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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 4

2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ....................................................... 5

3 Organização do Atendimento às Urgências e Emergências: Rede de


Atenção às Urgências (aspectos éticos, legais e fluxos de atendimento). ......... 6

3.1 Ética e saúde ............................................................................... 7

3.2 A dimensão Ética no atendimento das urgências/ emergências . 8

4 ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO


11

4.1 Acolhimento e classificação de risco ......................................... 11

4.2 Sistema Manchester de classificação de risco .......................... 16

4.3 Atuação do Enfermeiro nos Serviços de Urgência e Emergência


19

4.4 Segurança do Paciente na Sala de Emergência. ...................... 25

4.5 O estímulo a prática .................................................................. 27

5 DISTÚRBIOS DE RITMO E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA . 29

5.1 Tipos de insuficiência cardíaca ................................................ 31

5.2 Sintomas de insuficiência cardíaca grave ................................. 32

5.3 Medidas gerais .......................................................................... 33

5.4 Tratamento de insuficiência cardíaca aguda ............................. 34

5.5 Síndromes coronárias agudas ................................................... 35

5.6 Sinais e sintomas ...................................................................... 37

5.7 Cuidado pré-hospitalar .............................................................. 37

6 DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E


CUIDADOS CARDIOVASCULARES DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA .................................................................... 38

6.1 Epidemiologia da Parada Cardiorrespiratória e Apresentação da


Diretriz 41

2
6.2 Aspectos epidemiológicos da PCR ........................................... 41

6.3 O sucesso de uma RCP ............................................................ 42

7 SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO ADULTO .................................... 44

8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 60

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Frente à situação atual do atendimento às urgências e emergências no


cenário nacional nota-se o crescente direcionamento, por parte dos governos,
da população às UBS e sua inserção nos programas de atenção à saúde criados.
Ao se analisar o quadro, deparamo-nos com certo despreparo profissional
acerca de atendimentos emergenciais à coletividade, sobretudo, no controle das
portas de entrada dos hospitais a partir de sistematização assistencial
concomitante ao órgão regulador de leitos de urgência.
Visa a detecção rápida do diagnóstico e o direcionamento das
intervenções adequadas às necessidades de caráter emergencial e urgente,
haja visto a compatibilidade com este nível de assistência. Embasada a partir da
dicotomia entre o binômio teoria/prática, vê-se a necessidade de releitura do
processo de trabalho em enfermagem repensando o modelo de préstimo
assistencial e a carência de implementação de um Protocolo que normatize e
possibilite a prestação de atendimentos primários às situações mediatas ou
imediatas nas UBS adotando um plano de Acolhimento com Classificação de
Risco.
Vamos estudar questões organizacionais, bem como possíveis
implicações éticas, que permeiam a prática da equipe de saúde, numa unidade
de urgência/emergência. Inicialmente, focalizamos o atendimento as causas
externas e sua relação com a organização do trabalho e a Ética no ambiente
hospitalar, abordando, a seguir, a dimensão Ética no atendimento de
urgências/emergências. As questões organizacionais e Éticas necessitam ser
assumidas, tanto pelos gestores quanto pela equipe de saúde que atua nestas
unidades, já que, mesmo na precariedade, os profissionais tentam atender as
vítimas de trauma, visando mais beneficência, ainda que danos possam advir de
um atendimento prestado em condições inadequadas. (BRASIL, 2009)

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3 ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS: REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS (ASPECTOS
ÉTICOS, LEGAIS E FLUXOS DE ATENDIMENTO).

Observa-se, ainda hoje, que a organização do trabalho nas instituições


hospitalares está, basicamente, fundamentada nas teorias da administração
clássica, científica e burocrática, assim como, também cristalizada, dominada e
conformada culturalmente pelas circunstâncias situacionais do surgimento do
modelo neoliberal.
Os hospitais inseridos no atual contexto deste modelo necessitam de
diversas fontes de custeio para manter-se, utilizando-se de convênios privados,
cooperativas e, como principal fonte de renda, na maioria das vezes, o Sistema
Único de Saúde (SUS). (DESCOVI, 2009)
Porém, mesmo os hospitais com grande dependência do SUS desfrutam
razoável grau de autonomia para organizarem seu próprio processo de trabalho
e modelo assistencial. Dessa forma, é comum a falta de padrões de mensuração
da qualidade do atendimento prestado, além de um gerenciamento eficaz do
processo de trabalho, que dê conta das relações entre trabalhadores, usuários,
instituições e gestores, buscando responder as diretrizes do SUS.
Assim, na atualidade, tanto em serviços privados quanto públicos,
observa-se um distanciamento entre gestores, instituições, equipe de saúde e
clientela, gerando, em vários serviços de saúde, uma apatia burocrática,
desinteresse e alienação, tornando-os paradigmáticos da indiferença e da falta
de sensibilidade, diante do sofrimento humano. Isso representa a medicalização
do usuário sem a garantia da resolução do seu problema, centrada,
frequentemente, apenas na consulta médica e em condutas de baixa
resolutividade.
Portanto, pode-se concluir que muitos serviços de atendimento saúde
estão organizados submetendo a qualidade do trabalho produção e direcionada
em maior escala, aos interesses econômicos e, em escala muito menor,
promoção do homem, seja como cliente, seja como profissional. Fica evidente
uma grave situação, referente a utilização do bem público em benefício do
privado, uma vez que os hospitais costumam oferecer atenção básica,
especializada e de urgência [...], segundo a modalidade de pronto-atendimento,
6
ou seja, atendimento imediatista e de baixa resolutividade. Daí a necessidade da
qualificação de gesto dos serviços prestados à população, por meio da
incorporação a máquina pública de serviços mais eficientes, resolutivos e
acolhedores, assim como a necessidade de reflexões, na busca da eticidade e
moralidade dos profissionais na realização do seu trabalho, numa tentativa de
romper com a subalternidade e a submisso ao sistema organizacional, para
prestar um atendimento respeitando a pessoa humana em sua integralidade.
(PORTAL DA SAÚDE BRASIL, 2019)

3.1 Ética e saúde

Na área da saúde, principalmente em unidades de emergência, muitas


equipes que nelas desenvolvem suas atividades prescindem do necessário
comprometimento profissional, frente as diversas situações organizacionais que
emergem, com implicações éticas no atendimento, necessitando ser discutidas
e refletidas. Nessa concepção, a eticidade aparece como uma condição humana
de vir a ser ético e a ética como fator emergente da racionalidade, guiadas pelo
pressuposto da autonomia. Desse modo, existem princípios básicos que
fundamentam o fazer dos profissionais da área da saúde e funcionam como
guias de conduta para a Ética profissional. Só eles: respeito a autonomia,
beneficência, não maleficência e justiça.
Uma pessoa é considerada autônoma, quando é dotada de habilidades
para o autogoverno, sabe deliberar e fazer escolhas. Assim, no ambiente dos
serviços de saúde, deveria haver a consulta aos usuários sobre seus desejos e
planos, a partir de informações claras e acessíveis sobre o processo saúde
doença por eles vivenciado, respeitando a dignidade do paciente, oferecendo a
ele e a seus familiares um acolhimento global, e não apenas limitado a patologia
que justificou a assistenciais. Por outro lado, também o profissional da equipe
tem direito a autonomia, mesmo que está no seja plenamente exercida no
ambiente de trabalho, devido a existência de regras e padrões hierárquicos
institucionais que necessitam ser seguidos. O princípio da não maleficência tem
a rigorosa incumbência de não permitir prejudicar e no impor riscos. O ato de
cuidar compreende agir de maneira apropriada para evitar danos, tal qual é
exigido de pessoas prudentes e sensatas. (BRASIL, 2004)

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Na equipe de saúde, na prática profissional constitui exemplo de
maleficência causada pela inobservância dos padrões profissionais de cuidado.
O princípio da beneficência busca prevenir e eliminar danos, pesar e fazer um
balanço sobre os bens, cujo objetivo central é prover benefícios e promover o
bem.
Este princípio rege a atividade profissional da maioria das equipes que
trabalham em unidades de emergência, pois todos precisam atuar baseados no
fato de estarem prestando o bem, mesmo que, diante de condições adversas
para o atendimento, prestem-no de forma extremamente corajosa, e até mesmo,
de modo improvisado, porém sempre visando o restabelecimento emergencial
de seus usuários. O princípio da justiça trata de área distributivas, justas,
equitativas, apropriadas e determinadas por normas, que se justificam
estruturalmente nos termos da cooperação social, estendendo-se aos direitos e
responsabilidades dos cidadãos, na sociedade, em termos civis e políticos. No
existe um ˙nico princípio capaz de encaminhar todos os conflitos nesta área. Por
isso, uma área justa considera os princípios da ética, em casos específicos que,
ponderados em contextos particulares, podem ser analisados em sua real
consistência. (DESCOVI, 2009)

3.2 A dimensão Ética no atendimento das urgências/ emergências

O sistema de saúde, no Brasil, foi implantado com várias lacunas


administrativas. Portanto, não se organizou uniformemente, pois não dispondo
de estrutura própria e capacitada, buscou a terceirização do que lhe faltava ao
propósito inicial de dar cobertura assistencial integral a toda a população. Não
devemos esquecer o fato de haver um custo econômico elevado para os cofres
públicos, quando uma das fontes de renda dos hospitais privados passou a ser
o SUS. Por sua vez, a falta de indignação da população, em relação aos padrões
de qualidade para os atendimentos aos usuários do SUS, contribui para que as
instituições privadas permaneçam, ainda hoje, oferecendo-lhes uma
infraestrutura precisa, desrespeitando o direito constitucional e ferindo os
princípios Éticos envolvidos no atendimento à saúde de cada indivíduo. Outro
fator de repercussão ética e o desvio de usuários do atendimento público para o
atendimento privado, onerando o paciente que poderia estar utilizando aqueles

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serviços, embora ocupando o espaço público para a prestação do atendimento
privado. Além disso, há um custo para com a eticidade dessa relação, que se
alia aos interesses econômicos mais do que em investimentos na promoção do
ser humano, usuário ou profissional dos serviços de saúde.
A partir deste contexto organizacional e frente ao vertiginoso crescimento
da violência e de acidentes, buscamos estabelecer uma relação destes fatores
com as unidades de emergência, portas de entrada da população acometida por
lesões decorrentes dessas situações nos serviços de saúde, uma vez que o que
vemos na prática, em relação a estas unidades, é que estão, na maioria das
vezes, estruturalmente desorganizadas e despreparadas para atender ao que se
propõem e, principalmente, sem profissionais suficientemente capacitados e
amparados para atuarem e acolherem a população acometida por trauma
decorrente de acidente ou violência, ou seja, o profissional tem de enfrentar
dificuldades decorrentes da burocratização do serviço e da cristalização das
questões organizacionais, com repercussões éticas, tais como: superlotação de
usuários, sobrecarga de trabalho, carência qualitativa e quantitativa de recursos
humanos, estrutura física inadequada, precariedade ou ausência de
equipamentos e de materiais para o necessário atendimento, dentre outros.
O problema da superlotação vem se agravando nos locais de atendimento
a urgências/emergências, fenômeno conhecido, tanto pelas instituições de
saúde públicas ou privadas, sejam hospitalares ou da rede básica, como pelos
profissionais de saúde, usuários e população. As consequências das elevadas
taxas de ocupação dos leitos de observação das emergências, devido a
necessidade de uma resolutividade e acolhimento, bem como uma elevada
procura por consultas médicas, muitas vezes desnecessárias, o que implica
custos individuais e desperdício de recursos públicos, já que boa parte da
população que procura este serviços não necessita deste tipo de atendimento,
mas de atendimentos de baixa complexidade, frequentemente voltados a
doenças crônicas não transmissíveis próprias do processo de envelhecimento
da população. (PORTAL DA SAÚDE BRASIL, 2015)
Nesta realidade, ainda com um modelo médico-centrado, as próprias
unidades básicas, ao excederem seus limites de capacidade, ou ao finalizarem
suas fichas de atendimento médico, direcionam pacientes aos serviços de
emergência, contribuindo para a superlotação destas unidades que,

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sobrecarregadas, podem negligenciar parâmetros, descaracterizando-se de sua
real finalidade, pois todos os espaços vem sendo ocupados, gerando
dificuldades para a realização de qualquer tipo de ação, até mesmo o
atendimento as necessidades mais básicas do ser humano.
Dessa forma, frequentemente usuários questionados diante de todos
aqueles que dividem um espaço restrito, pela proximidade dos leitos. As
abordagens feitas pela equipe de saúde são presenciadas por todos que ali se
encontram e a privacidade é constantemente violada.
Estas situações demonstram as limitações do ambiente, que submetem
os usuários a constrangimentos físicos e morais, ferindo princípios de justiça,
pois todos possuem o direito de ser respeitados na sua autonomia como
cidadãos, e de receber atendimento com estrutura física, recursos materiais e
equipamentos compatíveis com suas necessidades, prestado por equipe
qualificada para este fim. A superlotação dos prontos atendimentos além de
provocar um óbvio desgaste, devido à sobrecarga de trabalho, causa ainda, um
sentimento de desperdício da vocação maior do serviço que seria salva-vidas,
bem como de subutilização do alto preparo técnico dos profissionais.
Sendo assim, o excesso de atividades parece levar os profissionais da
unidade de emergência a trabalharem, de forma constante, sob pressão e
sobrecarga mental. Esta condição pode favorecer a ocorrência de acidentes de
trabalho e sofrimento psíquico, além do surgimento de doenças psicossomáticas
de diversas naturezas, bem como conduzir ao uso abusivo de medicações
controladas; consumo de álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas; absenteísmo;
rotatividade; conflitos profissionais e processos administrativos de ordem
disciplinar. Frente a todas estas questões vivenciadas, a equipe ainda necessita
estar preparada e qualificada para minimizar os fatores de agressão
representados de diversas formas, em momentos críticos e situações de crises
emocionais, com equilíbrio para tomar decisões de toda ordem. (BRASIL, 2009)
A equipe que atua na unidade de emergência necessita estar preparada
com o mais alto nível de profissionalização para atender aos usuários
acometidos por causas externas, principalmente em se tratando de um setor
onde a lógica e o pensamento voltam-se ao modelo biomédico. Dessa forma, as
educações continuadas e permanentes, assim como os treinamentos para
utilização de protocolos de atendimento imediato ao trauma, possibilitam maior

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autonomia aos profissionais da equipe de saúde, rompendo paradigmas e
exigindo transformações conceituais no atendimento a esta população
específica.
A qualificação dos recursos humanos na prestação de atendimento aos
serviços pré-hospitalares, hospitalares e de reabilitação, bem como, a tentativa
crescente de conhecer o impacto da violência sobre a saúde, requer novas
habilidades, equipamentos e organização do sistema de saúde, com uma
estrutura física planejada, equipamentos, materiais e equipes completas,
considerando as características do hospital, com o objetivo de atender a
finalidade a qual se destina. Esses desafios exigem amplas reflexões, decisões
que fazem parte das políticas públicas, dentre elas a Política Nacional de
Redução de Acidentes e a Violências. (BRASIL, 2004)

4 ACOLHIMENTO COM AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Conceituando urgências e emergências


Segundo a Resolução Conselho Federal de Medicina (nº 2.077/14),
serviços Hospitalares de Urgência e Emergência são os encontrados em prontos
atendimentos, prontos socorros e emergências hospitalares.
As emergências são identificadas de acordo com a condição clínica de
agravo a saúde, que implicam em sofrimento ou risco de morte, necessitando de
atendimento imediato. No que se refere as urgências, são agravos à saúde, com
ou sem risco potencial, do qual o usuário necessita de assistência imediata
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
E ainda de acordo com Oliveira et al. (2011), situações de emergência são
caracterizadas por casos nos quais o atendimento deve ser de forma imediata.
E no que se refere as urgências são os casos em que o atendimento pode
esperar por até duas horas.

4.1 Acolhimento e classificação de risco

No campo da saúde pública no Brasil, especialmente nas últimas duas


décadas, alguns avanços foram feitos, mas ainda existem muitas dificuldades a

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serem superadas. Com a expansão dos padrões de universalidade, justiça e
integridade, muitos avanços podem ser observados na descentralização e
regionalização da gestão em saúde. No entanto, a descentralização e a
verticalização dos processos de trabalho dificultam a relação entre os diferentes
profissionais, usuários e equipe de trabalho. Portanto, se você não estiver
preparado para compreender essas dimensões sociais, a prática de atenção se
tornará frágil.
As discussões sobre os modelos de atenção e gestão médica, envolvendo
a formação de profissionais e métodos de controle social, são essenciais. É por
essas razões que o Ministério da Saúde propôs a política nacional de
humanização do tratamento e gestão médica no exercício de sua competência.
Ao enfatizar a humanização do tratamento médico surgiu o problema básico de
nortear a construção da política de saúde.
Humanização refere-se à prestação de uma assistência de qualidade, o
que a vincula a inúmeros avanços tecnológicos e aceitação, e é qualificada para
atender o meio ambiente de assistência, proporcionando melhores condições de
trabalho aos profissionais de saúde. Como política transversal de saúde, baseia-
se na superação de diferentes núcleos de poder/saber essenciais para a
construção da saúde. (BRASIL, 2004).
A humanização é uma estratégia desenvolvida para qualificar a atenção
e a gestão em saúde no Sistema Único de Saúde, estabelece construções de
atitudes ético-estético-políticas com co-responsabilidade e construção de
vínculos, entre profissionais e usuários, na produção de saúde (BRASIL, 2009).
No entendimento de Brasil 2010, “o acolhimento como ato ou efeito de
acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um
“estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão. ” A marca do
acolhimento em saúde é a adoção de medidas de assistência técnica, que
pressupõem mudanças na relação entre profissionais e usuários e as normas
éticas, humanitárias e técnicas de suas redes, uma vez que os usuários são
legalizados como participantes ativos e valiosos no processo de atendimento.
É uma forma de realizar o processo de trabalho, pode atender às
necessidades de todos os usuários que buscam atendimento, ouvir seu
sofrimento, ter capacidade de ouvir, acolher e confortar. Desta forma, é prestado
um serviço responsável e resoluto para com o utilizador do serviço. Para acolher,

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não há necessidade de profissionais especializados, ou da área da saúde, ou
mesmo de um local específico, apenas compartilhando conhecimentos,
ansiedades e possibilidades. Nessa perspectiva, entendemos como uma ação
que deve ser realizada em todos os horários e locais dos serviços médicos.
Apesar do acolhimento e a classificação de risco serem tecnologias com
objetivos diferentes, elas complementam-se, a partir da singularidade dos
serviços, podendo até funcionar em ambientes físicos separados, mas nunca em
situação desigual no processo de trabalho (BRASIL, 2009).
Brasil (2004), define “a classificação de risco é processo dinâmico de
identificação de pacientes que necessitam de tratamento imediato, de acordo
com o potencial de risco, os agravos à saúde ou o grau de sofrimento. ”
A classificação de risco é um instrumento de mudança da lógica do
atendimento, onde a prioridade do atendimento é baseada na gravidade clínica
ou na dor do usuário, e não é mais realizada pela ordem de chegada ao serviço.
É realizado por profissionais de saúde por meio de protocolos predefinidos para
avaliar os usuários.
A classificação de risco e os níveis de aceitação determinam a agilidade
do cuidado com base em análises clínicas e protocolos pré-estabelecidos que
definem o cuidado de acordo com o nível de necessidade do usuário. Portanto,
de acordo com a análise e classificação de suas necessidades, os serviços serão
prestados a todos os usuários que procuram o serviço, de forma a diferenciá-lo
do modelo de classificação tradicional por ordem de chegada (BRASIL, 2004).

O Acolhimento e classificação de risco em serviços de urgência e


emergência.

Após a criação de um sistema único de saúde, um dos maiores problemas


enfrentados é como garantir que os usuários acessem os serviços e atendam às
suas necessidades. Em particular, os usuários acreditam que os serviços de
emergência são a principal e melhor porta de entrada da rede de saúde, o que
acaba levando à superlotação desses serviços, criando obstáculos no
atendimento das necessidades dos usuários e encontrando processos
organizacionais difíceis para determinar quais deles mais precisam (DESCOVI,
2009).

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Estas são as diretrizes específicas para atendimento de urgência: acolher
as necessidades do usuário por meio de padrões de avaliação de risco, garantir
que outros níveis de ajuda sejam citados quando necessário; prometer
encaminhar e reverter esses usuários, aumentar a resolução e facilitar o acesso
aos serviços conforme necessário; definir para garantir a eliminação acordo de
intervenção desnecessária, buscar sempre respeitar as necessidades de cada
sujeito (BRASIL, 2004).
Os serviços de urgência e emergência têm como objetivo prestar
atendimento aos usuários que buscam atendimento em condições clínicas
graves ou variáveis para acolher e orientar situações não emergenciais que
podem ser tratadas em outros serviços de menor complexidade. A principal
recomendação dos serviços hospitalares de emergência é manter o acesso e
acolhimento dos usuários que necessitam de atendimento imediato de forma
estruturada para prevenir complicações e efeitos do tratamento medicamentoso
decorrentes do tratamento ou operação inadequada, evitando assim, lesões
físicas temporárias ou permanentes por invalidez até mesmo a morte (SOUZA,
2011).
Nos serviços de saúde, o acolhimento deve ser entendido como um típico
critério político/ético/estético da saúde e deve ser utilizado como instrumento
técnico de escuta, estabelecendo conexões entre os diferentes atores do
processo e garantindo o acesso às oportunidades e na responsabilidade e
capacidade de resolução do serviço
O acolhimento e classificação de risco caracterizam-se como uma das
ações primordiais na reorganização do fluxo das portas de urgência e
emergências e na construção da produção de saúde em rede (BRASIL, 2009).
Segundo Oliveira et al. (2010, p. 47), “a implementação da Política
Nacional de Humanização possui quatro marcas de governo específicas e uma
delas pretende a redução de filas por meio de acolhimento com avaliação de
risco e agilidade. ”
Ao se referir ao fluxo de trabalho da equipe de pronto-atendimento, os
profissionais devem acolher de forma que garanta escuta qualificada, analisar
lacunas de forma responsável e se responsabilizar pela resolução das
necessidades espontâneas e primeiros atendimentos.

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As análises dos riscos e vulnerabilidades não devem ser competências
somente dos profissionais da saúde, deve-se envolver neste processo o usuário
e seu contexto social. Estas análises implicam ao profissional atentar-se tanto
ao sofrimento físico quanto psíquico dos usuários (BRASIL, 2009).
O objetivo da classificação de risco é avaliar o paciente na entrada quando
da sua chegada para fornecer um atendimento humano; tornar o pronto-socorro
mais curto; reduzir o tempo de espera para atendimento médico; determinar a
área de atendimento básico e encaminhar o paciente diretamente para o
especialista; informar o tempo de espera; divulgar uma ampla gama de
informações sobre a prestação de serviços aos usuários; devolver informações
aos familiares. (SOUZA, 2009, apud COSTA, 2012, p. 18).
A classificação de risco é um instrumento que, além de ordenar o fluxo de
atendimento nos setores de Prontos atendimentos, propõem que os
atendimentos sejam realizados conforme parâmetros clínicos e não por ordem
de chegada. Possui também outros objetivos significativos, dentre eles
assegurar, conforme o grau de risco, o atendimento imediato ao usuário, abordar
com usuários e familiares sobre o provável tempo necessário de espera para
atendimento, incentivar o trabalho em equipe e, fornece adequadas condições
de trabalho pela ambiência e inserção do cuidado, obter o aprazimento dos
usuários ainda possibilitando as articulações com os serviços internos e externos
de atendimento
A classificação de risco é uma ferramenta, além de ordenar o processo de
atendimento no pronto-socorro, recomenda-se que o atendimento seja realizado
de acordo com parâmetros clínicos e não por ordem de chegada. Também tem
outros objetivos importantes, como garantir o atendimento imediato aos usuários
de acordo com o nível de risco, contatar os usuários e familiares sobre possíveis
tempos de espera pelo atendimento, estimular o trabalho em equipe e
proporcionar aos usuários condições de trabalho adequadas. A atmosfera e a
inserção da enfermagem podem trazer diversão aos usuários, ao mesmo tempo
em que se conectam por meio de serviços de enfermagem internos e externos
(BRASIL, 2009).
Todos os indivíduos que procuram o serviço deverão ser atendidos por
profissional da equipe técnica, e este deverá escutar suas queixas, aflições e
medos, buscando identificar o nível de risco e vulnerabilidade, proporcionando

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resolução as necessidades imediatas e articulando com os demais serviços de
forma resolutiva, quando este não está ao alcance do próprio serviço.
O acolhimento e classificação de risco rompe com o modelo de saúde
centrado apenas no médico, ao envolver os demais profissionais da saúde no
processo de produção à saúde, cada um com suas habilidades e particularidades
da profissão. Esta mudança no modelo de atendimento passa a exigir mais dos
demais profissionais, que antes pareciam ter seus conhecimentos sub-
aproveitados, porém agora se tornam membros ativos na resolutividade dos
problemas de saúde dos usuários (DESCOVI, 2009).

4.2 Sistema Manchester de classificação de risco

Em 1994, surgiu o Grupo de Classificação de Risco de Manchester, com


o objetivo de estabelecer um acordo de classificação de risco padronizada entre
equipes de profissionais (principalmente médicos e enfermeiros) da área de
urgência e emergência. O acordo foi estabelecido como uma ferramenta básica
para o planejamento e logística dos serviços de emergência e emergência
portugueses. Desde que o projeto começou a ser implementado no Brasil em
2007, tendo sido incentivado pelo grupo português a realizar a classificação de
risco. Desde sua primeira edição, o conhecimento científico passou por inúmeras
transformações, racionalizando as evidências da confiabilidade e da utilidade do
acordo.
Protocolo de Manchester tem como único objetivo priorizar os usuários
com base na gravidade clínica dada durante a avaliação, a fim de determinar a
forma de receber os serviços e seus hábitos de cuidado (DAMASCENO, 2014).
O mecanismo de entrada Manchester é a principal reclamação ou
representação do usuário, que é aplicado por meio de algoritmos e
discriminadores associados ao tempo de espera, que são especificados por
cores (JUNIOR; TORRES; RAUSCH, 2014).
O profissional responsável pela classificação de risco através do
Protocolo de Manchester segue o fluxograma de demonstração, que é
encaminhado ao pessoal de identificação geral e específico, que deve
determinar quais são os quadros de identificação de maior importância clínica. A
partir da análise da informação recolhida, referem-se a quais identificadores

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gerais ou específicos são utilizados para determinar a prioridade e a sua cor
relativa, bem como o tempo de espera.

Conforme tabela abaixo:

Fonte: passevip.com.br

O processo é um método conciso e centralizado no qual a informação é


capturada e o método de prioridade de aplicação definido. Os dados de avaliação
e tomada de decisão devem ser sistemáticos e baseados em informações
relevantes. Esta capacidade deve ser responsável pelos seguintes aspectos dos
profissionais são alcançados por meio do conhecimento, prática e comunicação
eficaz com os usuários (JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010).

O enfermeiro frente ao acolhimento e classificação de risco

Os serviços de urgência e emergência são considerados uma parte


importante do atendimento médico à população brasileira e um portal para os
usuários do sistema médico, o que tem gerado um grande aumento da demanda
por serviços e produzido serviços médicos de longa duração. A não utilização de

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padrões clínicos para organizar os serviços aos usuários, além de causar
prejuízos, acaba interferindo no fluxo de trabalho da equipe e até mesmo
ocasiona congestionamento do serviço. Assim, como forma de reorganizar os
atendimentos, surgem as classificações de acolhimento e risco, para que os
usuários não sejam mais orientados pelo atendimento por ordem de chegada,
mas com base em padrões de gravidade clínica. (SOUZA, 2011).
De acordo com a particularidade da profissão, o profissional enfermeiro é
o mais indicado para receber concomitantemente a classificação de risco, pois a
particularidade da profissão reside em estabelecer uma relação mais próxima
com os usuários do setor saúde por meio da percepção, observação,
comunicação e integralidade junto ao paciente. Essas considerações constituem
o papel central do enfermeiro no processo de acolhimento e classificação de
risco, que atua de acordo com a vulnerabilidade do usuário e as reais
necessidades (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE MINAS
GERAIS, 2011).
Segundo a resolução do Cofen (423/2012), “o enfermeiro deve estar
dotado de habilidades e conhecimentos, garantindo que a classificação de risco
e priorização da assistência aconteça de forma adequada. ”
O primeiro contato, dos usuários, com profissional da saúde é na
classificação de risco, com o enfermeiro. Nesse sentido, enquanto houver tempo
para a promoção da saúde, além da divulgação das medidas de promoção da
saúde, é necessário fornecer algumas informações sobre o percurso dentro do
serviço e orientações sobre o tempo de espera pelo tratamento. Durante o
período de classificação, o enfermeiro pode precisar realizar alguns primeiros
socorros e, quando determinar a necessidade, deve realizar os primeiros
socorros a fim de agilizar e promover o atendimento médico, trazendo assim o
bem-estar do usuário. Além dessas atribuições, o enfermeiro também
encaminha os usuários internamente de acordo com as facilidades do serviço e
as práticas locais. (JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010).
Na perspectiva do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais
(2011), o enfermeiro é considerado o profissional mais indicado para a
classificação de risco por meio do conhecimento clínico, habilidades
relacionadas às condições clínicas e orientações utilizadas nos serviços.

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O principal papel dos enfermeiros na classificação de risco é avaliar as
prioridades com precisão e rapidez, tomando decisões e registros precisos.
Devido à necessidade de verificar os sinais vitais, algumas avaliações requerem
mais tempo para priorizar.
Necessário interpretar, distinguir e analisar as informações coletadas
pelos usuários, e analisar suas medidas de intervenção, caso não haja base de
referência, essas decisões serão instáveis e aleatórias. A capacidade de tomar
decisões confiáveis é essencial para o atendimento adequado ao paciente.
(JONES; MARSDEN; WINDLE, 2010).
Sob este enfoque Cofen (2012) afirma que “o enfermeiro deverá estar
dotado dos conhecimentos, competências e habilidades que garantam rigor
técnico-científico ao procedimento. ”
A classificação de risco é um processo realizado por enfermeiros com
nível superior e baseia-se na avaliação da gravidade ou eventual agravamento
do quadro pela equipa médica com base em consenso previamente
estabelecido. O protocolo predefinido utilizado neste processo sistematiza a
classificação.
A equipe de enfermagem tem papel central neste mais recente
desenvolvimento assistencial da organização, ao implementar a classificação de
risco, o profissional pode ampliar sua prática e conhecimento desde uma
enfermagem humanizada, integral e eficaz para melhorar o escopo de utilização
dos usuários. (VERSA, 2014)

4.3 Atuação do Enfermeiro nos Serviços de Urgência e Emergência

O desenvolvimento científico ao longo dos anos tem sido a base para o


aprimoramento do conhecimento, principalmente daqueles que destacam os
fatores que levam à PCR, permitindo que as pessoas percebam que as
alterações da frequência cardíaca são o principal fator na evolução da PCR e
otimizam doenças pré-existentes, como a incidência de diabetes, hipertensão e
doença arterial coronariana.
De acordo com a pesquisa de Santos (2008), muitos motivos estão
relacionados à PCR, mas pessoas com doenças cardíacas, hipertensão,
diabetes, história familiar de morte súbita, pneumotórax, broncoespasmo e

19
anestésicos têm maior chance de sofrer parada cardíaca. Considerando que as
estimativas de vida das pessoas estão cada vez mais altas e o número de
doenças epidêmicas que causam essa patologia está aumentando, juntamente
com os hábitos de vida das pessoas, esta doença repentina é um retrógrado
desencadeado por acidente, e o tratamento precoce não é procurado.
Em relação à investigação da origem da parada cardíaca, constatou-se
no estudo que 10 (71,43%) entrevistados responderam que a parada cardíaca
geralmente ocorre no pronto-socorro de um hospital, enquanto 4 (28,57%)
referiram que foi fora do ambiente hospitalar. A parada cardíaca é um evento
que se realiza por meio de anúncio, pois as equipes de enfermagem e médica
têm boas condições de predizer e detectar o evento com antecedência, e se a
pesquisa mostrar que o evento foi realizado em ambiente hospitalar, é
necessário fazer um diagnóstico rápido Deve-se à grande quantidade de
equipamentos disponíveis para apoiar sua detecção e à alocação de grandes
recursos humanos no pronto-socorro para evitar que os pacientes sofram de
patologias que podem levar ao desenvolvimento de paradas.
Carvalho (2010) destacou que a PCR pode surgir repentinamente ou ser
tratada com sinais e sintomas. Porém, o paciente ou a equipe responsável pelo
atendimento nem sempre valoriza esses preditores. FV (fibrilação ventricular) e
taquicardia ventricular sem pulso são as causas mais comuns de PCR em
adultos e são responsáveis por paradas cardíacas dentro e fora do hospital. Na
maioria dos casos, são secundários à doença arterial coronariana aguda,
geralmente causada por pacientes e espectadores, que muitas vezes encontram
outras razões para os sintomas de dor no peito, sudorese ou dor abdominal
superior.
De acordo com as observações, a grande maioria dos enfermeiros
entrevistados na pesquisa respondeu que, como o comportamento inicial,
massagem e ventilação cardíaca, terapia farmacológica, avaliação dos sinais
vitais e acesso venoso devem ser realizados ao mesmo tempo são
procedimentos da conduta inicial. Tendo em vista que o comportamento
realizado pelo enfermeiro é fator decisivo na sobrevida da PCR, pois, com a
prestação desses serviços, o paciente pode se desenvolver ativamente no
tratamento da patologia, portanto o conhecimento comprovado pelos

20
profissionais da área indica que as pesquisas que responderam corretamente
qual é o seu principal comportamento neste período.
A ressuscitação cardiopulmonar (RCP) é uma técnica simples realizada
pela equipe de emergência no atendimento de pacientes com parada cardíaca.
Assim que o coração para de bater, o procedimento combina ventilação de
resgate e compressões torácicas externas para oxigenar e circular o sangue. A
ventilação leva oxigênio para os pulmões, onde pode ser transportado para o
sangue, de modo que as compressões torácicas podem transportar sangue
oxigenado por todo o corpo. (CHAPLEAU, 2008).
Quanto à ventilação, após o reconhecimento da emergência e o
acionamento da equipe, os cuidados devem ser iniciados na seguinte ordem de
prioridade: liberação da via aérea, utilizando hiperflexão e extensão do pescoço
e elevação da mandíbula. No caso de não haver exercício respiratório, a
verificação da ventilação deve ser realizada com um dispositivo de máscara
valvular bolsa para ventilação auxiliar para verificar se há obstrução das vias
aéreas e realizá-la antes de confirmar a instalação das vias aéreas.
O referido autor também afirma que as compressões torácicas exercem
pressão no terço médio externo. Essas compressões devem fornecer pressão
intratorácica e pressão direta sobre o coração. A compressão eficaz é essencial
para promover o fluxo sanguíneo durante a RCP. A terapia farmacológica
desempenha um papel importante na busca do resgate da vítima, pois enquanto
a reanimação continuar, drogas serão usadas até que apareça um bom pulso e
uma oxigenação cerebral efetiva seja mantida.
O objetivo dos medicamentos utilizados é corrigir a hipóxia, corrigir
acidose metabólica, aumentar a perfusão durante as compressões torácicas,
estimular a contração miocárdica, a frequência cardíaca e interromper a
atividade ventricular ectópica (GOMES, 2008).
Com o aumento gradativo da frequência da PCR em áreas não críticas,
todos os profissionais médicos precisam concordar com os procedimentos, pois
a sobrevida dos pacientes depende da habilidade do indivíduo e das ações
imediatas de reanimação. Portanto, todos os profissionais devem desenvolver
uma linguagem de serviço única para que o prognóstico do paciente seja
desejável.

21
O atendimento aos requisitos de qualificação dos profissionais, os
métodos levados às vítimas de PCR e o rápido acesso ao socorro são decisivos
até na qualidade do atendimento. O departamento de emergência deve fornecer
profissionais bem treinados, bem treinados e atualizados. Pode-se observar que
6 (42,85%) dos respondentes consultados em uma pesquisa, relataram ter
recebido treinamento para usar o PCR pelo menos uma vez ao ano, enquanto 8
(57,15%) afirmaram não ter recebido treinamento.
A sobrevivência do paciente está intimamente relacionada com as
competências dos profissionais que prestam cuidados, sendo que estes devem
receber uma formação destinada à aquisição de conhecimentos teóricos,
competências práticas e atitudes profissionais, devendo estas formações
trabalhar em conjunto na prática dos participantes para as promover
desempenho. Os dados acima mostram que falta aos profissionais de
emergência investimentos em treinamento e certificação, o que pode ser o
diferencial para salvar a vida dos pacientes.
Portanto, Viana e Whitaker (2011) apontam que toda a equipe, seja ela
médica ou de enfermagem, precisa ser treinada e simulada com frequência.
Sendo assim, no momento real em que ocorrer o PCR, todos saberão como fazer
sua parte. Bellan, Araújo e Araújo (2010) apontam que, na formação do
enfermeiro, o conteúdo teórico-prático relacionado às operações de PCR e RCP
é superficial, limitado e, muitas vezes, não atende às necessidades dos alunos.
Essas dificuldades se refletirão na prática desses profissionais, pois a
experiência, por si só, não pode fornecer subsídios e embasamento teórico
suficientes para suprir essa deficiência.
A padronização do comportamento de RCP facilita a adoção de uma
linguagem única entre os profissionais de saúde, aumentando assim a eficiência
das técnicas e operações realizadas. De acordo com os dados da Figura 2, pode-
se observar que 14 (100%) dos enfermeiros participantes do estudo referiram
conhecer o procedimento, ou já utilizaram tecnologia de ressuscitação
cardiopulmonar (RCP) em algum momento.
O profissional enfermeiro deve compreender o programa de ressuscitação
cardiopulmonar (RCP), pois esta categoria profissional pode iniciar
procedimentos preliminares antes da PCR, sendo necessário atualizar o
programa de acordo com as mudanças.

22
Segundo o estudo de Barbosa (2006), o conhecimento e a atualização
sobre as recomendações das novas diretrizes de RCP são essenciais para
reduzir a mortalidade relacionada à PCR em pacientes de qualquer faixa etária.
Para realizar este procedimento, deve-se colocar a mão no meio da área externa,
uma mão sobre a outra, e a depressão a ser feita no tórax deve ser de
aproximadamente 4 ou 5 cm. O retorno total do tórax proporciona o retorno
venoso do coração, que é essencial para a compressão eficaz do tórax, e o
tempo necessário para a compressão para fazer o retorno total do tórax
(CHEREGATTI; AMORIM, 2010).
Conhecimento e atualizações sobre as recomendações das novas
diretrizes de RCP são fundamentais, porque o enfermeiro geralmente é o
primeiro membro da equipe a se deparar com uma situação de PCR, então ele
precisa ter conhecimento sobre atendimento de emergência e tomar decisões,
avaliar prioridades e determinar o que fazer imediatamente ação (ARAÚJO,
2001).
O número total de compressões aplicadas durante a ressuscitação é um
importante determinante da sobrevivência da PCR. O número de compressões
aplicadas é afetado pela frequência de compressão e pontuação de compressão
(parte do tempo total de RCP dedicado à realização da compressão); um
aumento na frequência de compressão e pontuação aumenta o número total de
compressões aplicadas, enquanto uma diminuição na frequência e pontuação
reduz o número total de compressões aplicadas.
Os escores de compressão melhoram a redução no número e na duração
das interrupções de compressão e são reduzidos devido a interrupções
frequentes ou prolongadas das compressões torácicas. Durante a ressuscitação
cardiopulmonar, o objetivo é realizar compressões eficazes em uma frequência
adequada (pelo menos 100 batimentos / min) e profundidade para minimizar o
número de interrupções e a duração das compressões torácicas.
Outros componentes da RCP de alta qualidade incluem a obtenção da
retração torácica completa após cada compressão e evitar ventilação excessiva
(AHA, 2010). Os dados coletados por meio da pesquisa mostraram que segundo
os entrevistados 6 (42,85%) afirmaram que as vítimas foram a equipe médica, o
tratamento farmacológico, a equipe de enfermagem e os técnicos e
equipamentos, ou seja, todos os equipamentos citados. 4 (28,5%) responderam

23
apenas a equipe médica, 3 (21,4%) equipes de equipamentos médios e 1
(7,15%) equipamentos. É importante que cada organização de serviço de saúde
tenha os recursos (humanos ou materiais) para tomar medidas contra quaisquer
fatores agravantes.
É através do trabalho conjunto entre os profissionais que o prognóstico da
vítima muda, uma vez que eles apresentem despreparo ou incapacidade de
realizar suas funções, estes devem ser incentivados a procurar treinamentos e
capacitações, assim como programas de ensino e educação continuada. Quanto
à falha nos materiais, é necessária solução de imediato, pois a ausência desses
equipamentos fere o direito do paciente em ser atendido com o mínimo possível
de qualidade e dignidade. O enfermeiro de emergência deve estar apto a auxiliar
e identificar problemas de saúde em situação de risco e fazer sucessivas
reavaliações posteriores conforme as mudanças apresentadas no quadro do
paciente, visando sempre rapidez e sincronismo com a equipe para uma melhor
assistência prestada.
Reconhecida a Parada Cardiorrespiratória, a decisão de iniciar o processo
de reanimação deve ser tomada pelo enfermeiro, sem ordens especificas:
oxigenoterapia, preparo antecipado das drogas a serem eventualmente
administradas e início das atividades de ressuscitação (GOMES, 2008). Para
realização correta da RCP, devem existir materiais e equipamentos mínimos, tais
como: monitor, eletrocardiógrafo, desfibrilador, tubos endotraqueais, cânulas
para traqueostomia, laringoscópio, aspirador, ambú, máscara de oxigênio, e
material cirúrgico. É necessário ter disponíveis medicações como adrenalina,
atropina, bicarbonato de sódio, dopamina, dobutamina, amrinona e xilocaína
(PIRES; STARLING, 2006). Ao analisar o Gráfico 4, nota-se que 4 (28,57%) dos
enfermeiros entrevistados afirmam ter um protocolo de suporte básico e
avançado de vida definido no hospital em estudo, enquanto que a maioria, 10
(71,43%) dos participantes responderam não haver protocolo definido no
hospital. A importância da assistência prestada depende não só da qualidade do
serviço como também dos protocolos de atendimento, é necessário seguir uma
sequência pré-estabelecida para que as abordagens as vítimas sejam
otimizadas. A falta desses protocolos pode levar a erros, assim como
discordância de sequência do atendimento proporcionado, intervenções

24
precoces ou atrasadas, perda de tempo, falhas ou diminuição na qualidade dos
resultados esperados.
Corroborando com o suposto, Filho et al (2006) diz que medidas adotadas
em situações de Parada Cardiorrespiratória (PCR) devem ser comprovadamente
eficazes, e iniciadas no menor intervalo de tempo possível. Assim, ao estarmos
diante de uma PCR, o tempo é o principal determinante de sucesso, visto que
cada minuto perdido reduz a chance de sobrevida do paciente em 10%. Para
esse intento, é fundamental estabelecer condutas e normas de procedimentos.
O emergencista deve estar apto a rapidamente reconhecer, diagnosticar e
executar manobras, instituindo o tratamento adequado. Em situações de risco
iminente de morte, a tomada de decisão tem de ser rápida, e geralmente
depende de um protocolo já estudado e definido. O Suporte Básico de Vida
(SBV) consiste na oxigenação e na perfusão dos órgãos vitais, através de
manobras simples e mantidas continuamente, já o Suporte Avançado de Vida
(SAV) consiste nos seguintes passos: intubação oro traqueal, avaliação e fixação
da cânula, acesso venoso e monitorização, administração de fármacos e
avaliação do ritmo cardíaco. Cada um desses procedimentos é executado e
atribuído a uma classe profissional, daí a necessidade de sequenciar e protocolar
o atendimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

4.4 Segurança do Paciente na Sala de Emergência.

Nos últimos anos, organizações nacionais e internacionais têm se


empenhado em estimular práticas de segurança para minimizar o risco de lesões
durante todos os níveis de atendimento médico e atendimento ao paciente antes
do atendimento. O Ministério da Saúde define evento adverso (EA) como aquele
que causa prejuízo pela assistência e nada tem a ver com a evolução natural da
doença do paciente.
Portanto, são considerados problemas de saúde não intencionais e atuais,
causam danos mensuráveis e/ou prolongam o cuidado e a permanência
hospitalar dos pacientes afetados, podendo levar à morte, ou seja, aumentam de
forma direta possibilidade de mau prognóstico de recuperação
Embora os EAs possam ocorrer em qualquer ambiente de atendimento e
forma de prestação de cuidados de saúde, os dados da literatura estimam que

25
10% dos pacientes hospitalizados têm EAs evitáveis. Estudos têm demonstrado
que o aumento da incidência de eventos adversos está relacionado à falta de
capacitação profissional e à falta de educação continuada para o pessoal de
emergência. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)
A falta de envolvimento dos profissionais no estabelecimento de
protocolos e capacitação contínua leva à desmotivação para o atendimento, de
forma a comprometer a qualidade na assistência e na gestão do setor. Entre os
procedimentos passíveis de risco de eventos adversos graves durante sua
execução na assistência pré-hospitalar, cita-se a intubação oro traqueal.
Este método foi identificado como uma causa evitável de morte em
pacientes com trauma e parada cardíaca. Vale ressaltar que, se o procedimento
não for realizado de forma correta, há risco de eventos adversos graves, e os
profissionais responsáveis pelo procedimento devem receber treinamento
técnico e contínuo para a realização do procedimento, a fim de poderem tomar
uma decisão e iniciar o atendimento.
A busca pela oferta de segurança em todos os momentos assistenciais
surgiu da vulnerabilidade do paciente enquanto sujeito de ações de saúde. Em
análise da literatura dos países que compõe a Aliança Mundial para a Segurança
do Paciente identificou-se prevalência entre 3 e 16% de incidência de eventos
adversos resultantes de cuidados médicos não seguros nas suas
hospitalizações, dentre eles reduzir o risco de lesões decorrentes de quedas e o
risco de infecções associados aos cuidados de saúde.
A proteção ao paciente oferecida por meio de uma assistência segura é
responsabilidade de cada profissional e do estímulo e clima estabelecidos pelas
Instituições de saúde. Isto porque, embora o fator humano esteja presente nos
eventos adversos, as condições de trabalho, aspectos estruturais e atividades
desenvolvidas podem estar relacionadas ao desencadeamento de erros. Em
razão do reconhecimento da interferência da estrutura e processos na dinâmica
assistencial, a necessidade de maior investigação acerca das questões de
segurança e as ameaças ao paciente em atendimento pré-hospitalar.
Isso porque, além das ameaças comuns à segurança do paciente em
serviços de emergência de rotina, fatores ambientais específicos encontrados na
APS também levam ao aumento dos riscos. Conhecendo o ambiente hostil e
especial dos profissionais do APH, percebemos a importância da participação de

26
todos os profissionais e gestores para o estabelecimento de protocolos de
atendimento seguro. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)
Atividades e ações educacionais são necessárias para estabelecer uma
rede de docentes específicos na área para prevenir o aumento de lesões. Essa
estratégia deve ser adaptada à realidade assistencial do APH para melhorar a
segurança do atendimento ao paciente em acidentes e emergências. É
importante ressaltar que muitos são os fatores causadores de eventos adversos
na enfermagem, que prejudicam a qualidade da assistência direta ao paciente e
podem levar a sequelas em curto prazo e permanentes, o que reflete em custos
sociais, além dos custos assistenciais.
Desta forma a capacitação dos profissionais, através de treinamentos em
serviço e educação permanente em saúde, se mostra como uma estratégia para
a promoção da segurança do paciente no APH. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

4.5 O estímulo a prática

É de suma importância os estímulos à participação dos profissionais de


saúde em programas de aperfeiçoamento oferecidos pelas instituições de saúde
têm se mostrado como uma estratégia efetiva na adoção de medidas que
minimizem o distanciamento entre os avanços científicos e a prática assistencial,
de forma que se reflita em qualidade no atendimento, incluindo na tomada de
decisão rápida no APH. Por definição, a Prática Baseada em Evidências (PBE)
envolve o uso consciente, explicito e judicioso da melhor evidência atual para a
tomada de decisão sobre o cuidar individual do paciente.
Inclui o processo de combinar capacidades terapêuticas com descobertas
clínicas de pesquisas sistemáticas e princípios epidemiológicos existentes. Para
estimular a implantação da prática baseada em evidências no serviço, surge uma
nova teoria, método, nova medida em ciência e tecnologia, estratégia de
educação permanente em saúde e método de atualização diária de práticas para
a construção de relações na equipe.
A educação permanente em saúde (EPS) se caracteriza pelo aprendizado
e aprimoramento de tecnologias que auxiliam na segurança do paciente.
Pesquisas confirmaram essa abordagem. Os profissionais enfatizaram que isso
é básico e essencial para o treinamento antes de iniciar a atividade. A

27
certificação de qualificação APH móvel é realizada através da experiência e
questionamentos que surgem no dia a dia para que possa ser repensada, e tem
como objetivo prestar serviços rápidos, eficazes e seguros.
Por meio do programa de EPS, a instituição/serviço transmite aos
profissionais a importância que seu trabalho tem, para que este seja realizado
com sucesso. Um dos fatores mais influentes na aprendizagem e nas mudanças
é a prática constante e o conhecimento atualizado.
Desta forma, ressaltamos que intervenções críticas e complexas devem
ser fornecidas por profissionais capacitados e de acordo com o seu nível de
formação profissional. Além disso, o treinamento em serviço como uma
estratégia para a superação dos obstáculos para realização de uma assistência
eficiente. A necessidade de treinamento em serviço se justifica porque,
assistência pré-hospitalar é realizada através protocolos e diretrizes clínicas.
Vale lembrar que os esforços voltados para o cumprimento das diretrizes
clínicas visam à melhoria da qualidade do atendimento pré-hospitalar. Portanto,
a simulação é utilizada como estratégia de treinamento para capacitar a equipe
na tomada de decisões e cuidados em ambiente extra-hospitalar. A utilização de
treinamentos contínuos se mostra como um aliado na implementação de novas
práticas e ações de saúde.
A partir das atividades dos mesmos, é possível extrair uma aproximação
entre o sucesso no atendimento e a segurança do paciente. Assim abrem mais
espaços para a participação e possibilidades de reflexão na busca de
alternativas, tendo em vista a melhoria da prática. Vale ressaltar que todas as
formas voltadas à educação e aprimoramento contínuo dos profissionais de
saúde são essenciais na busca da oferta de uma assistência de qualidade. Para
isto, torna-se indispensável o processo de capacitação dos profissionais de
saúde e da enfermagem, visto que a categoria está inserida em todos os
contextos de atenção. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014)

28
5 DISTÚRBIOS DE RITMO E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA AGUDA

A insuficiência cardíaca é uma doença na qual o coração não consegue


atender às necessidades do corpo, resultando em redução do fluxo sanguíneo,
refluxo (congestão) de sangue nas veias e pulmões e / ou outras alterações que
podem enfraquecer ainda mais ou tornar o coração rígido.
A insuficiência cardíaca pode ocorrer em qualquer idade, mesmo em
crianças pequenas (especialmente aquelas com defeitos cardíacos congênitos).
No entanto, isso é mais comum entre os idosos porque são mais propensos a
sofrer de insuficiência cardíaca (por exemplo, doença arterial coronariana que
danifica o músculo cardíaco) ou doença das válvulas cardíacas. Mudanças no
coração relacionadas à idade também tendem a reduzir a função cardíaca.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 6,5 milhões de pessoas sofrem
de insuficiência cardíaca e aproximadamente 960.000 novos casos aparecem a
cada ano. Globalmente, cerca de 26 milhões de pessoas são afetadas. Como as
pessoas vivem mais e alguns fatores de risco para doenças cardíacas (como
obesidade, diabetes, tabagismo e hipertensão) estão afetando mais pessoas em
determinados países, a doença pode se tornar mais frequente.
A insuficiência cardíaca significa que o coração não consegue manter o
esforço (carga de trabalho) necessário para bombear corretamente o sangue
para todas as partes do corpo. No entanto, esta definição é muito simples. A
insuficiência cardíaca é extremamente complexa, e não existe uma definição
simples que possa abranger suas várias causas, aspectos, formas e
consequências. (COFEN, 2012)
Pontos importantes:
 A insuficiência cardíaca se desenvolve quando a ação de
contração ou a ação de relaxamento do coração é inadequada,
normalmente devido à fraqueza ou rigidez do músculo cardíaco (ou
ambos).
 Muitos problemas que afetam o coração podem causar
insuficiência cardíaca.

29
 A maioria das pessoas não apresenta sintomas inicialmente e a
falta de ar e a fadiga se agravam gradualmente ao longo de dias e
meses.
 Pode haver acúmulo de líquido nos pulmões, no abdômen ou nas
pernas.
 Normalmente, os médicos suspeitam de insuficiência cardíaca com
base nos sintomas, porém, normalmente são feitos exames, como
ecocardiograma (ultrassom do coração), para avaliar a função
cardíaca.
 O tratamento tem como objetivo tratar o distúrbio que causa a
insuficiência cardíaca, implementar alterações no estilo de vida e
tratar a insuficiência cardíaca com medicamentos, cirurgia ou
outras intervenções.

O lado direito do coração bombeia o sangue das veias para os pulmões.


Já o lado esquerdo bombeia o sangue que sai dos pulmões pelas artérias
para o restante do corpo.
Quando o músculo cardíaco se contrai (durante a contração), o sangue
sai do coração e quando o músculo cardíaco relaxo (durante a diástole), o
sangue entra no coração. Quando a contração ou relaxamento do coração é
insuficiente, geralmente resulta em insuficiência cardíaca devido à fraqueza ou
rigidez do miocárdio (ou ambos). Como resultado, o sangue pode não sair do
coração em quantidade suficiente. O sangue também pode se acumular nos
tecidos, causando congestão. Portanto, a insuficiência cardíaca também é
chamada de insuficiência cardíaca congestiva.
O acúmulo de sangue que entra no lado esquerdo do coração provoca
congestão pulmonar e dificuldade respiratória. O acúmulo de sangue
proveniente do lado direito do coração provoca congestão e acúmulo de líquidos
em outras partes do corpo, como nas pernas e no fígado. Em geral, ambos os
lados do coração são em certo grau afetados pela insuficiência cardíaca.
Todavia, um dos lados pode ser mais afetado do que o outro. Nesses casos, a
insuficiência cardíaca pode ser descrita como insuficiência cardíaca
direita ou insuficiência cardíaca esquerda. (COFEN, 2012)

30
Na insuficiência cardíaca, o coração não consegue bombear sangue
suficiente para atender à demanda do corpo humano por oxigênio e nutrientes
exigidos pelo sangue. Portanto, os músculos dos braços e das pernas podem se
cansar mais rapidamente e os rins podem não funcionar corretamente.
Os rins filtram o líquido e os resíduos presentes no sangue e os derramam
na urina. No entanto, quando o coração não consegue extrair sangue
normalmente, os rins funcionam de maneira anormal e não conseguem remover
o excesso de líquido do sangue. Como resultado, a quantidade de fluido no
sangue aumenta, o que aumenta a carga de trabalho do coração enfraquecido e
cria um círculo vicioso. Como resultado, a insuficiência cardíaca piora.

Você sabia que...


A insuficiência cardíaca é, às vezes, chamada de insuficiência cardíaca
congestiva porque pode haver aumento de sangue nos tecidos gerando
congestão nesses tecidos.

5.1 Tipos de insuficiência cardíaca

Existem dois tipos principais de insuficiência cardíaca:


Na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER - às
vezes chamada de insuficiência cardíaca sistólica):
O coração se contrai com menos força e bombeia para fora uma
porcentagem menor do sangue do que retorna a ele. Como resultado, mais
sangue permanece no coração. O sangue, então, acumula-se nos pulmões,
veias ou ambos.
Na insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP - às
vezes chamada de insuficiência cardíaca diastólica):
O coração endurece e geralmente não relaxa após a contração, o que
prejudica sua capacidade de congestionamento. O coração se contrai
normalmente, então ele pode bombear uma quantidade normal de sangue dos
ventrículos. Às vezes, um coração rígido compensa sua deficiência bombeando
mais sangue do que o normal. No entanto, eventualmente, como na insuficiência
cardíaca sistólica, o sangue que retorna ao coração se acumula nos pulmões ou
veias. (COFEN, 2012)

31
A fração de ejeção é a porcentagem de sangue bombeada para fora pelo
coração a cada batimento e é uma medida de quão bem o coração está
bombeando. Um ventrículo esquerdo normal ejeta cerca de 55 a 60% do sangue
de seu interior.

5.2 Sintomas de insuficiência cardíaca grave

Quando a insuficiência cardíaca progride, pode ocorrer respiração


Cheyne-Stokes (respiração periódica). Nesse padrão respiratório anormal, a
pessoa respira rápida, profundamente, depois lentamente e, em seguida, para
de respirar por alguns segundos. A pessoa então começa a respirar mais rápido
e profundamente, repetindo esse padrão irregularmente uma ou duas vezes a
cada minuto durante um período de tempo. A respiração de Cheyne-Stokes se
desenvolve porque o fluxo sanguíneo para o cérebro é reduzido, portanto, a área
do cérebro que controla a respiração não recebe oxigênio suficiente. A
respiração de Cheyne-Stokes é considerada uma forma de apneia central do
sono.
A apneia obstrutiva do sono é uma doença respiratória diferente e mais
comum, que pode ocorrer em pacientes com insuficiência cardíaca, pois a
obesidade é um importante fator de risco para a apneia obstrutiva do sono e é
muito comum em pacientes com insuficiência cardíaca. Além disso, as pessoas
com insuficiência cardíaca podem acumular muita água ao redor da garganta,
especialmente quando estão deitadas. Quando a via aérea superior está
relaxada, esse fluido bloqueia parcialmente (bloqueia) a via aérea durante o
sono. A obstrução das vias aéreas pode interromper o sono e causar sonolência
durante o dia. (COFEN, 2012)
Edema pulmonar agudo é o acúmulo súbito de grandes quantidades de
líquido nos pulmões. Pode causar dificuldades respiratórias extremas, falta de
ar, pele azulada e sensação de inquietação, ansiedade e asfixia. Algumas
pessoas sofrem de espasmos graves das vias respiratórias (espasmo brônquico)
e respiração ofegante. O edema agudo de pulmão é uma emergência com risco
de vida que pode ocorrer quando pacientes com insuficiência cardíaca têm
pressão arterial muito alta, têm um ataque cardíaco ou às vezes simplesmente

32
param de tomar seus medicamentos para insuficiência cardíaca ou ingestão de
alimentos salgados.
Quando o coração está gravemente ferido, coágulos sanguíneos se
formam nas câmaras do coração. Um coágulo de sangue pode se formar porque
o fluxo sanguíneo na cavidade do coração diminui. Os coágulos sanguíneos
podem se desprender (tornar-se êmbolos) e espalhar-se pela corrente
sanguínea, bloqueando parcial ou completamente as artérias em qualquer parte
do corpo. Quando um coágulo obstrui uma artéria do cérebro, pode ocorrer um
acidente vascular cerebral.
Depressão e redução da função mental são comuns em pessoas com
insuficiência cardíaca grave, particularmente em idosos, e esse quadro clínico
exige avaliação e tratamento cuidadosos. (COFEN, 2012)

5.3 Medidas gerais

Embora a insuficiência cardíaca seja uma doença crônica para a maioria


das pessoas, muitas coisas podem ser feitas para tornar a atividade física mais
confortável, melhorar a qualidade de vida e minimizar o risco de deterioração
súbita (insuficiência cardíaca aguda) e prolongamento da vida. As pessoas
afetadas e suas famílias devem aprender sobre a doença o máximo possível e
prestar mais atenção em casa. Em particular, eles devem saber como
reconhecer os primeiros sintomas de alerta que exacerbam a insuficiência
cardíaca e devem compreender as medidas que precisam tomar (por exemplo,
reduzir a ingestão de sal, tomar mais diuréticos ou entrar em contato com um
médico).
Como a insuficiência cardíaca pode piorar repentinamente, é necessário
comunicar-se com profissionais de saúde e fazer exames físicos regularmente.
Por exemplo, os enfermeiros podem ligar regularmente para pessoas com
insuficiência cardíaca para perguntar sobre mudanças no peso e nos sintomas.
Dessa forma, eles podem avaliar se a consulta médica é necessária.
As pessoas também podem ir a uma clínica de insuficiência cardíaca.
Essas clínicas têm especialistas em insuficiência cardíaca que trabalham com
enfermeiras e outros profissionais de saúde (como farmacêuticos, nutricionistas
e assistentes sociais) e são treinados para fornecer cuidados médicos pessoais

33
aos pacientes e seus cuidadores. Essas clínicas também podem ajudar a reduzir
os sintomas e a hospitalização e aumentar a expectativa de vida das pessoas,
garantir que recebam o tratamento mais eficaz e ensiná-las a participar
plenamente de seus cuidados. Este cuidado complementa o cuidado que o
clínico geral irá fornecer, mas não pode substituí-los.
Pessoas com insuficiência cardíaca devem sempre consultar seu médico
antes de usarem qualquer medicamento, mesmo os de venda livre. Alguns
medicamentos (incluindo muitos dos utilizados no tratamento de artrite) podem
provocar retenção de sal e líquido. Outros medicamentos podem fazer com que
o coração funcione mais lentamente. Esquecer-se de tomar os medicamentos
necessários é um motivo comum para o agravamento dos sintomas e as pessoas
devem ser informadas de estratégias para se lembrarem de tomar seus
medicamentos.
Como a gripe pode causar um súbito agravamento da insuficiência
cardíaca de uma pessoa, os médicos recomendam uma vacinação contra a gripe
anualmente para pessoas com insuficiência cardíaca. (DAMASCENO, 2014)

Tratamento da causa

Se a causa da insuficiência cardíaca for estreitamento ou vazamento das


válvulas cardíacas, ou conexões anormais entre as câmaras cardíacas, a
cirurgia geralmente pode corrigir o problema. As artérias coronárias bloqueadas
podem exigir medicação, cirurgia ou angioplastia com stents coronários. Os
medicamentos anti-hipertensivos podem reduzir e controlar a hipertensão. Os
antibióticos podem eliminar certas infecções.

5.4 Tratamento de insuficiência cardíaca aguda

A insuficiência cardíaca que surge ou se agrava rapidamente requer


tratamento hospitalar urgente.
Se ocorrer edema agudo de pulmão (um rápido acúmulo de líquido nos
pulmões), forneça oxigênio por meio de uma máscara. Diuréticos intravenosos e
outras drogas administradas por via intravenosa ou sublingual (como a
nitroglicerina) podem criar melhorias rápidas e expressivas. O uso de morfina

34
pode aliviar o transtorno de ansiedade que geralmente acompanha o edema
pulmonar agudo. Além de relaxar os vasos sanguíneos, também reduz a
frequência respiratória e cardíaca, reduzindo assim a carga de trabalho do
coração. Se essas medidas não melhorarem a respiração adequadamente, uma
máscara especial pode ser usada para fornecer oxigênio sob pressão controlada
ou um tubo pode ser inserido nas vias aéreas de uma pessoa para instalar um
ventilador mecânico para auxiliar a respiração.
Para pessoas com sintomas graves e má resposta ao tratamento, usa
medicamentos semelhantes à epinefrina e norepinefrina (como dopamina ou
dobutamina) ou outras drogas que causam contração cardíaca mais intensa
(como lama Nong). Em alguns casos, demora um pouco para aumentar a função
de bombeamento do coração. Essas drogas são ineficazes no tratamento de
longo prazo. (CHAPLEAU,2008)

5.5 Síndromes coronárias agudas

A síndrome coronariana aguda é causada pelo bloqueio agudo das


artérias coronárias. Os resultados dependem do grau e da localização da
obstrução, variando de angina instável a infarto do miocárdio sem elevação do
segmento ST (IMSSST), infarto do miocárdio com elevação do segmento ST
(IMCSST) e morte súbita cardíaca. Os sintomas de todas essas síndromes são
semelhantes (exceto para morte súbita), incluindo desconforto no peito com ou
sem dificuldades respiratórias, náuseas e sudorese. O diagnóstico é
determinado pela presença ou ausência de ECG e marcadores séricos. O
tratamento inclui medicamentos antiplaquetários, anticoagulantes, nitratos,
betabloqueadores e, para IMCSST, reperfusão de emergência com
medicamentos fibrinolíticos, intervenção percutânea ou revascularização
miocárdica ocasional.

Síndromes coronarianas agudas incluem:

Angina instável
Infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSESST)
Infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IMCEST)

35
Todas essas síndromes envolvem isquemia coronariana aguda e são
diferenciadas com base nos sintomas, resultados de ECG e níveis de
marcadores cardíacos. Conforme o prognóstico e os métodos de tratamento
mudam, é útil distinguir essas síndromes.
Angina instável (insuficiência coronariana aguda, angina pré-infarto ou
síndrome intermediária) é definida como um ou mais dos seguintes itens em
pacientes cujos biomarcadores cardíacos não atendem os critérios para IM:
Angina em repouso que é prolongada (em geral > 20 min)
Angina de início recente pelo menos de gravidade classe 3, segundo a
classificação da Canadian Cardiovascular Society (CCS) ( Sistema de
classificação cardiovascular canadense da angina de peito)
Angina progressiva, i. e., angina previamente diagnosticada que se tornou
nitidamente mais frequente, mais grave, com duração mais prolongada ou com
limiar mais baixo (p. ex., aumento ≥ 1 na classe da CCS ou pelo menos para a
classe 3 da CCS)
Alterações no ECG, como infra ou supradesnível do segmento ST ou
inversão da onda T, podem ocorrer durante angina instável, mas são transitórias.
Dos marcadores cardíacos, CK não está elevada, mas a troponina cardíaca,
particularmente quando medida usando testes de troponina de alta sensibilidade
(hs-cTn), podem estar ligeiramente aumentados. A angina instável é
clinicamente instável e, muitas vezes, constitui um prelúdio do IM ou de arritmias
ou, com menos frequência, de morte súbita.
IM sem elevação do segmento ST (IMSSST, IM subendocárdico) é a
necrose miocárdica (evidenciada por marcadores cardíacos no sangue;
troponina I ou troponina T e CK estarão altas) sem elevação grave do segmento
ST. Pode haver outras alterações no ECG, como infradesnível do segmento ST,
inversão da onda T ou ambas.
IMCSST (transmural) é a necrose miocárdica com alterações do ECG
constituídas por supradesnível do segmento ST, as quais não se revertem
rapidamente com nitroglicerina, ou o desenvolvimento recente de BRE. Os
marcadores cardíacos, troponina I ou troponina T e CK são elevados.
Os dois tipos de IM podem ou não produzir ondas Q no ECG (IM com
onda Q, IM sem onda Q). (CHAPLEAU,2008)

36
5.6 Sinais e sintomas

Os sintomas da SCA dependem, até certo ponto, do grau e da localização


da obstrução e variam muito. A estimulação dolorosa dos órgãos torácicos,
incluindo o coração, pode causar desconforto e é descrita como pressão, cortes,
vontade de contrair, indigestão, queimação, dor, formigamento e, às vezes,
formigamento. Muitos pacientes negam a dor e insistem que ela é simplesmente
"desconfortável". Exceto quando o infarto é grande, é difícil identificar o grau de
isquemia por sintomas individuais.
Os sintomas da SCA são semelhantes aos da angina e são discutidos em
mais pormenores nas seções sobre angina instável e infarto agudo do miocárdio.
Após evento agudo, podem ocorrer muitas complicações. Elas
normalmente envolvem
Disfunção elétrica (p. ex., defeitos de condução, arritmias)
Disfunção miocárdica (p. ex., insuficiência cardíaca, ruptura da parede
livre ou septo interventricular, aneurisma ventricular, pseudoaneurisma,
formação de trombo mural, choque cardiogênico)
Disfunção valvar (tipicamente, insuficiência mitral)
Em qualquer forma de SCA, a disfunção elétrica é óbvia, mas geralmente,
a maior parte do miocárdio deve ser isquêmico para causar disfunção miocárdica
grave. Outras complicações da SCA incluem recorrência de isquemia e
pericardite. A pericardite que ocorre 2 a 10 semanas após o IM é chamada de
síndrome pós-IM ou síndrome de Dressler. (CHAPLEAU,2008)

5.7 Cuidado pré-hospitalar

 Oxigênio
 Ácido acetilsalicílico
 Nitratos ou morfina
 Encaminhamento para um centro médico apropriado
Deve-se estabelecer uma via IV confiável, administrar oxigênio
(tipicamente 2 L por cânula nasal) e instalar monitoramento contínuo de ECG de
derivação única. Intervenções pré-hospitalares pela equipe médica de
urgência—incluindo ECG, ácido acetilsalicílico mastigável [325 mg], tratamento

37
da dor com nitratos ou opioides (Medicamentos para doença coronariana*),
trombólise precoce quando indicado e possível, bem como encaminhamento
para um hospital apropriado onde ICP primária está disponível—podem reduzir
risco de mortalidade e complicações. Os dados do diagnóstico precoce e a
resposta ao tratamento podem ajudar a determinar a necessidade e a escolha
do tempo adequado de revascularização quando a intervenção coronariana
percutânea não é possível.

6 DIRETRIZ DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR E CUIDADOS


CARDIOVASCULARES DE EMERGÊNCIA DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA

Embora a história da ressuscitação remonte aos tempos bíblicos e tenha


durado séculos, acredita-se que seu "nascimento" moderno tenha ocorrido em
1960, quando Koewenhoven, Jude e Knickerbocker publicaram artigos
memoráveis sobre o uso de compressões torácicas: Eles enfatizaram que "você
só precisa das duas mãos." Na verdade, eles escreveram sobre 14
sobreviventes usando essa técnica em 20 tentativas.
Embora ações semelhantes tenham sido descritas muitas vezes em
períodos anteriores, elas terão nova importância naquele momento, pois a Safar
já realizou um teste de ventilação boca a boca e a desfibrilação externa já se
tornou uma realidade. Tudo o que faltou foi juntar essa três elementos-chave, o
que aconteceu em um simpósio organizado pela Faculdade de Medicina e
Cirurgia do Estado de Maryland em setembro de 1960. No simpósio, foi
determinado que “esses elementos não são mais considerados Elements ". Isole,
mas como parte de uma abordagem de recuperação total. "
No entanto, na época, a reanimação era considerada um procedimento
médico estrito. Mesmo enfermeiras e dentistas estão proibidos de realizar este
exercício. Portanto, apesar da grande preocupação da comunidade
internacional, seu impacto é limitado. Gradualmente, as opiniões mudaram e, por
volta de 1974, quando a American Heart Association publicou suas primeiras
diretrizes para profissionais de saúde e não profissionais, as enormes vantagens
da participação pública tornaram-se mais aparentes. (SCIELO, 2013)

38
A publicação das novas diretrizes de RCP nas principais revistas médicas
começa com dois princípios. O primeiro princípio é que o método ideal pode ser
definido para todos os casos de parada cardíaca inesperada. Em segundo lugar,
a disseminação desse procedimento pode e deve ser realizada em toda a
sociedade. Embora essas opiniões parecessem razoáveis, ainda não eram
universalmente aceitas na época.
Levará mais alguns anos antes que as diretrizes de recuperação se
tornem um padrão internacional. A este respeito, mais uma vez liderado pela
American Heart Association. Na Conferência de Dallas de 1992, mais de 25%
dos participantes vieram de fora dos Estados Unidos. Nessa reunião, foi decidido
constituir um comitê internacional de especialistas dos cinco continentes para
orientar a prática da ressuscitação, posteriormente conhecido como International
Resuscitation Commission (ILCOR). Ao longo dos anos, devido às capacidades
reconhecidas de seus membros, a importância e a influência deste órgão
consultivo continuaram a se desenvolver.
Em relação à sua aplicabilidade em diferentes situações, diferentes
requisitos para crianças e posteriormente para bebês e recém-nascidos foram
rapidamente aceitos. Mais tarde, diferenças étnicas também apareceram, em
parte devido aos costumes locais e diferenças epidemiológicas. Portanto, a
Comissão Internacional abandonou o termo "diretrizes" e substituiu-o por
"consenso", permitindo que os grupos regionais adaptassem suas práticas às
suas necessidades específicas.
Depois de meados da década de 1970, as pessoas aceitaram a
necessidade de desenvolver diretrizes dentro da comunidade, mas, até
recentemente, o nível de aplicação dessas diretrizes variava muito. A formação
em larga escala depende da existência de organizações locais que possam
disseminar a formação nestas tecnologias. Poucos países têm grupos fortes que
podem enfrentar este desafio. Esta situação mudou, em parte porque muitos
comitês de recuperação foram estabelecidos, e organizações como a Cruz
Vermelha Internacional estão desempenhando um papel cada vez mais
importante nesta iniciativa. No entanto, um aspecto da prática de recuperação
enfrenta obstáculos. (SCIELO, 2013)
Em vários países (principalmente na Europa), o uso de desfibriladores por
pessoas não qualificadas na área médica é considerado ilegal. Apesar de

39
superar esses obstáculos, em alguns aspectos, há relutância devido à falta de
consideração das questões de segurança, especialmente para o público em
geral (leigos) que não obteve um certificado em um curso de formação
reconhecido. Para desfibriladores automáticos modernos (a segurança não é o
principal problema), essa ideia é inadequada.
As diretrizes brasileiras de 2012 se baseiam no Consenso Científico da
ILCOR de 2007, tendo sido muito bem-vindas. O novo consenso não introduziu
ideias radicais. De fato, enfatizou-se a primazia das compressões como sendo a
chave para o sucesso da ressuscitação em casos de parada cardíaca, com
recomendações adicionais destinadas a reduzir atrasos particularmente na
administração de choques em vítimas com fibrilação ventricular ou taquicardia
ventricular sem pulso. Outros capítulos da diretriz apresentam orientações sobre
temas como síndromes coronarianas agudas, qualificação e primeiros socorros.
Esta diretriz necessita ser bem-conhecida e divulgada na comunidade, devendo
ser coletado dados em todas as regiões do país, sobre a frequência na qual
pessoas leigas que presenciam os eventos são capazes de iniciar os primeiros
socorros ou as manobras de ressuscitação cardiopulmonar antes da chegada de
profissionais da saúde.
Ainda não chegamos ao final do processo evolutivo que começou em
1960. Para sobreviver, é necessário relatar prontamente a parada cardíaca,
ajuda de pessoas próximas à vítima, desfibrilação precoce e antes mesmo da
chegada dos serviços de emergência e atendimento especializado. Em nenhum
país se pode dizer que todos esses requisitos foram atendidos. Além de uma
implementação mais eficaz dos conceitos existentes de melhores práticas, as
próprias diretrizes não permanecerão inalteradas, mas continuarão a evoluir
conforme a ciência da recuperação se desenvolve.
O papel da terapia farmacológica está sendo cuidadosamente analisado,
mas a ciência básica também oferece possibilidades interessantes para o campo
clínico. Também pode-se questionar se o suporte básico de vida administrado
por membros da comunidade (a simplicidade é o fator chave) deve ser quase
igual ao suporte prestado por profissionais de saúde, que podem utilizar mais
habilidades adaptadas a diferentes situações. (SCIELO, 2013)

40
6.1 Epidemiologia da Parada Cardiorrespiratória e Apresentação da
Diretriz

Desde o início da década de 1960, as pessoas vêm tentando reunir


conhecimentos científicos sobre a PCR (parada cardiorrespiratória) e determinar
o padrão e a uniformidade de seu tratamento. Com o estabelecimento do ILCOR
(International Resuscitation Committee Consortium), esses esforços foram
sistematizados por meio de uma extensa revisão da literatura científica publicada
sobre o assunto, e finalmente alcançaram o primeiro consenso científico
internacional em 2000. As duas revisões (2005 e 2010) do consenso absorveram
uma grande quantidade de conhecimento científico que se acumulou. De fato,
nos últimos anos, as doenças cardíacas se desenvolveram rapidamente, que é
o campo de desenvolvimento científico na área de cardiologia em todo o mundo.
Este consenso científico internacional de 2010, atualizado com algumas
novas evidências científicas recolhidas dos últimos dois anos, reflete-se nestas
diretrizes de Emergências Cardiovasculares e RCP da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.

6.2 Aspectos epidemiológicos da PCR

A PCR ainda é um problema de saúde pública em todo o mundo. Apesar


dos avanços obtidos na prevenção e no tratamento nos últimos anos, devido à
falta de estatísticas confiáveis sobre esse aspecto, ainda perdemos muitas vidas
relacionadas à PCR no Brasil a cada ano. Esses desenvolvimentos se estendem
também à legislação de acesso público à desfibrilação e à obrigatoriedade de
fornecimento de AED (Desfibrilador Externo Automatizado), bem como do
treinamento em RCP (ressuscitação cardiopulmonar), missão que há muitos
anos é proposta pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Podemos estimar que
existam cerca de 200.000 casos de PCR no Brasil a cada ano, metade dos quais
ocorrem em ambientes hospitalares e a outra metade em residências,
shoppings, aeroportos, estádios e outros ambientes. (SCIELO, 2013)
Estima-se que a maioria dos PCRs realizados fora do hospital se deva a
ritmos cardíacos, como fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso,
enquanto em ambiente hospitalar, atividade elétrica sem pulso e parada cardíaca

41
são a maioria. Essa diferença pode ser atribuída a diferentes condições de
internação. Neste caso, a PCR é um evento que reflete a deterioração clínica
progressiva. Isso é diferente do que acontece fora do hospital. Na maioria dos
casos, a PCR ocorre de forma repentina e muito rápida. Arritmia devido
principalmente a doença isquêmica aguda ou problemas elétricos primários.
A maior parte das PCRs ocorre em adultos, mas crianças também são
afetadas, com atenção para o ambiente hospitalar. O perfil
etiológico/epidemiológico da criança é totalmente diferente do adulto, o que se
reflete em diferenças importantes no tratamento. (SCIELO, 2013)

6.3 O sucesso de uma RCP

O sucesso da RCP depende de uma série de procedimentos que podem


ser sistematizados no conceito de cadeia de sobrevivência. A cadeia de
sobrevivência é composta por elos que refletem as ações importantes a serem
realizadas, ações essas que têm grande impacto na sobrevivência das vítimas
de PCR e não podem ser consideradas isoladamente, pois nenhuma dessas
atitudes pode reverter a maioria dos PCRs. Evidências científicas publicadas
recentemente apontam que é necessário deslocar o foco da pesquisa de
melhorias específicas de procedimentos isolados para a visão de melhoria de
processos, mudando assim toda a sequência de ações do RCP.
Embora muitas novas evidências científicas tenham sido incorporadas a
essas novas diretrizes, uma revisão sistemática da literatura apontou algumas
questões não respondidas que podem guiar pesquisas futuras. O foco de
desenvolvimento nos últimos anos pode ser resumido como:
• RCP de qualidade, sobretudo com redução das interrupções das
compressões torácicas. O foco da RCP deve ser colocado em compressões
torácicas de qualidade, com frequência e profundidade adequadas. O próprio
sucesso de uma desfibrilação depende da qualidade das compressões torácicas
realizadas.
• Fatores que influenciam a performance do socorrista. Uma simplificação
de procedimentos, principalmente voltada para o socorrista leigo, pode
proporcionar uma maior aderência a possíveis tentativas de ressuscitação de
sucesso. O melhor entendimento de eventuais barreiras para a realização de

42
uma RCP podem gerar ações que aumentem as taxas de RCP, sobretudo no
ambiente extra-hospitalar.
• Registros hospitalares de RCP. Informações sobre epidemiologia e
desfechos da RCP têm contribuído com informações valiosas para um maior
sucesso das tentativas de ressuscitação.
• Evidências insuficientes sobre drogas e dispositivos no suporte
avançado de vida. Existe uma falsa impressão de que existem evidências
científicas fortes sobre drogas e dispositivos para o tratamento da PCR.
Infelizmente, as dificuldades de pesquisas em seres humanos, nesta área, fazem
com que as evidências venham, em sua maioria, de pequenas séries de casos,
sendo ainda raros os estudos científicos sistematizados, multicêntricos, com
grupos controles, randomizados e com ocultação de alocação. Portanto, maior
ainda é a importância de registros de grande porte, que refletem a prática do
"mundo real" e que têm direcionado importantes mudanças em protocolos de
RCP.
• Importância dos cuidados pós-ressuscitação. Muitas vítimas de PCR
ressuscitadas morrem nas primeiras 24 a 36 horas de disfunção miocárdica, e
outras tantas sobrevivem com disfunção e sequelas cerebrais importantes. É
necessária uma atenção especial aos momentos iniciais pós-ressuscitação, com
ventilação e oxigenação adequadas, controle da pressão arterial, indicação
precisa e implementação da hipotermia terapêutica e decisão sobre necessidade
de reperfusão miocárdica de emergência.
• Educação, implementação e retreinamento. Infelizmente, as habilidades
adquiridas após um treinamento em RCP podem ser perdidas em tempo muito
curto (3 a 6 meses), caso não utilizadas ou praticadas. Tal fato reforça a
necessidade da simplificação do treinamento para leigos com intuito de que
aspectos importantes e de impacto nos desfechos tenham maior chance de ser
retidos por maiores intervalos de tempos. Por sua vez, quanto maior a
necessidade de um profissional de saúde atender um caso de PCR (equipes de
pronto-socorro, equipes de atendimento pré-hospitalares, equipes de códigos de
parada cardíaca intra-hospitalares, intensivistas, etc.), maior a necessidade de
treinamento contínuo para que domine todas as habilidades, procedimentos e
dispositivos.

43
Implementar processos de melhoria contínua de qualidade não são
desafios apenas para instituições, mas, também, para toda a sociedade. Em
nosso meio, as disparidades de treinamento, registros e resultados são muito
grandes, tanto pré quanto intra-hospitalares, e estas diretrizes podem vir a
contribuir com uma maior uniformidade e com a implementação destes
processos de melhoria contínua. (SCIELO, 2013)

7 SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO ADULTO

Mesmo que as compressões torácicas sejam realizadas apenas antes do


hospital, a realização imediata de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) para
vítimas de ressuscitação cardiopulmonar (PCR) pode melhorar
significativamente a taxa de sobrevivência de pacientes com parada cardíaca.
O ambiente pré-hospitalar, aproximadamente 56% a 74% dos ritmos de
PCR ocorrem na fibrilação ventricular (FV). O sucesso da ressuscitação está
essencialmente relacionado à desfibrilação ideal precoce nos primeiros 3 a 5
minutos após o colapso interno. Sem desfibrilação, a cada minuto após o início
de um evento de arritmia repentina, a chance de sobrevivência é reduzida em
7% a 10%. Ao usar RCP, esta diminuição é mais lenta, a CRP diminui em 3-4%
por minuto.
Programas internacionais de RCP e desfibrilação externa automática
precoce, realizada por leigos, com taxas de sobrevivência da ordem de até 85%,
podem servir de modelo para melhorar o manejo da parada cardíaca em outras
comunidades.
O maior desafio, sobretudo no Brasil, é ampliar o acesso ao ensino de
RCP, estabelecer processos para a melhora contínua de sua qualidade, além de
minimizar o tempo entre a RCP e a aplicação do primeiro choque pelo
desfibrilador.
Portanto, as ações realizadas nos primeiros minutos de uma emergência
são fundamentais para a sobrevivência das vítimas. O suporte básico de vida
(SBV) define esta sequência principal de ações para salvar vidas.
Independentemente do apoio de alto nível adequado e eficaz, se as medidas de

44
apoio básico não forem implementadas de forma adequada, as chances de
sobrevivência das vítimas de PCR serão muito baixas.
Esse capítulo mantém o padrão de atendimento da Aliança Internacional
dos Comitês de Ressuscitação com adaptações à realidade brasileira. (SCIELO,
2013)

Sequência do SBV do adulto para profissionais da saúde

Em uma situação de PCR, um mnemônico pode ser utilizado para


descrever os passos simplificados do atendimento em SBV: o "CABD primário".
O "C" corresponde a checar responsividade e respiração da vítima, chamar por
ajuda, checar o pulso da vítima, compressões (30 compressões), abertura das
vias aéreas, boa ventilação (2 ventilações), desfibrilação. A seguir, a sequência
completa de um atendimento a uma vítima que se encontra em colapso súbito.

Segurança do Local

Primeiro, avalie a segurança do local. Certifique-se de que o local é seguro


para você e para a vítima, para que você não se torne a próxima vítima. Se o
local não for seguro (por exemplo, um prédio em perigo de desabamento, uma
via de tráfego), certifique-se de que o local é seguro (por exemplo, parando ou
desviando o tráfego) ou mova a vítima para um local seguro. Se a localização for
segura, continue o serviço. (SCIELO, 2013)

Avalie a responsividade e respiração da vítima

Avalie a capacidade da vítima de responder ligando e dando tapinhas no


ombro. Se a vítima responder, por favor, apresente-se, converse com ela e
pergunte se precisam de ajuda. Se a vítima não responder, verifique se o tórax
está elevado em menos de 10 segundos para avaliar sua respiração. Se a vítima
estiver respirando, fique ao lado dela, espere para observar seu progresso e
busque ajuda se necessário. Se a vítima não estiver respirando ou apenas
ofegante, procure ajuda imediatamente.
Chame ajuda

45
No ambiente extra-hospitalar, disque o número de emergência local (por
exemplo, o Sistema de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU 192) e, se
houver DEA no local, atenda. Se você não estiver sozinho, ligue para alguém e
obtenha um AED enquanto continua a cuidar da vítima. É importante designar
pessoal responsável pelo desempenho dessas funções.
A pessoa que ligar para o Serviço Médico de Emergência (SME) deve
estar preparada para responder às perguntas como a localização do incidente,
as condições da vítima, o tipo de primeiros socorros que está sendo realizado,
etc.
Nos casos de PCR por hipóxia (afogamento, trauma, overdose de drogas
e para todas as crianças), o socorrista deverá realizar cinco ciclos de RCP e,
depois, chamar ajuda, se estiver sozinho.

Cheque o pulso

Verifique o pulso carotídeo da vítima em menos de 10 segundos. Se a


vítima tiver pulso, expire a cada 5 a 6 segundos, mantenha uma taxa de 10 a 12
respirações por minuto e verifique o pulso a cada dois minutos. Se o pulso não
for detectado na vítima ou na dúvida, inicie um ciclo de compressão e ventilação.
Estudos mostram que tantos profissionais da saúde quanto socorristas
leigos têm dificuldade de detectar o pulso, sendo que os primeiros também
podem levar muito tempo para realizá-lo, por isso, não é enfatizada a checagem
de pulso.

Inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações

Inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações (Figura 1), considerando


que existe um dispositivo de barreira (por exemplo, máscara de bolso para
aplicar as ventilações). Compressões torácicas efetivas são essenciais para
promover o fluxo de sangue, devendo ser realizadas em todos pacientes em
parada cardíaca.

46
Na tabela 1, as classes de recomendação e níveis de evidência para a
sequência de atendimento a uma vítima inconsciente pelo profissional de saúde.

Compressões torácicas

Para realização das compressões torácicas (Figura 2):

47
√ Posicione-se ao lado da vítima e mantenha seus joelhos com certa
distância um do outro para que tenha melhor estabilidade.
√ Afaste ou, se uma tesoura estiver disponível, corte a roupa da vítima
que está sobre o tórax para deixá-lo desnudo.
√ Coloque a região hipotênar de uma mão sobre o esterno da vítima e
a outra mão sobre a primeira, entrelaçando-a.
√ Estenda os braços e posicione-os cerca de 90º acima da vítima.
√ Comprima na frequência de, no mínimo, 100 compressões/minuto.
√ Comprima com profundidade de, no mínimo, 5cm.
√ Permita o retorno completo do tórax após cada compressão, sem
retirar o contato das mãos com o mesmo.
√ Minimize interrupções das compressões.
√ Reveze com outro socorrista, a cada dois minutos, para evitar a fadiga
e compressões de má qualidade.
Recomenda-se a utilização de equipamentos que avaliam a qualidade das
compressões durante a RCP, fornecendo um bom parâmetro para os
socorristas.
As manobras de RCP devem ser ininterruptas, exceto se a vítima se
movimentar, durante a fase de análise do desfibrilador, na chegada da equipe
de resgate, posicionamento de via aérea avançada ou exaustão do socorrista.
No caso de uma via aérea avançada instalada, realize compressões
torácicas contínuas e uma ventilação a cada 6 a 8 segundos (8 a 10 ventilações
por minuto). (SCIELO,2013)
O termo "duty cycle" refere ao tempo que é gasto comprimindo o tórax,
como proporção do tempo entre o início de uma compressão e o início da
próxima compressão. O fluxo de sangue coronariano é determinado em parte
pelo "duty cycle". Embora a média do "duty cycle" esteja entre 20 e 50%,
resultando em adequada perfusão coronariana e cerebral, um "duty cycle" de
50% é recomendado, pois é facilmente de ser atingido com a prática.
As classes de recomendação e níveis de evidência sobre as compressões
torácicas são apontadas na tabela 2.

48
Ventilações
Para não retardar o início das compressões torácicas, a abertura das vias
aéreas deve ser realizada somente depois de aplicar trinta compressões.
A ventilação deve ser realizada em uma proporção de 30 compressões
para 2 respirações, com apenas um segundo de intervalo entre cada respiração
para fornecer ar suficiente para promover a elevação do tórax. (SCIELO, 2013)
A hiperventilação é contraindicada, pois pode aumentar a pressão
intratorácica e diminuir a pré-carga, consequentemente diminuindo o débito
cardíaco e a sobrevida. Além disso, aumenta o risco de insuflação gástrica,
podendo causar regurgitação e aspiração.
Embora haja poucas evidências de que a ventilação boca-a-boca esteja
contaminada, recomenda-se que os socorristas usem mecanismos de barreira
para ventilação, como tecidos faciais com válvulas de prevenção de refluxo,
máscaras de bolso ("pocket-mas k") ou tampas de válvula-bolsa.
Independentemente da técnica ventilatória utilizada, a via aérea deve ser
desobstruída, o que pode ser feito inclinando a cabeça e levantando o queixo

49
(Figura 3) e, se houver suspeita de trauma, pode-se suspeitar de elevação do
ângulo. Mandíbula (Figura 4).

Quando o socorrista não conseguir realizar a manobra de elevação do


ângulo da mandíbula e o mesmo apenas suspeita de trauma cervical, sem
evidência de lesão na cabeça, deve-se utilizar a manobra de inclinação da
cabeça e elevação do queixo, pois apenas 0,12 a 3,7% das vítimas apresentam
lesão espinal, sendo o risco elevado quando há lesão craniofacial ou Glasgow.

Ventilação com lenço facial e válvula antirrefluxo (unidirecional)


Esse dispositivo descartável consiste em um lenço facial com uma válvula
unidirecional no centro que evita que o ar volte pela boca da vítima, protegendo
o socorrista (Figura 5). Preste atenção aos dois lados marcados no lenço (o lado

50
voltado para a vítima e o lado voltado para o socorrista) e coloque a válvula de
prevenção de refluxo na boca da vítima. Abra as vias aéreas, estabilize a
mandíbula, tente selar o tecido facial da boca da vítima o máximo possível,
aperte o nariz da vítima e ventile.

Ventilação com a máscara de bolso ("pocket-mask")


Esse tipo de máscara envolve a boca e o nariz da vítima e pode ter formato
redondo ou uma parte mais estreita, a qual fica voltada para o nariz da vítima
(Figura 6). Uma válvula unidirecional, geralmente, acompanha a máscara e deve
ser encaixada na mesma.

Depois de colocar a máscara de bolso no rosto da vítima, faça a letra "C"


na parte superior da máscara com o dedo indicador e uma mão; coloque o
polegar na parte inferior da máscara com a outra mão e coloque o outro dedo no
da vítima No queixo, coloque a máscara no rosto da vítima o máximo possível e
certifique-se de não pressionar a parte macia sob o queixo. Outra técnica de
vedação da "pocket-mask" é a realização do "duplo C": com uma das mãos faça
uma letra "C", como já dito anteriormente; com a outra mão, faça outro "C" e
posicione na parte inferior da máscara, ambos fazendo certa pressão para baixo
a fim de vedar a máscara ao rosto da vítima; atente que os outros dedos da mão
que está na parte inferior da máscara devem ficar encolhidos para que não
pressionem as partes moles abaixo do queixo, prejudicando as ventilações.

51
A técnica de posicionamento e vedação da máscara de bolso à face da
vítima deve ser realizada rapidamente. Depois disso, abra a via aérea e realize
as ventilações (Figura 7).

Ventilação com bolsa-válvula-máscara


A ventilação com a bolsa-válvula-máscara deve ser utilizada na presença
de dois socorristas, um responsável pelas compressões; e outro, por aplicar as
ventilações com o dispositivo (Figura 8). (SCIELO, 2013)

Use o polegar e o indicador de uma mão para fazer uma letra "C" e
coloque-a acima da máscara. Se o rosto for estreito, a máscara deve ficar voltada
para o nariz da vítima e, em seguida, pressionar o rosto da vítima. Para selar o
máximo possível. Coloque os outros três dedos na mandíbula para estabilizá-la
e abrir as vias aéreas da vítima (Figura 9). Cada vez que você ventilar, pressione
e segure a bolsa por 1 segundo. Esta quantidade geralmente é suficiente para
fazer com que o tórax do paciente se eleve e mantenha a oxigenação do paciente
sem respirar.

52
Se disponível oxigênio complementar, conecte-o na bolsa-válvula-
máscara assim que possível, de modo que ofereça maior porcentagem de
oxigênio para a vítima.
Ventilação com via aérea avançada
Quando uma via aérea avançada (por exemplo, intubação traqueal, tubo
combinado, máscara laríngea) é instalada, o primeiro socorrista aplicará
continuamente as compressões torácicas e o segundo socorrista aplicará a cada
6 a 8 segundos (aproximadamente 8 a 10 vezes), respiração forneça ventilação.
A cada minuto, não afetado por vítimas de qualquer idade (Figura 10). Se uma
via aérea avançada for instalada, a compressão não deve ser suspensa para
ventilação. (SCIELO, 2013)

Ventilação em vítima com apenas parada respiratória

Portanto, a vítima que não está respirando ou respirando de forma


anormal (apenas ofegante), mas com pulso, está parando de respirar. Nesse
caso, ventile a vítima adulta a cada 5 a 6 segundos (aproximadamente 10 a 12

53
respirações por minuto). Para crianças e bebês, ventile a cada 3 a 5 segundos
(aproximadamente 12 a 20 respirações por minuto).
Na tabela 3, temos as classes de recomendação e os níveis de evidência
para a realização de ventilações.

Desfibrilação
Desfibrilação precoce é o tratamento de escolha para vítimas em FV de
curta duração, como vítimas que apresentaram colapso súbito em ambiente
extra-hospitalar, sendo este o principal ritmo de parada cardíaca nesses locais
(Figura 11).

54
Nos primeiros 3 a 5 minutos de FV PCR, o coração está em um ritmo
acelerado de FV e está sujeito a choques. Após 5 minutos de PCR, a amplitude
do FV diminuiu devido ao consumo de substrato energético miocárdico. Portanto,
o momento ideal para aplicar o primeiro choque inclui os primeiros 3 a 5 minutos
de PCR.
A desfibrilação precoce é o único tratamento para parada
cardiorrespiratória por FV / taquicardia ventricular sem pulso. Pode ser realizada
por equipamento manual (operado apenas por médico) ou DEA, e qualquer
pessoa pode utilizá-lo o mais rápido possível.
O ADEA é um dispositivo portátil que pode interpretar a frequência
cardíaca, selecionar o nível de energia e recarregar automaticamente. O
operador só precisa pressionar o botão de choque quando as instruções forem
exibidas (Figura 12). (SCIELO, 2013)

Assim que o DEA estiver disponível, se o mesmo estiver sozinho, deverá


parar a RCP para conectar o aparelho, porém, se houver mais do que um
socorrista, enquanto o primeiro realiza RCP; o outro manuseia o DEA e, nesse
caso, só será interrompida quando o DEA emitir uma frase como "analisando o
ritmo cardíaco, não toque o paciente" e/ou "choque recomendado, carregando,
afaste-se da vítima". Os passos para a utilização do DEA são descritos a seguir:
1. Ligue o aparelho apertando o botão ON - OFF (alguns aparelhos ligam
automaticamente ao abrir a tampa).
2. Conecte as pás (eletrodos) no tórax da vítima, observando o desenho
contido nas próprias pás, mostrando o posicionamento correto das mesmas
(Figura 13).

55
3. Encaixe o conector das pás (eletrodos) ao aparelho. Em alguns
aparelhos, o conector do cabo das pás já está conectado.
Quando o DEA disser "analisando o ritmo cardíaco, não toque no
paciente", solicite que todos se afastem e observe se há alguém tocando na
vítima, inclusive se houver outro socorrista aplicando RCP.
4. Se o choque for indicado, o DEA dirá "choque recomendado, afaste-se
do paciente". O socorrista que estiver manuseando o DEA deve solicitar que
todos se afastem, observar se realmente não há ninguém (nem ele mesmo)
tocando a vítima e, então, pressionar o botão indicado pelo aparelho para aplicar
o choque.
5. A RCP deve ser iniciada pelas compressões torácicas, imediatamente
após o choque. A cada dois minutos, o DEA analisará o ritmo novamente e
poderá indicar outro choque, se necessário. Se não indicar choque, reinicie a
RCP imediatamente, caso a vítima não retome a consciência.
6. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser
desligado e as pás não devem ser removidas ou desconectadas até que o SME
assuma o caso.
7. Se não houver suspeita de trauma e a vítima já apresentar respiração
normal e pulso, o socorrista poderá colocá-la em posição de recuperação, porém
deverá permanecer no local até que o SME chegue (Figura 14).

56
Quanto ao posicionamento das pás do DEA, quatro posições são
possíveis, sendo que todas elas têm a mesma eficácia no tratamento de arritmias
atriais e ventriculares: anterolateral, anteroposterior, anterior-esquerdo
infraescapular, anterior-direita infraescapular. (SCIELO, 2013)

Existem algumas situações especiais para a utilização do DEA:


√ Portador de marca-passo (MP) ou cardioversor-desfibrilador
implantável: se estiver na região onde é indicado o local para aplicação das pás,
afaste-as, pelo menos, 8cm ou opte por outro posicionamento das pás
(anteroposterior, por exemplo), pois, estando muito próximas, pode prejudicar a
análise do ritmo pelo DEA (Figura 15).

√ Excesso de pelos no tórax: remova o excesso de pelos, somente da


região onde serão posicionadas as pás, com uma lâmina que geralmente está
no Kit DEA; outra alternativa é depilar a região com um esparadrapo ou com as
primeiras pás e, depois, aplicar um segundo jogo de pás. (SCIELO, 2013)
√ Tórax molhado: seque por completo o tórax da vítima; se a mesma
estiver sobre uma poça d'água não há problema, porém se essa poça d'água
também envolver o socorrista, remova a vítima para outro local, o mais rápido
possível.
√ Adesivos de medicamentos/hormonais: remova o adesivo se estiver no
local onde será aplicada as pás do DEA.
√ Crianças de 1 a 8 anos: utilize o DEA com pás pediátricas e/ou
atenuador de carga. Se o kit DEA possuir somente pás de adulto, está autorizada

57
a utilização das mesmas, porém se o tórax for estreito pode ser necessária a
aplicação de uma pá anteriormente (sobre o esterno) e outra posteriormente
(entre as escápulas), para que as pás não se sobreponham. As pás infantis não
devem ser utilizadas para adultos, pois o choque aplicado será insuficiente.
√ Lactentes (0 a 1 ano): um desfibrilador manual é preferível, porém se
não estiver disponível, utilize o DEA com pás pediátricas e/ou atenuador de
carga. Se este também não estiver disponível, utilize as pás de adulto, uma
posicionada anteriormente (sobre o esterno) e a outra posteriormente (entre as
escápulas); o prejuízo para o miocárdio é mínimo e há bons benefícios
neurológicos. (SCIELO, 2013)
As orientações para o uso do DEA com as classes de recomendação e
níveis de evidência são definidas na tabela 4.

O reconhecimento do PCR pela equipe médica e leigos é de extrema


importância, pois qualquer demora do socorrista retardará o acionamento do
SME e o início da pressão, reduzindo assim a chance de sobrevivência da vítima.

58
É importante observar que uma vítima de PCR não recebe PCR a cada minuto,
e sua chance de perder a sobrevivência é de 7% a 10%. Uma vez que a maioria
das vítimas de parada cardíaca em um ambiente fora do hospital são usados em
FV, o uso de DEA o mais rápido possível pode tornar o atendimento mais bem-
sucedido
A participação da população leiga no atendimento à PCR configura
fundamental importância, uma vez que grande parte delas ocorre em ambiente
extra-hospitalar, como residências.
O Brasil, mesmo nas escolas médicas, encontra deficiência em relação
ao aprendizado de atendimento à PCR, sendo extremamente importante que se
dê maior ênfase nesse assunto e haja também expansão do SME com o suporte
para todo o território nacional e orientações aos profissionais de saúde. Além
disso, a implementação do acesso rápido ao DEA deve ser instituída por todo o
país, com treinamento da população na utilização do equipamento e preparo no
atendimento à emergência, assim como orientações para o início precoce da
PCR. (SCIELO, 2013)

59
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

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em:
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