
fração LDL do colesterol b) hipercolesterolemia com aumento dos colesteróis LDL e
c) fenótipo de hipercolesterolemia autossômica dominan- HDL
te e doença cardíaca de início precoce c) hipertrigliceridemia
d) hipercolesterolemia à custa das frações LDL e VLDL do d) hiperbetalipoproteinemia
colesterol com xantomatose ~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa quest.'lo ~
e) resistência acentuada a insulina e síndrome metabólica ,T I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
71 O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 2008- UFRN
18. Para o diagnóstico de um quadro de síndrome meta-
2012- HMSJ bólica, é necessária a presença dos seguintes sinais e/ou
14. Algumas condições predispõem ao aparecimento pre- sintomas clínicos:
coce e ao desenvolvimento de doenças coronarianas e são a) hipotensão arterial, cefaleia persistente e obesidade
chamadas fatores de risco, sendo classificadas em tratá- mórbida
veis e não tratáveis. Assinale a alternativa que contém b) baixos níveis de T3 e THS, obesidade visceral e episódios
apenas fatores de risco tratáveis: de hipoglicemia
a) tendência familiar, idade, sexo masculino c) elevados níveis de cortisol, sonolência diurna e lipotimia
b) hipercolesterolemia, baixa taxa de HDL, idade d) obesidade abdominal, hipertensão arterial e alteração
c) diabetes, baixa taxa de HDL, tendência familiar na homeostase da glicose
d) sexo feminino após a menopausa, diabetes, hipertensão
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---'l,.t--i'v--
arterial O Encontrei dificuldade para responder
O Reler o comentário
e) hipertensão arterial, tabagismo, hipercolesterolemia
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 2007 - CREMESP
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
19. Um homem de 56 anos, diabético há 10 anos, em uso
de hipoglicemiante oral, assintomático, é acompanhado
2011 - SES-RJ/INCA/FIOCRUZ
ambulatorialmente há 3 meses. O diabetes está bem con-
15. Uma hipertensa obesa, de 48 anos, tinha hipertrigli- trolado, mas o paciente apresenta, persistentemente, PA
ceridemia, fazia dieta e tomava atorvastatina. Na última = =
144x92mmHg e colesterol LDL 172mg/dl. O médico
consulta, mostrou ao médico cópia manuscrita dos resul- insiste nas recomendações de mudança de estilo de vida
tados dos recentes exames: colesterol total = 220mg/dl, e inicia medicações. O tratamento tem como objetivo re-
=
colesterol HDL 60mg/dl e colesterol LDL 120mg/dl. Só = duzir os níveis pressóricos e o colesterol LDL, respectiva-
então notou que se esquecera de anotar o valor dos trigli- mente (em mmHg e mg/dl), abaixo de:
cérides. Sem pestanejar, seu médico fez um rápido cálculo a) 130x80 e 100
e afirmou que, em mg/dl, eram iguais a: b) 130x80 e 130
a) 160
c) 140x90 e 100
b) 180
d) 140x90 e 160
c) 200
e) 140x80 e 130
d) 220
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---'l,.t--i'v--
~ O Tenho dominio do assunto O Refazer essa questão ~ O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
,J' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2009- UFPE
Hipertensão arterial sistêmica
16. São fatores de risco para o desenvolvimento da doença
arterial coronariana, exceto:
a) níveis séricos muito reduzidos de ftbrinogênio 2015 - UNICAMP
b) hiper-homocisteinemia
20. Um homem de 78 anos refere que não está conse-
c) níveis de colesterol HOL <40mg/dl
guindo controlar a pressão arterial há 3 meses. Antece-
d) infecção por Helicobacter pylori
dentes pessoais: tabagista, hipertenso há 20 anos, em uso
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ de hidroclorotiazida. Exame físico: corado, hidratado, com
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder FC = 72bpm e PA = 168x112mmHg. Pescoço: sopro audí-

207
{l/i"'~ QUESTÕES
vel na topografia da carótida direita. Coração: ausculta de fala, fraqueza no dimídio direito e PA = 170x160mmHg.
cardíaca sem alterações. Extremidades: pulsos pedioso e Enquanto Carlos é consultado, a enfermeira avalia João. Ela
radial esquerdos diminuídos. A propedêutica diagnóstica relata ao médico que ele está assintomático, apesar da PA
a ser realizada é: = 180x110mmHg. Sobre as impressões diagnósticas e a con-
a) ecocardiograma duta relacionada a esses pacientes, é correto afirmar que:
b) ultrassonografia com Doppler do membro inferior es- a) João apresenta elevação da pressão arterial, e Carlos
querdo uma emergência hipertensiva : João deverá ser subme-
c) angiotomografia de aorta tido a redução rápida da PA
d) Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) b) Carlos e João apresentam emergência hipertensiva e
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --"w-for- devem ser acompanhados na própria unidade com anti-
O Reler o comentário O Encont rei dificuldade para responder -hipertensivos orais
c) João apresenta elevação da PA, e Carlos, emergência hi-
2015 - UNAERP pertensiva, devendo ser transferido rapidamente para
Unidade de Pronto Atendimento
21. Um paciente de 57 anos, hipertenso, portador de glo-
d) Carlos e João apresentam emergência hipertensiva e
merulonefrite por lgA, apesar do tratamento adequado,
devem ser transferidos para Unidade de Pronto Atendi-
vem evoluindo com proteinúria de 3,2g/24 horas e creati-
mento, além de medicados com drogas parenterais
nina de 2,4mg/dl. O paciente deve ter prescrito, pelo seu
nefrologista: O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --"w-for-
a) associação de IECA e BRA para controle da proteinúria 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
b) dieta hipoproteica com 0,6g/kg de proteína de alto valor
biológico para retardar a progressão da doença 2015 -INCA
c) vacinação para hepatite B com 2ml (cada dose) 24. Uma idosa, de 76 anos, consultou-se há cerca de 15
d) qualquer anti-hipertensivo que não seja das classes de dias com o seu clínico, onde foi diagnosticada hipertensão
IECA ou BRA arterial e optou-se por iniciar tratamento medicamentoso.
e) ômega-3 Retorna para consulta de controle, onde apresenta PA =
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --"w-for- 120x83mmHg, FC = 74bpm e hiponatremia com sódio =
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 132mEq/L. Qual dos seguintes medicamentos foi prova-
velmente receitado à paciente?
2015- UERJ a) furosemida
b) propranolol
22. Uma mulher negra de 24 anos, casada há 1 ano, procu-
c) espironolactona
rou pela 1!! vez a unidade de saúde ambulatorial, para uma
d) hidroclorotiazida
consulta clínica, por atraso menstrual de 3 semanas. O
médico avaliou a paciente e, ao exame físico, verificou PA O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --"w-for-
= 140x88mmHg, utilizando-se de manguito convencional, O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e IMC = 33kg/m 2 • Foi diagnosticada hipertensão arterial,
por isso o médico prescreveu captopril 25mg 3x/d. Consi- 2015- UFG
derando o diagnóstico, é correto afirmar que ele está: 25. Um paciente de 50 anos, hipertenso e com antecedente
a) correto, e a conduta deveria ser orientar sobre medidas de coronariopatia, está em acompanhamento ambulatorial
de modificação de estilo de vida na Cardiologia, em uso regular de medicamentos prescritos.
b) incorreto, e a conduta deveria ser orientar sobre medi- Refere, nessa consulta, dispneia aos esforços, sem limita-
das de modificação de estilo de vida ção nas atividades rotineiras, e ausência de sintomas no
c) correto, e deveria ser recomendado como droga de es- repouso, sendo essa a intensidade dos sintomas referidos.
colha o enalapril, pela facilidade posológica Traz ecocardiograma com fração de ejeção estimada em
d) incorreto, e deveria ser recomendada como droga de 40%. Ao exame físico: ritmo cardíaco regular em 2 tempos,
escolha a hidroclorotiazida, pelo fato de a paciente ser sem sopros, murmúrio vesicular audível, sem ruídos adven-
negra tícios, abdome sem visceromegalias, edema de membros in-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --"w-for- feriores bilateral e simétrico (++/4), com PA = 120x80mmHg
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder e FC = 80bpm. Qual é a melhor prescrição para o paciente?
a) metoprolol, furosemida e enalapril
2015- UERJ b) enalapril, metoprolol e hidralazina
c) metoprolol, digoxina e enalapril
23. João, de 72 anos, hipertenso de longa data, em uso ir-
d) hidroclorotiazida, enalapril e digoxina
regular de medicação, traz seu amigo Carlos à unidade de
Saúde da Família onde é cadastrado. Carlos, de 70 anos, ~ O Tenho domfnio do assunto O Refazer essa questão ---".t--'r-

apresenta náuseas, tonturas, cefaleia intensa, dificuldade ,./' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

208
CARDIOLOGIA

2014 - FMUSP - RIBEIRAO PRETO b) espironolactona


26. Uma mulher de 65 anos tem antecedente de câncer de c) bloqueador alfa-1-adrenérgico
mama e foi operada há 5 anos. História da moléstia atual: d) hidralazina ou minoxidil
internada e acamada em um hospital primário de sua ci- e) betabloqueador vasodilatador
dade, em uso de furosemida e digoxina por dispneia de D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
início há 1 mês, associada a edema de membros inferiores. D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
Teve piora importante dos sintomas e 1 episódio de evacu-
ação enegrecida, sendo transferida para um hospital de ní- 2014- UFF
vel terciário. Exame físico na admissão: em mau estado ge-
28. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o diabetes
ral, descorada, hidratada, com bulhas hipofonéticas sem
mellitus representam 2 dos principais fatores de risco,
sopros, estase jugular a 90°, tempo de enchimento capilar
contribuindo decisivamente para o agravamento desse
de 5 segundos, extremidades frias, PA = 80x6SmmHg e FC
cenário em nível nacional e como problema de saúde pú-
= 100bpm. Eletrocardiograma e ecocardiograma realiza-
blica. Com relação à HAS, é correto afirmar que:
dos na beira do leito são mostrados a seguir:
a) atinge cerca de 25% dos pacientes com acidente vascu-
lar encefálico
b) afeta de 11 a 20% da população adulta com mais de 20
anos
c) está associada ao infarto do miocárdio em 90% das vítimas
d) é pouco sensível ao tratamento, mesmo quando diagnos-
ticada precocemente
e) resulta raramente em invalidez parcial do indivíduo
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2014- UFF
29. A pressão arterial de um indivíduo adulto que não es-
teja em uso de medicação anti-hipertensiva e sem comor-
bidades associadas é considerada normal quando a PAS e
a PAD são, respectivamente:
a) <lOOmmHg e <85mmHg
b) <130mmHg e <85mmHg
c) <120mmHg e <70mmHg
d) <120mmHg e <lOOmmHg
e) <lOOmmHg e <75mmHg
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

O tratamento imediato mais adequado é:


a) dobutamina 2014- UFF
b) pericardiocentese 30. De acordo com a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão,
c) nitroprussiato de sódio assinale o exame que deve ser solicitado na avaliação ini-
d) trombectomia arterial pulmonar cial de rotina de um paciente com hipertensão primária
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ (essencial) não complicada:
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder a) ureia ~I ,\L\.
b) sódio
c) ecocardiograma transtorácico
2014 - SANTA CASA-SP
d) radiografia de tórax
27. Um homem de 57 anos, com função renal preservada, e) ácido úrico
mantém pressão arterial de difícil controle, já em uso re-
gular de inibidor da enzima conversora da angiotensina, D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
associado a antagonista dos canais de cálcio diidropiridí-
nico de ação prolongada e diurético tipo tiazídico, todos
em doses otimizadas. Segundo o Primeiro Posicionamento 2014- UFPR
Brasileiro sobre Hipertensão Arterial Resistente, qual é o 31. Considerando pacientes em uso crônico de amioda-
4!! fármaco recomendado para esse tipo de hipertensão? rona, o efeito adverso mais comum relacionado ao uso da
a) alfa-2-agonista central medicação é:

209
QUESTÕES

a) hipotireoidismo e contactante; ao exame, apresenta FC =


145bpm, PA =
b) fibrose pulmonar 110x60mmHg, ritmo cardíaco irregular e alguns estertores
c) alteração de enzimas hepáticas crepitantes nas bases pulmonares. É realizado ECG, que evi-
d) ataxia, polineuropatia dencia ausência de ondas P, irregularidade da linha de base
e) microcristais de córnea (ondas F) e distância R-R irregular. Assinale a alternativa
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ que apresenta a conduta mais adequada na Emergência:
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder a) iniciar anticoagulação + cardioversão com antiarrítmico
intravenoso
2014- AMP b) iniciar anticoagulação +controle de frequência cardíaca
c) controle da frequência cardíaca + cardioversão com an-
32. Um paciente de 55 anos, com diagnóstico recente de
tiarrítmico intravenoso
hipertensão arterial, o procura para tratamento. Relata
d) iniciar anticoagulação + cardioversão elétrica
que está fazendo dieta e exercícios físicos aeróbicos, no en-
e) controle da frequência cardíaca
tanto permanece com níveis tensionais de 150x90mmHg
na maior parte das aferições, e você comprova isso no D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
MAPA de 24 horas. Ele também é submetido a rastrea- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
mento sobre hipertensão secundária, o qual é negativo.
Além disso, não apresenta lesões em órgão-alvo. No en- 2014 - UFPI
tanto, apresenta algumas comorbidades importantes, 35. Uma paciente de 45 anos apresenta quadro de hiper-
como crises frequentes de gota, sendo o ácido úrico no tensão arterial sistêmica grave e refratária ao tratamento
momento de 9,5mg/dl, e também refere crises de bron- habitual, evoluindo com hipocalemia mantida nos exames
coespasmo severo por asma, incluindo internamento na complementares e tumoração abdominal. O método de
unidade de terapia intensiva há 2 anos. Por último, refere investigação inicial recomendado para o caso é:
que outro médico tentou realizar tratamento com lisino- a) aldosterona plasmática e potássio sérico
pril 20mg/d, mas teve que suspender a medicação devido b) ultrassonografia com Doppler das artérias renais
a surgimento de angioedema. Com base no contexto clí- c) dosagem de catecolaminas plasmáticas
nico, qual é a classe de anti-hipertensivo apropriada para d) relação de aldosterona plasmática e atividade plasmáti-
este paciente? ca de renina
a) inibidor da enzima conversora de angiotensina e) renina plasmática e aldosterona urinária de 24 horas
b) bloqueador do receptor da angiotensina li
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
c) bloqueador do canal de cálcio
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
d) betabloqueador
e) diurético
2013 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA)
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Encontrei dificuldade para responder 36. Um paciente apresentou 3 medidas de PA =
D Reler o comentário
170xllOmmHg. Assinale a conduta correta:
a) tiazídico, apenas
2014- UFSC
b) tiaz ídico e captopril
33. Um paciente de 40 anos procura a unidade básica de c) captopril, apenas
saúde para consulta de rotina. Nega queixas e é tabagista d) apenas restrição salina a 2g/d
e sedentário. O médico verifica a pressão arterial, na téc- e) apenas observação
nica adequada, e, nas 3 medidas realizadas, a PA é de
138x85mmHg. Assinale a alternativa que apresenta a con-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
duta mais adequada:
a) reavaliar em 1 ano
b) reavaliar em 2 meses e orientar mudanças de estilo de vida 2013- HSPE-SP (BASEADA NA PAom -
c) reavaliar em 1 ano e orientar mudanças de estilo de vida 37. Na encefalopatia hipertensiva, utiliza-se nitroprussiato
d) indicar MAPA de sódio intravenoso para redução da pressão arterial. A
e) reavaliar em 6 meses e orientar mudanças de estilo de vida meta de redução da pressão arterial média na 1ª hora é de:
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ a) de 2 a 5%
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder b) de 10 a 20%
c) de 40 a 50%
2014- UFSC d) de 60 a 80%
e) 100%
34. Um paciente de 85 anos, diabético, hipertenso, come-
çou a apresentar, há 3 dias, palpitações e tontura. Pro- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
cura o serviço de emergência, onde dá entrada acordado
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

210
CARDIOLOGIA

2013 - CREMESP 2013- UFES


38. Uma mulher de 44 anos, obesa, afrodescendente, procura 40. Com relação ao tratamento farmacológico no idoso hi-
o pronto-socorro com queixa de disúria há 1 dia. Apresenta pertenso, não está correto afirmar que:
ao exame, PA = 200x124mmHg, confirmada 2 vezes após a) é menos efetivo que em pacientes mais jovens, gerando
repouso, sem hipotensão postura!. É mantida em repouso, menor redução de eventos cérebro e cardiovasculares
e são realizados fundo de olho com cruzamentos A-V pato- b) o controle da pressão arterial diastólica não deve ser fei-
lógicos, glicemia = 122mg/dl, ureia = 28mg/dl, creatinina = to superior a 70mmHg, especialmente entre pacientes
0,9mg/dl, sedimento urinário com 40.000 leucócitos/mm3, com hipertensão arterial sistólica acima de 80 anos e
sem hematúria, proteinúria ou cilindros, e o ECG a seguir: portadores de doença arterial coronariana
c) existe evidência científica suficiente para indicar o tra-
tamento farmacológico do idoso hipertenso com faixa
etária ~80 anos
d) a maioria dos idosos com hipertensão estágio 3 não al-
cança suas metas de pressão arterial com monoterapia
e requer 2 ou mais medicamentos de classes diferentes
e) os tiazídicos são efetivos e reduzem eventos cérebro e
cardiovasculares, porém devem ser utilizados com cau-
tela devido a comorbidades (prostatismo, insuficiência
renal, dislipidemia e hiperuricemia)
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2013- UFPR
Dentre as seguintes, a conduta mais adequada é: 41. Qual dos efeitos colaterais a seguir não está relacio-
a) repouso, furosemida oral, dose baixa de captopril oral, vi- nado ao uso do medicamento bloqueador do canal de cál-
sando reduzir a pressão em algumas horas e observação cio verapamil?
b) nitroglicerina intravenosa e atenolol oral visando dimi- a) constipação intestinal
nuir a pressão e o trabalho cardíaco e iniciar procedi- b) edema gengiva!
mentos para síndrome coronariana aguda c) piora da função sistólica do ventrículo esquerdo na insu-
c) administrar nitroglicerina intravenosa, visando re- ficiência cardíaca
duzir rapidamente a pressão até níveis abaixo de d) refluxo gastroesofágico
140x90mmHg e) taquicardia
d) nitroprussiato de sódio e furosemida intravenosa, visan- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
do a diminuição rápida da pressão até níveis seguros e O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
então iniciar atenolol e Aspirina ® oral
e) manter em repouso em ambiente calmo e administrar
2013- UFSC
furosemida intravenosa e nifedipina sublingual, visando
a diminuição relativamente rápida da pressão 42. Levando em conta o manejo farmacológico de pacien-
tes com hipertensão arterial sistêmica em um ambiente de
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
Atenção Primária à Saúde, analise as afirmativas a seguir:
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
I - O enalapril 10mg/d pode ser uma boa escolha para o
tratamento anti-hipertensivo de 1! linha (monoterapia)
2013 - CREMESP
em uma paciente de cor branca, com 50 anos e sem co-
39. O 7º Joint National Committee (JNC 7), voltado para morbidade associada.
diretrizes em relação a hipertensão arterial, sugere a se- 11 - O betabloqueador não costuma ser escolha de 1ª linha
guinte definição (considerando medidas repetidas em como monoterapia ao tratamento de hipertensão, em-
condições adequadas, em mmHg): bora possa ser utilizado em situações específicas.
a) pré-hipertensão= sistólica >130 ou diastólica >90 111 - Para paciente hipertenso, sem outras comorbidades,
b) pré-hipertensão = sistólica entre 120 e 139 e diastólica em uso de diurético tiazídico e inibidor de enzima conver-
entre 80 e 89 sora de angiotensina, sem controle satisfatório da pressão
c) pressão arterial normal =sistólica <140 e diastólica <90
arterial e com indicação de acréscimo de outro anti-hiper-
d) pressão arterial normal= sistólica <120 e diastólica <80
tensivo, deve-se considerar como melhor opção a associa-
e) pressão arterial normal =sistólica <130 e diastólica <80
ção de um betabloqueador.
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ Está(ão) correta(s):
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder a) I, apenas

211
~"'~ QUESTÕES
b) I, 111 a) dizer que Jonas apresenta hipertensão arterial sistêmica
c) I, 11 estágio 2
d) 11,111 b) dizer que, se iniciarmos terapia medicamentosa, deve-
e) I, 11,111 mos dar preferência a um vasodilatador direto
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'vi------/ c) orientar Jonas a fazer o tratamento não medicamento-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder so, dependendo do risco cardiovascular
d) dizer que devemos avaliar seu risco de evento cardio-
2013 - AMAIGS vascular e, de acordo com ele, iniciar, ou não, tratamen-
43. Sobre a pressão arterial em crianças, analise as seguin- to medicamentoso
tes assertivas: e) dentre as medidas não medicamentosas, incentivar a
1- Assim como as frequências cardíaca e respiratória, existe prática de atividade física, o consumo de álcool e de sal
variação dos valores normais de acordo com a faixa etária. na dieta
11 - Quanto menor a criança, maior é a probabilidade de a D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'vi------/
hipertensão arterial ser secundária. D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
111 - Ao contrário do que acontece no adulto, o aumento
da prevalência de crianças obesas não tem se refletido em 2013 - CEAMAM
aumento dos níveis de pressão arterial.
46. Uma menina de 5 anos, pesando 21kg (P/1 percentil
IV - Pelo aumento da atividade adrenérgica, crianças e
50), com estatura de 100cm (E/1 percentil 10), e apresen-
adolescentes tendem a apresentar hiper-reatividade car-
tando pressão arterial = 105x68mmmHg, após 3 medidas
diovascular com aumento do nível pressórico quando em
com manguito adequado, encontra-se tranquila, sem
situação de estresse físico e/ou mental.
queixas nem sintomas associados.
Estão corretas:
a) I, 11
b) I, 11, IV
c) I, 111, IV
d) 11,111, IV
e) I, 11,111, IV
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'vi------/ p 95
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
Considerando os dados e avaliando a Tabela, podemos di-
2013- UFAM zer que a criança está:
44. Com relação ao tratamento da hipertensão arterial sis- a) com pressão normal para idade, sexo e estatura
têmica, podemos afirmar que: b) hipertensa, e devem-se iniciar apenas as medidas não
a) baseia-se no tratamento medicamentoso farmacológicas
b) o consumo de álcool não deve exceder 30ml/d de eta- c) pré-hipertensa, e é recomendado iniciar com as medi-
nol para homens, e o tabagismo deve ser abandonado das não farmacológicas
c) no tratamento medicamentoso, diuréticos são a medi- d) com pressão elevada para idade, e deve-se iniciar com
cação que menos reduz o risco de eventos cardiovascu- inibidores da enzima conversora de angiotensina com
lares, renais e cerebrovasculares urgência
d) os diuréticos estão indicados a pacientes em estágio 2, e) com pressão arterial limítrofe/pré-hipertensa, e é re-
em monoterapia e que não respondam a medidas não comendado o início imediato de inibidores da enzima
medicamentosas conversora de angiotensina
e) nas modificações de estilo de vida, podemos citar re- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'vi------/
dução de peso (principalmente da gordura periférica), D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
alimentação saudável e prática de atividade física
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'vi------/ 2012- FMJ
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
47. Uma mulher de 55 anos fumou 2 maços/dia por 20 anos e
=
parou há 6 meses. PA 160x92mmHg e FC 88bpm. Em uso =
2013- UFAM de cloridrato de metformina 1g/d e besilato de anlodipino
45. Jonas, de 62 anos, refere crises hipertensivas no último 5mg/d, refere dispneia aos médios esforços com episódios
mês, tendo sido atendido no pronto-socorro 4 vezes, e sua de chiado no peito e edema moderado de MMII. Exame físico
pressão oscilou entre 140 e 156x80mmHg. Sua mãe é hi- normal. Ecocardiograma apresenta fração de ejeção de 38% e
pertensa, e hoje sua pressão arterial é de 150x90mmHg. BNP = 700pg/ml. Assumindo não haver contra indicações nas
Você, enquanto seu médico, pode: medicações a serem prescritas, qual é a melhor associação

212
CARDIOLOGIA

para o tratamento da paciente em questão, tentando sempre direita, logo suspeitou que a hipertensão arterial decor-
atingir as doses plenas recomendadas? resse de uma condição à qual se aplica a afirmativa a seguir:
a) 1 diurético distai, 1 bloqueador dos canais de cálcio (dil- a) vasculopatia aterosclerótica é sua causa mais comum
tiazem), 1 betabloqueador (propranolol) e 11ECA (male- b) displasia fibromuscular predomina em homens de meia-
ato de enalapril) -idade
b) 1 diurético de alça, um IECA (maleato de enalapril), 1 c) diurético tiazídico e lnibidor da Enzima Conversora de
betabloqueador (carvedilol) e 1 inibidor da aldosterona Angiotensina (I ECA) são a 1ª escolha no tratamento
(espironolactona) d) estudo ultrassonográfico com Doppler fornece poucos
c) 1 diurético de alça, 1 vasodilatador (hidralazina) asso- subsídios ao diagnóstico
ciado a nitrato, 1 bloqueador do receptor da angiotensi- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
na (losartana) e 1 betabloqueador (carvedilol) D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
d) 1 diurético distai, 1 betabloqueador (carvedilol), 1 IECA
(maleato de enalapril) e 1 digitálico (digoxina) 2012 - SES-SC
e) 1 diurético distai, 1 bloqueador dos canais de cálcio (ve-
50. Considere os itens a seguir sobre hipertensão arterial
rapamil), 11ECA (maleato de enalapril) e 1 digitálico (di-
secundária:
goxina)
I - A hipertensão secundária à apneia obstrutiva do sono
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ ocorre mesmo a pacientes não obesos.
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
11 - Dentre as doenças da tireoide, somente o hipertireoi-
dismo é causa de hipertensão secundária.
2012- FMJ 111 -As doenças do parênquima renal são a principal causa
48. Uma mulher de 66 anos, PA = 158x98mmHg, 52kg, nega de hipertensão secundária.
tabagismo ou etilismo, mas caminha 5 vezes por semana, por Está(ão) correto(s):
30 minutos. Exame físico: sem edemas, com níveis de PA ele- a) apenas!
vados. Laboratório: glicemia= 98mg/dl, teste de tolerância a b) apenas 11
glicose = normal; K = 4,5mg/dl; creatinina = 1,9mg/dl; urina c) apenas 111
I normal; colesterol HDL = 40mg/dl, colesterol LDL = 115mg/ d) I, 111
dl; triglicérides = 160mg/dl; ECG sem anormalidades dignas e) I, 11, 111
de nota. Com relação ao caso, assinale a alternativa correta: D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

a) HAS estágio 1 e risco cardiovascular muito alto, pela D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
presença de condição clínica associada à doença renal
crônica; tem indicação precisa de um inibidor do siste- 2012- FURB
ma renina-angiotensina-aldosterona 51. Em atendimento primário, o paciente com hipertensão
b) HAS estágio 2 e risco cardiovascular alto, pelos fatores arterial sistêmica deverá ser submetido aos seguintes exa-
de risco cardiovascular que apresenta; tem indicação mes subsidiários:
precisa de um bloqueador de cálcio, de preferência as- a) dosagem de potássio, creatinina, colesterol total, LDL,
sociado a diurético HDL, VLDL e ECG
c) HAS estágio 1 e risco cardiovascular baixo, pois sua b) creatinina e potássio séricos, eletrocardiograma e eco-
perda de função renal ainda é leve; tem indicação pre- cardiograma transtorácico
cisa de um inibidor do sistema renina-angiotensina- c) exame de urina do tipo I; dosagem de potássio, creati-
-aldosterona nina sérica, glicemia de jejum; hematócrito, colesterol
d) HAS estágio 2 e risco cardiovascular muito alto pela pre- total, LDH, triglicérides e ECG
sença de doença renal crônica; tem indicação precisa de d) proteinúria de 24 horas; creatinina, potássio, sódio, ureia
um diurético de alça e glicemia séricos; ecocardiograma e ECG 12 derivações
e) HAS estágio 3 e risco cardiovascular muito alto pela dis- e) parcial de urina do tipo I; dosagem de potássio, creatini-
lipidemia associada; tem indicação precisa de um beta- na, colesterol total, LDL e triglicérides; ECG e ultrassono-
bloqueador grafia de vias urinárias
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2012- UERJ 2012 - PUC-RS


49. Causou espanto a uma bióloga o fato de que seu irmão 52. A qual das situações clínicas citadas o teste da inclina-
estava com PA = 190x120mmHg, mais ainda pelo início re- ção (n/t test) é indicado?
pentino e pela má resposta à medicação prescrita. Daí, ela a) taquiarritmia em paciente com hipertireoidismo
o encaminhou a um professor da faculdade com quem es- b) palpitações em paciente com insuficiência cardíaca
tagiou. Este, ao auscultar um sopro contínuo na loja lombar c) síncopes recorrentes associadas a estresse ortostático

213
QUESTÕES

d) hipertensão arterial supostamente secundária em adul- e) os efeitos protetores sobre a mortalidade, conferidos
to jovem pelos betabloqueadores, manifestam-se já nas menores
e) parestesia de membro superior à rotação cervical doses, portanto não há obrigatoriedade de tentar titular
para as doses mais altas
---:til! O Tenho dom ínio do assunto O Refazer essa quest ão --4,~--~y--
.T I O Reler o comenta rio O Encontrei dificuldade para responder O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2012 - PUC-RS
2012- HFA
53. A respeito de drogas anti-hipertensivas, são apresen-
tadas as assertivas a seguir: 56. De acordo com a participação da ingestão de sal (NaCI)
I - O uso de captopril é contraindicado na gestação. na etiologia da hipertensão arterial, os pacientes podem
11 -A anemia hemolítica é reconhecidamente um efeito ad- ser divididos em 2 grupos: sal-sensíveis e sal-insensíveis.
verso da metildopa. Os primeiros devem ter como terapia inicial um diurético
111- A indapamida de ação prolongada atua como diurético e são detectados, laboratorialmente, por:
de alça. a) sódio sérico elevado, independente da quantidade na
Está(ão) correta(s): dieta
a) I, apenas b) sódio sérico elevado após dieta hipersódica
b) 11, apenas c) sódio urinário normal ou elevado após dieta hipersódica
c) 111, apenas d) sódio urinário normal ou baixo após dieta hipersódica
d) I, 11 e) sódio urinário elevado independente do tipo de dieta
e) I, 11,111 O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --4,~--~y--
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
--~----
----------~~----------~
2012- UERN
2012 - PUC-RS 57. Qual das seguintes alternativas não é considerada ade-
54. Qual é o fator de maior impacto na redução da pres- quada para a investigação de hipertensão arterial?
a) monitoramento da pressão por certo período
são sistólica em um paciente hipertenso, tabagista e com
b) avaliação de exames laboratoriais com função renal
sobrepeso?
c) eletrocardiograma
a) redução de peso de, no mínimo, lOkg
d) teste de esteira imediato após a 1ª crise
b) dieta hiperproteica
c) redução do sódio na dieta para 1,2g/d O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
d) eliminação do tabagismo O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e) moderação no consumo de álcool
2011 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --v--ty--
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 58. Um homem de 52 anos, assintomático, realizou exame
anual de rotina que foi normal, com média da PA {3 me-
2012- UCPEL didas) = 132x86mmHg. Foi solicitado eletrocardiograma,
que evidenciou sobrecarga do ventrículo esquerdo e al-
55. Com relação ao tratamento com betabloqueadores,
terações difusas da repolarização ventricular. A seguir, foi
podemos afirmar que:
solicitada Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial
a) quando os betabloqueadores aprovados para uso em IC
(MAPA), que evidenciou média das medidas em vigília de
(metoprolol succinato, carvedilol, bisoprolol e nebivo-
142x90mmHg e média das medidas durante o sono de
lol) não estão disponíveis, pode-se prescrever propra-
132x84mmHg. Diante do exposto, o diagnóstico é:
nolol ou atenolol, já que o efeito é de classe
a) normotensão
b) o esquema de titulação tradicional dos betabloqueado-
b) hipertensão do avental branco
res, com aumentos a cada 2 semanas, costuma ser lento
c) hipertensão mascarada
e trabalhoso; esquemas alternativos com titulação rápi-
d) hipertensão primária estadio I
da (em dias) devem ser preferidos
c) durante a fase de titulação, pode haver piora da classe D Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
funcional, situação na qual a dose deve ser mantida ou
trocada pela dose anterior e devem ser feitos ajustes de
volemia com emprego de diuréticos 2011 - SES-RJ INCA/FIDCRUZ
d) quando o paciente apresenta episódios de descompen- 59. Não dispondo de recursos financeiros para com-
sação, requerendo internação domiciliar, o betabloque- prar os anti-hipertensivos prescritos, um senhor de 59
ador deve ser suspenso para reintrodução após a alta anos se automedicava com chás caseiros e, certo dia,

214
CARDIOLOGIA

chegou desorientado ao hospital, com cefaleia intensa A correta aferição da PA é imprescindível para uma boa con-
e PA = 210x140mmHg . Seu estado logo se agravou, e sulta clínica. É comum, entre os pacientes, a queixa de que
um estudo contrastado de imagem mostrou hemorra- seu médico os atendeu rapidamente, mal os ouviu e deixou
gia cerebral. Como o sangramento teve relação com o de aferir sua PA. A prática de checar a PA sistólica pela apal-
episódio hipertensivo, é mais provável que ele tenha pação da artéria radial, antes de aplicar o estetoscópio:
ocorrido em: a) é particularmente útil a pacientes que apresentam o
a) mesencéfalo hiato auscultatório
b) córtex parietal b) é dispensável a médicos que apresentem boa acuidade
c) região pontina auditiva
d) núcleos da base c) evita a subestimação da PA diastólica
d) é dispensável a médicos que apresentem boa acuidade
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -"w------lr--
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder visual
e) tem como finalidade específica melhorar a relação mé-
dico-paciente
2011- UFPR
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -"w------lr--
60. A respeito do tratamento da hipertensão arterial sistê-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
mica, identifique as afirmativas a seguir como Verdadeiras
(V) ou Falsas (F):
2011- UEL
( ) Dietas deficientes em potássio, cálcio e magnésio estão
associadas ao aumento da PA e da hipertensão. 62. Com relação à hipertensão arterial, assinale a alterna-
( ) A introdução da hidroclorotiazida em dosagens tiva correta:
>SOmg/d provou ser benéfica em reduzir a PA com baixos a) o tratamento baseia-se nos níveis pressóricos e na idade
índices de hipocalemia, resistência insulínica e aumento do paciente
do colesterol. b) no controle inicial, há preferência pela monoterapia, in-
( ) Os estudos de meta-análise sobre as diferentes classes dependentemente do estágio da hipertensão arterial
de anti-hipertensivos sugere que as 6 maiores são equiva- c) há preferência pela associação de medicamentos em
lentes, em sua eficácia, em reduzir a PA quando utilizadas doses baixas, em relação à dose máxima de apenas 1
em monoterapia. medicamento
( ) A expressão "hipertensão resistente" refere-se àqueles d) os diuréticos são as drogas preferenciais na hipertensão
com PA >140x90mmHg, apesar do uso de 3 ou mais agen- estágio I
tes anti-hipertensivos, incluindo diuréticos. e) a associação de IECAs a diuréticos é superior às demais
Assinale a sequência correta: associações
a) V, V, F, V O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -"w------lr--
b) V, F, V, V O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) F, F, V, F
d) F, V, F, F 2011- UFSC
e) V, V, V, F
63. Um homem de 40 anos, assintomático, procura por
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -"w------lr-- atenção primária para avaliação clínica de rotina. Verifica-
m_en_t_
....::0=-R_el_er_o_c_o_ = Encontrei dificuldade para responder
ár_io_ ___:D -se que sua PA se encontra elevada (160x90mmHg) ao início
e ao final da consulta. O paciente retorna em 1 semana, e os
2011- UEL valores de PA se mantêm nos mesmos níveis da 1! consulta.
61. Analise a charge e responda à questão a seguir: Você realiza um exame de fundo de olho que evidencia reti-
nopatia hipertensiva grau 11 na classificação de Keith e We-
gener. Qual é a conduta adequada diante dessa situação?
a) confirmar hipertensão arterial sistêmica em 6 meses
b) iniciar tratamento farmacológico para hipertensão ime-
diatamente
c) orientar dieta pobre em sal e modificações do estilo de
vida
d) investigar outras lesões de órgão-alvo para definir indi-
cação de tratamento farmacológico para hipertensão
arterial sistêmica
e) realizar MAPA
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -"w------lr--
(Disponível em: <http://lahad.wordpress.com/2010/07/26/a-ob-
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
turacaa/> Acesso em: 31 de agasto de 2010.)

215
~"'§ QUESTÕES

2011- UFMS c) urgência hipertensiva


64. Um homem assintomático, de 70 anos, chega ao seu d) emergência hipertensiva
consultório por apresentar PA = 176x86mmHg em triagem O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
feita num centro de atendimento a idosos. Você constata O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
hipertensão em 2 ocasiões adicionais. A terapia inicial
deve conter: 2010 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
a) IECA
68. Uma mulher de 68 anos, tabagista há 20 anos, apre-
b) bloqueador do canal de cálcio sentou PA = 162x90mmHg em 2 consultas seguidas. Os
c) diurético exames laboratoriais mostraram colesterol total = 210mg/
d) betabloqueador dl, LDL =162mg/dl, HDL = 32mg/dl, creatinina =1,2mg/
e) vasodilatador de ação central dl, urina de rotina sem alterações e eletrocardiograma
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ com sinais de hipertrofia do ventrículo esquerdo. Assinale
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder a alternativa correta:
a) é provável que a paciente tenha hipertensão do avental
2011- UFPE branco; deve-se solicitar Monitorização Ambulatorial da
65. São fatores de risco para o surgimento de hipertensão Pressão Arterial (MAPA) e iniciar somente medidas não
arterial sistêmica, exceto: medicamentosas
b) o tratamento medicamentoso com monoterapia está in-
a) idade >40 anos
dicado e uma opção seria o uso de atenolol, 25mg/d
b) excesso de peso e obesidade
c) o perfil da paciente é mais adequado ao uso de associa-
c) ingestão excessiva de sal, açúcar e cálcio
ção de medicamentos hipotensores; a associação hidro-
d) sedentarismo
clorotiazida a IECA seria uma boa opção
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ d) deve-se preferir o uso de IECAs associados ao antagonis-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder ta de receptor ATl, como forma mais eficaz de regredir a
hipertrofia do ventrículo esquerdo
2011- UFPE
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
66. Sobre o tratamento farmacológico da hipertensão ar- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
terial com diuréticos, analise as seguintes proposições:
I - Os tiazídicos estão indicados ao tratamento de idosos 2010 - UNICAMP
com hipertensão sistólica.
69. Uma mulher, de 26 anos, em investigação de hiper-
11 - Os tiazídicos podem não ser efetivos na presença de
tensão arterial de difícil controle, queixa-se de fraqueza
clearance de creatinina <30ml/min.
muscular. Está em uso de inibidor de canal de cálcio, IECA
111 - Os de alça têm grande atividade diurética, mas pe-
e hidroclorotiazida, e ao exame físico apresenta PA =
quena ação vasodilatadora. 160x100mmHg. Ao fundo de olho, arteríolas em fio de co-
IV - Hiponatremia e hipercalemia são alterações associa- bre e papilas nítidas e, à ausculta cardíaca, hiperfonese de
das ao uso de furosemida. A2. Exames laboratoriais: creatinina plasmática = 0,9mg/
Está(ão) correta(s): dl (VR até 0,9} e K = 2,7mEq/L (VR = 3,1 a 5,1}; exame de
a) I, 11 urina: sem alterações; ultrassonografia abdominal: rins de
b) 111, IV tamanho normal. A hipótese diagnóstica mais provável é:
c) I, 11, 111 a) hipertensão arterial essencial
d) IV, apenas b) hipertensão arterial secundária ao feocromocitoma
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ c) hipertensão arterial secundária a um hiperaldosteronis-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder mo primário
d) hipertensão arterial secundária a uma doença renal
2011- UFRN O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

67. Um paciente de 45 anos vai ao consultório médico O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
para uma consulta de rotina. Ao exame, apresentou-se as-
sintomático, com PA = 200x120mmHg. O exame do fundo 2010 - ALBERT EINSTEIN
de olho mostrava exsudatos algodonosos na retina, ape- 70. A medida da PA é recomendada para o cuidado pre-
sar de estar em uso de valsartana, 320mg/d, manidipino, ventivo em saúde infantil. Não é correto afirmar que:
20mg/d e clortalidona 25mg/d. De acordo com os dados a) o consenso atual é definir a pressão diastólica pelo 5º
relatados, o paciente apresenta: som de Korotkoff
a) hipertensão arterial sistêmica maligna b) a hipertensão arterial do adulto não se relaciona ao apa-
b) hipertensão arterial sistêmica refratária recimento da hipertensão na infância e na adolescência

216
CARDIOLOGIA

c) a hipertensão arterial na infância é indicativa de doença I - Reduzem o volume plasmático e, em longo prazo, au-
de base, enquanto na adolescência a hipertensão es- mentam a resistência vascular periférica.
sencial passa a ser mais frequente 11- Administrados isoladamente em baixas doses, apresen-
d) a medida da PA deve ser realizada a partir dos 3 anos tam ação anti-hipertensiva.
nas consultas pediátricas de rotina 111- Alterações bioquímicas e metabólicas são dose-depen-
e) o choro e o estresse podem aumentar os valores da dentes.
pressão sistólica IV - Em baixas doses, a hidroclorotiazida apresenta redu-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ ção na ação diurética em médio e longo prazos.
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder V - Podem precipitar crise de gota.
Está(ão) correta(as):
2010 - UNITAU a) I, 11, IV
71. Um homem de 49 anos, com IMC = 35kg/mz, dia- b) 11,111, v
bético tipo 2 há 5 anos, vem para exame de checkup de c) 111, V
rotina. Trouxe exames laboratoriais de glicemia de je- d) I, apenas
jum = 98mg/dl, hemoglobina glicada = 7%, ácido úrico O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
= 9mg/dl, colesterol total = 234mg/dl, HDL = 34mg/dl, O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
triglicérides = 180mg/dl, creatinina = 1mg/dl, sódio =
130mEq/L, potássio = 3,5mEq/L e urina tipo I normal.
=
Ao exame físico, apresenta PA 195x110mmHg e FC = Síncope
60bpm, além de ritmo cardíaco regular em 2 tempos sem
sopros. O eletrocardiograma revela sobrecarga do átrio
esquerdo, e o fundo de olho, retinopatia diabética leve. 2015 - UNICAMP
Qual é a opção terapêutica anti-hipertensiva mais ade-
74. Uma jovem de 14 anos, previamente hígida, vem para
quada ao caso?
avaliação após ter desmaiado em um acampamento de
a) associação medicamentosa de IECA e bloqueador dos
bandeirantes. Refere que, após 48 horas de acampamento,
canais de cálcio
por volta de 8 da manhã, quando estavam em formação
b) monoterapia com diurético tiazídico em dose elevada
c) associação tripla de betabloqueador, diurético tiazídico para hastear a bandeira, lembra-se apenas de uma leve
e bloqueador dos canais de cálcio tontura. Nega outros sinais e sintomas e, quando reco-
d) monoterapia com vasodilatador arterial direto brou a consciência, conseguiu levantar-se sem problemas.
e) associação medicamentosa de IECA e bloqueador dos Exame físico: IMC = percentil 85, FC = 60bpm, FR = 14irpm
receptores ATl da angiotensina li e PA = 100x60mmHg; sem outras alterações. A hipótese
diagnóstica é:
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder a) hipoglicemia
b) síndrome convulsiva
2010 - SES-AJ c) hipotensão postura!
d) síndrome vasovagal
72. Um paciente de 42 anos se descobriu hipertenso há 1
semana em consulta de rotina, sendo-lhe prescrito, pelo O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

cardiologista, maleato de enalapril. Em consulta de revi- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

são após 3 semanas, apresentava-se normotenso, porém


sua medicação foi alterada para losartana potássica. Dos 2015- UFPA
paraefeitos a seguir, aquele não condizente com essa con- 75. Durante culto em ambiente fechado, uma menina
duta é: de 14 anos sente "tonturas" e "perda de visão", segui-
a) tosse seca das de perda de consciência. A paciente tentou se agar-
b) angioedema rar nos familiares e teve uma queda lenta. O quadro foi
c) rash cutâneo acompanhado de tremor, sudorese, palidez, taquicardia
d) hiperpotassemia
e vômitos. A adolescente refere que se lembra vaga-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ mente dos fatos e que já apresentou 8 episódios, com
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
completa recuperação após as crises. O tilt test foi posi-
tivo. Assinale a alternativa que apresenta o diagnóstico
2010- UFPE clínico mais provável e a conduta indicada para profila-
73. Sobre o uso de diuréticos tiazídicos no tratamento da xia de outras crises:
hipertensão arterial sistêmica, analise as proposições a a) epilepsia generalizada; ácido valproico
seguir: b) crise de simulação; orientação psicológica

217
, QUESTÕES

c) síncope vasovagal; dieta rica em sal, aumento da inges- 2011 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
tão de líquidos e uso de betabloqueador 79. Uma criança, de 8 anos, previamente hígida, é trazida
d) síncope vagai; dieta rica em sal, aumento da ingestão de ao pronto-socorro, pois há 20 minutos apresentou perda
líquidos e uso de atropina súbita da consciência por aproximadamente 1 minuto,
e) somatização (histeria); avaliação psiquiátrica quando da realização de atividade física. Ao exame físico,
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ não se observam anormalidades, e no momento a criança
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder está consciente e orientada. Relatou-se que sofreu epi-
sódio semelhante há 2 meses, quando jogava futebol. O
diagnóstico e a conduta são:
2014- UFG
a) síncope por causas cardíacas; eletrocardiografia e eco-
76. A perda súbita de consciência na síndrome de Stokes- card iografia
·Adams é devida: b) síncope vaso-vagai; ti/t teste expansão volumétrica com
a) a espasmos vasculares cerebrais decorrentes de crises baixas doses de corticoides
hipertensivas c) síncope por causas neurológicas; eletroencefalografia e
b) a acidente vascular cerebral isquêmico por liberação de administração de anticonvulsivantes
trombas de cavidades cardíacas d) síncope por intoxicação exógena; screening toxicológico
c) a baixo fluxo cerebral por presença de estenose valvar e lavagem gástrica
aórtica severa D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
d) a diminuição do débito cardíaco por bloqueio atrioven- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
tricular total intermitente
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ 2011- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA)
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder Enunciado para as próximas 2 questões:
Uma mulher de 56 anos, previamente hígida, sofre des-
2012- UERJ maio súbito após testemunhar acidente de carro, sem pre-
77. Pela 3ª vez desde o começo do internato, uma estres- cedência de pródromos. Recobra a consciência após perí-
sada acadêmica de medicina passou mal subitamente. odo de 1 minuto, estável hemodinamicamente, com PA =
110x70mmHg e FC = 68bpm.
Ao trocar o curativo da punção venosa profunda, de
politraumatizado transferido para sua enfermaria, ela
2011 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA)
sentiu náuseas, teve turvação visual, empalideceu e só
80. Qual é a principal etiologia de que devemos suspeitar
não caiu ao solo por ter sido amparada por um colega
neste caso?
de turma. No mesmo dia, o teste de inclinação ortostá-
a) bloqueio atrioventricular completo
tica (tilt test) a que se submeteu foi positivo, o que leva
b) acidente vascular cerebral
a pensar em:
c) síncope neuromediada
a) síncope vasovagal
d) taquicardia ventricular
b) histeria aguda de conversão
e) hipoglicemia
c) arritmia supraventricular paroxística
~ D Tenho domínio do assunt o D Refazer essa questão ~
d) epilepsia do tipo pequeno mal acinético
:f' [ D Reler o comentário D Enmntrei dificuldade para responder
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
2011 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA)
81. Qual é o tratamento adequado?
2011- FMUSP - RIBEIRAO PRETO
a) betabloqueador
78. Um homem, de 45 anos, previamente saudável e as- b) IECA ou ARA 2
sintomático, apresentou episódio sincopal durante a mic- c) antiarrítmico
ção logo após acordar. Não houve liberação esfincteriana, d) benzodiazepínico
e recuperou-se prontamente ao cair no chão. Assinale a e) observação clínica
conduta correta: D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
a) eletrocardiograma D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
b) eletrocardiograma e teste de inclinação passiva (ti/t test)
c) eletrocardiograma e eletrocardiografia dinâmica (ho/- 2010 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA)
ter) de 24 horas
Enunciado para as próximas 2 questões:
d) eletrocardiograma e teste ergométrico
Um paciente, de 70 anos, hipertenso e diabético, refere
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ desmaio com duração de cerca de 30 segundos há aproxi-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder madamente 1 hora. Nega pródromos e refere ter acordado

218
CARDIOLOGIA

após queda com escoriações na cabeça, mas não se lem- 2009 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
bra do momento precedente ao tombo. Além disso, nega 85. Um homem, de 55 anos, desenvolveu vermelhidão
liberação esfincteriana ou confusão após desmaio e apre- cutânea generalizada e tontura 10 minutos após ter sido
senta o eletrocardiograma a seguir: ferroada por uma abelha. Ele chegou ao pronto-socorro
20 minutos depois, com Tax = 36,9"C, FC = llObpm e FR =
30irpm, em ritmo de galope. O eletrocardiograma mostra
taquicardia sinusal. Não usa medicações. Com relação ao
paciente descrito, pode-se afirmar que:
a) o diagnóstico mais provável é reação vasovagal
b) trata-se de caso atípico de anafilaxia, pois, nessa condi-
ção, mais de 80% dos pacientes apresentam acometi-
mento do trato respiratório
c) o tratamento inicial deve ser hidrocortisona intraveno-
2010- HSPE-SP [BASEADA NA PROVA)
sa, prometazina intramuscular e ranitidina intravascular
82. Qual é o achado do eletrocardiograma? d) a conduta inicial deve ser solução salina intravenosa e
a) bloqueio do fascículo anterossuperior do ramo es- adrenalina (1:1.000) 0,3ml intramuscular
querdo
b) bloqueio do ramo esquerdo O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------'vl---!'r
c) bloqueio do ramo direito O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

d) sequela do infarto agudo do miocárdio


e) supradesnivelamento do segmento ST na parede ante-
rior- infarto agudo do miocárdio em evolução Eletrofisiologia
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------'vl---!'r
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2014 - AMRIGS
2010- HSPE-SP [BASEADA NA PROVA) 86. Um homem de 50 anos chega à UTI encaminhado de
outro hospital com a seguinte história clínica: 9 horas
83. Qual é a etiologia mais provável para o caso?
atrás, apresentou quadro de parada cardiorrespiratória
a) infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento
durante uma partida de futebol. Foi trazido por amigos
do segmento ST
para o departamento de emergência, onde foi submetido
b) doença arterial coronariana crônica
a manobras de ressuscitação cardiopulmonar durante 20
c) síncope neurocardiológica
d) síncope neurológica minutos. Houve reversão do ritmo de PCR. Um eletrocar-
e) idiopática diograma (ECG) foi realizado logo após a recuperação da
circulação espontânea (Figura 1), e enzimas cardíacas co-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------'vl---!'r
letadas mostraram elevação significativa de troponina-1
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e CK-MB. Na chegada à UTI, o paciente apresentava-se
intubado e em ventilação mecânica, sedado com fenta-
2010 - PUC-PR nila e midazolam e necessitando de baixas doses de no-
84. L.W., de 30 anos, do sexo feminino, apresenta história radrenalina. Foi realizado nesse momento um novo ECG
de crises recorrentes de perda do estado de consciência e (Figura 2):
atonia postura! precedidas por náuseas, zumbido bilateral
e diminuição da acuidade visual. As crises ocorriam no pe-
ríodo diurno, durante a sua jornada de trabalho como bal-
conista em uma loja de roupas, onde permanecia a maior
parte do tempo em pé. Há 5 dias, ocorreu o último episódio, .v
quando acordou para ir ao banheiro. Seu esposo conta que
a viu sentada com o corpo enrijecido, sofrendo abalos mus-
culares de 15 segundos. Houve recuperação espontânea da
orientação e da consciência de forma simultânea. Com base
nesses dados, qual é a principal hipótese diagnóstica?
a) síncope neurocardiogênica
b) epilepsia
c) síncope cardiogênica
d) cataplexia
e) síncope cerebrovascular
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------'vl---!'r
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder Figura 1

219
QUESTÕES

2013 - SANTA CASA DE BH


88. Observe o seguinte eletrocardiograma:

Figura 2

Considerando os dados do quadro clínico descrito, qual é o


diagnóstico eletrocardiográfico correto?
a) a Figura 1 mostra sinais de supradesnivelamento de
segmento ST na parede anterior
b) a Figura 1 mostra sinais de bloqueio completo do ramo
direito
c) a Figura 1 mostra sinais de bloqueio completo do ramo
esquerdo
d) a Figura 2 mostra sinais de isquemia miocárdica aguda
na parede anterior
e) a Figura 2 mostra sinais de bloqueio atrioventricular
completo
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----"vv------
0 Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

Espera-se encontrar, na ausculta cardíaca de um paciente


2014- UCPEL que tem esse eletrocardiograma:
a) desdobramento amplo da 2ª bulha
87. Com relação à fisiologia cardiovascular, temos como
b) desdobramento paradoxal da 2ª bulha
correto:
c) desdobramento fixo da 2ª bulha
a) o fluxo sanguíneo através de um vaso é determinado
d) desdobramento fisiológico da 2ª bulha
pelo gradiente de pressão entre 2 extremos do vaso e
a resistência vascular e pode ser calculado pela lei de D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----"vv------
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
Ohm, em que Q =flP/R (Q =fluxo sanguíneo, flP =gra-
diente de pressão e R= resistência)
2012 - UNIT AU
b) o bombeamento atrial (também chamado sístole atrial)
representa pouco menos de 10% do débito cardíaco to- 89. Uma paciente de 50 anos, portadora de miocardio-
tal em corações normais
patia dilatada, idiopática e familiar está em tratamento
farmacológico otimizado com IECA (captopril 150mg/d),
c) a noradrenalina liberada pela medula adrenal aumenta
betabloqueador (carvedilol 50mg/d), espironolactona
a contratilidade miocárdica por estímulo nos alfarrecep-
(25mg/d) e diurético de alça (160mg/d). Queixa-se de
tores
palpitações ocasionais. Seu eletrocardiograma revela au-
d) quando a pressão ventricular esquerda aumenta para
mento do intervalo QT, depressão do segmento ST e da
cerca de 80mmHg e a direita para cerca de 8mmHg,
onda Te onda U evidente. Qual distúrbio eletrolítico pode
ocorre a abertura das válvulas semilunares e o sangue estar envolvido no caso?
começa a abandonar os ventrículos, com 20% no terço a) hipopotassemia
inicial e os outros 80% no tempo restante b) hipocalcemia
e) débito cardíaco é o produto do volume sistólico pela c) hipercalcemia
frequência cardíaca, dividido pela resistência vascular d) hiponatremia
periférica e) hipomagnesemia
~ D D Refazer essa questão ~ ~ O Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
r ID
Tenho domínio do assunto
Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder r ID Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

220
CARDIOLOGIA

2012- UFES 2012 - HC-ICC


90. Um paciente de 4 anos é internado na enfermaria de 93. São alterações eletrocardiográficas que podem ser en-
Pediatria com diagnóstico de pneumonia e derrame pleu- contradas em pacientes com hipercalemia:
ral à esquerda, de pequeno volume, sem indicação de dre- a) onda T alta, apiculada, estreita e simétrica
nagem. Ao ser examinado, foi auscultado ritmo cardíaco b) onda T alta de base larga e assimétrica
irregular. O restante do exame não demonstrou anorma- c) onda P aumentada e complexo QRS estreito
lidades além de taquidispneia leve e crepitações em base d) inversão da onda T
esquerda. No traçado eletrocardiográfico, observa-se: e) onda P alta, apiculada, estreita e simétrica
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2011- HSPE-SP [BASEADA NA PROVA)


Qual é o diagnóstico?
94. Um paciente de 43 anos tem antecedentes de episó-
a) se esse achado for associado à crassa da aorta posicio-
dios de palpitações com resolução espontânea, e há 3 dias
nada à direita da traqueia ao raio x de tórax, o diagnós-
está com mal-estar indefinido. O eletrocardiograma apre-
tico provável será de tetralogia de Fallot
senta:
b) se houver história pregressa de prematuridade, o
diagnóstico provável será de canal arterial persistente
c) esse achado eletrocardiográfico é compatível com situs
inversus
d) se houver história pregressa de síncope, o diagnóstico
provável será de síndrome de Wolff-Parkinson-White
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2012- UFPR
91. Um lactente, de 8 meses, com história de diarreia,
vômitos e poliúria há 3 dias, dá entrada no pronto aten- Qual é o diagnóstico provável?
dimento com mucosas secas, olhos encovados, turgor a) eletrocardiograma normal
frouxo do subcutâneo, distensão abdominal e hipotonia b) pré-excitação
generalizada. O eletrocardiograma evidencia depressão c) angina instável
do segmento ST e onda T invertida. Além da reposição de d) infarto inferior antigo
volume para a correção da desidratação, qual íon deverá
e) hipercalcemia
ser reposto, além das necessidades básicas diárias?
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
a) potássio
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
b) sódio
c) cálcio
d) fósforo 2011- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA)
e) magnésio 95. Qual das medicações relacionadas a seguir é associada
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ a esta alteração eletrocardiográfica?
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2012 -IOG
92. O achado de onda T positiva, em todas as derivações
precordiais, em uma criança de 45 dias de vida pode ser o
final de:
a) normalidade para a faixa etária
b) sobrecarga ventricular esquerda
c) sobrecarga atrial esquerda
d) sobrecarga biventricular
e) sobrecarga ventricular direita
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ a) quinidina
:r I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder b) procainamida

221
~itl~ QUESTÕES
c) digoxina frequentar perto de casa. Embora a caminhada não fosse
d) lidocaína longa, sentia cansaço e crescente falta de ar, motivos pelos
e) disopiramida quais procurou seu clínico particular. Ela tomava amioda-
~ D Tenho dom inlo do assunto D Refazer essa questão ~ rona por arritmia cardíaca havia longo tempo, e, após in-
r I D Reler o comentaria D Encontrei dificuldade para responder vestigação, o médico concluiu que seu problema decorria
de 2 clássicos efeitos colaterais do uso prolongado dessa
2011 - FHEMIG droga, a saber:
a) derrame pericárdico e hiperpotassemia
96. A arritmia cardíaca revelada pelo traçado eletrocardio-
b) fibrose pulmonar e hipotireoidismo
gráfico reproduzido a seguir pode acompanhar os seguin-
c) enfisema bolhoso e rabdomiólise
tes achados clínicos, exceto:
d) broncoespasmo e retenção hídrica
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

Arritmias cardíacas

2015 - UNICAMP
99. Um homem, de 72 anos, queixa-se de tontura e can-
saço há 2 dias. Hoje, teve queda da própria altura ao se
levantar. Antecedente pessoal: hipertensão arterial em
uso de metoprolol e hidroclorotiazida. Realizou o ECG a
seguir:

a) desaparecimento da onda A do pulso venoso jugular


b) desaparecimento do reforço pré-sistólico do ruflar dias-
tólico em caso de estenose da valva mitral
c) 4ª bulha
d) variação da intensidade da 1ª bulha
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2007 - SES-SC
97. Um homem de 40 anos chegou a uma unidade de diálise,
levado por familiares, com quadro de fraqueza muscular nos
membros inferiores, que dificultava a deambulação. Apre- A conduta é:
sentava insuficiência renal crônica e estava em programa re- a) realizar cateterismo cardíaco
gular de hemodiálise, a última realizada há 2 dias. A PA era b) suspender hidroclorotiazida e repor potássio
de 160x90mmHg, e o eletrocardiograma evidenciou ondas T c) realizar estudo eletrofisiológico
apiculadas e ausência de onda P. Uma sessão de diálise rever- d) inserir marca-passo temporário
teu o quadro. Assinale o diagnóstico mais provável: D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
a) hipocalemia D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
b) hiperfosfatemia
c) hiperpotassemia 2015- UFPR
d) neuropatia diabética
100. Um homem de 54 anos, portador de doença arterial
e) acidose metabólica
coronariana crônica, apresenta, após intensa emoção, dor
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
torácica precordial e perda da consciência. Os pulsos pe-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
riféricos não são perceptíveis, e a pressão arterial não foi
percebida. O mecanismo provável da parada é:
2006 - FESP-RJ a) assistolia
98. Uma aposentada, de 70 anos, observou que estava b) atividade elétrica sem pulso
sendo cada vez mais difícil chegar ao bingo que costumava c) taquicardia supraventricular

222
CARDIOLOGIA

d) fibrilação ventricular
e) fibrilação atrial
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar- a)
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2015- UFPR
101. Com relação à fibrilação atrial, assinale a alternativa b)
incorreta:
a) devido à ação inotrópica negativa dos betabloqueadores,
devem ser evitados nos pacientes com fibrilação atrial
b) hipertireoidismo e intoxicação alcoólica aguda são cau- c)
sas bem definidas de fibrilação atrial
c) idade> 75 anos é um fator de risco para acidente vascu-
lar cerebral no paciente portador de fibrilação atrial
d)
d) os bloqueadores dos canais de cálcio verapamil e diltia-
zem podem ser utilizados para o controle da frequência
cardíaca nos pacientes com fibrilação atrial
e) a incidência da fibrilação atrial aumenta com a idade
e)
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar-


2015- UFSC D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

102. Uma paciente feminina de 27 anos é admitida na


Emergência com queixas de palpitação e tontura. O pulso 2015- UFSC
é regular e acelerado. Sinais vitais: PA = 100x60mmHg, 104. Após o ciclo de compressões e ventilações, o caso foi
FR = 22irpm, T = 36,6•c, FC = 180bpm e Sat0 2 = 97%. O reavaliado, e a criança continuava com o mesmo perfil ele-
eletrocardiograma revela taquicardia com QRS estreito e
trocardiográfico. Assinale a alternativa correta, que apre-
confirma frequência de 180. Assinale a alternativa correta,
senta a conduta mais adequada a ser seguida:
que apresenta a principal hipótese di agnóstica e a aborda-
a) atropina 0,02mg/kg IV, máximo de O,Smg e mínimo de
gem terapêutica apropriada, respectivamente:
O,lmg
a) fibrilação atrial; cardioversão química com amiodarona
b) epinefrina O,Olmg/kg IV
oral
b) taquicardia sinusal; betabloqueador c) desfibrilação com 2J/kg
c) taquicardia ventricular; cardioversão química com amio- d) adenosina O,lmg/kg IV, máximo de 6mg
darona parenteral e) cardioversão elétrica com lJ/kg
d) fibrilação ventricular; cardioversão elétrica D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar-
e) taquicardia supraventricular; adenosina D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar-


D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder 2015- UEL
105. Sobre a correlação do estímulo com a resposta reflexa
2015- UFSC do sistema nervoso autônomo, assinale a alternativa cor-
Enunciado para as próximas 2 questões: reta:
Você foi chamado para avaliar um paciente de 4 meses, a) aumento da pressão de enchimento do átrio direito: au-
internado por bronquiolite, com queda de saturação de mento da atividade parassimpática
oxigênio. Ao chegar à unidade de internação, o paciente b) aumento da pressão na parede ventricular esquerda:
estava em uso de cateter de 0 2 nasal com 4L/min, SatOz aumento do tônus simpático
= 50%, FC = 110bpm, FR = 100irpm, tiragens intercostais c) compressão do seio carotídeo: diminuição da atividade
e subcostais, uso de musculatura acessória e cianose.
simpática
Enquanto você pedia ajuda e preparava o material, o pa-
d) distensão do reto durante colonoscopia: taquicardia
ciente evoluiu em parada cardiorrespiratória.
e) tração da musculatura extrínseca do olho: diminuição
2015- UFSC do tônus parassimpático

103. Assinale a alternativa que apresenta o ritmo de pa- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ------\1----Ar-
rada mais comum nessa situação: D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

223
QUESTÕES

2015- SURCE 2014 - UNIRIO


106. Uma paciente de 72 anos, hipertensa, há cerca de 6 ho- 109. Um paciente de 13 anos, previamente hígido, iniciou,
ras com palpitações intensas, dá entrada, na Emergência, so- há 2 dias, quadro de dor precordial que piorava com a ins-
nolenta e pouco responsiva, após síncope. No exame físico, piração. Por evoluir com ortopneia, dispneia aos esforços e
chamam a atenção PA = 80x40mmHg e pulso rápido, irregu- tonteira, procurou o setor de emergência, onde o clínico de-
lar, sem pausas ou falhas, com FC = 150bpm, confirmado pela monstrou ritmo cardíaco irregular, com bulhas normofoné-
ausculta cardíaca com as mesmas características e sem ou- ticas e discretos estertores crepitantes bibasais à ausculta
tras alterações. Considerando o diagnóstico mais provável, a pulmonar. PA = 104x72mmHg, FC = 132bpm e FR = 30irpm.
conduta mais adequada, após o ECG de 12 derivações, seria: Quanto aos exames complementares, o eletrocardiograma
a) heparina subcutânea revela ritmo sinusal, com várias extrassístoles ventriculares,
b) digitálico intravenoso os níveis séricos de CK-MB e troponina T estão elevados,
c) antiarrítmico intravenoso e o ecocardiograma, por sua vez, revela aumento dos diâ-
d) cardioversão transtorácica metros e hipocinesia difusa do ventrículo esquerdo, bem
como disfunção sistólica global moderada do ventrículo es-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
querdo, com hipocinesia mais acentuada na parede inferior.
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
Dentre os exames a seguir, aqueles que poderiam ser reali-
zados para melhor definição diagnóstica seriam:
2014 - SANTA CASA-SP
a) cintilografia com gálio-67 e ressonância nuclear magné-
107. Um homem de 35 anos, sem comorbidades prévias, vem tica cardíaca
ao pronto-socorro com queixa de "batedeira e angústia" no b) teste ergométrico e cineangiocoronariografia
peito. O paciente nega dor, dispneia ou perda de consciência. c) ecocardiograma transesofágico e tomografia de tórax
Ao exame físico, está estável hemodinamicamente, com aus- d) dosagem sérica de D-dímero e arteriografia pulmonar
culta pulmonar limpa e pulso de 160bpm. Após a realização e) ASLO e biópsia pericárdica
do eletrocardiograma (Figura), qual é a próxima conduta? O Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2014- UFRN
110. Uma mulher de 29 anos comparece ao pronto-socorro
com queixa de palpitações taquicárdicas, sudorese e mal-
-estar de início há 20 minutos. Nega comorbidades, uso de
drogas ilícitas ou medicamentos, e ao exame físico apresenta
PA = 82x44mmHg. Realizou o eletrocardiograma a seguir:

a) adenosina 6mg em bo/us


LL.u..u~ f rnmrrrrrn'~
b) amiodarona 150mg em 20 minutos
c) cardioversão elétrica sincronizada com sedação
Ull {U I.Jll.~.,~ ttii11ttrtflJllL.Ll
d) manobra vagai
e) controle de frequência com verapamil, diltiazem ou me- t -~~-L LUl lliLLLllft'iifrti~-L
toprolol
~ O Tenho domlnio do assunto O Refazer essa questão ~ ': LLWJJ...LlUJJJlbt-U...Wllli±.l1httt.t
/:/' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

O tratamento preconizado para casos como esse é:


2014- UFF a) cardioversão elétrica sincronizada
108. Uma bradicardia de ritmo regular pode ser causada b) manobra vagai
por: c) adenosina 6mg IV
a) arritmia sinusal d) desfibrilação
b) fibrilação atrial ~ O Tenho domínio do assunto O Refa zer essa questão ~
c) extrassístoles frequentes r
ID Reler o comentário o Encontrei dificuldade para responder
d) hipotensão aguda
e) bloqueio atrioventricular de 3º grau AV 2013 - SANTA CASA-SP
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 111. Um homem de 74 anos, em tratamento de insuficiên-
/,T I O Reler o comentaria O Encontrei dificuldade para responder cia cardíaca crônica por miocardiopatia chagásica, chega

224
CARDIOLOGIA

ao pronto-socorro com tonturas, fraqueza, náuseas e mui- c) am iodarona intravenosa


tas cãibras. Não sabe informar sobre medicações de uso d) controle da frequência ventricular com diltiazem e pres-
regular. Há 4 dias, passou a sentir muita canseira e inchaço crição de ácido acetilsalicílico 32Smg/d
nas pernas, motivo pelo qual aumentou por conta própria e) estudo eletrofisiológico em caráter de urgência
a dose dos medicamentos. Há 1 dia, seu intestino parou D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
de funcionar e ficou com o abdome distendido. Tomou la- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
xante, tendo diarreia, mas não melhorou a distensão ab-
dominal. Foi detectado importante distúrbio eletrolrtico, 2013 - SANTA CASA-SP
cuja reposição foi iniciada imediatamente. O ECG mostra
113. Após a conduta adotada no pronto-socorro, o pa-
traçado a seguir:
ciente foi encaminhado ao cardiologista com o eletrocar-
diograma a seguir. Encontra-se muito ansioso, pois deseja
retornar às suas atividades profissionais.
Assinale a alternativa incorreta para o desequilíbrio ele-
trolítico encontrado nesse caso:
a) trata-se de complicação decorrente de automedicação
b) as cãibras e o íleo paralítico são complicações deste dis-
túrbio eletrolítico
c) há necessidade também da reposição de gluconato de
cálcio
d) pode contribuir para arritmias cardíacas por intoxicação
digitálica
e) a hiperglicemia pode ocorrer por inibição da secreção
de insulina
----. D Tenho domínio do assunto D Re fazer essa que5t.ilo ~
,,r I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

Sobre o caso, é correto afirmar que:


2013- SANTA CASA-SP
a) o paciente deve ser afastado do esporte e deve ser so-
Enunciado para as próximas 2 questões: licitado estudo eletrofisiológico, pois o eletrocardiogra-
Um paciente de 22 anos, jogador profissional de futebol ma sugere síndrome de pré-excitação ventricular
com queixas recorrentes de palpitações taquicárdicas há b) na ausência de cardiopatia estrutural, as alterações do
10 anos, durante o treino apresentou mal-estar geral as- ritmo apresentadas são benignas; não há necessidade
sociado a palpitações. Foi levado para o pronto-socorro de tratamento, e o indivíduo pode ser liberado para prá-
mais próximo e avaliado pelo clínico geral. Ao exame: tica esportiva
consciente e taquicárdico, com PA = 110x60mmHg. Foi re- c) o paciente não precisa ser afastado do esporte, e deve-
alizado o eletrocardiograma a seguir: -se iniciar tratamento com propranolol oral, devido à
possibilidade de taquicardia ventricular polimórfica ca-
tecolaminérgica
d) o paciente deve ser afastado do esporte até ser realiza-
do implante de cardiodesfibrilador implantável
e) deve-se afastar o paciente das atividades esportivas
pela necessidade de anticoagulação oral crônica
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2013 - SANTA CASA-SP


114. Um homem desconhecido, aparentando 30 anos, é
trazido por policiais, tendo sido encontrado caído em via
pública. Segundo relatos, é morador de rua. Apresentava-
2013 - SANTA CASA-SP -se com as vestes molhadas e rebaixamento importante
112. Qual é a conduta mais adequada para o caso? do nível de consciência. Seus dados vitais mostravam PA =
a) massagem do seio carotídeo e, na ausência de resposta, 80x40mmHg, FC = 36bpm e Tax <35"C, com respiração espon-
adenosina 6mg IV em bolus tânea. O traçado do eletrocardiograma mostrou bradicardia
b) cardioversão elétrica sincronizada sinusal com onda de Osborn. Assinale a alternativa incorreta:

225
~"'~ QUESTÕES
a) a temperatura central é inferior a 32•c 2013 - AMRIGS
b) a retirada das vestes molhadas e a administração de tia- 117. A detecção de bradicardia em criança atendida na
mina seguida de glicose hipertônica intravenosa perifé- unidade de Emergência Pediátrica é mais frequente de-
rica podem recuperar o quadro clínico vido à:
c) outras alterações podem ser evidenciadas no eletrocar- a) hipovolemia
diograma, como aumento dos espaços PR, RR, QRS e QT b) alteração de condução atrioventricular
d) está indicada hidratação com soro fisiológico ou Ringer c) hipoxemia
lactato aquecido por meio de acesso venoso central d) hipertensão intracraniana
e) a hemodiálise a 41 ·c está indicada caso não responda às e) hipoglicemia
manobras de aquecimento ativo central
-----. O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
r Io Reler o comentário o Encontrei dificuldade para responder
2013- UFRN
2013- UFPA 118. Um homem de 25 anos procura o pronto-socorro com
115. Considere um paciente adulto atendido no serviço quadro de palpitações taquicárdicas de início há 20 minu-
de emergência devido a quadro de taquicardia sem tos. Alega ter exagerado um pouco na bebida nos últimos
evidência de comprometimento hemodinâmico. Ao 3 dias, em comemoração da sua formatura em medicina.
monitor, apresentava ritmo cardíaco regular com QRS Nega antecedentes e afirma ter feito exames cardiológi-
estreito e FC = 168bpm. Qual é a melhor conduta a ser cos recentes, que estavam normais. Ao exame clínico,
instituída? apresenta bom estado geral, ritmo cardíaco irregular em
a) desfibrilação cardíaca não sincronizada com choque bi- 2 tempos, sem sopro, murmúrio vesicular presente sem
fásico de lOOJ ruídos adventícios, extremidades bem perfundidas e PA =
b) desfibrilação cardíaca sincronizada com choque bifásico 110x62mmHg. Realizou o eletrocardiograma reproduzido
de lOOJ a seguir:
c) manobra vagai seguida de adenosina 6mg IV caso não
ocorra reversão ao ritmo sinusal
d) manobra vagai seguida de cardioversão elétrica sincro-
nizada com choque bifásico de 50 a lOOJ caso não ocor-
ra reversão ao ritmo sinusal
e) manter apenas monitorizado, pois o paciente está he-
modinamicamente estável
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2013- UFPA
116. Palpitação é uma sensação subjetiva de batimento
cardíaco irregular ou anormal, podendo ser causada por O tratamento adequado é:
qualquer arritmia. Com relação à indicação de métodos a) prescrever amiodarona como dose de ataque e manu-
diagnósticos a paciente com palpitação, assinale a alter- tenção intravenosa por, pelo menos, 24 horas
nativa que estabelece uma correlação adequada entre as b) fazer manobra vagai e, caso não haja reversão, adminis-
condições deste e o método diagnóstico: trar adenosina
a) estudo eletrofisiológico considerando arritmia de causa c) realizar cardioversão elétrica sincronizada com lOOJ (bi-
extracardíaca fásico)
b) ecocardiograma considerando palpitação sem evidência d) realizar o controle da frequência cardíaca com betablo-
de arritmia queador ou bloqueador do canal de cálcio intravenoso e
c) eletrocardiograma considerando sintomas não decor- administrar propafenona oral
rentes de arritmia O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
d) estudo eletrofisiológico considerando palpitação prece- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
dendo episódio de síncope
e) ecocardiograma considerando arritmia sem evidência 2012 - SANTA CASA-SP
de doença cardíaca
119. Um homem, de 68 anos, com antecedente de hiper-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ tensão, dá entrada na Emergência com queixa de cansaço
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder e edema nos membros inferiores há 3 meses, com piora há

226
CARDIOLOGIA

1 semana. Nega palpitações. Ao exame físico, apresenta acesso venoso periférico. Um eletrocardiograma é reali-
= =
PA 150x100mmHg, FC 120bpm, FR 24irpm, Sat0 2 = = zado e mostra ritmo de FA. A 1! conduta a ser adotada
96% em ar ambiente e discretos estertores nas bases pul- pelo médico deve ser:
monares. O eletrocardiograma é apresentado logo a se- a) digoxina intravenosa para o controle da FC
guir, e o ecocardiograma mostra fração de ejeção = 60% e b) sedação e cardioversão elétrica sincronizada com 120J
hipertrofia ventricular esquerda. Qual é a melhor opção bifásicos
de tratamento inicial, segundo as diretrizes? c) infusão de amiodarona para a cardioversão química
imediata
d) desfibrilação cardíaca imediata com 200J bifásicos
e) metoprolol intravenoso para o controle da FC
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
D Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2012 - FHEMIG
122. Ao admitir, na enfermaria, um paciente idoso para
propedêutica de uma síncope, você solicita um novo ele-
trocardiograma. Enquanto o aguarda ao lado do paciente,
a) cardioversão elétrica após bo/us de heparina este perde a consciência e não apresenta resposta ao co-
b) amiodarona intravenosa e anticoagulação plena mando verbal, e o seguinte traçado é registrado no eletro-
c) metoprolol intravenoso e anticoagulação plena cardiograma:
d) diltiazem intravenoso e anticoagulação profilática
e) amiodarona intravenosa, lanatosídeo C intravenoso e
anticoagulação profilática
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o que
2012 -IFF deveria ser feito inicialmente, enquanto você aguardava
120. Um paciente de 34 anos apresenta quadro de síncope os equipamentos e as medicações para a reanimação:
durante caminhada rápida no calçadão de Copacabana. a) abrir as vias aéreas com movimento de mandíbula ou in-
Testemunhas do evento negaram qualquer atividade mo- clinação da cabeça com suspensão de queixo (ti/t chín /íft)
tora sugestiva de convulsão. O paciente negou a presença b) iniciar compressões torácicas imediatamente a 100/min
de problemas emocionais e o uso de drogas ilícitas, mas c) realizar 2 respirações boca a boca ou com máscara com
tem história familiar de morte súbita (1 irmão aos 22 anos reservatório
e seu pai aos 44 anos). Ao exame físico: ritmo cardíaco d) verificar respiração espontânea e retirar prótese ou
regular em 3 tempos (B4) com sopro sistólico de ejeção qualquer corpo estranho eventualmente presente na
(3+/6+) que surgia apenas diante da manobra de Valsalva. cavidade oral
Exames complementares sem alterações: hemograma O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
completo, eletrólitos e eletrocardiograma. Qual é o exame O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

complementar mais apropriado para elucidar o caso?


a) dosagem sérica de tireotrofina e de T4 livre 2012 - FHEMIG
b) ti/t test
123. Uma agente comunitária de saúde lhe pediu que visi-
c) ecodoppler de carótidas e vertebrais
tasse uma paciente diabética, de 68 anos, em domicílio. Ela
d) ecocardiograma transtorácico
viera do hospital, onde se internara por Acidente Vascular
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ Encefálico (AVE) havia 3 meses. Sua glicemia estava ajustada,
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
com 132mg/dl ao acaso, e PA = 140x80mmHg, mas "seu
coração estava muito irregular". O exame revelou um ritmo
2012- UFF cardíaco caótico, com alteração contínua da fonese da 1! bu-
121. Um paciente, de 76 anos, hipertenso e diabético, lha e FR = 92bpm, aproximadamente. Suas medicações eram
chega à unidade de pronto atendimento com palpita- insulina, metformina, enalapril e furosemida. A conduta mais
ções e cansaço que têm ocorrido de modo intermitente adequada à situação clínica e sua base racional são:
nas últimas 3 semanas. Ao exame, está lúcido, com FC = a) reajustar as doses de insulina para obter um estrito con-
140bpm, em ritmo cardíaco irregular, PA = 124x62mmHg, trole glicêmico e reduzir seu risco cardiovascular, e in-
Sat0 2 = 92% e FR = 20irpm. A equipe de saúde instala oxi- troduzir ácido acetilsalicílico e estatinas para reduzir o
gênio suplementar e monitorização cardíaca e obtém um risco de um novo AVE

227
QUESTÕES

b) realizar eletrocardiograma para diagnosticar a taquiar- UTI do HUOL, com história de palpitações de início súbito,
ritmia atrial paroxística pós-AVE, sugerida pela ausculta, acompanhadas de mal-estar retroesternal. Ao exame fí-
e iniciar amiodarona para convertê-la ao ritmo sinusal sico, apresentava ritmo cardíaco irregular, FC = 198bpm
c) realizar eletrocardiograma para diagnosticar possível FA e PA = 110x70mmHg, sem sopros cardíacos. A ausculta
e considerar a anticoagulação crônica para reduzir o ris- pulmonar não revela anormalidades. O eletrocardiograma
co de um novo evento tromboembólico mostra uma taquiarritmia irregular, com complexos estrei-
d) reinternar a paciente para fazer a conversão da arritmia tos sem onda P. Apresentou ainda um ecocardiograma re-
para ritmo sinusal cente com relaxamento anormal do ventrículo esquerdo,
sem outras anormalidades. O medicamento que apre-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
senta melhor reversão dessa arritmia é:
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
a) procainamida
b) sotalol
2012- UFSC
c) amiodarona
124. Uma paciente, de 34 anos, procura a Emergência por d) adenosina
causa de palpitações e desconforto precordial. Apresenta D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
o eletrocardiograma a seguir: D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2011- UERJ
127. Um jovem, de 28 anos, procura o setor de emergên-
cia por quadro de palpitações iniciadas 2 horas antes. Ele
relata passado de dispneia a esforços de 6 dias de evolu-
Assinale a alternativa que apresenta o diagnóstico e a con- ção, além de um episódio de lipotimia após jogo de fute-
duta corretos para o caso: bol entre amigos. Seu exame físico mostra ritmo cardíaco
a) taquicardia sinusal; administrar adenosina 12mg irregular, FC = 145bpm, ictus propulsivo e sopro sistólico
b) taquicardia supraventricular; administrar adenosina no foco aórtico aumentado com a manobra de Valsalva. O
6mg seguida de 12mg, se necessário eletrocardiograma evidencia FA. A droga que não poderá
c) taquicardia supraventricular; administrar adenosina ser utilizada para o tratamento da situação descrita é:
12mg a) digoxina
d) taquicardia sinusal; administrar adenosina 6mg b) diltiazem
e) taquicardia supraventricular; administrar 1 ampola de c) propranolol
amiodarona d) disopiramida
~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ ~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
,,r
I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder r I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2012 - SES-SC 2011- UFPE


125. Um paciente, de 62 anos, vem à Emergência com 128. FA com episódios que duram até mais de 7 dias e sem
queixa de dispneia e de dor torácica em aperto há cerca resposta à cardioversão é classificada como:
de 1 hora. Ao exame tísico, apresenta FC = 170bpm, pulso a) paroxística
radial irregular e hipotensão arterial. O eletrocardiograma b) permanente
da chegada mostra uma FA. A filha refere que o paciente c) persistente
é hipertenso e realizou exames de revisão recentemente, d) terminal
sem alterações. Assinale a conduta a ser tomada para o D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
tratamento da taquiarritmia deste paciente: D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

a) realizar cardioversão elétrica


b) administrar betabloqueadores 2010 - UNICAMP
c) administrar amiodarona 129. Um homem, de 62 anos, portador de amiloidose pri-
d) administrar adenosina mária, apresenta quadro súbito de perda da consciência.
e) iniciar heparinização Iniciou medicação anti-hipertensiva há 1 dia, e seu eletro-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ cardiograma está demonstrado a seguir:
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder ·.;;; I!::
11-
f
-
t·. ...O...::l
li ~

" I"'
2012- UFRN 1-
;;j\,t · t Jl... ~ A l....
r 1
126. Uma paciente de 47 anos, hipertensa, portadora de
hipotireoidismo em uso de levotiroxina, deu entrada na Este evento está provavelmente associado ao uso de:

228
CARDIOLOGIA

a) captopril lidade, e eletrocardiograma que aponta ritmo sinusal com


b) verapamil bloqueio do ramo esquerdo. Sobre esse quadro clínico,
c) prazosina assinale a alternativa correta:
d) nifedipino a) o paciente deve ser encaminhado o mais rapidamente
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
possível para o pronto-socorro para início de protocolo
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder de síndrome coronariana aguda
b) o paciente deve fazer um teste ergométrico ambulato-
rialmente para confirmação diagnóstica da angina e ava-
2010 - SES-AJ
liação prognóstica
130. Um paciente, de 60 anos, diabético, portador de es-
c) o paciente, considerado a idade e a hipertensão arterial,
tenose aórtica, desenvolve um quadro de FA. O ecocardio-
tem indicação ambulatorial da cineangiocoronariografia
grama mostra boa função ventricular esquerda, com átrio
para avaliações diagnóstica e prognóstica
esquerdo de 4,2cm. Nesse paciente, o fator de risco para
d) o paciente tem indicação de cintilografia miocárdica de
acidente vascular encefálico é:
estresse e repouso para avaliações diagnóstica e prog-
a) idade
nóstica do quadro de angina
b) diabetes
c) estenose aórtica D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
d) tamanho do átrio esquerdo D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ --- ---- -------------------
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder 2014- UFES
133. Um homem de 56 anos procura o pronto-socorro por
2010 - PUC-PR dor torácica, referindo pressão retroesternal, irradiada para
a mandíbula, desencadeada por esforço, melhorando após
131. A respeito de quadros arrítmicos agudos, é correto
3 minutos em repouso, que não se altera com a posição ou
afirmar que:
com a ventilação. O paciente é atendido 1 hora após e no
a) a adenosina é a droga inicial de escolha na taquicardia
momento está assintomático. O eletrocardiograma é nor-
ventricular estável
mal. A alternativa que melhor relaciona a hipótese mais
b) oclusões da coronária esquerda e de seus ramos têm
provável e a conduta, respectivamente, nesse momento, é:
maior propensão a causar bloqueios atrioventriculares
a) angina de peito- dosagem de troponina
do que obstruções da coronária direita e de seus ramos
b) infarto agudo do miocárdio- ecocardiograma
c) a amiodarona é um antiarrítmico da classe 11 e deve ser
c) infarto agudo do miocárdio- coronariografia
empregada como droga de escolha na FA crônica que
d) dissecção de aorta - radiografia de tórax
apresentou aumento recente da resposta ventricular
e) angina de peito- teste de esforço
d) a presença de bloqueio atrioventricular tipo Mobitz 11,
com QRS alargado, é indicação para marca-passo D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

e) a anticoagulação na FA não deve ser realizada após os 65 D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

anos, quando o risco de hemorragia passa a ser maior


D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ 2014- UFPR
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder 134. A angina estável é considerada uma síndrome clínica
episódica decorrente de isquemia miocárdica transitória.
A farmacoterapia é projetada para reduzir a frequência
Angina estável dos episódios de angina, o infarto do miocárdio e a morte.
Com relação a esse assunto, identifique como Verdadeiras
(V) ou Falsas (F) as seguintes afirmativas:
2014 - SANTA CASA DE BH ( ) Nenhum nitrato de ação longa é tão eficaz quanto a
132. Um paciente de 56 anos é atendido no consultório nitroglicerina sublingual no alívio imediato da angina.
com queixa de dor torácica "em aperto", com irradiação ( ) Os bloqueadores beta-adrenérgicos reduzem a de-
para a região cervical e o ombro esquerdo. A dor é sen- manda de oxigênio do miocárdio, inibindo os aumentos
tida geralmente durante a prática desportiva (spinning ou da frequência cardíaca, pressão arterial e contratilidade
futebol) ou atividade sexual intensa e dura cerca de 5 a 10 miocárdica causados pela ativação adrenérgica.
minutos, melhorando completamente com repouso. Ini- ( ) Os bloqueadores dos canais de cálcio são agentes vaso-
ciou-se há cerca de 4 meses, tornando-se mais frequente dilatadores coronarianos, que produzem reduções variáveis
nos últimos 2 meses e coincidindo com o aumento da prá- e dose-dependentes na demanda miocárdica de oxigênio.
tica desportiva de 2 para 4 vezes por semana. O último ( ) O ácido acetilsalicílico é um inibidor irreversível da ci-
episódio aconteceu ontem. Hipertenso, em uso domici- cloxigenase plaquetária, causando interferência na ativa-
liar de enalapril 20mg, ao exame clínico apresenta PA = ção plaquetária.
144x80mmHg, FC = 76bpm, sem nenhuma outra anorma- Assinale a sequência correta:

229
~QUESTÕES
a) V, F, F, V agudos. Qual é a melhor estratégia para o tratamento far-
b) F, F, V, V macológico da angina do peito estável?
c) F, V, V, F a) nitrato+ metoprolol +ácido acetilsalicílico
d) v, v, v, v b) nitrato+ propranolol + nifedipino
e) F, V, F, F c) telmisartana + clopidogrel + felodipino
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------ d) triflusal + metoprolol + hidralazina
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2014 - AMRIGS
135. Sobre a angina pectoris, é correto afirmar que: 2007 - SES-SC
a) os pacientes costumam descrever o sintoma como dor 139. Com relação à circulação das coronárias, assinale a
forte, de início súbito e bem localizada alternativa incorreta:
b) a localização mais comum é retroesternal a) a FC é o determinante mais importante do consumo
c) a angina instável geralmente se desenvolve gradual- miocárdico de oxigênio
mente com o exercício, com as emoções ou após refei- b) a perfusão coronariana do ventrículo esquerdo ocorre,
ções copiosas principalmente, durante a diástole
d) o desconforto anginoso costuma iniciar-se poucos mi- c) a resposta vasodilatadora coronariana anormal ao es-
nutos após o repouso tresse de cisalhamento e aos mediadores como a acetil-
e) a perfusão miocárdica ocorre predominantemente du- colina é atribuída à deficiência na produção de prostaci-
rante a sístole cardíaca clina nas artérias coronárias doentes
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------ d) a região subendocárdica do miocárdio é mais sensível à
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder isquemia
e) uma estenose coronariana de 50% na angiografia cor-
2010 - ALBERT EINSTEIN responde, aproximadamente, a uma redução de 75% na
área transversal
136. A realização de um teste ergométrico para o diagnós-
tico de doença arterial coronariana é de pouca utilidade O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------
ou não é recomendada a paciente com as seguintes carac- 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
terísticas, exceto:
a) elevação ou depressão do segmento ST em repouso 2006 - UNIFESP
b) baixa probabilidade pré-teste de doença coronária 140. Um paciente de 66 anos, queixando-se, há 6 meses,
c) síndrome de Wolff-Parkinson-White de queimação precordial aos esforços, de forte intensi-
d) assintomático, com calcificações coronárias vistas à to- dade, irradiada para o ombro esquerdo, acompanhada
mografia computadorizada de taquicardia e dispneia, refere que o pai e um irmão
e) alta probabilidade pré-teste de doença coronária tiveram infarto do miocárdio. Ao eletrocardiograma em
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------ repouso, apresenta ritmo sinusal, FC = 86bpm, eixo QRS =
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder +30, ausência de bloqueios, arritmias ou sobrecargas. Os
exames necessários para o diagnóstico são:
2008 - FMUSP - RIBEIRAO PRETO a) ecocardiograma e teste ergométrico
b) raio x de tórax, ecocardiograma e cateterismo
137. Qual é a droga mais indicada para o controle dos sin-
c) cateterismo de urgência, cintilografia do miocárdio e
tomas e o impacto positivo no prognóstico de paciente
dosagem de CK-MB
portador de coronariopatia obstrutiva aterosclerótica,
d) teste ergométrico, dosagem de CK-MB e hemograma
apresentando angina estável classe funcional 11 da CCS
e) raio x de tórax e dosagem de CK-MB
(Canadían Cardíovascular Socíety)?
a) IECA O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------
b) bloqueador dos receptores beta-adrenérgicos O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

c) bloqueador dos canais de cálcio


d) nitrato
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----"vf------ Síndromes miocárdicas isquêmicas
O Reler o comentário 0 Encontrei dificuldade para responder
instáveis
2008- UFPE
138. Os principais objetivos terapêuticos no tratamento da 2015 - UNICAMP
angina do peito estável são o alívio da doença e a esta- 141. Um homem de 67 anos, diabético, há 6 dias em tra-
bilização dos sintomas, evitando-se eventos coronarianos tamento por infarto agudo do miocárdio, após pesadelo

230
CARDIOLOGIA

sente dor precordial intensa, em aperto, e sudorese pro- salicílico (AAS) nos últimos 7 dias, presença de 3 ou mais
fusa. Exame físico: FC = 96bpm. Pulmão: murmúrio vesicu- fatores de risco tradicionais para Doença Arterial Corona-
lar sem ruídos adventícios. Coração: bulhas rítmicas norma- riana (DAC) (hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes
fonéticas sem sopros. No momento, o eletrocardiograma mellitus, tabagismo, história familiar), DAC conhecida e
não apresenta alterações isquêmicas. Exames laboratoriais: angina grave recente (<24 horas).
troponina = 20ng/L (VR <14ng/L). Qual deve ser a conduta? ( ) Todos os pacientes com SIA sem Supradesnivelamento
a) trombólise do Segmento ST (SIASSST) devem ser internados em uni-
b) angiografia coronariana dade coronariana, e o procedimento invasivo (coronario-
c) bypass coronariano grafia) deve ter indicação precoce nas primeiras 24 horas.
d) dosagem seriada de creatinofosfoquinase fração mio- ( ) Todos os pacientes com suspeita de SIA devem realizar
cárdica eletrocardiograma (ECG) em até 10 minutos após a che-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'l,t-/'v-- gada no serviço médico (classe I, nível de evidência B).
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder ( ) Todos os pacientes com SIA Com Supradesnivelamento
do Segmento ST (SIACSSST) devem ser estratificados e,
2015- UFPA para os de alto risco, deve-se indicar reperfusão imediata
com trombolíticos ou angioplastia primária.
142. Com relação aos critérios anatômicos e clínicos, existe
( ) O sangramento associa-se ao pior prognóstico nas SIAs
indicação para a cirurgia de revascularização miocárdica
sem Supradesnivelamento do Segmento ST (SIASSST). No
nos pacientes:
escore Can Rapid risk stratijication of Unstable angina pa-
a) com lesões coronarianas acima de 70% em 3 vasos e
com disfunção ventricular (FE <50%)
tients Suppress Adverse outcomes with Early implemen-
b) assintomáticos e com lesão de 40% do tronco da coro-
tation of the American College of Cardiology (CRUSADE),
a taxa de sangramento maior aumentou com a elevação
nária esquerda
c) sintomáticos na vigência de infarto agudo do miocárdio desse escore de risco. Sua acurácia é alta para estimar o
d) sintomáticos com lesão de 90% na coronária direita risco de sangramento por incorporar variáveis de admis-
e) assintomáticos com lesão de 80% na coronária circun- são e de tratamento.
flexa Assinale a sequência correta:
a) V, V, V, F, F
~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
,r I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
b) V, F, V, F, V
c) F, V, F, V, F
d) F, F, V, V, F
2015- UFPA
e) F, V, F, F, V
143. Um homem de 54 anos chega ao pronto atendimento
~ D Tenho dom ínio do assunto D Refazer essa questão ----'l,t-/'v--
referindo desconforto torácico descrito como sensação de
/' I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
peso e a localiza colocando a mão no esterno, com irra-
diação para o ombro esquerdo. O desconforto foi desen-
2014 - SANTA CASA-SP
cadeado após esforço físico habitual. Nega sintomatologia
semelhante. A dor aliviou 20 minutos após a chegada ao 145. Uma mulher de 65 anos dá entrada no pronto-socorro
hospital. Tem diagnóstico, há 3 anos, de dislipidemia, e com quadro de síndrome coronariana aguda, com supra-
está em uso de sinvastatina 20mg/d. Nesse caso, qual é a desnivelamento de segmento ST em 02, 03 e aVF. A cine-
hipótese diagnóstica? angiocoronariografia mostra lesão obstrutiva grave de 90%
a) embolia de pulmão na coronária Descendente Anterior (DA), 90% na circunflexa
b) esofagite (CX), 90% na Coronária Direita (CO) e 70% no tronco da co-
c) síndrome coronariana aguda ronária esquerda. A melhor indicação neste momento é:
d) pneumotórax a) angioplastia somente na CD
e) dissecção de aorta b) angioplastia somente na DA
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'l,t-/'v--
c) angioplastia somente na CX
0 Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
d) angioplastia em todas as lesões
e) revascularização miocárdica de emergência
2015 - UEL D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'l,t-/'v--
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
144. Com relação às Síndromes lsquêmicas Agudas (SIAs),
atribua V (Verdadeiro) ou F (Falso) às afirmativas a seguir:
( ) Os marcadores independentes de pior prognóstico em 2014- AMP
pacientes com IAMSSST ("escore de risco do grupo TIMI") 146. Um paciente de 56 anos desenvolve dor torácica
são: idade ~65 anos, elevação de marcadores bioquímicas, opressiva aguda durante a relação sexual, associada a
depressão do segmento ST ~0,5mm, uso de ácido acetil- náuseas e vômitos com mais de 30 minutos de duração.

231
QUESTÕES

O exame físico evidencia 3ª e 4ª bulhas na ausculta car- Assinale a alternativa para a terapêutica inicial mais ade-
díaca. Na ausculta pulmonar, o murmúrio vesicular está quada, não necessariamente nessa ordem, além do trom-
presente e não se auscultam ruídos adventícios, além de bolítico:
PA =130x75mmHg, FC =89bpm, FA =16irpm e Tax =37"C. a) morfina, oxigênio, nitrato, Aspirina®, betabloqueador,
Apresenta comorbidades como hipertensão arterial, hi- clopidogrel
potireoidismo e disfunção erétil para as quais faz uso de b) morfina, oxigênio, nitrato, Aspirina®, betabloqueador,
ramipril Smg, levotiroxina SO~g e um inibidor da 5-fos- clopidogrel, IECA, estatina e heparina
fodiesterase antes da relação sexual, respectivamente. O c) reposição volêmica, Aspirina®, clopidogrel, heparina e
eletrocardiograma é mostrado a seguir: estatina
d) morfina, oxigênio, nitrato, Aspirina®, betabloqueador,
clopidogrel e inibidor da glicoproteína llb/llla
e) morfina, oxigênio, Aspirina®, clopidogrel, heparina, ini-
bidor da glicoproteína llb/llla e diurético
4111 O Tenho domin io do assunto O Refazer essa quest~o ~
.r IO Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2014- UFG
148. No tratamento do infarto agudo do miocárdio com
supradesnivelamento do segmento ST:
Considerando o contexto clínico, qual medicação deveria a) o ácido acetilsalicílico deve ser administrado a todos os
ser evitada na abordagem inicial? pacientes com IAM, tão rápido quanto possível, após o
a) morfina diagnóstico ser considerado provável, na dose de 81 a
b) oxigênio SOOmg/d (o AAS deve ser mastigado para facilitar sua
c) nitrato absorção)
d) ácido acetilsalicílico b) a recanalização precoce da artéria responsável pelo in-
e) betabloqueador farto limita a necrose miocárdica, sem reduzir a morta-
lidade, já que a oclusão coronariana por um tromba é a
4111. O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
.r I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder principal causa dessa dramática condição clínica
c) o maior benefício do uso dos fibrinolíticos é visto nos
pacientes tratados nas primeiras horas do evento, por-
2014- HAC
tanto, quanto mais precoce a infusão do fibrinolítico,
147. Um homem de 60 anos, hipertenso e dislipidêmico maior é o benefício em relação à preservação da fun-
com tratamento irregular, apresenta quadro de dor retros- ção ventricular, porém sem redução da mortalidade
ternal intensa (10/10), súbita, de início há 2 horas, asso- d) a angioplastia primária com implante de stent constitui
ciado a sudorese e dispneia. Ao exame físico, apresentava a melhor opção para a reperfusão coronariana, se ini-
PA =88x52mmHg, FC =125bpm, FR =28irpm, Sat0 2 =90%,
ciada até 90 minutos após o diagnóstico do IAM, e sua
ausculta pulmonar com MVs simétricos bilaterais, sem ru-
utilização reduziu significativamente as taxas tardias de
ídos adventícios, e turgência jugular. À ausculta cardíaca,
nova revascularização do vaso-alvo
RCR 2T, BCRNF S/S e taquicárdicas. Realizou o eletrocar-
diograma a seguir: O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2014- UFRN
149. Um homem de 72 anos, diabético e hipertenso, com
quadro de dor precordial em opressão associada a náu-
seas, com duração aproximada de 30 minutos ocorrida
há 6 horas, chega ao serviço de emergência sem dor. Ao
exame, está em bom estado geral, corado, FC = 84bpm, PA
= 150x86mmHg e murmúrio presente sem ruídos adventí-
cios, com 2 bulhas rítmicas normofonéticas, sem sopros.
Realizou eletrocardiograma, que não mostrou alterações
significativas, e dosagem de troponina e CK-MB com 9 ho-
ras após o início da dor, com resultado dentro da normali-
dade. A hipótese diagnóstica e a conduta mais adequada
são, respectivamente:

232
CARDIOLOGIA

a) dor torácica a esclarecer; alta hospitalar com investiga- cardiograma de repouso não apresentam alterações sig-
ção ambulatorial precoce por meio de exames não in- =
nificativas, mas PA 120x74mmHg e FC 60bpm. Teste =
vasivos, como cintilografia de perfusão miocárdica ou ergométrico realizado há 1 semana detecta, no 2º mi-
ecocardiograma sob estresse nuto, angina e infradesnivelamento do segmento ST de
b) angina instável; medidas para síndrome coronariana 3mm, de padrão horizontal, em 3 derivações, o que mo-
aguda sem supradesnível do segmento ST, internação tivou a interrupção do teste. A conduta mais apropriada
em UTI/UCO e cateterismo cardíaco para esse paciente é:
c) dor torácica a esclarecer; teste ergométrico como exa- a) aumentar ácido acetilsalicílico para 200mg/d, associar
me não invasivo antes das primeiras 12 horas e cinti- clopidogrel 75mg/d e aumentar o nitrato para 120mg/d
lografia de perfusão miocárdica ou ecocardiograma sob (40mg, 3x/d)
estresse antes da alta hospitalar para definir a conduta b) iniciar trimetazidina 25mg/d e clopidogrel 75mg/d e
d) angina instável; iniciar medidas para síndrome corona- trocar sinvastatina por atorvastatina 80mg/d
riana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST, c) solicitar cintilografia do miocárdio para confirmação e
internação em enfermaria e cintilografia de perfusão avaliação da extensão da isquemia miocárdica
miocárdica ou ecocardiograma sob estresse para me- d) encaminhar para coronariografia e ventriculografia es-
lhor estratificação do risco cardiovascular querda
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ e) trocar atenolol e sinvastatina por, respectivamente, car-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder vedilol e atorvastatina, associar clopidogrel 75mg/d e
solicitar ecocardiograma transtorácico
2013 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA) O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

Enunciado para as próximas 2 questões: O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

Com relação à interpretação de ECG, responda:


2013- SANTA CASA DE BH
2013 - HSPE -SP (BASEADA NA PROVA) 153. As medicações a seguir reduzem a mortalidade de pa-
150. Corresponde a imagem compatível com supradesni- cientes com síndrome coronariana aguda sem elevação do
velamento do seguimento ST: segmento ST, exceto:
a) síndrome coronariana aguda a) propranolol
b) tamponamento cardíaco b) ácido acetilsalicílico
c) pericardite c) nitroglicerina
d) embolia pulmonar d) enoxaparina
e) endocardite O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder


2013 - PUC-RS
2013- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA) 154. Uma mulher de 65 anos, que há 4 meses apresenta
151. O tratamento medicamentoso consiste em: angina típica aos grandes esforços, refere dor precordial
a) anti-inflamatórios não esteroides em repouso de início ha 40 minutos, sem alívio com nitrato
b) estreptoquinase e enoxaparina sublingual. Além disso, PA = 146x84mmHg, FC = 104bpm,
c) t-PA, enoxaparina e ácido acetilsalicílico regulares, ritmo em 2 tempos, ausculta pulmonar e trapo-
d) TNK, t-PA e fondaparinux nina I normais. Segue o eletrocardiograma realizado:
e) enoxaparina
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2013- UFF
152. Um homem de 60 anos, hipertenso, dislipidêmico
e tabagista, apresenta angina estável, classe funcional
1, há 3 anos. No último mês, os episódios de dor vêm
11
ocorrendo também em situações que demandam esfor-
ços menores, como pequenas caminhadas e atividade
sexual. Faz uso regular de ácido acetilsalicílico 100mg/d,
sinvastatina 80mg/d, anlodipino 5mg/d, mononitrato Qual é a hipótese diagnóstica e a melhor conduta?
de isossorbida 80mg/d, clortalidona 12,5mg/d, atenolol a) angina instável; realizar cinecoronariografia
100mg/d e losartana 100mg/d. O exame físico e o eletro- b) angina instável; realizar cintilografia miocárdica

233
QUESTÕES

c) infarto agudo do miocárdio sem supra-ST; administrar É tabagista, dislipidêmico e hipertenso, em uso de ator-
trombolítico vastatina e atenolol. Ao exame físico, está lúcido e orien-
d) infarto agudo do miocárdio com supra-ST; realizar cine- tado, com PA = 90x60mmHg, FC = 60bpm, FR = 20irpm,
coronariografia ritmo cardíaco regular e presença de 84, pulmões limpos,
e) infarto agudo do miocárdio com supra-ST; realizar cinti- abdome sem visceromegalias e membros normais. O ele-
lografia miocárdica trocardiograma está apresentado a seguir:
._,..,.
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
I ~h ~, : 1· '
·y r rv - H;t.
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'!_+ L
2013 - AMRIGS ~ ,r'\± -
.... ·~r Nr lf:- +I ._ ....
155. Qual das condições a seguir não é contraindicação r+ '
absoluta para uso de fibrinolíticos no infarto com supra- ?.t .a.V. r-h -+] t h+
-
.;.__

'T ~T 0-
desnível do segmento ST? I.J:-F . H-:- lr1 Í·J' +I p
=-
+- -'-b:::::: ; lJ I

~ ~
a) traumatismo cranioencefálico recente
~
-:-
-~ lf t.l\ ~ ~+-tt ~ ·~
b) neoplasia intracraniana
c) história de úlcera péptica
_:tj !-+--+- -'-- ~+ f- ~ f-I- -'-H I ~ :-r:
d) AVC hemorrágico Qual das medicações citadas está contraindicada a este caso?
e) suspeita de dissecção aórtica a) infusão de solução salina
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ b) trombólise
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder c) angioplastia primária
d) nitratos
2013 - AMRIGS e) salicilato
156. Um paciente de 49 anos, ex-fumante, dislipidêmico, D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
em uso regular de hipolipemiante, cujo pai faleceu por in- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

farto agudo do miocárdio, procura atendimento por apre-


sentar dor retroesternal, com irradiação para ombros, pes- 2012 - SANTA CASA-SP
coço e dorso. Relata que houve aumento da frequência e 159. A intervenção coronariana percutânea de resgate ou
intensidade da dor no último mês, a qual é desencadeada salvamento é definida como estratégia de recanalização
por esforços e alivia ao repouso. Qual a hipótese diagnós- mecânica realizada precocemente quando a terapia fibri-
tica mais provável? nolítica falha em atingir a reperfusão miocárdica. Está in-
a) infarto agudo do miocárdio dicada em todas as alternativas a seguir, exceto:
b) angina pectoris a) presença de dor torácica importante e persistente, es-
c) doença do refluxo gastroesofágico pecialmente associada à sudorese e à dispneia
d) traumatismo torácico
b) presença de instabilidade hemodinâmica
e) pancreatite
c) presença de aumento do supra-ST
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ d) presença de persistência do supra-ST em tempo >90 mi-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder nutos após a trombólise
e) até 120 minutos após a trombólise
2013- UFAM D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
157. Sobre o exame clínico de pacientes com suspeita D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
diagnóstica de infarto agudo do miocárdio do ventrículo
direito, assinale a alternativa incorreta: 2012- UEL
a) sinal de Kussmaul
160. O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) resulta de pro-
b) hipofonese de bulhas
longada isquemia miocárdica. O reconhecimento e o tra-
c) ausculta pulmonar sem estertores
tamento adequado alteram o prognóstico. Com relação ao
d) estase venosa jugular
IAM, assinale a alternativa correta:
e) hipotensão arterial acentuada após uso de nitrato
a) a diferenciação entre infarto com elevação ou não de ST
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
tem importância pelo prognóstico, mas não pelo trata-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
mento
b) a dosagem de troponina tem grande utilidade quando
2012 - SANTA CASA-SP se suspeita de reinfarto até 7 dias após o 1º episódio
158. Um homem de 52 anos dá entrada na Emergência c) em um serviço onde há opção de cateterismo cardíaco
referindo dor retroesternal há 2 horas, em queimação, e trombolítico, o 1º está mais indicado por apresentar
com início após esforço físico e persistente após repouso. melhores resultados

234
CARDIOLOGIA

d) os pacientes que serão submetidos ao cateterismo car- V- É recomendável a suplementação de Oz a 100% aos pa-
díaco não deverão receber ácido acetilsalicílico e clopi- cientes com hipoxemia arterial clinicamente evidente ou
dogrel, pelo risco aumentado de sangramento documentada (SatOz <90%).
e) o uso de trombolítico está indicado aos pacientes que Estão corretas:
não apresentam elevação do segmento ST, enquanto o a) I, 11, IV, V
cateterismo cardíaco, aos que têm elevação de ST b) 11, 111
c) li, IV, V
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------"vJ---1' d) I, III,IV, V
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e) I, 11,111, IV, V
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------"vJ---1'
2012 - PUC-AS O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
161. Um homem de 50 anos apresenta angina típica quando
sobe escadas há cerca de 2 meses, com boa resposta a ni- 2012- UCPEL
trato sublingual. Há 2 semanas, passou a ter episódios
163. Com relação aos marcadores bioquímicas de dano do
anginosos aos esforços menores, também responsivos ao miocárdio nas síndromes coronarianas agudas, não pode-
mesmo tratamento. Hoje, a dor já dura mais de 20 minutos, mos confirmar que:
sem alívio com nitratos. FC = 96bpm, regular, 2 tempos, PA = a) são úteis tanto no diagnóstico quanto no prognóstico
140x80mmHg, ausculta pulmonar normal e troponina I au- b) a CK-MB massa e as troponinas apresentam sensibili-
mentada. O eletrocardiograma está exposto a seguir: dades semelhantes no diagnóstico de infarto agudo do
miocárdio nas primeiras 24 horas, portanto são os mar-
cadores de escolha
c) troponinas, por serem marcadores mais específicos de
dano do miocárdio, não apresentam falsos positivos
d) marcadores bioquímicas de dano do miocárdio devem ser
dosados na admissão de todos os pacientes com suspeita
de síndrome coronariana aguda e repetidos, ao menos 1
vez, de 6 a 9 horas após, caso o 1º resultado seja normal
e) a CK-MB apresenta elevação, após quadro de infarto
agudo do miocárdio, em tempo semelhante ao das tro-
poninas, porém estas se mantêm elevadas por cerca de
Qual é o provável diagnóstico?
7 a 14 dias
a) infarto subepicárdico da parede anterior
b) infarto subepicárdico da parede inferior
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------"vJ---1'
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) infarto subendocárdico da parede anterior
d) infarto subepicárdico da parede anterosseptal
e) infarto sem supra-ST da parede inferior 2012- UFPE
------"vJ---1' 164. São fatores de risco para o desenvolvimento de
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
Doença Arterial Coronariana (DAC), exceto:
a) níveis de pressão arterial >140x90mmHg ou inferiores,
em uso de medicamentos anti-h ipertensivos
2012- FUAB
b) história familiar de DAC prematura
162. Considere as afirmativas a seguir, sobre a dor torácica c) homens com mais de 55 anos e mulheres com mais de
aguda com atendimento na unidade de emergência: 45 anos
I - Nos pacientes com suspeita de Infarto Agudo do Mio- d) níveis de colesterol HDL persistentemente <40mg/dl
cárdio (IAM), o eletrocardiograma (ECG) pode ser inespe- em homens e <50mg/dl em mulheres
cífico nas primeiras horas, sendo importante avaliar traça- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------"vJ---1'
dos seriados caso o paciente permaneça sintomático. O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
11- Supradesnivelamento do segmento ST >1mm, bloqueio
do ramo esquerdo novo ou supradesnivelamento do 2012- UFPE
segmento ST >2mm nas derivações precordiais sugere alta
165. Qual é a causa mais frequente de morte súbita cardíaca?
probabilidade de IAM.
a) miocardiopatia chagásica
111 -A CK-MB eleva-se de 1 a 3 horas após o início dos sin-
b) doença cardíaca coronariana
tomas, com pico em torno das 12 horas, e é muito sensível
c) miocardiopatia dilatada
para o diagnóstico nas primeiras 6 horas de evolução.
d) displasia arritmogênica do ventrículo direito
IV - O ácido acetilsalicílico deve ser administrado aos pa-
cientes com IAM, o mais rápido possível, na dose de 160 O Tenho domínio do assunto O Refa zer essa questão ------"vJ---1'
a 325mg/d. O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

235
QUESTÕES

2012 - HC-ICC 1 ~ ~

166. Um homem de 57 anos, fumante e portador de hi- }·\--h--~-r-----1"""""1-v+-p.r--Afl"i-/~!L


pertensão arterial sistêmica, chega ao pronto-socorro com
forte dor torácica central opressiva e sudorese. Um ele- ~~~~ 1~-!_/\~J(fi'"
trocardiograma mostra inversão de onda T das derivações
de V1 a V4, e avaliação laboratorial mostra troponina ele- ~. ~~.~ (\ "(I (\w/\~~~V\_J~~;--
,...._,, I I ~-----··y~ I

vada. Qual das medicações a seguir deve ser evitada nesse


caso?
a) ácido acetilsalicílico
I
b) clopidogrel
c) metoprolol A conduta mais adequada é:
d) alteplase (t-PA) a) angioplastia coronariana transluminal percutânea
e) morfina b) trombólise química com alteplase
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ c) trombólise química com estreptoquinase devido ao ris-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder co de hemorragia do sistema nervoso central
d) pesquisa de dissecção da aorta, pois a alteração no ele-
2012- UERN trocardiograma não justifica a dor torácica
167. Considerando os pacientes com infarto agudo do D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
miocárdio, é correto afirmar que: D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

a) a administração precoce de betabloqueadores aumenta


consideravelmente a mortalidade 2011- HSPE-SP (BASEAOA NA PROVA)
b) a administração de ácido acetilsalicílico deve ser inicia- 170. Quais são os 2 principais elementos para o diagnós-
da imediatamente tico das síndromes coronarianas agudas?
c) a administração de IECA deverá ser sempre iniciada em a) quadro clínico e fatores de risco
todos os pacientes na 1ª hora b) eletrocardiograma e enzimas
d) os trombolíticos são sempre indicados c) cintilografia miocárdica e cinecoronariografia
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ d) eletrocardiograma e cinecoronariografia
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder e) enzimas e cinecoronariografia
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
2012- UFPI D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

168. O marcador de necrose miocárdica mais apropriado


para o diagnóstico de reinfarto e o mais específico para a 2011- UFRJ
confirmação de infarto agudo do miocárdio (sem supra- 171. Um homem de 54 anos chega à Emergência com in-
desnível do segmento ST) são, respectivamente: farto agudo do miocárdio da parede anterior, extenso,
a) mioglobina e CPK total com estabilidade hemodinâmica e dor de 5 horas. O tra-
b) troponina e CK-MB ultrassensível tamento adequado é:
c) mioglobina e CK-MB ultrassensível a) trombólise com tenecteplase em bo/us
d) CK-MB massa e mioglobina ultrassensível b) angioplastia primária
e) CK-MB e troponina c) trombólise com rt-PA
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ d) cirurgia de revascularização miocárdica
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
2011 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
169. Um homem, de 65 anos, queixa-se de dor precordial 2010 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
de forte intensidade associada a uma sudorese profusa e 172. Um paciente de 45 anos, hígido e sem eventos pré-
dispneia há 1 hora. Sofreu acidente vascular cerebral is- vios, ao final de voo de 12 horas em classe econômica
quêmico há 1 mês e é portador de hipertensão arterial sis- apresenta mal-estar geral, com sudorese fria, náuseas e
têmica e dislipidemia. O exame clínico mostra murmúrio vômitos. A PA medida no momento foi de 90x54mmHg, e
vesicular simétrico, sem ruídos adventícios, ritmo cardíaco a FC, de 120bpm. Não apresenta estase jugular, mas tem
regular em 2 tempos e bulhas normofonéticas sem sopros. sinal de Kussmaul, e é conduzido à sala de repouso após
= =
Além disso, PA 185x90mmHg, FC 60bpm e pulsos pe- o pouso da aeronave, mantendo os mesmos sinais, com
riféricos amplos e simétricos. O eletrocardiograma se en- ausculta pulmonar normal. O eletrocardiograma obtido
contra a seguir: encontra-se a seguir:

236
CARDIOLOGIA

2010- HSPE-SP [BASEADA NA PROVA)


174. Vários marcadores de necrose miocárdica podem ser
utilizados na avaliação de pacientes com dor torácica. So-
bre o uso das enzimas CPK e CK-M8 nessa população:
a) têm baixa sensibilidade para o diagnóstico de infarto
agudo do miocárdio, mesmo quando dosadas de manei-
ra seriada
b) são pouco específicas para o diagnóstico de infarto agu-
do do miocárdio, sendo necessária a confirmação com
troponina
c) têm pico em torno de 24 horas após o início do quadro,
mantendo-se alteradas por cerca de 5 a 7 dias
Foram iniciadas aminas vasoativas. A conduta a seguir é: d) diferentemente da CPK, a fração CK-MB não se altera
a) punção de Marfan em situações que não envolvam isquemia miocárdica
b) oxigenoterapia hiperbárica e) a relação entre as isoformas CK-MB-2/CK-MB-1 melhora
c) rt-PA e heparina não fracionada a sensibilidade para o diagnóstico de infarto agudo do
d) marca-passo transvenoso provisório miocárdio
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Encontrei dificuldade para responder O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Reler o comentário

2010- UFCG
2010 - UNICAMP
175. Uma paciente, de 60 anos, é atendida na Emergên-
173. Um homem, de 38 anos, queixa-se de dor torácica
cia com queixa de dor subesternal de início súbito, com
há 4 horas, em aperto, com irradiação para os membros
irradiação para o pescoço e a região dorsal persistente há
superiores, associada a náusea e diaforese. Tem como
cerca de 45 minutos. É hipertensa de longa data, tabagista
antecedentes tabagismo e hipertensão arterial sistê-
(10 cigarros/d), sem antecedentes de infarto agudo do
mica, em uso de metoprolol. O exame físico mostra FC
miocárdio ou insuficiência cardíaca, e ao exame encon-
= 1ZObpm, PA = 180x110mmHg, desconforto, extremi- trava-se ansiosa e sudoreica. À ausculta cardíaca, ritmo
dades frias e sem edema, presença de 83 e estertores regular em Z tempos, presença de 84, PA = 150x100mmHg
crepitantes nas bases pulmonares. Foi realizado o eletro- e FC = 94bpm. O eletrocardiograma mostrava hipertrofia
cardiograma a seguir: ventricular esquerda com alteração difusa de repolari-
zação, e a radiografia de tórax mostrava cardiomegalia e
alargamento do mediastino. Qual é a conduta inicial mais
apropriada?
a) iniciar trombolítico
b) iniciar heparina intravenosa
c) aguardar resultado de enzimas
d) solicitar ecocardiograma transesofágico
e) solicitar angiografia coronariana de urgência
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2008 - FMUSP - RIBEIRAO PRETO

A conduta é: 176. Uma mulher, de 65 anos, diabética insulinodepen-


dente, apresentou queixas de fraqueza e turvação visual
a) nitroprussiato de sódio seguido por trombólise mecâ -
há Z dias, tendo sido avaliada na urgência e dispensada
nica
com o diagnóstico de hipoglicemia (SSmg/dl), e retorna
b) trombólise química imediata
ao serviço com as mesmas queixas há Z horas. Ao exame,
c) nitroprussiato de sódio e furosemida
identifica-se congestão pulmonar bibasal não detectada
d) heparina de baixo peso molecular em dose anticoagu-
previamente. Os exames laboratoriais mostram glicemia
lante e ácido acetilsalicílico
= =
65mg/dl, creatinina 1,6mg/dl, CK-M8 = Z8mg/dl (VR
----.! O Tenho domínio do assunt o O Refazer essa questão ---v--tv- <25) e troponina = 7,Zng/dl (VR <0,01). Seu eletrocardio-
,:r I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder grama está ilustrado a seguir:

237
QUESTÕES

pulso central. Diante do ocorrido, se você estivesse sozi-


nho e dispusesse de dispositivo de proteção, qual seria o
procedimento adequado?
a) iniciar 2 ventilações boca a boca seguidas de 30 com-
pressões torácicas, avaliando após 5 ciclos
b) retificar a via aérea, iniciar 15 compressões seguidas por
2 ventilações boca a boca e avaliar após 10 ciclos
c) iniciar ventilações boca a boca até chegar o desfibrilador
externo automático
Pode-se afirmar que a paciente: d) chamar ajuda, iniciar 2 ventilações boca a boca seguidas
a) apresentou angina instável há 2 dias e, na presente in- de 30 compressões e avaliar após 5 ciclos
ternação, evolui com infarto agudo do miocárdio, com e) chamar ajuda, iniciar 30 compressões torácicas seguidas
supra-ST Killip li há 2 horas de 2 ventilações boca a boca e avaliar após 5 ciclos
b) apresentou infarto do miocárdio há 2 dias, sendo a O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
congestão provavelmente decorrente da perda ven- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
tricular, embora não se possa descartar novo evento
isquêmico 2014- UFMT
c) apresentou infarto do miocárdio há 2 dias, e, na presen- 179. Com relação às novas diretrizes para a ressuscitação
te internação, pode-se afirmar que está reinfartando cardiopulmonar (RCP), pode-se afirmar que:
pelas alterações eletrocardiográficas documentadas a) a sequência de RCP em adultos tem início com a aber-
d) o quadro pode ser explicado pela condição de base (dia- tura da via aérea e verificação quanto à presença de
betes), e os resultados dos marcadores séricos são fal- respiração normal, seguida de 2 ventilações de resgate,
sos positivos decorrentes da insuficiência renal acompanhadas de ciclos de 30 compressões torácicas e
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 2 ventilações
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder b) o esterno adulto deve ser comprimido, no mínimo, por
2cm
c) a atropina não é recomendada para uso de rotina no
Parada cardiorrespiratória tratamento da assistolia
d) a vasopressina é superior à adrenalina e deve ser o vaso-
pressor de 1ª escolha
2015- UFES ~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa quest~o ~
177. Com relação ao manejo da parada cardiorrespiratória :/' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para respo nder
(PCR), assinale a alternativa incorreta:
a) quando a monitorização com desfibrilador manual reve- 2013- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA)
la ritmo de Fibrilação Ventricular/Taquicardia Ventricu- 180. Na fibrilação ventricular, a proporção entre massa-
lar Sem Pulso (FV/TVSP), a prioridade deve ser a desfi- gem cardíaca e ventilação recomendada é de:
brilação o mais precoce possível a) 30/2
b) em qualquer ritmo de PCR, a 1ª droga a ser utilizada b) 30/1
deve ser um vasopressor c) 15/2
c) o atraso no início da administração de vasopressores d) 05/2
para além dos primeiros 2 minutos de PCR, bem como a e) 05/1
demora em instalar via área avançada, pode estar asso-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
ciado a pior prognóstico O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
d) a monitorização do dióxido de carbono exalado
(>10mmHg) é um indicador da qualidade de reanimação
2013 -IFF
e) a atropina não é recomendada em caso de parada car-
díaca em assistolia ou atividade elétrica sem pulso 181. Um senhor de 58 anos, portador de obesidade mór-
bida, diabetes mellitus 2 e hipertensão arterial sistêmica,
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
procura atendimento na unidade de pronto atendimento
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
com quadro de dor precordial, evoluindo com parada
cardiorrespiratória (PCR) tipo Fibrilação Ventricular (FV).
2015- UFSC Foi devidamente submetido a cardioversão elétrica, mas
178. No aeroporto, à espera do seu embarque, você pre- permaneceu em FV. Recebeu, então, intubação traqueal,
sencia uma criança de 5 anos cair subitamente. Ao atendê- mas pela dificuldade anatômica não se conseguiu acesso
-la, verifica que ela está inconsciente/arresponsiva, sem venoso. Assinale a alternativa que contém apenas drogas

238
CARDIOLOGIA

recomendadas para esse tipo de PCR e que podem ser ad- 2013- UFPR
ministradas por via endotraqueal: 184. Durante o procedimento de reanimação cardiopul-
a) bicarbonato de sódio, adrenalina e atropina monar, instituído suporte avançado com acesso venoso,
b) lidocaína, adrenalina e vasopressina quais são as medicações a serem utilizadas?
c) amiodarona, atropina e adrenalina a) epinefrina e amiodarona em fibrilação ventricular e ati-
d) bicarbonato de sódio, atropina e vasopressina vidade elétrica sem pulso
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ b) epinefrina e amiodarona em fibrilação ventricular, assis-
O Reler o comentáiio O Encontrei dificuldade para responder tolia e atividade elétrica sem pulso
c) epinefrina e vasopressina em fibrilação ventricular re-
2013 - SANTA CASA DE BH fratária
d) epinefrina e atropina em assistolia e atividade elétrica
182. Analise as seguintes afirmativas sobre o atendimento
sem pulso
do paciente em parada cardiorrespiratória (PCR):
e) epinefrina e amiodarona em fibrilação ventricular refra-
I - Ao paciente em fibrilação ventricular que recebe des-
tária
fibrilação e imediatamente apresenta ritmo sinusal ao
monitor, deve-se checar o pulso para descartar Atividade """""'llllll O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
,:/' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
Elétrica Sem Pulso (AESP).
11 -Após 4 minutos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP),
se houver uma linha reta no monitor durante a checagem 2013 - CERMAM
de ritmo, deve-se administrar epinefrina e reiniciar a RCP 185. Um residente de Clínica Médica de plantão na enfer-
de alta qualidade. maria do hospital é avisado pela enfermagem de que um
111 - Ao paciente em PCR que apresenta taquicardia ven- paciente está passando mal no leito. Ao chegar ao quarto,
tricular polimórfica durante a checagem de ritmo, deve- o paciente não respira e está sem pulso. É solicitado o
-se administrar choque sincronizado (cardioversão) com a carro de parada com desfibrilador e imediatamente se dá
carga máxima do aparelho. início às compressões torácicas. Três minutos depois da
IV- Não se recomenda atualmente o uso da atropina para chegada do médico, chega o desfibrilador (bifásico), o qual
casos de PCR em assistolia ou AESP lenta. é conectado ao paciente. O monitor mostra fibrilação ven-
A análise permite concluir que: tricular. As condutas seguintes a serem executadas são:
a) apenas 1 afirmativa está correta a) interromper as compressões torácicas, carregar o desfi-
b) apenas 2 afirmativas estão corretas brilador até 360J e intubar o paciente
c) apenas 3 afirmativas estão corretas b) manter as compressões torácicas, administrar epinefri-
d) todas as afirmativas estão corretas na e desfibrilar usando 200J
c) interromper as compressões torácicas e carregar o des-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
fibrilar usando 200J
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
d) interromper as compressões torácicas, intubar, adminis-
trar epinefrina e desfibrilar com 360J
2013 - SANTA CASA DE BH e) interromper as compressões torácicas, administrar
183. O médico é chamado para avaliar um paciente ins- amiodarona, carregar o desfibrilador e desfibrilar 3 ve-
tável na enfermaria. Trata-se de um senhor de 70 anos, zes usando 200J, 200J, 200J
internado para a propedêutica de massa abdominal e en- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
contrado sudorético, confuso e agitado. Os dados vitais O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
são PA = 60x30mmHg, FC = 34bpm, FR = 28irpm e Sp0 2
= 94%. O eletrocardiograma mostra bloqueio atrioventri- 2012- UEL
cular (BAV) de 1!! grau, com frequência de 34bpm. Sobre
186. Com relação às emergências cardiovasculares, é cor-
o manejo desse paciente, assinale a alternativa incorreta:
reto afirmar que:
a) trata-se de um caso de bradiarritmia com instabilidade,
a) a adenosina pode ser administrada para pacientes com
a ser tratada mesmo desconhecendo a sua causa
taquicardias com pulso estável somente nos casos em
b) a 1~ opção terapêutica é a atropina, e espera-se respos-
que os complexos QRS são estreitos e regulares
ta pelo tipo de BAV
b) no atendimento da parada cardiorrespiratória em Ativi-
c) a 2ª opção terapêutica farmacológica é a noradrenalina,
dade Elétrica Sem Pulso (AESP), devem ser administra-
que é menos eficaz na elevação da frequência cardíaca
das a atropina e a adrenalina a cada 3 a 5 minutos
d) o marca-passo transcutâneo deve ser uma opção tem-
c) durante a reanimação cardiopulmonar em pacientes
porária até o implante do marca-passo transvenoso
intubados, a capnografia quantitativa contínua não
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ tem nenhuma aplicabilidade, pois o paciente não tem
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder pulso

239
I QUESTÕES

d) a indução de hipotermia moderada (32 a 34°C) está b) cateter venoso central


indicada a pacientes submetidos à reanimação cardio- c) sonda gástrica
pulmonar quando, após o retorno à circulação espon- d) cânula de intubação traqueal
tânea, é constatado rebaixamento do nível de cons- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
ciência D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
e) a terapia trombolítica no acidente vascular cerebral is-
quêmico agudo mostra benefícios apenas quando a al- 2011 - HSPE -SP [BASEAOA NA PROVA)
teplase é administrada nas primeiras 3 horas do início
190. Sobre as medicações em PCR, podemos afirmar que:
dos sintomas
a) o bicarbonato de sódio deve ser administrado na maio-
O Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ ria das situações
O Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
b) a principal indicação do uso da adrenalina na PCR é o
seu efeito inotrópico
2012- UFSC c) a dose da adrenalina deve ser a mesma na via intratra-
187. No atendimento a uma paciente vítima de parada car- queal, comparada à intravenosa
diorrespiratória (PCR}, segundo as normas do Advanced d) a duração das drogas administradas por via intraóssea é
Cardiovascular Life Support (ACLS®} 2010 [Circulation menor, em comparação com a via intravenosa
2010; 122; S685-705], é correto afirmar que: e) a pacientes com PCR em AESP causada por hipercale-
a) o suporte avançado e os cuidados pós-PCR integrados mia, os sais de cálcio são as drogas de escolha na falha
fazem parte da cadeia de sobrevivência à PCR do adulto da adrenalina
b) a FR da ventilação deve ser de 10 a 12irpm
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
c) primeiramente desfibrilar está indicado a todos os casos
O Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
de PCR presenciada
d) o socorrista deve iniciar o Air Breathing Circu/ation
2011- UFF
(ABC), isto é, primeiramente ventilar ao serem consta-
tadas apneia e ausência de pulso carotídeo 191. Assinale a alternativa que corresponde às posições
e) a massagem cardíaca deve promover uma FC de aproxi- ideais dos eletrodos para desfibrilação durante manobras
madamente 100bpm de reanimação cardiorrespiratória:
a) infraclavicular direita e inframamária esquerda
O Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
O Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder b) infraclavicular direita e infraclavicular esquerda
c) supraesternal e inframamária esquerda
d) infraclavicular direita e supraesternal
2012- FURB
e) supraesternal e infraescapular esquerda
188. Assinale a alternativa correta sobre a cardioversão
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
elétrica e a desfibrilação:
O Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
a) a cardioversão elétrica sincronizada é usada na parada
cardíaca causada por fibrilação ventricular
b) a desfibrilação é uma descarga não sincronizada de 2011- UFPR
energia durante qualquer fase do ciclo cardíaco, en- 192. Com relação ao Suporte Básico de Vida (SBV), é incor-
quanto a cardioversão é a descarga de energia sincroni- reto afirmar que:
zada com as grandes ondas R ou complexos QRS a) deve ocorrer precocemente, após a parada cardiorrespi-
c) a cardioversão elétrica sincronizada é usada em pacien- ratória, pois a cada minuto de retardo diminui em 10% a
tes com taquicardia ventricular sem pulso possibilidade de recuperação
d) a cardioversão elétrica sincronizada é usada em parada b) visa manter um mínimo de oferta de oxigênio tecidual
cardíaca causada por fibrilação ventricular e em pacien- até que seja iniciado o Suporte Avançado de Vida (SAV),
tes com taquicardia ventricular sem pulso que deve ocorrer idealmente dentro de até 15 minutos
e) a desfibrilação é indicada a qualquer paciente estável e após o início do SBV
com taquicardia reentrante com complexo QRS estreito c) as massagens cardíacas devem ser realizadas à frequên-
ou largo (taxa ventricular >150) cia de 100/min, e as ventilações, 6 a 8/min
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ d) quanto mais cedo a desfibrilação, através de um desfi-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder brilador externo automático, maior a possibilidade de
recuperação da vítima
2012- UERN e) o treinamento para a intubação orotraqueal é funda-
mental para um ótimo SBV
189. Durante uma parada cardiorrespiratória, as alternati-
vas para a administração de drogas não incluem: ~ O Tenho domfnlo do assunto O Refazer essa questão ~
a) veia periférica r I D Reler o comentário D Encontrei dmculdade para responder

240
CARDIOLOGIA

2011- UFPE 2009- UFRJ


193. Um paciente foi levado à Emergência com queixas de 196. João, de 58 anos, natural de Minas Gerais, hipertenso
dor precordial há 30 minutos. Ao chegar ao hospital, você há 20 anos, chega à Emergência com dor abdominal aguda
percebeu que ele estava em PCR e o monitor mostrava um seguida por distensão e vômitos fecaloides, há 24 horas.
ritmo de fibrilação ventricular. Assinale a alternativa que Há história de cirurgia para apendicite aguda há 24 anos
apresenta manobras de reanimação em uma sequência e doença diverticular. O exame físico mostra Tax = 36,5"C,
temporalmente correta : PA =90x60mmHg, FC =108bpm e FR =28irpm. Os exames
a) ventilação com AMBU, intubação orotraqueal, adminis- laboratoriais iniciais revelam hematócrito = 45%, leucóci-
tração de adrenalina, desfibrilação tos = 10.000/mm3 , creatinina = 1,6mg/dl, ureia =78mg/
b) massagem cardíaca, desfibrilação, ventilação com dl, K = 4,9mEq/L e Na = 140mEq/L. João evolui com insta-
AMBU, adm inistração de atropina bilidade hemodinâmica e oligoanúria. A creatinina sérica é
c) massagem cardíaca, desfibrilação, intubação orotraque- de 5,8mg/dl, com 54.000 plaquetas/mm 3 • A radiografia de
al, administração de adrenalina tórax mostra infiltrado pulmonar bilateral. lntubado, com
d) desfibrilação, massagem cardíaca, administração de saída de sangue vivo pelo tubo e colocado em assistência
adrenalina, intubação orotraqueal ventilatória, a seguir apresenta parada cardíaca, e o mo-
nitor mostra fibrilação ventricular. Foi iniciado protocolo
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
/r IO Reler o com entário O Encontrei dificuldade para responder atual de reanimação cardiorrespiratória. O ritmo cardíaco
foi refratário a 2 tentativas de desfibrilação. Nesse mo-
mento, a conduta é administrar:
2010- UFRN
a) compressões torácicas (100/min)
194. Um homem hipertenso, dislipidêmico, refere que, há b) adrenalina em altas doses
90 minutos, começou a apresentar dor precordial com irra- c) choque com 150J
diação para a mandíbula, acompanhada de dispneia e suor d) gluconato de cálcio
frio. Apresentava FC = 184bpm e PA = 70x40mmHg. O ele-
- - . O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
trocardiograma mostra infradesnivelamento do segmento
ST de V1 a V6, ritmo cardíaco irregular, sem onda P, com
r
< I O Re ler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

complexo QRS estreito, e FC = 179bpm. A conduta a ser


adotada de imediato, com relação a esse paciente, é:
a) metoprolol intravenoso
Insuficiência cardíaca congestiva
b) desfibrilação
c) cardioversão elétrica 2015 - UNAERP
d) amiodarona intravenosa
197. Sobre a cardiopatia chagásica, assinale a alternativa
O Tenho domínio do assunto O Refa zer essa questão ------v-ty- que não está relacionada com pior prognóstico:
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder a) tromboembolismo
b) insuficiência cardíaca classe 111 da NYHA
2009 - CREMESP c) alterações eletrocardiográficas
195. Uma mulher, de 66 anos, tabagista há 28 anos, obesa, d) reativação da infecção
tossidora crônica e em uso de enalapril, anlodipino e glime- e) sinal de Romana
pirida, procura o pronto-socorro com história de ter apre- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão --\J---1\r---
sentado, nas últimas 4 horas, 2 episódios de dor retroester- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
nal em aperto, com irradiação para as costas e duração de
cerca de 30 minutos; o último foi há 1 hora. Nos últimos 6 2015 - UNAERP
meses, procurou atendimento de urgência 2 vezes por au-
198. Uma mulher, de 34 anos, deu entrada no serviço de
mento da tosse e dispneia. Está eupneica, com FC e PA nor-
emergência do hospital referindo dor torácica ventilato-
mais. É colocada na sala de emergência, ligado o monitor
riodependente e dispneia que surgia aos esforços habitu-
cardíaco e obtido acesso venoso. Solicita-se eletrocardio-
ais, com início nos últimos 7 dias. Foi acordada durante a
grama. É recomendável que ela receba, de imediato:
noite com forte dor na face anterior do tórax e dispneia.
a) oxigênio, ácido acetilsalicílico e betabloqueador oral
Ao exame físico, encontrava-se dispneica e ortopneica,
b) morfina intravenosa
sem edema, com aumento das pressões jugulares, crepi-
c) betabloqueador intravenoso em dose baixa
tações pulmonares basais e bilaterais, taquicardia, 3!! bu-
d) oxigênio em dose baixa e aguardar o eletrocardiograma
lha e galope, sopro sistólico (+++/6) na área mitral, fígado
antes de qualquer medicação =
100bpm, PA =
a 3cm do rebordo costal direito, pulso
e) oxigênio em dose bai xa e ácido acetilsal icílico
110x70mmHg e T = 37,5"C. Antecedentes: casada, 3 filhos
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------v-ly-- com idades de 5 e 4 anos, e o mais novo com 20 dias. O
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder diagnóstico mais provável é:

241
~ QUESTÕES
a) pericardite d) trata-se de doença pulmonar obstrutiva cromca não
b) infarto agudo do miocárdio controlada, que deve ser tratada com corticosteroides
c) tamponamento cardíaco em doses altas, brometo de ipratrópio e aumento na
d) pneumonia dose do formoterol
e) insuficiência cardíaca e tromboembolismo pulmonar D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
2015- UFPR
2015- UFES 201. Um homem de 58 anos iniciou, há 4 dias, dispneia
199. Assinale a alternativa incorreta sobre o tratamento e palpitação durante atividades físicas habituais. É dia-
farmacológico da insuficiência cardíaca crônica: bético, em uso de metformina após o jantar. Realizou
a) bisoprolol, carvedilol e metoprolol estão indicados na raio x de tórax, cujo resultado mostrou aumento da
insuficiência cardíaca com disfunção sistólica área cardíaca. Foi aventada a hipótese diagnóstica de
b) lnibidor da Enzima Conversora da Angiotensina {IECA) insuficiência cardíaca. Qual é a classe funcional desse
está indicado para disfunção assintomática e sintomáti- paciente, pela classificação da New York Heart Associa-
ca do ventrículo esquerdo tion (NYHA)?
c) a espironolactona está indicada a pacientes sintomá- a) classe 111
ticos com disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, b) classe I para classe 11
classes funcionais 111 e IV da New York Heart Association c) classe IV
(NYHA), associada ao tratamento-padrão d) classe 11 para classe 111
d) a hidralazina pode ser usada em afrodescendentes em e) classe 11
classe funcional 111 a IV da NYHA em terapêutica otimi-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
zada
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
e) a digoxina deve ser usada em pacientes com Fração de
Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) <60% associada
2014 - SANTA CASA-SP
aos diuréticos para melhora dos sintomas
Enunciado para as próximas 2 questões:
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
Um paciente de 59 anos, hipertenso, diabético e com mio-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
cardiopatia dilatada com disfunção sistólica importante
(fração de ejeção de 23%) em uso de AAS, carvedilol, ena-
2015 -IFF
lapril e furosemida em doses otimizadas, procura aten-
200. Uma mulher de 70 anos procura atendimento mé- dimento, pois apresenta dispneia aos mínimos esforços,
dico por dispneia progressiva há 4 meses, acompanha- ortopneia e dispneia paroxística noturna. Ao exame, apre-
mento de despertares noturnos por falta de ar e tosse. senta estertores crepitantes bibasais, edema de membros
Nega febre, mas tem a seguinte história patológica: hi- inferiores, PA = 90x60mmHg, ECG com ritmo sinusal, QRS
pertensão arterial e doença pulmonar obstrutiva crônica, >120mm e FC = 75bpm.
com medicações de uso habitual: enalapril 20mg/d, hi-
droclorotiazida 12,5mg/d, prednisona 5mg/d e formate- 2014- SANTA CASA-SP
=
rol inalatório. Ao exame: PA 150x70mmHg, FC 90bpm, = 202. Qual alternativa contempla o tratamento adequado
ritmo cardíaco regular em 3 tempos (84), com sopro sis-
para melhor otimização terapêutica?
tólico (2+/6+) no foco mitral e murmúrio broncovesicular
a) clopidogrel e hidralazina
universalmente audível, com estertores crepitantes em
b) anlodipino e digoxina
ambas as bases pulmonares. ECG revela ritmo sinusal e
c) espironolactona e digoxina
hipertrofia ventricular esquerda. Assinale a alternativa
d) anlodipino e monocordil
correta:
e) clopidogrel, hidralazina e monocordil
a) trata-se de insuficiência cardíaca congestiva, que deve
ser tratada com diurético de alça, IECA, betabloqueado- ~ D Tenho domínio do assunto O Refazer essa quesllo ~
res cardiosseletivos ou bloqueadores dos canais de cál- r
I o Reler o comenta rio D Encontrei dificuldade para responder
cio não diidropiridínicos
b) trata-se de insuficiência cardíaca congestiva, que deve 2014 - SANTA CASA-SP
ser tratada com diurético de alça, IECA, betabloqueado- 203. Após a otimização terapêutica, o paciente retorna em
res cardiosseletivos e digoxina 3 meses referindo pouca melhora dos sintomas. O pró-
c) trata-se de exacerbação de doença pulmonar obstrutiva ximo passo é:
crônica, que deve ser tratada com corticosteroides em a) introdução de amiodarona
doses altas, brometo de ipratrópio e antibióticos b) introdução de propafenona

242
CARDIOLOGIA

c) transplante cardíaco c) a dose diária dos antagonistas de aldosterona indicada é


d) implante de marca-passo definitivo de lOOmg
e) terapia de ressincronização cardíaca d) não há indicação para os inibidores da enzima de con-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
versão da angiotensina a pacientes assintomáticos
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder e) a losartana deve ser utilizada na dose inicial de 2Smg
2x/d
2014-FMJ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

204. Quais são as manifestações clínicas da insuficiência D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

cardíaca diastólica e como confirmar esse diagnóstico?


a) sinais e sintomas de insuficiência cardíaca direita, pre- 2013 - CREMESP
sença da 3~ bulha na ausculta e solicitação de eletrocar- 207. Várias drogas são recomendadas no tratamento da
diograma e raio x de tórax insuficiência cardíaca por disfunção sistólica do ventrículo
b) dispneia relacionada aos esforços, presença da 4~ bu- esquerdo. O aumento da sobrevida tem sido documen-
lha na ausculta e solicitação de ecocardiograma trans- tado com as drogas a seguir, exceto:
torácico a) espironolactona
c) síncope relacionada com esforços, presença de 4~ bulha b) inibidores da enzima conversora de angiotensina
na ausculta e solicitação de angiotomografia cardíaca c) betabloqueadores
d) dor precordial atípica para insuficiência coronariana, d) digoxina
presença da 3~ bulha na ausculta e solicitação de eco- e) hidralazina associada a nitrato
cardiograma transtorácico D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
e) cansaço e fadiga (sem dispneia), presença de 4~ bulha D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
na ausculta e solicitação de raio x de tórax
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ 2013 - UNIT AU
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
Enunciado para as próximas 4 questões:
Um homem de 75 anos, assintomático, comparece à
2014- UFES consulta ambulatorial para avaliação médica de ro-
205. Assinale o subgrupo dos vasodilatadores que, na in- tina. Hipertenso há 10 anos em uso de hidroclorotia-
suficiência cardíaca, produz predominantemente venodi- zida 25mg/d + propranolol 40mg/d, nega tabagismo
latação, reduzindo a pré-carga e diminuindo pressões de e pesa 88kg. Seu IMC é de 32,3kg/m 2 • Apresenta PA =
enchimento ventricular, por mecanismo vasodilatador 165x115mmHg e FC = 53bpm. Além disso, bulhas car-
que parece relacionado à liberação de óxido nítrico, com díacas irregulares em 2 tempos, sem sopros. Seus exa-
consequente ativação da guanilciclase e aumento na sín- mes complementares revelam glicose = 165mg/dl; Hb
tese de GMP cíclico na musculatura lisa: glicada = 6,7%; CT = 250mg/dl; HDL = SOmg/dl; triglicé-
a) inibidores da enzima conversora da angiotensina 2 rides = lSOmg/dl; ácido úrico = 8,5mg/dl; creatinina =
b) hidralazina lmg/dl; TSH = 2,11UI/ml; AST = 26U/l e ALT = 23U/l.
c) nitroprussiato de sódio O eletrocardiograma revelou ritmo de fibrilação atrial e
d) antagonista de receptores da angiotensina 2 alteração difusa de repolarização ventricular. Seu eco-
e) nitratos cardiograma, por sua vez, revelou aumento dos diâme-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ tros do ventrículo esquerdo e fração de ejeção = 35%,
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder sem trombos intracavitários.

2014- UFPR 2013 - UNITAU


206. A insuficiência cardíaca é um grande problema mun- 208. Com base no estágio da pressão arterial e no risco
dial, que afeta mais de 20 milhões de indivíduos. Sua pre- cardiovascular global, como o paciente é classificado e
valência global na população adulta dos países desenvol- qual é a terapia anti-hipertensiva mais aconselhada?
vidos é de 2%. Com relação ao tratamento da insuficiência a) hipertensão arterial sistêmica estágio 2; indicada mono-
cardíaca crônica com fração de ejeção abaixo de 40%, é terapia, deve-se optar por dobrar a dose do betabloque-
correto afirmar que: ador
a) o diurético furosemida pode ser utilizado na dose máxi- b) hipertensão arterial sistêmica estágio 2; indicada tera-
ma diária de 600mg pia combinada de inibidor da enzima conversora de an-
b) os bloqueadores dos betarreceptores aprovados para giotensina +diurético
essa condição clínica são o carvedilol, o bisoprolol e o c) hipertensão arterial sistêmica estágio 3; indicada mono-
succinato de metoprolol terapia, deve-se optar por dobrar a dose do diurético

243
QUESTÕES

d) hipertensão arterial sistêmica estágio 3; indicada tera- 2013 - UNITAU


pia combinada de inibidor da enzima conversora de an- 211. Com relação à insuficiência cardíaca, qual é a sua
giotensina + bloqueador dos canais de cálcio classe funcional atual, o estadiamento da insuficiência car-
e) hipertensão arterial sistêmica estágio 1; indicada tera- díaca e qual betabloqueador seria o mais recomendado
pia combinada de inibidor da enzima conversora de an- para o caso?
giotensina + bloqueador dos canais de cálcio+ diurético a) li; estágio A; atenolol
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'vl---l'v-- b) I; estágio B; carvedilol
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder c) li; estágio C; bisoprolol
d) I; estágio A; propranolol
2013 - UNITAU e) 111; estágio B; pindolol

209. Na estratificação de risco cardiovascular (escore de O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'vl---l'v--
Framingham), o paciente é classificado como alto risco 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
para Doença Arterial Coronariana (DAC). Quanto à disli-
pidemia, quais são as medidas terapêuticas iniciais reco- 2013- UEAJ
mendadas, qual é o valor calculado do LDL do paciente e 212. Um paciente de 52 anos tem insuficiência cardíaca
qual é a meta terapêutica preventiva quanto ao LDL, acon- congestiva, com aumento radiográfico da área cardíaca,
selhada para o caso? fração de ejeção = 30% e movimento paradoxal da pa-
a) recomenda-se mudança de estilo de vida apenas; o va- rede septal. Após o tratamento otimizado com furo-
lor de LDL calculado é de 150mg/dl; meta terapêutica semida, espironolactona, betabloqueador, captopril
de LDL aconselhada <160 (opcional <130) e digoxina, permanece sintomático e tem a qualidade
b) recomendam-se mudança de estilo de vida e emprego de vida muito prejudicada. A equipe médica opta por
de fármaco; o valor de LDL calculado é de 160mg/dl; tentar terapia de ressincronização cardíaca, com marca-
meta terapêutica de LDL aconselhada <130 -passo biventricular. As condições que devem estar pre-
c) recomendam-se mudança de estilo de vida e empre- sentes para essa terapia proposta ser realmente bem
go de fármaco; o valor de LDL calculado é de 170mg/ indicada e ter as melhores chances de ser benéfica são,
dl; meta terapêutica de LDL aconselhada <100 (op- respectivamente:
cional <70) a) aumento biatrial e fibrilação atrial
d) recomendam-se mudança de estilo de vida e empre- b) QRS de duração >120ms e ritmo sinusal
go de fármaco; o valor de LDL calculado é de 160mg/ c) pressão sistólica da artéria pulmonar e função renal
dl; meta terapêutica de LDL aconselhada <130 (op- normais
cional <100) d) hipertrofia do ventrículo esquerdo e bloqueio atrioven-
e) recomenda-se mudança de estilo de vida; o valor de tricular de 2º grau
LDL calculado é de 170mg/dl; meta terapêutica de LDL O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
aconselhada <130 O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'vl---l'v--
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 2013- UFF
213. Um homem de 56 anos, internado com suspeita de
2013 - UNITAU ascite de instalação insidiosa, não tem outras queixas clí-
210. Ao ser aplicado o escore de risco para evento trom- nicas, nega comorbidades prévias e não faz uso de me-
boembólico CHADS2, qual é a pontuação do paciente em dicação regular. Ao exame físico, está lúcido, levemente
questão e qual decisão terapêutica quanto à anticoagu- hipocorado, com mucosas hidratadas e turgência jugular
patológica a 45". O ritmo cardíaco é regular, em 2 tempos
lação na presença de fibrilação atrial persistente é reco-
e sem sopros, a ausculta pulmonar é normal, o abdome
mendada?
está globoso, indolor, peristáltico e com macicez móvel
a) 4 pontos; emprego de anticoagulação oral
de decúbito, e não se palpam visceromegalias, mas o
b) 4 pontos; emprego de ácido acetilsalicílico pelo risco de
exame está prejudicado pela possível ascite. Além disso,
sangramento alto
há edema frio e simétrico nos membros inferiores, sem
c) 3 pontos; emprego de dupla agregação plaquetária oral
sinais flogísticos, até a altura dos joelhos, e os pulsos pe-
(ácido acetilsalicílico + clopidogrel)
riféricos são simétricos e de amplitude preservada. PA =
d) 3 pontos; emprego de heparinização intravenosa con-
114x70mmHg, FC = 98bpm e FR = 20irpm. O médico que
tínua
o atende, para firmar um diagnóstico, solicita o seguinte
e) 2 pontos; não estão indicados antitrombóticos
procedimento complementar:
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa quest~o ~ a) tomografia computadorizada de abdome e pelve
,r I O Reler o comentário O Encontrei dificu ldade para responder b) ultrassonografia com Doppler da veia porta

244
CARDIOLOGIA

c) ecocardiograma transtorácico c) os bloqueadores dos receptores da angiotensina 11 apre-


d) endoscopia digestiva alta sentam melhor resposta clínica, devido ao bloqueio na
e) exame direto, cultura e dosagem de adenosina deami- via final do sistema renina-angiotensina-aldosterona,
nase (ADA) do líquido peritoneal tornando esse bloqueio mais efetivo, e são preferíveis
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ aos inibidores da enzima de conversão da angiotensina,
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder cursando com maior sobrevida
d) os antagonistas da aldosterona promovem redução na
síntese e no depósito de colágeno no músculo cardíaco,
2013- UFES
reduzindo o grau de fibrose e melhorando a função mio-
214. No Brasil, a principal etiologia da insuficiência car- cárdica
díaca é: e) o uso continuado dos diuréticos, contribuindo para um
a) cardiopatia chagásica crônica melhor controle do estado volêmico, tem sua importân-
b) doença reumática valvar cia estabelecida por maior sobrevida dos pacientes com
c) miocardite e miocardiopatia idiopática insuficiência cardíaca
d) cardiopatia isquêmica crônica
~ O Tenho domfnio do assunto O Refazer essa questão ~
e) miocardiopatia alcoólica
,./' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2013- UFPR
217. Um paciente de 48 anos é internado para investigação
2013- UFPR
de ascite. É realizada paracentese diagnóstica, que revela
215. Sobre a insuficiência cardíaca crônica, é correto afir- Gradiente de Albumina Soro-Ascite (GASA) de 1,2g/dl e
mar que: nível de proteínas no líquido ascítico >2,5g/dl. A principal
a) a classificação funcional proposta pela New York Heart hipótese diagnóstica é:
Association, baseada na intensidade dos sintomas,
a) síndrome nefrótica
apresenta correlação pobre com a melhor proposta te- b) insuficiência cardíaca congestiva
rapêutica c) cirrose
b) a classificação por estágios, baseada na progressão da d) carcinomatose peritoneal
doença, possibilita uma compreensão evolutiva da doen- e) fístula biliar
ça, permitindo a atuação preventiva, terapêutica ou para
procedimentos especializados e cuidados paliativos
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o com entário O Encontrei dificuldade para responder
c) a definição de sua etiologia permitirá um melhor prog-
nóstico, independentemente do tratamento realizado
de acordo com a sua classificação funcional 2013 - SES-SC
d) a determinação dos níveis do peptídio natriurético tipo 218. Referente à Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC),
B tornou o seu tratamento mais preciso com relação à assinale a alternativa incorreta:
avaliação clínica pela classificação funcional proposta a) o peptídio natriurético cerebral é um importante marca-
pela New York Heart Association dor no diagnóstico diferencial de dispneia e encontra-se
e) o peptídio natriurético tipo B não tem se mostrado um reduzido na ICC
preditor prognóstico para reinternações e/ou morte nos b) o enchimento mitral reduzido é um achado de disfunção
pacientes com insuficiência cardíaca cardíaca sistólica ao ecocardiograma
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ c) a doença de Chagas é uma das causas de insuficiência
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder do ventrículo direito
d) linhas B de Kerley podem ser identificadas na radiogra-
fia de tórax
2013- UFPR
e) digitálicos não estão associados ao aumento de sobrevi-
216. Com relação ao tratamento farmacológico da insufi- da nesses pacientes
ciência cardíaca, é correto afirmar que:
a) os mecanismos de ação dos inibidores da enzima de ~ O Tenho domfnlo do assunto O Refazer essa questão ~
conversão da angiotensina são complexos e seus efeitos
,../' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
cardiovasculares resultam na redução da bradicinina e
da angiotensina 11 2013 - PUC-RS
b) os betabloqueadores, em decorrência de sua ação no 219. Uma mulher de 68 anos é atendida por insuficiên-
antagonismo da atividade simpática, permitem uma cia cardiaca classe IV (NYHA), referindo que havia sido
melhora clínica e na sobrevida dos pacientes com insu- orientada recentemente a aumentar a dose de enalapril,
ficiência cardíaca, apesar de não melhorarem a função por apresentar crises hipertensivas isoladas. Está inape-
ventricular tente, nauseada, com PA = 80x40mmHg e potássio sérico

245
QUESTÕES

= 7,5mg/dl, e a creatinina sérica passou de 1,5 para 3mg/ d) sensibilidade; muito específico; baixo
dl. Sobre o manejo na Emergência, são apresentadas as e) sensibilidade; pouco específico; alto
seguintes assertivas: D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
I - Suspender o inibidor da enzima conversora de angio- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
tensina.
11 - Iniciar hidratação intravenosa até o restabelecimento 2012 - UNICAMP
da pressão arterial.
222. Uma mulher de 36 anos refere dispneia aos esforços
111- Iniciar vasopressor para restabelecer a pressão arterial.
há 6 meses, atualmente aos médios esforços, nega outras
Está(ão) correta(s):
queixas ou antecedentes mórbidos e teve um irmão que
a) apenas I
falecera de morte súbita aos 19 anos. Ao exame físico, IMC
b) apenas 11
c) apenas 111
= = =
26kg/mz, PA 126x78mmHg, FC 94bpm e FR 18irpm. =
Além disso, ictus cordis na linha hemiclavicular esquerda,
d) 11,111
propulsivo, com 2 polpas digitais, ritmo cardíaco regular
e) I, 11, 111
com 4ª bulha, ausência de sopros e refluxo hepatojugular.
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
À ausculta respiratória, estertores crepitantes inspirató-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
rios em bases. À radiografia de tórax, área cardíaca nor-
mal, com inversão da trama vascular. Ao ecocardiograma,
2013 - AMRIGS septo interventricular = 21mm (normal até llmm), pa-
220. Com relação à Insuficiência Cardíaca (IC), é correto rede posterior do ventrículo esquerdo = 12mm (normal
afirmar que: até llmm) e fração de ejeção = 65% (normal até 55%). A
a) o achado, ao ecocardiograma, de fração de ejeção do conduta terapêutica consiste em:
ventrículo esquerdo acima de 65% é incompatível com a) captopril e espironolactona
o diagnóstico de IC b) furosemida e atenolol
b) o uso de betabloqueadores em pacientes com IC está c) furosemida e anlodipino
indicado apenas quando há história prévia de infarto do d) losartana e diltiazem
miocárdio, arritmia cardíaca ou hipertensão arterial sis- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
têmica D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
c) a intensidade do edema em pacientes com IC não tem
boa correlação com os níveis de pressão venosa sistêmica 2012 - UNICAMP
d) o uso de digoxina em pacientes com ICe fração de ejeção
223. Um homem de 78 anos, com diagnóstico de insufi-
baixa, embora associado com melhora sintomática, não
ciência cardíaca, vem à consulta queixando-se de tontura
influencia as taxas de hospitalização ou a mortalidade
e piora do cansaço há 4 dias. Há 2 semanas, apresentou
e) a espironolactona está indicada em pacientes com insu-
quadro de diarreia, autolimitado, com duração de 3 dias.
ficiência cardíaca, independentemente do grau de dis-
Realizou o eletrocardiograma a seguir:
função sistólica e da classe funcional da New York Heart
Association (NYHA) em que se encontram
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2013- HCPA
221. O diagnóstico de insuficiência cardíaca é feito atra-
vés da combinação de achados clínicos e de exames com-
plementares. A esse respeito, assinale a alternativa que
preenche, correta e respectivamente, as lacunas da frase
a seguir:
Turgência venosa jugular e presença de 3ª bulha são sinais _ _j
com elevada . Edema periférico é achado _ __
A hipótese diagnóstica é:
para o diagnóstico de congestão por insuficiência cardíaca.
a) síndrome coronariana aguda
Resultado normal da dosagem de peptídio natriurético do
b) bloqueio atrioventricular total
tipo B (BNP) tem valor preditivo negativo ___ na sus-
c) síndrome do QT longo
peita de insuficiência cardíaca na sala de emergência.
d) intoxicação digitálica
a) especificidade; pouco específico; alto
b) especificidade; pouco específico; baixo D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

c) sensibilidade; muito específico; alto D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

246
CARDIOLOGIA

2012 - FHEMlli b) a descarga dos barorreceptores de alta pressão loca-


224. Uma senhora de 74 anos, com diabetes tipo 2 con- lizados no ventrículo esquerdo, seio carotídeo e arco
trolada com dieta e metformina, e hipertensão arterial aártico
sistêmica, usando enalapril e hidroclorotiazida, vem pela c) a liberação de arginina-vasopressina ou hormônio anti-
3!! vez à consulta. Queixa-se de fadiga e de dispneia aos diurético pela hipófise posterior
médios esforços que começou há 8 meses. Traz exames d) a ativação das vias eferentes do sistema nervoso sim-
laboratoriais: hemoglobina glicemia de jejum = 120mg/ pático
dl e hemograma normal. Fez ecodopplercardiograma e) a retenção de sódio, a retenção de água e a vasoconstri-
que mostrou discreta lesão degenerativa valvar da aorta ção periférica
e fração de ejeção = 46%, e um eletrocardiograma que O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
mostrava alterações difusas da repolarização ventricular. O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
À ausculta, você notou crepitações finas nas bases pulmo-
nares e presença de 3!! bulha na ponta. A paciente não 2012- UEL
apresenta edemas, e a PA era de 150x94mmHg. A melhor
227. M.R.A., 63 anos, foi atendido no pronto-socorro
conduta e sua base racional deverão ser:
a) dosar o peptídio natriurético e a cadeia terminal do pro-
do HURNP, com quadro de dispneia em repouso, ortop-
peptídio natriurético para diferenciar o diagnóstico da neia, sem precordialgia e sem edema. Ao exame, PA =
dispneia 170x110mmHg, FC = 122bpm, ritmo cardíaco regular
b) introduzir betabloqueadores e diuréticos para tratar a de 2 tempos, taquicardia com SS ++ na área mitral, pul-
provável insuficiência cardíaca diastólica mões com estertores em bases, sem hepatomegalia e sem
c) realizar cintilografia pulmonar inalação/perfusão para edema. Ao eletrocardiograma, sobrecarga atrial e ventri-
diagnosticar tromboembolismo pulmonar crônico cular esquerda. À radiografia de tórax, área cardíaca limí-
d) realizar tomografia de tórax de alta resolução para diag- trofe, congestão pulmonar. Ao ecocardiograma com fração
nosticar lesão pulmonar difusa de ejeção = 0,5, hipertrofia concêntrica do ventrículo es-
querdo de grau moderado e regurgitação mitral de grau
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder discreto. Sobre o caso clínico, é correto afirmar que:
·~~~~~~~--~~~~~
a) a resposta terapêutica para este tipo de caso em geral é
lenta
2012- HECI
b) pelos exames descritos, pode-se descartar causa isquê-
225. Sobre a Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção
mica como fator de descompensação
Preservada (ICFEP), assinale a alternativa correta:
c) o uso de betabloqueador é contra indicado
a) é uma entidade bem menos prevalente que a Insuficiên-
d) o digital é a droga de escolha
cia Cardíaca com Fração de Ejeção Reduzida (ICFER)
e) elevação de ureia e de creatinina, anemia, hipoalbumi-
b) sua fisiopatologia caracteriza-se apenas por alterações
nemia, hiperuricemia são fatores de pior prognóstico
na diástole, por isso também pode ser corretamente
nos pacientes com insuficiência cardíaca
chamada de insuficiência cardíaca diastólica
c) estudos mostraram significativa melhora e redução da O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
mortalidade, semelhante aos resultados obtidos na O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
ICFER, com o uso de betabloqueadores e antagonistas
do eixo renina-angiotensina (ex.: CHARM-preserved - 2012- FURB
uso de candesartana) 228. Assinale a alternativa que melhor justifica a toraco-
d) a digoxina deve ser usada rotineiramente, pois, apesar centese diagnóstica em um paciente com insuficiência car-
de não haver disfunção sistólica, ela prolonga a diástole díaca congestiva:
e ajuda na melhora dos sintomas da ICFEP a) a toracocentese é indicada nos derrames volumosos o
e) a mortalidade da ICFEP é semelhante à da ICFER suficiente para o procedimento, incluindo portadores
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ de insuficiência cardíaca congestiva
./ J O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder b) não é habitual derrame pleural em portadores de insu-
ficiência cardíaca, portanto mesmo um volume muito
2012- UFPR pequeno de líquido pleural, com menos de lcm de dis-
226. A insuficiência cardíaca cursa com a diminuição do tância da linha de líquido pleural à parede torácica em
débito cardíaco, que leva à ativação dos sistemas neuro- uma radiografia de tórax em decúbito, torna mandatá-
·hormonais. Não se relaciona(m) com a fisiopatologia da ria a toracocentese diagnóstica àqueles com insuficiên-
insuficiência cardíaca: cia cardíaca congestiva
a) a liberação de renina, o aumento de angiotensina 11 e a c) a presença de um quadro clínico atípico deve considerar
redução de aldosterona em decorrência da estimulação a toracocentese diagnóstica em um paciente com insufi-
simpática dos rins ciência cardíaca descompensada

247
~"'~ QUESTÕES
d) a toracocentese diagnóstica é contraindicada aos pa- 2012- UFPE
cientes com insuficiência cardíaca congestiva 231. São fatores precipitantes da insuficiência cardíaca
e) a toracocentese diagnóstica considerando insuficiência aguda, exceto:
cardíaca congestiva só deve ser feita a indivíduos com a) ingestão excessiva de sal e água
menos de 65 anos, devido ao risco aumentado de neo- b) uso de cocaína
plasia nessa faixa etária c) tabagismo
---. O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ d) consumo excessivo de álcool
,./' I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder O Tenho domínio do assunto O Refazer essa quesUo ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2012- HMSJ
229. A classificação proposta pela NYHA (New York Heort 2011- FHEMIG
Associotion) é utilizada para estimar a gravidade da ICC, 232. Um homem de 55 anos, sabidamente portador de ICC
baseando-se na limitação da tolerância a esforços habi- com fração de ejeção estimada em 38%, foi hospitalizado
tuais. Assinale a alternativa que define corretamente a com relato de dispneia e edema de membros inferiores
classe funcional NYHA: de evolução progressiva durante os últimos 20 dias. Após
a) classe funcional 1: paciente assintomático em repouso; 4 dias de internação, houve a compensação do quadro.
sintomas desencadeados por atividades físicas habituais No momento, ele se encontra assintomático, com PA =
b) classe funcional li: paciente assintomático em suas ativi- 125x80mmHg e FC = 78bpm e vai receber alta hospitalar.
dades físicas habituais Níveis séricos dos íons, da ureia e da creatinina estão nor-
c) classe funcional li I: paciente assintomático em repouso; mais. Há cerca de 3 anos, faz uso regular de ácido acetilsa-
atividades menores que as habituais causam sintomas licílico e sinvastatina. Dentre as opções a seguir, qual é o
d) classe funcional IV: paciente assintomático em repouso; tratamento adicional mais adequado a ser prescrito?
sintomas (dispneia, palpitações, fadiga) às menores ati- a) digoxina e furosemida; a seguir, adicionar hidralazina
vidades físicas b) digoxina; a seguir, adicionar espironolactona
e) classe funcional V: paciente sintomático em repouso c) IECA; a seguir, adicionar betabloqueador (carvedilol ou
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ metoprolol)
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder d) nitrato e furosemida; a seguir, adicionar betabloquea-
dor (carvedilol ou metoprolol)
2012- UFG O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
230. Uma mulher de 60 anos, com hipertensão arterial O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
de longa data em tratamento irregular, apresenta-se no
pronto-socorro com queixa de dispneia progressiva aos es- 2011- UEL
forços, desconforto para dormir com travesseiro, tosse ao
233. Um paciente de 54 anos procurou o pronto-socorro, com
deitar e edema nos tornozelos. Em uso de propranolol e
quadro de dispneia aos mínimos esforços, e durante a ma-
hidroclorotiazida, ao exame físico observam-se sobrepeso,
drugada acordou com dispneia súbita. O paciente demorou
FC = 70bpm, FR = 20irpm e PA = 170x90mmHg. Ausculta car-
para melhorar, mesmo após ficar sentado, nega precordialgia
díaca com RCR em 3T com 84, sem sopros; ausculta pulmo-
e refere edema dos membros inferiores, além de dor no hi-
nar com estertores bibasais; edema de membros inferiores
pocôndrio direito, e ao exame apresenta PA = 110x60mmHg,
bilateral. O eletrocardiograma revela ritmo sinusal com si-
FC = 112bpm, estase jugular, coração com ritmo de 3 tempos
nais de sobrecarga ventricular esquerda; o raio x de tórax
regular com sopro sistólico na área mitral e 2!! bulha hiperfo-
tem área cardíaca normal e derrame pleural discreto bilate-
nética na área pulmonar. Pulmões com estertores em bases.
ral com leve edema intersticial; e o ecocardiograma confir-
m~u hipertrofia ventricular esquerda concêntrica e fração Ao abdome, fígado palpável a 4cm do rebordo costal direito
e membros inferiores edemaciados. Com relação ao caso clí-
de ejeção estimada em 65%. Nesse caso, para o diagnóstico
nico e com base nos conhecimentos sobre a patologia apre-
da paciente, deve ser considerado o seguinte achado:
sentada, considere as afirmativas a seguir:
a) raio x de tórax com derrame pleural bilateral, mais acen-
1- O sintoma de dispneia apresentado não é característico
tuado à esquerda
de ortopneia, pelo modo de apresentação e pela duração.
b) eletrocardiograma demonstrando índice de Morris posi-
11- A ausculta cardíaca apresentada é um indicador de mor-
tivo, com fase negativa da onda P em Dll ~0,04s
talidade e de hospitalizações por insuficiência cardíaca.
c) eletrocardiograma com alteração diastólica de grau dis-
111 - Para a confirmação diagnóstica de insuficiência car-
creto, caracterizado pelo fluxo mitral com padrão E <A
díaca, há necessidade de exames complementares.
d) dosagem plasmática de BNP (peptídio natriurético cere-
IV - O paciente é classificado, atualmente, como estágio C
bral) <SOpg/mL
da insuficiência cardíaca, porém, após a otimização tera-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ pêutica, será possível classificá-lo como estágio B.
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder Estão corretas:

248
CARDIOLOGIA

a) I, 11 2010- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA)-


b) I, IV 237. Não é efeito dos digitálicos:
c) 111, IV a) aumento da força de contração
d) I, 11,111 b) diminuição do volume sistólico residual
e) 11,111, IV c) diminuição do débito cardíaco
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ d) diminuição da FC
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder e) diminuição da pressão venosa
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

2011-IMPARH O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

234. Uma mulher de 72 anos chega à Emergência com disp-


neia intensa. Ela nega dor precordial, febre, calafrios e tosse 2010- UERJ
e, ao exame, apresenta-se hipocorada (+/4+), com turgência 238. Em um dos Jeitos sob sua responsabilidade, na enfer-
jugular a 45", ritmo cardíaco regular com bulhas hipofonéticas maria do hospital em que você trabalha, está internado
e murmúrio vesicular diminuído na base do pulmão direito, um serralheiro de 47 anos com ICC. Um dos itens inclusos
com crepitações nas bases e discreto edema dos membros na prescrição médica foi a restrição hídrica, e a conduta é
inferiores. Trouxe raio x de tórax que mostra área cardíaca no mais bem indicada quando há:
limite máximo da normalidade e velamento no terço inferior a) hiponatremia
do hemitórax direito. Qual dos seguintes exames laborato- b) derrame pleural
riais poderia ser útil no esclarecimento do diagnóstico? c) hiposmolaridade urinária
a) hemocultura d) congestão da veia cava inferior
b) dosagem do NT pró-BNP O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
c) dosagem da proteína C reativa O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
d) dosagem do anticoagulante lúpico
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 2010 - SES-RJ
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 239. Um homem de 55 anos é levado a um serviço de
emergência devido a intensa dispneia. Ao chegar, é logo
2010- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA) observada turgência jugular patológica. Na avaliação dos
235. Apresentam pior prognóstico na ICC descompensada sinais vitais, foram registradas uma PAS = 102mmHg à ex-
os pacientes com: piração e uma PAS = 88mmHg à inspiração. Esse quadro é
a) idade >65 anos, bloqueio do ramo esquerdo, FA e hipo- mais comumente observado no(a):
natremia a) tamponamento cardíaco
b) FE <30%, FA, ventrículo esquerdo >SSmm e edema dos b) infarto agudo do miocárdio do ventrículo direito
membros inferiores c) cardiomiopatia restritiva
c) bloqueio do ramo esquerdo, FE <30%, FA e ventrículo d) pericardite constritiva
esquerdo >SSmm O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
d) bloqueio do ramo direito, hipernatremia, FA e edema O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
dos membros inferiores
e) bloqueio do ramo direito, FE <30%, hiponatremia e disp- 2010 - PUC-PR
neia 240. Com relação ao tratamento da insuficiência cardíaca,
- - . O Ten ho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ assinale a sequência correta de assertivas verdadeiras e/
.:T [ O Reler o comentário O Encontrei dificu ldade para responder ou falsas:
( ) As causas mais comuns são cardiomiopatias dilatada,
2010- HSPE-SP (BASEADA NA PROVA) isquêmica e hipertensiva e doença de Chagas (Brasil).
( ) A redução de peso entre os obesos, o controle da hi-
236. Quais são os principais componentes na fisiopatolo-
pertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e etilismo e
gia da ICC?
a correção dos fatores de risco, como tabagismo e seden-
a) hemodinâmico e congestivo
tarismo, constituem objetivos importantes no tratamento.
b) hemodinâmico, congestivo, de remodelamento, pró-
( ) Os IECAs e betabloqueadores não demonstraram me-
-inflamatório e neuro-hormonal
lhora de sobrevida e morbidade nos pacientes com insu-
c) hemodinâmico e neuro-hormonal
ficiência cardíaca, portanto não devem ser usados pelos
d) neuro-hormonal e pró-inflamatório
pacientes com insuficiência cardíaca.
e) congestivo e de remodelamento
( ) O uso de diuréticos não representa boa escolha aos
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ pacientes com insuficiência cardíaca, pelo risco de deple-
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder ção volêmica.

249
rtJi"'~ QUESTÕES

a) V, V, F, V ápices pulmonares, ritmo cardíaco regular com 84, bulhas


b) F, V, F, V normofonéticas, sem sopro, PA =
180x120mmHg, FC =
c) F, V, F, F 112bpm e SatOz = 89%. O diagnóstico e o tratamento mais
d) V, V, F, F adequado são, respectivamente:
e) V, V, V, V a) edema agudo dos pulmões (emergência hipertensiva)-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ furosemida, morfina e nitroglicerina intravenosas e ven-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder tilação não invasiva com pressão positiva
b) edema agudo dos pulmões (urgência hipertensiva)- fu-
2009 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO rosemida, morfina e nitroprussiato de sódio intraveno-
sos e ventilação não invasiva com pressão positiva
241. Um paciente, com ICC classe 111, por cardiomiopatia
c) edema agudo dos pulmões (emergência hipertensi-
dilatada, encontra-se com edema generalizado e os se-
va) - furosemida, morfina e nitroprussiato de sódio
guintes exames séricos: creatinina =
1,1mg/dl, ureia = intravenosos e ventilação não invasiva com pressão
75mg/dl, sódio =125mEq/L e potássio =
4mEq/L. Esse
positiva
quadro é explicado pela ocorrência de:
d) edema agudo dos pulmões (urgência hipertensiva)- fu-
a) hiperaldosteronismo hiper-reninêmico
rosemida, morfina e nitroglicerina intravenosas e venti-
b) níveis séricos elevados de hormônio antidiurético
lação não invasiva com pressão positiva
c) níveis séricos elevados de fator natriurético atrial
d) possível uso de furosemida D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
2011 - SES-SC
244. Um paciente de 23 anos, sem histórico de doença
Edema agudo pulmonar prévia conhecida, trabalhador da construção civil, re-
fere ter iniciado há, aproximadamente, 10 dias, fra-
queza e vários episódios de calafrios durante o dia. Há
2014 - FHEMIG 1 dia apresentou piora muito importante do quadro,
associado a uma dispneia intensa, e não dormiu du-
242. Uma mulher de 62 anos, hipertensa de longa data,
rante a noite, pois, sempre que se deitava, sentia-se
em uso de enalapril e hidroclorotiazida, evolui com fadiga,
"sufocado" e apresentava muita tosse com uma secre-
dispneia aos moderados esforços e tosse noturna 1 a 3
ção rósea. A história foi coletada com a mãe, pois o pa-
horas após deitar-se. O ecocardiograma evidencia hipo-
ciente não conseguia falar frases inteiras. Ela relatou
cinesia difusa do ventrículo esquerdo e fração de ejeção
que, quando criança, o filho ficara internado por um
de 39%. Com relação aos sintomas relatados, assinale a
quadro de reumatismo. Ao exame físico, apresentou PA
afirmativa incorreta:
a) a congestão pulmonar é o mecanismo mais importan-
= 80x40mmHg, FC = 136bpm, TEP = 38,4, FR = 42irpm,
SatOz = 86% com marco Oz 6L, extremidades frias, pali-
te para o surgimento da dispneia, principalmente pelo
dez cutâneo-mucosa, sudorese intensa, ritmo cardíaco
acúmulo de fluido intersticial ou intra-alveolar
regular e sopro sistólico (+++/6) na área mitral. A aus-
b) a dispneia tornou-se mais frequente à medida que sur-
culta pulmonar revela estertores bolhosos até o terço
gem falência do ventrículo direito e regurgitação tri-
médio de ambos os pulmões e lesões puntiformes ene-
cúspide
grecidas na extremidade do hálux direito e no dedo in-
c) a fadiga está associada a diminuição do débito cardíaco,
dicador da mão esquerda. Assinale a alternativa correta
mas outros fatores, como anormalidades musculoes-
de abordagem na sala de emergência:
queléticas e anemia, devem ser considerados
a) o quadro clínico sugere quadro de edema agudo pul-
d) a tosse noturna está relacionada ao aumento da pres-
monar associado ao quadro infeccioso, com sopro e
são na artéria brônquica e ao edema pulmonar, que ge-
prováveis êmbolos sépticos para extremidades; anti-
ram compressão e resistência das vias aéreas, respecti-
biótico empírico pensando em endocardite deve ser
vamente
iniciado de imediato; é necessário suporte ventilatório
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
e hemodinâmico com droga vasoativa
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
b) o quadro clínico sugere sepse grave, e a medida mais
urgente é a prescrição de antibiótico de amplo espectro
2014- UFRN para foco indeterminado
243. Uma mulher de 63 anos, obesa, hipertensa, com c) como o paciente é muito jovem, tolera bem esses níveis
queixa de dispneia intensa há 1 hora, chega ao pronto- de PA, e o quadro clínico sugere pneumonia bacteriana,
-socorro taquidispneica, com estertores crepitantes até necessitando de antibiótico e repouso

250
CARDIOLOGIA

d) o quadro clínico é de edema agudo pulmonar, e a pro- c) edema agudo pulmonar e cardiopatia isquêmica
vável causa é o uso de droga ilícita - provavelmente d) insuficiência cardíaca e cardiomiopatia dilatada
cocaína, que justifica a taquicardia e hipotensão; fazer e) pneumonia viral e cardiopatia associada à hipertensão
infusão rápida de soro fisiológico arterial
e) a história é muito sugestiva de surto agudo de febre reu- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
mática; suporte com drogas inotrópicas e pulsoterapia O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

com corticoide deve ser iniciado


~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
,/ I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder Hipertensão pulmonar
2007- HMRN
2015- HCV
245. O edema pulmonar é uma entidade clínica caracte-
247. São causas de Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP),
rizada por acúmulo súbito e anormal de líquidos nos es-
conforme o Sº Simpósio Mundial de Nice (França, 2013),
paços extravasculares do pulmão. Constitui, sem dúvida
para a classificação de hipertensão pulmonar:
alguma, em uma angustiante e dramática síndrome car- a) AIDS e esquistossomose
diorrespiratória, de elevada frequência nas unidades de b) HAP idiopática e insuficiência ventricular esquerda
emergência e de terapia intensiva. Qual das afirmativas c) fibrose pulmonar por esclerose sistêmica e HAP idiopática
relacionadas a seguir você considera incorreta? d) fibrose pulmonar idiopática e doença pulmonar obstru-
a) a tosse, inicialmente seca e persistente, logo se transfor- tiva crônica
ma em produtiva, com expectoração espumosa de cor e) embolia pulmonar e exposição crônica a altas altitudes
branca ou rósea ~
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão
b) observam-se, no exame físico, batimentos da asa do na- .f I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
riz e tiragens intercostal e supraclavicular
c) a sudorese é profusa, fria e viscosa, e a pele se torna
2014 - HPM-MG
pálida, acinzentada e cianótica, refletindo baixo débito
248. No tocante à hipertensão pulmonar, é incorreto afir-
cardíaco e tônus simpático diminuído
mar que:
d) a utilização da morfina produz vasodilatação esplâncni-
a) a artrite reumatoide é causa de hipertensão pulmonar
ca (sangria farmacológica), sedação e redução dos refle-
pela obliteração do leito vascular pulmonar
xos broncoconstritores
b) a hipertensão portal é uma das causas de hipertensão
e) a ação principal do digital é aumentar a contratilidade pulmonar
miocárdica e reduzir a FC, por isso é particularmente útil c) caracteriza-se por elevação da pressão venosa pulmo-
aos casos de FA com frequência ventricular elevada e nar e falha ventricular esquerda
cardiomegalias d) HIV é causa rara
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2003 - UNICAMP 2014- UFES


246. Um homem, de 58 anos, fumante (40 cigarros/dia 249. Quanto à hipertensão pulmonar, assinale a alterna-
há 35 anos), apresenta dispneia, ortopneia e tosse há tiva incorreta:
3 horas, após desavença no trabalho. O exame físico a) o teste de caminhada de 6 minutos se presta como mo-
mostra cianose (1+/4+), taquipneia (FR = 40irpm), FC = nitorização básica diante do tratamento instituído
120bpm, PA = 170x100mmHg, bulhas arrítmicas, 82 hi- b) em nosso meio, a esquistossomose é uma importante
perfonética, 83 na região paraesternal esquerda baixa, causa dessa patologia
sopro sistólico em ejeção (2+/4+) no foco aórtico, tira- c) distúrbio do sono, AIDS e cardiopatia congênita são con-
gem intercostal bilateral, sibilos, estertores crepitantes dições associadas a essa patologia
e subcrepitantes em ambas as bases; ao eletrocardio- d) o teste com bloqueadores de canal de cálcio está indica-
grama, FA e bloqueio completo do ramo esquerdo. A ra- do na presença de insuficiência cardíaca direita grave
diografia de tórax mostra cardiomegalia com aumento e) o ecocardiograma é um exame importante e utilizado
do ventrículo esquerdo, opacidades pulmonares inters-
rotineiramente na fase de diagnóstico, como método de
rastreio da hipertensão arterial pulmonar, não podendo
ticiais e alveolares atingindo até os ápices. Os diagnós-
substituir o cateterismo cardíaco direito no diagnóstico
ticos prováveis são:
e na avaliação prognóstica
a) insuficiência cardíaca e estenose aórtica
b) edema agudo pulmonar e cardiopatia associada à hiper- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
tensão arterial O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

251
QUESTÕES

2013- UFF índice cardiotorácico aumentado. Ecocardiografia: pro-


250. O tratamento por vasodilatador antagonista não sele- lapso incontinente da valva mitral, com ruptura da cor-
tivo dos receptores da endotelina I é aprovado para casos doalha tendínea do folheto posterior, diâmetro diastólico
de hipertensão: ventricular esquerdo moderadamente aumentado e fra-
a) arterial sistêmica ção de ejeção do ventrículo esquerdo de 45%. Assinale a
b) arterial pulmonar alternativa correta:
c) portal a) o reparo valvar deve ser indicado mesmo com a pacien-
d) intracraniana te assintomática
e) intraocular aguda b) o prolapso associado à ruptura de cordoalha tendínea
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vl---/v-- indica a troca valvar
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder c) a etiologia provável é reumática, apesar de não haver
antecedente
2007- UERJ d) o tratamento é conservador, com reavaliação ecocardio-
gráfica anual
251. A presença de baqueteamento digital em um pa-
ciente com hipertensão arterial pulmonar é um achado O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vl---/v--
que deve inicialmente ser interpretado como dado contra 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
o diagnóstico de:
a) bronquite crônica 2015 -IFF
b) cardiopatia congênita 254. Um senhor de 59 anos procura atendimento devido
c) síndrome de Eisenmenger a dispneia e dor torácica. Ao exame, FC 64bpm, PA = =
d) hipertensão pulmonar primária 100x70mmHg, pulso carotideo tardus et parvus e ictus
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vl---/v-- cordis no 5!! espaço intercostal na linha hemiclavicular es-
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder querda e propulsivo. Além disso, sopro sistólico (4+/6+) no
bordo esternal esquerdo crescente-decrescente e hipofo-
nese de 2ª bulha pelo componente A2. Qual é a causa dos
Valvulopatias seus sintomas?
a) estenose mitral
b) insuficiência mitral
2015 - UNICAMP c) estenose aórtica
252. Um homem, de 78 anos, há 2 meses queixa-se de falta d) insuficiência aórtica
de ar, com piora progressiva. Aos grandes esforços, sente O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vl---/v--
queimação retroesternal e, em uma dessas ocasiões, sentiu 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
tonturas, escurecimento visual e quase desmaiou, melho-
rando ao se deitar. Para conseguir dormir, eleva a cabeceira
2015- UFPR
da cama e, mesmo assim, acorda com canseira todas as noi-
tes, melhorando quando se senta. Refere, ainda, inchaço 255. A principal etiologia da insuficiência mitral é:
=
nas pernas. Exame físico: PA 128x88mmHg, FC 108bpm, = a) congênita
em bom estado geral, com extremidades quentes, jugula- b) reumática
res túrgidas a 45" e pulsos carotideos diminuídos. Pulmões: c) endocardite
murmúrio vesicular presente com estertores crepitantes nas d) degeneração mixomatosa
bases. Coração: bulhas rítmicas normofonéticas, com desdo- e) isquêmica
bramento da 2ª bulha na expiração, 84 audível em mesocár- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vi---/v--
dio e foco mitral e sopro sistólico paraesternal à direita, com O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
irradiação para as carótidas. A ausculta cardíaca refere-se a:
a) galope atrial e estenose aórtica 2015- UFSC
b) galope atrial e insuficiência tricúspide
256. M.S.N., de 64 anos, com história de dor lombar de forte
c) galope ventricular e insuficiência aórtica
intensidade há 3 dias, após excesso de carga, evoluiu no dia
d) galope ventricular e estenose aórtica
seguinte com desorientação, dispneia e febre não aferida.
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão -----'vl---/v-- A paciente é portadora de insuficiência renal crônica em re-
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder gime de hemodiálise e diabetes mellitus em uso de insulina.
Familiar referia, ainda, antecedente de trauma lombar há
2015 - UNICAMP 34 anos, com dor lombar desde então, mas com piora na
253. Uma mulher de 43 anos, assintomática, realizou última semana. Ao exame físico, mostrava-se confusa, disp-
exame periódico da empresa, sendo auscultado sopro neica, com Sat0 2 = 88%, FC = 120bpm, T = 37,5"C, estertores
diastólico em foco mitral (+++/4+). Radiograma de tórax: crepitantes e roncos até o terço médio de ambos os hemi-

252
CARDIOLOGIA

tórax. Os exames na Emergência mostraram Hb = 6,5mg/ 2014 - SMS-SP


dL, leucócitos = 12.620mm3, 70% de segmentados e 27% 258. Considere um paciente de 26 anos, com dispneia aos
de bastões, com granulações tóxicas. E, ainda: creatinina = grandes esforços e edema de membros inferiores +/4+
S,Smg/dl, parcial de urina com 2.304.000 leucócitos, 15.000 com bulhas rítmicas e sopro protodiastólico 3+/6+, audível
hemácias e flora bacteriana intensa, com cilindros hialinos. principalmente no 3º espaço intercostal, na borda esternal
Raios x de tórax revelam aumento da área cardíaca e con- esquerda. Apresenta também sopro mesotelediastólico
gestão pulmonar bilateral. Foram coletadas culturas, foi ini- em ruflar 2+/6+ em Sº espaço intercostal esquerdo, linha
ciada antibioticoterapia, e a paciente foi encaminhada para hemiclavicular. Os achados deste exame clínico são expli-
hemodiálise. Após sessão de hemodiálise, teve melhora do cados pela valvopatia de:
quadro da dispneia, mas teve instabilidade hemodinâmica, a) insuficiência mitral
precisando de droga vasoativa. Evoluiu com rebaixamento b) estenose aórtica
do nível de consciência, motivo por que foi admitida na UTI. c) estenose mitral
Também foi realizado ecocardiograma à beira do leito, que d) estenose pulmonar
mostrou vegetação de 1,7cm na valva pulmonar. Foi modifi- e) insuficiência aórtica
cado esquema de antibiótico e, 3 dias após, teve alta da UTI
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'W---/'v--
com estado geral melhorado, mas com persistência da dor
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
lombar. Com base nesse quadro clínico, o agente etiológico
que deve ser primeiramente aventado é:
a) Pseudomonas aeruginosa 2014- UEL
b) Bacteroides fragilis 259. Com relação às próteses utilizadas no tratamento ci-
c) Staphylococcus aureus rúrgico das valvulopatias, assinale as afirmativas a seguir
d) Streptococcus beta-hemolítico como Verdadeiras (V) ou Falsas (F):
e) Candida albicans I -As próteses biológicas, em geral, têm baixa tromboge-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'W---/'v-- nicidade, boa hemodinâmica, não apresentam ruídos no
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder pós-operatório e, em decorrência do fluxo central, apre-
sentam-se com baixa turbulência.
11 - Os homoenxertos são os mais utilizados, por apresen-
2015- UFG
tarem menores taxas de complicação, e podem ser utiliza-
257. Um paciente de 60 anos refere episódio de síncope
dos em qualquer faixa etária, com alto índice de recupera-
há 1 semana, após esforço físico vigoroso. Relata episó-
ção da função cardíaca.
dios de dor precordial também relacionados ao esforço,
111 - A limitação ao uso das próteses biológicas está direta-
iniciados há 2 meses, mas nega acompanhamento prévio
mente relacionada à sua durabilidade, calcificação e neces-
por qualquer patologia. Ausculta cardíaca: ritmo cardíaco
sidade de reoperações, com aumento do risco cirúrgico.
regular em 3 tempos (84) com 2!! bulha hipofonética e des-
IV - As próteses mecânicas de duplo folheto têm boa he-
dobramento paradoxal. Além disso, sopro sistólico (+++/4)
modinâmica, boa durabilidade, baixa incidência de fenô-
mais audível na borda paraesternal esquerda, com irradia-
menos tromboembólicos, sendo desnecessários esque-
ção para as carótidas. Segue o ECG do paciente:
mas de anticoagulação em longo prazo.
V - As próteses biológicas estão indicadas a pacientes jo-
vens e àqueles impossibilitados de se submeterem a es-

~Tml: >.f '..r f-r f.r ~Jl quemas de anticoagulação; as próteses mecânicas estão

illL~ttm:
indicadas a idosos.
Assinale a sequência correta:
f{~ f.r N' ~fl a) V, V, V, F, F
b) V, F, V, F, F
. l l- I · IJJJ_j "
.... '-J . . J c) F, F, V, F, F
T I
d) F, V, V, F, F
. ..... .. ..
~
e) V, V, F, V, F
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'W---/'v--
O diagnóstico mais provável é: D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
a) infarto agudo do miocárdio sem supra de ST
b) insuficiência mitral isquêmica 2013 -INCA
c) estenose aórtica importante
260. A lesão valvar mais frequentemente associada a um
d) comunicação interatrial
quadro de hemoptise é a:
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão -----'W---/'v-- a) estenose aórtica
0 Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder b) estenose mitral

253
QUESTÕES

c) insuficiência aórtica 2012- UFRJ


d) insuficiência tricúspide 264. No acompanhamento de um paciente com insuficiên-

. :r
~. O Tenho domfnlo do assunto O Refazer essa questão ~ cia aórtica crônica, a redução da divergência da pressão
I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder arterial sugere:
a) estenose aórtica associada
2013- UFSC b) aumento do grau da insuficiência aórtica
c) piora da função ventricular
261. Um paciente, de 34 anos, procura o ambulatório de
d) estenose mitral associada
Clínica Médica com queixa de dispneia de caráter progres-
sivo de início há 3 meses. Há 1 mês, vem apresentando
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'l,t-ll;---
0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
episódios de dor torácica retroesternal desencadeados
por esforço físico, com duração de cerca de 5 minutos, e
2012- UERJ
ao exame físico o médico evidencia um sopro sistólico de
ejeção com irradiação para o pescoço (o paciente refere 265. Os amigos íntimos de uma economista de 28 anos
"sopro no coração" desde a infância), a ausculta pulmo- não entendiam as dores torácicas nem as palpitações
nar é normal, o ritmo cardíaco é regular, e o paciente não que tanto a incomodavam. Ela não tinha anomalia car-
apresenta cianose nem edemas. Assinale o diagnóstico díaca congênita, e, por ser muito mimada, aquilo parecia
mais provável: ser apenas um modo pouco sutil de atrair a atenção das
pessoas. Todavia, não foi essa a opinião de experiente car-
a) estenose mitral
diologista que, ao avaliá-la com minudência, pensou em
b) estenose aórtica
prolapso valvar mitral por ter identificado:
c) comunicação interventricular
a) c/ick mesossistólico na região apical à ausculta
d) insuficiência aórtica
b) onda delta na porção ascendente do QRS no eletrocar-
e) prolapso de válvula mitral
diograma
~ O Tenho domlnio do assunto O Refazer essa questão ~ c) alterações da repolarização ventricular em Dl e aVL no
.TI O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para respo nder holter de 2 horas
d) protrusão sistólica das 3 cúspides para o interior do
2013 - PUC-RS átrio no ecocardiograma
262. Uma mulher, de 32 anos, refere palpitações e des- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'l,t-ll;---
conforto torácico sem relação com esforços físicos. Re- 0 Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

lata ficar muito ansiosa com esses sintomas. E mais: PA


= =
110x70mmHg, FC 82bpm, pectus escavatum, ausculta 2012 - FHEMIG
cardíaca com estalido mesodiastólico e sopro telessistó- 266. Uma mulher de 23 anos, grávida, queixa-se de edema
lico audível no bordo esternal esquerdo. O eletrocardio- vespertino e dispneia aos pequenos esforços. Ao exame,
grama de repouso e a radiografia de tórax são normais. apresenta abdome gravídico (compativel com a idade ges-
Qual é a hipótese diagnóstica? tacional, de 28 semanas), edema dos membros inferiores
a) forame oval patente = =
(+/4+), PA 120x60mmHg, FC 92bpm, ausculta pulmo-
b) cardiomiopatia hipertrófica nar normal e sopro precordial mesodiastólico, com reforço
c) estenose aórtica pré-sistólico. O eletrocardiograma mostra ritmo sinusal,
d) prolapso mitral =
com duração de onda P 0,12 segundo e QRS 0,09 se- =
e) comunicação interatrial gundo. Qual é o diagnóstico provável?
a) estenose mitral
~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
,:r IO Re ler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
b) insuficiência aórtica
c) cardiomiopatia da gravidez
d) sopro inocente em coração hipercinético
2013- UFAM
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
263. Compreende um sinal muito sugestivo de insuficiên- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
cia aórtica grave:
a) xantelasmas
2012 - PUC-RS
b) aracnodactilia
267. Um homem de 70 anos apresentou síncope, sendo
c) sinal de Musset
então verificado sopro cardíaco. O ecocardiograma mos-
d) pulso parvus et tardus
trou gradiente transvalvar aórtico médio de 75mmHg,
e) lesões de Janeway
área valvar aórtica diminuída e FEVE = 65%. O teste er-
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ----'l,t-ll;-- gométrico provocou dispneia precoce com baixa carga de
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder esforço. Qual é a alternativa correta?

254
CARDIOLOGIA

a) o diagnóstico é de insuficiência aórtica, e a conduta é 2011- UFMS


cirúrgica 270. Qual dos seguintes achados de exame físico tem
b) o diagnóstico é de válvula aórtica bicúspide, e a conduta maior probabilidade de ser associado à insuficiência aór-
é o uso de betabloqueador tica severa crônica?
c) o diagnóstico é de estenose aórtica grave, e a conduta é a) sopro diastólico apical
cirurgia convencional com implante de prótese b) click de ejeção
d) o diagnóstico é de estenose aórtica grave, e a conduta c) impulso apical no Sº espaço intercostal na linha média
é aguardar o surgimento de sintomas cardiovasculares clavicular
para indicar a cirurgia d) 82 persistentemente desdobrada
e) PA = 170x110mmHg
e) o diagnóstico é de estenose aórtica leve, e o paciente
não tem indicação cirúrgica O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2011- UFC

2012- HFA 271. Um paciente apresenta-se no consultório com queixa


de palpitações. No exame físico, você percebe um sopro
268. Considere que um médico assistente tenha consta- diastólico mais intenso no ápice e uma 1ª bulha hiperfo-
tado, em um paciente de 22 anos, com diagnóstico de car- nética. Ele traz um eletrocardiograma que revela onda P
diopatia reumática, entre outros achados semiológicos, a entalhada com duração = 120ms em 02 e inflexão negativa
presença de um sopro holossistólico, mais bem audível na = 2mm em Vl. O eixo do QRS está em 120°. Qual das pato-
área tricúspide - com intensidade grau 11, segundo classi- logias a seguir é o diagnóstico mais provável?
ficação de Levine -, intensificado pela realização da ma- a) hipertireoidismo com taquicardiomiopatia
nobra de Müller. Com base nessas informações, assinale a b) forame oval patente
alternativa correta: c) insuficiência aórtica
a) a intensidade do sopro em análise sugere, com alta pos- d) defeito do septo ventricular
sibilidade de acerto, insuficiência mitral leve e) estenose mitral
b) a intensificação do sopro em estudo, pela manobra rea- O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
lizada, indica regurgitação tricúspide O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) a descrição do sopro permite inferir que há frêmito car-
díaco associado 2010 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
d) a manobra realizada é utilizada para induzir incremento 272. Um paciente de 20 anos comparece à consulta de ro-
na pós-carga de trabalho do coração tina para exame médico de clube esportivo. Está assinto-
e) a manobra de handgrip (preensão manual) pode subs- mático, mas ao exame físico apresenta sopro sistólico em
tituir a manobra de Müller, pois esses procedimentos foco pulmonar, ejetivo, suave, (++/6} com desdobramento
clínicos compartilham a mesma base fisiopatológica fixo da 2ª bulha cardíaca. O diagnóstico provável é:
a) Estenose Pulmonar (EP)
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
b) estenose aórtica
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
c) comunicação interatrial (CIA)
d) bloqueio do ramo direito
2011 - SES-RJ/INCA/FIOCRUZ
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
269. O laudo de radiografia simples de tórax posteroan- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
terior de um paciente adolescente, com passado de febre
reumática, citava duplo contorno atrial, protrusão da auri- 2010- UFRJ
culeta no bordo cardíaco esquerdo, ângulo da carina alar-
273. Um homem de 38 anos apresenta sopro sistólico eje-
gado e deslocamento cranial do brônquio-fonte esquerdo.
tivo em foco aórtico acessório que se acentua com a ma-
Os ramos da artéria pulmonar tinham diâmetro normal. nobra de Valsalva, além de pulso carotídeo com 2 picos
No eletrocardiograma desse rapaz, é mais provável que a sistólicos. O eletrocardiograma revela hipertrofia ventricu-
onda P tenha o seguinte padrão: lar esquerda. O quadro é compatível com:
a) bífida, com duração= 0,14 segundo, em 01 e 02 a) estenose aórtica valvar grave
b) monofásica, com duração= 0,09 segundo, em aVF e Vl b) cardiomiopatia hipertrófica
c) arredondada, com amplitude = 2,2mm em 01 e aVL c) dupla lesão aórtica com predomínio de insuficiência
d) pontiaguda, com amplitude= 2,8mm, em 02, 03 e aVF d) insuficiência aórtica com sopro de hiperfluxo
""""lllll! O Tenho domínio do ilssunto O Refazer essa questão ~ O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
,:T I O Reler o comentá rio D Encontrei dificuldade para responder O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

255
OUESTOES
2008- UFF b) infarto do ventrículo direito
274. O exame clínico do coração, em caso de estenose mi- c) isquemia aguda miocárdica
tral grave, revela, frequentemente: d) cardiomiopatia hipertrófica
a) reforço pré-sistólico e ruflar diastólico e) insuficiência ventricular esquerda
b) 4ª bulha do ventrículo esquerdo e hiperfonese de B2 (P2) O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
c) reforço pré-sistólico e estalido de abertura mitral O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
d) reforço pré-sistólico e sopro holossistólico
e) 3ª bulha do ventrículo esquerdo e estalido de abertura 2010 - SUS-SP
mitral
278. Um menino de 4 anos apresenta arritmia ventricular
~ O Tenho domlnio do assunto O Refaze r essa questão ~
,:r I O Rele r o comentário O Encontrei dificuldade para responder
de início súbito, e é diagnosticada miocardite. A principal
etiologia, nesses casos, é:
a) idiopática
2008- UFF b) bacteriana
275. Constituem critérios maiores para o diagnóstico de c) reação inflamatória pós-infecção bacteriana
endocardite infecciosa: d) viral
a) febre, hemocultura positiva, fenômeno de Raynaud e) cardiomiopatia congênita progressiva
b) febre, vegetação vista ao ecocardiograma, artralgia O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
c) novo sopro de regurgitação valvar, insuficiência cardía- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
ca, embolia sistêmica
d) febre, hemocultura positiva, dor torácica 2004- UFRJ
e) hemocultura positiva, vegetação vista ao ecocardiogra-
279. Um homem de 52 anos, negro e hipertenso, apre-
ma, novo sopro de regurgitação valvar
senta queixas de dispneia aos pequenos esforços. Ao
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
exame clínico, ritmo cardíaco regular em 3 tempos, galope
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
pré-sistólico, FC = 96bpm e PA = 180x120mmHg. E ainda:
pulmões com crepitações bibasais, raio x de tórax com
índice cardiotorácico no limite superior da normalidade,
Miocardites hipertensão venocapilar pulmonar e aumento dos hilos,
e ecocardiograma demonstra hipertrofia ventricular es-
querda concêntrica, aumento do átrio esquerdo e fração
2011 - SES-RJ/INCA/FIOCRUZ
de ejeção= 60%. Nesse caso, assinale a afirmativa correta:
276. Durante uma partida de futebol de várzea, um jovem a) digitálicos podem ser indicados
de 22 anos, subitamente, caiu no campo e, mesmo aten- b) betabloqueadores e diuréticos são as drogas preferenciais
dido de imediato, veio a falecer. Seus familiares sabiam c) os achados sugerem insuficiência cardíaca sistólica
que ele sofria de cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, d) a espironolactona está indicada
diagnosticada por um estudo ecocardiográfico, porém ele
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
desdenhava o problema por nada sentir. A suspeita surgira
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
meses antes, quando um primo cardiologista o auscultava
e identificara um sopro com as seguintes características:
a) diastólico, musical, em forma de diamante e logo após a 2003 - FESP-RJ
1ª bulha 280. Um rapaz de 25 anos, atleta, assintomático, vai ao
b) sistólico, rude, em forma de diamante e logo após a 1ª médico para checkup após a morte súbita e recente de sua
bulha irmã, que ocorreu após exercício físico, e de seu pai, 15
c) sistólico, musical, "em decrescendo" e que se irradiava anos antes, nas mesmas condições. O laudo de necrópsia
para o pescoço da irmã relatava que o coração estava espessado, sem si-
d) diastólico, rude, "em decrescendo" e que se irradiava nais de infarto do miocárdio. Ao exame físico, o rapaz está
para o pescoço normotenso, com ritmo cardíaco regular, presença de 4!
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ bulha e ausência de sopros. O eletrocardiograma sugere
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder hipertrofia ventricular esquerda. O diagnóstico provável é:
a) fibrose endomiocárdica familiar
2011- SES-SC b) cardiomiopatia restritiva
c) cardiomiopatia hipertrófica
277. Ondas Q em paredes inferiores, ou laterais, inversão
d) cardiomiopatia hereditária
da onda T ou, ainda, aumento do átrio esquerdo, são alte-
rações eletrocardiográficas sugestivas de: O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

a) comunicação interatrial O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

256
CARDIOLOGIA

2003 - FESP-RJ a) tamponamento cardíaco


281. O comprometimento cardíaco entre os pacientes com b) hipertireoidismo
doença de Chagas aguda se traduz, mais comumente, por: c) insuficiência aórtica
a) pericardite d) estenose aórtica
b) miocardite e) bloqueio atrioventricular total
c) endocardite O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
d) arritmias O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
,O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 2014 - SANTA CASA DE BH
285. Sobre a pericardite aguda, assinale a alternativa in-
correta:
Doenças do pericárdio a) caracteriza-se por um processo inflamatório agudo do
pericárdio que pode ser primário ou secundário, poden-
do cursar com ou sem derrame pericárdico
2015- UFRJ b) achados eletrocardiográficos típicos são infradesnivela-
282. Um homem de 58 anos, com anasarca e dispneia, mento do segmento ST difuso acompanhado de inver-
apresenta turgência jugular patológica, com sinal de Kus- são de onda T
smaul e retração do ápice cardíaco na sístole (sinal de c) a clínica pode variar desde a ausência de dor até uma
Broadbent). A radiografia de tórax é normal, e o ECG re- dor torácica anterior ventilatoriodependente, de início
vela baixa voltagem. O diagnóstico mais provável é: súbito, podendo irradiar-se para o dorso e melhorar
a) tamponamento cardíaco com a flexão anterior do tronco
b) cardiomiopatia restritiva d) são causas de pericardite adenovírus, uremia, lúpus, ar-
c) infarto do ventrículo direito trite reumatoide, tuberculose e metástase
d) pericardite constritiva O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
2014- HECI
2015- UFPR 286. Um homem de 20 anos, que começou a apresentar,
283. Um menino de 4 anos foi internado no serviço de há cerca de 30 dias de internação, quadro de febre diária,
Emergência Pediátrica com diagnóstico de pneumonia e queda do estado geral, emagrecimento de cerca de 8kg no
empiema pleural. O agente etiológico isolado na hemo- período e dispneia para suas atividades habituais, sem ou-
cultura foi Streptococcus pneumoniae. No 5!! dia de inter- tros sintomas, havia realizado ecocardiograma com 15 dias
nação, apresentou, ao exame físico, FC = 160bpm, PA = de sintomas, que só mostrou derrame pericárdico de mode-
80xSOmmHg (PA sistólica= 60mmHg durante a inspiração) rado volume. Devido à persistência da febre e dos sintomas,
e T = 38,7•c. As veias jugulares estavam ingurgitadas, as foi encaminhado para internação e investigação no HECJ.
bulhas cardíacas praticamente inaudíveis, com murmú- Exame clínico na chegada ao hospital: hipocorado, emagre-
rio vesicular audível bilateralmente, mas diminuído nas cido, acianótico, anictérico, febril (38,2"C), com ritmo car-
bases, com estertores crepitantes nas bases e submaci- díaco regular em 2 tempos, FC = 125bpm (mesmo depois
cez à percussão delas. O fígado estava palpável a 6cm do de controle da febre}, PA = 102x86mmHg, jugulares visíveis
rebordo costal direita, com consistência aumentada. As com cabeça a 4s•c, sem refluxo hepatojugular, sons pulmo-
extremidades estavam frias, e a perfusão periférica era nares normais, FR = 24irpm e SatOz = 98% em ar ambiente. E
diminuída. Qual das hipóteses a seguir explica a presença mais: abdome livre e sem visceromegalias. Exames iniciais:
desses dados clínicos? raio x de tórax normal, anemia normocítica e normocrô-
a) pneumotórax hipertensivo mica (Hb = 10}, leucócitos= 7.000, PCR = 60 e albumina= 3.
b) pericardite purulenta com tamponamento cardíaco Com relação ao caso, assinale a alternativa correta:
c) endocardite bacteriana a) lúpus eritematoso sistêmico; pesquisa de células LE
d) miocardite aguda b) pericardite constritiva tuberculosa; novo ecocardiogra-
e) mediastinite ma e biópsia pericárdica
O O ~ c) miocardite viral; cintilografia miocárdica
.---...
Te nho domínio do assunto Refazer essa questão
r Io Reler o comentá rio o Encontrei dificuldade para responder d) cardite reumática; penicilina benzatina e corticoide
e) artrite reumatoide; corticoide em dose baixa e metotre-
2014- SANTA CASA-SP xato

284. Das seguintes, qual evolui mais frequentemente com O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~

pulso paradoxal? O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

257
.------ ': ""::·:--
QUESTÕES

2014- UFSC pros, com som protodiastólico rude (knock), abdome ascí-
287. Um paciente de 62 anos, previamente hígido, apre- tico, fígado a Sem do rebordo costal direito doloroso, sem
sentou quadro de febre, prostração, disúria e dor lombar edema de membros inferiores ou estigmas de insuficiên-
há 2 dias, procurando o serviço de emergência porque cia hepática. Assinale a principal hipótese diagnóstica:
está há 12 horas sem urinar. O exame físico evidencia de- a) hepatopatia crônica
sidratação (+/4), PA = 100x70mmHg, FC = 120bpm, jugula- b) pericardite constritiva
res baixas, abdome globoso e sinal de Giordano no flanco c) insuficiência cardíaca esquerda
direito. É feito o diagnóstico de sepse de foco urinário e d) insuficiência cardíaca congestiva
realizada sondagem vesical para avaliação do débito uri- e) tromboembolismo pulmonar crônico com insuficiência
nário. Os resultados dos exames laboratoriais são: creati- cardíaca direita
nina sérica = 2,5mg/dl, Na sérico = 148mEq/L, K sérico = D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
5,1mEq/L, HC0 3 sérico = 14mg/dl, Na urinário= 10mEq/L, D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
creatinina urinária = 45mg/dl e osmolalidade urinária =
570mOsm/kgH 20. Assinale a alternativa que apresenta a 2012 - SANTA CASA-SP
causa da insuficiência renal e a conduta terapêutica mais 291. Uma mulher de 42 anos é admitida na Emergência
adequadas ao quadro: com dispneia há 2 semanas, evoluindo para dispneia in-
a) insuficiência renal pré-renal/expansão volêmica com sa- tensa ao repouso, há 2 horas, associada a rebaixamento
lina hipotônica da consciência. Ao exame, FC = 135bpm, hipotensão e
b) necrose tubular aguda/hemodiálise precoce estase das veias jugulares, com marcado colapso inspira-
c) necrose tubular aguda/bo/us de furosemida 100mg tório. Nota-se queda da PAS de 15mmHg durante a inspi-
d) insuficiência renal pré-renal/expansão volêmica com sa- ração. O eletrocardiograma apresenta o traçado a seguir:
lina isotônica
e) insuficiência renal pós-renal/manter sonda vesical de
demora
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
Qual é a conduta imediata para este caso?
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
a) pericardiocentese
b) infusão de cristaloide, eletrocardiograma com V3R, V4R,
V7 e V8 e angioplastia primária
2014- UFG
c) metoprolol intravenoso e ecocardiografia
288. Os sinais clínicos sugestivos de tamponamento cardí- d) suporte ventilatório invasivo com pressão positiva nas
aco compõem a tríade de Beck, que, além de bulhas hipo- vias aéreas e tomografia computadorizada de tórax para
fonéticas, são: avaliação das artérias pulmonares
a) pressão venosa alta e pressão arterial baixa e) cardioversão elétrica com lOOJ
b) equimose cervical e pressão arterial baixa
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
c) equimose torácica e pressão arterial alta
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
d) taquicardia e pressão arterial baixa
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ 2012- UFRJ
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
292. Um paciente submetido a cirurgia de revasculariza-
ção miocárdica apresenta, no 5º dia pós-operatório, dor
2013 -IFF
precordial, atrito pericárdico e elevação do segmento ST
289. A tríade de Beck é encontrada na seguinte patologia: em derivações precordiais ao eletrocardiograma, e man-
a) pneumotórax hipertensivo tém estabilidade hemodinâmica. O diagnóstico mais pro-
b) hemotórax vável é:
c) tamponamento cardíaco a) oclusão da ponte da veia safena
d) pneumotórax aberto b) espasmo da artéria torácica interna
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ c) tamponamento cardíaco
D Reler o comentário_ _ D
- =_:_:::_c::.:_::__::_::_c.:_:_::c.:.:=-:_ Encontrei dificuldade para responder d) pericardite aguda
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
2013- UFAM D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

290. Uma paciente de 21 anos, com história de aumento


do volume abdominal há 2 anos, associado a dispneia de 2012- UEL
esforço, ao exame físico está em bom estado geral, corada, 293. Diante de um paciente com instabilidade hemodinâ-
anictérica, hidratada, com estase jugular a 45" e sinal de mica e monitorização invasiva, o achado de débito cardí-
Kussmaul, PA = 100x60mmHg, FC = 70bpm, RCR sem so- aco baixo, pressão média da artéria pulmonar ocluída ele-

258
CARDIOLOGIA

vada, resistência vascular sistêmica elevada e pressão do c) a pericardite por tuberculose pode evoluir para tampo-
átrio direito elevada é compatível com o diagnóstico de: namento cardíaco e constrição pericárdica em 30 a 50%
a) tamponamento cardíaco dos casos
b) choque hipovolêmico d) as pericardites relacionadas a neoplasias são devidas
c) choque séptico somente ao implante de metástases, principalmente de
d) tromboembolismo pulmonar pulmão e mama
e) hipertireoidismo e) os derrames pericárdicos por mixedema não respondem
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
bem à terapêutica de reposição hormonal tireoidiana e
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
frequentemente evoluem para pericardite constritiva
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

2012- HFA D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

294. Uma senhora de 32 anos procurou atendimento mé-


dico com relato de que, há 6 meses, passou a apresentar 2010 - ALBERT EINSTEIN
fadiga, dispneia aos grandes esforços, edema de mem- 296. O eletrocardiograma a seguir é de um homem de 56
bros inferiores, dor no hipocôndrio direito e sensação de anos, tabagista, hipertenso, sem tratamento, que procura
empachamento pós-prandial. Negou doenças anteriores, pelo pronto-socorro com dor torácica:
tabagismo e etilismo. Seu exame físico mostrou emagre-
= =
cimento, FC 90bpm, PA 100x80mmHg, com evidên-
cia de pulso paradoxal, turgência jugular observada com
cabeceira do leito elevada a 40", aumento da pressão
venosa jugular durante a inspiração profunda, retração
intercostal (simultânea com a sístole cardíaca) observada
no 11º e no 12º espaços intercostais esquerdos, ritmo
cardíaco regular em 2 tempos, bulhas hipofonéticas, com
presença de knock após a 2ª bulha cardíaca em área tri-
cúspide. Aparelho respiratório sem anormalidades. Ab- O diagnóstico mais provável é:
dome: hepatomegalia dolorosa, sem ascite. Extremida- a) cardiomiopatia dilatada
des: edema de membros inferiores, mole, frio e indolor. b) infarto agudo do miocárdio, lateral extenso
O eletrocardiograma apresentou ritmo sinusal, frequên- c) pericardite
=
cia ventricular média 92spm, SÂQRS +120º, onda P = d) dissecção da aorta ascendente
entalhada em derivação 02, baixa voltagem do complexo e) infarto agudo do miocárdio originado no tronco da des-
QRS no plano frontal e alterações difusas e inespecíficas cendente anterior
da repolarização ventricular. Com base nessa situação D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
clínica hipotética, assinale a alternativa que apresenta a D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

principal hipótese diagnóstica:


a) pericardite constritiva
b) cor pu/mona/e Avaliação e abordagem perioperatória
c) mixoma atrial
d) cardiomiopatia hipertrófica
e) miocardite vira I 2014 - UNIRIO
~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ 297. Assinale o fator de risco cardíaco moderado em ope-
:r I D Reler o coment ário O Encontrei dificuldade para responder rações não cardíacas no paciente idoso:
a) angina instável, insuficiência cardíaca compensada e hi-
2011 - SES-GO pertensão arterial
b) angina pectoris moderada (classe 11), diabetes mellitus e
295. As doenças pericárdicas apresentam várias etiologias
insuficiência renal crônica
e evoluem para diferentes tipos de acometimentos mor-
c) aumento da faixa etária, diabetes mel/itus e hipertensão
fológicos, enquanto as síndromes pericárdicas incluem as
arterial não controlada
pericardites agudas e as crônicas. A respeito das pericardi-
d) insuficiência cardíaca congestiva descompensada, dia-
tes, sabemos que:
betes mel/itus e insuficiência renal
a) os corticosteroides são considerados medicações de 1ª
e) insuficiência cardíaca congestiva, padrão eletrocardio-
opção nas pericardites agudas de etiologia supostamen-
gráfico alterado e doença valvular
te vira I
b) diferentemente do lúpus eritematoso e da escleroder- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
mia, a artrite reumatoide não acomete o pericárdio D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

259
QUESTÕES

2013- UFF d) IV
298. Um paciente, de 92 anos, é atendido em consulta de e) V
"risco cirúrgico" para cirurgia oftalmológica de catarata. """""tlll D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
Está assintomático, tem boa capacidade funcional e re- ,f I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

aliza acompanhamento médico regular por hipertensão


arterial sistêmica e diabetes mellitus. Tem histórico de 2007 - HSPM-SP
infarto agudo do miocárdio da parede inferior ocorrido 301. Qual é a melhor forma de avaliar o risco de sangra-
3 anos antes, quando realizou coronariografia e colocou,
menta no pré-operatório de cirurgia eletiva?
com sucesso, um stent não farmacológico na artéria coro-
a) coagulograma completo
nária direita. Novo exame revela que, atualmente, a coro-
b) contagem de plaquetas
nária esquerda está livre de lesões obstrutivas, e a função
c) TS
ventricular esquerda, normal. Faz uso de ácido acetilsali-
d) TP
cílico 100mg/d, sinvastatina 40mg/d, atenoloiSOmg/d, lo-
e) história clínica
sartana 100mg/d e metformina 2.000mg/d. Considerada
essa situação clínica, deve-se: """""tlll D Tenho domín io do assunto O Refazer essa questão ~
a) suspender o ácido acetilsalicílico 10 dias antes do ato
.f I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
cirúrgico e a metformina na noite anterior
b) solicitar teste ergométrico para decidir se o paciente
está pronto para a intervenção 302. Um paciente de 57 anos, submetido a uma cirurgia
c) manter, com vistas à cirurgia, o uso diário da metformi- cardíaca para implante de prótese valvar aórtica, faz uso
na, dado o baixo risco de hipoglicemia do paciente de anticoagulante. Após o 15!! dia de pós-operatório, apre-
d) descartar a necessidade de testes funcionais, como sentou dispneia aos pequenos esforços, fraqueza progres-
cintilografia do miocárdio, pois o paciente está apto à siva, hepatomegalia, turgência jugular, ascite, hipotensão
cirurgia arterial e oligúria. Qual é o diagnóstico provável?
e) suspender o ácido acetilsalicílico 5 dias antes da inter- a) falência ventricular esquerda
venção, e a metformina e a sinvastatina, 2 dias antes b) hipertensão pulmonar decorrente de valvulopatia
"""""tlll D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ c) tamponamento cardíaco em pós-operatório cardíaco
,;f I D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder d) trombose da veia mesentérica
e) infarto agudo do miocárdio com disfunção da valva mi-
2012- UFRN tral

299. Um paciente de 70 anos, hipertenso, dislipidêmico D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
e portador de cardiopatia isquêmica, com disfunção sis- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
tólica, fração de ejeção S35%, CATE com lesão em ADA-
78%, CX-73% e CD-79%, do ponto de vista cardiológico tem 2004 - SUS-BA
evolução assintomática com tratamento medicamentoso. 303. Uma paciente de 30 anos, obesa, hipertensa e diabé-
Com relação a esse paciente e de acordo com o estudo tica tipo 1, será submetida a uma cirurgia de emergência por
Surgicol Treotment for lschemic Heort Foilure (STICH), o colecistite aguda. Segundo a Americon Society of Anesthesi-
tratamento clínico tem a mortalidade geral: o/ogists, a paciente está classificada como ASA classe:
a) maior que a do tratamento cirúrgico a) I
b) igual à do tratamento cirúrgico b) 11
c) igual à do tratamento intervencionista c) 111
d) maior que a do tratamento intervencionista d) IV
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ e) V
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder O Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
2008 - SUS-BA
300. Uma paciente de 45 anos, hipertensa controlada com
medicação, está programada para uma colecistectomia vi- Diagnóstico diferencial da dor torácica
deolaparoscópica. De acordo com os critérios da Americon
Society of Anesthesiologists (ASA), pode-se caracterizar o
caso como: 2012 - UNIFESO
a) 304. Um jovem dá entrada no pronto-socorro com história
b) 11 de precordialgia típica após ter feito uso de cocaína em
c) 111 uma festa. Qual das opções a seguir não seria indicada?

260
CARDIOLOGIA

a) ácido acetilsalicílico d) lidocaína lmg/kg de peso ou vasopressina 40UI


b) nitrato sublingual e) epinefrina 3mg ou vasopressina 4UI
c) betabloqueadores O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
d) antagonista dos canais de cálcio não diidropiridínicos O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
e) clopidogrel
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ 2009 - CREMESP
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 308. Três diferentes pacientes são atendidos no pronto-
-socorro com monitorização cardíaca:
2011- HSPE-SP [BASEADA NA PROV-A) - - 1: fraqueza intensa nas extremidades inferiores, em
305. Um homem de 60 anos, com antecedente de hiper- anasarca, deixou de comparecer às 2 últimas sessões de
tensão arterial sistêmica, começou a apresentar quadro diálise;
de dor torácica em aperto de início súbito com irradiação - 11: diabético tipo 2 descompensado, com história de in-
para o dorso, com sudorese associada. Apresenta PA me- farto do miocárdio prévio;
dida no membro superior direito de 250x130mmHg e au- - 111: hipertenso, tabagista, com dor precordial há 1 hora.
sência de pulso do membro superior esquerdo. Quais são Os registros eletrocardiográficos são:
as principais hipóteses diagnósticas?
a) tromboembolismo pulmonar
b) infarto agudo do miocárdio
c) pneumotórax espontâneo
d) pancreatite aguda
e) dissecção aguda da aorta
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2011 - SES-SC
306. Em pacientes com hipertensão diastólica que apre-
sentem sopro tipo insuficiência aórtica, deve-se suspei-
I , '" , ,, ' I

~~~r::~~~~~
tar de:
a) endocardite infecciosa
o
b) pericardite constritiva
c) dissecção aguda aórtica Assinale a associação correta:
d) cardiomiopatia hipertrófica a) 1-0, 11-N, 111-M
e) infarto agudo do miocárdio b) 1-N, 11-0, 111-M
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~ c) 1-N, 11-M, 111-0
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder d) 1-M, 11-0, 111-N
e) I-M, 11-N, 111-0
2009 - CREMESP O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
307. Um homem, de aproximadamente 60 anos, é admi- O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder
tido na sala de emergência com dor precordial há 1 hora.
Durante o atendimento inicial, deixa de contatar, e não se 2009 - EMESCAM
consegue palpar o pulso carotídeo. O monitor cardíaco 309. Um paciente de 67 anos, portador de hipertensão
mostra: arterial, tem colesterol total = 280mg/dl, HDL = 32mg/
dl, triglicérides =190mg/dl e cintura =104cm, e fez uma
tomografia computadorizada slice-64 para o diagnóstico
de doença coronariana. Que parecer clinico é dado ao pa-
São iniciadas manobras de ressuscitação cardiopulmonar ciente?
(RCP), e é aplicado choque de 360J monofásico, com per- a) o teste negativo para estenose coronariana permite ex-
sistência do ritmo. Prossegue-se à RCP, o paciente é intu- cluir a possibilidade de doença aterosclerótica corona-
bado, e obtém-se acesso venoso. Recomenda-se inicial- riana
mente a administração intravenosa de: b) a presença de estenose não necessita de confi rmação
a) epinefrina lmg ou vasopressina 40UI por cateterismo coronariano
b) atropina lmg ou vasopressina 4UI c) trata-se de um exame com baixa especificidade e sensi-
c) amiodarona 300mg ou epinefrina 3mg bilidade, sem aplicabilidade clínica

261
QUESTÕES

d) o valor preditivo negativo para estenose dos segmen- c) ácido acetilsalicílico, betabloqueador, nitrato sublingual,
tos inicial, médio e distai das artérias coronárias é baixo, heparinização plena
aproximadamente de 20% d) 0 2, ácido acetilsalicílico, nitrato sublingual, meperidina,
e) o teste apresenta pequena exposição à radiação, sem betabloqueador, encaminhamento para ACTP primária
risco para o paciente ~ D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~ D Reler o comentário


./' J D Encontrei dificuldade para responder

D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder


2008 - HSPM-SP
2009- UFSC 312. Uma mulher de 65 anos, há 3 horas com dor precor-
310. Um paciente de 58 anos e história de insuficiência dial irradiada para a região dorsal, nega tabagismo, dia-
coronariana chega à Emergência com quadro de dor pre- betes ou dislipidemia. Refere hipertensão arterial grave,
cordial, em repouso, há cerca de 15 minutos. Apresenta =
com controle irregular. PA 170x120mmHg; FC 90bpm =
sudorese e PA = 190x120mmHg. Qual é o diagnóstico mais (rítmico); sopro diastólico em foco aórtico. O eletrocardio-
provável e qual é a conduta mais adequada? grama é normal. É provável que essa paciente apresente,
no exame físico:
a) urgência hipertensiva associada à síndrome coronaria-
a) diminuição de murmúrio vesicular no hemitórax esquerdo
na crônica; tratar com captopril + ácido acetilsalicílico +
b) edema e dor em uma das panturrilhas
lsordil®
c) assimetria na palpação dos pulsos
b) urgência hipertensiva associada à síndrome coronaria-
d) dor à palpação de gradeado costal
na aguda; tratar com captopril +ácido acetilsalicílico +
e) egofonia e respiração soprosa em hemitórax
lsordil®
c) emergência hipertensiva associada à síndrome corona- D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~

riana aguda; tratar com captopril + ácido acetilsalicílico


D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

+ lsordil®
d) urgência hipertensiva associada à síndrome coronariana 2008- UFRN
aguda; tratar com Morfina +Oxigênio+ Nitroglicerina + 313. Um homem, de 65 anos, queixa-se de dor torácica
Ácido acetilsalicílico (MONA) + captopril subesternal com aumento progressivo nos últimos 6 me-
e) emergência hipertensiva associada à síndrome corona- ses. Um eletrocardiograma mostrou características consis-
riana aguda; tratar com MONA+ metoprolol tentes com doença cardíaca isquêmica, e uma angiografia
revelou um estreitamento de 75% da luz da artéria coro-
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
nária descendente anterior esquerda. Dentre as seguintes
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
complicações vasculares, a mais provável é:
a) embolia arterial sistêmica, surgida de um tromba mural
2008 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
no ventrículo esquerdo
311. Um paciente, de 68 anos, hipertenso de longa data, b) embolia arterial sistêmica, surgida de uma trombose em
dislipidêmico e diabético, chegou à Emergência quei- uma veia periférica
xando-se de dor precordial em opressão (intensidade = c) embolia pulmonar, surgida em tromba mural no ventrí-
7/10), com irradiação para o dorso e associada a sudo- culo esquerdo
rese e vômitos, nas últimas 4 horas. Refere que, há 70 d) embolia arterial sistêmica, surgida de um tromba mural
dias, teve um acidente vascular cerebral, com recupera- no átrio esquerdo
ção completa do quadro. Ao exame físico, encontrava-se D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ~
consciente e orientado, acianótico, com sudorese e pali- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
dez cutâneo-mucosa, PA = 80x60mmHg e FC = 92bpm. À
ausculta cardíaca, apresentava ritmo regular em 2 tem- 2007- HMRN
pos, sem sopros, e a ausculta respiratória era normal. O
314. Uma mulher, de 85 anos, previamente hígida, vem
eletrocardiograma da admissão mostrava ritmo sinusal, apresentando dor torácica anginosa iniciada há 1 mês, de-
com supradesnivelamento de segmento ST em 02, 03 e sencadeada por pequenos esforços, melhorando com re-
aVF com cerca de 2mm. Qual, dentre as relacionadas a pouso e nitrato sublingual, e apresenta eletrocardiograma
seguir, é a melhor opção terapêutica no momento da ad- normal e cintilografia positiva para isquemia miocárdica
missão? envolvendo 2 territórios. Um cateterismo cardíaco confir-
a) 0 2 , nitrato sublingual, betabloqueador, ácido acetilsali- mou doença aterosclerótica coronariana com obstrução
cílico, trombolítico de 90% no terço proximal da artéria circunflexa e de 90%
b) 0 2, ácido acetilsalicílico, betabloqueador, encaminha- no terço proximal da descendente anterior, envolvendo
mento para Angioplastia Coronariana Transluminal Per- a origem de um grande ramo diagonal. O melhor trata-
cutânea (ACTP) primária mento, nesse caso, é:

262
CARDIOLOGIA

a) tratamento clínico dário, que não dispõe de serviço de Cardiologia interven-


b) revascularização miocárdica cirúrgica cionista. O serviço de referência mais próximo está a 90
c) intervenção coronariana percutânea com implante de minutos do pronto-socorro. Ao exame clínico, o indivíduo
stents convencionais encontra-se consciente, com fácies de dor, pulsos periféri-
d) intervenção coronariana percutânea com implante de cos presentes e simétricos, PA = 200xllOmmHg, sem ou-
stents eluídos com drogas antiproliferativas tras alterações significativas para o quadro apresentado. A
e) todas as anteriores seguir, o eletrocardiograma solicitado:
----. O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ~
_:,;/" I O
Reler o comentário O Encontrei dificuldade para respon der

2006 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO


315. Um homem de 56 anos apresenta dor precordial tí-
pica há 8 horas, com irradiação para o dorso. À avaliação
clínica inicial, encontra-se estável, sem congestão pul-
=
monar, com pulsos simétricos, PA 155x87mmHg e FC =
102bpm. O eletrocardiograma da entrada está ilustrado a
seguir, e a radiografia de tórax é normal. São prescritos 200mg de ácido acetilsalicílico macerado. A
próxima conduta é:
a) administrar morfina
b) administrar nitroglicerina
c) administrar rt-PA
d) encaminhar para o serviço de referência
e) solicitar ecocardiograma transesofágico
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vi-/v--
O Reler o comentário 0 Encontrei dificuldade para responder

Com base nesses achados, o paciente é submetido a uma


trombólise química com estreptoquinase, 1.500.000UI em 2006 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO
1 hora. Cerca de 15 minutos após o início da infusão, apre- 317. Um homem de 68 anos, hipertenso, refere dor ini-
senta PA = 86x55mmHg e FC = 120bpm, sem congestão cialmente precordial e em seguida na região dorsal. Pos-
pulmonar. O diagnóstico e a conduta, respectivamente, teriormente, a dor se estendeu ao braço esquerdo. Houve
são: melhora da dor nesse membro, e algumas horas depois
a) hipotensão transitória secundária à infusão do trombo- sentiu dor e frialdade do membro inferior esquerdo. No-
lítico; reduzir a velocidade de infusão do trombolítico, tava-se ausência de pulso braquial, femoral, poplíteo e
infundir solução salina até a normalização da pressão e distais à esquerda. O eletrocardiograma revelou sinais de
completar a infusão de trombolítico sobrecarga ventricular esquerda, e a radiografia de tórax
b) infarto agudo do miocárdio com comprometimento do mostrava alargamento do mediastino. O diagnóstico pro-
ventrículo direito; interromper a infusão do trombolíti- vável é:
co e encaminhar para a angioplastia de resgate a) dissecção aguda da aorta
c) dissecção aguda da aorta; interromper a infusão do b) embolia arterial aguda
trombolítico e solicitar ecocardiograma de urgência c) trombose arterial aguda
d) complicação hemorrágica do trombolítico; interromper d) aneurisma torácico
a infusão do trombolítico, solicitar o hematócrito e in- e) infarto agudo do miocárdio
fundir plasma para correção do distúrbio de coagulação O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vi-/v--
e) reação alérgica à estreptoquinase; suspender a infusão O Reler o comentário 0 Encontrei dificuldade para responder
do trombolítico, infundir volume e substituir o trombolí-
tico por rt-PA
2006 - UNICAMP
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ---"vi-/v-- 318. Um homem de 36 anos queixa-se de dor torácica há
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder 2 horas, de forte intensidade, com início abrupto e irra-
diação para o dorso, e sofre ainda de baixa acuidade vi-
2006 - FMUSP - RIBEIRÃO PRETO sual secundária à subluxação do cristalino. Ao exame fí-
316. Um homem de 52 anos, tabagista e hipertenso, com sico, peso = 78kg, estatura = 1,98m, PA = 180x100mmHg
queixa de dor torácica em opressão há 30 minutos após no Membro Superior Esquerdo (MSE) e 150x90mmHg no
exercício físico intenso, associada a sudorese e palpita- Membro Superior Direito (MSD}, FC = 102bpm, ansioso,
ções, procura por um pronto-socorro de hospital secun- eupneico, pulsos presentes e pouco diminuídos no MSD,

263
OUESTÚES

e auscultas pulmonar e cardíaca normais. A principal hi- b) infarto anterior, grupo 11


pótese diagnóstica e a conduta a ser tomada são, respec- c) infarto inferior, grupo 11
tivamente: d) infarto inferior, grupo IV
a) angina instável; cineangiocoronariografia e) para o diagnóstico de infarto, é necessária a dosagem da
b) dissecção da aorta; ecocardiograma transtorácico e con- troponina
trole pressórico com nifedipino de ação rápida D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'vi----/v--
c) dissecção da aorta; controle pressórico com betablo- D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
queador e nitroprussiato de sódio
d) infarto do miocárdio da parede anterior; cineangiocoro- 2006 - HSPE -SP
nariografia
321. Após ter recebido vasodilatadores coronários, o pa-
e) infarto do miocárdio da parede inferior; trombólise com
ciente apresentou confusão mental, piora dos níveis pres-
estreptoquinase
sóricos e o traçado do monitor cardíaco. A conduta mais
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'vi----/v-- adequada será:
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

2006 - UNICAMP
a) levá-lo para a sala de hemodinâmica para cateterismo
319. Um homem de 45 anos, com forte dor precordial em
de emergência
aperto acompanhada de sudorese fria e ansiedade, há 6 ho-
b) atropina intravenosa como recurso inicial para aumen-
ras, tem, como antecedentes, tabagismo (20 cigarros/d) há
tar a FC
23 anos e hipertensão arterial há 5 anos. Os exames mos-
c) drogas vasoativas, como dobutamina e dopam i na
tram PA = 160x100mmHg, FC = 100bpm, ansiedade e hiper-
d) nitratos intravenosos
fonese de 2ª bulha no foco aórtico e extrassístoles. O ele-
e) marca-passo externo transcutâneo
trocardiograma revela supradesnivelamento do segmento
ST em V1 a V4, troponina = 2,2ng/ml (VR <0,4), colesterol D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'vi----/v--
total= 220mg/dl (VR :S200), colesterol LDL = 125mg/dl (VR D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder
:S100), HDL = 40mg/dl (VR ~40) e triglicérides = 215mg/dl
(VR :S200). Com relação ao uso de medicamentos hipolipe- 2006- UERJ
miantes nesse caso, assinale a alternativa correta: 322. Um atleta de 34 anos apresentou, em sua última
a) a dislipidemia deve ser controlada com dieta competição, dor precordial opressiva de forte intensidade,
b) devem-se iniciar fibratos, imediatamente palpitações e lipotimia. Não há história familiar de doen-
c) iniciar tratamento hipolipemiante após a resolução do ças ou uso de drogas ilícitas. Ao exame fisico, apresenta-
infarto -se normotenso, com FC = 50bpm, ictus propulsivo com
d) não há indicação de hipolipemiantes duplo impulso, 84 e sopro sistólico em foco aórtico, que
e) deve-se iniciar estatina, imediatamente se acentua com a manobra de Valsalva. O ecocardiograma
D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'vi----/v-- mostrou fração de ejeção de 70%, hipertrofia de septo in-
D Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder terventricular e disfunção diastólica ventricular. Diante do
seu diagnóstico principal, a droga que deve ser evitada é:
2006- HSPE-SP a) verapamil
b) amiodarona
Enunciado para as próximas 2 questões:
c) disopiramida
Um paciente de 68 anos, hipertenso e diabético, chega ao
d) mononitrato de isossorbida
pronto-socorro com 3 horas de dor precordial de pequena
intensidade, sem irradiação, acompanhada de sudorese. D Tenho domínio do assunto D Refazer essa questão ----'vl----/v--
O eletrocardiograma apresentava 3mm de supradesnive- 0 Reler o comentário D Encontrei dificuldade para responder

lamento do segmento ST em 02, 03 e aVF. Ao exame, o


indivíduo estava em bom estado geral, com discreta pa-
lidez cutânea, PA = 88x52mmHg e FC = 64bpm. Auscultas Outros temas
cardíaca e pulmonar sem alterações. O paciente também
nega cirurgias ou traumas recentes, mas teve infarto há
cerca de 4 meses, quando recebeu estreptoquinase. 2012- FMJ
323. Em uma unidade coronariana, há 3 pacientes com di-
2006- HSPE-SP ferentes doenças cardíacas: um homem de 52 anos com im-
320. Qual é o diagnóstico e o grupo correto pela classifica- portante miocardiopatia dilatada, uma mulher de 48 anos
ção de Killip? com flutter atrial e um homem de 30 anos com endocardite
a) infarto anterior, grupo I bacteriana na valva mitral. O que eles têm em comum?

264
CARDIOLOGIA

a) diminuição da complacência ventricular


b) diminuição da contratilidade cardíaca
c) estenose de valva mitral
d) risco de tromboembolismo sistêmico
e) risco de insuficiência renal
~ O Tenho domínio do assunto O Refa1er es.sa questlo ~
,T I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2012 - HPM-MG
324. O sopro cardíaco inocente é um achado frequente ao
exame físico de crianças, sobretudo em idade escolar. É
característica desse sopro:
a) ser acompanhado de frêmito
b) apresentar a 2ª bulha com desdobramento fixo
c) apresentar irradiação bem nítida e fixa
d) ser mais facilmente audível nos estados circulatórios hi-
percinéticos
O Tenho domínio do assunto O Refazer essa questão ------ly.t-----
O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

2010- UFSC
325. Analise as afirmativas a seguir e assinale (V) para Ver-
dadeiro e (F) para Falso:
( ) Os sopros inocentes geralmente são rudes, com irra-
diação para a região axilar, e não se modificam com mano-
bras como mudanças de posição do paciente.
( ) O sopro de Still tem, como características, ser musical,
vibratório, de intensidade não maior que (3+/6+), e ser o so-
pro inocente mais comum na faixa etária pediátrica, quando
o paciente é examinado apenas em decúbito dorsal.
( ) O sopro venoso é um sopro sistodiastólico, que desapa-
rece com a compressão da veia jugular.
( ) A 83, para ser considerada fisiológica, deve apresentar
variabilidade durante a ausculta, desaparecendo em alguns
momentos, o que se evidencia ainda mais se o paciente é
colocado sentado ou em posição supina; além disso, a FC
deve estar nos limites normais para a faixa etária.
( ) O desdobramento fixo da 82 na área pulmonar (P2) se
caracteriza por não haver interferência do ciclo respirató-
rio no desdobramento, como ocorre no desdobramento
fisiológico, e deve ser considerado sempre patológico, ne-
cessitando de investigação complementar.
( ) As impulsões do ventrículo direito, quando presentes,
caracterizam-se pelo aumento do ictus cordis, bem como
pelo seu rebaixamento e deslocamento para a linha axilar
anterior.
Assinale a sequência correta:
a) V, V, V, V, V, F
b) V, V, F, V, V, V
c) F, V, V, V, V, F
d) F, V, F, V, V, F
e) F, F, F, V, V, F
~ O Tenho dom ínio do assunto O Refazer essa questão ----'>.1-tv--
,T
I O Reler o comentário O Encontrei dificuldade para responder

265
S•sc
il
"!!"
CARDIOLOGIA

Anatomia e fisiologia cardíaca básica do diabetes. A prescrição de ácido acetilsalicílico é questio-


nável, na ausência de aterosclerose manifesta.
Questão 1. A valva de Eustáquio é uma pequena válvula Gabarito= B
"em crescente", que encerra parcialmente o orifício da veia
cava inferior do átrio direito. Questão 6. O paciente tem a PA controlada com o uso de
medicamentos e CT <200mg/dl. O que lhe falta é a adesão
Gabarito= A
a mudanças no estilo de vida, como perda de peso, ativida-
de física e abandono do cigarro. Dentre estes, o que mais
Questão 2. Analisando as alternativas:
contribui para a redução do risco cardiovascular é o último.
a) Incorreta. O quadro é mais sugestivo de infecção pulmo-
Gabarito= B
nar e não de congestão.
b) Incorreta. O fundo de olho é importante, principalmente
Questão 7. As estatinas são fármacos seguros e eficazes
aos pacientes com hipertensão arterial.
do tratamento das dislipidemias, porém efeitos colaterais
c) Incorreta. Pulso paradoxal é aquele em que há queda
podem surgir. São mais frequentes entre mulheres, idosos,
>lOmmHg na pressão sistólica à inspiração profunda e não
pacientes com menor superfície corpórea, com disfunção
é possível sua avaliação apenas pela inspeção. hepática ou renal prévias, em períodos perioperatórios, no
d) Correta . Pacientes com dilatação ventricular podem hipotireoidismo, em indivíduos com doenças sistêmicas e
apresentar ictus desviado para a esquerda e palpável com naqueles que ingerem álcool em maiores quantidades. Al-
as polpas digitais, e pacientes com hipertrofia têm estado terações do hábito intestinal são descritas. Porém, o efeito
hiperdinâmico e podem apresentar pulsação evidente na colateral mais grave é a miopatia, que pode progredir para
região do ictus. rabdomiólise, que, por sua vez, pode levar a insuficiência
e) Incorreta. Os sons direitos são exacerbados pela inspira- renal e morte. O aumento da creatinofosfoquinase é o me-
ção, e os esquerdos, pela expiração. lhor indicador, mas não é inequívoco. Uma elevação tolerá-
Gabarito= D vel é aquela de até 5 vezes o limite superior do normal em
2 dosagens. De 5 a 10% dos pacientes que tomam estatinas
Questão 3. Bl se relaciona ao fechamento das válvulas referem mialgia sem que haja aumento da creatinofosfo-
atrioventriculares mitral e tricúspide, e B2 se relaciona ao quinase. Quanto à hepatotoxicidade, as dosagens de ala-
fechamento da valva aórtica e da valva pulmonar, sendo seu nina aminotransferase e de aspartato aminotransaminase
desdobramento, durante a inspiração, considerado fisioló- podem ser consideradas até 3 vezes o limite superior do
gico. normal, sendo que insuficiência hepática é extremamente
rara. O aumento da glicemia é descrito, mas o pequeno au-
Gabarito= A
mento da incidência não supera os efeitos protetores. De-
ve-se ter cuidado com a associação de estatinas e fibratos,
especialmente genfibrozila, pelo aumento da incidência de
Dislipidemia e fatores de risco para miopatia, não sendo essa associação recomendada.
doença cardiovascular Gabarito= D

Questão 4. Dentre as opções, o fator de risco de maior peso Questão 8. O probucol é um agente hipolipemiante e antio-
na estimativa de probabilidade de doença aterosclerótica xidante que tem mostrado efeitos benéficos na cardiotoxici-
é o diabetes mellitus, cuja presença é considerada equiva- dade induzida pela adriamicina, sem interferência no efeito
lente à de doença aterosclerótica, dada a elevada probabili- antitumor. O fenofibrato é um fibrato, que age estimulando
dade de presença de evolução para doença aterosclerótica os receptores nucleares alfa-PPAR, aumentando a depura-
manifesta entre os portadores. ção de lipoproteínas ricas em triglicérides, favorecendo o
Gabarito= A transporte reverso do colesterol, diminuindo o VLDL e au-
mentando o HDL; está indicado no tratamento da hipertri-
Questão S. A paciente está com os níveis glicêmicos e sua gliceridemia endógena . A niacina, ou ácido nicotínico, au-
hemoglobina glicada ainda não plenamente compensados. menta o HDL e diminui o LDL e os triglicérides; sua ação se
Espera-se que, após a compensação do diabetes, os níveis dá pela aumento da degradação intracelular hepática das
de triglicérides devam ficar mais próximos da meta, sem a lipoproteínas VLDL e LDL, além de ser antioxidante e anti-
necessidade da introdução de fibratos. Por outro lado, a -inflamatório. A colestiramina é uma resina de troca com
prescrição de estatinas nesse caso deverá trazer benefício ligação nos ácidos biliares, sintetizados no fígado a partir
para a paciente porque, tratando-se de uma diabética, o co- do colesterol; o fígado, depletado de bile, sintetiza mais a
lesterol não HDL, que no momento está em 210mg/dl, de- partir de estoques de colesterol. Isso leva a aumento com-
verá estar abaixo de 100mg/dl. Para atingir essa meta, há pensatório da atividade dos receptores hepáticos de LDL,
necessidade de introdução de estatinas, já que a redução diminuindo seus níveis circulatórios.
do colesterol LDL seria mais modesta com a compensação Gabarito= D

269
COMENTÁRIOS

Questão 9. Os inibidores da enzima conversora da angio- pendente da lipidemia e da glicemia.


tensina, as estatinas e o ácido acetilsalicílico em diabéticos d) Incorreta. Paciente do sexo feminino também deve ter
estão comprovadamente relacionados a redução de risco o risco estratificado pelo escore de Framingham, em que o
de eventos cardiovasculares. O mesmo não acontece com tabagismo é apenas um item, e não o fator determinante
as sulfonilureias, como a glibenclamida. Já a metformina de alto risco.
demonstrou resultados positivos nessa redução. Gabarito= A
Gabarito= B
Questão 13. Analisando as alternativas:
Questão 10. Em pacientes de alto risco de eventos car- a), b) e d) Incorretas. A hipercolesterolemia familiar é uma
diovasculares, a meta de níveis de colesterol seria inferior doença genética autossômica dominante causada pela de-
a 100mg/dl, sendo as mudanças de estilo de vida asso- ficiência ou má função do receptor do LDL, e são descritas
ciadas ao uso de estatina a melhor conduta. Apenas dieta mais de 600 mutações envolvidas nos mecanismos de sín-
não seria suficiente para diminuir mais de 70mg/dl. Esse tese e expressão desses receptores.
fato pode ser ilustrado pelo seguinte exemplo: a cada 10kg c) Correta. Na ausência de tratamento adequado, a doença
de peso diminuídos, há diminuição de apenas 8mg/dl de coronariana vai se estabelecer em homens antes dos 50 e
LDL. O fibrato tem efeito nos triglicérides apenas. A ezeti- em mulheres antes dos 60 anos.
miba é um inibidor da absorção do colesterol pelas células e) Incorreta. A forma homozigótica é rara e está associada
intestinais, inibindo a ação da proteína transportadora do a acometimento cardiovascular já na 1ª infância e na ado-
colesterol; quando utilizado isoladamente, diminui cerca lescência. A resistência a insulina e síndrome metabólica é
de 20% o LDL, portanto também não seria suficiente. A te- causa frequente de dislipidemia, porém não tem relação
rapêutica de reposição hormonal deve ser utilizada como com a hipercolesterolemia familiar.
prevenção ou terapêutica nas doenças cardiovasculares. Gabarito= C
Gabarito= E
Questão 14. Analisando as alternativas:
Questão 11. No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica a) São todos fatores não tratáveis, ou seja, não é possível
existe acima de 30% da população, sendo mais frequente interferir nessas variáveis.
nos homens (70%) que nas mulheres (30%). A obesidade b) A idade é um fator não tratável.
encaixa-se na descrição do enunciado, por ter relação com c) A tendência familiar é um fator não tratável.
aspectos sociais importantes, sendo mais comum em mu- d) O sexo feminino é uma variável não tratável.
lheres. Quanto ao diabetes, de 1985 a 2002, de 30 milhões e) Todas as variáveis citadas são passíveis de tratamento
de pessoas acometidas no mundo, os números chegaram medicamentoso e não medicamentoso.
a 173 milhões. Também é considerada uma epidemia, que Gabarito= E
tem relação com a obesidade, mas não tem exatamente as
características populacionais descritas. O colesterol sérico Questão 15. O cálculo do valor total de triglicérides pode
elevado, apesar de ser um fator de risco importante para ser obtido pela seguinte equação: LDL = colesterol total -
aterosclerose, não chega a ter as características citadas. O HDL - triglicérides/5. Conforme os valores aplicados, temos
tabagismo é a principal causa evitável de morte, contribuin- que: 120 =220- 60- triglicérides/5. O resultado dessa equa-
do diretamente para pelo menos 20% dos óbitos. No Brasil, ção é 200mg/dl.
está relacionado a 200.000 mortes por ano. Na prevenção Gabarito= C
secundária, tem papel mais importante que as medidas far-
macológicas. Questão 16. Os fatores de risco descritos para doença arte-
Gabarito= B rial coronariana incluem hipertensão, diabetes, dislipidemia
(de forma grosseira: LDL >130mg/dl, colesterol total >200
Questão 12. Pela descrição, já existe o diagnóstico de insu- e HDL <40mg/dL), tabagismo, microalbuminúria, proteína
ficiência arterial periférica. C reativa elevada, hiper-homocisteinemia, hiperuricemia,
Analisando as alternativas: deficiência de estrogênio, doenças vasculares do colágeno
a) Correta. Todo paciente com doença aterosclerótica (artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico), e calci-
diagnosticada em qualquer leito vascular deve ser conside- ficação de coronárias e agentes infecciosos, com destaque
rado de alto risco cardiovascular, pois já apresenta a doença para Chlamydia pneumoniae, citomegalovírus e Helicobac-
manifestada. ter pylori.
b) Incorreta. Este paciente apresenta alto risco de apresen- Gabarito= A
tar eventos em 10 anos- >20%.
c) Incorreta. A 1ª etapa na determinação do risco cardiovas- Questão 17. A dislipidemia associada aos inibidores de pro-
cular é a pesquisa de doença aterosclerótica significativa, tease caracteriza-se por hipertrigliceridemia e queda do
fator isolado que já classifica o paciente em alto risco, inde- colesterol HDL. Em geral, os níveis de colesterol total estão

270
CARDIOLOGIA

normais. A droga mais associada a esses efeitos é o ritona- Hipertensão arterial sistêmica
vir, aos quais não se associa o atazanavir.
Gabarito= C Questão 20. Trata-se de um paciente idoso, com história
de descontrole recente da hipertensão arterial, associada a
Questão 18. São critérios diagnósticos da presença de sín- sopro em topografia da carótida direita e alteração na pro-
drome metabólica por diferentes sociedades os seguintes: pedêutica arterial no membro inferior esquerdo. Portanto,
pode tratar-se de uma arteriopatia aórtica (ateromatose
OMS -1998 NCEP/ATP lll- IDF- 2004 grave ou dissecção crônica que podem explicar todos es-
2001
ses achados). O exame mais apropriado para explorar as
- Diabetes; artérias carótidas, renais e ilíacas seria a angiotomografia
- Obesidade central:
- IOT;
- 3 ou mais dos · Homens >94cm; aórtica, respeitando-se, naturalmente, eventuais contrain-
- GJA ou resistência
seguintes: · Mulheres >80cm. dicações. Os demais exames, embora sejam de alguma uti-
insulínica (defini-
· Circunferência - Mais 2 dos seguin- lidade, não teriam tanto impacto em um diagnóstico mais
da por clamp);
abdominal; tes: completo da situação do paciente.
- Mais 2 dos se-
·Homens ·Colesterol HDL;
guintes: Gabarito= C
>102cm; · Homens <40mg/dl;
· IMC >30kg/m';
·Mulheres · Mulheres <SOmg/
· RCQ; Questão 21. A associação de BRA +I ECA está proscrita pelo
>88cm. dl ou tratamento
· Homens >0,9; risco de hipercalemia. O tratamento, em casos como esse,
específico prévio.
· Mulheres >0,85. repousa na indicação de IECA ou BRA para controle pressó-
PA >130x8SmmHg ou rico. Aqui já se está considerando o tratamento adequado,
I PA >140x90mmHg PA >130x80mmHg
tratamento prévio ou seja, uma dessas classes já está prescrita, mas o paciente
Triglicérides vem evoluindo com proteinúria persistente e função renal
Triglicérides Triglicérides >lSOmg/dL alterada. A utilização de ômega-3 de rotina ainda não está
>lSOmg/dL >lSOmg/dL ou tratamento espe- estabelecido. Estudo comparativo entre losartana e anlodi-
cífico prévio
pino mostrou que o uso de losartana, apesar de ter reduzi-
Colesterol HDL
I
Glicemia de jejum do igualmente as cifras pressóricas, reduziu a proteinúria e
Colesterol HDL >lOOmg/dL ou
Homens <35mg/dl Homens <40mg/dl d. , . , . d retardou o avanço da nefropatia. Existe associação entre a
' Mulheres <39mg/dl Mulheres <SOmg /dl I :::~nostlco prev1o e
~betes tipo 2 infecção pelo vírus B da hepatite e a incidência da nefropa-
tia por lgA. Assim, evitando novas infecções, pode-se evitar
Microalbuminúria a progressão da doença.
EUA >201-lg/ml ou Glicemia de jejum
Gabarito= C
Alb. Creat. = >llOmg/dL
30mg/g
Questão 22. Não é adequado estabelecer o diagnóstico de
NCEP/ATP 111: National Cholesterol Educatfon Program/Adult Tre-
hipertensão arterial sistêmica em uma única consulta médi-
atment Pane/li/; OMS: Organização Mundial da Saúde; IOF: ln-
ternatfonal Diabetes Foundatfon; IOT: intolerância oral a glicose; ca, na ausência de lesões de órgão-alvo. Além disso, o nível
GJA: Glicemia de Jejum Alterada; IMC: Índice de Massa Corpó- pressórico obtido pode dever-se ao emprego de manguito
rea; RCQ: Relação Cintura-Quadril; HDL: High-Density Lipopro- inadequado (paciente obesa), o que pode superestimar os
tein; EUA: Excreção Urinária de Albumina; Alb. Creat.: relação valores pressóricos. Assim, pode ser precipitado iniciar te-
a/bumina-creatfnina. rapia farmacológica anti-hipertensiva à paciente. De qual-
quer forma, a paciente necessita de modificações do estilo
Os níveis de hormônios tireoidianos, cortisol e cefaleia não de vida para o controle da obesidade, além de reavaliação
têm relação com a síndrome metabólica. das medidas pressóricas em consultas ulteriores.
Gabarito= D Gabarito= B

Questão 19. O paciente está com múltiplas comorbidades Questão 23. João é hipertenso e não está com níveis pres-
que representam risco para eventos cardiovasculares e têm, sóricos adequadamente controlados, mas está assintomáti-
como objetivos, controles metabólicos e pressóricos ótimos; co, sem evidências de lesão de órgão-alvo em progressão,
portanto, deve estar sempre dentro da faixa de normalidade característica principal de uma urgência ou emergência
para parâmetros como PA e níveis glicêmicos e de lipídios. hipertensivas. Já Carlos, além dos valores pressóricos ina-
As metas são PA <130x80mmHg e colesterol LDL <lOOmg/dL; dequados, tem sintomas e sinais compatíveis com acidente
alguns autores já apregoam <70mg/dl e glicemia de jejum vascular encefálico, ataque isquêmico transitório ou ence-
<140, idealmente <100mg/dl, com hemoglobina glicada ou falopatia hipertensiva, todos esses considerados lesões de
frutosamina em níveis persistentemente normais. Tais medi- órgão-alvo em progressão, o que caracteriza urgência ou
das visam reduzir a chance de eventos cardiovasculares. emergência hipertensiva. Pseudocrises hipertensivas como
Gabarito= A a de João são muito comuns e não devem ser confundidas

271
COMENTÁRIOS

com crises hipertensivas verdadeiras, que se caracterizam Questão 28. Analisando as alternativas:
pela presença de lesões de órgão-alvo. Nestas últimas, sim, a) Incorreta. A prevalência de HAS em pacientes com aci-
há de ser considerada a necessidade de tratamento imedia- dente vascular encefálico varia de 30 a 40%.
to da pressão. b) Correta. A prevalência de HAS na população adulta do
Gabarito= C Brasil é cerca de 20%.
c) Incorreta. A prevalência de HAS em pacientes que tive-
Questão 24. Dentre as opções, os diuréticos tiazídicos são ram infarto agudo do miocárdio é de cerca de 37%.
d) Incorreta. A HAS é sensível ao tratamento. Em raros casos
mais comumente associados à hiponatremia. A hidroclo-
de HAS secundária, pode haver maior dificuldade no con-
rotiazida é um diurético inibidor do transportador Na-CI
trole dos níveis pressóricos.
no túbulo distai, inibindo a reabsorção de Na e Cl nesse
e) Incorreta. O principal impacto coletivo causado pela HAS
segmento e produzindo aumento do volume urinário. Além
deve-se à ocorrência de miocardiopatias; doença renal e
disso, a hidroclorotiazida aumenta a reabsorção de água no
acidente vascular encefálico.
dueto coletor medular interno por aumentar a permeabi-
Gabarito= B
lidade da água nesse segmento. Além da hiponatremia, a
hiperuricemia é um efeito indesejável frequente. A hipona-
Questão 29. A VI Diretriz de Hipertensão traz a classificação
tremia também pode ser induzida pela furosemida no mé-
da pressão arterial de acordo com a medida casual no con-
dio prazo, mas não é o distúrbio eletrolítico mais frequente- sultório. Nessa diretriz, a pressão arterial classificada como
mente associado a esse medicamento. normal é PAS <130 e PAD <85mmHg.
Gabarito= D Gabarito= B

Questão 25. Trata-se de um paciente com insuficiência car- Questão 30. A VI Diretriz de Hipertensão descreve quais
díaca sistólica estadia C, classe funcional 11 da NYHA (New exames podem ser solicitados na avaliação inicial de rotina
York Heart Association) de etiologia isquêmica. Nesse caso, em um paciente com HAS essencial não complicada. Esses
o uso de betabloqueadores (metoprolol, carvedilol ou biso- exames são: análise de urina, potássio, creatinina, glicemia
prolol) + IECA (enalapril, captopril ou outro) está indicado. de jejum, colesterol total, HDL, TG, ácido úrico e eletrocar-
Como há indícios de congestão, deve-se acrescentar, ao me- diograma.
nos temporariamente, 1 diurético de alça como a furosemi- Gabarito= E
da. A digoxina pode ser empregada caso persista com sinto-
mas a despeito do tratamento inicial com essas drogas, em- Questão 31. A microdeposição de amiodarona na córnea
bora seu uso entre portadores de cardiomiopatia isquêmica é praticamente universal, mas só causa sintomas de barra-
seja controverso. A hidralazina associada a nitrato pode ser mento do halo em 10% dos pacientes.
utilizada caso o paciente já esteja bem medicado {I ECA, diu- Gabarito= E
rético e betabloqueador) e ainda esteja sintomático.
Gabarito= A Questão 32. Analisando as alternativas:
a) Incorreta. O enunciado diz que o paciente teve efeito co-
lateral grave com lisinopril.
Questão 26. A paciente apresenta um provável quadro de
b) Incorreta. Os bloqueadores dos receptores da angioten-
tamponamento cardíaco. No texto da questão, pode ser
sina 11 também devem ser evitados em pacientes que tive-
identificada a tríade de Beck (hipofonese das bulhas; estase
ram angioedema como efeito colateral com inibidor da en-
jugular e hipotensão arterial). Em seguida, o eletrocardio-
zima conversora de angiotensina.
grama mostra complexos de baixa amplitude difusamente,
c) Correta. Por ser uma droga eficaz e segura em pacientes
e a imagem do ecocardiograma possibilita a visualização de
com antecedentes de gota e broncoespasmo.
líquido no espaço pericárdico. d) Incorreta. Os betabloqueadores estão contraindicados a
Gabarito= B pacientes com antecedentes de broncoespasmo.
e) Incorreta Os diuréticos, especialmente os tiazídicos, po-
Questão 27. A associação de anti-hipertensivos deve seguir dem precipitar crises de gota por elevarem o ácido úrico
a lógica de não combinar medicamentos com mecanismos sé rico.
de ação similares, exceto a associação de diuréticos tiazídi- Gabarito= C
cos ou de alça a diuréticos poupadores de potássio. Indiví-
duos aderentes ao tratamento com esquema de 3 drogas Questão 33. Modificações de estilo de vida podem se refle-
otimizadas sem controle constituem pacientes com hiper- tir no retardo do desenvolvimento da hipertensão arterial
tensão resistente. A 4ª droga acrescentada para esses casos sistêmica em indivíduos com pressão limítrofe. Têm tam-
deve ser espironolactona seguida de simpaticolíticos cen- bém impacto favorável nos fatores de risco envolvidos no
trais e betabloqueadores. desenvolvimento ou no agravo da hipertensão e devem ser
Gabarito= B sempre indicadas.

272
CARDIOLOGIA

Segundo a IV Diretriz Brasileira de Hipertensão (2010), o ser titulado até a dose ideal. A redução da pressão arterial
período de tempo recomendado para as medidas de mo- deve ser de no máximo 25% dos níveis iniciais, e não deve
dificação de estilo de vida isoladamente em hipertensos e ser abrupta nem excessiva, pois pode trazer complicações,
naqueles com comportamento limítrofe da pressão arterial, como nos casos de acidente vascular cerebral, em que o au-
com baixo risco cardiovascular, é de, no máximo, 6 meses. mento da pressão arterial é importante na manutenção do
Em pacientes com riscos médio, alto ou muito alto, inde- fluxo sanguíneo no território afetado.
pendentemente da pressão arterial, a abordagem deve ser Gabarito= B
combinada (não medicamentosa e medicamentosa) para
atingir a meta preconizada mais precocemente. Questão 38. Urgência hipertensiva é definida quando a PAD
Gabarito= E é igual ou superior a 120mmHg, com estabilidade clínica e
sem comprometimento de órgãos-alvo. É uma situação que
Questão 34. O enunciado descreve um quadro de fibrilação configura maior risco futuro de eventos cardiovasculares,
atrial aguda, com provável início há 3 dias, ou seja, duração com indicação de tratamento com medicação oral e dimi-
maior que 48 horas e risco de trombo intracavitário. Apesar nuição dos níveis pressóricos em até 24 horas. Trata-se da
da frequência cardíaca elevada, o enunciado não descreve conduta mais adequada no caso. Nem o quadro clínico nem
sinais ou sintomas de instabilidade hemodinâmica, como o traçado eletrocardiográfico sugerem insuficiência corona-
alteração do nível de consciência, insuficiência respiratória, riana, portanto nitroglicerina e atenolol não se justificariam.
dor precordial ou hipotensão. Portanto, não está indicada a Também não há sinais de necessidade de diminuição rápida
reversão imediata da arritmia. dos níveis de PA. Mesmo se fosse o caso, a diminuição não
Analisando as alternativas: deve ultrapassar 25% dos níveis iniciais, pelo risco de piora
a) Incorreta: não está indicada a cardioversão pelo risco de do quadro clínico e, principalmente, de isquemia cerebral.
fenômenos tromboembólicos (fibrilação atrial presente há Diurético intravenoso deve ser usado com cuidado porque
mais de 48 horas). pacientes hipertensos geralmente são depletados de volu-
b) Correta: o controle da frequência cardíaca deve ser ini- me pelo uso de diuréticos cronicamente, podendo haver
ciado para mantê-la próxima a 80bpm, e a anticoagulação piora da função renal. Nifedipino sublingual não é seguro e,
está indicada tanto na programação de reversão futura da pelos diversos casos de complicações graves relacionadas a
fibrilação como na decisão de manter o paciente em fibrila- hipotensão, como acidente vascular cerebral, insuficiência
ção permanente. coronariana e insuficiência renal aguda, foi abolida do ar-
c) e d) Incorretas: não está indicada a reversão da arritmia. senal terapêutico.
e) Incorreta: além do controle da frequência cardíaca, está
Gabarito= A
indicada a anticoagulação.
Gabarito= B Questão 39. Os níveis definidos são:

Questão 35. Casos de hipertensão estágio 3 e de difícil con- Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
trole merecem investigação de etiologias secundárias. A Normal <120 <80
presença de alteração laboratorial espontânea (hipopotas- Pré-H AS 120 a 139 80 a 89
semia) e de massa no exame físico leva à hipótese diagnós- HAS estágio 1 140 a 159 90 a 99
tica de hiperaldosteronismo primário. A investigação inicial
dessa afecção deve ser realizada com aldosterona plasmáti-
HAS estágio 2 H60 I 2:100

ca e atividade plasmática da renina. Gabarito= D


Gabarito= D
Questão 40. Estudos demonstraram que valores de pres-
Questão 36. Pelos níveis de pressão arterial, o paciente está são arterial diastólica <70mmHg foram deletérios, especial-
no estágio 3. Mesmo sem outras informações, como fatores mente considerando pacientes com Hipertensão Arterial
de risco associados, já está caracterizado o alto risco. Dessa Sistêmica (HAS) sistólica isolada, idade acima de 80 anos
forma, além das medidas não medicamentosas, fármacos e portadores de doença arterial coronariana. As evidên-
devem ser prescritos, de preferência em associação, que se cias dos benefícios do tratamento da hipertensão nas po-
mostra mais eficaz que monoterapia. pulações octogenárias e nonagenárias são contundentes.
Gabarito= B De maneira geral, entre pacientes acima de 80 anos com
pressão arterial sistólica acima de 160mmHg tratados com
Questão 37. A diminuição da pressão arterial nas emer- meta de pressão arterial sistólica de 150mmHg, observa-
gências hipertensivas deve ser gradativa e com cuidado, -se redução de até 30% em acidentes vasculares cerebrais
evitando redução brusca e excessiva, não existindo consen- e de até 23% de mortes cardiovasculares após a redução
so para definição da pressão arterial ideal a ser atingida. O de 12 a 15mmHg na pressão sistólica. A maioria dos idosos
nitroprussiato de sódio tem início de ação rápido e pode hipertensos não alcança suas metas pressóricas com mo-

273
/'JlJ"'~ COMENTAAIOS

noterapia e comumente requer 2 ou mais drogas de classes farmacológica, pois seus efeitos na redução da pressão me-
diferentes. Por isso, a recomendação atual é iniciar mono- dida no membro é diferente daquela na raiz da aorta, sen-
terapia apenas àqueles com HAS estágio 1 e risco cardio- do pouco efetivo na redução de eventos cardiovasculares
vascular médio, além de preferir terapia combinada como quando considerada apenas a redução pressórica produzida
tratamento inicial dos pacientes com HAS em estágio 2 ou por essas drogas. No entanto, são opções úteis entre indiví-
3 e naqueles com risco cardiovascular alto ou muito alto. duos coronarianos ou aqueles que necessitam de redução
Estudos empregando diuréticos tiazídicos evidenciaram re- do tônus adrenérgico e de controle da f requência cardíaca.
duções significativas na incidência de acidente vascular ce- As associações de anti-h ipertensivos devem considerar dro-
rebral, eventos coronarianos e cardiovasculares em idosos gas com efeitos sinérgicos e não combina r medicamentos
hipertensos. Diuréticos constituem opção de escolha inicial com mecanismos de ação similares, exceto a combinação
no tratamento da HAS em idosos, desde que não haja con- de diuréticos tiazídicos e de alça com poupadores de potás-
tra indicação a eles ou situação especial que exija prescrição sio. O emprego da combinação de betabloqueadores e diu-
de outra droga. O tratamento anti-hipertensivo nesta faixa réticos deve ser cauteloso em pacientes com, ou altamente
etária é mais efetivo que nos mais jovens, e o benefício é predispostos a, distúrbios metabólicos, especialmente gli-
maior quanto maior o risco cardiovascular. Controle ade- cídicos.
quado da pressão arterial em hipertensos idosos de risco Gabarito= C
cardiovascular muito alto é até 4 vezes mais efetivo em pre-
venir eventos do que em idosos de baixo risco. Portanto, a Questão 43. A definição de valores normais para a pressão
assertiva incorreta é a "a". arterial em crianças leva em conta idade, sexo e percentil
Gabarito= A de estatura. Quanto menor a criança e ma is elevado o va-
lor de medida da PA, maior a chance de HAS secundária. A
Questão 41. O verapamil geralmente é bem tolerado, relação entre obesidade e pressão arterial existe em crian-
porém alguns podem apresentar constipação intestinal, ças maiores, da mesma forma que em adultos. A atividade
bradicardia, depressão miocárdica, distúrbios gástricos, adrenérgica, o estresse e a hiper-reatividade cardiovascular
vertigem, fraqueza, nervosismo, hipotensão ortostática e estão relacionados.
cefaleia. Raramente têm ocorrido hipotensão grave e bradi- Gabarito= B
cardia, geralmente relacionadas com a apresentação intra-
venosa. É contraindicado a pacientes em choque cardiogê- Questão 44. As medidas não medicamentosas são sempre
nico, insuficiência ventricular esquerda, hipotensão arterial importantes, independentes da necessidade de fármacos
grave, insuficiência cardíaca congestiva, síndrome do nódu- para o tratamento, que não são a base do controle dos ní-
lo sinusal, bloqueio atrioventricular de 2º e 3º graus, f/utter veis pressóricos. Há relação entre o consumo de álcool e
ou fibrilação atrial, uso restrito na síndrome de Wolff- aumento da pressão arterial, sendo que os homens não de-
-Parkinson-White e hipersensibilidade à droga. Taquicardia vem ultrapassar 30g de etano! por dia e as mulheres lSg, de
é o efeito mais esperado para o uso do nifedipino, embora preferência não habitualmente. O tabagismo deve ser sem-
suas apresentações Retard e Oras praticamente não apre- pre abandonado. O efeito do diurético acontece na morbi-
sentem tal manifestação. dade e na mortalidade de forma semelhante a outros anti-
Gabarito= E ·hipertensivos, sendo o efeito atribuído à redução da pres-
são em si e não à classe de medicamento. Hipertensos em
Questão 42. Trata-se de uma questão muito boa, que re- estágio 2 devem ser tratados com associação de fármacos
flete situação corriqueira no dia a dia de quem trabalha em de classes diferentes em baixas doses. A redução de peso é
atenção primária. Qualquer medicamento anti-hipertensivo, importante quanto à gordura central.
observadas as indicações e as contraindicações específicas, Gabarito= B
pode ser utilizado para o tratamento da hipertensão arterial.
O tratamento deve ser individualizado, e a escolha inicial do Questão 45. As medidas feitas com o intervalo de tempo
medicamento como monoterapia, basear-se na capacidade citado não são adequadas. Como o paciente foi avaliado
do agente escolhido de reduzir morbidade e mortalidade em pronto-socorro, dificilmente os cuidados com o repou-
cardiovasculares, no perfil de segurança do medicamento, no so, por exemplo, antes da medida, foram tomados. Os va-
mecanismo fisiopatogênico predominante no paciente a ser lores não podem ser caracterizados como crise hiperten-
tratado, em características individuais, nas doenças associa- siva . Nada é dito sobre fatores de risco cardiovasculares
das e, não menos importante, nas condições socioeconômi- que o paciente poderia ter e que configuraria uma situ-
cas do doente. Dessa forma, o enalapril é uma das melhores ação de maior valorização das medidas citadas. Medidas
drogas para iniciar o tratamento em monoterapia e é mais domiciliares seriam interessantes. Hipertensão arterial
efetivo entre caucasianos do que negros. sistêmica estágio 2 envolveria níveis confirmados entre
O uso de betabloqueadores como anti-hipertensivos em 160 e 179mmHg para a pressão art erial sistólica e 100 e
monoterapia atualmente é aplicado como s~ ou 6~ opção 109mmHg para a d iastólica. Qualquer fármaco anti-h iper-

274
CARDIOLOGIA

tensivo pode ser usado na fase inicial, observadas as indi- c) A paciente não apresenta contra indicação para IECA, por-
cações e contraindicações específicas. O tratamento não tanto não há necessidade de substituir por hidralazina + ni-
medicamentoso sempre está indicado, independente do trato ou losartana.
risco cardiovascular, desde que se configure hipertensão. d) O diurético indicado é o de alça. O digital não provou ser
O risco de evento cardiovascular deve ser avaliado. Se não capaz de reduzir mortalidade na ICC.
for configurado risco adicional, o tratamento medicamen- e) O diurético indicado é o de alça. O digital não provou ser
toso isolado deve ser indicado. Se há risco adicional baixo, capaz de reduzir mortalidade na ICC. Verapamil é contrain-
por 6 meses deve ser feito tratamento não medicamento- dicado na falência miocárdica.
so isolado e, se após esse prazo a meta não é alcançada, Gabarito= B
deve ser associado tratamento medicamentoso. Se o risco
adicional é médio, alto ou muito alto, o tratamento me- Questão 48. Analisando as alternativas:
dicamentoso deve ser somado ao não medicamentoso já a) Sim, e, pelo quadro de insuficiência renal, tem indicação
desde o início do seguimento. O consumo de álcool nunca de inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona
deve ser incentivado, apenas tolerado em quantidades es- com o objetivo de postergar a necessidade de diálise.
pecíficas esporadicamente. b) e d) A HAS estágio 2 varia de 160 a 179, na sistólica, e na
diastólica, de 100 a 109.
Gabarito= O
c) É HAS estágio 1, entretanto apresenta lesão de órgão-
-alvo, com insuficiência renal, portanto o risco cardiovascu-
Questão 46. A partir de 1996, a pressão arterial da criança
lar é elevado.
e do adolescente não foi mais relacionada apenas à idade
e) A HAS estágio 3 encontra-se >180, a sistólica e a diastó-
e ao sexo, mas também à altura, utilizando-se os dados
lica, ~110.
antropométricos do estudo NHANES 111. O valor normal
Gabarito= A
de pressão arterial sistólica e diastólica é inferior ao valor
do percentil 90 para idade, sexo e percentil de estatura.
Questão 49. Todo paciente com hipertensão de difícil con-
Definiu-se pré-hipertensão como os valores superiores ao
trole e má resposta à terapia anti-hipertensiva deve ser
percentil 90 e inferiores ao percentil 95 para idade, sexo
investigado para hipertensão secundária, cuja causa mais
e percentil de estatura. Hipertensão arterial em Pediatria
comum é a hipertensão renovascular. Essa doença é suspei-
é definida a partir de valores de pressão arterial iguais ou
ta pela associação de hipertensão a controle inadequado,
superiores ao percentil 95 para idade, sexo e percentil de apesar do uso dos anti-hipertensivos e da ausculta abdomi-
estatura, confirmados em 3 ocasiões diferentes, pelo mé- nal com sopro devido à estenose da artéria renal.
todo auscultatório, considerando o 5º ruído de Korotkoff Analisando as alternativas:
(desaparecimento das bulhas) como determinante da a) Correta e b) Incorreta. Pode ser causada por aterosclero-
pressão arterial diastólica, no braço direito, com o este- se, mais comumente, com prevalência em torno de 90%, ou
toscópio sobre a artéria braquial, em posição proximal e displasia fibromuscular, esta mais frequentemente encon-
mediai à fossa cubital, com o manguito 2cm acima da pre- trada em mulheres jovens de cor branca.
ga cubital. O manguito deve ter largura próxima a 40% da c) Incorreta. Como a causa mais provável da hipertensão
circunferência do braço. A partir de 2004, foi definido que nessas pacientes é a ativação do sistema renina-angioten-
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) estágio I seria quan- sina, o tratamento de escolha é I ECA ou bloqueador do re-
do os valores estivessem entre o percentil 95 e 5mmHg ceptor de angiotensina 11. Como alternativa, pode-se usar o
acima do percentil 99, e a HAS estágio 11, quando os valo- bloqueador de canal de cálcio.
res estivessem acima do limite superior do estágio I. No d) Incorreta. A confirmação é feita em geral pelo exame ul-
caso, a menina de 5 anos tem valores entre os percentis 90 trassonográfico com Doppler, cintilografia com captopril ou
e 95, caracterizando pré-HAS, e medidas não farmacológi- angiotomografia.
cas (dieta e exercício físico) estão indicadas. Terapêutica Gabarito= A
medicamentosa deve ser iniciada apenas quando há sin-
tomas, nos casos de HAS secundária, lesão de órgãos-alvo, Questão 50. Analisando as afirmativas:
diabetes mellitus tipos 1 ou 2 e HAS persistente mesmo I- Correta. Muitos indivíduos não obesos apresentam difi-
após as medidas não farmacológicas. culdades respiratórias graves durante o sono, provocadas
Gabarito= C somente por condições anatômicas desfavoráveis à boa
ventilação.
Questão 47. Analisando as alternativas: 11- Incorreta. O hipotireoidismo também é causa de hiper-
a) O diurético indicado é o de alça. Verapamil é contraindi- tensão secundária, e cerca de 20% dos pacientes com essa
cado na falência miocárdica. condição apresentam hipertensão arterial.
b) A paciente apresenta ICC. São todas medicações classe 111- Correta. E a doença renal crônica é a principal causa de
I para ICC. Com exceção do diurético, todos esses medica- hipertensão secundária.
mentos demonstraram redução da mortalidade. Gabarito= O

275
~ COMENTÁRIOS
Questão 51. Analisando as alternativas: Questão 55. Analisando as alternativas:
a) e b) Os exames estão corretos, mas incompletos. a) Não, devem-se empregar os bloqueadores estudados nos
c) Todos os exames citados são sugeridos pela Organização grandes estudos clínicos.
Mundial da saúde, Joint National Committee e Diretriz Bra- b) Não, deve-se empregar a titulação em semanas em vez
sileira de Hipertensão. de dias.
d) Não há necessidade de proteinúria de 24 horas no início c) Alternativa correta. Devem-se controlar os edemas se-
do acompanhamento de pacientes em atendimento pri- cundários à congestão cardíaca com diuréticos.
mário. d) Não, o betabloqueador é uma medicação que faz parte
e) Não há necessidade de ultrassonografia de vias urinárias do tratamento de ICC, reduzindo mortalidade, morbidade e
na fase inicial de acompanhamento de hipertensos na rede internações por descompensação da ICC.
primária. e) Não, os efeitos benéficos sobre a mortalidade somente
Gabarito= C são observados em doses adequadas dos betabloqueadores.
Gabarito= C
Questão 52. Analisando as alternativas:
a) Já que está estabelecida a causa da arritmia (hipertireoi- Questão 56. Analisando as alternativas:
dismo), não há necessidade do tilt test. a) e b) Na hipertensão arterial idiopática, o sódio sérico
b) Não há necessidade, pois o diagnóstico de disfunção ven- encontra-se normal.
tricular já está feito e é uma causa relevante de síncopes. c) e e) Ocorre exatamente o contrário na hipertensão sal-
c) Sim, a condição é sugestiva de síncope vasovagal, a prin- -sensível. Após sobrecarga de sódio, devido à retenção des-
cipal indicação para o tilt test. te eletrólito, existe redução do sódio urinário.
d) Deve-se investigar causa da HAS, como hiperaldostero- d) Este é o mecanismo proposto, responsável pela hiper-
tensão sal-sensível. Ocorre retenção do sódio da dieta com
nismo primário, estenose de artérias renais, e deve-se pro-
redução da sua excreção urinária.
ceder aos testes de acordo com a suspeita diagnóstica.
e) Não, pois é sugestivo de síndrome do desfiladeiro torá- Gabarito= D
cico, ou se a compressão da artéria subclávia na saída do
tórax para o braço; não há indicação de tilt test. Questão 57. Analisando as alternativas:
a) Adequada, a pressão arterial deve ser medida em pelo
Gabarito= C
menos 2 ocasiões isoladas.
b) Adequada, a realização de creatinina e urina tipo I é im-
Questão 53. Analisando as afirmativas:
portante e recomendada pelas sociedades de Cardiologia
I- Sim, todos os IECAs são contraindicados na gravidez de-
nacional e internacional.
vido ao risco de toxicidade fetal.
c) Adequada, o eletrocardiograma, com o objetivo de ava-
li- Sim, a metildopa pode funcionar como hapteno e indu-
liar sobrecarga de câmaras esquerdas e sinais de isquemia,
zir à anemia hemolítica. é fundamental na investigação da hipertensão arterial.
111- Falso, a indapamida é um diurético que atua no túbulo d) Os consensos não incluem a realização de teste ergomé-
distai, inibindo a reabsorção de sódio. trico como exame inicial da investigação da hipertensão ar-
Gabarito= D terial.
Gabarito= D
Questão 54. Analisando as alternativas:
a) Sem dúvida, a redução do peso corpóreo terá um impac- Questão 58. O paciente apresenta níveis pressóricos nor-
to extremamente relevante no controle da pressão arterial mais às consultas, mas já exibe lesão de órgão-alvo (so-
de hipertensos com sobrepeso ou obesidade. brecarga ventricular), e a MAPA identifica níveis pressóri-
b) Não há evidência de dieta hiperproteica ser utilizada para cos que o classificam como hipertenso, o que caracteriza
o controle da pressão arterial. a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) mascarada. A HAS
c) A redução do sódio na dieta é importante, mas, neste do jaleco branco apresenta comportamento inverso, além
paciente, tabagista e com sobrepeso, a redução de peso e a de níveis pressóricos ambulatoriais normais e elevados nas
cessação do tabagismo são os fatores mais relevantes para consultas médicas.
o tratamento da sua hipertensão. Gabarito= C
d) Sem dúvida, a cessação do tabagismo é um fator muito
importante e deverá ser realizada, mas a redução de peso Questão 59. A lesão típica neurológica hemorrágica do pa-
corpóreo terá o impacto mais relevante no controle da pres- ciente hipertenso não controlado é a de hemorragia em
são arterial de hipertensos com sobrepeso ou obesidade. núcleos da base, geralmente por microaneurismas de Char-
e) Neste paciente, tabagista e com sobrepeso, a redução de cot-Bouchard. Também podem ocorrer a demência vascular
peso e a cessação do tabagismo são os fatores mais relevan- associada à degeneração da microcirculação cerebral e os
tes para o tratamento da sua hipertensão. fenômenos obstrutivos arteriais por trombose local.
Gabarito= A Gabarito= D

276
CARDIOLOGIA

Questão 60. As dietas ricas em sódio e as pobres em potás- Questão 63. Trata-se de HAS classe 11 associada à lesão
sio e magnésio estão associadas à elevação da PA, pois os de órgão-alvo. Nessa condição, não é possível aguardar a
últimos se associam à vasodilatação periférica. Doses mais adesão do paciente às mudanças de hábito de vida; inicia-
elevadas de hidroclorotiazida não têm efeito adicional de -se a terapia medicamentosa imediatamente. Os pacientes
benefício, proporcionando aumento dos efeitos colaterais. com PA limítrofe devem ser reavaliados periodicamente.
Mais importante do que a classe utilizada é a meta pressó- As modificações no estilo de vida são necessárias e devem
rica atingida, que determina redução da mortalidade, mes- ser estimuladas, mas são insuficientes de forma isolada em
mo quando utilizada em monoterapia; a definição de HAS controlar níveis pressóricos e lesões de órgão-alvo nessa
resistente engloba 3 ou mais agentes anti-hipertensivos, in- magnitude. A investigação de outras lesões de órgão-alvo é
cluindo diuréticos, com níveis pressóricos >140x90mmHg. necessária, mas não posterga o início da terapia farmacoló-
gica. E a MAPA auxilia o diagnóstico de hipertensão do jale-
Gabarito= B
co branco, mas a condição de HAS já está definida no caso.
Questão 61. A correta técnica de aferição da PA é essencial Gabarito= B
para o correto diagnóstico da hipertensão arterial, para a
qual é ideal o paciente estar sentado, ao menos durante Questão 64. A HAS de predomínio sistólico é característica de
5 minutos, em um ambiente calmo, e não ter fumado ou pacientes idosos e responde de forma mais adequada quan-
do se utilizam diuréticos tiazídicos. Quando não telados ou
tomado café, pelo menos 3 horas antes da consulta, além
contraindicados, o uso de bloqueadores de canais de cálcio
de não poder estar com a bexiga cheia. Na medida, a pal-
pode ser uma opção terapêutica. As demais drogas não tra-
pação do pulso radial é essencial, observando o valor do
zem benefício adicional ao tratamento desses indivíduos.
manômetro em que o pulso retorna durante a desinsufla-
ção do manguito. Achado esse valor, o manguito deve ser Gabarito= C
insuflado até 40mmHg acima do valor encontrado e então
Questão 65. A ingesta de açúcar e a dieta rica em cálcio,
desinsuflado. O hiato auscultatório é um intervalo no qual
isoladamente, não estão associadas à elevação dos níveis
os sons de Korotkoff não são audíveis mesmo sendo a pres-
pressóricos. A ingesta de açúcar pode determinar sobrepe-
são elevada no interior da bolsa inflável, entretanto inferior
so/obesidade e aumentar, por esse motivo, o risco de HAS.
à pressão sistólica. Esse intervalo geralmente ocorre no fi-
Os demais fatores também elevam essa chance.
nal da fase I ou li (podendo ter duração de até 40mmHg). A
principal causa associada ao aparecimento do hiato auscul- Gabarito= C
tatório é a redução do fluxo sanguíneo para a região distai
Questão 66. Os tiazídicos são drogas adequadas para o
à bolsa inflável, por aumento da pressão venosa ou outras
controle pressórico, principalmente em idosos com hiper-
causas, e é achado principalmente em idosos hipertensos
tensão sistólica, e, para exercerem a sua função diurética,
com arteriosclerose ou estenose aórtica severa. Além disso,
devem ser filtrados pelo glomérulo; em condições de baixo
pode ser responsável por medidas de pressão sistólica fal-
c/earance renal, essas drogas perdem efeito. A principal ca-
samente baixas ou pressão diastólica falsamente elevadas.
racterística dos diuréticos de alça é a perda hídrica, porém
O erro decorre da não auscultação dos sons de Korotkoff
apresentam pequena ação vasodilatadora e determinam
iniciais- para evitá-lo, é fundamental a medida da PA pela
hipocalemia com frequência.
técnica palpatória, assim, determinada a pressão sistólica
Gabarito= C
por esse método, realiza-se a técnica auscultatória, agora
insuflando a bolsa 40mmHg acima da pressão sistólica de-
Questão 67. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) maligna
terminada pelo método palpatório.
é definida pela presença de edema da papila, níveis pres-
Gabarito= A sóricos elevados e lesão de órgão-alvo de rápida evolução.
A HAS refratária caracteriza-se pela falha no controle dos
Questão 62. No tratamento da HAS, a idade do paciente níveis pressóricos com 3 classes de drogas, incluindo um
não determina os níveis pressóricos a serem atingidos. Nos diurético, como no caso. A urgência hipertensiva demons-
níveis pressóricos mais elevados (HAS classe li ou 111), a mo- tra a iminência da instalação de lesão de órgão-alvo, mas o
noterapia é ineficaz, devendo-se optar pela associação de controle pressórico pode ser obtido em horas por drogas de
classes farmacológicas. Os diuréticos podem ser utilizados uso oral. A emergência hipertensiva se caracteriza pela le-
em monoterapia, mas, dependendo de outras comorbida- são de órgão-alvo em curso, com risco de vida ao paciente,
des, como gota ou insuficiência cardíaca, pode-se optar por como a dissecção aórtica ou a angina instável; o controle
drogas mais adequadas. Não há superioridade na associa- pressórico deve ser atingido em até 1 hora, e utilizam-se
ção de IECA e diuréticos em relação às outras associações. drogas vasodilatadoras intravenosas como medidas tera-
Existe preferência (não obrigatoriedade) pelas associações pêuticas. Sendo assim, o paciente apresenta HAS refratária,
em baixa dose aos esquemas de monoterapia em altas do- expressa por PA >140x90mmHg, em uso de 3 ou mais clas-
ses, em que a chance de efeitos colaterais é maior. ses de agentes anti-hipertensivos.
Gabarito= C Gabarito= B

277
, COMENTÁRIOS

Questão 68. Analisando as alternativas: Questão 71. As drogas de 1ª linha para o tratamento da
a) Incorreta. Deve-se suspeitar da hipertensão do aven- hipertensão são os diuréticos tiazídicos, os JECAs e os blo-
tal branco em pacientes com hipertensão no consultório, queadores de canais de cálcio. Aqui, deve-se optar por um
porém sem lesões de órgão-alvo. Como a paciente já tem esquema inicial com ao menos 2 medicações, tendo em vis-
hipertrofia ventricular esquerda ao eletrocardiograma, o ta que o paciente apresenta níveis de PA elevados, acima de
diagnóstico de hipertensão do avental branco é improvável. 160x100mmHg. O fato de o paciente ser diabético sugere a
b) Incorreta. Pacientes com fatores de risco cardiovascular necessidade do JECA, que tem efeito nefroprotetor nesse
associados à hipertensão estágio 11 devem receber trata- caso, e não há contraindicação para ser usado aqui, já que
mento medicamentoso associado ao não medicamentoso, a função renal é boa e não há hipercalemia. A droga a ser
e pacientes com hipertensão estágios 11 e 111 comumente ne- associada é o bloqueador de canal de cálcio, tendo em vista
cessitam de tratamento com terapia combinada . que o paciente apresenta hiponatremia e que esta pode ser
c) Correta. A escolha para a paciente deve incluir JECA e diu- piorada pelo uso do tiazídico.
rético. Gabarito= A
d) Incorreta. O bloqueio duplo do sistema renina-angioten-
sina não é superior ao uso de JECA isolado, não sendo uma Questão 72. Os JECAs só devem ser substituídos pelos
abordagem inicial recomendada. Bloqueadores de Receptor de Angiotensina (BRAs) no tra-
tamento da hipertensão nas situações de tosse seca ou
Gabarito= C
reação alérgica (angioedema, rash etc.), nunca por hiper-
calemia, pois esse é um efeito colateral que também acon-
Questão 69. Analisando as alternativas:
tecerá com os BRAs.
a) Incorreta. A presença de hipertensão antes dos 30 anos
refratária ao tratamento com 3 anti-hipertensivos é um for- Gabarito= D
te indício de hipertensão secundária .
Questão 73. As afirmativas incorretas são a I e a IV. Sobre a
b) Incorreta. O feocromocitoma se associa a crises de hiper-
tensão e taquicardia, ausentes na paciente. 1: em longo prazo, os diuréticos diminuem a resistência vas-
cular periférica. Sobre a IV: em baixas doses, o maior pro-
c) Correta. A presença de hipocalemia sugere o diagnósti-
blema da hidroclorotiazida é a sua potência menor, levando
co de hiperaldosteronismo como o mais provável dentre as
em conta que a ação diurética se perderá com o tempo.
opções disponíveis.
d) Incorreta. Quando associada à doença renal, existe au- Gabarito= B
mento de creatinina, e o exame de urina geralmente apre-
senta proteinúria, também ausentes aqui.
Gabarito= C
Síncope
Questão 74. O desmaio apresentado é característico de
Questão 70. Analisando as alternativas: uma síndrome vasovagal ou síncope neurocardiogênica.
a) Segundo a Última Diretriz Brasileira de HAS, oSº som de Essa síndrome ocorre tipicamente quando o paciente sus-
Korotkoff (desaparecimento do som) deve ser considerado cetível permanece em ortostase na mesma posição por
a pressão diastólica. O 4º som (abafamento) deve ser utili- períodos prolongados, em especial em situações de calor,
zado nos pacientes em que o som permanece até zero . aglomerações ou locais abafados. Existem pródromos de
b) Crianças e adolescentes hipertensos têm maior chance tonturas, às vezes com náuseas e palidez precedendo a sín-
de serem adultos hipertensos devido ao fato de a PA man- cope. A duração é curta (segundos), mas a recuperação é
ter sua colocação na distribuição de uma população espe- completa. A frequência cardíaca normalmente tende a bra-
cífica (fenômeno denominado tracking ou manutenção da dicardia no período imediatamente após a síncope, dada a
trajetória inicial da PA), sendo, portanto, preditor de hiper- influência vagai.
tensão na vida adulta. Gabarito= D
c) Autoexplicativa.
d) Recomenda-se a aferição da PA a partir dos 3 anos, de- Questão 75. Trata-se de um quadro clínico típico de sínco-
vendo ser realizada antes dessa idade em prematuros, ne- pe neurocardiogênica ou síndrome vasovagal. O pródromo
fropatas ou crianças com outros antecedentes ou condições geralmente contém sudorese, palidez, náuseas com pro-
clínicas de risco. gressão para perda da consciência breve e recuperação
e) O choro pode aumentar a pressão sistólica, assim como também lenta, porém completa. Os fatores precipitantes
estudos recentes demonstram o efeito do estresse psicoe- mais comuns são locais fechados, quentes, abafados, aglo-
mocional na reatividade cardiovascular e na PA, podendo merações e permanência na mesma posição em ortostase
contribuir para crises hipertensivas e para a hipertensão por períodos prolongados de tempo. Além disso, a paciente
arterial sustentada. tem um teste de inclinação positivo. Resta saber o padrão
Gabarito= B desse tilt test para estabelecer o mecanismo de deflagração

278
CARDIOLOGIA

da síncope (cardioinibitória, vasodepressora ou mista) . Nor- Não são descritas alterações neurológicas prévias ou após o
malmente, o estímulo inicial para a resposta vagai é uma evento que sugiram causa neurogênica. Causas associadas a
hiperatividade simpática que pode ser inibida pelo uso de disautonomias não são frequentes em crianças. E a apresen-
betabloqueador. Nesse caso, a profilaxia de novos casos tação clínica não sugere intoxicação exógena.
pode ser feita pela modificação da ingesta de sal e líquidos Gabarito= A
e pela administração desses medicamentos.
Gabarito= C Questão 80. A paciente apresenta história de episódio de
síncope quando testemunha acidente de carro, não precedi-
Questão 76. A síndrome de Stokes-Adams é definida como da de pródromos, com recuperação rápida e sinais vitais sem
a ocorrência de síncope pela redução súbita da frequência alterações. Neste caso, a principal hipótese é de síncope neu-
ventricular (como ocorre nos bloqueios atrioventriculares romediada, epidemiologicamente a causa mais frequente de
totais) de modo intermitente com recuperação do debito síncope; pode aparecer não precedida de pródromo e tem
cardíaco e do nível de consciência . como fatores precipitantes estresse, dor e situações especí-
Gabarito= D ficas, como micção, entre outras. O bloqueio atrioventricular
completo usualmente tem quadro precedido de tontura, e o
Questão 77. Analisando as alternativas: paciente não apresentaria recuperação pronta com estabilida-
a) Correta. A causa mais comum de síncope é a vasovagal, de hemodinâmica e FC normal. O acidente vascular cerebral
que ocorre em pacientes jovens sem doença cardíaca estru- costuma ter episódios de síncope prolongados e associados
tural, na maioria das vezes, e com pródromos que o alertam ou não a convulsões ou a eventos hemorrágicos. A taquicardia
da queda iminente. O tilt test geralmente reproduz os sinto- ventricular não costuma ser revertida espontaneamente, e o
mas e tem importante papel no diagnóstico. paciente não estaria estável após o episódio. Quanto à hipo-
b) Incorreta. A histeria de conversão é um quadro em que glicemia, é uma causa rara de síncope e usualmente precedida
uma crise emocional leva o paciente a teatralidades ou sin- de sintomas adrenérgicos, como sudorese e taquicardia.
tomas mais duradouros, como anestesias, paralisias histéri- Gabarito= C
cas, sensação de "bola" faríngea etc.
c) Incorreta. As síncopes cardiogênicas ocorrem de maneira Questão 81. Os betabloqueadores podem, eventualmente,
súbita. O paciente costuma não se lembrar de estar passan- ser indicados em síncopes neuromediadas, principalmente
do mal, e, com isso, há traumas craniofaciais ou osteomus- na variante chamada de cardiodepressora, mas inicialmen-
culares associados. te não seriam indicados no caso . Os IECAs ou bloqueado-
d) Incorreta. A epilepsia costuma cursar com período pós- res dos receptores da angiotensina 11 são agentes anti-hi-
-ictal de confusão e rebaixamento do nível de consciência, pertensivos sem nenhuma indicação em casos de síncope.
que melhora apenas após alguns minutos, e pode estar as- Agentes antiarrítmicos estariam indicados a casos de sín-
sociada à liberação esfincteriana. cope por arritmias cardíacas, o que não parece ser o caso.
Gabarito= A A observação clínica é a melhor conduta nesta paciente, o
que torna a alternativa "e" correta. Se, porém, a paciente
Questão 78. O quadro é compatível com síncope vasova- estivesse ansiosa após o evento, um benzodiazepínico de
gal, pois o evento está associado ao ato miccional, em que ação curta poderia ser utilizado.
o predomínio parassimpático ocorre, podendo determinar Gabarito= E
bradicardia severa e vasodilatação sistêmica. A associação
a evento isquêmico é pouco provável, em que o eletrocar- Questão 82. Analisando as alternativas:
diograma dinâmico ou o teste ergométrico dificilmente a) Incorreta. QRS alargado com QS em Vl, V2 e V3, que ca-
demonstram alterações. O teste de inclinação passo-viva racteriza bloqueio do ramo esquerdo. O BOAS deveria ter
pode ajudar a afirmar o componente de disautonomia, mas eixo desviado para a esquerda acima de -30°.
muda pouco a conduta. O eletrocardiograma simples pode c) Incorreta. O bloqueio do ramo direito apresenta 5 empas-
demonstrar alterações da condução atrioventricular e da tado em V6 e DI e padrão rSR' em Vl.
repolarização ventricular, o que desencadearia a realização d) Incorreta. Não há onda Q patológica nesse eletrocardio-
dos outros exames descritos previamente. E o eletrocardio- grama .
grama normal reforça a ideia de componente autonômico e) Incorreta. A alteração da repolarização na parede ante-
associado ao evento. rior é decorrente do bloqueio do ramo esquerdo.
Gabarito= A Gabarito= B

Questão 79. O quadro é muito sugestivo de causa cardiogê- Questão 83. Analisando as alternativas :
nica por sua associação a esforço físico, sem outros sintomas a) Incorreta. O quadro não sugere infarto agudo do miocár-
associados; hipertensão pulmonar ou obstrução da via de dio com supra, já que não há relato de dor torácica, e o ele-
saída do ventrículo esquerdo podem ser causas do evento. trocardiograma não tem supradesnivelamento do segmen-

279
COMENTÁRIOS

to ST. O BRE pode estar associado à cardiopatia dilatada de Questão 87. Analisando as alternativas:
etiologia variada, sendo a doença coronariana crônica uma a) Correta.
das mais prevalentes. b) Incorreta. A contração atrial contribui com cerca de 25 a
c), d) e e) Incorretas. O quadro clínico é sugestivo de síncope 30% do débito cardíaco.
cardiogênica. A síncope neurocardiológica geralmente está c) Incorreta. A ação da noradrenalina no coração se dá pelo
associada a pródromo e a situações específicas, como ficar estímulo dos betarreceptores.
em pé por longos períodos, situações de estresse, calor ex- d) Incorreta. O terço inicial é chamado de fase de ejeção
cessivo. A síncope neurológica está associada a convulsões, rápida, e o tempo restante, fase de ejeção lenta. Na fase
estado pós-ictal ou sinais focais no pós-síncope. O fato de o inicial, é ejetada a maior quantidade de sangue.
paciente ter eletrocardiograma alterado torna improvável o e) Incorreta. O débito cardíaco é igual a volume sistólico x
diagnóstico de síncope idiopática. frequência cardíaca.
Gabarito= B Gabarito= A

Questão 84. A paciente não apresenta histórico de doença Questão 88. Este é um traçado eletrocardiográfico que não
cardiológica, tem episódios recorrentes, a crise é precedi- deixa dúvidas: Bloqueio do Ramo Esquerdo (BRE), cujos cri-
da de alteração visual (mas poderia ter relação com som, térios diagnósticos são QRS >120ms; ausência de "q" em
D1, aVL, V5 e V6; ondas R alargadas e com entalhes e/ou
odor ou dor), ela passa longos períodos em local fechado,
empastamentos medioterminais em D1, aVL, V5 e V6; onda
trabalhando em pé, as crises são precedidas de náuseas,
"r" com crescimento lento de V1 a V3, podendo ocorrer
tem relação com Valsalva (episódio do banheiro), e sofre
QS; ondas S alargadas com espessamentos e/ou entalhes
recuperação espontânea da orientação e da consciência
em V1 e V2; deflexão intrinsecoide em V5 e V6 ~50ms; eixo
após a crise (não há pós-ictal). Trata-se de um caso típico de
elétrico de QRS entre -30° e + 60° e depressão de ST e T
síncope neurocardiogênica.
assimétrica em oposição ao retardo medioterminal. Dado o
Gabarito= A
diagnóstico, basta relembrar que o marco auscultatório do
BRE é o desdobramento paradoxal da 2ª bulha, em função
Questão 85. Picadas de insetos representam cerca de 15% da ativação inicial do lado direito do septo ventricular e a
das causas de anafilaxia. As manifestações clínicas podem ativação atrasada do ventrículo esquerdo devido à despola-
ser isoladas ou em diversas combinações, mas o mais im- rização transeptal, da direita para a esquerda. Quando isso
portante fator que implica gravidade é a rapidez com que ocorre, o componente P2 precede o A2, separando-se du-
os sintomas ocorrem após a exposição (nesse caso, ape- rante a expiração e tornando-se único durante a inspiração.
nas 10 minutos). O tratamento consiste em suporte com
Gabarito= B
oxigênio se há envolvimento respiratório, soro fisiológico
intravenoso infundido rapidamente (principalmente se Questão 89. Analisando as alternativas:
o paciente mostra sinais de choque) e a principal medi- a) Todas as alterações descritas no caso clínico do ECG são
cação: adrenalina, que deve ser utilizada o mais preco- observadas na hipopotassemia.
cemente possível após o reconhecimento do quadro. A b) Podem ocorrer intervalo QT alargado ou prolongado e
aplicação deve ser preferencialmente intramuscular, por ondas T grandes e pontiagudas.
determinar picos mais rápidos e maior absorção. Anti-his- c) O ECG revela intervalo QT alargado ou prolongado e on-
tamínicos podem ser usados em quadros urticariformes, e das T grandes e pontiagudas.
corticoides, em broncoespasmos. d) Habitualmente, gera manifestações neurológicas.
Gabarito= D e) As alterações incluem intervalo QT alargado ou prolonga-
do e ondas T grandes e pontiagudas.
Gabarito= A
Eletrofisiologia
Questão 90. Analisando as alternativas:
Questão 86. Atualmente, é utilizado o termo bloqueio de a) Não, pois não há sopros e cianose, por exemplo, que são
ramo quando a duração do QRS é superior a 120ms. Peque- achados universais na tetralogia de Fallot.
nos atrasos de condução (QRS entre 100 e 120ms) são cha- b) Não, seria verificada sobrecarga atrial à direita.
mados distúrbios de condução intraventricular. No bloqueio c) Não, pois a onda P está positiva em DI I.
do ramo esquerdo, a ativação ventricular através das vias d) O ECG aparenta ter onda delta de pré-excitação do Wolff-
normais de condução é comprometida desde o seu início, -Parkinson-White em alguns traçados.
por isso o QRS é alargado desde o início de sua formação. Gabarito= D
Isso diferencia o bloqueio do ramo esquerdo do bloqueio
do ramo direito, em que o início da despolarização é normal Questão 91. Analisando as alternativas:
e o atraso de condução ocorre na porção final do QRS. a) Correta. A hipopotassemia pode causar várias alterações
Gabarito= C eletrocardiográficas. A tríade clássica compreende depres-

280
CARDIOLOGIA

são do segmento ST, diminuição da amplitude da onda T saparece na fibrilação. O reforço do sopro da estenose mi-
e aumento da onda U. Quando a hipopotassemia é mais tral ao fim da diástole é determinado pela contração atrial,
severa, podem ocorrer alargamento do QRS e infradesnive- que desaparece na FA. Conforme o tempo de enchimento
lamento do segmento ST com inversão da onda T. ventricular varia em virtude desta, o volume diastólico fi-
b) e d) Incorretas. E não há alteração eletrocardiográfica nal também varia, o que determina pressões intracavitárias
específica relacionada à hiponatremia e à hipofosfatemia. variadas, definindo a intensidade variável da 1ª bulha. A 4ª
c) Incorreta. A hipocalcemia aumenta a duração do segmen- bulha é relacionada a situações de disfunção ventricular di-
to ST, leva a intervalo QTc aumentado e pode estar associa- reita, não diretamente à FA.
da à redução da voltagem, achatamento e inversão de onda Gabarito= C
T, mas não ocorre infradesnivelamento de ST.
e) Incorreta. Não há alteração eletrocardiográfica especí- Questão 97. Ondas T apiculadas são uma alteração encon-
fica relacionada à hipomagnesemia. Como há associação trada em pacientes com hipercalemia, e esta deve ser sus-
frequente a hipocalemia, as alterações eletrocardiográficas peita em paciente com essa alteração de eletrocardiograma,
decorrem da hipocalemia e não da hipomagnesemia. principalmente considerando a concomitância de insuficiên-
Gabarito= A cia renal crônica. A neuropatia diabética não apresenta alte-
rações específicas eletrocardiográficas. A hipocalemia cursa
Questão 92. Na alternativa "a", o normal é ter ondas T ne- com aparecimento de ondas U, achatamento de onda T e
gativas nas precordiais direitas. Nas demais alternativas: o depressão do segmento ST, e os distúrbios do sódio não cos-
normal é ter ondas T negativas nas precordiais direitas. Se tumam apresentar alterações eletrocardiográficas.
estão positivas, pode ser sobrecarga do ventrículo direito. Gabarito= C
Gabarito= E
Questão 98. A amiodarona pode desencadear 3 alterações
Questão 93. Analisando as alternativas: clássicas de doença intersticial pulmonar muito cobradas nas
a) Correta e b) Incorreta. A hipercalemia está associada, ini- provas de residência padrão, conhecidas como pneumopatia
cialmente, a aumento da onda T, que se torna apiculada e por amiodarona, distúrbios tireoidianos, tanto o hipo como
simétrica. o hipertireoidismo, e a última alteração clássica, a pigmen-
c) e e) Incorretas. Níveis mais altos de potássio levam a alar- tação da pele em tom acinzentado, sem relação com fotos-
gamento do QRS. Não há alteração específica para hiperca- sensibilidade. Outros efeitos colaterais associados ao uso da
lemia na onda P. medicação são depósitos corneanos da droga, tremores das
d} Incorreta. E a inversão da onda T pode ocorrer na hipoca- mãos, distúrbios do sono e problemas hepáticos.
lemia grave, não na hipercalemia. Gabarito= B
Gabarito= A

Questão 94. O paciente apresenta onda "delta" evidente, Arritmias cardíacas


principalmente nas derivações V4 e VS e intervalo PR curto,
que fazem o diagnóstico de pré-excitação. Esta leva a uma Questão 99. Trata-se de bloqueio atrioventricular do 3º
sequência anormal da repolarização ventricular com altera- grau (BAVT), com instabilidade clínica. Nesse caso, a condu-
ções do segmento ST que podem simular o diagnóstico de ta inicial é garantir uma frequência adequada através de um
angina instável e infarto agudo do miocárdio. A hipercalce- marca-passo temporário inicialmente transcutâneo, poste-
mia cursa, por sua vez, com encurtamento do intervalo QT. riormente transvenoso, até que as causas reversíveis sejam
Gabarito= B afastadas.
Gabarito= D
Questão 95. Pode-se verificar, no eletrocardiograma, uma
arritmia com QRS alargado, caracterizando uma taquicardia Questão 100. Numa parada cardíaca testemunhada em adul-
ventricular polimórfica. Uma das principais causas dessa ar- to que não seja vítima de politrauma, os principais ritmos en-
ritmia é o uso de antiarrítmicos, principalmente da classe contrados são taquicardia ventricular sem pulso ou fibrilação
la, como disopiramida, quinidina, procainamida, e também ventricular. Em casos de chegada mais tardia, a atividade elé-
como complicação da intoxicação digitálica. Seu tratamento trica sem pulso e a assistolia seriam mais encontradas.
pode ser realizado com sulfato de magnésio, e a lidocaína é Gabarito= D
uma opção terapêutica .
Gabarito= D Questão 101. Os betabloqueadores estão indicados para
controle da frequência cardíaca na fibrilação atrial, portan-
Questão 96. A arritmia é uma Fibrilação Atrial (FA), em que to a alternativa "a" está errada. Todas as demais opções es-
a contração coordenada atrial desaparece. A onda A do pul- tão corretas.
so venoso jugular é determinada pela contração atrial e de- Gabarito= A

281
, COMENTÁRIOS

Questão 102. Trata-se de uma paciente com quadro de ta- da frequência cardíaca (160bpm), o paciente encontra-se
quicardia com QTS estreito e RR regular, além de estável he- hemodinamicamente estável e, por isso, não necessita de
modinamicamente. Assim, não é obrigatória cardioversão cardioversão elétrica.
elétrica imediata. Trata-se de uma taquicardia supraventri- Esse tipo de taquicardia ocorre devido a um circuito de
cular, e, além de manobra vagai, deve-se tentar adenosina, reentrada no nado atrioventricular. Em um paciente jo-
antes de pensar em cardioversão elétrica. Fibrilação atrial vem, sem comorbidades, pode ser tentada manobra vagai
teria ritmo irregular. Taquicardia sinusal com FC = 180bpm que estimula o nervo vago a liberar acetilcolina no nado
não é frequente em repouso . Taquicardia ventricular teria atrioventricular e interrompe o circuito responsável pela
QRS largo. Fibrilação ventricular não teria QRS organizado e arritmia.
regular e não teria pulso. Gabarito= D
Gabarito= E
Questão 108. Analisando as alternativas:
Questão 103. Assistolia é o ritmo de parada cardiorrespi- a) Incorreta . A arritmia sinusal, por definição, tem um ritmo
ratória mais comum nessa faixa etária e é compatível com irregular.
o quadro de insuficiência respiratória que o paciente apre- b) Incorreta. A fibrilação atrial também é uma arritmia irre-
sentava no enunciado. gular devido a múltiplos circuitos de reentrada nos átrios e
a passagem aleatória dos impulsos pelo nado atrioventri-
Gabarito= C
cular.
c) Incorreta . A definição de extrassístole é a ocorrência de
Questão 104. Após o ciclo de compressões e ventilações,
um batimento antecipado, que ocasiona irregularidade do
deve ser administrado vasopressor (epinefrina O,Olmg/kg).
pulso e da frequência.
Não está indicada desfibrilação a pacientes que não sejam
d) Incorreta. A hipotensão aguda não leva a bradicardia,
portadores de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricu- mas sim a taquicardia, como mecanismo compensatório.
lar. Adenosina não está indicada na parada cardíaca. Atropi- e) Correta . No bloqueio atrioventricular de 3º grau, há dis-
na está proscrita na assistolia . sociação completa dos átrios com os ventrículos e outro
Gabarito= B foco assume o comando do coração. Esse foco tem frequên-
cia menor que o nado sinusal, levando a bradicardia, e seu
Questão 105. A compressão do seio carotídeo gera redu- comportamento é regular.
ção da atividade simpática e aumento na parassimpática . Gabarito= E
As demais opções estão invertidas: o aumento da pressão
de enchimento do átrio direito gera aumento da atividade Questão 109. O quadro é compatível com a hipótese
simpática; o aumento da pressão na parede ventricular es- diagnóstica de miocardite : sinais e sintomas de insuficiência
querda aumenta o tônus parassimpático; a distensão do cardíaca; arritmias cardíacas; elevação de biomarcadores
reto durante colonoscopia pode causar bradicardia reflexa, cardíacos (CK-MB e troponina) e ecocardiograma demons-
e a tração da musculatura extrínseca do olho gera aumento trando disfunção global do ventrículo esquerdo. A cintilo-
do tônus parassimpático. grafia com gálio-67 auxilia na avaliação da presença de in-
Gabarito= C flamação miocárdica . A ressonância nuclear magnética tem
indicação classe I nível de evidencia B para avaliação em ca-
Questão 106. A paciente parece estar sendo vítima de uma sos agudos da função, geometria e morfologia ventricular.
taquiarritmia aguda (<48 horas) instável com RR irregular. Gabarito= A
Parece tratar-se de uma fibrilação atrial de alta resposta
com impacto hemodinâmico atribuível a esta . Pela urgência Questão 110. O eletrocardiograma mostra taquicardia de
em restabelecer o ritmo sinusal em situações como essa, a QRS estreito, R-R regular, com ondas P ausentes, compatível
conduta mais adequada seria a cardioversão elétrica ime- com taquicardia de reentrada nodal. Entretanto, a paciente
diata. Caso a paciente estivesse estável do ponto de vista apresenta sinais de instabilidade hemodinâmica, por isso
hemodinâmico, poder-se-iam considerar as alternativas de o tratamento deve ser cardioversão elétrica sincronizada
redução da frequência com betabloqueadores com ou sem imediata .
digital, a depender da função sistólica estimada, da anticoa- Gabarito= A
gulação ou do controle do ritmo com antiarrítmicos.
Gabarito= D Questão 111. O caso apresentado é de bloqueio atrioven-
tricular (BAV) de 3º grau ou total, ocorre pela ausência de
Questão 107. O eletrocardiograma mostra taquicardia de condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos
QRS estreito; R-R regular e sem ondas P. Portanto, trata-se através do nó atrioventricular. Isso ocorre porque, por algum
de taquicardia de reentrada nodal, também chamada TPSV motivo, todos os impulsos provenientes dos átrios não são
(taquicardia paroxística supraventricular). Apesar da eleva- conduzidos para os ventrículos. As causas mais comuns de

282
CARDIOLOGIA

BAV total permanente são a fibrose idiopática e degenerativa a 39°C ou 41 o c pode ser necessária caso outras medidas
do sistema de condução ou a isquemia miocárdica, atingindo falhem. A hidratação com cristaloides deve ser feita com as
a perfusão do sistema de condução atrioventricular. Outras soluções aquecidas a 39°C ou 41 oc, por 2 acessos perifé-
causas são a doença de Chagas, amiloidose, pós-cirurgia car- ricos calibrosos e, posteriormente, usando acesso central.
díaca, valvopatias, BAV total congênito e outras miocardiopa- Gabarito= D
tias. O tratamento clínico varia de acordo com a doença de
base, caso haja boa perfusão cerebral/periférica, a conduta Questão 115. A desfibrilação só está indicada em casos de
expectante pode ser adotada; caso contrário deve-se prepa- taquicardia ventricular sem pulso e fibrilação ventricular, que
rar o paciente para receber marca-passo provisório. A alter- são ritmos de parada cardiorrespiratória, o que não é o caso.
nativa correta é a "c", pois não há necessidade de acordo com A cardioversão elétrica estaria indicada na presença de ins-
o caso de prescrevermos gluconato de cálcio. tabilidade hemodinâmica ou de falha das medidas não far-
Gabarito= C macológicas e farmacológicas. A manutenção da frequência
cardíaca elevada é deletéria em curto prazo ao paciente, com
Questão 112. O traçado mostra fibrilação atrial de alta menores volumes diastólicos, aumento do consumo miocár-
resposta ventricular, com ondas delta, caracterizadas pelo dico de oxigênio e morte celular, não sendo adequada apenas
atraso inicial nas ondas positivas em derivações precordiais, monitorização. Na última versão do algoritmo do Advanced
principalmente configurando síndrome de pré-excitação Cardiovascular Life Support para taquicardias estáveis de QRS
ventricular (Wolff-Parkinson-White). A conduta na fase estreito, dado que em grande parte desses casos o registro
aguda, como o paciente está hemodinamicamente estável, eletrocardiográfico demonstra taquicardia supraventricular
pode ser feita com antiarrítmicos que prolonguem o tempo paroxística, foi liberado o uso da adenosina intravenosa, com
de condução e/ou a refratariedade do nó atrioventricular, dose inicial de 6mg, seguida de dose de 12mg, com possi-
na via acessória ou em ambas, para prevenir frequências bilidade de outra de 12mg. E, a pacientes de baixo risco de
rápidas. Para tal, a amiodarona seria a droga de escolha. A doença arterial carotídea, é possível tentar a manobra vagai
adenosina prolonga o tempo de condução e a refratarieda- antes da administração de adenosina.
de do nó atrioventricular e teria indicação, com a massa- Gabarito= C
gem do seio carotídeo, se houvesse taquicardia reciprocan-
te, caracterizada por QRS normais, intervalos RR normais, Questão 116. O ecocardiograma na investigação de palpi-
frequência cardíaca aproximada de 200bpm e onda P retró- tações tem valor quando há suspeita de cardiopatia estru-
grada no segmento ST. A cardioversão elétrica não se justi- tural como causa de arritmia documentada em registros
fica porque o paciente está hemodinamicamente estável. O eletrocardiográficos, como miocardiopatia hipertrófica ou
diltiazem não teria efeito na via acessória e o ácido acetilsa- displasia arritmogênica do ventrículo esquerdo, dessa for-
licílico não teria indicação. Também não há necessidade de ma não se aplica a pacientes sem evidência de arritmia ou
estudo eletrofisiológico de urgência. suspeita de doença miocárdica . O eletrocardiograma é de
Gabarito= C pouca valia em casos cujos sintomas têm alta probabilida-
de de outra causa que não arrítmica, como ansiedade, uso
Questão 113. Revertida a fibrilação atrial, as ondas delta e de estimulantes e hipoglicemia. O estudo eletrofisiológico é
o PR curto ficam mais evidentes. Como o paciente deseja um método que objetiva a indução de taquicardias comple-
voltar a ser atleta, e mesmo pelo aparecimento da fibrila- xas por meio da aplicação de pequenas descargas elétricas
ção atrial de alta resposta ventricular, que pode potencial- controladas próximo ao possível foco da arritmia, e, para
mente levar a fibrilação ventricular, há indicação de ablação isso ocorrer, é necessária a existência de substrato eletro-
do feixe anômalo. Portanto, o paciente deve ficar afastado fisiológico miocárdico. Desse modo, não é uma ferramenta
das atividades físicas até então. O propranolol não afeta di- útil em casos de arritmias de causa extracardíaca, como ti-
retamente a condução pela via acessória. Não há indicação reotoxicose. Pacientes com palpitação precedendo síncope
de cardiodesfibrilador implantável nem de anticoagulação têm alta probabilidade de causa arrítmica para o sintoma,
oral crônica. tornando o estudo eletrofisiológico ferramenta diagnóstica
Gabarito= A importante nesses indivíduos, caso a estratificação não in-
vasiva tenha sido inconclusiva.
Questão 114. Hipotermia é definida pela queda da tempe- Gabarito= D
ratura central abaixo de 35°C. A onda de Osborn surge com
33°C, portanto se pode admitir que a temperatura central Questão 117. Hipovolemia leva a taquicardia . Alterações de
está menor que 32°C. Outras alterações do eletrocardiogra- condução AV podem ser causa de bradicardia, mas não são
ma são aumento do intervalo PR, alargamento do complexo comuns. A hipoxemia é a causa mais frequente. Quanto à
QRS e aumento do intervalo QT, as quais surgem quando a hipertensão intracraniana, pode haver bradicardia em ca-
temperatura está inferior a 35°C. Se a glicemia estiver bai- sos avançados.
xa, deverá ser corrigida da forma descrita. A hemodiálise Gabarito= C

283
COMENTÁRIOS

Questão 118. O traçado eletrocardiográfico mostra fibrilação b), c) e d) Incorretas. Como os episódios vêm acontecendo
atrial. Como o paciente referiu exames cardiológicos recen- há mais de 48 horas e o paciente se encontra estável no
tes normais, início de sintomas há 20 minutos e ingestão de momento da avaliação, devem-se evitar medidas que pos-
álcool em quantidade elevada nos últimos dias, trata-se de sam levar à reversão do ritmo cardíaco pela possibilidade
fibrilação atrial paroxística (duração inferior a 48 horas) de- de o paciente apresentar tromba no átrio esquerdo. Com a
sencadeada pela ingestão de álcool, em coração normal, sem cardioversão, pode haver a embolização sistêmica.
instabilidade hemodinâmica. Nesse caso, a preocupação com Gabarito= E
anticoagulação não se justifica, pelo tempo de evolução. A
conduta é lentificar a resposta ventricular com betabloque- Questão 122. O eletrocardiograma mostra frequência mui-
adores ou bloqueadores dos canais de cálcio e usar propa- to elevada e ritmo irregular e caótico caracterizando fibrila-
fenona. Essa conduta se justifica pelo fato de esse antiarrít- ção ventricular. Todo paciente que perde a consciência deve
mico ter boa eficácia (até 87% de reversão ao ritmo sinusal),
ser abordado da seguinte maneira : avaliar responsividade
ser seguro (baixo efeito proarrítmico), podendo ser inclusive
- chamar ajuda (carrinho de parada com desfibrilador) -
autoadministrada (pi/1 in the pocket). A amiodarona é útil
checar pulso- iniciar compressões torácicas se não houver
na reversão da FA quando há insuficiência cardíaca, sendo
pulso- ventilar após 30 compressões ("b" correta).
também útil na prevenção de recorrências. A manobra vagai
pode, no máximo, lentificar a resposta ventricular, e a ade- Gabarito= B
nosina não reverte o quadro, levando também a lentificação
de condução atrioventricular, não sendo deletéria no caso de Questão 123. O quadro sugere o diagnóstico de FA com his-
dificuldade de identificação do ritmo. A cardioversão elétrica tória de embolização sistêmica prévia. Os pacientes têm alto
se justificaria em caso de instabilidade hemodinâmica. risco de repetir o evento cardioembólico, principalmente se
Gabarito= O há reversão da arritmia para sinusal, por isso qualquer con-
duta que vise à cardioversão química ou farmacológica está
Questão 119. O eletrocardiograma apresenta ritmo irregu- errada ("b" e "d" incorretas). Pacientes com escore de CHA-
lar sem onda P, caracterizando FA com alta resposta ventri- DS 2 (Tabela) acima de 2 devem ser anticoagulados, pois
cular. Como o paciente está estável e não há indicação de apresentam alto risco de embolização sistêmica quando em
quanto tempo ele apresenta a arritmia, não há indicação de vigência de FA. A paciente apresenta pontuação 4 (diabe-
cardioversão ("a" incorreta). A conduta, portanto, é contro- tes - 1; hipertensão arterial - 1; AVC prévio - 2), devendo
lar a frequência. A amiodarona pode levar à cardioversão ser anticoagulada, e não utilizar apenas ácido acetilsalicílico
farmacológica da arritmia, não devendo ser usada neste ("a" incorreta e "c" correta) .
cenário ("b" e "e" incorretas). Como o paciente apresenta
CHADS 2 (pontuação)
apenas 1 ponto (hipertensão) no escore CHADS 2, pode ser
anticoagulado ou usar ácido acetilsalicílico. Para evitar um Insuficiência cardíaca 1 ponto
fenômeno cardioembólico, a anticoagulação deve ser plena
e não profilática ("c" correta e "d" incorreta) .
Hipertensão arterial
>75 anos
I 1 ponto
1 ponto
Gabarito= C ---~--

1 ponto
Diabetes

Questão 120. Analisando as alternativas: AVC prévio 2 pontos


a) Não há evidência de hiper ou hipotireoidismo no caso
Gabarito= C
descrito.
b) A suspeita diagnóstica principal não é de síncope vaso-
Questão 124. Analisando as alternativas :
vagai ou neurogênica, portanto não é o principal exame a
a) e d) Incorretas. O eletrocardiograma mostra FC em torno
ser realizado.
c) Não há descrição de sopro carotídeo, e a idade do pacien- de 214bpm, complexos QRS estreitos e regulares e ausência
te não é compatível com aterosclerose de carótidas. de ondas P, caracterizando taquicardia supraventricular.
d) Há suspeita diagnóstica de miocardiopatia hipertrófica, b) Correta e c) Incorreta. Como medida inicial, poderia ser
baseada na idade (entre 30 e 40 anos), leve predominância tentada a manobra vagai (Valsava, por exemplo), e a droga
no sexo masculino, história familiar, sopro cardíaco e presen- de escolha, em caso de falha da manobra, seria a adenosina
ça de 84, portanto o ecocardiograma será de grande valia. em flush rápido na dose inicial de 6mg, seguida de 12mg
Gabarito= D realizada 2 a 3 minutos após a dose inicial.
e) Incorreta. A amiodarona também pode ser utilizada para
Questão 121. Analisando as alternativas: reversão das taquicardias supraventriculares regulares, po-
a) Incorreta e e) Correta. Para o controle da frequência em rém se torna uma opção apenas após a falha da manobra
pacientes com FA, o betabloqueador e o bloqueador de ca- vagai, adenosina, betabloqueador e bloqueador do canal
nal de cálcio são atualmente as drogas de escolha. de cálcio, não sendo portanto a conduta no caso.

284
CARDIOLOGIA

Se o desconforto torácico relatado na questão caracterizas- ída pelo sopro sistólico no foco aórtico, e a FA de alta res-
se claramente dor torácica cardiogênica ou o paciente apre- posta acentua a insuficiência diastólica. A compensação do
sentasse sinais de instabilidade como hipotensão arterial, quadro passa pelo controle da resposta ventricular, mas as
rebaixamento do nível de consciência ou taquipneia decor- drogas que pioram o déficit diastólico, como a digoxina, são
rente de congestão pulmonar, o tratamento seria cardiover- contra indicadas. As demais drogas apresentadas podem ser
são elétrica imediata. utilizadas para o controle da resposta ventricular.
Gabarito= B Gabarito= A

Questão 125. Analisando as alternativas: Questão 128. A FA paroxística caracteriza-se pela resolução
a) Correta. Pacientes com taquiarritmia devem ser avalia- espontânea da arritmia com duração geralmente <7 dias e
dos quanto à presença de sinais de instabilidade (hipoten- frequentemente menor que 24 horas; comumente, não ne-
são arterial, alteração do nível de consciência, dor toráci- cessita de tratamento de manutenção, exceto anticoagula-
ca e congestão pulmonar). Se a taquiarritmia for a causa ção, conforme comorbidades associadas. A FA persistente
desses sinais e sintomas, o paciente deverá ser submetido demanda tratamento específico para a reversão ao ritmo
a uma cardioversão elétrica imediata. Apesar do risco de sinusal, durando, aproximadamente, mais de 7 dias, e é
cardioembolismo em pacientes com FA, a cardioversão é chamada de longa duração quando permanece por mais de
essencial neste momento devido às repercussões hemodi- 1 ano. A FA permanente é caracterizada pela falha nas ten-
nâmicas associadas à taquiarritmia. tativas de cardioversão química ou elétrica, ou por aquela
b) Incorreta. Em pacientes estáveis, pode-se optar por be- em que se optou por não tentar a reversão da arritmia. A FA
tabloqueadores para controle da frequência e programação recorrente envolve história de 2 ou mais episódios de FA.
posterior de cardioversão. Gabarito= B
c) Incorreta. Em pacientes instáveis, não há tempo para ten-
tar a cardioversão farmacológica. Questão 129. O eletrocardiograma mostra um ritmo sinusal,
d) e e) Incorretas. A adenosina não reverte a FA, e a hepari- FC =37bpm e bloqueio atrioventricular total. O captopril e a
nização deve ser feita associada à cardioversão, porém não prazosina não interferem na condução atrioventricular, não
devemos atrasar a cardioversão para aguardar que o TIPA sendo responsáveis por bloqueios atrioventriculares ("a" e
atinja os níveis desejados para a anticoagulação. "c" incorretas). Tanto o nifedipino como o verapamil podem
Gabarito= A estar associados a distúrbios de condução na cardiopatia
amiloide, no entanto são antagonistas do cálcio de classes
Questão 126. A descrição de palpitação, taquicardia e ritmo diferentes. O nifedipino, por fazer parte da classe dos anta-
irregular pode ocorrer em pacientes com FA ou taquicardia gonistas de cálcio diidropiridínicos (sem efeito cronotrópico
atrial multifocal. Como o eletrocardiograma não apresenta negativo pronunciado), leva a distúrbios de condução me-
onda P, o diagnóstico é FA com alta resposta ventricular. nos frequentemente que o verapamil, uma droga de efeito
Analisando as alternativas: cronotrópico negativo importante.
a) Incorreta. A procainamida é considerada classe llb para Gabarito= B
reversão de ritmo em pacientes sem cardiopatia estrutural;
estaria correta na ausência de amiodarona. Questão 130. Os fatores de risco para Acidente Vascular En-
b) Incorreta. Uma revisão sistemática avaliando o uso do cefálico (AVE) em paciente com FA são:
sotalol na reversão da FA não demonstrou eficácia superior - Elevados: AVE isquêmico prévio, ataque isquêmico tran-
ao placebo e à quinidina, portanto não há evidências cientí- sitório prévio, embolia prévia, estenose mitral e prótese
ficas para recomendá-lo com esse objetivo. valvar;
c) Correta. De acordo com a Diretriz Brasileira de Fibrila- -Moderados: >75 anos, HAS, ICC, fração de ejeção <35%,
ção Atrial, a propafenona é a droga de escolha para cardio- diabetes melfitus;
versão farmacológica em pacientes sem alteração cardíaca - Leves: sexo feminino, de 65 a 74 anos, doença coronaria-
estrutural, e a amiodarona, para pacientes com disfunção na, tireotoxicose.
ventricular moderada ou importante- classe I. Assim, o único fator de risco para o paciente é o diabetes.
d) Incorreta. A adenosina também não está indicada para Gabarito= B
reversão do ritmo.
Gabarito= C Questão 131. A adenosina deve ser usada em taquicardias
supraventriculares estáveis. Os bloqueios atrioventriculares
Questão 127. Trata-se de quadro de cardiomiopatia hiper- são mais comuns com infartos da coronária direita, pois
trófica, em que os componentes de insuficiência diastólica a nutrição do nó atrioventricular é mais frequentemente
e a obstrução de via de saída do ventrículo esquerdo são oriunda dessa coronária. Quando uma FA crônica apresenta
os principais determinantes de sintomas no paciente, além aumento de resposta ventricular, podem-se usar medica-
de arritmias. O exame físico revela obstrução da via de sa- ções para o controle da frequência, como betabloqueado-

285
COMENTÁRIOS

res ou bloqueadores de canais de cálcio . A anticoagulação do a frequência cardíaca, a pressão arterial e a contratilida-
na FA após os 65 anos é até mais indicada, pois essa faixa de miocárdica.
etária apresenta maiores riscos de fenômenos embólicos. Os bloqueadores do canal de cálcio devem ser divididos
Gabarito= D em 2 classes: diidropiridínicos (nifedipino e anlodipino) e
não diidropiridínicos (verapamil e diltiazem). Os primeiros
causam vasodilatação periférica mais acentuada e levam
Angina estável a taquicardia reflexa. Por isso, os não diidropiridínicos são
considerados classe I em casos de contraindicação aos be-
Questão 132. O paciente tem uma dor torácica típica de tabloqueadores.
etiologia coronariana , portanto tem alta probabilidade pré- O antiagregante plaquetário ácido acetilsalicílico inibe a for-
-teste para insuficiência coronariana . Além disso, o ECG mação da enzima cicloxigenase 1, interferindo no metabolis-
mostra bloqueio do ramo esquerdo, que dificulta a análi- mo do ácido araquidônico e, com isso, na formação de trom-
se de alguns elementos prognósticos no teste ergométrico, boxano A2 (substância vasoconstritora e pró-trombótica).
então a melhor alternativa é a "d"- cintilografia miocárdica Gabarito= D
para avaliação diagnóstica e prognóstica. Caso o resultado
mostre algum elemento de pior prognóstico, está indicada Questão 135. Analisando as alternativas:
a cineangiocoronariografia, para conhecer a anatomia coro- a) Incorreta . A dor precordial típica não tem localização pre-
na ria na e determinar se existe alguma lesão aterosclerótica cisa.
extensa, colocando grande parte do miocárdio em risco . b) Correta.
c) Incorreta. A angina instável, em geral, ocorre em repouso.
Gabarito= D
d) Incorreta. O desconforto inicia-se depois do exercício.
e) Incorreta. A perfusão miocárdica ocorre predominante-
Questão 133. O quadro é de angina aos esforços que me-
mente durante a diástole. É nessa fase do ciclo cardíaco que
lhora com repouso. Essa característica não é sugestiva de
ocorrem a irrigação das coronárias e a perfusão miocárdica.
infarto agudo do miocárdio ou de angina instável de alto
risco, em que a dor torácica ocorre em repouso. O quadro Gabarito= B
é mais compatível com dor coronariana crônica, entretanto
as anginas aos esforços podem ser consideradas instáveis Questão 136. A presença de alterações eletrocardiográficas
de baixo risco quando têm início recente. Logo, pacientes no eletrocardiograma de repouso diminui a especificidade
que começam quadro de dor torácica aos esforços que me- do teste ergométrico para diagnosticar insuficiência corona-
lhoram com repouso são compatíveis com angina instável riana, sendo de pouca utilidade quando essa é a indicação
de baixo risco nos primeiros meses de sintomas. Depois, do exame ("a" incorreta) . A valorização dos achados dotes-
caracteriza-se a angina estável. Na avaliação, o teste ergo- te ergométrico deve ser guiada pelo teorema de Bayes - a
métrico está indicado para verificar se existem sinais de gra- real ocorrência de doença em um teste positivo depende da
vidade que indiquem a estratificação invasiva. probabilidade pré-teste. Assim, em pacientes de baixo risco
Analisando as alternativas: com um teste positivo, há grande chance de ser, na verda-
a) A dosagem de troponina não está errada e pode ser feita de, um falso positivo, sendo necessários para confirmação
nesta avaliação, mas não é a melhor, porque não permite outros exames diagnósticos. No entanto, um teste negati-
diferenciar casos de angina instável de alto risco (troponina vo nessa população é altamente específico e, em pacien-
negativa, mas que necessita de estratificação invasiva) com tes com alta probabilidade pré-teste, não afasta a doença
angina instável de baixo risco (troponina negativa que não e pode ser um falso negativo. Assim, a melhor indicação do
necessita de estratificação invasiva) . teste ergométrico é feita àqueles com probabilidade inter-
b) e c) O quadro não é característico de infarto. mediária de doença (" b" e "e" incorretas). Pacientes com
d) O quadro não é compatível com dissecção aguda de aor- síndrome de Wolff-Parkinson-White podem ter alterações
ta - dor torácica em pontada dilacerante aguda, indepen- do segmento ST mesmo sem coronariopatia, por isso não
dente de esforços e sem melhora com repouso. têm indicação para investigar coronariopatia ("c" incorreta) .

Gabarito= E Gabarito= D

Questão 134. O uso do nitrato sublingual para alívio dos sin- Questão 137. A melhor classe de drogas para o controle de
tomas e diminuição do retorno venoso, com consequente sintomas de portador de insuficiência coronariana estável
diminuição do consumo de oxigênio pelo miocárdio, é uni- classe funcional li é a dos betabloqueadores, por limitarem
versalmente aceito, apesar de não existirem estudos que o aumento da FC e o consumo de oxigênio pelo miocárdio.
demonstraram efeito em desfechos clínicos de mortalida- Os nitratos promovem melhora sintomática na crise, porém
de . Caso não haja alívio dos sintomas com o nitrato sublin- seu efeito na prevenção da crise é menor, assim como os
gual, está indicado o nitrato intravenoso. bloqueadores de canais de cálcio, utilizados quando há con-
Os betabloqueadores inibem competitivamente o efeito de tra indicação ao uso de betabloqueadores.
catecolaminas circulantes nos receptores beta-1, diminuin- Gabarito= B

286
CARDIOLOGIA

Questão 138. O tratamento ambulatorial da angina estável mar se houve um reinfarto, a menos que seja dosada nova-
deve incluir, obrigatoriamente, um antiagregante plaquetá- mente a CK-MB de forma seriada. Isso porque, a tal altura,
rio. No caso, a melhor alternativa seria ácido acetilsalicílico, os níveis de CK-MB porventura elevados no infarto de 6 dias
de forma a prevenir eventos coronarianos. A seguir, devemos atrás já estariam normalizados (geralmente se normalizam
pensar em acrescentar medicações que melhorem a oferta em 48 a 72 horas); já a troponina, que se encontra elevada,
de oxigênio ao miocárdio, aliviando sintomas. As medicações não é bom marcador para reinfarto, pois esse valor pode es-
de 1ª linha para essa proposta são os nitratos (diminuem tar elevado ainda em decorrência do 1º infarto (geralmente
ou previnem episódios de angina e melhoram a tolerância se normaliza em 7 a 10 dias). Pelo fato de o ECG não revelar
a exercício). Outra classe importante de medicações são os supra de ST, não há indicação de trombólise. A angiografia
betabloqueadores, de preferência atenolol ou metoprolol. coronariana é uma opção diagnóstica interessante, princi-
Para pacientes intolerantes ou com contraindicações a eles, palmente se há nova elevação de CK-MB ou se o sintoma
ou associados a estes, opta-se por bloqueadores de canais se tornar refratário. A decisão sobre bypass coronariano só
de cálcio, que, em ordem de preferência, são o diltiazem ou deve ser feita a partir de um diagnóstico anatômico numa
o verapamil, seguidos de anlodipino ou felodipino. Os IECAs e angiografia coronariana. Assim a dosagem seriada de CK-
os BRAs não são considerados tratamentos usuais para angi- -MB é fundamental, e a angiografia coronariana provavel-
na estável, e o mesmo vale para outros vasodilatadores. mente será útil.
Gabarito= A Gabarito= D

Questão 139. A FC é, certamente, o determinante mais im- Questão 142. Além de considerar o quadro clínico do pa-
portante do consumo miocárdico de oxigênio. A perfusão ciente, um dos critérios anatômicos para revascularização
coronariana do ventrículo esquerdo realmente ocorre prin- miocárdica é a presença de lesões triarteriais com lesão
cipalmente durante a diástole, e a região subendocárdica é grave de descendente anterior proximal na presença de
mais suscetível à isquemia. A avaliação da resposta vasodi- disfunção ventricular esquerda, ou presença de diabetes.
latadora dependente do endotélio é um indicador da saúde Pacientes uniarteriais ou biarteriais, sobretudo na ausência
desta. A medida das mudanças do fluxo sanguíneo, após de lesão proximal de descendente anterior, tem indicação
hiperemia reativa ou injeção intra-arterial (coronariana ou menos consensual. É cada vez menos comum a indicação
periférica - braquial ou femoral) de substâncias vasoativas, de revascularização na vigência de infarto agudo do miocár-
pode ser analisada por meio de vários métodos. A adminis- dio, o que aumenta muito o risco perioperatório.
tração de acetilcolina provoca uma resposta vasodilatadora Gabarito= A
dependente da liberação endotelial de óxido nítrico e não de
prostaciclinas. E as estenoses angiográficas de 50% corres-
Questão 143. Essa é uma dor provavelmente anginosa,
pondem à diminuição de cerca de 75% da área transversal.
dada a característica, a localização e a relação com esfor-
Gabarito= C ço físico. Além disso, trata-se de um homem de 54 anos,
dislipidêmico, com fatores de risco para aterosclerose,
Questão 140. Trata-se de um paciente referindo quadro já principal causa das síndromes coronarianas agudas. Es-
crônico, com 6 meses de duração de precordialgia aos es- perar-se-ia uma dor mais intensa, com início no seu má-
forços que apontam para o diagnóstico de angina estável. ximo de intensidade na dissecção aguda de aorta, com
A abordagem preferencial para pacientes com esse quadro irradiação para o dorso; além disso, provavelmente não
é o teste de esforço, com cateterismo reservado alto risco haveria redução espontânea mesmo em repouso. Na em-
ou para a estratificação do doente. O uso de cintilografia do bolia pulmonar e no pneumotórax, a dor é ventilatorio-
miocárdio deve ser reservado para casos em que a inter- dependente. A dor da esofagite pode mimetizar a síndro-
pretação do ecocardiograma esteja prejudicada como em me coronariana aguda, mas não é a principal hipótese no
pacientes com grande SVE, ou com resultados equívocos no caso, sobretudo porque não pode ser desencadeada por
teste de esforço. A realização de enzimas cardíacas não se esforços físicos.
justifica, pois o paciente não apresenta quadro agudo de
Gabarito= C
coronariopatia. Ele apresenta, ainda, quadro de dispneia
que justifica a investigação de ICC com ecocardiograma.
Questão 144. As questões verdadeiras são autoexplicati-
Gabarito= A vas. Dentre os pacientes com SIASSST, há pacientes de risco
baixo, intermediário e alto; após essa classificação é que se
deve decidir por estratificação com coronariografia (alto
Síndromes miocárdicas isquêmicas risco ou risco intermediário, a depender do perfil institucio-
instáveis nal). Pacientes de baixo risco, em geral, não necessitam de
internação em unidade coronariana nem de coronariografia
Questão 141. O paciente já tinha um diagnóstico de infarto em todos os casos. Todos os pacientes com SIACSSST, caso
agudo do miocárdio há 6 dias. Portanto, não é possível afir- se afaste angina de Prinzmetal (ou angina variante, que é

287
COMENTÁRIOS

rara) devem ser submetidos a tratamento fibrinolítico ou aqueles com sangramento ativo, hemofilia e úlcera péptica
a angioplastia primária, a depender da disponibilidade do ativa. Além disso, a dose recomendada é de 160 a 325mg.
serviço. b) Incorreta. A recanalização precoce da artéria responsável
Gabarito= B pelo infarto limita a necrose miocárdica e reduz a mortali-
dade.
Questão 145. Um dos conceitos da terapêutica de reperfu- c) Incorreta. O uso do fibrinolítico nas primeiras horas leva
são coronariana na Emergência é o tratamento da artéria a redução da mortalidade.
culpada pelo infarto neste 1Q momento. Nesse caso, o su- d) Correta. A angioplastia primária é a melhor opção para
pradesnivelamento do segmento ST está descrito em 02, reperfusão coronariana, mas deve-se ter cuidado com o
03 e aVF, o que representa que a parede inferior do miocár- tempo que se leva para o procedimento, pois o beneficio
dio esteja afetada. A coronária responsável pela irrigação é atingido se realizada em até 90 minutos do diagnóstico.
desta parede é a direita, por isso a alternativa correta é "a" Gabarito= O
(angioplastia somente da CD).
As indicações de revascularização na Emergência são revas- Questão 149. O paciente possui vários fatores de risco
cularização associada ao tratamento de complicação mecâ- importantes para doença arterial coronariana- idade, hi-
nica (ruptura da parede livre; comunicação interventricular; pertensão e diabetes. O maior preditor de eventos coro-
rotura musculopapilar), isquemia recorrente em anatomia narianos é a caracterização da dor torácica. A dor torácica
não passível de angioplastia, revascularização pós-angio- descrita é típica, iniciada em repouso >20 minutos, mas
plastia sem sucesso, lesões multiarteriais e choque cardio- com caráter intermitente. Esse relato, associado aos fato-
gênico. res de risco, determina que o paciente tenha o diagnósti-
Gabarito= A co de angina instável. A estratificação de risco da última
diretriz de angina instável e IAMSST caracteriza este pa-
Questão 146. O quadro clínico descrito e o eletrocardiogra- ciente com risco intermediário. E o risco classificado aos
ma são compatíveis com infarto agudo do miocárdio aco- pacientes com angina instável é o de evolução para infarto
metendo a parede anterior. do miocárdio e óbito, portanto devem ser internados em
- Morfina: correta para analgesia e diminuição da descarga ambiente de terapia intensiva para terem eletrocardiogra-
adrenérgica; ma seriado/monitorizado; marcadores seriados e obser-
- Oxigênio: indicado para todos os pacientes nas primeiras vação clínica enquanto recebem o tratamento para conter
horas e de modo contínuo somente para aqueles com angina, consumo de oxigênio miocárdico e antiagregação
congestão pulmonar; plaquetária.
- Nitrato: não é indicado devido ao relato do uso prévio de Gabarito= B
um inibidor da 5-fosfodiesterase;
-Ácido acetilsalicílico: indicado como antiagregante pla- Questão 150. O supradesnivelamento do segmento ST
quetário; pode ocorrer na síndrome coronariana aguda, normal-
- Betabloqueador: é indicado porque a frequência cardíaca mente limitado a algumas derivações eletrocardiográfi-
de 89bpm aumenta o consumo de oxigênio do miocárdio cas, o que ajuda a localizar a parede acometida e até a
e o paciente não apresenta congestão pulmonar. artéria responsável provável, mas também pode aconte-
Gabarito= C cer na pericardite aguda, geralmente não limitada a algu-
mas derivações, ocorrendo difusamente. Outra forma de
Questão 147. O quadro é compatível com infarto agudo do diferenciação, é a concavidade do supradesnivelamento,
miocárdio que acomete o ventrículo direito- infarto agudo para baixo na insuficiência coronariana, para cima na pe-
do miocárdio com queda da PA, estase jugular e pulmões ricardite aguda. No tamponamento cardíaco a alteração
limpos à ausculta. O ECG mostra supradesnivelamento nas no eletrocardiograma (ECG) é de diminuição difusa da am-
paredes inferior, lateral e em V4r (derivação precordial plitude dos complexos QRS, podendo haver alternância de
direita). A conduta para recuperação da PA nesse tipo de amplitude, caracterizando o "swinging heart". A embolia
infarto é a reposição volêmica, pois o ventrículo direito en- pulmonar, quando de magnitude suficiente para alterar o
fraquecido por aquele necessitará de maior pressão hidros- ECG, caracterizando cor pu/mona/e agudo, é caracterizada
tática para levar o sangue a circulação pulmonar e gerar pelo padrão S1-Q3-T3, isto é, onda S na derivação 01, Q
débito adequado para o ventrículo esquerdo. em 03 e T negativo em 03, pelo desvio do eixo elétrico
Gabarito= C para a direita. Quanto à endocardite, as alterações no ECG
são as relacionadas à valvopatia de base, sendo que alte-
Questão 148. Analisando as alternativas: rações mais específicas, com o bloqueio atrioventricular
a) Incorreta. O ácido acetilsalicílico não deve ser adminis- de 1Q grau, são indicativas de abscesso de anel, uma com-
trado a todos os pacientes com infarto agudo do miocár- plicação.
dio - com exceção dos indivíduos alérgicos à medicação e Gabarito= A

288
CARDIOLOGIA

Questão 151. AINEs no caso de pericardite aguda são con- le da dor, sem implicar redução da mortalidade. Seu maior
traindicados na insuficiência coronariana aguda. As alterna- beneficio clínico está relacionado ao efeito venodilatador,
tivas restantes são relacionadas a infarto agudo do miocár- levando a diminuição da pré-carga e do volume diastólico
dio com supradesnivelamento do segmento ST, sendo o uso final do ventrículo esquerdo, resultando em diminuição do
de fibrinolítico (1 apenas), heparina e ácido acetilsalicílico a consumo miocárdico de oxigênio. Além disso, os nitratos
melhor opção. dilatam as coronárias e aumentam o fluxo nos colaterais
Gabarito= C coronarianos.
Gabarito= C
Questão 152. A característica da dor já deixa de ser consi-
derada angina estável, passando a ser caracterizada como Questão 154. Há supradesnivelamento do segmento ST em
angina instável llb. Alto risco para eventos cardiovascula- 011, 0111 e aVF, com um esboço de imagem "em espelho" em
res maiores (TIMI 4), com prova funcional positiva para is- DI e aVL. Trata-se de infarto agudo do miocárdio com supra-
quemia (teste ergométrico positivo por critérios eletrocar- -ST e necessidade de cinecoronariografia ou de trombólise,
diográficos e clínicos), inclusive em carga de esforço baixa caso não haja contraindicação.
(positivo já no 1º estágio do teste), tem alta probabilidade Gabarito= D
de lesões coronarianas obstrutivas graves, com indicação
classe I para estratificação invasiva, além de coronariogra- Questão 155. Mesmo úlcera péptica ativa é contraindicação
fia. A ventriculografia é parte do exame, a fim de avaliar a relativa, portanto história de úlcera péptica não é contrain-
existência de disfunção contrátil segmentar, desde que não dicação. Todas as outras possibilidades são contraindica-
haja contraindicação, principalmente renal. ções absolutas, pelo importante risco de sangramento.
A dose de 200mg de ácido acetilsalicílico só é útil na vigên- Gabarito= C
cia de síndrome coronariana aguda, bem como o clopido-
grel, que também será utilizado até 1 ano após um infarto Questão 156. Paciente com muitos fatores de risco cardiovas-
agudo do miocárdio, 1 mês após implante de stent não eluí- cular que, pela descrição, tem angina pectoris. Faltam dados
do ou 1 ano após implante de stent farmacológico. em relação à intensidade e duração da dor que pudessem
A paciente de alto risco, não deve ser protelada a estratifi- sugerir IAM, necessitando de confirmação com dosagem de
cação invasiva em detrimento da otimização de tratamento marcadores de necrose miocárdica. DRGE em geral tem rela-
clinico, como a trimetazidina. ção com alimentos e pode acontecer à noite, com o pacien-
Como já há uma prova funcional indubitavelmente positi- te em decúbito supino, mas não tem relação com esforços.
va para isquemia, não há sentido em solicitar outra prova Trauma de tórax não é referido pelo paciente, portanto não
funcional em detrimento da estratificação invasiva. A quan- pode ser a causa da dor; além disso não teria caráter progres-
tificação da isquemia teria valor se o quadro pudesse ser sivo e relação com esforços. Pancreatite pode ser causa de
entendido como angina estável, uma vez que o braço de dor torácica, mas normalmente a dor fica localizada em re-
medicina nuclear do estudo COURAGE mostrou que, em pa- gião epigástrica e terço inferior de esterno, além de haver dor
cientes com carga isquêmica menor que 10% na cintilogra- em hipocôndrios; também não tem relação com esforços.
fia de perfusão miocárdica, tratamento com medicamentos Gabarito= B
ou angioplastia percutânea não teve diferença em termos
de desfechos duros, com alguma vantagem do segundo em Questão 157. O infarto agudo do miocárdio do ventrículo
relação ao controle da dor. direito cursa com a tríade clássica de hipotensão, campos
Trocar atenolol por carvedilol só faria sentido na presença pulmonares limpos e elevação da pressão venosa jugular na
de disfunção ventricular esquerda, o que não foi citado . A presença de infarto da parede inferior. Esses sinais são mui-
troca de sinvastatina por atorvastatina só teria sentido se o to específicos, mas pouco sensíveis. O sinal de Kussmaul,
paciente permanecesse com colesterol LDL >70mg/dl após que é a distensão das veias jugulares durante a inspiração,
dose máxima de sinvastatina, o que também não é citado. pode ser observado. A hipofonese de bulhas não é obser-
O ecocardiograma é útil para avaliar a função global do ven- vada. O uso de nitratos é contraindicado porque reduz a
trículo esquerdo e a presença de déficit contrátil segmen- pré-carga, piorando o débito do ventrículo direito e as con-
tar, mas nesse caso não tem precedência sobre o estudo dições hemodinâmicas.
invasivo. Gabarito= B
Trata-se de uma questão que reflete bem a prática cardioló-
gica diária. A alternativa correta é a "d". Questão 158. Analisando as alternativas:
Gabarito= D a) Incorreta. O paciente em questão apresenta PA limítrofe
e não há sinais de congestão, sendo a solução salina reco-
Questão 153. Todas as drogas citadas são úteis na síndrome mendada para a melhora da PA.
coronariana aguda sem elevação do segmento ST, porém b), c) e e) Incorretas. O eletrocardiograma apresenta supra-
os nitratos têm apenas função anti-isquêmica, para contra- desnivelamento do segmento ST em derivações inferolate-

289
COMENTÁRIOS

rais caracterizando, associado ao quadro clínico, o infarto d) O supradesnivelamento do segmento ST em Dll, Dlll e
agudo do miocárdio com supra-ST. O paciente deve receber AVF sugere IAM da parede inferior, e não anterosseptal.
ácido acetilsalicílico, clopidogrel e terapia de reperfusão. e) Existe um supradesnivelamento do segmento ST em DI I,
d) Correta. Os nitratos estão contraindicados a hipotensos, Dlll e AVF, e não infradesnivelamento.
além disso todo paciente com supra-ST em derivações infe- Gabarito= B
riores deve realizar um eletrocardiograma com derivações
direitas para excluir infarto agudo do miocárdio do ventrí- Questão 162. Analisando as afirmativas:
culo direito, antes de utilizar nitroglicerina. I- Sim, na suspeita de IAM, o ECG deve ser repetido caso o
Gabarito= D 1º se apresentar normal.
11- Sim, é autoexplicativa.
Questão 159. Analisando as alternativas: 111- Não, a CK-MB eleva-se de 3 a 12 horas e tem um pico
e) Incorreta. Não existe tempo máximo de indicação de an- em 24 horas, retornando ao normal em 48 a 72 horas.
gioplastia de resgate. IV- Sim, o ácido acetilsalicílico deve ser administrado a to-
a), b), c) e d) Corretas. Todas as condições que sugiram is- dos os pacientes na suspeita de infarto agudo do miocárdio.
quemia miocárdica residual após trombólise (dor persisten- Trata-se de uma medicação que reduz a mortalidade.
V - Sim, é recomendada a administração de 0 2 puro, ou
te, instabilidade hemodinâmica, manutenção ou aumento
seja, a 100% através de cateter nasal ou máscara quando
do supradesnivelamento do segmento ST após trombólise)
documentada Sat0 2 <90%.
têm indicação de angioplastia de resgate.
Gabarito= A
Gabarito= E

Questão 163. Analisando as alternativas:


Questão 160. Analisando as alternativas:
a) Sim, os marcadores de lesão miocárdica são úteis para o
a) Incorreta. Pacientes com IAM sem supra-ST recebem
diagnóstico de infarto agudo do miocárdio, bem como po-
terapia antiplaquetária, sendo que a trombólise e a angio-
dem demonstrar o tamanho do dano ao ventrículo e com-
plastia primária de urgência não se mostraram superiores
plicações.
ao tratamento-padrão. O estudo hemodinâmico pode ser
b) Sim, a CK-MB e a troponina têm sensibilidades semelhan-
realizado nas primeiras 48 horas pós-infarto, já o tratamen-
tes para a detecção do infarto agudo do miocárdio.
to do IAM com supra-ST deve considerar terapia de reperfu- c) Os ensaios mais modernos de troponina aumentaram
são imediata- trombolítico ou angioplastia primária. significativamente a sua especificidade, entretanto podem
b) Incorreta. Como a troponina permanece elevada por existir falsos positivos para lesão de musculatura estriada
cerca de 7 dias após o infarto, não pode ser utilizada como cardíaca.
marcador de reinfarto; para esse fim, a CK-MB deveria ser d) Sim, a dosagem repetitiva permitirá detectar pacientes
utilizada, já que, neste período, um novo aumento decorre- em que uma única dosagem tenha sido normal.
ria de nova isquemia e não do evento anterior. e) Sim, a troponina mantém-se elevada por 7 a 14 dias pós-
c) Correta. O benefício do cateterismo em relação ao trom- -infarto agudo do miocárdio, auxiliando na detecção tardia
bolítico é mais claro em quem se apresenta após 3 horas do deste.
início dos sintomas e, independente do tempo de apresen- Gabarito= C
tação, é o tratamento de escolha àqueles com infarto com
supra-ST. Questão 164. Analisando as alternativas:
d) Incorreta. Independente do tipo de infarto, os pacientes a), b) e d) Este é um fator de risco cardiovascular tradicio-
sem sangramento ativo ou alergia deverão estar em vigên- nal, detectado pelos estudos de Framingham.
cia de ácido acetilsalicílico e clopidogrel. Não há evidência c) O correto seria: mulheres acima de 55 anos e homens
de aumento de sangramentos maiores com o uso prévio acima de 45 anos apresentam aumento de risco para DAC.
dessas medicações e do cateterismo. Gabarito= C
e) Incorreta. O trombolítico é uma terapia de reperfusão
restrita a pacientes com elevação do segmento ST, sem de- Questão 165. Analisando as alternativas:
monstrar benefício àqueles sem supradesnível de ST. a) Não, esta condição só está presente em países subdesen-
Gabarito= C volvidos da América.
b) Como a coronariopatia é uma condição muito frequen-
Questão 161. Analisando as alternativas: te, é a responsável pelo maior número de casos de morte
a) e c) O supradesnivelamento do segmento ST em DI I, Dlll súbita.
e AVF sugere infarto agudo do miocárdio da parede inferior, c) Pode ser responsável por casos de morte súbita, entre-
e não anterior. tanto, por ser uma condição muito menos frequente que
b) O supradesnivelamento do segmento ST em Dll, Dlll e a coronariopatia, não é a condição mais comum causadora
AVF sugere IAM da parede inferior. de morte súbita.

290
CARDIOLOGIA

d) Esta é uma condição rara; na maior casuística, sua fre- Questão 170. O diagnóstico de síndrome coronariana agu-
quência é de 0,6% numa região de agregação familiar da da depende de 3 fatores : apresentação clínica, eletrocar-
Itália. diograma e alterações de enzimas cardíacas, assim a alter-
Gabarito= B nativa "b" é correta. Os fatores de risco aumentam a pro-
babilidade do diagnóstico, mas esse não é um dos critérios
Questão 166. Analisando as alternativas: diagnósticos de síndrome coronariana aguda; a cintilografia
a), b) e e) Este paciente apresenta síndrome coronariana é um ótimo exame não invasivo para diagnóstico em casos
aguda sem supra-ST. Como a troponina está elevada e há duvidosos e estratificação, e a cineangiocoronariografia ser-
um quadro sugestivo de isquemia coronariana, o diagnósti- ve tanto para diagnóstico como para estratificação de risco
co é infarto agudo do miocárdio sem supra-ST. Os pacientes e tratamento .
devem receber antiagregação plena com ácido acetilsalicíli- Gabarito= B
co e clopidogrel, e, se houver dor refratária a nitrato, haverá
indicação de morfina. Questão 171. Para o infarto agudo do miocárdio com su-
c) O betabloqueador deverá ser iniciado por via oral nas pri- pra-ST, a abertura da artéria acometida é mandatária . Me-
meiras 24 horas de admissão, se não houver contraindica- lhores resultados são obtidos com angioplastia primária,
ção. E o trombolítico está recomendado apenas quando há principalmente quando ocorre na parede anterior, onde a
trombose coronariana, representada pelo supra-ST. patência da artéria coronária está associada a um melhor
Gabarito= o prognóstico. A trombólise poderia ser aplicada, porém o ín-
dice de patência arterial é menor. E a revascularização de
Questão 167. Analisando as alternativas : emergência seria indicada caso não fosse alcançada a pa-
a) Incorreta . Foi demonstrado que o uso de betabloquea- tência arterial pela angioplastia .
dores no infarto agudo do miocárdio reduz a mortalidade. Gabarito= B
b) Sim, o uso de ácido acetilsalicílico deve ser a droga de 1ª
escolha no infarto agudo do miocárdio. Questão 172. A história traz um quadro clínico inespecífico
c) Não, deve ser iniciada nos casos que apresentem conco- associado ao sinal de Kussmaul, o aumento inspiratório da
mitante HAS, ou sinais de insuficiência cardíaca congestiva, pressão venosa notada no pulso venoso jugular, associado
redução da fração de ejeção ao ecocardiograma. à disfunção do ventrículo direito, entre outras situações
d) Não, os trombolíticos são indicados aos casos de infarto (pericardite constritiva, tamponamento cardíaco). O ele-
agudo do miocárdio com supradesnivelamento ou de blo- trocardiograma mostra ritmo sinusal, bloqueio do 1º grau,
queio do ramo esquerdo ao eletrocard iograma . bloqueio divisional anterossuperior esquerdo e bloqueio do
Gabarito= B ramo direito, este último um achado presente em parte dos
pacientes com diagnóstico de tromboembolismo pulmonar.
Questão 168. Analisando as alternativas: Longos períodos de repouso podem levar à trombose ve-
a) A mioglobina é pouco específica, presente em condições nosa profunda e, subsequentemente, tromboembolismo
que acometem a musculatura estriada esquelética. A CPK pulmonar, o diagnóstico mais provável para o caso. Como
total está aumentada em diversas condições, incluindo car- o paciente apresenta sinais de insuficiência do ventrículo
díacas e hepáticas e em lesões do intestino e do cérebro . direito, estariam indicadas trombólise e manutenção de he-
b) A troponina não sobe no reinfarto . parina não fracionada . As demais opções não fazem parte
c) A mioglobina é pouco específica e está presente em con- do tratamento do tromboembolismo pulmonar e não têm
dições que acometem a musculatura estriada esquelética . indicação nesse caso .
d) Sim, a CK-MB é excelente para a avaliação do reinfarto, Gabarito= C
e a troponina, para a confirmação de infarto agudo do mio-
cárdio agudo. Questão 173. O paciente apresenta fatores de risco para
Gabarito= E doença cardiovascular (tabagismo e hipertensão arterial) e
quadro clínico típico de isquemia miocárdica.
Questão 169. O paciente apresenta infarto agudo do mio- Analisando as alternativas:
cárdio com supra-ST da parede anterior extenso associado a) Correta. Foi apresentado um eletrocardiograma com blo-
ao quadro clínico compatível com o diagnóstico. Em virtude queio do ramo esquerdo, e o paciente deve ser conduzido
do acidente vascular cerebral recente, a trombólise sistê- da mesma maneira que um infarto agudo do miocárdio com
mica está contraindicada, e resta a opção de angioplastia supradesnivelamento do segmento ST, assim irá receber
primária percutânea . O diagnóstico diferencial de dissecção ácido acetilsalicílico, heparina, clopidogrel e, preferencial-
da aorta deve ser sempre levado em conta, mas o quadro mente, ser submetido à angioplastia primária.
apresentado efetivamente justifica a queixa de dor torácica c) e d) Incorretas. Se não houver hemodinâmica disponível,
e o eletrocardiograma encontrado. estará indicado controle pressórico, além de trombólise
Gabarito= A química se não houver contraindicação. A resposta deve

291
COMENTÁRIOS

obrigatoriamente incluir um meio de reperfusão (químico não permite classificar o evento em IAM com ou sem supra-
ou mecânico). -ST, no entanto não demonstra alterações isquêmicas agudas
b) Incorreta. A PA limítrofe limita o uso de trombólise quí- (infra ou supra-ST), não sugerindo isquemia recorrente.
mica imediata, sendo necessário um nível pressórico menor Gabarito= B
para seu início.
Gabarito= A
Parada cardiorrespiratória
Questão 174. Analisando as alternativas:
a) e b) Incorretas. Segundo as últimas diretrizes de infarto Questão 177. Nos algoritmos atuais de atendimento à para-
agudo do miocárdio sem supra e angina instável, a CPK e da cardiorrespiratória em adultos que não sejam vítimas de
CK-MB têm sensibilidade de 97% e especificidade de 90% politrauma, as intervenções mais importantes são massagem
para o diagnóstico. cardíaca de qualidade e desfibrilação precoce. Ainda não
c) Incorreta. O pico se dá em 24 horas, mantendo-se alte- foram demonstrados benefícios claros com vasopressores,
radas por 2 a 3 dias, por isso são úteis no diagnóstico de nem com a intubação orotraqueal. Por isso, não se deve pro-
reinfarto. crastinar ou interromper massagem cardíaca ou desfibrilação
d) Incorreta. A fração CK-MB pode alterar-se em pacientes em prol de manobras de intubação ou da administração de
com insuficiência cardíaca descompensada, miocardite, vasopressores. As demais alternativas estão corretas.
miopericardite e choque, entre outras causas. Gabarito= C
e) Correta. E a relação CK-MB-2/CK-MB-1 melhora a sensi-
bilidade do método. Questão 178. Após testemunharmos uma perda da cons-
Gabarito= E ciência, devemos avaliar a responsividade do paciente; caso
não esteja responsivo, o próximo passo é chamar ajuda com
Questão 175. O diagnóstico diferencial deve incluir, como desfibrilador, retornar ao paciente e iniciar compressões to-
causas mais prováveis, o infarto agudo do miocárdio e a dis- rácicas na ausência de pulso ou sinais de circulação, alter-
secção aguda da aorta. A dor torácica irradiada para o dorso nando com ventilações à razão de 30:2.
e o aumento do mediastino no raio x de tórax associados a Gabarito= E
um eletrocardiograma não diagnóstico fazem da dissecção
a análise mais provável. Questão 179. Analisando as alternativas:
Analisando as alternativas: a) Incorreta. O atendimento primário do ACLS agora se ini-
a) e b) Incorretas. Trombólise - que já não tem indicação cia com a letra C e prioriza as contrações torácicas em rela-
por não haver supra-ST ao eletrocardiograma -e heparina ção à abertura das vias aéreas e à ventilação.
estão contraindicadas até a exclusão desse diagnóstico. b) Incorreta. O esterno deve ser comprimido, no mínimo,
c) Incorreta. Pacientes com suspeita de dissecção devem Sem, ou 2 polegadas.
ser investigados rapidamente, pois a mortalidade aumenta c) Correta. A atropina saiu do algoritmo de assistolia e ativi-
exponencialmente com a demora do diagnóstico e trata- dade elétrica sem pulso.
mento, não devendo aguardar enzimas para tal. d) Incorreta. A vasopressina não é superior à adrenalina.
d) Correta e e) Incorreta. A angiografia de urgência deveria Gabarito= C
ser indicada caso o eletrocardiograma mostrasse supra-ST,
com objetivo de angioplastia primária, e pode ser útil no Questão 180. Segundo as diretrizes de 2010 da American
diagnóstico de dissecção, porém a angiotomografia de tó- Heart Association para conduta em ressuscitação cardiopul-
rax e o ecocardiograma transesofágico são exames que con- monar, a proporção entre massagem cardíaca e ventilação
seguem definir o diagnóstico com ótima acurácia, além de é de 30/2. A prioridade de abordagem é com compressões
serem mais rápidos e terem menos riscos associados. torácicas, devendo-se evitar a hiperventilação.
Gabarito= D Gabarito= A

Questão 176. É comum a apresentação sem dor de isque- Questão 181. O uso de medicações via cânula vem sendo re-
mia miocárdica no paciente diabético. A descompensação do vista, sendo a via intraóssea mais eficaz, porém demandando
diabetes mellitus (hipo ou hiperglicemia), sem causa aparen- maior treinamento da equipe. As doses devem ser maiores
te, demanda a investigação de síndrome coronariana aguda. que as intravenosas. O bicarbonato de sódio deve ser utili-
Trata-se de quadros clínico e eletrocardiográfico de infarto zado apenas quando se demonstra acidose metabólica e in-
agudo do miocárdio em evolução (a parede acometida deve travenoso. A atropina tem tido uso mais restrito, não tendo
ser a inferior por apresentar área eletricamente inativa em mais indicação na atividade elétrica sem pulso. A amiodaro-
Dlll - aVF), complicado por insuficiência cardíaca leve. O in- na poderia ser usada nesse caso, mas não pela cânula. Os
farto ocorreu, como comprovam as enzimas cardíacas e o fármacos vasoativos podem ser utilizados por essa via.
quadro clínico sugestivo. O eletrocardiograma apresentado Gabarito= B

292
CARDIOLOGIA

Questão 182. Analisando as afirmativas: Questão 186. Analisando as alternativas:


1- A paciente em fibrilação ventricular, e tão logo seja apli- a) Incorreta. De acordo com a Diretriz 2010 da Amerícan
cado o choque devem ser reiniciadas as compressões to- Heart Assocíation, a adenosina pode ser administrada ini-
rácicas, com checagem de ritmo e pulso somente ao final cialmente a pacientes com complexos QRS largos e regula-
desse ciclo de compressões. res, desde que estejam estáveis e com PA normal.
11- Sempre ao final de cada ciclo, que deve durar 2 minutos, b) Incorreta. A atropina não está mais no protocolo de aten-
deve ser feita a checagem de ritmo e pulso, em não me- dimento de parada cardiorrespiratória em atividade elétrica
nos que 5 segundos, porém em não mais que 10 segundos. sem pulso ou assistolia.
Além disso, na presença de linha reta no monitor, é neces- c) Incorreta. A capnografia teve grande ênfase nesta di-
sário checar cabos, ganho e derivação do monitor, para não retriz não apenas para certificação da posição correta do
considerar erroneamente o caso como assistolia. tubo orotraqueal, mas também para avaliação da eficácia
111 - Paciente parado em ritmo de TV deve receber desfi- das compressões e como marcador de retorno à circulação
brilação (choque assíncrono) e não cardioversão (choque espontânea.
sincronizado com o QRS), com 200J no sistema bifásico ou d) Correta. A hipotermia induzida é parte importante dos
360J no monofásico. cuidados pós-parada e deve ser realizada, conforme descri-
IV - O uso de atropina nos ritmos não chocáveis era reco- to na questão, em centros com protocolo estabelecido.
mendado pelo algoritmo do Advanced Cardíovascular Life e) Incorreta. Já foi demonstrado benefício da terapia trom-
Support de 2005. A partir de 2010, a droga foi abolida no bolítica para o acidente vascular cerebral isquêmico se utili-
manejo da parada cardiorrespiratória de qualquer ritmo. zada até 4,5 horas do início dos sintomas, desde que respei-
Gabarito= A tados alguns critérios específicos.
Gabarito= D
Questão 183. O algoritmo do Advanced Cardíovascular Life
Support (ACLS®) é bem claro: para casos de bradicardia ins- Questão 187. Analisando as alternativas:
tável, independente da causa, está indicada estimulação a) Correta. A incorporação dos cuidados pós-PCR na cadeia
cardíaca artificial com marca-passo temporário. A atropina de sobrevivência foi uma das alterações da diretriz de 2010.
pode ser utilizada em bolus de 0,25mg, mesmo assim seu Como destaque, a hipotermia induzida e a investigação in-
uso é questionável. A noradrenalina tem efeito predomi- vasiva de isquemia são as principais ações a serem cogita-
nantemente alfa-adrenérgico, sendo pouco útil nesses ca- das neste período.
sos, por isso está fora do algoritmo do ACLS® para bradicar- b) Incorreta. A frequência correta de ventilação para pa-
dia instável. A alternativa mais incorreta é a "c". cientes em PCR é de 8 a 10 ventilações/min ou 1 ventilação
Gabarito= C a cada 6 a 8 segundos. De 10 a 12 ventilações por minuto
devem ser realizadas a pacientes em parada respiratória e
Questão 184. Epinefrina e vasopressina são drogas que com pulso presente.
devem ser usadas no suporte à parada cardiorrespirató- c) Incorreta. Pacientes em PCR por assistolia ou atividade
ria, independente do ritmo. A amiodarona pode ser usada elétrica sem pulso não se beneficiam de desfibrilação.
quando a parada ocorre em ritmos chocáveis - fibrilação d) Incorreta. O ABC foi substituído na Diretriz 2010 pelo CAB
ventricular ou taquicardia ventricular - em ciclos alterna- (C - Círculation, A - Airways e B - Breathíng), iniciando a
dos com epinefrina ou vasopressina, em bolus de 300mg compressão torácica imediatamente após a constatação de
na 1ª dose e 150mg nas demais. Não deve ser utilizada na ausência de pulso.
atividade elétrica sem pulso ou na assistolia. A atropina foi e) Incorreta. A frequência mínima de compressão é de 100/
abolida dos algoritmos de atividade elétrica sem pulso e as- min, podendo ser mais rápida desde que respeitados a pro-
sistolia em 2010. fundidade mínima de Sem e o retorno completo do tórax
Gabarito= E entre as compressões.
Gabarito= A
Questão 185. Com relação às diretrizes de 2005, as de 2010
da Amerícan Heart Association para ressuscitação cardio- Questão 188. Analisando as alternativas:
pulmonar alteraram a sequência do suporte básico de vida . a) Não, é utilizada a desfibrilação, e não a cardioversão elé-
O procedimento de "ver, ouvir e sentir se há respiração", trica sincronizada.
seguido de 2 ventilações de resgate, foi substituído pelo iní- b) Sim, a questão é autoexplicativa.
cio precoce das compressões torácicas, que só devem ser c) Não, é utilizada a desfibrilação e não a cardioversão elé-
interrompidas para a desfibrilação. No caso do desfibrilador trica sincronizada em casos de taquicardia ventricular sem
citado, bifásico, a carga deve ser de 200J. Se fosse mono- pulso.
fásico, seria de 360J. A via aérea avançada vem depois, o d) Não, é utilizada a desfibrilação e não a cardioversão elé-
mesmo acontecendo com a medicação. trica sincronizada em casos de fibrilação ventricular ou ta-
Gabarito= C quicardia ventricular sem pulso.

293
[}li"'~ COMENTÁRIOS
e) Não, é utilizada a cardioversão elétrica sincronizada nes- Questão 193. Na PCR por fibrilação ventricular, o trata-
ses casos. A desfibrilação poderia gerar arritmias e instabi- mento de escolha é a desfibrilação imediata. Enquan-
lidade. to se prepara o desfibrilador, o suporte básico de vida
Gabarito= B com massagem cardíaca externa e ventilação assistida é
mandatário. Após o choque, recomenda-se a aplicação
Questão 189. Analisando as alternativas: de medidas de suporte avançado de vida como a moni-
a) Sim, existe a necessidade de uma via de acesso venoso torização, a ventilação assistida com intubação traqueal
na parada cardíaca, e esta, geralmente, inclui uma veia pe- e a administração intravenosa de adrenalina ou de vaso-
riférica. pressina.
b) Sim, existe a necessidade de uma via de acesso venoso Gabarito= C
na parada cardíaca, e, caso o paciente já esteja com acesso
venoso central, essa via pode ser prontamente utilizada. Questão 194. O paciente está apresentando uma taqui-
c) Não há necessidade de sonda gástrica durante o suporte cardia de QRS estreito, sem onda P e com ritmo irregu-
avançado de vida da parada cardíaca. lar, o que faz pensar no diagnóstico de FA. A pergunta a
d) Sim, durante a parada cardíaca é necessário garantir as seguir é: está instável? Neste caso, apresenta 2 sinais de
vias aéreas com a cânula endotraqueal. instabilidade, a hipotensão e o quadro clínico de síndro-
Gabarito= C me coronariana, o que leva à conduta de cardioversão
elétrica imediata.
Questão 190. Na PCR, bicarbonato de sódio deve ser admi- Gabarito= C
nistrado na acidose metabólica, e também pode ser indicado
na parada de pacientes com hipercalemia, sendo a 2ª opção Questão 195. Esta paciente apresenta um quadro típico an-
após os sais de cálcio, e na intoxicação por antidepressivos ginoso, na vigência de fatores de risco típicos (tabagismo,
tricíclicos. A adrenalina é indicada na PCR por sua ação vaso- hipertensão, diabetes mellitus - evidenciados pelas medi-
pressora, sendo seu efeito inotrópico de menor beneficio. A cações tomadas - e idade mais avançada). Além disso, é
duração da ação das drogas infundidas por via intraóssea é provável que venha desenvolvendo uma bronquite crônica
similar à da via intravenosa. A adrenalina, junto com a atro- ou ICC - 2 episódios de aumento de tosse e dispneia nos
pina e a lidocaína, pode ser oferecida por via endotraqueal, últimos 6 meses. Nesse momento, devemos levar a pacien-
mas essa dose é usualmente 2 vezes maior que na via intra- te para a sala de emergência e, levando em conta a regra
venosa; durante a PCR por AESP, após o uso da adrenalina, mnemônica MONAB, considerar as melhores condutas.
é importante reverter as possíveis causas; a pacientes com 1- Morfina- paciente sem dor no momento, portanto sem
hipercalemia, os sais de cálcio são a droga de escolha. indicação.
Gabarito= E 2- Oxigênio- sempre deve ser administrado em baixas do-
ses, mesmo no paciente eupneico e com saturação de oxi-
Questão 191. O correto posicionamento das pás durante a gênio normal, para aumentar a oferta de 0 2 •
desfibrilação é um dos determinantes da reversão das ar- 3 - Nitrato - paciente sem dor e com PA normal, portanto
ritmias. A posição correta de aplicação de choque é a co- sem indicação no momento.
locação das pás na região infraclavicular direita e na linha 4 - Ácido acetilsalicílico - por diminuir mortalidade deve
inframamária esquerda, fazendo que o choque atravesse o sempre ser dada a todo paciente com SCA, na dose de 162
coração. a 325mg mastigados para rápida absorção, exceto em pa-
Gabarito= A ciente alérgico ou com sangramento ativo.
5 - Betabloqueador- paciente sem dor, com FC e PA nor-
Questão 192. A quebra da cadeia de sobrevida compromete mais, portanto sem indicação de uso no momento.
o melhor resultado no atendimento da parada cardiorrespi- Gabarito= E
ratória. A falta da massagem cardíaca externa e da ventilação
assistida determina o aumento da mortalidade, assim como o Questão 196. Quando estamos diante de uma parada car-
retardo na desfibrilação, quando indicada. O SAV é acionado diorrespiratória em fibrilação ventricular ou uma taqui-
logo no início do suporte básico, ao chamar pelo sistema de cardia ventricular sem pulso, as medidas que impactam
emergência, e deve ser utilizado o quanto antes, idealmente em melhor sucesso na reanimação cardiopulmonar são a
em menos de 15 minutos do início do evento. A aplicação da desfibrilação, caso seja feita dentro dos primeiros 5 minu-
via aérea avançada não faz parte do SBV e não é essencial nes- tos, e, depois disso, as compressões torácicas. Como após 2
se momento do suporte de vida. A frequência de compressões choques o paciente não retornou à circulação espontânea,
torácicas deve ser <:100 compressões/min; as ventilações de- a melhor conduta que pode impactar no sucesso da rea-
vem ter a frequência de 10 a 12/min com o paciente não intu- nimação é a aplicação imediata de massagem cardíaca, à
bado, e de 6 a 8/min com o paciente intubado. frequência de no mínimo 100/min.
Gabarito= E Gabarito= A

294
CARDIOLOGIA

Insuficiência cardíaca congestiva Questão 202. Analisando as alternativas:


a) Incorreta. Não há motivo para a troca do ácido acetilsali-
Questão 197. O sinal de Romana está associado ao diagnós- cílico pelo clopidogrel nesta situação.
tico de infestação aguda pelo Trypanosoma cruzi, mas não b) e d) Incorretas. O anlodipino é um bloqueador de canal
ao seu prognóstico. Todos os demais achados guardam re- de cálcio diidropiridínico que leva a intensa vasodilatação
lação com prognóstico. e taquicardia reflexa, podendo agravar o quadro descrito.
c) Correta. A associação do antagonista da aldosterona (es-
Gabarito= E
pironolactona) está indicada a pacientes com insuficiência
cardíaca classes 111 ou IV e FE <35%, com eficácia comprova-
Questão 198. O quadro é bastante sugestivo de tromboem-
da na redução de mortalidade. Nesse caso, ainda está indi-
bolismo venoso, não só pelo quadro de dor torácica ventila-
cada a digoxina para o controle dos sintomas.
toriodependente e insuficiência cardíaca direita, mas tam-
e) Incorreta. Não existe indicação de troca do ácido acetilsa-
bém pelo contexto de puerpério, uma situação altamente
licílico pelo clopidogrel, e a introdução do nitrato+ hidrala-
protrombótica (estado de hipercoagulabilidade). Ainda
zina é feita quando há contraindicação de inibidor da enzi-
nesse contexto, o desenvolvimento de um quadro clínico
ma conversora de angiotensina ou bloqueador do receptor
de insuficiência cardíaca gera a hipótese principal de car-
de angiotensina.
diomiopatia periparto. A paciente não tem comemorativos,
fatores de risco para infarto agudo do miocárdio, achados Gabarito= C
compatíveis com pericardite nem pneumonia. O estado
subfebril pode ser explicado pela embolia pulmonar. Questão 203. Analisando as alternativas:
a) Incorreta. A amiodarona é um antiarrítmico da classe 111
Gabarito= E
de Vaughan Williams (bloqueadores dos canais de potás-
sio) e não tem indicação nesse caso, pois o paciente não
Questão 199. A digoxina deve ser utilizada em pacientes
com insuficiência cardíaca sistólica com FEVE <50% para apresenta arritmia atrial ou ventricular contribuindo para a
melhora dos sintomas. Os diuréticos podem ser utilizados piora dos sintomas.
também desde que haja sintomatologia e sinais compatí- b) Incorreta. A propafenona é um antiarrítmico da classe IC
veis com congestão. As demais opções estão corretas. de Vaughan Williams {bloqueadores dos canais de sódio),
indicado para o controle das arritmias atriais, e neste caso
Gabarito= E
não há evidências de arritmias atriais piorando o quadro.
c) Incorreta. O transplante cardíaco é cogitado na falha te-
Questão 200. A paciente preenche critérios de Framingham
rapêutica completa e IC classe IV refratária.
para o diagnóstico de insuficiência cardíaca. Porém, o qua-
d) Incorreta. O marca -passo definitivo somente atuaria se
dro clínico remete a uma insuficiência cardíaca diastólica
dada a presença de B4 (marcador de alteração de relaxa~
houvesse bloqueio atrioventricular ou bradicardia impor-
tante piorando os sintomas ou impedindo a progressão das
mento ventricular durante a sístole atrial) e hipertensão. O
medicações como o betabloqueador, não no dissincronis-
tratamento desse tipo de insuficiência cardíaca se baseia
mo.
no controle da congestão com diuréticos de alça, contro-
e) Correta. Pacientes com disfunção ventricular grave (FE
le da pressão com vasodilatadores, controle da frequência
<35%), sintomas refratários ao tratamento clínico e de-
cardíaca (normalmente com betabloqueadores ou bloque-
monstração de dissincronismo interventricular podem se
adores dos canais de cálcio não diidropiridínicos- diltiazem
beneficiar de ressincronização cardíaca obtida pelo im-
ou verapamil) e tratamento de isquemia, quando presente.
plante de marca-passo biventricular. O paciente apresen-
Nesse caso, pela presença de DPOC concomitante, é reco-
ta eletrocardiograma em ritmo sinusal com QRS alargado
mendável que os betabloqueadores sejam cardiosseletivos,
{120ms), o que sugere dissincronia interventricular.
para minimizar a incidência de broncoespasmo. A digoxina
não está recomendada a pacientes com insuficiência car- Gabarito= E
díaca diastólica, mas sim na sistólica.
Questão 204. Analisando as alternativas:
Gabarito= A
a) Incorreta. As manifestações clínicas da insuficiência car-
díaca diastólica são sintomas de insuficiência do ventrículo
Questão 201. A classificação da New York Heart Association
esquerdo; pode estar presente a B4, que surge pela dimi-
para insuficiência cardíaca caracteriza-se por:
nuição de complacência (frequente nas insuficiências car-
Classe I j Dispneia para atividades extra-habituais díacas diastólicas); o eletrocardiograma e o raio x de tórax
Classe 11 ~ pneia para atividades habituais não permitem a distinção entre insuficiência cardíaca sistó-
Classe 111 JD1spneia para pequenos esforços lica e insuficiência cardíaca diastólica.
Classe IV Dispneia para mínimos esforços e repouso
b) Correta. A insuficiência cardíaca diastólica se manifesta
com dispneia aos esforços, da mesma forma que a insufi-
Gabarito= E ciência cardíaca sistólica; pode ocorrer o aparecimento da

295
~"'~COMENTÁRIOS
84 (também chamada bulha atrial), e o diagnóstico é fecha- anti-hipertensivo que está tomando é inadequado. Os tia-
do pela avaliação ecocardiográfica. zídicos podem levar a diminuição do magnésio no sangue,
c) Incorreta. Pode estar presente síncope aos esforços e 84, que pode propiciar arritmias (paciente já com fibrilação
mas o diagnóstico não é feito com uma angiotomografia atrial), aumento de ácido úrico (que o paciente apresenta),
cardíaca. levar a intolerância a glicose ou diabetes mellitus (que opa-
d) Incorreta. Na insuficiência cardíaca diastólica, não ocorre ciente já tem, pelos níveis de glicemia e de hemoglobina
o aparecimento da 83. glicada) e aumento de triglicérides (que o paciente também
e) Incorreta. O diagnóstico não pode ser confirmado com já tem). Com relação ao propranolol, estudos recentes mos-
raio x de tórax. traram que ele não tem efeito em desfechos relevantes,
Gabarito= B principalmente acidente vascular encefálico, em pacientes
com idade superior a 60 anos, devendo nesse caso seu uso
Questão 205. Os nitratos atuam como venodilatadores por ficar restrito àqueles com insuficiência coronariana, com
meio do mecanismo descrito e apresentam os benefícios de disfunção sistólica (mas nesse caso não o propranolol) e
redução da pré-carga. arritmias. Betabloqueadores de 1ª e 2ª gerações também
Analisando as alternativas: podem levar a intolerância a glicose, aumento de triglicé-
a) Incorreta. Os inibidores da enzima conversora de angio- rides, aumento de LDL e diminuição de HDL. Além disso,
tensina atuam diminuindo os níveis de angiotensina 11, que esses efeitos podem ser potencializados quando o uso se
atua como vasoconstritora, e diminuem a produção de al- associa a diuréticos. Neste paciente, como as alterações nos
dosterona, que retém sódio e água. lipídios já existem, também está contra indicado proprano-
b) Incorreta. A hidralazina é um vasodilatador arteriolar, di- lol. Como já tem disfunção ventricular e fibrilação atrial,
minuindo a resistência vascular periférica (pós-carga). poderia ser usado carvedilol. Os níveis de LDL podem ser
c) Incorreta. O nitroprussiato de sódio é um vasodilatador calculados a partir da fórmula de Friedewald: LDL = coles-
balanceado arterial e venoso. terol total - (HDL + TG/5). Quanto aos níveis pressóricos,
d) Incorreta. Os bloqueadores dos receptores da angioten- estaria no estágio 3 (PAS >180mmHg, não nesse caso, mas
sina li promovem diminuição da resistência vascular perifé- PAD >110mmHg). Portanto, seria hipertensão estágio 3 com
rica e da aldosterona. risco adicional muito alto. Com relação ao peso, está no ní-
Gabarito= E vel de obesidade grau I e será beneficiado pela perda de
peso. A associação a inibidores da enzima conversora de an-
Questão 206. Analisando as alternativas: giotensina, favoráveis no controle da insuficiência cardíaca,
a) Incorreta. Apesar de a dose máxima de furosemida na com bloqueadores dos canais de cálcio, que não estão con-
bula do medicamento ser de 600mg, na 111 Diretriz de Insufi- traindicados na disfunção ventricular, é ideal, já que nesses
ciência Cardíaca, a dose máxima deve ser de 240mg. níveis de pressão arterial a associação está indicada, sendo
b) Correta. Carvedilol, bisoprolol e metoprolol são betablo- mais eficaz que a monoterapia em doses mais elevadas.
queadores aprovados para insuficiência cardíaca crônica. Gabarito= D
c) Incorreta: O tratamento com espironolactona deve ser
iniciado com 12,5 a 25mg/d e ter como alvo 50mg/d. Questão 209. Segundo a fórmula de Friedewald, LDL = co-
d) Incorreta. Os inibidores da enzima conversora de angio- lesterol total - (HDL + TG/5), portanto LDL = 170mg/dl.
tensina constituem um grupo de fármacos com benefícios Conforme as diretrizes da ESC de 2011, a meta de LDL a um
comprovados, além de redução de morbidade e mortalida- paciente de muito alto risco cardiovascular seria inferior a
de inclusive em pacientes assintomáticos. 70mg/dl, com o uso de fármaco, além de mudança do es-
e) Incorreta. A losartana deve ser usada na dose inicial de tilo de vida.
25mg 1x/d. Gabarito= C
Gabarito= B
Questão 210. O escore CHADS2 considera os seguintes as-
Questão 207. Todos os fármacos têm efeito favorável na so- pectos: história de insuficiência cardíaca e hipertensão ar-
brevida do paciente com insuficiência cardíaca, a não ser terial sistêmica, idade ~75 anos, diabetes mellitus, 1 ponto
a digoxina. Seu uso está indicado àqueles com disfunção cada; acidente vascular encefálico ou ataque isquêmico
sistólica com frequência ventricular elevada quando há fi- transitório prévio, 2 pontos. Neste paciente, o total é 4. Es-
brilação atrial, com efeito na redução das internações, sem cores ~2 indicam a necessidade de anticoagulação, segundo
impacto na mortalidade. as Diretrizes Brasileiras de Fibrilação Atrial de 2009.
Gabarito= D Gabarito= A

Questão 208. O paciente tem 75 anos, o que, no sexo mas- Questão 211. Segundo a classificação da New York Heart As-
culino, configura risco cardiovascular adicional para hiper- sociation, o paciente, sendo assintomático, está em classe
tensão (homens >55 anos, mulheres >65 anos). O esquema funcional I. Na classe funcional li, há dispneia relacionada às

296
CARDIOLOGIA

atividades cotidianas, na 111 há dispneia às atividades meno- -Classe 111:


res que as cotidianas, e na IV há sintomas em repouso. Com · Pacientes com cardiomiopatia dilatada e IC sob trata-
relação à classificação por estágios, o paciente estaria no B, mento farmacológico não otimizado ou com boa res-
com doença estrutural, mas assintomático. O estágio A en- posta terapêutica, independentemente da presença de
globa pacientes de alto risco de desenvolver insuficiência car- distúrbio de condução (NE A).
díaca, como hipertensos, o C engloba pacientes com doença A tendência atual, conforme o resultado dos novos estudos
estrutural sintomática, e o D, pacientes com quadro refratá- randomizados, é recomendar ressincronizadores apenas a
rio. O betabloqueador mais indicado seria o carvedilol; pode- casos com duração do QRS ~150ms. No entanto, essas evi-
ria ser usado também o bisoprolol, exceto os demais. dências ainda não foram incorporadas às novas diretrizes
Gabarito= B internacionais. A alternativa mais plausível é a "b".
Gabarito= B
Questão 212. A terapia de ressincronização cardíaca é uma
modalidade de estimulação cardíaca artificial que visa cor- Questão 213. Trata-se de um homem de 56 anos, com as-
rigir disfunções eletromecânicas em pacientes com insufi- cite de moderado a grande volume (abdome globoso, com
ciência cardíaca avançada. A modalidade consiste no im- macicez móvel de decúbito). Em caso de urgência jugular
plante de um cabo-eletrodo na parede lateral do ventrículo com edema frio bilateral dos membros inferiores, deveria
esquerdo, adicional à técnica convencional utilizada para haver um fígado "minimamente palpável", mas o examina-
marca-passo atrioventricular, ou seja, é feita a estimulação dor justifica a dificuldade do achado por conta da ascite. O
átrio direito-biventricular, que representa uma alternativa paciente é aparentemente bem perfundido, normotenso e
terapêutica aos pacientes com insuficiência cardíaca avan- taquipneico - em parte pela limitação da expansão respi-
çada. Sua base fisiopatológica é o remodelamento reverso ratória causada pela ascite - com frequência cardíaca no
do ventrículo esquerdo e suas diretas implicações, como a limite superior da normalidade, além de reflexo do tônus
redução da insuficiência mitral e a melhora dos controles adrenérgico aumentado como resposta compensatória
autonômicos cardiovascular e periférico e dos fatores neu- para manter débito cardíaco adequado. A ausculta pul-
ro-humorais. Seguem as indicações das Diretrizes Brasilei- monar normal afasta insuficiência cardíaca esquerda. Não
ras de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis para são descritos sinais de hepatopatia, como telangiectasias,
o implante de ressincronizadores: rarefação de pelos, icterícia ou ginecomastia. Ausência de
-Classe 1: febre ou sinais flogísticos afasta a hipótese de infecção. O
· Pacientes com fração de ejeção :535%, ritmo sinusal, IC
diagnóstico sindrômico é de ascite pós-sinusoidal, mais es-
com CF 111 ou IV, apesar do tratamento farmacológico oti-
pecificamente de insuficiência cardíaca direita, a ser confir-
mizado e com QRS >150ms (NE A);
mada pelo ecocardiograma transtorácico.
· Pacientes com fração de ejeção :535%, ritmo sinusal, IC
com CF 111 ou IV, apesar do tratamento farmacológico Gabarito= C
otimizado, com QRS de 120 a 150ms e comprovação de
dissincronismo por método de imagem (NE A). Questão 214. Imaginando que o examinador está se refe-
-Classe lia: rindo à etiologia da insuficiência cardíaca crônica, trata-se
· Pacientes com ICem CF 111 ou IV, sob tratamento medi- de uma questão direta, sem rodeios. De maneira objetiva, a
camentoso otimizado, com FE :535%, dependentes de etiologia dos casos de insuficiência cardíaca crônica no Bra-
marca-passo convencional, quando a duração do QRS sil é isquêmica em 29,7%; hipertensiva em 20,8%; valvular
é superior a 150ms ou quando há dissincronismo docu- em 15%; chagásica em 14, 7%; idiopática em 8% e outras
mentado por método de imagem (NE B); em 11,8%.
· Pacientes com fração de ejeção :535%, FA permanente, Gabarito= O
IC com CF 111 ou IV, apesar do tratamento farmacológico
otimizado e com QRS >150ms (NE C); Questão 215. Ao contrário do afirmado na alternativa "a",
· Pacientes com fração de ejeção :535%, FA permanente, um dos parâmetros utilizados para avaliar a melhora de um
IC com CF 111 ou IV, apesar do tratamento farmacológico paciente em resposta ao tratamento empregado é, justa-
otimizado e com QRS de 120 a 150ms e comprovação de mente, a melhora da sua capacidade funcional, bem como
dissincronismo por método de imagem (NE C). seu perfil hemodinâmico.
-Classe llb: A etiologia da insuficiência cardíaca não figura entre os prin-
· Pacientes com fração de ejeção :535%, ritmo sinusal, IC cipais fatores prognósticos quando consideramos pacientes
com CF 111 ou IV, apesar do tratamento farmacológico oti- com mesma capacidade funcional e mesmo grau de depres-
mizado e com QRS <120ms e comprovação de dissincro- são miocárdica. Além da capacidade funcional, o grau de
nismo por método de imagem (NE C); disfunção ventricular é que vai determinar o prognóstico do
· Pacientes com indicação de marca-passo quando a esti- paciente, em curto, médio e longo prazos, com as principais
mulação ventricular é imprescindível, FE :535% e IC CF 111 causas de morte variando de falência miocárdica ou morte
ou IV (NE C). súbita por arritmias ventriculares graves.

297
~"'~ COMENTÁRIOS
A dosagem do peptídio natriurético tipo B é útil para o dução de apoptose de miócito por hormônio. O estudo EM-
diagnóstico diferencial de dispneia na Emergência e na PHASIS-HF, realizado com quase 3.000 pacientes com insu-
estratificação prognóstica dos casos de insuficiência car- ficiência cardíaca leve, classe funcional 11 e FEVE :5;30%103,
díaca agudizada, porém não deve ser utilizada para guiar mostrou que 2Smg/d de eplerenona, adicionados ao trata-
a terapêutica. É útil na avaliação da eficácia das medidas mento clínico otimizado, proporcionaram redução de 24%
implementadas, com valor clínico inferior à avaliação da ca- na mortalidade geral e 37% de redução nos eventos combi-
pacidade funcional. Além disso, pacientes com níveis mais nados, óbito cardiovascular e hospitalizações, mesmo entre
elevados desse peptídio por ocasião da alta hospitalar cos- pouco sintomáticos.
tumam ter mais reinternações por descompensação aguda O emprego de diuréticos está associado a tendência de
da função miocárdica. A classificação por estágios se dá em maior redução de sintomas. Entretanto, maior perda de
4 categorias: peso de líquidos e melhora da falta de ar foram balan-
- Paciente em risco de insuficiência cardíaca, sem lesão es- ceadas por maior proporção de pacientes com piora de
trutural; função renal, o que não afetou a mortalidade. Subanálise
- Paciente com lesão estrutural cardíaca, porém assintomá- do estudo BEST demonstrou que o uso de altas doses de
tico; diuréticos em pacientes com níveis de ureia acima da mé-
- Paciente com lesão estrutural cardíaca, sintomático; dia foi associado a maior mortalidade e, em pacientes com
- Insuficiência cardíaca refratária ao tratamento clínico. níveis de ureia abaixo da média, não foi associado a maior
Essa classificação é útil em cuidados primários, secundários mortalidade. De qualquer forma, nenhum beneficio clíni-
e terciários a esses doentes, de fato permitindo planeja- co foi registrado em termos de redução de mortalidade na
mento terapêutico mais adequado às necessidades em mé- insuficiência cardíaca.
dio e longo prazo. Gabarito= D
Gabarito= B
Questão 217. GASA >1,1 é indicativo de hipertensão portal,
Questão 216. Os mecanismos de ação dos lnibidores da o que já exclui síndrome nefrótica (hipertensão portal) e
Enzima Conversora de Angiotensina {IECAs) consistem no fistula biliar (importante lembrar que a causa mais comum
seu efeito vasodilatador associado à inibição neuro-humo- no Brasil e no mundo de ascite com líquido de aspecto tran-
ral, mais especificamente no sistema renina-angiotensina- sudativo é a insuficiência cardíaca). A causa mais comum
-aldosterona. Ao contrário do descrito na alternativa "a", de ascite é a cirrose hepática, não a insuficiência cardíaca
os IECAs têm efeito no aumento da bradicinina, e não na congestiva. A alternativa "b" é a correta, pois o nível de
redução. É esse aumento de bradicinina o responsável pela proteínas no líquido ascítico >2,5g/dl é mais comum em
tosse, queixa frequente entre os pacientes, que já não ocor- congestão hepática causada por insuficiência cardíaca ou
re com os Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina síndrome de Budd-Chiari.
(BRAs), uma vez que estes não atuam na via da bradicinina. Gabarito= B
Os BRAs constituem opção aos IECAs em caso de intolerân-
cia (exceto disfunção renal), não tendo precedência sobre Questão 218. Havendo disfunção sistólica importante do
eles, pois atuam apenas em um dos mecanismos de ação ventrículo esquerdo, o fluxo mitral fica reduzido. A doença
da angiotensina por meio do bloqueio dos seus receptores, de Chagas pode acometer preferencialmente o ventrículo
ao passo que os IECAs inibem a formação de várias vias, direito, mas em geral provoca disfunção biventricular. As li-
como a da bradicinina. Os BRAs têm indicação lia na dis- nhas B de Kerley são identificadas no raio x de tórax e são
função ventricular sistólica, enquanto os IECAs têm grau de expressão de congestão pulmonar. Os digitálicos, nos estu-
recomendação I. dos multicêntricos, não mostraram melhora na mortalida-
Os betabloqueadores associados a IECAs ou BRAs determi- de, mas na redução do número das internações. O peptídio
nam beneficios clínicos na mortalidade global, na morte por natriurético cerebral tipo B tem importância no diagnóstico
insuficiência cardíaca e na morte súbita, além de melhora da insuficiência cardíaca aguda, e, quando está em níveis
dos sintomas e redução de reinternações. Sua ação na me- normais ou pouco aumentados, o diagnóstico de insuficiên-
lhora da disfunção ventricular esquerda foi comprovada nos cia cardíaca deve ser reavaliado; na insuficiência cardíaca,
clássicos estudos COPERNICUS, CAPRICORN, COMETe CIBIS está aumentado.
11 e 111. Que fique claro, não se trata de um efeito de classe, Gabarito= A
pois para esse fim foram testados carvedilol, bisoprolol e
metoprolol. Nebivolol também foi testado e está hoje re- Questão 219. A hiperpotassemia e o aumento da creatinina
comendado para o tratamento da disfunção ventriculares- sérica, além da hipotensão, justificam a suspensão do ini-
querda. bidor da enzima conversora de angiotensina. A hidratação
Dentre os antagonistas da aldosterona- espironolactona e intravenosa cuidadosa deve ser feita, além das medidas de
eplerenona -, somente a espironolactona está disponível diminuição do potássio, até porque existe a possibilidade
no Brasil. Ambas as drogas têm o efeito na mediação de re- do aumento da creatinina ser por insuficiência renal pré-

298
CARDIOLOGIA

-renal, não havendo informações sobre o uso de diuréticos. simétrica de onda T, e o quadro clínico não é sugestivo de
O vasopressor pode ser necessário após a hidratação, mas síndrome coronariana aguda ("a" incorreta). E o intervalo
isso só pode ser definido pela evolução. QT corrigido para FC está normal ("c" incorreta).
Gabarito= E Gabarito= D

Questão 220. Fração de ejeção acima de 65% pode ser Questão 224. O caso descreve uma paciente com insufi-
compatível com o diagnóstico de insuficiência cardíaca, já ciência cardíaca descompensada com perfil úmido e quente
que comprometimentos diastólicos da função ventricular, (congestão - crepitação, 3ª bulha - e perfusão periférica
como no caso da cardiomiopatia hipertrófica e das síndro- preservada). Os pacientes respondem de maneira rápida ao
mes restritivas apresentam-se dessa forma. O uso de beta- tratamento com diuréticos de alça . O betabloqueador tam -
bloqueadores no tratamento da insuficiência cardíaca está bém é importante para controlar a PA e aumentar o tempo
indicado nos comprometimentos sistólicos e em alguns diastólico, levando a melhora dos sintomas ("b" correta).
diastólicos, devendo haver cuidado nos casos de insuficiên- O peptídio natriurético deve ser dosado apenas em casos
cia aórtica. A intensidade do edema pode ter relação com de dúvida diagnóstica. Se a paciente apresentasse hemo-
outras variáveis que não a pressão venosa sistêmica, como grama infeccioso, quadro febril ou fatores de risco para
no caso da hipoproteinemia associada . A digoxina não tem doença pulmonar intersticial, o peptídio natriurético e a to-
efeito na diminuição da mortalidade, mas diminui as taxas mografia de tórax seriam úteis para diferenciação ("a" e "d"
de internação. A espironolactona tem eficácia comprovada incorretas). O tromboembolismo pulmonar crônico pode
na diminuição da mortalidade em pacientes com fração de ser considerado diagnóstico diferencial em pacientes com
ejeção menor que 35% e em classe funcionallll e IV. insuficiência cardíaca direita. Neste caso, não há relato de
Gabarito= C edema dos membros inferiores ou de congestão sistêmica
que justifiquem sua investigação ("c" incorreta).
Questão 221. A estase jugular e a 3ª bulha são sinais mui- Gabarito= B
to específicos para o diagnóstico de insuficiência cardíaca,
já que outras situações de hipervolemia não os provocam. Questão 225. Analisando as alternativas:
Pelos critérios de Framingham, são considerados critérios a) Incorreta. Há prevalência da ICFEP em cerca de 40 a 50%
maiores. O edema é critério menor, sendo pouco específi- dos pacientes com insuficiência cardíaca.
co e podendo aparecer em insuficiência de outros órgãos, b) Incorreta . A fisiopatologia da doença está relacionada à
como fígado e rim . Quanto ao BNP, tem bom valor preditivo alteração nas propriedades de relaxamento do ventrículo
negativo para excluir insuficiência cardíaca, sendo que valo- esquerdo, por isso foi chamada por algum tempo de insu-
res menores que lOOpg/mL têm sido usados para excluir o ficiência cardíaca diastólica - o termo foi substituído pela
diagnóstico em quadros agudos. Já valores acima de 400pg/ ICFEP.
ml tornam provável o diagnóstico. c) Incorreta. Após seguimento de 3,5 anos, o estudo
Gabarito= A CHARM-preserved não apresentou redução de mortalidade
com uso do candesartana .
Questão 222. Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica se d) Incorreta. A digoxina está indicada a pacientes com dis-
beneficiam da redução da volemia com diuréticos e contro- função ventricular e sintomáticos mesmo após uso otimiza-
le da FC para aumento da diástole (" b" correta e "d" incor- do de medicamentos, ou para pacientes com função preser-
reta) . Espironolactona está indicada à disfunção ventricular vada e necessidade de controle de frequência de FA.
esquerda ("a" incorreta). E o anlodipino tem efeito mais va- e) Correta .
sodilatador que cronotrópico negativo, não tendo benefício Gabarito= E
neste caso ("c" incorreta) .
Gabarito= B Questão 226. Na insuficiência cardíaca, a angiotensina 11
estimula a liberação de aldosterona no córtex suprarrenal,
Questão 223. O eletrocardiograma apresenta uma bradiar- que por sua vez também aumenta a retenção de sal e de
ritmia com alteração na repolarização típica de ação digitá- água no rim. Assim, não há redução da aldosterona ("a"
lica- onda T "em colher" ("d" correta). O ritmo é irregular, correta) . As demais alternativas estão incorretas e são au-
e não é possível determinar claramente uma onda P no ele- toexplicativas.
trocardiograma, sugerindo o diagnóstico de FA com baixa Gabarito= A
resposta . Para o diagnóstico de bloqueio atrioventricular
total (BAVT), é preciso identificar dissociação atrioventri- Questão 227. O caso descreve paciente com pico hiperten-
cular (ondas P e QRS sem relação) . O ritmo de escape no sivo associado a congestão pulmonar, podendo estar asso-
BAVT é regular ("b" incorreta) . A alteração causada pela ciado a quadro crônico de insuficiência cardíaca com fração
ação digitálica poder ser confundida com isquemia infere- de ejeção preservada.
lateral; neste caso, no entanto, não há infra-ST ou inversão Analisando as alternativas :

299
[IlJ"'§ COMENTÁRIOS

a) Incorreta. Os sintomas apresentam rápida melhora após b) O índice de Morris caracteriza-se por aumento da fase
o controle dos níveis pressóricos, vasodilatação e uso de negativa da onda P em Vl <:0,04s.
diurético. c) A paciente apresenta insuficiência cardíaca diastólica, ca-
b) Incorreta. A disfunção diastólica associada ao pico hiper- racterizada por congestão e área cardíaca normal ao raio
tensivo parece compor os fatores mais importante associa- x, além de hipertrofia concêntrica no eletrocardiograma;
dos a essa descompensação, no entanto os exames descri- nesse caso, a onda atrial A será maior que a fase inicial de
tos não permitem afastar a etiologia isquêmica como causa enchimento do ventrículo esquerdo.
da descompensação. d) A paciente deve apresentar níveis de BNP elevados de-
c) Incorreta. O betabloqueador atua reduzindo a PA e au- vido a congestão e a quadro de insuficiência cardíaca con-
mentando o tempo diastólico, contribuindo para melhora gestiva.
clínica do paciente e melhor prognóstico em longo prazo, e Gabarito= C
estaria contra indicado a broncoespasmo vigente, bloqueios
atrioventriculares avançados ou situação de choque cardio- Questão 231. Analisando as alternativas:
gênico. a) Sim, devido à sobrecarga de volume pode levar à insufi-
d) Incorreta. Há indicação de digoxina para quem apresenta ciência cardíaca aguda.
débito cardíaco reduzido associado à disfunção ventricular b) Sim, a cocaína pode induzir insuficiência cardíaca aguda
esquerda moderada/importante e permaneça sintomático por vasoespasmo, por exemplo.
mesmo após terapia otimizada para insuficiência cardíaca
c) Não leva à falência cardíaca aguda, mas o uso crônico
ou casos de FA com alta frequência e que pode ser utilizada
do cigarro favorece o surgimento de aterosclerose e doença
como medicação alternativa para controle de frequência.
cardíaca isquêmica.
Gabarito= E d) Sim, pode gerar miocardite alcoólica aguda.
Gabarito= C
Questão 228. O derrame pleural é o acúmulo de líquido no
espaço pleural e na insuficiência cardíaca e se forma pela fa-
Questão 232. O paciente com ICC compensada demanda o
lência do ventrículo esquerdo com insuficiência para bom-
uso de drogas que efetivamente retardam a evolução da sín-
bear o sangue para a circulação sistêmica. Assim, ocorre o
drome. IECA e betabloqueadores cardiosseletivos são as dro-
acúmulo de líquido retrogradamente, ou seja, nos pulmões.
gas indicadas nessa condição. A digoxina pode ser adicionada
Com o aumento da pressão hidrostática e maior permea-
se, após o ajuste do IECA e do betabloqueador, o paciente
bilidade capilar, tem-se extravasamento do líquido para o
ainda tenha limitação funcional significativa. A furosemida
espaço pleural, formando um transudato. Desta forma, a
é mais indicada nas fases de descompensação e pode ser
cardiomegalia e os sinais e sintomas de descompensação
trocada por outros diuréticos no quadro já compensado. O
da insuficiência cardíaca são suficientes para o diagnóstico,
nitrato também é indicado basicamente durante a descom-
e não é necessária uma toracocentese diagnóstica nesta si-
pensação, podendo ser retirado posteriormente.
tuação. Além disso, na maioria dos casos, o tratamento do
derrame pleural da insuficiência cardíaca é feito por meio Gabarito= C
de diuréticos e, às vezes, inotrópicos positivos, sendo a to-
racocentese reservada para ser empregada como toraco- Questão 233. A ortopneia ocorre pelo aumento do retorno
centese de alívio em situações graves de congestão pulmo- venoso no decúbito dorsal. A dispneia paroxística noturna
nar e fadiga respiratória. caracteriza-se pela dispneia súbita que acorda o paciente
Gabarito= C durante o sono, como descrito. A presença de B3 é indicati-
va de insuficiência cardíaca esquerda e é marcador de mau
Questão 229. Analisando as alternativas: prognóstico da insuficiência cardíaca, cujo diagnóstico é
a) O paciente é assintomático, em repouso ou durante ati- basicamente clínico, sendo utilizados exames complemen-
vidade física. tares para esclarecimento das causas associadas e acom-
b) O paciente apresenta sintomas clínicos, em geral, repre- panhamento terapêutico. A dispneia aos mínimos esforços
sentados por dispneia aos esforços habituais maiores. associada à alteração estrutural do coração (dilatação+ so-
c) Sim, o paciente apresenta sintomas clínicos, em geral, re- pro) permite classificar o paciente como classe C, em que
presentados por dispneia aos esforços habituais menores. diuréticos, IECA, vasodilatadores, restrição de sal e digitá-
d) O paciente apresenta sintomas clínicos, em geral, repre- licos são utilizados para compensação, e, mesmo que haja
sentados por dispneia ao repouso. melhora sintomática, a classificação é mantida.
e) Esta classe é inexistente. Gabarito= A
Gabarito= C
Questão 234. O BNP é um peptídio de origem miocárdica,
Questão 230. Analisando as alternativas: liberado na vigência de distensão das fibras miocárdicas na
a) O derrame pleural da insuficiência cardíaca costuma ser sobrecarga volêmica, e determina natriurese, buscando a
mais acentuado à direita do que à esquerda. redução da volemia. Seu emprego, ou do seu precursor, o

300
CARDIOLOGIA

pró-BNP, é útil em diferenciar componente cardiogênico por Questão 236. A fisiopatologia da insuficiência cardíaca é
sobrecarga volêmica como causa de dispneia. Tal diferencia- bastante complexa. A partir de um comprometimento he-
ção comumente é difícil na prática clínica, pois a avaliação modinâmico (disfunção ventricular e baixo débito), há a
nem sempre evidencia o principal componente da dispneia. ativação neuro-hormonal que tenta compensar a perda de
O quadro poderia ser determinado por componente inflama- miócitos e baixo débito com a liberação de hormônios va-
tório ou infeccioso. Proteína C reativa elevada não exclui so- soconstritores (sistema renina-angiotensina-aldosterona).
brecarga volêmica, como a hemocultura, e a síndrome de an- Esses hormônios estão relacionados ao início do processo
ticorpo antifosfolípide pode ser causa de tromboembolismo de remodelamento cardíaco presente na ICC. Assim, o com-
pulmonar, que poderia justificar o quadro, mas não definiria ponente que desencadeia toda a síndrome é o hemodinâ-
o diagnóstico primário da insuficiência respiratória. mico associado à ativação neuro-hormonal, podendo estes
Gabarito= B ser considerados os principais componentes.
Gabarito= C
Questão 235. Pacientes com sódio baixo e aumento de ureia
e creatinina têm pior prognóstico ("d" incorreta). Entre os pa- Questão 237. Os digitálicos agem por inibição reversível da
râmetros clínicos, poucos se associam a prognóstico quando sódio-potássio-ATPase, aumentando o sódio intracelular re-
avaliados de maneira isolada, sendo B3 o mais importante. tirado da célula mediante entrada de cálcio através de um
Dispneia e edema dos membros inferiores podem ocorrer em canal de Na/Ca. Disponibilizando maior cálcio intracelular,
estágios menos avançados da doença e devem ser valorizados há maior velocidade de encurtamento da fibra, aumentan-
quando persistentes, mesmo após tratamento otimizado, não do a força de contração ("a" incorreta), diminuindo o volu-
caracterizando pior prognóstico quando em avaliações isola- me sistólico residual ("b" incorreta), aumentando também
das ("b", "d" e "e" incorretas). O que diferencia as alternativas o débito cardíaco ("c" correta) e aliviando o sistema venoso
"a" e "c" é a idade como fator prognóstico na alternativa "a" e e diminuindo a pressão venosa ("e" incorreta). A digoxina
critérios ecocardiográficos na "c". Apesar de a idade acima de reduz a frequência de disparo do nó sinusal através da ação
65 anos estar reconhecidamente associada a pior prognóstico, direta nas células do sistema de condução e da modulação
a última diretriz de insuficiência cardíaca aguda do GEIC não a do sistema nervoso autônomo, levando à bradicardia ("d"
recomenda como indicador de pior prognóstico (Tabela), por incorreta).
isso a alternativa correta é a "c". Já a diretriz de ICC traz a idade Gabarito= C
acima de 65 anos como fator de pior prognóstico e o aumen-
to progressivo do ventrículo esquerdo, e não a medida isolada
Questão 238. Dentre as situações descritas, e todas podem
como fatores prognósticos. Por isso, se a pergunta se referisse
surgir na vigência de ICC descompensada, a de maior bene-
à ICC, a resposta seria a letra "a". fício da restrição hídrica é a hiponatremia, pois, no caso, é
Recomendações para marcadores prognósticos na ICA dilucional, assim o controle da ingesta hídrica é a base para
a correção dos níveis séricos de sódio. Nenhuma das outras

. -v • • •• _,...<-,.~.• ~~ situações tem benefício extra em relação à restrição hídrica,


além do preconizado para a ICC de forma geral.
1 - Choque cardiogênico, hipo-
tensão arterial importante, baixa Gabarito= A
pressão de pulso, insuficiência B
Classe I renal (síndrome cardiorrenal), Questão 239. O paciente apresenta o clássico achado de
anemia e hiponatremia. pulso paradoxal, que consiste numa exacerbação da redu-
1---
2 - Parâmetros de ecocardiogra- ção fisiológica da PA sistólica durante a inspiração. Durante
fia (FE, DOVE, RAP).
c o tamponamento cardíaco, em razão da elevação da pres-
) 1 - Dosagem inicial de BNP ou I são intrapericárdica, verifica-se aumento do retorno veno-
NT-pró-BNP como auxiliares na A so e, portanto, do volume do ventrículo direito. Isso ocorre
estratificação de risco. porque ainda há transmissão da pressão negativa intratorá-
2 - Dosagem de troponina para cica durante a inspiração, diferentemente do que acontece
A
Classe lia estratificação de risco. na pericardite constritiva, em que não há alteração na pres-
3 - Dosagem de BNP ou NT-pró- são cardíaca com a variação do ciclo respiratório. O aumen-
-BNP na alta hospitalar como au- to do volume ventricular direito acarreta desvio do septo
B
xiliares na avaliação de mudan- intraventricular para a esquerda, pois ambos os ventrículos
ças de perfil de risco. estão contidos pelo aumento da pressão intrapericárdica.
1 - Dosagens rotineiras de bio- Isso leva à redução da cavidade ventricular esquerda e a seu
marcadores como a única pro- enchimento, produzindo, portanto, diminuição importante
Classe 111 B
posta de estratificação de risco do volume sistólico, explicando o pulso paradoxal. Na peri-
em insuficiência cardíaca aguda. cardite constritiva, não existe transmissão da negatividade
Gabarito= C da pressão intratorácica para o coração em razão do au-

301
COMENTÁRIOS

mente da espessura e consequente obliteração do espaço d) Incorreta. Não se trata de urgência hipertensiva, e a ni-
pericárdio. Assim, a inspiração provoca aumento do fluxo troglicerina não é a medicação de escolha.
sanguíneo para as cavidades direitas, e observa-se aumento Gabarito= C
da distensão jugular, que é o sinal de Kussmaul.
Gabarito= A Questão 244. O quadro permite supor os diagnósticos de
endocardite na válvula mitral insuficiente de origem reumá-
Questão 240. As 2 primeiras afirmativas estão corretas. A tica, associada ao quadro de congestão pulmonar e choque
3ª está incorreta, pois tanto os IECAs quanto os betablo- cardiogênico. Nessas condições, o uso de antibioticotera-
queadores têm impacto em morbimortalidade em pacien- pia empírica e suportes ventilatório e hemodinâmico com
tes com insuficiência cardíaca. A 4ª alternativa também está drogas vasoativas se faz necessário. A utilização precoce
incorreta, pois os diuréticos (principalmente os de alça) são de antibioticoterapia é necessária, mas a instabilidade he-
as drogas de escolha para diminuir o volume circulante em modinâmica parece ter causa cardiogênica. O quadro não
pacientes com insuficiência cardíaca descompensada. é compatível com pneumonia, e a hipotensão deve ser
Gabarito= D agressivamente revertida independentemente da idade do
paciente. A cocaína é associada à síndrome adrenérgica, ca-
Questão 241. Este é um caso de paciente com ICC apre- racterizada por taquicardia e hipertensão arterial. A história
sentando hiponatremia. A hiponatremia em pacientes não sugere surto reumático, mas o antecedente de FR justi-
com insuficiência cardíaca resulta da inabilidade de ex- fica a valvulopatia e a provável endocardite que se instalou
cretarem a água ingerida, problema associado à queda sobre válvula previamente alterada.
do débito cardíaco e da PA, o que estimula a secreção de Gabarito= A
renina, norepinefrina e hormônio antidiurético (ADH). Es-
sas mudanças hormonais levam a uma excreção limitada Questão 245. Os pacientes com edema pulmonar inicial-
de água e sódio a fim de melhorar a pressão de perfusão. mente apresentam tosse e dispneia, que pioram progres-
Particularmente, o ADH aumenta a reabsorção de água sivamente. A tosse passa a ser produtiva, com expectora-
nos túbulos coletores. O resultado é o desenvolvimento ção rósea nos casos mais graves. Apesar de serem carac-
da hiponatremia. terísticos da asma, batimentos da asa do nariz e tiragens
Gabarito= B intercostal e supraclavicular podem ocorrer na presença
de edema agudo pulmonar. A morfina faz parte do tra-
tamento, principalmente por sua rápida ação vasodilata-
Edema agudo pulmonar dora, e melhora sintomas por diminuir os reflexos bron-
coconstritores. Alguns podem apresentar sinais de baixo
Questão 242. Analisando as alternativas: débito com edema agudo pulmonar - o chamado perfil
a) Correta. O principal componente da dispneia é o acúmu- do paciente "frio e úmido". Apresentam-se com sudorese
lo de líquido no território pulmonar (interstício e alvéolo). profusa, palidez, cianose, baixo débito cardíaco, mas com
b) Incorreta. A dispneia é um sintoma relacionado a déficit elevada resistência periférica pelo aumento importante
contrátil do ventrículo esquerdo. do tônus simpático.
c) Correta. Entre os pacientes com insuficiência cardíaca, a Gabarito= C
fadiga deve ser atribuída a diminuição do débito cardíaco,
mas outros fatores devem ser pesquisados como anemia, Questão 246. Analisemos cada detalhe da história clínica
hipotireoidismo etc. e exame físico. A presença de sopro sistólico de ejeção no
d) Correta. A tosse aparece como um sintoma relacionado a foco aórtico pode dever-se à esclerose do anel aórtico co-
insuficiência cardíaca, devido a edema pulmonar e aumen- mum em idosos e hipertensos; não há restrição à abertura
to da pressão no território vascular. dos folhetos valvares, portanto não é uma estenose aórti-
Gabarito= B ca típica. Por outro lado, na estenose aórtica, a FA produz
grave descompensação cardíaca (é descrita no enunciado a
Questão 243. O quadro é de emergência hipertensiva com presença de FA). A dúvida, nesse caso, é se o paciente tem
edema agudo de pulmões. ou não estenose aórtica. O exame que poderia confirmar
Analisando as alternativas: a hipótese seria o ecocardiograma (com visualização das
a) Incorreta. Indica a nitroglicerina intravenosa como anti- válvulas cardíacas). Como não há descrição desse exame
-hipertensivo titulável em bomba de infusão contínua, mas no caso clínico, não podemos anotar esse item. A presen-
a droga de escolha é o nitroprussiato de sódio. ça de FA levando ao quadro de descompensação de uma
b) Incorreta : não se trata de uma urgência hipertensiva, insuficiência cardíaca em um paciente com cardiomiopatia
mas sim de emergência hipertensiva. hipertensiva em fase dilatada (dado extraído da radiografia
c) Correta. Descreve corretamente o quadro como emer- de tórax) seria a resposta mais plausível.
gência hipertensiva e coloca o correto arsenal Gabarito= B

302
CARDIOLOGIA

Hipertensão pulmonar mento vascular pulmonar. Vários estudos sugerem que a


vasoconstrição pulmonar é um dos mecanismos envolvidos
Questão 247. De acordo com o 5º Simpósio Mundial de na patogenia da HAP, com hipertrofia da camada média,
Nice, a classificação se dá em 5 grupos, quais sejam: diminuição da produção de vasodilatadores pelo endotélio
- Grupo 1: HAP; pulmonar (prostaciclinas e óxido nítrico) e aumento da pro-
- Grupo 2: hipertensão pulmonar devida a doença cardíaca dução de vasoconstritores (endotelina).
esquerda; A endotelina é um potente vasoconstritor, ativando-se ao
-Grupo 3: hipertensão pulmonar devida a doença pulmo- se ligar aos seus receptores (ET-A e ET-B) encontrados nas
nar e/ou hipoxemia; células endoteliais e células musculares lisas vasculares. Os
- Grupo 4: hipertensão pulmonar tromboembólica crônica; receptores ET-A são predominantemente encontrados nas
- Grupo 5: hipertensão pulmonar por mecanismo multifato- células musculares lisas dos vasos e induzem à vasocons-
rial desconhecido. trição pelo aumento intracelular de cálcio. Já os receptores
Dentre as causas do grupo 1, mencionado na questão indi- ET-B são encontrados nas células endoteliais e estimulam a
retamente por meio da sigla HAP, estão: liberação de vasodilatadores como a prostaciclina e o óxido
1.1-ldiopática nítrico. No entanto, os receptores ET-B também estão pre-
1.2- Hereditária sentes nas células musculares lisas vasculares, estimulando
1.3 -Induzida por drogas e toxinas a vasoconstrição e a hiperplasia celular. Em condições fisio-
1.4- Associada a: lógicas, o efeito predominante da endotelina no receptor
1.4.1- Doenças do tecido conjuntivo ET-B é o de vasodilatação, mas em situações patológicas
1.4.2 -Infecção por HIV predomina o efeito vasoconstritor mediado pelo receptor
1.4.3- Hipertensão portal ET-B nas células musculares lisas.
1.4.4- Doenças cardíacas congênitas No Brasil, os inibidores de endotelina, mais especificamen-
1.4.5- Esquistossomose te bosentana, são considerados 1ª linha de tratamento a
Interpretamos que o examinador queria apenas as etiolo- ser utilizada aos pacientes sem contraindicação ao seu uso.
gias classificadas no grupo 1 (HAP), embora todas as causas Os que evoluem com piora clínica ou efeitos colaterais em
das demais alternativas estejam enquadradas em outros vigência do tratamento são considerados candidatos ao uso
subgrupos. da 2ª linha, com inibidores da 5-difosfodiesterase.
Gabarito= A Quanto às demais alternativas, além de lúdicas são autoex-
cludentes.
Questão 248. A hipertensão pulmonar é caracterizada pela Gabarito= B
elevação da pressão arterial pulmonar e pela falência do
ventrículo direito. Questão 251. O baqueteamento digital, apesar de muitos
Gabarito= C acreditarem que se deva à hipoxemia, está muito mais asso-
ciado a shunts, o que explica a sua ocorrência em cirrose he-
Questão 249. Analisando as alternativas: pática e o hipertireoidismo. Ocorre em quase 100% dos pa-
a) Correta. O teste de caminhada de 6 minutos é um bom cientes com cardiopatia congênita cianogênica, assim como
preditor de prognóstico e fácil de ser realizado - consiste na maioria dos pacientes com síndrome de Eisenmenger, e
na caminhada do paciente durante 6 minutos em um corre- pode acontecer em bronquite crônica, embora sua presen-
dor de 30 metros para avaliar sua tolerância a esforço físico. ça faça pensar no diagnóstico de carcinoma broncogênico.
Após a caminhada, é feita uma avaliação subjetiva do can- A hipertensão pulmonar primária não costuma ocorrer com
saço e são aferidos os sinais vitais. baqueteamento digital por não se associar comumente aos
b) Correta. No Brasil, a esquistossomose é responsável por shunts.
cerca de 1/3 de todos os casos de hipertensão pulmonar. Gabarito= D
c) Correta. As afecções descritas podem estar relacionadas
a hipertensão portal.
d) Incorreta. Os bloqueadores de canal de cálcio não devem Valvulopatias
ser usados em pacientes em classe funcional IV decorrentes
de falência do ventrículo direito. Questão 252. O paciente tem síndrome de insuficiência
e) Correta. O ecocardiograma transtorácico é o 1º exame cardíaca. Pelas características do exame físico, trata-se de
utilizado no algoritmo diagnóstico. uma valvopatia aórtica do tipo estenose que está gerando
Gabarito= D tal síndrome. A presença de B4 denota um ritmo de galope
atrial; é uma bulha extra originada na telediástole, por meio
Questão 250. No tratamento da Hipertensão Arterial Pul- da geração de um som quando do encontro de massa de
monar (HAP), a utilização de drogas com ação sobre a cir- sangue oriunda da sístole atrial com um ventrículo esquer-
culação pulmonar é a base do tratamento antirremodela- do pouco complacente, típico de sobrecargas de pressão,

303
~"'~ COMENTÁRIOS
como na estenose aórtica. Galope ventricular seria a pre- em contrário por serem sinais de prognóstico ominoso. O
sença de B3. A insuficiência aórtica geraria sopro diastólico sopro sistólico ejetivo na borda esternal esquerda, asso-
aspirativo com irradiação para o foco aórtico acessório e ciado a desdobramento paradoxal de 2ª bulha (atraso no
para o ápice. fechamento da valva aórtica), é outro achado típico de es-
Gabarito= A tenose aórtica. Por fim, a sobrecarga de câmaras esquerdas
com padrão de strain em parede lateral é característica.
Questão 253. Trata-se de uma valvopatia primária com Gabarito= C
sopro diastólico em foco mitral associado a insuficiência e
ruptura da valva mitral. Caso se trate de um prolapso da Questão 258. Na apresentação clínica desse paciente
valva mitral com degeneração mixomatosa ou ruptura de observa-se um sopro em ruflar mesotelediastólico 2+/6+
cordoalha, espera-se um sopro sistólico pela insuficiência decorrente do fechamento funcional da valva mitral, no-
mitral, não um sopro diastólico. Sopros diastólicos mitrais meado de sopro de Austin Flint e um sopro protodiastólico
geralmente denotam estenose mitral, cuja etiologia prin- 3+/6+ formado pelo fluxo regurgitante através das valvas
cipal é a febre reumática. Apesar dessas observações, a semilunares incompetentes. Quando a regurgitação de san-
afirmação mais adequada seria a indicação de reparo val- gue é grave, o ventrículo esquerdo recebe um refluxo de
var (não troca) mesmo em assintomáticos, dada a evolução sangue cada vez maior, o que conduz a um aumento do seu
ecocardiográfica desfavorável dessa insuficiência mitral pri- tamanho e, finalmente, provoca uma insuficiência cardíaca.
mária (elevação do diâmetro diastólico ventricular e que- Esta, por sua vez, causa dispneia aos esforços, ortopneia e
da da fração de ejeção). O reparo tem sido preferido em edema de membros inferiores, caracterizando assim o qua-
relação à troca valvar pela melhor evolução clínica em geral dro de insuficiência da válvula aórtica.
obtida com a preservação da valva nativa. Gabarito= E
Gabarito= A
Questão 259. Analisando as afirmativas:
Questão 254. Os sintomas mais comuns na estenose aórti- I -Verdadeira. São vantagens das próteses biológicas, mas
ca são dispneia, angina ou síncope. Os achados típicos do sua durabilidade é limitada.
exame físico de uma estenose aórtica grave estão demons- 11 - Falsa. Os homoenxertos são pouco utilizados, além de
trados no enunciado: pulso parvus et tardus, ictus propulsi- a técnica ser difícil e os resultados serem pouco reprodu-
vo mas na localização habitual, denotando hipertrofia ven- tíveis.
tricular esquerda, e sopro sistólico ejetivo "em diamante". 111- Verdadeira. São descritas as principais desvantagens da
Além disso, a estenose mitral e a insuficiência aórtica gera- prótese valvar biológica.
riam sopros diastólicos, e a insuficiência mitral, sopro sistó- IV- Falsa. As valvas mecânicas têm elevada incidência de
lico com outras características (regurgitativo), sem interferir fenômenos tromboembólicos e necessitam de anticoagu-
na característica do pulso carotídeo. lação.
Gabarito =C V - Falsa. As próteses mecânicas são as mais indicadas a
pacientes jovens, para evitar a necessidade de múltiplas in-
Questão 255. No Brasil, afastando-se as insuficiências mi- tervenções.
trais secundárias à dilatação do ventrículo esquerdo, ainda Gabarito= B
são prevalentes as insuficiências mitrais por etiologia reu-
mática. Em países da Europa Ocidental ou da América do Questão 260. As valvopatias aórticas não provocam hemop-
Norte, no entanto, as valvopatias reumáticas são infrequen- tise, já que o ventrículo esquerdo consegue lidar melhor
tes, e etiologias como isquêmica e degeneração mixomato- com sobrecarga de volume ou de pressão. Quando há insu-
sa ganham espaço nessa epidemiologia. ficiência tricúspide, o pulmão não é afetado, as pressões se
Gabarito= B mantêm. Porém, quando há estenose mitral, a pressão no
átrio esquerdo aumenta de forma importante e se transmi-
Questão 256. A evolução do quadro infeccioso foi rápida, a te para o pulmão, que, por sua vez, a partir do aumento da
partir de lesão em urina e dor lombar. Também faz hemodi- pressão capilar pulmonar, tem hemácias extravasando para
álise, o que aumenta a chance de infecção por Gram positi- os alvéolos, causando hemoptise.
vos. Como a evolução foi rápida, a endocardite em questão Gabarito= B
é aguda, muito característica de Staphylococcus aureus.
Gabarito= C Questão 261. Estamos diante da tríade da estenose aórti-
ca, que tem como 1ª manifestação a dispneia, seguida de
Questão 257. Os achados de anamnese, exame físico e ele- dor anginosa, para por fim evoluir com síncope, o que ain-
trocardiograma são típicos de estenose aórtica. A síncope da não ocorreu com o paciente em questão. Além disso, a
aos esforços e a angina são manifestações importantes de configuração do sopro descrita não deixa dúvidas quanto
estenose aórtica e indicam intervenção cirúrgica até prova ao diagnóstico. Por vezes, esse tipo de sopro pode gerar ai-

304
CARDIOLOGIA

guma confusão com o apresentado nos casos de CIV, porém ao prolapso. A valva mitral possui 2 cúspides (anterior e
nessa condição temos o chamado sopro "em faixa" ou "em posterior) e não 3, como está na alternativa "d".
barra", holossistólico. Gabarito= A
Gabarito= B
Questão 266. Analisando as alternativas:
Questão 262. O forame oval patente normalmente não for- a) Correta. A estenose mitral dificulta o esvaziamento do
nece sintomas nem alteração da ausculta cardíaca. A cardio- átrio esquerdo, fazendo que estados de hipervolemia,
miopatia hipertrófica obstrutiva produz sopro sistólico na como a gestação, sejam mal suportados, e está associada a
borda esternal esquerda baixa, destacado da 1ª bulha, com sopro mesodiastólico em foco mitral.
aumento da intensidade à manobra de Valsalva, com pouca b) Incorreta . O sopro da insuficiência aórtica é holodiastóli-
ou nenhuma irradiação para o pescoço. A estenose aórtica co, e a PA, divergente.
produz sopro semelhante, porém mais localizado nas áreas c) Incorreta. A cardiomiopatia da gravidez (periparto) ocor-
da base, na área aórtica e na área aórtica acessória, com re, conceitualmente, no último mês da gestação ou até 5
irradiação para pescoço, sendo que o eletrocardiograma meses após o parto, e apresenta dilatação ventricular es-
pode ser normal se o comprometimento não for intenso. O querda e QRS alargado ao eletrocardiograma.
prolapso da valva mitral é o responsável pela ausculta des- d) Incorreta. O estado gravídico cursa com aumento da vale-
crita, sendo o click e o sopro telessistólico critérios maiores mia e pode, no final da gestação, estar associado a dispneia de
para a sua definição; o quadro clínico inespecífico também leve intensidade e a sopro sistólico devido ao estado hiperdi-
ajuda no diagnóstico. A comunicação interatrial pode levar nâmico. A paciente apresenta dispneia aos pequenos esforços
a ausculta de sopro sistólico em área pulmonar, com desdo- e sopro mesodiastólico, sugerindo valvulopatia, e não apenas
bramento constante da 2ª bulha. um sopro devido ao estado hiperdinâmico da gestação.
Gabarito= D Gabarito= A

Questão 263. Xantelasmas são lesões de pele das pálpebras Questão 267. Analisando as alternativas:
secundárias a depósitos de lipídios intracelulares, formadas a) A presença de gradiente transvalvar e a área valvar aór-
quando há aumento dos níveis de triglicérides e diminuição tica diminuída indicam estenose, não insuficiência aórtica.
de HDL; são marcadores fortes de dislipidemia. Aracnodactilia b) A causa de estenose aórtica em idosos não é válvula bi-
é característica da síndrome de Marfan e pode ser verificada, cúspide.
além do aspecto dos dedos das mãos finos e longos, quando c) O paciente apresentou sintomas (síncope), e o teste er-
o polegar aposto ultrapassa a região ulnar da mão. O sinal de gométrico provocou dispneia, portanto tem indicação de
Musset pode ser observado na insuficiência aórtica impor- correção da válvula aórtica .
tante e consiste no movimento da cabeça a cada batimento d) O paciente já apresentou sintoma (síncope) e tem teste
cardíaco. O pulso parvus et tardus acontece na estenose aór- ergométrico com dispneia.
tica importante e se caracteriza por ascenso lento e amplitude e) O paciente apresentou sintomas (síncope), e o teste ergo-
diminuída. As lesões de Janeway são hemorrágicas levemente métrico provocou dispneia, portanto tem indicação de corre-
elevadas, indolores, localizadas nas palmas das mãos e nas so- ção da válvula aórtica, logo não é estenose aórtica leve.
las dos pés em caso de endocardite infecciosa. Gabarito= C
Gabarito= C
Questão 268. Analisando as alternativas:
Questão 264. Analisando as alternativas : a) Na manobra de Müller, o paciente inspira com a boca e
a) Não, a redução da divergência indica piora da função ven- o nariz fechados, criando pressão negativa intratorácica e
tricular esquerda. exacerbando os sopros do lado direito do coração. Portan-
b) A piora da insuficiência aórtica seria caracterizada pelo to, não exagera o sopro de insuficiência mitral, e o sopro
aumento da divergência da pressão arterial. audível nesse paciente é tricúspide.
c) A piora da função ventricular pode reduzir a pressão sis- b) Sim, a manobra irá exagerar o sopro da área tricúspide, e
tólica, levando a divergência da pressão arterial. o meso foi audível na mesma área.
d) Não haveria alteração de divergência de pressão arterial c) Não, somente os sopros graus 111 e IV apresentam frêmito.
nessa condição, se concomitante . d) Existe aumento da pré-carga à direita na manobra de
Gabarito= C Müller.
e) Esta manobra visa aumentar a pós-carga esquerda do co-
Questão 265. O c/ick associado ao sopro telessistólico é a ração, tendo, portanto, funções diferentes.
ausculta clássica do prolapso de valva mitral ("a" correta). Gabarito= B
Onda delta está relacionada a síndrome de pré-excitação
ventricular e não tem relação com prolapso. Alterações de Questão 269. A descrição radiológica é compatível com o
repolarização são alterações inespecíficas não associadas aumento do átrio esquerdo, que apresenta todas as carac-

305
COMENTÁRIOS

terísticas citadas, e, em paciente jovem, com antecedente está entre 20 e 40 anos. O exame físico pode ser bem pró-
de FR, a etiologia mais provável é a estenose mitral. Essa ximo ao normal. lctus discretamente proeminente, presen-
valvulopatia determina sobrecarga atrial severa; e o surgi- ça de B4 (dificuldade de enchimento diastólico na fase de
mento da onda P bífida, com duração aumentada nas deri- contração atrial) e sopro ejetivo aórtico nos casos da forma
vações que melhor avaliam a massa atrial (Dl/D2). obstrutiva; pode haver sopro de insuficiência mitral (sobre-
Gabarito= A carga sobre a válvula). Os sopros aumentam de intensidade
com manobras que aumentam o volume cardíaco ou a pres-
Questão 270. A presença de PA diastólica preservada ocor- são torácica, como a de Valsalva e persistência em pé após
re no início da insuficiência aórtica, com queda progressiva agachamento. A estenose valvar grave é rara nesta faixa
dos valores com a piora valvar. O c/ick de ejeção é carac- etária. E o sopro diastólico predomina na dupla lesão aórti-
terístico do início da valvulopatia, desaparecendo com sua ca quando o principal componente é a insuficiência.
progressão. Com a piora da dilatação ventricular determi- Gabarito= B
nada pela insuficiência aórtica, há rebaixamento mais acen-
tuado do ictus cardíaco, abaixo do Sº espaço intercostal. O Questão 274. O sopro clássico da estenose mitral é des-
sopro diastólico apical persiste durante toda a evolução da crito como diastólico em ruflar com reforço pré-sistólico
disfunção valvar, portanto a alternativa correta é a "a". e hiperfonese de Bl. A 3ª (B3) e a 4ª bulhas (B4) são sons
Gabarito= A diastólicos originados no ventrículo, com relação com
a diminuição da complacência ventricular no momento
Questão 271. Trata-se de um quadro de estenose mitral, da sístole atrial (no caso de B4), precedendo a 1ª bulha,
em que a apresentação clínica mais clássica é a de dispneia ou durante a fase de enchimento rápido ventricular (B3)
aos esforços, síndrome de baixo débito, tosse com hemop- logo após a 2ª bulha. A hiperfonese de B2 pode ocorrer
tise e dor torácica em pacientes com hipertensão pulmonar. por componente aórtico (na hipertensão sistêmica e em
Rouquidão e disfagia por aumento do átrio esquerdo são doenças da valva aórtica ou da aorta) ou componente pul-
mais raras (síndrome de Ortner). Hiperfonese de Bl e de monar (na hipertensão pulmonar). O estalido de abertura
sopro diastólico no foco mitral é característica da valvulopa- mitral é ouvido no prolapso da valva mitral. Sopros halos-
tia. O sopro diminui com a inspiração e manobra de Valsalva sistólicos podem ser decorrentes de uma insuficiência de
e aumenta com o exercício físico. O eletrocardiograma re- valva mitral ou tricúspide ou estenose de valva aórtica ou
presenta sobrecarga atrial esquerda. O sopro presente no pulmonar.
hipertireoidismo é funcional e não associado a alterações Gabarito= A
ao eletrocardiograma. O forame oval patente geralmente
não determina sopro e cursa com hipertensão pulmonar Questão 275. O diagnóstico de endocardite é baseado nos
secundária. A insuficiência aórtica tem sopro diastólico ca- critérios de Duke modificados:
racterístico sem hiperfonese de Bl. E o sopro do septo in-
terventricular é contínuo, lembrando som de locomotiva. Critérios maiores
1
Gabarito= E - Micro-organismo típico em pelo menos 2
hemoculturas separadas; i

Questão 272. A estenose aórtica está associada ao sopro sis- - 2 hemoculturas positivas com intervalo 1

Hemoculturas
tólico ejetivo no foco aórtico e não mitral ("b" incorreta), e o >12 horas; 1

positivas
- 3 hemoculturas ou a maioria de pelo me- i

-l
bloqueio do ramo direito isolado não está associado ao sopro
nos 4 com intervalo entre a 1ª e a última i
cardíaco ("d" incorreta). Tanto a EP como a CIA estão associa-
>1 hora. !
das ao sopro ejetivo em foco pulmonar- na EP, este ocorre
pelo turbilhonamento do fluxo na valva pulmonar e, na CIA, --+-_- V
- egetação; ''
pelo aumento do fluxo na via de saída do ventrículo direito. - Abscesso perivalvar;
Ecocardiograma
- Nova deiscência parcial de prótese;
Ambas as lesões podem estar associadas ao desdobramento
- Regurgitação valvar nova.
fixo da 2ª bulha. Pacientes com EP leve e CIA com relação en-
tre o fluxo pulmonar e sistêmico baixo podem ser assintomá- Critérios menores
ticos aos 20 anos. O sopro da CIA, diferente do sopro da EP, Predisposição: Imunológicos: glomerulonefrite, nódulos [
é classificado como rude e está associado a ruflar diastólico cardiopatia/droga- de Osler, manchas de Roth, fator reumatoi- '
tricúspide pelo aumento do fluxo pela valva tricúspide. dição de positivo

Gabarito= A Microbiológicos: hemocultura com amos-


Febre: ~38"C tra positiva, sorologia de infecção ativa por
germe compatível com EI
Questão 273. A apresentação clínica da cardiomiopatia hi-
pertrófica é muito semelhante à dos quadros de estenose Ecocardiograma: Vasculares: embolia séptica, infarto pulmo-
aórtica, caracterizada por dispneia (disfunção diastólica), achados que não na r, aneurisma micótico, acidade vascular
preenchem os cerebral hemorrágico, hemorragia conjun-
angina, síncope (obstrução da via de saída), palpitações
critérios tival, lesões de Janeway
e morte súbita por arritmias. A faixa etária predominante -----~

306
CARDIOLOGIA

Analisando as alternativas: de relaxamento ventricular, por isso os betabloqueadores são


a) Incorreta. O fenômeno de Raynaud não é critério eficazes. Outra terapia aplicável é o uso de vasodilatadores
diagnóstico. por aumentar a capacitância vascular e diminuir a pós-carga.
b) Incorreta. Artralgia também não entra nos critérios Gabarito= B
diagnósticos.
c) Incorreta. A embolia e a insuficiência cardíaca são crité- Questão 280. Este quadro clínico mostra uma grande pre-
rios menores. ocupação dos dias atuais, a morte súbita entre atletas. A
d) Incorreta. Febre é um critério menor; a dor torácica não presença de história familiar de morte súbita associada à
entra como critério. 4ª bulha (sinal típico de hipertrofia ventricular esquerda) e
e) Correta. eletrocardiograma com evidências de hipertrofia ventricu-
Gabarito= E lar esquerda faz pensar no diagnóstico de cardiomiopatia
hipertrófica. A confirmação é feita pelo ecocardiograma.
Todos os atletas com essa condição têm contraindicação de
Miocardites continuarem a exercer atividade física, sob risco de morte
súbita. As demais alternativas não são compatíveis com o
Questão 276. A cardiomiopatia hipertrófica pode ocorrer
quadro clínico.
de forma a não determinar alteração da ausculta cardía-
Gabarito= C
ca . No entanto, quando a hipertrofia determina obstrução
da via de saída do ventrículo esquerdo, pode ocorrer um
Questão 281. A doença de Chagas aguda se manifesta
sopro semelhante ao da estenose aórtica . Também pode
como uma síndrome febril associada à miocardite parasi-
ocorrer insuficiência mitral, geralmente funcional. A alte-
tária, tendo como consequências a cardiomegalia e a insu-
ração da ausculta cardíaca da cardiomiopatia hipertrófica
ficiência cardíaca. Podem estar relacionados, também, com
é comumente de um sopro sistólico "em diamante" (cres-
cendo e decrescendo) em foco aórtico. Pode ser percebi- o quadro de meningoencefalite, segundo algumas descri-
do também em ápex cardíaco. O sopro sistólico rude, em ções. Além disso, o tratamento deve ser realizado com ben-
decrescendo, que se irradia para o pescoço, é o da este- zimidazol ou nifurtimox.
nose aórtica. Gabarito= B
Gabarito= B

Questão 277. A comunicação interatrial cursa com bloqueio


Doenças do pericárdio
do ramo direito. O infarto do ventrículo direito apresenta
Questão 282. O quadro clínico é fortemente sugestivo de
supra-ST em V3r/V4r e se associa ao infarto da parede infe-
pericardite constritiva. A presença de anasarca pressupõe
rior; as ondas Q não são características de isquemia miocár-
cronicidade ao quadro, o que ajuda a diferenciar do tam-
dica aguda; a insuficiência ventricular esquerda se associa
ponamento cardíaco. O infarto do ventrículo direito traria
ao desvio do eixo para a esquerda, não obrigatoriamente
à inversão de onda T ou ondas Q em derivações inferiores. outros comemorativos no ECG, além de quadro clínico su-
A cardiomiopatia hipertrófica se associada ao aumento do gestivo de síndrome isquêmica aguda. Na cardiomiopatia
átrio esquerdo (geralmente por obstrução da via de saída restritiva, não há sinal de Kussmaul nem de Broadbent,
do ventrículo esquerdo), alterações difusas de repolariza- além de não alterar o ECG da forma relatada.
ção ventricular e ondas Q em parede inferior. Gabarito= O
Gabarito= D
Questão 283. O Streptococcus pneumoniae tem comporta-
Questão 278. Apesar de grande parte das miocardites aca- mento muitas vezes agressivo, com alta virulência e disse-
bar sem diagnóstico etiológico específico, acredita-se que minação por contiguidade por vários tecidos. Esse paciente
a etiologia viral (citomegalovírus, Epstein-Barr, vírus da já tinha acometimento pulmonar e pleural com esse pató-
dengue, influenza, hepatite, parvovírus, rubéola, varicela- geno, quando evoluiu com quadro típico de tamponamento
-zóster) seja a mais prevalente, seguida pela bacteriana. cardíaco (pulso paradoxal, hipotensão, taquicardia, disten-
Gabarito= O são jugular, insuficiência cardíaca direita). Nesse caso, o
diagnóstico mais provável seria pericardite purulenta com
Questão 279. O quadro descrito é de ICC associada à car- tamponamento cardíaco. A macicez na propedêutica pul-
diomiopatia hipertrófica, caracterizada por restrição dias- monar diferencia o derrame pleural do pneumotórax. Não
tólica. Nessa situação, betabloqueadores e diuréticos são a há sinais de endocardite nem indícios de disfunção sistólica
terapia de escolha. Esses pacientes manipulam muito mal a ventricular, mas sim de restrição ao seu enchimento, o que
carga volêmica, então a terapia com diuréticos é bem-vinda. torna improvável o diagnóstico de miocardite aguda.
Precisam de tempo de enchimento, pois apresentam déficit Gabarito= B

307
~~~ COMENTÁRIOS
Questão 284. Em um indivíduo normal, durante a inspiração knock à ausculta, sendo também que nessa fase da evolução
em que ocorre pressão negativa intratorácica, o coração se- não se esperaria bom estado geral. Insuficiência cardíaca es-
ria comprimido se não houvesse o efeito protetor do peri- querda ocasionaria ausculta pulmonar com estertores crepi-
cárdio. Ainda assim, fisiologicamente, durante a inspiração tantes e não justificaria a ausculta nem o sinal de Kussmaul,
o pulso arterial sofre pequena redução de sua intensidade. mantendo-se a diminuição da estase jugular à inspiração
Nas afecções do pericárdio, o efeito da pressão intratoráci- profunda, se for admitido que a intensidade é tal que já
ca no coração não é amenizada pelo pericárdio, e a pressão haveria comprometimento do coração direito. Insuficiência
transmitida leva a diminuição mais significativa do débito cardíaca congestiva é um termo muito genérico, não deve
cardíaco e, portanto, do pulso arterial durante a inspiração. ser considerado. Tromboembolismo pulmonar crônico com
Gabarito= A insuficiência cardíaca direita também não justificaria o knock
e o sinal de Kussmaul e dificilmente chegaria a tal evolução
Questão 285. A inversão da onda T pode ocorrer em alguns mantendo o bom estado geral.
casos de pericardite, mas após o 3º dia de evolução do qua- Gabarito= B
dro.
Gabarito= B Questão 291. Analisando as alternativas:
a) Correta. O quadro clínico de dispneia, turgência jugular
Questão 286. O quadro clínico sugere pericardite e inclusi- e pulso paradoxal já sugere o diagnóstico de tamponamen-
ve cita um ecocardiograma com acúmulo moderado de vo- to cardíaco. O eletrocardiograma com alternância elétrica
lume. A suspeita da etiologia tuberculosa pode ser devida (complexos QRS alternando a amplitude entre um batimen-
to e o outro) reforça essa hipótese diagnóstica. O tratamen-
ao fato de o paciente apresentar uma anemia de doença
crônica. O exame complementar mais indicado é um novo to para o tamponamento cardíaco é a pericardiocentese.
b), c), d) e e) Descrevem condutas para diagnósticos alter-
ecocardiograma, para avaliar o aumento de líquido e a bi-
nativos que não se enquadram no caso.
ópsia pericárdica.
Gabarito= A
Gabarito= B

Questão 292. Analisando as alternativas:


Questão 287. Para paciente com quadro de sepse de foco
a) Esta oclusão é muito grave e seria caracterizada por rein-
urinário que evoluiu para insuficiência renal aguda, a prin-
farto miocárdico.
cipal causa é insuficiência renal pré-renal por diminuição de
b) Esta oclusão é muito grave e seria caracterizada por rein-
fluxo vascular renal. Alguns parâmetros laboratoriais refor-
farto miocárdico, já que é um vaso utilizado para realizar
çam a condição pré-renal como causa da insuficiência renal,
ponte para as coronárias.
como Na urinário <20mEq/L (o rim interpreta a condição
c) Faltam sinais do tamponamento, tais como hipotensão
como hipovolemia e aumenta a reabsorção de Na) e osmo-
arterial grave e instabilidade hemodinâmica.
lalidade urinária >SOOmOsm/kg (o rim diminui a excreção
d) Sim, a pericardite aguda ou síndrome de Dressler ocorre
de água livre).
exatamente nesse período pós-infarto agudo do miocárdio.
Gabarito= O
Gabarito= O

Questão 288. A tríade de Beck é composta por bulhas hi-


Questão 293. Para a resolução da questão, é importante co-
pofonéticas (devido ao líquido acumulado no espaço peri-
nhecer os parâmetros a serem analisados. Débito cardíaco
cárdico); hipotensão arterial e elevação da pressão venosa
-volume de sangue ejetado por minuto pelo coração. Pres-
central (muitas vezes clinicamente manifestada com estase
são média da artéria pulmonar ocluída- estimativa da pres-
jugular).
são atrial esquerda. Resistência vascular sistêmica - rela-
Gabarito= A cionada à pós-carga, aumentada em situações que levam a
vasoconstrição e diminuída em situações de vasodilatação.
Questão 289. A tríade de Beck é característica do tampona- Analisando as alternativas:
mento cardíaco e envolve abafamento de bulhas, hipoten- a) Correta. Já o tamponamento cardíaco leva a condição de
são arterial e presença de estase jugular. O pneumotórax restrição diastólica externa das câmaras cardíacas elevando
hipertensivo pode causar hipotensão, mas não os outros as pressões dos átrios direito e esquerdo. Pelo aumento nas
sinais. Hemotórax, pela hemorragia, também, mas sem es- pressões intracavitárias direitas, há redução da pré-carga
tase jugular. O pneumotórax aberto não causa hipotensão, com consequente queda no débito cardíaco associada a
nem os outros sinais. aumento compensatório da resistência vascular sistêmica.
Gabarito= C b) Incorreta. O choque hipovolêmico está associado à redu-
ção não só do débito, também das pressões intracardíacas.
Questão 290. O quadro clínico é típico de pericardite cons- c) e e) Incorretas. O choque séptico e hipertireoidismo são
tritiva. A hepatopatia crônica não causa estase jugular nem condições em que há um estado hiperdinâmico que leva a

308
CARDIOLOGIA

aumento do débito cardíaco. No choque séptico, há tam- esquerdo - e a sinais de sobrecarga ventricular esquerda
bém intensa vasodilatação levando a queda da resistência que estão ausentes nesse traçado.
vascular sistêmica. b) e e) Incorretas. O infarto agudo é um importante diagnós-
d) Incorreta. No tromboembolismo pulmonar maciço, o tico diferencial nesse caso, no entanto pacientes com infar-
débito cardíaco está reduzido por prejuízo na entrada do to agudo do miocárdio apresentam supradesnivelamento
sangue à artéria pulmonar e consequente enchimento ven- descendente de ST regional e não difuso, como no caso.
tricular esquerdo, não estando relacionado às alterações d) Incorreta. A dissecção da aorta ascendente apresenta
nas pressões atriais esquerdas (pressão de artéria pulmo- eletrocardiograma normal ou, nos casos em que há dissec-
nar ocluída estaria reduzida ou normal). ção retrógrada de coronária, alteração eletrocardiográfica
Gabarito= A semelhante à do infarto agudo com supradesnivelamento
do segmento ST que, como discutido, não é o caso.
Questão 294. Analisando as alternativas: Gabarito= C
a) Os achados de pulso paradoxal, hipofonese de bulhas,
turgência de jugulares e baixa voltagem do complexo QRS
fazem o diagnóstico de envolvimento pericárdico grave. Avaliação e abordagem perioperatória
b) Habitualmente, causado por doença pulmonar obstruti-
va crônica, portanto faltam achados pulmonares e história Questão 297. Na avaliação de risco perioperatório, o pa-
de envolvimento respiratório, bem como história prévia de ciente classificado com moderado risco pode ter as carac-
tabagismo. Além disso, não são comuns achados de tampo- terísticas descritas na alternativa "b".
namento pericárdico na doença pulmonar obstrutiva crôni- Analisando as alternativas:
ca, como apresentados pela paciente. a) Incorreta. A angina instável caracteriza pacientes de alto
c) Em geral, o paciente apresenta insuficiência cardíaca à risco.
esquerda, pois 86% desses tumores se localizam do lado c) Incorreta. O aumento da faixa etária, principalmente aci-
esquerdo. ma de 70 anos, presença de diabetes mellitus e hipertensão
d) Apresenta-se, geralmente, assintomática, podendo haver
arterial sistêmica caracterizam alto risco.
dor torácica. Ao exame físico, pode haver sopro, no entanto
d) Incorreta. A insuficiência cardíaca descompensada carac-
pulso paradoxal e abafamento de bulhas não são encontra-
teriza pacientes de alto risco.
dos nessa afecção.
e) Incorreta. As características classificariam o paciente
e) Habitualmente, caracteriza-se por clínica predominante
como de alto risco.
de falência ventricular esquerda, não direita, como apre-
sentado pela paciente. Gabarito= B

Gabarito= A
Questão 298. A avaliação perioperatória não depende da
aplicação de escore de risco A ou 8, mas de uma avaliação
Questão 295. As pericardites de origem vira! são bem con-
clínica sistematizada, observando as condições clínicas do
troladas com ácido acetilsalicílico e, se necessário, anti-in-
flamatórios não hormonais. A artrite reumatoide pode aco- doente, sua capacidade funcional, o risco intrínseco ao pro-
meter qualquer órgão; no pericárdio, é descrita a presença cedimento, a necessidade ou não de exames complementa-
de nódulos reumatoides. A pericardite por tuberculose é res e a adequação das medicações de uso contínuo. Neste
um quadro de evolução potencialmente grave, pois deter- caso, temos um paciente nonagenário, diabético, hiperten-
mina fibrose intensa, o que justifica a utilização de corticoi- so, com doença arterial coronariana estável, sem disfunção
de associado ao esquema tríplice para reduzir a chance de ventricular esquerda, sem lesões coronarianas significativas
tamponamento e de pericardite constritiva. As pericardites (artérias avaliadas com angiografia ou angiotomografia?) e
neoplásicas estão relacionadas a tumores de mediastino, assintomático, que faz uso de antiagregante plaquetário,
pulmão e mama, em que o implante por contiguidade é o estatina, betabloqueador, bloqueadores do receptor da an-
mecanismo mais frequente. O derrame pericárdico por mi- giotensina e hipoglicemiante oral.
xedema tem boa resposta à reposição hormonal e evolui Com relação aos medicamentos de uso contínuo, os anti-
para cura sem sequelas. -hipertensivos não devem ser suspensos para a cirurgia; in-
Gabarito= C clusive, devem ser tomados no dia (grau de recomendação
1). Se a pressão arterial não está controlada, devem ser ajus-
Questão 296. Analisando as alternativas: tados antes do procedimento. Os betabloqueadores devem
c) Correta. O eletrocardiograma mostra ritmo sinusal, FC ser mantidos entre aqueles que já fazem uso crônico (grau
= lSObpm e supradesnivelamento ascendente difuso do de recomendação I}. Estatinas devem ser mantidas entre
segmento ST associado a infradesnivelamento do segmento os sabidamente coronariopatas (grau de recomendação I}.
PR, sugerindo o diagnóstico de pericardite. Coronariopatas com programação de cirurgia não cardíaca
a) Incorreta. A cardiomiopatia dilatada está associada ao devem manter o uso de ácido acetilsalicílico em dose bai-
distúrbio de condução- principalmente bloqueio do ramo xa, de 75 a lOOmg/d, exceto para neurocirurgia e ressec-

309
~ltl~ COMENTÁRIOS
ção transuretral da próstata (grau de recomendação 1). As de laboratório; combinados com o exame físico, a histó-
biguanidas (metformina) devem ser suspensas de 24 a 48 ria é diagnóstica em 75 a 90% dos pacientes. Informações
horas para procedimentos de porte intermediário a mode- sobre a doença crônica ou qualquer outra condição pa-
rado, em função do risco de acidose láctica (grau de reco- tológica ajudam a guiar o médico nos testes laboratoriais
mendação I) durante a análise inicial.
Em função das comorbidades, a aplicação da maioria dos Gabarito= E
escores de risco pré-operatório (Lee, ACP etc.) classificaria o
indivíduo como de risco intermediário para eventos cardio- Questão 302. O paciente apresenta, no 152 dia pós-cirurgia,
vasculares perioperatórios. Para doentes com risco inter- quadro de insuficiência cardíaca bicameral, com sinais clí-
mediário, é interessante uma prova funcional provocativa nicos de tamponamento cardíaco, a complicação mais fre-
de isquemia para procedimentos de alto a moderado risco quente a tal altura do pós-operatório. A insuficiência car-
intrínseco. Como se trata de um procedimento de baixo ris- díaca do ventrículo esquerdo ocorre precocemente, nos
co (cirurgia oftalmológica), a prova funcional é dispensável. primeiros dias do pós-operatório. Hipertensão pulmonar e
Portanto, a alternativa correta é a "d". trombose mesentérica não explicam todas as alterações en-
Gabarito= O contradas no exame físico. E o infarto agudo do miocárdio
com disfunção valvar mitral causaria um quadro muito mais
Questão 299. Analisando as alternativas: dramático.
a) Incorreta e b) Correta. O estudo STICH randomizou 1.212 Gabarito= C
pacientes com disfunção ventricular esquerda e anatomia
coronariana passível de revascularização para tratamento Questão 303. A paciente apresenta diabetes do tipo 1, que
cirúrgico ou clínico. Após seguimento médio de 56 meses, necessita de insulina. O diabetes insulinodependente é
41% dos pacientes em tratamento clínico e 36% dos revas- uma condição que classifica a paciente como ASA 111.
cularizados apresentaram evento. No entanto, não houve Gabarito= C
diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
c) e d) Incorretas. Quando foi avaliado o desfecho combina-
do de mortalidade e hospitalização por causa cardiovascu- Diagnóstico diferencial da dor torácica
lar, a cirurgia mostrou menor taxa de eventos. O tratamento
intervencionista não foi alvo de pesquisa neste estudo.
Gabarito= B Questão 304. Analisando as alternativas:
a) O oxigên io, o nitrato e o ácido acetilsalicílico ainda se
Questão 300. A paciente apresenta doença crônica que constituem medidas de 1ª linha para pacientes com infar-
pode afetar o prognóstico cirúrgico, mas com bom controle, to agudo do miocárdio, e o diagnóstico diferencial é feito
o que caracteriza a classificação ASA 11, a seguir: posteriormente.
-ASA 1: sem distúrbios fisiológicos, bioquímicas ou psiquiá- b) O oxigênio, o nitrato e o ácido acetilsalicílico ainda se
tricos; constituem medidas de 1ª linha para pacientes com infar-
-ASA 11 : de leve a moderado distúrbio fisiológico, controla- to agudo do miocárdio, e o diagnóstico diferencial é feito
do. Sem comprometimento da atividade normal. A condi- posteriormente.
ção pode afetar a cirurgia ou anestesia; c) Apresentam contraindicação na presença de cocaína,
- ASA 111 : distúrbio sistêmico importante, de difícil controle, pela da hiperestimulação dos alfarreceptores adrenérgicos
com comprometimento da atividade normal e impacto so- quando do bloqueio exclusivo dos betarreceptores.
bre a anestesia e a cirurgia; d) Se necessário, esta classe de medicação pode ser utiliza-
-ASA IV: desordem sistêmica severa, potencialmente letal, da na intoxicação por cocaína .
com grande impacto sobre a anestesia e cirurgia; e) Não apresenta contraindicação, apesar de não ser uma
-ASA V: moribundo. A cirurgia é absolutamente necessária droga de 1ª linha aos indivíduos com suspeita de intoxica-
para manter a vida. ção por cocaína.
Gabarito= B Gabarito= C

Questão 301. A história clínica é a melhor forma de avaliar Questão 305. Trata-se de paciente com antecedente de HAS
os possíveis riscos cirúrgicos do paciente. Histórico de ane- evoluindo com quadro de dor torácica irradiada para o dor-
mias recorrentes, episódios de sangramentos de repetição so e PA elevada com ausência de pulso no membro contra-
gengivais e epistaxe são dados relevantes, além dos exa- lateral, o que torna a dissecção aguda da aorta a principal
mes pré-operatórios. A anamnese e o exame físico são os hipótese diagnóstica. O tromboembolismo pulmonar pode
mais efetivos meios de identificação de risco associado a ocasionar dor torácica de início súbito, mas usualmente é
doenças coexistentes. A história é 3 vezes mais produtiva associado a fatores predisponentes e não cursa com níveis
que o exame físico e 11 vezes mais efetiva que os exames pressóricos elevados. O pneumotórax espontâneo costuma

310
r----
CARDIOLOGIA

ter dor com piora ventilatoriodependente e não cursa com a área infartada, o que pode ser evidenciado pelas ondas
assimetria de pulsos. E a pancreatite aguda pode ter dor Q patológicas, cuja característica é exceder 25% do R e du-
com irradiação para o dorso, mas também não costuma ração >0,04 segundo. O eletrocardiograma em que vemos
cursar com hipertensão e assimetria de pulso. isso é o O, em que aparecem ondas Q na parede inferior
Gabarito= E (dll, dlll e aVF).
3 -O 3º paciente está apresentando dor torácica prolonga-
Questão 306. Na insuficiência aórtica aguda por dissecção, da na vigência de fatores de risco para síndrome coronaria-
é comum a elevação da PA diastólica determinada por va- na aguda. Devemos nos atentar para achados compatíveis
soconstrição periférica e pela redução da complacência da com essa hipótese diagnóstica : inversão de onda T, infra-ST
aorta. A disfunção valvar na endocardite infecciosa é asso- ou supra-ST. Vemos supradesnivelamento na parede infe-
ciada à hipotensão diastólica. A pericardite constritiva não rior (dll, dlll e aVF) do eletrocardiograma de letra M (o pa-
tem associação à insuficiência aórtica. A cardiomiopatia hi- ciente tem indicação de realizar V3R e V4R). Sendo assim, a
pertrófica está associada ao sopro sistólico por obstrução associação fica sendo 1-N, 11-0, 111-M.
da via de saída do ventrículo esquerdo. E a insuficiência mi- Gabarito= B
tral é mais comum no infarto agudo do miocárdio.
Gabarito= C Questão 309. Comparativamente à angiografia coronariana
ou à ultrassonografia intravascular, a tomografia multislice
Questão 307. Este paciente está em parada cardiorrespi- 64 para coronárias tem sensibilidade de 88 a 100% e espe-
ratória evidenciada pela ausência de pulso. Foi identifi- cificidade de 59 a 100% para detecção de estenose signifi-
cada uma taquicardia ventricular no traçado do monitor, cativa (2:50%). O Valor Preditivo Positivo (VPP) e o Valor Pre-
portanto estamos diante de uma taquicardia ventricular ditivo Negativo (VPN) variam com a prevalência da doença
sem pulso. Tanto para esse ritmo quanto para a fibrilação na população estudada -quanto a estenoses significativas
ventricular, segue-se a mesma conduta durante a ressus- (2:50%), estudos mostram VPP e VPN, ambos de 93% para
citação cardiopulmonar. O uso de um vasopressor durante os pacientes, para os vasos VPP de 80% e VPN de 97%, e
toda parada cardiorrespiratória é necessário, pois melhora para segmentos VPP de 66% e VPN de 98%. Esse cenário
o retorno venoso e a perfusão coronariana. Segundo a úl- aponta que esse exame pode ser usado numa estratégia em
tima revisão das diretrizes do ACLS em 2005, a droga a ser que se busque descartar lesão coronariana, mas que deve
administrada nesses casos pode ser a epinefrina (adrenali- ser feita complementação com cateterismo cardíaco para
na) na dose de 1mg IV em bolus a cada 3 a 5 minutos, ou a os casos em que há lesão suspeita . O exame expõe o pa-
vasopressina, na dose de 40UIIV que pode ser feita no lugar ciente a grande quantidade de radiação, principalmente a
da 1ª ou 2ª dose de adrenalina. A atropina é reservada para tomografia multislice de 64.
AESPs com ritmo bradicárdico de atividade elétrica (<60), Gabarito= A
e a amiodarona deve ser feita em fibrilação ventricular/ta-
quicardia ventricular sem pulso após um vasopressor, como Questão 310. Trata-se de uma síndrome coronariana aguda,
droga antiarrítmica. A lidocaína pode ser feita como antiar- portanto necessariamente uma emergência hipertensiva, o
rítmica após o uso das doses de amiodarona. que exclui as alternativas "a", "b" e "d". O tratamento inicial
Gabarito= A na sala de emergência para toda síndrome coronariana agu-
da envolve os itens do método mnemônico MONAS: Morfi-
Questão 308. Analisaremos cada paciente e pensaremos na, Oxigênio, Nitrato, Ácido acetilsalicílico, Betabloqueador.
em um possível traçado eletrocardiográfico : Gabarito= E
1 - O paciente I é, provavelmente, renal crônico dialítico e
não foi às últimas 2 sessões de diálise. Clinicamente apre- Questão 311. Para analisar a questão, primeiramente de-
senta uma complicação da não adesão ao tratamento, que vemos chegar ao diagnóstico. Trata-se de um paciente com
é a anasarca, mostrando hipervolemia. As outras compli- diversos fatores de risco para doença arterial coronariana
cações possíveis por faltar às sessões de diálise são uremia (HAS, DLP, DM, AVC prévio) que chega à Emergência com
elevada, acidose metabólica e hipercalemia. A fraqueza dos dor precordial típica. Neste ponto, já podemos pensar na
membros inferiores é favorável ao distúrbio de potássio, as- hipótese de síndrome coronariana aguda, cujo tratamento,
sim devemos procurar sinais de hipercalemia no eletrocar- na sala de emergência, deve incluir as seguintes medica-
diograma, que de forma progressiva são onda T apiculada, ções (MONABCH): Morfina, Oxigênio, Nitrato, Ácido acetil-
onda P achatada, PR alargado, QRS alargado, ritmo idioven- salicílico, Betabloqueador, Clopidogrel e Heparina. A oxige-
tricular, fibrilação ventricular/taquicardia ventricular. O ele- noterapia deve ser feita, não há contra indicação. Como não
trocardiograma é o N que mostra onda T apiculada. há história de alergia a ácido acetilsalicílico, deve-se admi-
2- O paciente li é um diabético descompensado que já teve nistrá-lo também (diminui a mortalidade). Tanto a morfi-
infarto agudo do miocárdio, nesse caso seu eletrocardiogra- na como o nitrato estão contraindicados, pois o paciente
ma deve mostrar sequela nas derivações que representam apresenta PAS <90mmHg (o que exclui "a", "c" e "d"). Como

311
~ltl§ COMENTÁRIOS
no eletrocardiograma aparece supra-ST (no caso de pare- entre stent convencional e farmacológico, apesar de menor
de inferior), deve-se cogitar trombólise. Se houver serviço necessidade de revascularização . Um estudo recente, en-
de hemodinâmica disponível, a preferência será sempre a tretanto, demonstrou maior incidência de novos infartos
angioplastia em vez do trombolítico. Lembrar que pacien- agudos miocárdicos com stent farmacológico.
tes com infarto da parede inferior devem fazer eletrocar- Gabarito= E
diograma procurando infarto do ventrículo direito (V3R e
V4R). O clopidogrel e a heparina podem ser feitos na sala Questão 315. O paciente, apesar de ter dor irradiada para
de hemodinâmica . o dorso, não apresenta outras características que sugiram
Gabarito= B dissecção da aorta, e sua pressão não estava muito aumen-
tada na apresentação. A hipotensão ocorre frequentemen-
Questão 312. Trata-se de um quadro característico de dis- te após o início de infusão de trombolíticos e se resolve
secção aguda de aorta, que pode cursar com diferença de com diminuição da velocidade de infusão, porém, caso
pressão e pulso entre os membros superiores. esta persista, deve-se considerar o diagnóstico de infarto
Gabarito= C do ventrículo direito (paciente apresenta supra-ST em Dll,
Dlll e aVF que sugerem infarto inferior) e, nesse momento,
Questão 313. A questão diz respeito a um paciente com encaminhar ao serviço de angioplastia. A 1ª conduta a ser
angina instável submetida ao estudo invasivo que mostrou realizada, nesse caso, é diminuir a velocidade de infusão e
uma lesão crítica (> 70%) da artéria descendente anterior. oferecer volume ao paciente.
Essa artéria é o principal ramo coronariano que irriga a pa- Gabarito= A
rede anterior do ventrículo esquerdo, e esse é o dado mais
importante para chegar à resposta, referente às complica- Questão 316. Como o paciente sente dor e tem PA elevada,
ções vasculares pós-infarto. precisará diminuir a pressão para realizar terapia trombolí-
Analisando as alternativas: tica, a medida principal a ser realizada no caso. Já a morfina
b) Incorreta. Pensando em embolia arterial sistêmica, não é reservada para os casos em que não há resposta da dor
poderia surgir no território venoso . ao nitrato.
c) Incorreta . Começando pela embolia pulmonar, de fato, os Gabarito= B
pacientes com doença coronariana têm fator de risco para
desenvolver TEP (tromboembolismo pulmonar), entretanto Questão 317. O quadro clínico de dor torácica súbita e ir-
a origem mais comum da embolia é a trombose venosa pro- radiação para membro superior esquerdo e dorso é ines-
funda dos membros inferiores. pecífico, pois pode corresponder a inúmeras doenças, mas,
d) Incorreta. A formação de trombo mural pós-infarto quando associado ao alargamento de mediastino e à lesão
pode ocorrer e ser causa de embolia arterial sistêmica, de órgão-alvo (perda de pulsos membro inferior esquerdo)
porém está intimamente relacionada ao surgimento de é bastante sugestivo de dissecção aguda da aorta. A dis-
aneurisma do ventrículo esquerdo, que acontece em 8 a secção causa dor, e a oclusão posterior, a diminuição dos
15% dos casos de infarto agudo do miocárdio, com rela- pulsos. Raramente a embolia ou a trombose arterial atingiu
ção direta com a parede anterior. Trombo mural ocorre vários ramos arteriais simultaneamente ou causou dor to-
em mais de 50% dos casos que apresentam aneurisma de rácica . No aneurisma torácico, o quadro é mais crônico, mas
ventrículo direito. num caso de ruptura, poderia simular o citado . No infarto
Gabarito= A agudo do miocárdio, o paciente poderia ter o quadro dolo-
roso, mas não a alteração dos pulsos.
Questão 314. É indicada intervenção cirúrgica a pacientes Gabarito= A
com: 3 artérias envolvidas, envolvimento de tronco de coro-
nárias, 2 artérias envolvidas, ramos da artéria descendente Questão 318. Trata-se de um paciente com quadro de dor
anterior associados a uma fração de ejeção <50%. Pacientes torácica irradiando para o dorso, associada à hipertensão
de baixo risco devem fazer tratamento clínico, e a utiliza- arterial com grande diferença de pressão entre os membros
ção de stents deve ser considerada àqueles de risco maior e alguns achados, como subluxação de cristalino e propor-
sem indicação de revascularização cirúrgica, em que consi- ção de altura e peso que sugere síndrome de Marfan, que
derações, como anatomia e resposta a tratamento clínico, é associada à dissecção aguda da aorta. O diagnóstico é de
devem ser ponderadas. Este é um caso que não apresenta dissecção aguda da aorta, e as 2 drogas de escolha para o
indicação formal de intervenção cirúrgica, mas, com doen- tratamento são o betabloqueador e o nitroprussiato de só-
ça de 2 vasos incluindo descendente anterior, sem menção dio. Deve-se evitar o nifedipino de ação rápida em quadros
de alteração de fração de ejeção, todas as intervenções são de urgências e emergências hipertensivas, e o ecocardio-
apropriadas, e não existe claramente diferença na literatura grama transesofágico apresenta performance superior ao
entre as diferentes terapias nesse caso . Não parece haver ecocardiograma transtorácico nesses pacientes.
grande diferença em relação a prognósticos mais relevantes Gabarito= C

312
CARDIOLOGIA

Questão 319. Este é um paciente com quadro provável de des atriais simplesmente tremulam, impedindo que o san-
síndrome coronariana aguda. Nesse caso, o tratamento com gue seja bombeado de modo eficaz para o interior dos ven-
estatinas será indicado quando o colesterol LDL for maior que trículos. Estudos mostram que as taxas de tromboembolis-
lOOmg/dL, com alguns estudos sugerindo benefício com seu mo neste caso são baixas se comparadas à fibrilação atrial,
uso agudo. pois os mecanismos de contração e as altas velocidades de
Gabarito= E contração de esvaziamento do apêndice atrial esquerdo es-
tão relativamente preservados.
Questão 320. O infarto é inferior, mas esse é um pacien- A endocardite bacteriana caracteriza-se por infecção bacte-
te hipotenso, em uma situação em que os pacientes geral- riana ou fúngica, que predispõem ao acometimento do en-
mente chegam hipertensos no pronto-socorro. Nesse caso, docárdio e das válvulas cardíacas. O tromboembolismo nes-
o paciente está em grupo IV de Killip e deve ser considerado te caso pode ser causado tanto por um mau funcionamento
como um choque cardiogênico. valvular quanto pelo desprendimento de trombas sépticos.
Gabarito= D Gabarito= D

Questão 321. O paciente apresentou infarto agudo do mio- Questão 324. Analisando as alternativas:
cárdio inferior com alto risco de desenvolver bradiarritmias a) Incorreta. O frêmito é a sensação tátil do sopro e o carac-
e, quando recebe vasodilatadores, pode desenvolver hipo- teriza como importante.
tensão, principalmente se há infarto agudo do miocárdio b) Incorreta. O desdobramento da 2ª bulha pode ser con-
direito associado (em 20 a 30% dos inferiores). O eletrocar- siderado fisiológico quando ocorre apenas na inspiração e
diograma mostra uma dissociação entre as ondas P e com- se deve ao atraso no componente pulmonar da B2. Desdo-
plexo QRS demonstrando bloqueio atrioventricular total, bramentos fixos sugerem cardiopatia como comunicação
sendo indicação de marca-passo. interatrial na criança, por exemplo.
c) Incorreta. Sopros com irradiação bem definida e fixa su-
Gabarito= E
gerem valvulopatia. O fluxo através das valvas cardíacas
pode dar origem a sopro sistólico de leve intensidade que
Questão 322. Trata-se de um paciente com quadro de dor
pode ser considerado fisiológico.
precordial com achado de B4 ao exame físico, que ocorre
d) Correta. Como há aumento do fluxo em estados hiperci-
em alterações de complacência ventricular como no infarto
néticos, o sopro pode ser mais bem audível.
e outras condições. O ecocardiograma revela hipertrofia de
Gabarito= D
septo ventricular que ocorre na cardiomiopatia hipertrófica,
e os achados de sopro sistólico no foco aórtico, disfunção
Questão 325. Analisando as afirmativas:
diastólica e a presença de B4 também sugerem diagnóstico
I, 11 e VI- Incorretas.
de cardiomiopatia hipertrófica. O verapamil pode melhorar a
I -Sopros inocentes em geral são curtos, suaves, sem irra-
função diastólica por melhorar o relaxamento diastólico, em-
diações ou alterações de bulhas, sem alterações de ictus e
bora seja preferível usar diltiazem para essa condição. E o mo-
sem evidência de anormalidade hemodinâmica associada.
nonitrato de isossorbida diminui o retorno venoso, o que em
111 - Sopro venoso aparece com a compressão da jugular,
um paciente com alteração do enchimento ventricular pode
em geral na rotação do pescoço.
piorar muito a função cardíaca.
VI -As alterações relacionadas ao ictus cordis são correla-
Gabarito= D cionadas ao ventrículo esquerdo.
Gabarito= D
Outros temas
Questão 323. A miocardiopatia dilatada é uma doença
miocárdica primária, progressiva, de causa idiopática, que
se caracteriza por diminuição da contratilidade do ventrí-
culo esquerdo ou de ambos os ventrículos. A presença de
trombas intraventriculares ou atriais, em geral, associados
à fibrilação atrial e/ou à baixa velocidade do sangue nestas
cavidades, assim como o baixo fluxo sanguíneo pelos mem-
bros inferiores, é um fator que predispõe ao desenvolvi-
mento do tromboembolismo.
O f/utter atrial caracteriza-se por uma taquiarritmia supra-
ventricular, e, dentre as suas causas, podemos citar a car-
diopatia reumática, a coronariopatia e a doença miocárdica
primária. As contrações atriais são tão rápidas que as pare-

313
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