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M E D I C I N A P R ÁT I C A | M ó d u l o C i r u r g i a / O r t o p e d i a @medicinapratica

S U M Á R I O

C A P Í T U L O 1 C A P Í T U L O 1 3
ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO .. 3 SUPORTE NUTRICIONAL ...................................... 6 1

C A P Í T U L O 2 C A P Í T U L O 1 4
TRAUMA DO PESCOÇO E FACE ............................... 8 CIRURGIA PLÁSTICA ............................................. 6 3

C A P Í T U L O 3 C A P Í T U L O 1 5
TRAUMA TORÁCICO .............................................. 1 0 TRAUMATO-ORTOPEDIA ....................................... 6 5

C A P Í T U L O 4 C A P Í T U L O 1 6
TRAUMA ABDOMINAL ........................................... 1 7 TUMORES ÓSSEOS ............................................... 7 1

C A P Í T U L O 5 C A P Í T U L O 1 7
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO E RAQUIMEDU- INTOXICAÇÕES EXÓGENAS .................................. 7 3
LAR ........................................................................ 2 6
C A P Í T U L O 1 8
C A P Í T U L O 6 OBESIDADE ........................................................... 7 7
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO ................................ 3 1
C A P Í T U L O 1 9
C A P Í T U L O 7 CIRURGIA VASCULAR ............................................ 8 1
COMPLICAÇÕES PERIOPERATÓRIAS .................... 3 6
C A P Í T U L O 2 0
C A P Í T U L O 8 PROCTOLOGIA ...................................................... 8 5
AORTOPATIAS ....................................................... 4 0
C A P Í T U L O 2 1
C A P Í T U L O 9 ANESTESIOLOGIA ................................................. 8 9
HÉRNIAS DA PAREDE ABDOMINAL ....................... 4 4
C A P Í T U L O 2 2
C A P Í T U L O 1 0 CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS.................................. 9 4
FIOS DE SUTURA................................................... 5 2
C A P Í T U L O 2 3
C A P Í T U L O 1 1 ORTOPEDIA PEDIÁTRICA ...................................... 9 7
RESPOSTA ENDÓCRINA, METABÓLICA E IMUNOLÓ-
GICA AO TRAUMA (REMIT) .................................... 5 4 C A P Í T U L O 2 4
OTORRINOLARINGOLOGIA ................................. 101
C A P Í T U L O 1 2
QUEIMADURAS ..................................................... 5 6 C A P Í T U L O 2 5
VIDEOLAPAROSCOPIA ........................................ 103

O vasto conteúdo médico está em constante renovação, e por isso, a equipe do medicinaprática esclarece que este material
possui como intuito principal a aprovação na prova de residência médica. Dessa forma, não aconselhamos que o mesmo seja
utilizado como principal fonte bibliográfica para a prática médica propriamente dita.

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C A P Í T U L O 1

ATENDIMENTO INICIAL AO
POLITRAUMATIZADO
Atendimento inicial ao politraumatizado

“Politraumatizados” são aqueles que apresentam


lesões em dois ou mais sistemas de órgãos,
sendo que pelo menos uma dessas lesões, ou
a combinação delas, colocam em risco de vida
IMEDIATO esse paciente.  Todo paciente que che-
gue ao pronto socorro mesmo que ele tenha só
um ferimento abdominal aparente, ele deve ser
considerado um politraumatizado, porque, por
exemplo, a lesão de coluna cervical pode não ser Fonte: Distribuição trimodal do trauma. https://
aparente. traumaresus.com/index.php?option=com_guru&-
view=gurutasks&catid=1&module=95=-&cid-
683-trauma-related-deaths&tmpl=component&Ite-
Distribuição Trimodal do Trauma mid=199

50% das vítimas de trauma morrem SEGUNDOS a


MINUTOS depois do evento. Geralmente as causas Atendimento em Catástrofes
são: trauma da aorta, lesão medula espinhal, lesão
ao tronco cerebral, etc. Aqui o médico não pode Múltiplas Vítimas: é a situação em que muitas
fazer muita coisa, de modo que a única coisa que pessoas estão acidentadas, mas a quantidade de
podemos fazer é PREVENÇÃO (lei seca, medidas pessoas acidentadas NÃO SUPERA a capacidade
educativas, sinalização estradas, etc.) de atendimento do hospital local. Nessa situação
se você tem gente suficiente para tratar todo mun-
30% dos óbitos acontecem HORAS após os aci- do você deve dar PRIORIDADE A QUEM TEM MAIOR
dentes. Geralmente o TCE e a HEMORRAGIA (tórax, RISCO DE VIDA.
abdome, pelve...) são os eventos responsáveis por
esse segundo pico. Esse é o principal momento de Desastre: é quando você tem muitas pessoas
atuação do MÉDICO no trauma, pois são passíveis acidentadas, mas tem tanta gente acidentada
de aumentar probabilidade de sobrevivência, por naquele local que aquela cidade NÃO TEM CAPA-
meio de sistema de saúde adequada e ATLS.  CIDADE PARA ATENDER TODO MUNDO. Então, nes-
te caso, o atendimento é feito primeiramente com
20% da mortalidade acontece DEPOIS DAS 24h. QUEM TEM A MAIOR CHANCE DE SOBREVIVER.
Exemplos: Embolia pulmonar, Sepse, Falência or- Essa triagem é feita a partir do método “START”.
gânica múltipla, etc. 

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UNICAMP - 2018 que se o paciente precisar de IOT, não vai passar


o colar antes, sendo feita a estabilização manual
O principal objetivo da triagem hospitalar nas ca- mente durante o procedimento.
tástrofes com múltiplas vítimas que estão sendo
encaminhadas a uma mesma instituição é: Em relação a via aérea, se o paciente FALA, é sinal
de que a via aérea NÃO ESTÁ comprometida, e por
A) Documentar o atendimento para contatar fa- isso no atendimento inicial solicitamos para que o
miliares. paciente fale conosco.
B) Identificar a minoria de pacientes que necessi-
tam de medidas salvadoras. Em vítimas com rebaixamento do nível de cons-
C) Priorizar o atendimento dependendo da faixa ciência, a patência da via aérea deve ser estabe-
etária. lecida rapidamente, com emprego de medidas
D) Direcionar equipes para o atendimento na como “Chin-lift” ou “Jaw-thrust”, sempre manten-
cena. do a coluna cervical estabilizada. É FUNDAMENTAL
também a inspeção da via aérea para averiguar
Questão bacana sobre TRIAGEM de vítimas em presença de corpos estranhos, vômitos, sangue, os
situações de catástrofes. “Múltiplas vítimas” é a quais devem ser prontamente aspirados.
situação em que muitas pessoas estão acidenta-
das, mas a quantidade de pessoas acidentadas
não supera a capacidade de atendimento do
hospital local. Nessa situação se você tem gente
suficiente para tratar todo mundo você deve dar
prioridade a quem tem maior risco de vida. Já o
“Desastre” é quando você tem muitas pessoas
acidentadas, mas tem tanta gente acidentada
naquele local que aquela cidade não tem capaci-
dade de atender todo mundo. Então, neste caso, Fonte: Chin lift e Jaw thrust. https://cmijournal.wor-
o atendimento é feito com quem tem a maior dpress.com/2015/07/31/airway-management/
chance de sobreviver. Resposta. Letra B.
Entretanto, em um subgrupo de pacientes, exis-
te a necessidade de acesso DEFINITIVO às vias
Exame Primário aéreas. Os meios de acesso “definitivos” são assim
chamados pois protegem a via aérea de broncoas-
O exame primário do paciente baseia-se no “ABC- piração AO INSUFLAR BALONETE NA TRAQUEIA.
DE”, a essência do ATLS. NÃO PODE PULAR NENHU- Quais são?  Intubação orotraqueal (IOT), Nasotra-
MA ETAPA, sendo feita exatamente nessa sequên- queal, Cricotireoidostomia e Traqueostomia. Den-
cia. tre esses, o PREFERENCIAL é a IOT. 

Atenção: Qual a primeira medida ao iniciar a abor- Quando pegar um acesso DEFINITIVO à via aérea?
dagem a vítima? PRIMEIRO, A SEGURANÇA DO SO-
CORRISTA PRIMEIRO, verificando a cena do ocorri- 1) Apneia
do. Exp. Sinalizar uma via de tráfego.
2) TCE grave (Glasgow < ou = 8)
A) AIRWAY (ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CER-  
VICAL + AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA) 3) Proteção da via aérea: convulsões reentrantes,
trauma de face extenso (com hemorragia, frag-
TODO POLITRAUMATIZADO, até que se prove o mentos ósseos, etc.)
contrário, é portador de lesão potencial de coluna
cervical.  O IDEAL é estabilizar com COLAR CERVI- 4) Incapacidade de manter oxigenação adequada
CAL + PRANCHA LONGA + COXINS LATERAIS. No sob máscara (uma pancada intensa no tórax, por
mínimo, fazer a estabilização manual. Lembrando exemplo)

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Como saber que o TOT está bem colocado? Vi- que o paciente apresentará como sinal a “CORNA-
sualização direta + Exame físico + CAPNOGRAFIA. GEM”. Nesses casos, ou em situações de SUFOCO,
faremos a “Crico por punção”, enquanto prepara
Quais drogas para realizar a Intubação de Se- outra via, como a traqueostomia.
quência Rápida? Etomidato (0,3mg/kg) + Succinil-
colina (1-2mg/kg).  Fratura de cartilagem laríngea:  no quadro
clínico, o paciente apresentará fratura à palpação,
Tenta intubar até quantas vezes? 3 vezes, com o enfisema subcutâneo local e rouquidão.  Essa é
TEMPO DE UMA APNEIA para conseguir.  a INDICAÇÃO CLÁSSICA DE TRAQUEOSTOMIA.
Entretanto, cuidado, pois a fratura de laringe NÃO é
Pode fazer a “Manobra de Sellick” para diminuir contraindicação absoluta de IOT. Ou seja, primeiro
risco de broncoaspiração.  tenta a IOT, e se não conseguir, TRAQUEOSTOMIA! 
Quando utilizar a  “Cricotireoidostomia por pun-
Qual a indicação de “INTUBAÇÃO NASOTRAQUEAL” ção”? Pode ser realizada como via TEMPORÁRIA
(INT)? Casos  onde  o  acesso  pela  via  oral  é  difí- em situações de SUFOCO que tem indicação de
cil,  ou  mesmo  impossível  (restrição  de  abertu- acesso cirúrgico, mas não é possível ser feito nesse
ra da boca ou imobilidade cervical). Entretanto, um momento. Com ela, ganha-se tempo para pensar
dos requisitos é que o paciente DEVE ESTAR CONS- em qual via aérea colocar, por exemplo, enquanto
CIENTE. Além disso, possui CONTRAINDICAÇÕES: prepara uma cricotireoidostomia ou traqueosto-
Apneia, Trauma facial extenso e Fratura de base de mia. Essa pode ser utilizada em crianças < 12 anos,
crânio. diferente da cricotireoidostomia cirúrgica.  Qual o
problema dessa via?  Nesse modo ventilatório, a
Em alguns casos não será possível realizar IOT ou retenção de CO2 é alta, pois a fase de expiração é
INT, por NÃO PODER ou NÃO CONSEGUIR. Exem- curta. Por isso, só podemos utilizá-la NO MÁXIMO
plos?  Trauma maxilo-facial extenso, distorção POR 30-45 MINUTOS, por risco de CARBONARCO-
anatômica do pescoço e via aérea não visualiza- SE.  
da.  Como proceder nesses casos? De acordo com
o novo ATLS, se não posso ou não consigo fazer a
IOT, utilizaremos os DISPOSITIVOS SUPRAGLÓTI- HOSPITAL ONOFRE LOPES - 2017
COS (COMBITUBE  ou MÁSCARA LARÍNGEA), que
são vias aéreas TEMPORÁRIAS, pois não têm ba- Paciente, 57 anos, masculino, chega ao PS tra-
lonete no interior da traqueia. Apesar de aparen- zido pelo SAMU em prancha, com imobilizador
tarem ser mais fáceis de manuseio, e poderem ser cervical, talas móveis em membros superior e
passados com colar cervical, AMBOS PRECISAM DE inferior direito e com 2 acessos venosos periféri-
TREINAMENTO ESPECÍFICO. cos calibrosos com solução de ringer. Ao exame:
escala de coma de Glasgow = 6, saturação = 88%
Se NÃO POSSO ou NÃO CONSIGO ou NÃO TENHO em máscara de venturi 50%, pressão arterial =
supraglóticos, o que fazer? Nesse caso faremos os 110 x 60 mmHg, frequência cardíaca = 138bpm,
“ACESSOS CIRÚRGICOS” (Cricotireoidostomia ou escoriações em tórax, com crepitações em arcos
Traqueostomia), em que por ser rápida e causar costais à direita, fraturas de úmero e de fêmur à
menos complicações, a CRICOTIREOIDOSTOMIA direita. História de ejeção do veículo após colisão.
CIRÚRGICA é o acesso cirúrgico de ELEIÇÃO. A tra- A primeira medida a ser tomada pelo médico,
queostomia é pouco utilizada na urgência, pois ela após avaliação inicial desse doente, é realizar
é um acesso cirúrgico DEMORADO (ELETIVO), com
uma exceção, dita abaixo. A) intubação orotraqueal.
B) imobilização de fratura do fêmur.
Contraindicações da cricotireoidostomia cirúrgi- C) acesso venoso central em veia subclávia direita.
ca?  D) retirada de colar cervical

Crianças com menos de 12 anos: permanência


da cânula  pode levar a estenose subglótica, em

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Questão simples sobre Trauma. Seguindo o AB- Qual a fonte mais comum de choque hipovolêmi-
CDE do Trauma, encontramos um paciente com co no politraumatizado? ABDOME.
Glasgow 6 (< 8): indicação formal para uma via
aérea definitiva. No caso da questão, a Intubação Diante de um paciente hipovolêmico, devemos en-
orotraqueal. Resposta: letra A. tão procurar ostensivamente o local de sangramen-
to para justificar essa hipovolemia e este sangra-
FMABC – 2014 mento DEVE SER CONTROLADO da maneira que for.
Portanto, a REPOSIÇÃO VOLÊMICA NÃO SUBSTITUI
A prioridade durante o atendimento primário de o CONTROLE CIRÚRGICO da hemorragia.
um paciente politraumatizado que apresenta-se
hipotenso é: Como fazer o controle de sangramentos no APH? 
Compressão local da ferida (primeira medida) ou
A ) Estabelecer acesso venoso Torniquete (voltou a ser utilizado, em alguns ca-
B ) Pesquisa imediata de focos de sangramento sos).
ocultos
C ) Permeabilidade das vias aéreas Podemos classificar a hemorragia em quatro
D ) Realizar exame neurológico rápido “Classes de Choque”, útil para estimar a perda vo-
lêmica em percentuais:
No paciente politraumatizado sempre devemos
pensar no ABCDE e a estabilização da coluna Grau I:  PA, FC, FR e Diurese NORMAIS (Perdeu <
cervical e permeabilidade das vias aéreas é o pri- 15% do volume - até 750 ml)
meiro passo na avaliação inicial desse paciente, Grau II: PA normal + FC, Diurese ou FR ALTERADA
mesmo que hipotenso, respeitando a ordem do (Perdeu 15 a 30% - até 1500 mL)
atendimento. Correta: letra C. Grau III:  PA diminuída +  FC > 120 a 140, FR au-
mentada e Diurese diminuída (Perdeu 40% - até
2000 mL)
B) BREATHING (RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO) Grau IV: PA diminuída + FC > 140, FR aumentada
e Diurese desprezível (Perdeu > 40% - >2.000 mL)
A permeabilidade da via aérea (A) não garante a
ventilação, ou seja, não garante que o ar vai chegar Nos Graus I ou II só precisamos repor Cristaloides
até o alvéolo pulmonar. inicialmente. Entretanto, se Graus III ou IV, inicia-
remos já com CRISTALOIDE + SANGUE.
Nessa fase, faremos o EXAME DO TÓRAX (inspeção,
palpação, percussão e ausculta), OFERECER OXI-
GÊNIO e OXIMETRIA DE PULSO.  DICAS

Ciladas da B?  São os assuntos que veremos no - PA normal? Grau I ou II.


Trauma torácico (Pneumotórax hipertensivo, - PA reduzida? Grau III ou IV.
Pneumotórax aberto e Tórax instável). - PA normal com todos os outros parâmetros nor-
mais? Grau I. Alguma alteração (FC, FR ou Diure-
C) CIRCULATION  (CIRCULAÇÃO + CONTROLE se)? Grau II.
DA HEMORRAGIA) - Como saber quanto de volume perdeu? Multipli-
ca a porcentagem da perda por 50 (Exp. 30 x 50 =
Qual o principal tipo de choque no até 1.500 mL no Grau II)
politraumatizado? HIPOVOLÊMICO, devido a
HEMORRAGIA, de modo que  TODO DOENTE
POLITRAUMATIZADO EM CHOQUE É PORTADOR, Como fazer a reposição volêmica? O novo ATLS ba-
ATÉ SEGUNDA ORDEM, DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO seia-se no conceito de "HIPOTENSÃO PERMISSIVA"
HEMORRÁGICO. (ou "ressuscitação balanceada"), em que a elevação
muito rápida da PA, sem controle da hemorragia,
faz com que a perda sanguínea se exacerbe e leve

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o paciente óbito. Portanto, a recomendação é a E) EXPOSITION (EXPOSIÇÃO E CONTROLE DO


de pegar  DOIS  ACESSOS VENOSOS PERIFÉRICOS AMBIENTE)
(CENTRAL NA URGÊNCIA NÃO). Volume? De acordo
com o novo ATLS, correr 1 LITRO NO ADULTO e 20/ Tirar TODA A ROUPA do paciente, para nada pas-
ML/KG em CRIANÇAS. Qual solução? CRISTALOIDE sar despercebido.
(SF 0.9% ou Ringer), sempre AQUECIDO, evitan-
do Hipotermia. Qual a melhor forma de avaliar PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA (Evitar a “tríade le-
a reposição volêmica? DIURESE, de modo que tal” - coagulopatia, acidose metabólica e hipoter-
no ADULTO (0,5 ml/kg/h), CRIANÇAS (1 ml/kg/h) e mia)
Crianças < 1 ano (2ml/kg/h).

Cuidado: Pacientes com suspeita de lesão de ure- Medidas auxiliares ao Exame Primário
tra (uretrorragia; hematoma perineal ou escrotal;
retenção urinária; toque retal com próstata alta; fe- Radiografias: NÃO PODEM retardar o ABCDE, sen-
rimento perineal transfixante), NÃO SE DEVE PAS- do feitos na sala de reanimação mesmo, com apa-
SAR um cateter urinário às cegas. Primeiramente, relho portátil. Qual a chamada SÉRIE TRAUMA?
faz-se uma URETROCISTOGRAFIA RETRÓGRADA, e
se tiver alguma lesão de uretra, faz uma CISTOSTO- AP da tórax
MIA SUPRAPÚBICA. AP da pelve
Perfil da coluna cervical.
Entretanto, às vezes o paciente está chocado, e as
veias dos membros superiores estão colabadas, Monitoração cardíaca: importante pelo menos
não conseguindo pegar um acesso periférico. Nes- nas primeiras 24h para TODOS. A contusão miocár-
ses casos podemos tentar um CENTRAL ou DIS- dica se manifesta muitas vezes com arritmias.
SECÇÃO DE SAFENA, ou por fim tentar uma INFU-
SÃO INTRAÓSSEA (segunda opção DE ESCOLHA na Cateter gástrico: pacientes politraumatizados, por
criança que não consegue o periférico) efeito das catecolaminas, têm gastroparesia, pre-
dispondo a broncoaspiração. Por isso, é preciso
D) DISABILITY (ESTADO NEUROLÓGICO) descomprimir esse estômago. Porém, se o pacien-
te tem suspeita de fratura de base de crânio (Equi-
Excluídas causas como hipoxemia, hipotensão, moses em guaxinim, Sinal de Batler, rinorreia, otor-
uso de álcool/drogas, as alterações no exame neu- reia...) NÃO PODE passar um cateter nasogástrico;
rológico devem ser atribuídas, até segunda ordem, Nessas situações, passa o cateter OROGÁSTRICO.
a traumatismo do SNC. Atenção:  lembrar que no
trauma o  rebaixamento do nível de consciência
pode significar lesão neurológica, mas à princípio Exame secundário
significa hipovolemia e em um segundo momento
uma lesão. 
QUEM VAI ser submetido ao exame secundário?
1) Escala de Coma de Glasgow: é considerado um Apenas aquela vítima que conseguimos estabilizá-
TCE grave quando encontramos um Glasgow igual -la do ponto de vista clínico e hemodinâmico.
ou abaixo de 8.
1) História Clínica AMPLA
2) Reação pupilar
Alergia
3) Movimentação de extremidades Medicamentos
Passado médico / Prenhez
Liquidos e alimentos (última hora)
Ambientes e eventos relacionados ao trauma (usa-
va cinto? foi projetado do veículo? atropelado? etc)

2) Exame físico minucioso “da cabeça aos pés”.

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S U M Á R I O

C A P Í T U L O 1 C A P Í T U L O 1 2
INTRODUÇÃO A NEFROLOGIA ................................ 3 ACOMETIMENTO RENAL NAS DOENÇAS
SISTÊMICAS .......................................................... 6 4
C A P Í T U L O 2
SÍNDROME URÊMICA .............................................. 8 C A P Í T U L O 1 3
DOENÇAS CÍSTICAS RENAIS ................................. 6 8
C A P Í T U L O 3
GLOMERULOPATIAS I ............................................ 1 6 C A P Í T U L O 1 4
INVESTIGAÇÃO DE HEMATÚRIA............................ 7 1
C A P Í T U L O 4
GLOMERULOPATIAS II........................................... 2 5 C A P Í T U L O 1 5
NEFROLITÍASE ...................................................... 7 3
C A P Í T U L O 5
DOENÇAS TUBULOINTERSTICIAIS ....................... 3 0 C A P Í T U L O 1 6
HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA .................. 7 9
C A P Í T U L O 6
DISTÚRBIOS DO SÓDIO ........................................ 3 8 C A P Í T U L O 1 7
ESCROTO AGUDO ................................................. 8 1
C A P Í T U L O 7
DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO .................................. 4 3 C A P Í T U L O 1 8
CÂNCER RENAL ..................................................... 8 3
C A P Í T U L O 8
DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO ...... 4 7 C A P Í T U L O 1 9
CÂNCER DE BEXIGA .............................................. 8 6
C A P Í T U L O 9
C A P Í T U L O 2 0
RABDOMIÓLISE E SÍNDROME DE LISE CÂNCER DE PRÓSTATA ........................................ 8 8
TUMORAL .............................................................. 5 4
C A P Í T U L O 2 1
C A P Í T U L O 1 0 CÂNCER DE TESTÍCULO ........................................ 9 1
LESÃO RENAL MEDICAMENTOSA ......................... 5 7

C A P Í T U L O 1 1
DOENÇAS VASCULARES RENAIS .......................... 5 9

O vasto conteúdo médico está em constante renovação, e por isso, a equipe do medicinaprática esclarece que este material
possui como intuito principal a aprovação na prova de residência médica. Dessa forma, não aconselhamos que o mesmo seja
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C A P Í T U L O 3

GLOMERULOPATIAS I
A lesão glomerular, que pode ser decorrente de -imune” (geralmente relacionados à positividade
doenças primárias renais ou sistêmicas, pode ma- dos autoanticorpos p-ANCA ou c-ANCA).
nifestar sinais e sintomas característicos, os quais  
podem ser classificados nas cinco grandes síndro-
mes abaixo: Achados clínicos e laboratoriais
   
1) Síndrome Nefrítica 1) Oligúria: o paciente se queixa de «urina presa»
2)  Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva e é definida como débito urinário < 400ml/24h em
(exp. Síndrome de Goodpasture) adultos e <0,5ml/kg/h em crianças. Esse sintoma
resulta da diminuição da superfície de filtração
3)  Alterações urinárias assintomáticas (exp. glomerular causada pelo infiltrado inflamatório
doença de Berger) e pode ser bastante intenso a ponto de provocar
4) Síndrome Nefrótica retenção de escórias nitrogenadas («azotemia”; Ur
e Cr), principalmente quando há queda significati-
5) Doenças Glomerulares Trombóticas va na TFG (<40%). OBS: considera-se anúria quan-
  do o paciente urina menos do que 50 ml em 24h.
Síndrome Nefrítica (SN/ Glomerulonefrite difusa  
aguda (GNDA)/Glomerulite): 2) Congestão volêmica:  ocorre pela diminuição
  da filtração e se manifestará como hipertensão
É definida como um conjunto de sinais e sintomas arterial sistêmica (HAS) (volume-dependente; leve
resultantes da inflamação glomerular aguda, em a grave) e EDEMA (desde periorbitário matutino
que esse processo desorganiza a estrutura do até anasarca), podendo, eventualmente, causar
capilar glomerular, permitindo a passagem de congestão pulmonar. Dessa forma, como a HAS de-
hemácias através das fendas de filtração (podem corre de congestão, o anti-hipertensivo de escolha
ser encontrados leucócitos na urina - piúria - de- é o diurético de alça FUROSEMIDA.
vido ao processo inflamatório desencadeado na  
região). 3) Hematúria dismórfica:  PRINCIPAL  E  MAIS CO-
  MUM  ACHADO na SN. Pode ser microscópica (>3
Quais doenças podem ter sinais e sintomas des- hemácias p/c ou >10.000 cél por mL) ou macros-
sa síndrome? cópica (coloração acastanhada e sem coágulos).
Além disso, as hemácias sofrem deformação e
Pós infecciosas: glomerulonefrite pós tornam-se hipocrômicas ao ultrapassar as fendas
estreptocócica (GNPE); não GNPE; de filtração inflamadas, gerando o achado de dis-
morfismo eritrocitário - “células mickey mouse”-
Não pós infecciosas: Berger, Glomerulonefrite (achado da sedimentoscopia).  OBS: a hematúria
(GN) membranoproliferativa, Goodpasture, Lú- glomerular, não apresenta coágulos devido à ação
pus eritematoso sistêmico (LES), vasculites; da enzima anticoagulante UROQUINASE existe nos
  túbulos.
Setenta por cento dos casos de SN aguda ocorrem
devido a deposição glomerular de Imunocomple-
xos ou anticorpos, enquanto, 30% dos casos cur-
sam com ausência de imunocomplexos, sendo,
portanto, chamados de glomerulonefrite “pauci-

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DISMORFISMO ERITROCITÁRIO = GLOMERULITE/ CILINDRO HIALINO = formado exclusivamente pela


SN/GNDA! proteína de Tamm-Horsfall, podendo estar presen-
te em indivíduos SEM PATOLOGIAS mas também
4) Proteinúria: o fisiológico é a eliminação de até em pacientes com DESIDRATAÇÃO IMPORTANTE. 
150 mg em 24h. Porém na Síndrome Nefrítica,
ocorre aumento da filtração de proteínas, de for-
ma que essa eliminação pode ultrapassar 150mg Resumo EAS da SN
em 24h (mas NÃO 3,5g - acima desse valor, con-  
sidera-se Síndrome Nefrótica - 50 mg/kg/24h em • Hematúria dismórfica (específico);
crianças). OBS: a presença de proteinúria >1g su- • Cilindros hemáticos (específico);
gere fortemente origem glomerular. • Piúria;
• Proteinúria 150mg-3,5g/24h;
5) Cilindrúria: as células da alça de Henle produ- • Cilindros leucocitários e granulosos (pode haver,
zem uma proteína pegajosa, chamada “proteína mas não é específico);
de Tamm-Horsfall”, que geralmente viajam e se  
aderem na parede do TC distal e túbulo coletor.
Assim, quando o filtrado carrega células (como he- GNDA PÓS-ESTREPTOCÓCICA (GNPE)
mácias, leucócitos...), estas podem grudar nessas
proteínas e formarem corpos cilíndricos e formar  
os “cilindros hemáticos” ou “cilindro leucocitá- Em crianças, é a causa mais frequente de GNDA e
rios”.  acomete basicamente a faixa etária de 2-12 anos,
sendo a incidência maior em meninos (2:1). Quan-
CILINDRO HEMÁTICO = GLOMERULITE/SN/GNDA! do um indivíduo sofre infecção pelo Estreptococo
BASTA UM! Beta-hemolítico grupo A (S.pyogenes), “cepa nefri-
togênica”, o sistema imune é ativado contra o pa-
CILINDRO LEUCOCITÁRIO: são encontrados com tógeno, mas acaba afetando também a estrutura
frequência, mas não são específicos de Lesão Glo- glomerular. Isso ocorre de forma TARDIA e é me-
merular, sendo mais associados às nefrites tubu- diado por meio do depósito de imunocomplexos.
lointersticiais (exp. NIA, pielonefrite aguda bacte- O período de incubação após a faringoamigdalite
riana).  até a ocorrência da Síndrome Nefrítica é de 1-2 SE-
MANAS, enquanto em piodermites estreptocócicas
CILINDRO GRANULOSO  (CILINDROS MARRONS (impetigo crostoso/erisipela) esse período é de 2-3
na Rabdomiólise)  e EPITELIAIS: correspondem a SEMANAS. OBS: o tempo de incubação mínimo  é
‘’fragmentos celulares” aderidos à proteína, o que OBRIGATÓRIO na definição da GNPE.
ocorre quando células epiteliais tubulares desca-  
mam porque necrosaram, por exemplo na NTA, QUADRO CLÍNICO
sendo raro sua presença na S.Nefrítica. Os “Cilin-  
dros EPITELIAIS” são semelhantes em significado, A maioria é assintomática, desenvolvendo apenas
mas a diferença é que são uma células inteiras gru- alterações laboratoriais subclínicas (exp. micro-
dadas na proteína. OBS: não confundir: o encontro -hematúria dismórfica). A outra parcela que apre-
de células epiteliais sem estar como cilindro, na senta sintomas apresentará a clínica de Síndrome
sedimentoscopia, é normal. Nefrítica:
   
CILINDRO GRAXOS/LIPÍDEOS = característicos dos •  Hematúria glomerular  (micro/macro). A micro
estados de ‹lipidúria’, como na Síndrome Nefrótica. pode persistir por até 12 meses.
   
CILINDROS CÉREOS =  indicam disfunção renal •  Oligúria  (50% casos), podendo haver  retenção
avançada, pois são formados quando o fluxo azotêmica leve e não progressiva. Duração de cer-
tubular é baixo.  ca de 72h-1 semana (importante sinal a ser obser-
  vado na evolução).
 

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• Proteinúria >150mg e <3,5g. Apenas 5% pode ter mento!!! OBRIGATÓRIO!!!  Porém, lembrar que
proteinúria na faixa nefrótica. Essa manifestação não é específico, pois outras condições mediadas
pode perdurar por até 2-5 anos. por imunocomplexos cursam com consumo (GN
  membranoproliferativa, LES...), embora esses ge-
•  Edema  (tanto periorbitário como generalizado): ralmente permanecem com o complemento redu-
costuma ser o PRIMEIRO SINAL. zido por mais do que 8 SEMANAS!
   
• HAS. (Acima do Percentil 95, em crianças) lembrar
que é volume-dependente, e, em menor número (Questão) Quais são causas de Sd. Nefrítica que
de casos, pode cursar até com emergências hiper- não consomem complemento? Berger, Goodpas-
tensivas: Encefalopatia Hipertensiva (convulsões, ture e Vasculites (exceção crioglobulinemia)
rebaixamento do nível de consciência (RNC) e até
coma) ou edema agudo de pulmão (EAP). Duração
de até 6 semanas. INDICAÇÕES DE BX RENAL
   
• Algumas crianças cursam também com  DOR Procedimento indicado nos casos que evoluem de
ABDOMINAL, NÁUSEAS e DOR LOMBAR BILATE- forma “ESTRANHA”, que alertará para suspeitar de
RAL (intumescimento da cápsula renal). outra glomerulopatia (exp. GNRP, GNMP, LES...).
  Seguem abaixo as indicações:

Dica: Quando a história natural não ocorre assim,  


deve-se pensar em outra etiologia. • Oligúria > 72h (no adulto > 1 semana)
• Hematúria MACRO > 6 semanas
• Complemento baixo > 8 semanas
DIAGNÓSTICO • Proteinúria Nefrótica (>50mg/kg/dia) > 4 sema-
  nas
1) História clínica (considerar: Idade, Faringite/pio- • Azotemia acentuada ou prolongada
dermite recente, incubação compatível). • Hipertensão > 6 semanas.
 
2)  Documentar infecção estreptocócica: faringoa- MNEMÔNICO PARA INDICAÇÕES DE BIÓPSIA NA
migdaliana (anticorpo ASO/ASLO) ou piodermites GNPE:
(anticorpo ‘Anti-DNAse B’). Nem sempre eles vêm
positivos! Além disso,  o ASO permanece positivo
B baixo complemento por >8 semanas;
por até 12 MESES, podendo gerar falso-positivo.
Lembrando que caso forte suspeita e o anticorpo I intensa e rápida GN (GNRP);
estiver ausente, pesquisar outros anticorpos con- O oligúria > 1 semana;
tra enzimas estreptocócicas, de modo a aumentar
a sensibilidade. Atenção, pois essa documentação P proteinúria nefrótica;
é feita por exames de sangue, buscando saber se o S sérico complemento normal;
organismo produziu anticorpos contra aquela in-
fecção. infecção estreptocócica ausente (sorologias
I
  negativas);
3)  Demonstrar queda TRANSITÓRIA (volta ao A acometimento sistêmico;
normal em cerca de 8 semanas) da via alternativa  
do Complemento:  C3 e CH50 reduzidos  (critério O que pode ser encontrado na biópsia da GNPE? 
MAIS IMPORTANTE; se não houver queda, ou se
não retornar aos valores normais nesse período, Microscopia óptica mostra  PROLIFERAÇÃO DIFU-
praticamente descarta-se o diagnóstico) com SA celular de polimorfonucleares. Microscopia ele-
via clássica C4 NORMAL ou DISCRETAMENTE trônica: DEPÓSITOS SUBEPITELIAIS de imunocom-
REDUZIDO (no LES reduzem os dois).  100% das plexos (em forma de “humps”/gibas/corcovas),
vezes na GNPE vai haver consumo de comple- que é  ESPECÍFICO  da GNPE, embora não esteja

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sempre presente. A quantidade desses depósitos - Retenção azotêmica acentuada ou congestão vo-
estão relacionados diretamente com a gravidade, lêmica grave refratária: Diálise.
e na medida que desaparecem, o paciente evolui
com melhora. PROGNÓSTICO
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Possui prognóstico muito bom, de modo que em
  6-8 semanas as principais manifestações costu-
Outras doenças que cursam com SN e HIPOCOM- mam-se resolver.  Apenas 1-5% apresentam prog-
PLEMENTENEMIA: nósticos piores, em particular os ADULTOS DE
  MAIOR IDADE, devendo ficar em alerta pra aque-
• GN infecciosas não pós-estreptocóccicas les que evoluem com retenção azotêmica grave
  ou crescentes glomerulares (possível resultar em
• GN lúpica (OBS: consome as duas vias do comple- GNRP e falência renal).
mento)
 
• GNMP: essa é a mais difícil, pois pode ocorrer UNICAMP - 2018
após infecções estreptocócicas em crianças, e ain-
da apresentar padrão semelhante de consumo Menino, 10a, é trazido pela mãe referindo que
apenas da via alternativa do complemento. Deve apresentou movimentos tonicoclônicos genera-
ser suspeitada caso haja proteinúria na faixa nefró- lizados de membros superiores e inferiores com
tica ou se a hipocomplementemia permanecer por liberação de urina e fezes e perda de consciência,
mais do que 8 semanas. duração de 15 minutos. Mãe conta que acha que
  a criança está fazendo menos urina e que está
CONDUTA inchado nos últimos dois dias. Exame físico: Bom
  estado geral, FC = 98 bpm; FR = 32 irpm; PA = 156
Evitar ao máximo a internação hospitalar, reser- x 88 mmHg; Temp.= 36,7°C, oximetria de pulso
vada para os casos de: EAP, encefalopatia hiperten- (ar ambiente)= 94%; pulmões: murmúrio vesicu-
siva, IRA grave, etc.  lar presente diminuído em base direita; Coração:
  bulhas rítmicas normofonéticas sem sopros; Ab-
ATB antiestreptocócico (Penicilina benzatina dome: fígado a 3 cm rebordo costal direito, borda
1.200.000 UI): NÃO PREVINE a ocorrência e nem romba, doloroso, semicírculo de Skoda a 1 cm da
a evolução da GNDA (diferente da ‘febre reumáti- cicatriz umbilical; Neurológico: escala de coma
ca’), MAS deve ser prescrito para eliminar a disse- de Glasgow = 15, pupilas isofotorreagentes, pa-
minação da bactéria, evitando reincidência, além res cranianos sem alteração; Membros: edema
de evitar a sua transmissão. Ademais, história  de +++/+4, sinal de cacifo presente pré-tibial bilate-
GNPE prévia não aumenta a chance de nova GNPE, ralmente. O exame que confirma o diagnóstico
diferentemente do que ocorre na Febre Reumatói- sindrômico é:
de, assim não é necessário fazer profilaxia!
  A) Exame sumário de urina.
Suporte: B) Dosagem de Antiestreptolisina O.
  C) Analise quimiocitológica do liquido cefalorra-
- Repouso quidiano. D) Dosagem de fração C3 e C4 do com-
  plemento.
- Hipertensão/Edema (restrição hídrica + dieta hi-
possódica, podendo se prescrever diurético de Criança de 10 anos apresentando HIPERTENSÃO
alça dependendo do grau de retenção volêmica). ARTERIAL + OLIGÚRIA + ANASARCA. Estamos dian-
Caso não resolver ou na vigência de EMERGÊNCIAS te de um quadro sugestivo de SÍNDROME NEFRÍ-
HIPERTENSIVAS (EAP hipertensivo, Encefalopatia TICA, em que o protótipo é a GNDA. Lembremos
hipertensiva...), considerar internação em UTI e que a crise convulsiva pode ser uma complicação
associar anti-hipertensivos INTRAVENOSOS, como desse quadro devido ao pico hipertensivo, e con-
nitroprussiato de sódio. sequente encefalopatia. Que exames podemos

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solicitar para fazer um diagnóstico SINDRÔMICO renais típicas ou por achados microbiológicos e
desse quadro? SUMÁRIO DE URINA, em que espe- sorológicos.
ramos achados típicos como hematúria com “dis-  
morfismo eritrocitário” e “cilindros hemáticos”, As mais frequentemente envolvidas são: 
além de proteinúria. Resposta: letra A.
Endocardite bacteriana SUBAGUDA
HOSPITAL ONOFRE LOPES – 2017
Infecções supurativas crônicas (abscessos, em-
Paciente do sexo masculino, 6 anos de idade, che- piemas, osteomielite...)
ga ao pronto-socorro de um Hospital Municipal, Pneumonia por micoplasma
queixando-se de tosse há 2 dias. Ao exame físico,
o paciente estava em bom estado geral, afebril Esquistossomose
e apresentava edema bipalpebral bilateral. Aus- Hepatite viral
culta cardíaca normal. Ausculta pulmonar com
estertores subcreptantes em bases. Abdome nor- Mononucleose infecciosa
motenso com fígado palpável a 2 cm do rebordo  
costal direito. Pressão arterial em membro supe- As condições acima geram imunocomplexos circu-
rior direito de 130x90 mmHg (p > 95%). Extremi- lantes, que podem provocar queda de C3 e C4 e
dades: edema (+/4+) em membros inferiores com elevação dos níveis de fator reumatoide e crioblo-
pequenas lesões crostosas. Exames laboratoriais: gulinas, de form que o controle dessa infecção cos-
EAS com densidade de 1025, pH = 5,5; leucócitos tuma resultar em melhora dos sinais de SN, embo-
= 20/campo; hemácias= 15/campo. Proteínas= ra eventualmente ocorra glomerulonefrite crônica
(+). Ureia= 20mg/dL e creatinina 0,5mg/dL. Rx de ou mesmo GNRP.
tórax= discreto aumento de área cardíaca com
infiltrado intersticial bilateral. Hemograma sem ALTERAÇÕES URINÁRIAS ASSINTOMÁTICAS
alterações dignas de nota. Baseado no quadro  
descrito, a principal hipótese diagnóstica é Na prática clínica, as doenças glomerulares res-
pondem por menos de 1/3 das hematúrias, en-
A) glomerulonefrite difusa aguda. quanto que mais do que 2/3 dos casos tem como
B) síndrome nefrótica. etiologia condições UROLÓGICAS (ITU, nefrolitía-
C) pneumonia atípica. se, TU bexiga).
D) infecção do trato urinário.  
Quais as principais glomerulopatias pergun-
O quadro clínico típico da Glomrulonefrite Pós-Es- tadas em provas de residência que costumam se
treptocócica (GNPE) é composto por: Hipertensão apresentar com hematúria assintomática ou oli-
arterial, edema e hematúria, todos apresenta- gossintomática? “Berger” e “Mal de Alport”.
dos no paciente do caso. Associado a isso, temos  
criança com idade compatível com o quadro, e
evidências de impetigo recente. Nenhuma das DOENÇA DE BERGER (Nefropatia por IgA)
alternativas contempla resposta mais condizente  
com o quadro, do que a alternativa A (GNDA). Protótipo das “Alterações Urinárias ASSINTOMÁ-
Resposta: letra A. TICAS” e é considerada a causa mais frequente de
GLOMERULOPATIA PRIMÁRIA, DOENÇA GLOMERU-
LAR CRÔNICA E HEMATÚRIA RECORRENTE DE ORI-
GNDA INFECCIOSA NÃO PÓS-ESTREPTO GEM GLOMERULAR, dividindo a principal etiologia
  de hematúria proveniente dos gloméruos com a
Muitas doenças infecciosas podem estar asso- GNPE. Afeta mais indivíduos JOVENS (10-40 na),
ciadas à glomerulite, como os estados bacterê- geralmente do sexo MASCULINO (2:1) e de etnia
micos, especialmente os prolongados e várias ASIÁTICA e tem como mecanismo fisiopatológico
patologias virais/parasitárias, podendo ser diag- o depósito de IgA no mesângio. Vale ressaltar, que
nosticadas pela presença de manifestações extrar- essa condição pode ser considerada uma forma de

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Púrpura de Henoch-Scholein (vasculite sistêmica de CERTEZA é a  BIÓPSIA RENAL, na qual eviden-


da infância) RESTRITA AOS RINS, pois esta vascu- cia-se depósito de IgA no MESÂNGIO e Prolifera-
lite cursa com artrite, dor abdominal, púrpura pal- ção mesangial.    Entretanto, a biópsia, apesar de
pável e hematúria glomerular. diagnóstica, só deve ser indicada caso a hematúria
coexista com proteinúria significativa (>1g/dia), si-
QUADRO CLÍNICO nais de SN ou mesmo insuficiência renal.
   
Caracteriza-se classicamente por “Hematúria FATORES DE MAU PROGNÓSTICO
DISMÓRFICA e mais nada”, que pode se apresen-  
tar de várias maneiras: Sessenta por cento possui evolução benigna, mes-
  mo sem cura, passando a apresentar hematúria
• Hematúria macroscópica recorrente microscópica, proteinúria subnefrótica intercala-
(50%):  costuma durar de 2 a 6 dias, e acontecer da ou não por episódios paroxísticos de macros-
LOGO APÓS (1-2 dias) um FATOR PRECIPITANTE. cópica, no entanto, atualmente sabe-se que pode
Essa apresentação é clássica das CRIANÇAS ou ocorrer alteração da função renal ao longo do tem-
ADULTOS JOVENS e pode vir acompanhada, ainda, po (30-40% evolui com IRC em 20 anos). Seguem
de dor lombar durante episódios agudos. os fatores de pior prognóstico:

- Fatores precipitantes: Idade avançada


Sexo masculino
Infecções: infecção de via aérea superior, trato
urinário, trato gastrointestinal Proteinúria persistente > 1g/dia
Atividade física extenuante Ausência de hematúria macroscópica
Imunizações HAS
  Creatinina > 1,5
•  Hematúria microscópica persistente
(40%):  prognóstico mais reservado e com maior Bx: crescentes glomerulares (>50% caracteriza
chance de disfunção renal, sendo a faixa etária GNRP) ou depósitos subendoteliais de IgA.
idosa a mais acometida.  
  OBS:  intensidade e frequência das crises de
•  Síndrome Nefrítica Clássica (10%):  o que vai hematúria macroscópica NÃO SÃO indicadores
diferenciar de uma GNPE é o tempo de INCUBAÇÃO prognósticos.
INCOMPATÍVEL (1-2 dias depois da faringoamigda-
lite), e complemento sérico NORMAL. OBS: Mesmo TRATAMENTO
sendo apenas 10%, Berger é a causa mais comum  
no mundo de Síndrome Nefrítica com complemen- Normalmente se faz ACOMPANHAMENTO ambula-
to normal. torial.
   
EXAMES COMPLEMENTARES QUANDO TRATAR? Quando há HAS ou PROTEINÚ-
  RIA > 1g/dia: IECA/BRA.  Em caso de azotemia in-
tensa e crescentes glomerulares à biópsia, é neces-
Normocomplementemia
sário imunossuprimir o paciente (corticoterapia,
IgA sérica aumentada (50%) ciclofosfamida, plasmaférese).
 
Depósitos cutâneos de IgA (50%)
  MAL DE ALPORT (‹Nefrite hereditária›)
DIAGNÓSTICO
   
Clínica com Complemento Normal e IgA sérica alta Causa rara (MAS CAI EM PEDIATRIA), de prognósti-
associado a biópsia cutânea. Porém o diagnóstico co reservado, de hematúria glomerular assintomá-
tica em crianças. É uma doença genética multissis-

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têmica, com herança dominante LIGADA AO X, que necessidade de diálise ou transplante renal em


ocorre por defeito na cadeia alfa-5 do colágeno poucas semanas se não tratado. Isso ocorre de-
tipo IV. vido ao fato de que quando se tem lesão impor-
  tante do capilar glomerular, células inflamatórias
Quadro clínico?  RINS  (hematúria glomerular); migram para o espaço de Bowman, originando
OLHOS  (anormalidades oftalmológicas); OUVI- lesões expansivas (CRESCENTES GLOMERULARES)
DOS (surdez NEUROSSENSORIAL). que comprimem e desorganizam a estrutura de fil-
  tração. Esse crescente pode-se tornar fibrinoso e
Achado à microscopia eletrônica: redução da es- levar a perda glomerular irreversível. Portanto, ob-
pessura da membrana basal (MBG delgada).  jetiva-se diagnosticar (biópsia) e tratar especifica-
  mente para reverter precocemente.
PROTEINÚRIA ISOLADA
  São algumas doenças que podem evoluir para
Proteinúria (>150mg/24h – geralmente subne- GNRP:
frótica) com os outros parâmetros do sedimento
urinário normais e ausência de doença renal ou Depósitos de imunocomplexos (45%; GNPE, Glo-
urológica prévia, podendo ser um achado em 0,5- merulonefrite por LES);
10% da população, de forma intermitente (geral- Sem depósitos de imunocomplexos ou ‘Pauci-i-
mente não indica distúrbios renais propriamente munes’ (45%; Granulomatose de Wegener, Polian-
ditos) ou persistente. A causa mais comum de pro- geíte microscópica);
teinúria intermitente isolada em adultos jovens é Depósitos de anticorpo Anti-MBG (10%; Síndro-
a “proteinúria ortostática” (postural) – o hipofluxo me de Goodpasture);
renal da ICC, ortostatismo, exercício físico intenso,
gestação, aumentam a filtração glomerular, inten- QUADRO CLÍNICO
sificando a filtração de albumina. 
Pode ser de início abrupto, como na GNDA, ou,
Enquanto a proteinúria persistente, pode ser de- mais comumente, de início subagudo, tomando
terminada por distúrbios glomerulares (PRINCI- em seguida um curso acelerado.
PAL - a perda da “barreira de carga”, que origina
albuminúria, e a perda da “barreira de tamanho”, A OLIGÚRIA costuma ser marcante, por vezes
com proteinúria não seletiva), tubulares (prejudica evoluindo para anúria.
a reabsorção proteica adequada) ou por «hiperflu- Em muitos casos, os únicos sintomas são os da
xo” (quando excessivas proteínas de baixo peso “síndrome urêmica” (INSUFICIÊNCIA RENAL GRA-
são produzidas, ultrapassando capacidade de rea- VE), identificados quando a TFG torna-se inferior a
bsorção tubular, como no mieloma múltiplo).  20% do normal, com elevação da creatinina além
de 4-5mg/dl, como encefalopatia, pericardite, san-
Independente das suspeitas, pacientes com pro- gramento urêmico (indicações de diálise de urgên-
teinúria persistente fixa, menor que 2g/24h, não cia).
acompanhada por hematúria, estigmas de doença
sistêmica ou alterações da função renal, não têm DIAGNÓSTICO
indicação de biópsia. Mas, atenção, pois uma pro-
teinúria isolada persistente pode ser fase inicial de Biópsia renal: CRESCENTES GLOMERULARES.
uma condição mais ampla, como Síndrome nefró-
tica e Amiloidose. Imunoflorescência indireta: importante para di-
ferenciar as etiologias, de acordo com o padrão
encontrado (PADRÃO LINEAR: Goodpasture; GRA-
Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva NULAR: GNPE, Berger, LES) ou NENHUM (Pauci-i-
munes). 
Evolução grave de um quadro de SÍNDROME NE-
FRÍTICA, independente da causa, passando a apre-
sentar falência renal acelerada e fulminante com

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TRATAMENTO DICAS IMPORTANTES PARA MEMORIZAR

Geralmente é feito com corticoide em pulsoterapia, Hematúria dismórfica e/ou cilíndros hemáticos:
imunossupressores (ciclofosfamida, azatioprina) , síndrome nefrítica;
plasmaférese (o “pilar” na Goodpasture), além de Crescentes: GNRP;
outras medidas, como diálise e transplante renal.  Quais causas de SD. nefrítica NÃO consomem
complemento? Berger / Goodpasture / Vasculites;
Fatores de mau prognóstico para Berger?  Ida-
SÍNDROME DE GOODPASTURE de / Sexo masculino / Proteinúria > 1g/dl / HAS;
Depósitos subepiteliais (corcovas/humps) na
Condição rara, mas que costuma aparecer nas microscopia eletrônica? GNPE;
provas de residência médica. É o PROTÓTIPO das Depósitos lineares na imunofluorescência? Do-
GNRP,   pois em 100% dos casos apresenta cres- ença de Goodpasture;
centes. Caracteriza-se por acometer mais HOMENS
(6:1) na faixa etária entre 20-30 anos.
O mecanismo fisiopatológico envolve a produção Doenças Glomerulares Trombóticas 
de ANTICORPO Anti-MBG (membrana basal glo-
merular), que afeta tanto a membrana basal GLO- O protótipo da “trombose glomerular” é a SÍN-
MERULAR como PULMONAR, causando HEMORRA- DROME HEMOLÍTICO URÊMICA (SHU), entidade
GIA PULMONAR + GNRP. A doença se associa a um RESTRITA AOS RINS é causada pela toxina (“ve-
marcador genético e existe nítida relação com his- rotoxina” (shiga-toxina)) produzida por uma E.
tória de TABAGISMO, infecção respiratória recente coli  êntero-hemorrágica, sorotipo O157:H7, mas
ou exposição a hidrocarbonetos voláteis (solven- também é possível se associar às infecções por
tes). Ademais, deve-se ressaltar que essa condição Shigella, e menos comumente, outras bactérias
pode resultar na clássica “Síndrome Pulmão-Rim”, (pneumococo) e vírus. Nessa síndrome, ocorre le-
assim como vasculites sistêmicas (Granulomatose são endotelial glomerular, que ativa as plaquetas,
de Wegener, Poliangeíte microscópica, Churg-S- formando trombos responsáveis pela obstrução
trauss), LES, Leptospirose íctero-hemorrágica (sín- dos capilares.
drome de Weil).

OBS: se não houver acometimento pulmonar, com SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA


apenas a glomerulonefrite, chama-se “Doença de
Anticorpo contra Membrana Basal”. Doença de países subdesenvolvidos e que ocorre
após 7 a 10 dias de um quadro diarreico. É bastante
DIAGNÓSTICO GRAVE e considerada a causa MAIS COMUM de IRA
em CRIANÇAS pequenas (< 4 anos), enquanto na
Anticorpo Anti-MBG, presente em até 90% dos população adulta pode ser consequente a outras
casos (sérico e específico); patologias, como puerpério, LES, HIV, drogas.
Biópsia renal: crescentes glomerulares em mais
de 50% e imunoflorescência indireta com o padrão QUADRO CLÍNICO
LINEAR (ESPECÍFICO);
Tríade clínica: IRA oligúrica com Trombocitope-
OBS: lembrar que NÃO consome complemento. nia (por consumo) e Anemia hemolítica microan-
giopática.
TRATAMENTO
Essa obstrução promove perda aguda da função
Sessões de PLASMAFÉRESE (objetivando negati- renal, podendo manifestar e causar oligúria, azo-
var o anti-MBG - O MAIS IMPORTANTE) associado temia, acidose metabólica, hipercalemia, HAS, e
a IMUNOSSUPRESSÃO (corticoterapia; ciclofosfa- edema. Além disso, podem surgir sangramentos
mida). petequiais de pele e mucosa secundários à pla-
quetopenia.

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ALTERAÇÕES LABORATORIAIS CARACTERÍS-


TICAS

Hemograma: leucocitose e anemia (hemolítica


microangiopática – reticulocitose e elevação de
LDH e bilirrubina indireta);

Esfregaço de sangue periférico: esquizócitos;

CONDUTA

Evolução geralmente autolimitada, e sem trata-


mento específico, havendo recuperação da função
renal e poliúria após 7-21 dias. Não é incomum a
necessidade de diálise para tratar uremia e dis-
túrbios hidroeletrolíticos graves, assim, quando
necessário a “diálise peritoneal” é preferida pelo
risco aumentado de hemorragia nesses pacientes
plaquetopênicos (na hemodiálise utiliza-se hepa-
rina).

OBS: 10% dos pacientes evolui com necrose cor-


tical aguda, tornando a lesão renal crônica e irre-
versível.

DICAS IMPORTANTES PARA MEMORIZAR

Diarreia + IRA + Anemia Hemolítica + Plaqueto-


penia: SHU;
IRA em crianças abaixo de 4 anos: pensar em
SHU;
Principal tipo de E. coli associada: O157:H7 (en-
tero-hemorrágica);

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S U M Á R I O

C A P Í T U L O 1 C A P Í T U L O 1 0
COLO UTERINO ....................................................... 3 DSTS E VIOLÊNCIAS SEXUAL .................................37

C A P Í T U L O 2 C A P Í T U L O 1 1
ANTICONCEPÇÃO ..................................................11 ENDOMETRIOSE ....................................................48

C A P Í T U L O 3 C A P Í T U L O 1 2
CÂNCER DE ENDOMÉTRIO.....................................16 INCONTINÊNCIA URINÁRIA ...................................52

C A P Í T U L O 4 C A P Í T U L O 1 3
CÂNCER DE OVÁRIO ...............................................18 INFERTILIDADE ......................................................57

C A P Í T U L O 5 C A P Í T U L O 1 4
CÂNCER DE VULVA .................................................21 MAMA .....................................................................60

C A P Í T U L O 6 C A P Í T U L O 1 5
CICLO MENSTRUAL ................................................23 SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL ...................67

C A P Í T U L O 7 C A P Í T U L O 1 6
CLIMATÉRIO ...........................................................27 SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS .............69

C A P Í T U L O 8 C A P Í T U L O 1 7
AMENORREIAS .......................................................30 TUMOR DE ENDOMÉTRIO ......................................72

C A P Í T U L O 9
DISTOPIAS..............................................................34

O vasto conteúdo médico está em constante renovação, e por isso, a equipe do medicinaprática esclarece que este material
possui como intuito principal a aprovação na prova de residência médica. Dessa forma, não aconselhamos que o mesmo seja
utilizado como principal fonte bibliográfica para a prática médica propriamente dita.

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C A P Í T U L O 2

ANTICONCEPÇÃO
Anticoncepcionais • Método de Billings (muco cervical)
• Coito interrompido
Prescrever de maneira racional, o mais adequado
para cada paciente, de maneira INDIVIDUALIZADA,
de acordo com sua eficácia, contraindicações, cus- Atenção:  NÃO RECOMENDA-SE COMO MÉTODOS
to, reversibilidade, comorbidades, efeitos colate- ANTICONCEPCIONAIS, POR BAIXA EFICÁCIA. Além
rais, facilidade de uso, etc. disso, NÃO protegem contra DST/AIDS.

Os documentos que regem as CONTRAINDICA-


ÇÕES são os “Critérios de Elegibilidade para Uso Como calcular o período fértil da tabelinha? Ciclo
Contraceptivo”, da OMS. Ele divide os contracepti- mais curto - 18 / Ciclo mais longo - 11...esse inter-
vos em categorias: valo é o período fértil.

• Categoria 1: sem restrição


• Categoria 2: vantagens superam riscos  Métodos de barreira
• Categoria 3: riscos superam vantagens (Con-
traindicação relativa)  Possuem como mecanismo a interposição de uma
• Categoria 4: inaceitável usar nessa paciente barreira mecânica ou química que impeça a ascen-
(Contraindicação absoluta) são de espermatozoides da vagina para o útero.

Resumindo: Categorias 1 e 2 PODEM SER UTILIZA- • Condom masculina e feminina


DAS. Categorias 3 e 4 NÃO DEVEM SER UTILIZADAS. • Diafragma
• Geleia espermicida
O “Índice de Pearl” diz respeito à EFICÁCIA de cada
método. Ele demonstra o número de falhas de um
método após um ano em 100 mulheres. Quanto Atenção:  NÃO RECOMENDA-SE COMO MÉTODOS
MENOR esse índice, mais eficaz o método. ANTICONCEPCIONAIS, POR BAIXA EFICÁCIA.  Sua
grande VANTAGEM, tanto a Condom masculina
Como regra geral, a gravidez é contraindicação como a feminina, é a PROTEÇÃO CONTRA DST’s. 
para o início de QUALQUER método, exceto os de
barreira e comportamentais.
DIU

Métodos Comportamentais
Método muito eficaz, com Índice de Pearl seme-
lhante ao da laqueadura, apesar de NÃO SEREM
Resumem-se na observação de sinais e sintomas ANOVULATÓRIOS.  Além disso, diferente do que
que caracterizam as diversas fases do ciclo mens- muitos pensam, NÃO SÃO ABORTIVOS, agindo
trual, com consequente abstinência sexual perió- principalmente fazendo a INIBIÇÃO DA FERTILIZA-
dica, no período fértil. ÇÃO.

• Tabelinha
• Curva de temperatura basal

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Possuem dois tipos: Além disso, a progesterona torna o MUCO CERVI-


  CAL ESPESSO, hostil à espermomigração, evitando
• DIU de Cobre  a entrada do espermatozoide no útero.
• DIU de Progesterona (ou SIU - “Sistema intraute-
rino liberador de levonorgestrel”) Apesar de ser composto de hormônios, possui
poucos efeitos sistêmicos, sem alterar pressão,
enzimas hepáticas, metabolismo carboidratos/li-
(Pode cair) Paciente nuligesta, pode utilizar pídios, coagulação, etc.
DIU? SIM.
Quanto tempo de eficácia? 05 ANOS.

(DIU x DIP) Paciente com DIU evolui com DIP, o Vantagens? Ao contrário do de Cobre, REDUZ DIS-
que fazer? Não precisa remover o DIU à princípio, MENORREIA, e DIMINUI intensidade e duração do
caso a paciente deseje mantê-lo. Conduta? TRATA FLUXO MENSTRUAL.
A DIP! Se não houver melhora com o ATB em 48h,
opta-se por retirar. Desvantagens?  Podem haver sangramentos
irregulares (spottings) 
(DIU x Ectópica)  Em caso de falha do método, a
chance da gravidez ser ECTÓPICA é maior do que CONTRA-INDICAÇÕES (SIU OU COBRE)
nas usuárias de outros métodos. Isso ocorre pois
apesar da ação em ovário/colo/trompas, não im- • Grávidas
pedem a ovulação. • Puerpério entre 48h e 4 semanas (ou seja, nas
48h primeiras horas, pode)
(Questão) Paciente mesmo com DIU, engravidou, • CA ginecológico ATUAIS (Colo,Ovário, Endomé-
o que fazer? Vai depender da CORDA do DIU. Se a trio, DTG)
corda estiver visível, retira. Se a corda não estiver • CA de mama (SIU) 
visível, ACOMPANHA.  • SUA inexplicado (pois pode ser CA colo, útero,
mioma...)
DIU DE COBRE • Vigência de infecção pélvica (exp. DIP, cervicite,
aborto infectado, infecção puerperal) 
Age fazendo uma INFLAMAÇÃO no endométrio, • Distorção uterina (exp: Útero bicorno, Miomas
atraindo leucócitos, gerando efeito ESPERMICI- volumosos que distorçam - SUBSEROSO GERAL-
DA, impedindo assim a fertilização. Essa inflama- MENTE NÃO)
ção também prejudica uma possível implantação
embrionária. Utiliza-se o cobre, pois também tem
ação ESPERMICIDA.  Hormonais

Quanto tempo de eficácia? 10 ANOS. Existem os métodos hormonais COMBINADOS (as-


sociação estrogênio e progesterona) e os de ape-
Desvantagens? Como inflama, podem aumentar nas PROGESTERONA. 
DISMENORREIA e SANGRAMENTO, e  embora não
seja uma contraindicação, por bom senso, NÃO Precisa solicitar exames pré-prescrição para mé-
USAREMOS em pacientes que já apresentem esses todos hormonais? São dispensáveis em pacientes
quadros. hígidas e sem fatores de risco. 
DIU DE PROGESTERONA PROGESTÁGENOS
Libera pequenas quantidades de LEVONORGES- Agem alterando o MUCO CERVICAL e causando
TREL por dia, dando efeito ANTI-PROLIFERATI- ATROFIA ENDOMÉTRIO. Dependendo do método,
VO no endométrio, de forma que não fica espesso vão conseguir ou não promover anovulação (por
suficientemente para implantação embrionária. bloqueio do LH). 

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• Minipílula Paciente  Amamentando com < 6 semanas,


• Injetável TRIMESTRAL  (Acetato de medroxipro- pode? Diferentemente dos combinados, SIM, pode
gesterona) começar minipílula ou implante, já saindo da
• Implante subdérmico (Etonorgestrel) maternidade. 

MINIPÍLULA COMBINADOS (ESTROGÊNIO + PROGESTÁGE-


NO)
Possuem dose de progestogênio bem menor que
os ACO combinados. Agem INIBINDO FSH (Estrogênio), já o componen-
te PROGESTOGÊNICO vai INIBIR O LH.  Dessa forma
A “minipílula” geralmente NÃO CONSEGUE PRO- não haverá o recrutamento folicular (FSH) e nem
MOVER ANOVULAÇÃO,  por isso, não deve ser uti- ovulação (LH). A ANOVULAÇÃO gerada é o PRINCI-
lizada na menacme como método único. Guarda- PAL. Além disso, progesterona torna o muco cer-
mos para situações que já não estão com o ovário vical inóspito + anti-proliferação endometrial. Age
a todo vapor: AMAMENTAÇÃO (PRINCIPAL INDICA- ainda DIMINUINDO A MOTILIDADE TUBÁRIA.
ÇÃO) ou PERI-MENOPAUSA.  
Sempre num anticoncepcional que tiver estrogê-
Atenção: o “Desogestrel” é uma pilula de proges- nio, precisa associar progesterona, pois se ficar só
terona, mas não é a minipílula, pois ele promove proliferando, pode gerar atipia. Além disso, dan-
anovulação. do estrogênio, pode acabar estimulando a dar um
pico de LH (não estará bloqueado) e ovulando al-
(Lactação x Amenorreia) A chamada “LAM”, ba- gum folículo que esteja apto.
seia-se no fato de que a sucção frequente pelo
lactente envia impulsos ao hipotálamo, alterando • Combinados orais
a produção hormonal, o que leva à anovulação e • Injetável MENSAL
amenorreia. Só confia nesse método com a presen- • Anel vaginal
ça dessas condições:  1) Amamentação EXCLUSIVA • Adesivo
+ 2) Amenorreia + 3) SÓ ATÉ 06 MESES APÓS O PAR-
TO. Mas mesmo assim ainda costuma acrescentar COMBINADOS ORAIS
um outro método para garantir (exp. minipílula)
• Qual o principal estrógeno sintético utilizado
INJETÁVEL E IMPLANTE nos ACO combinados? Etinilestradiol.

Esses sim fazem ANOVULAÇÃO,  por inibição da • E os progestogênios? Eles VARIAM, e será esco-
ovulação por bloqueio do LH. Por isso, esses sim lhido de acordo com suas características, de modo
são de alta eficácia sozinhos. Essas pacientes cos- que quanto mais anti-androgênico, mais trombo-
tumam entrar em amenorreia.  gênico. (Questão)  Qual o progestágeno com ME-
NOR EFEITO TROMBOGÊNICO, por ser androgêni-
Desvantagens? GANHO DE PESO e SPOTTINGS.  ca? LEVONORGESTREL. Quais os progestágenos
com MAIOR EFEITO TROMBOGÊNICO, por ter maior
Além disso, embora não seja contraindicação, di- efeito anti-androgênico? CIPROTERONA e DROSPI-
minuem a densidade mineral óssea com uso crôni- RENONA.
co, embora reversível quando suspenso.
  (Prova prática)  Como tomar o ACO Combinado?
CONTRAINDICAÇÕES (PROGESTÁGENOS) Os mais utilizados são os de 21 comprimidos, que
devem ser iniciados no PRIMEIRO DIA DA MENS-
• CA de mama ATUAL (ÚNICO CATEGORIA 4) TRUAÇÃO. Após os 21 dias consecutivos, faz 07
• AVE, IAM, TVP/TEP ATUAIS (Categoria 3) dias de PAUSA, reiniciando no oitavo dia. Existem
• Anticonvulsivantes (Categoria 3 - apenas para a também os de 28 dias (uso ininterrupto). Em caso
PÍLULA) de ESQUECIMENTO de tomar uma pílula, tomar
• Rifampicina (Categoria 3 - apenas para a PÍLULA) imediatamente ao lembrar, e continuar normal-

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mente, tomando a seguinte no horário regular. Se • Pós-parto sem amamentação < 21 das, com fator
esquecer duas ou mais, tomar uma pílula imedia- de risco para TVP
tamente, orientar a usar Condom durante sete dias • >35 anos fumante 
e seguir tomando.  Dica prova prática: se a atriz • HAS grave (PAS >160 e PAD >100)
disser que toma ACO, perguntar COMO ELA TOMA.  • CA de mama atual
• Eventos trombóticos ATUAIS ou PRÉVIOS: IAM/
TVP/TEP (pelo componente estrogênico)
(Questão) Precisa fazer pausas para descanso, • ENXAQUECA COM AURA 
se utilizada desde adolescência? NÃO. • DM com vasculopatia (nefro,retino ou neuropa-
tias)
• Cirrose descompensada
UNICAMP - 2018 • Hepatite viral aguda (para início de uso) 

Mulher, 20a, G1P1, procura a Unidade Básica Categorias 3?


de Saúde em o uso de pílula anticoncepcional e
adaptada. Assistiu reportagem na TV sobre ris- • Amamentação entre 6 semanas e 6 meses
co de trombose associada a uso de pílula. Ante- • HAS controlada (Categoria 3)
cedente familiar: pai com trombose em membro • Anticonvulsivantes (Categoria 3) 
inferior. A CONDUTA É: • Rifampicina (Categoria 3 - apenas para PÍLULAS) 

A) Suspender a medicação e reavaliar após pes-


quisa de mutação gênica. Contracepção Cirúrgica
B) Substituir por progestágeno, devido ao risco
familiar de trombose. Único método de contracepção DEFINITIVO e
C) Substituir por DIU de cobre ou hormonal, devi- IRREVERSÍVEL.
do ao risco aumentado de trombose.
D) Manter a medicação em uso e esclarecimento • Laqueadura tubária
das dúvidas. • Vasectomia.
Questão do dia-a-dia! A paciente comparece ao Por lei, em que ocasiões posso submeter a méto-
ambulatório preocupada com o risco aumenta- do de esterilização definitiva? 
do de TVP pelo fato de estar fazendo uso de ACO.
Apesar de certamente você já ter escutado algu- Maiores de 25 anos OU Pelo menos 2 filhos vivos.
ma história do tipo “uma amiga da minha amiga
teve uma trombose por causa do anticoncepcio- • Tem que ser FORA DO PARTO, não podendo apro-
nal”, o aumento do risco é EXTREMAMENTE BAI- veitar o parto para fazer. Além disso, TEM QUE SER
XO, de modo que ocorre em 3-6/10.000 usuárias. NO MÍNIMO 42 DIAS DEPOIS DO PARTO, ou seja,
A história da TVP em parente de primeiro grau é fora do ciclo GRAVÍDICO-PUERPERAL.  Exceções
considerada categoria 2 da OMS, e portanto, não que podem ser feitas intraparto? Cesarianas su-
há contraindicação. cessivas (pelo menos 2) ou Mulher portadora de
doença de base, apresentando risco submeter a
Resposta: letra D. outra cirurgia.
• Além disso, a cirurgia eletiva tem que ser > 60
DIAS ENTRE A VONTADE E A CIRURGIA.
CONTRAINDICAÇÕES (COMBINADOS) • Se for casado, tem que ter consentimento do
cônjuge. 
Categorias 4?

• Amamentação < 6 semanas pós-parto (estrogê-


nio interfere na produção de leite, além de passar
para o feto)

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Contracepção de Emergência UNICAMP - 2018

NÃO DEVE SER USADA DE FORMA PLANEJADA OU Mulher, 36a, G2P2, procura Unidade Básica de
SUBSTITUIR MÉTODO ANTICONCEPTIVO ROTINEI- Saúde solicitando orientação de anticoncepção
RO. por não desejar gravidez no momento, referindo
  relação sexual desprotegida há 20 horas. Antece-
Até quanto tempo é eficaz? Tem sua maior eficá- dente pessoal: última menstruação há sete dias,
cia quando tomado até 72h pós-coito, mas PODE hipertensão em uso captopril 50 mg/dia, tabagis-
SER FEITO ATÉ 05 DIAS. mo 10maços/ano. A CONDUTA EM RELAÇÃO A AN-
TICONCEPÇÃO É:
Se vômito ocorrer em menos de 2h da tomada, re-
petir dose. Se persistir, optar pela VIA VAGINAL. A) Anticoncepcional oral combinado com 30 g de
etinilestradiol e 150 g de levonogestrel.
• Como age?  Atua a depender da época do ciclo B) Anticoncepcional hormonal combinado na do-
que for administrado.  Se na primeira fase, antes sagem 8 comprimidos de 30 g de etinilestradiol
do pico do LH, impede ou retarda a ovulação. OU dose única.
SEJA, impede a OVULAÇÃO. PORÉM, se o uso for C) Anticoncepção hormonal na dosagem 2 com-
feito muito próximo da ruptura folicular, pode ha- primidos de 0,75 mg de levonogestrel dose única.
ver falha desse mecanismo. Na segunda fase, torna D) Anticoncepção hormonal na dosagem de 1
o muco espesso e altera motilidade de trompa, im- comprimido de 75 g de desogestrel dose única.
pedindo ou dificultando movimentação dos esper-
matozoides.  OU SEJA, impede a FECUNDAÇÃO, e Estamos diante de uma questão de ANTICONCEP-
não a NIDAÇÃO! Estudos mostraram AUSÊNCIA de ÇÃO DE EMERGÊNCIA, pois a paciente pretende
efeitos para o endométrio, AFASTANDO a possibili- evitar uma gravidez relativa a uma relação sexual
dade de um efeito abortivo. desprotegida que ocorreu há apenas 20 HORAS.
O método de maior eficácia, devido a ter menos
Tipos? efeitos colaterais e melhor comodidade posoló-
gica é o de LEVONORGESTREL, em duas doses de
1) Levonorgestrel: duas doses de 0.75mg, 12/12h, 0.75 mg , 12/12h, ou 1,5mg, dose única. Lembre-
ou 1,5mg, dose única. É o MELHOR, por maior efi- mos que esse tipo de método tem sua maior eficá-
cácia, menos efeitos colaterais, menor comodida- cia quando tomado até 72h pós-coito, mas PODE
de posológica e não interage com TARV/PEP. SER FEITO ATÉ 05 DIAS!

2) Método de Yuzpe: 0,1 mg etinilestradiol + 0,5mg Resposta: letra C.


levonorgestrel, em duas tomadas, 12/12h. É uma
BOMBA, com menor eficácia e mais efeitos adver-
sos, não sendo mais recomendado.

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C A P Í T U L O 6

CICLO MENSTRUAL
Conjunto de eventos endócrinos interdependen- CIAS. Isso é a mensagem do hipotálamo para que a
tes do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, culminam hipófise libere mais FSH ou LH.
na ovulação e preparo do útero para um possível
processo de implantação embrionária. FSH (hormônio folículo estimulante): RECRUTA-
MENTO e DESENVOLVIMENTO do folículo. 
Por convenção, o PRIMEIRO DIA da menstruação é
considerado o primeiro dia do ciclo. LH (hormônio luteinizante): desencadeia a OVU-
LAÇÃO.

Conceitos fundamentais HORMÔNIOS OVARIANOS

Andrógenos (testosterona e androstenedio-


MENSTRUAÇÃO NORMAL na): produzidos pelas «CÉLULAS DA TECA”, a par-
tir do COLESTEROL, SOB AÇÃO DO LH. Cerca de
Duração do ciclo: de 21 a 35 dias, com uma MÉ- 25% da testosterona circulante é secretada pelos
DIA de 28 DIAS.  ovários, 25% pelas suprarrenais e os 50% restan-
Duração do fluxo: 2 a 6 dias. tes são produzidos a partir da conversão periférica
Perda sanguínea: de 20 a 60 ml. de androstenediona. Esses androgênios precisam
estar em concentrações ideais, pois quando muito
HORMÔNIOS HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIOS elevados, limitam a capacidade de aromatização,
e tornam o ambiente folicular muito androgênico,
O hipotálamo estimula a ADENO-HIPÓFISE a pro- causando atresia folicular.
duzir e secretar seus hormônios, EXCETO PRO-
LACTINA, que ele INIBE, por meio da liberação de Estrogênios e Progesterona: formados partir da
dopamina. Quem estimula produção de Prolactina enzima "AROMATASE”, já que os andrógenos que
é o TRH (por isso no Hipotireoidismo pode haver vêm da célula da teca, são transformados em es-
amenorreia devido à hiperprolactinemia). Isso trogênios (estrona e estradiol), nas “CÉLULAS DA
é importante para a aula de Amenorreias, pois GRANULOSA”, SOB AÇÃO DO FSH. Na PRIMEIRA
quando a prolactina está alta, gera amenorreia por FASE do ciclo, as células da granulosa produzem
inibir a pulsatilidade do GnRH. Além disso, muitas predominantemente ESTROGÊNIO + INIBINA B (Be-
vezes a prolactina está alta por medicamentos que fore ovulação). A alta concentração de “estradiol”
diminuem dopamina. (principal estrogênio) é preciso para que ocorra o
PICO DE LH, deflagrando a ovulação. A “estrona” é
GnRH (hormônio liberador de gonodotrofinas): um estrogênio fraco, sendo mais produzido no cli-
secretado de forma PULSÁTIL, controla a secreção matério. Na SEGUNDA FASE, predomina produção
de FSH e LH, pois a admnistração contínua desse PROGESTERONA + INIBINA A (After ovulação), já
hormônio, interrompe a síntese de gonadotrofinas pelo corpo lúteo, sob estímulo do LH, preparando
(é o que pode gerar amenorreia em situações de o organismo materno para a gravidez. Tanto a Ini-
estresse/ansiedade ou no uso contínuo dos “Aná- bina A como a B, INIBEM o FSH.
logos de GnRh”). A PRIMEIRA FASE do ciclo ova- Essa é a chamada "TEORIA DAS 2 CÉLULAS, 2 GO-
riano (FOLICULAR), é caracterizada por PULSOS NADOTROFINAS”, em que as duas células são a
FREQUENTES, MAS DE BAIXAS AMPLITUDES. Já na “Teca” e a “Granulosa”, enquanto as duas gona-
SEGUNDA FASE desse ciclo (LÚTEA), são PULSOS dotrofinas, FSH e LH. É QUESTÃO FREQUENTE EM
DE GRANDE AMPLITUDE mas de BAIXAS FREQUÊN- PROVAS.

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Fonte: Teoria das 2 células, 2 gonadotrofinas. https://www.memorangapp.com/flashcards/43863/1.15+Fe-


male+Endocrinology/

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO FOLI- Fases do Ciclo Menstrual


CULAR
PRIMEIRA FASE DO CICLO OVARIANO  (FASE
Na vida intrauterina (26 semanas de gestação) FOLICULAR)
a menina já tem em média 7.000.000 de folículos,
estacionados em prófase I da meiose I. Na menac- Se estende do primeiro dia da menstruação até o
me, a partir da menarca, a mulher tem em média dia do pico de LH.  Porém, o FSH já aumenta NO
300.000 folículos. A cada ciclo menstrual, cerca de FINAL DO CICLO ANTERIOR, junto com o início da
1.000 folículos sofrem atresia. A menopausa acon- regressão do corpo lúteo. Ou seja, começa a subir
tece quando restam cerca de 1.000 folículos. antes do primeiro dia do ciclo.
Uma vez iniciado o crescimento de um folícu- É a chamada "FASE FOLICULAR”, onde há RECRU-
lo, ele não estaciona, até que ocorra ovulação ou TAMENTO DE FOLÍCULOS (em torno de 15 cada
atresia. Além disso, esse crescimento e desenvol- mês), para que em torno do QUINTO DIA DO CI-
vimento leva cerca de 85 dias, e não apenas os 10 a CLO seja selecionado UM ÚNICO folículo para o
14 dias da fase folicular. desenvolvimento, mediado pelo FSH.  A seleção
desse “FOLÍCULO DOMINANTE” se dá pelo MAIOR
Ou seja, o desenvolvimento folicular é CONTÍNUO. NÚMERO DE RECEPTOR DE FSH, que é aquele que
Mesmo durante a vida intra-uterina, infância, ges- sintetizará Inibina B e Estradiol em maiores con-
tação, uso de ACO ou na perimenopausa, os folícu- centrações. Os demais folículos sofrem atresia e o
los estarão sendo recrutados e sofrendo processo dominante é conduzido à ovulação.
de atresia.  Na época da menopausa, o ovário será
basicamente estroma, com raros oócitos remanes- PRIMEIRA FASE DO CICLO UTERINO (FASE
centes. Por isso não existe, por exemplo, a pessoa PROLIFERATIVA)
tomar 20 anos de ACO para “preservar” os óvulos.
  É a "FASE PROLIFERATIVA”, em que há PROLIFERA-
ÇÃO (intensa atividade mitótica) do endométrio
por ação do ESTROGÊNIO.

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SEGUNDA FASE DO CICLO OVARIANO  (FASE Nessa fase ocorre aumento súbito PRINCIPALMEN-
LÚTEA) TE da PROGESTERONA, por produção do corpo
lúteo, por ESTÍMULO DO LH, que vai DIMINUIN-
A “fase lútea” compreende o período da ovulação DO CONFORME A PROGESTERONA AUMENTA, fa-
até o aparecimento da menstruação. vorecendo a REGRESSÃO DO CORPO LÚTEO, e
Inicia a partir de uma grande concentração de ES- consequente QUEDA DA PROGESTERONA E ES-
TRÓGENO, que numa retroalimentação positiva, TROGÊNIOS, o que levara a DESCAMAÇÃO DO EN-
dará o PICO MÁXIMO DE LH,  ocorrendo a OVULA- DOMÉTRIO (MENSTRUAÇÃO). Assim,  haverá reau-
ÇÃO, 32 a 36 HORAS APÓS INÍCIO DA SUBIDA DO mento dos pulsos de GnRH e consequentemente,
LH, e 10 a 12 HORAS APÓS PICO MÁXIMO DO LH, de FSH, reiniciando o ciclo.
formando o corpo lúteo. Em relação ao ESTRO- Caso ocorra gravidez, o hCG mantém o corpo lúteo
GÊNIO, a ovulação ocorre cerca de 24 a 36 HORAS em funcionamento.
após elevação dos seus níveis.
Ou seja, além das Inibinas inibirem o FSH, o Es-
O pico de LH faz o oócito REASSUMIR A MEIOSE, es- trógeno faz o feedback com o FSH, e a proges-
timula a síntese de prostaglandinas e luteiniza as terona faz com o LH (retroação negativa de alça
células da granulosa, que sintetizam a PROGESTE- curta), assim como inibem o hipotálamo a secre-
RONA. tar GnRH (retroação negativa de alça longa)
A FASE LÚTEA apresenta uma DURAÇÃO FIXA 14 SEGUNDA FASE DO CICLO UTERINO (FASE SE-
DIAS ANTES DA MENSTRUAÇÃO.  Portanto, o que CRETORA)
vai levar uma mulher ou mulheres diferentes a
terem 21 ou 35 dias de ciclo é a PRIMEIRA FASE, Depois que ovulou, vai preparar o útero para a
que varia. Ou seja, o tempo necessário para que o gestação. É a “FASE SECRETORA”, em que as alte-
folículo se desenvolva e atinja maturidade é o que rações predominantes é a SECREÇÃO GLANDULAR.
varia. Portanto, na menstruação (primeiro dia do
ciclo), sei com certeza que 14 dias para trás, a mu- A PROGESTERONA que começa a ser produzida no
lher ovulou. Usam isso para tabelinha, embora não início da ovulação pelo corpo lúteo, permanece
recomendada. alta por toda a segunda fase do ciclo, com o
objetivo de fazer a transformação endométrio para
abrigar o embrião.

Fonte: Ciclo menstrual. https://medium.com/@bicspuc/menstrual-cycle-an-important-process-of-human-reproduc-


tion-e22a4abce2e2

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Repercussões endócrinas do ciclo menstrual SES-PE - 2017

ESTROGÊNIO Os mecanismos que culminam com a ovulação


dependem de uma complexa interação hormo-
Canal cervical: aumento da produção do MUCO nal, que envolve o compartimento gonadal e hi-
FILANTE/FINO (“Fenômeno de Spinnbarkeit”), que pofisário. Sobre o pico do LH, é CORRETO afirmar
ajuda na migração do espermatozoide. Além disso, que
nessa fase, o muco pode CRISTALIZAR (aspecto ar-
boriforme, em “folha de samambaia”). É o exame A) para que ocorra a ovulação, é necessário o pico
que faz nos casos de Amniorrexe prematura, pois de LH que, por sua vez, necessita de estimulação
gestante não pode ter cristalização, já que é uma estrogênica de 200 pcg por + 50 horas.
fase que tem que predominar progesterona. B) nos dias imediatos ao pico de LH, os níveis circu-
lantes de progesterona caem significativamente.
Epitélio vaginal: proliferação de células superfi- C) as prostaglandinas (F2 alfa) atuam mediando
ciais. a ação do LH e estabilizam os elementos contrác-
teis da parede folicular, evitando a sua rotura.
Endométrio: proliferação de glândulas ALON- D) perifericamente os estrógenos exercem re-
GADAS e TORTUOSAS, além de vasos sanguíneos troalimentação negativa no hipotálamo-hipófise,
RETILÍNEOS. favorecendo o pico de LH necessário à ovulação.
E) o estágio final da maturação do folículo pré-
PROGESTERONA -ovulatório é determinado pela sua capacidade
de inibir o aparecimento de mais receptores para
Canal cervical: muco SEM FILÂNCIA/ESPESSO/ gonadotrofinas.
VISCOSO  e SEM CRISTALIZAÇÃO,  pois quem era
para entrar, já entrou! Questão sobre Ciclo Menstrual. A única correta é
a alternativa A, que é auto-explicativa. Nos dias
Epitélio vaginal: descamação. imediatos ao pico de LH, os níveis de progeste-
rona SOBEM (alternativa B incorreta). As prosta-
Endométrio:  glândulas DILATADAS e BASTANTE glandinas mediam a ação do LH, ROMPENDO a
TORTUOSAS, SECRETORAS, além de vasos sanguí- parede folicular (alternativa C incorreta). Os es-
neos ESPIRALADOS. trógenos exercem retroalimentação POSITIVA no
hipotálamo-hipófise, favorecendo o pico de LH
(alternativa D incorreta. Por fim, o folículo domi-
nante caracteriza-se por um número MAIOR de
receptores de FSH e LH (alternativa E incorreta).

Resposta: letra A.

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MÓDULO PEDIATRIA
COLABORADOR: DR. DAVID LOBO

S U M Á R I O
C A P Í T U L O 1 C A P Í T U L O 1 7
NEONATOLOGIA....................................................... 3 PUBERDADE PRECOCE E TARDIA........................ 102
C A P Í T U L O 2 C A P Í T U L O 1 8
CIRCULAÇÃO FETAL............................................... 2 2 DESNUTRIÇÃO..................................................... 107
C A P Í T U L O 3 C A P Í T U L O 1 9
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS NO RN................... 2 4 IMUNIZAÇÕES...................................................... 116
C A P Í T U L O 4 C A P Í T U L O 2 0
REANIMAÇÃO NEONATAL...................................... 3 0 INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO......................... 127
C A P Í T U L O 5 C A P Í T U L O 2 1
ICTERÍCIA............................................................... 3 5 OBSTRUÇÃO URINÁRIA....................................... 133
C A P Í T U L O 6 C A P Í T U L O 2 2
CARDIOPATIA CONGÊNITA.................................... 3 9 NEFROBLASTOMA............................................... 137
C A P Í T U L O 7 C A P Í T U L O 2 3
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA.................... 4 8 PNEUMONIAS...................................................... 139
C A P Í T U L O 8 C A P Í T U L O 2 4
INFECÇÕES CONGÊNITAS...................................... 5 0 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS .............................. 148
C A P Í T U L O 9 C A P Í T U L O 2 5
IMUNODEFICIÊNCIAS............................................ 5 6 OUTRAS AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS.................. 158
C A P Í T U L O 1 0 C A P Í T U L O 2 6
FEBRE ORIGEM INDETERMINADA......................... 5 8 FEBRE REUMÁTICA.............................................. 161
C A P Í T U L O 1 1
C A P Í T U L O 2 7
DOENÇAS EXANTEMÁTICAS.................................. 6 0
PARASSONIAS...................................................... 164
C A P Í T U L O 1 2
ALEITAMENTO MATERNO...................................... 7 0 C A P Í T U L O 2 8
ANAFILAXIA.......................................................... 166
C A P Í T U L O 1 3
DIARREIA................................................................ 8 1 C A P Í T U L O 2 9
CHOQUE PEDIÁTRICO.......................................... 169
C A P Í T U L O 1 4
CONSTIPAÇÃO....................................................... 9 0 C A P Í T U L O 3 0
TRANSTORNOS DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)...172
C A P Í T U L O 1 5
CRESCIMENTO PONDERO ESTATURAL................. 9 2 C A P Í T U L O 3 1
SEGURANÇA......................................................... 174
C A P Í T U L O 1 6
BAIXA ESTATURA.................................................... 9 7

O vasto conteúdo médico está em constante renovação, e por isso, a equipe do medicinaprática esclarece que este material
possui como intuito principal a aprovação na prova de residência médica. Dessa forma, não aconselhamos que o mesmo seja
utilizado como principal fonte bibliográfica para a prática médica propriamente dita.

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C A P Í T U L O 1

NEONATOLOGIA
Esse resumo é grande, mas é MUITO IMPORTAN- • Entre P10 e P90: AIG (Adequado para Idade Ges-
TE, pois contempla várias situações que caem em tacional)
prova.
OBS¹: alguns autores recomendam q trabalhe com
P3 e P97, mas é a mesma ideia. 
Classificações
OBS²:  Algumas bancas não colocam o percentil,
1) Quanto a Idade Gestacional (DUM / USG / mas querem saber a relação peso x IG. Macete: 1)
Capurro x Ballard) RN à termo < 2.000g é PIG; 2) RN > 4.000g é GIG.

• Pré-termo/Prematuro: < 37 semanas  Dica: Sempre que for GIG ou PIG, é maior a chan-
• Termo: 37sem-41sem6d  ce de complicações, de modo que OS DOIS TÊM 
• Pós-termo > ou = 42 semanas  MAIOR CHANGE CHANCE DE HIPOGLICEMIA NEO-
NATAL. 
OBS: entre 34 e 37 semanas, é chamado de pré-ter-
mo LIMÍTROFE/TARDIO. 

2) Quanto a Idade Cronológica

• Recém-Nascido/Neonato: 0 a 28 dias 
• Lactente: 29 dias a 2 anos
• Pré-escolar: 2 a 7 anos
• Escolar: 7 a 10 anos
• Adolescente: 10 aos 19 anos

3) Quanto o peso ao nascer

Dica: decorar 2,5 / 1,5 / 1 kg 5) Quanto ao nascimento

• >4 kg (peso excessivo) • Aborto: IG < 20 semanas ou <500g


• 3.000 a 3.999 (peso normal) • Nascido vivo:  >20 semanas, com algum tônus
• 2500 a 2.999 (peso insuficiente) muscular, movimento respiratório ou batimento
• <2.500g (baixo peso) cardíaco.
• <1.500g (muito baixo peso) • Óbito fetal:  >20 semanas, mas sem nenhum tô-
• <1.000g (extremo baixo peso) nus, respiração ou batimentos.

4) Relação peso x IG

• Abaixo do PERCENTIL 10: PIG (Pequeno para Ida-


de Gestacional)
• Acima do PERCENTIL 90: GIG (Grande para Idade
Gestacional)

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Triagem Neonatal Atenção:  Observar que em outras cardiopatias


cianóticas (Exp. atresia de tricúspide, tetralogia
ÎÎ TESTE DO PEZINHO de Fallot, etc.) haverá queda de saturação tam-
bém, porém, não haverá diferença de saturação,
• Qual o momento ideal para coletar? Entre 3 a 5 estando baixo tanto na pré-ductal como na pós-
DIAS DE VIDA. -ductal. Isso ocorre, pois nessas situações NÃO
• Quando não coletar?  NÃO PODE COLETAR NAS haverá Shunt direita-esquerda, como na HAPP.
PRIMEIRAS 48h, sob risco de falso-negativo para
fenilcetonúria, pois terá havido pouco tempo de • Qual o risco?  Tem que detectar precocemente,
ingestão proteica.  Também NUNCA COLETAR > 30 pois no momento que o canal fechar, podem dete-
DIAS. riorar essas crianças que normalmente são ASSIN-
TOMÁTICAS antes do fechamento do canal.. 
OBS: Pré-termos possuem maior taxa de falso-ne-
gativo, podendo ser necessário repetir o teste pos- • Quando?  Feita ENTRE 24 e 48 HORAS DE VIDA,
teriormente.  geralmente na ALTA HOSPITALAR. 

• Quais são as doenças testadas? (ABCDE)  Adrenal • Como?  Saturação no MSD (PRÉ DUCTAL) + MEM-
congênita (“Hiperplasia adrenal congêni- ta” � BRO INFERIOR (qualquer um - PÓS DUCTAL).
Dosa no teste a 17-OHP)
Biotinidase (“Deficiência de Biotinidase”) • Qual o normal? O NORMAL é AMBOS ESTAREM >
Cística (“Fibrose Cística” � Dosa ao Tripsinogênio/ ou = 95%, com uma DIFERENÇA ENTRE ELES ME-
IRT, estando aumentado) NOR OU IGUAL A 3%.
Doença falciforme
Epotireoidismo (“Hipotireoidismo congênito”) • Primeira conduta se alterado? REPETE-SE o tes-
Fenilcetonúria (PKU) te em 1h. Continua alterado?  ECOCARDIOGRAMA
*Atualização 2020: Toxoplasmose* nas próximas 24h.

• Qual a fase atual do Teste do pezinho?    Atual- ÎÎ TESTE DO OLHINHO (“REFLEXO VERMELHO”)


mente, é liberado pelo MS o exame do pezinho
FASE 4.  Pra saber qual doença entrou em cada • Rastreia quais doenças? RETINOBLASTOMA, CA-
fase, vai de baixo para cima. 2-1-1-2. FE = 1ª fase; TARATA CONGÊNITA, etc.
D = 2ª fase; C = 3ª fase; BA = 4ª fase.
• Fazer em quais RN? TODOS.
Quando no pezinho vem “FAS” para hemoglobino-
patia, é um TRAÇO FALCÊMICO, heterozigoto pra a • Quando estará normal? Quando apresentar o re-
HbS, NÃO SENDO CONSIDERADO DOENÇA FALCI- flexo vermelho. Quando estará alterado? Reflexo
FORME. vermelho ausente em um dos olhos (LEUCOCORIA)

ÎÎ TESTE DO CORAÇÃOZINHO  (“TESTE DA OXI-


METRIA”)

• Detecta o quê principalmente ?  CARDIOPATIAS


CONGÊNITAS CIANÓTICAS DUCTO-DEPENDENTES,
ou seja, aquelas que dependem da patência do CA-
NAL ARTERIAL (ou “ducto arterioso”) para manter a
criança viva, tendo shunt direita-esquerda. Exem-
plos: “Transposição de grandes vasos” (MAIS CO-
MUM), “Atresia de artéria pulmonar” e “Coarctação
de aorta”. 

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a) Após o primeiro mês quando alterado.


b) Aproveitando a luminosidade da sala de parto.
c) Com o feixe de luz a 10cm de cada olho.
d) Rotineiramente até o terceiro ano de vida.

O teste do olhinho tem como finalidade identificar


precocemente alterações como a catarata, o reti-
noblastoma, toxoplasmose e retinopatia da pre-
maturidade. Deve ser realizado antes da saída da
sala de parto (A incorreta), em um ambiente es-
curo (B incorreta) sendo utilizado o oftalmoscópio
posicionado a cerca de 30cm do olho do paciente
(C incorreta), devendo ser repetido duas a três ve-
zes até o terceiro ano de vida (D correta). Assim, o
gabarito da questão é a letra D.

UFRJ 2016

Pode-se afirmar sobre o teste do pezinho que:

https://aptparenting.com a) Alta precoce pode gerar falso negativo no caso


da fenilalanina.
ÎÎ TESTE DA ORELHINHA b) Prematuridade não restringe a triagem de he-
moglobinopatias.
• Como é feito? Através da EOA (“Emissão otoacús- c) Íleo meconial pode gerar falso positivos da trip-
tica”), em que o aparelho dispara um estímulo so- sina imunorreativa.
noro e avalia a resposta. d) Caso for positivo para hipotireoidismo, repetir
em papel filtro.
• Avalia qual sistema auditivo?  APENAS O PRÉ-
-NEURAL. Portanto, se tiver um problema neuroló- Aqui é cobrado os conceitos de falhas nos testes
gico de processamento auditivo, não detecta. de triagem neonatal. Sabemos que o teste do pe-
zinho não deve ser realizado nos primeiros 2 dias
• Em que momento fazer? Próximo a ALTA HOSPI- de vida em grande parte por conta dos níveis de
TALAR. feninalalanina que ainda não atingiram valores
suficientes para positivar o teste, gerando assim
ÎÎ TESTE DA LINGUINHA falso negativos (A correta). As hemoglobinopa-
tias podem passar despercebidas em casos de
Avaliação do frênulo da língua do bebê, pois pode prematuros em decorrência do percentual alte-
causar além de problemas de fala, problema na rado de hemoglobina fetal nesses pacientes em
sucção, devendo ser feito nas primeiras 24 HORAS comparação aos de termo (B incorreta). Já em
de vida. relação à triagem de fibrose cistica temos que
situações de estade como o íleo meconial pode
acabar camuflando a dosagem de tripsina imu-
UFRJ 2014 norreativa, levando a uma falsa negativação no
teste (C incorreta). Já em relação ao hipotireoidis-
O “teste do reflexo vermelho” é uma ferramenta mo congênito, o teste inicial utiliza o papel filtro,
de rastreamento de alterações que possam com- porém em casos alterados a análise deve ser feita
prometer a transparência dos meios oculares e, em amostra de sangue total (D incorreta). Logo, o
segundo o Ministério da Saúde, deve ser realiza- gabarito da questão é a letra A.
do:

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UNICAMP 2017

Recém Nascido a termo em alojamento conjunto


encontra-se com 48 horas de vida e em condições
de alta. No exame de triagem para cardiopa-
tia congênita crítica, encontram-se os seguintes
valores: saturação de O2 em MSD 93% e em MIE
91%. A conduta é:

a) Como a saturação de O2 é maior que 90%, ele é


considerado normal.
b) Como a diferença entre as medidas é menor
que 3%, ele é considerado normal.
c) O exame deverá ser repetido dentro de 1 hora.
d) Deverá ser solicitado ecocardiografia de ur-
gência e internação. https://www.unomasenlafamilia.com

Como o teste apresentou valores abaixo de 95% ÎÎ EXAME DA CABEÇA


de saturação, consideramos que está alterado,
mesmo que a diferença entre as medidas tenha • Fontanela Anterior (Bregmática): tem que estar
sido menos que 3%. Nesses casos a conduta ini- aberta em torno de 2  cm. Termina de fechar, em
cial é repetir o teste em 1 hora e, caso este novo média, entre 04 MESES e 02 ANOS. Se fechar antes
teste se encontre alterado, devemos realizar eco- disso, tem algo errado e precisa intervir. 
cardiograma em 24 a 48 horas. Dessa forma, o
gabarito é a letra C. • “Fontanela Posterior” (Lambdoidea): é MENOR,
tendo cerca de 0.6 cm, podendo inclusive já estar
fechada ao nascimento sem significar algum pro-
Exame Físico do RN blema. Fecha-se normalmente com 02 MESES. 

ÎÎ REFLEXOS PRIMITIVOS DO RN Qual o problema quando as fontanelas se fecham


precocemente? Ocorre a chamada  “CRANIOSSI-
Em virtude da imaturidade do SNC, o RN apresen- NOSTOSE”, podendo dar assimetria facial.
ta reflexos TRANSITÓRIOS, também chamados de
“PRIMITIVOS”.

• Quando estarão alterados? Se  ausentes no pe-


ríodo ou persistentes além do período esperado,
indicando anormalidades do SISTEMA NERVOSO.

• Quais são? Reflexo de Moro, Reflexo de sucção,


Preensão palmoplantar, Reflexo tônico do pesco-
ço, Marcha reflexa, Fuga à asfixia, Perioral, Babis-
nki, etc.

• Até quando devem estar presentar? Até os 3 ME- Rev. Bras. Cir. Plást. 2011; 26(1): 27-31
SES, quando em estado de VIGÍLIA. No SONO, até
cerca de 06 MESES. • Como é chamado o problema em que os ossos
do crânio são MOLES, parecendo cartilagem?
OBS: O Sinal de Babinski é normal até 2 ANOS. “CRANIOTABES”

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• Bossa serossanguínea x Cefalohematoma? (CAI) sutura. Essa informação já é suficiente pra fazer o
diagnóstico diferencial entre o cefalo hematoma
“Bossa serossanguínea”: algum trauma no parto e a bossa serosanguinolenta. No Cefalo hemato-
faz um hematoma no COURO CABELUDO, de modo ma o sangramento ocorre em regiões subperios-
que O ABAULAMENTO ULTRAPASSA (NÃO RESPEI- teais, logo RESPEITA as linhas de sutura craniana,
TA) AS SUTURAS DO CRÂNIO. Aqui, o abaulamento se localizando principalmente na região parietal.
é SUBCUTÂNEO. Desaparece nos primeiros dias de Já a bossa serosanguinolenta é uma alteração lo-
vida e não precisa de nenhum tratamento.  calizada na região subcutânea, mais amolecida
e que assim NÃO RESPEITA as suturas do crânio.
“Cefaloematoma”: trauma no canal do parto, mas Dessa forma, o caso em questão se trata de um
um trauma ÓSSEO. Aqui, o ABAULAMENTO NÃO cefalo hematoma e a resposta correta, como ex-
ULTRAPASSA (RESPEITA) AS SUTURAS DO CRÂNIO. plicado, é a letra C.
Aqui, o abaulamento é SUBPERIOSTEAL. Normal-
mente, não é necessário qualquer tratamento,
sendo reabsorvida entre a 2ª semana e o 3º mês de ÎÎ EXAME DO CORDÃO UMBILICAL
vida, conforme o tamanho.
• DUAS ARTÉRIAS + UMA VEIA.

• Qual a anormalidade mais comum? Coto umbi-


lical com ARTÉRIA ÚNICA. Relacionado a quê? MÁ
FORMAÇÃO RENAL.

Gastrosquise x Onfalocele 

• “Onfalocele”: herniação do conteúdo abdo-


minal  ATRAVÉS DO ANEL UMBILICAL (LINHA MÉ-
DIA), possuindo um DEFEITO DE 3-10 CM, estando
geralmente RECOBERTO POR MEMBRANA PERI-
TONEAL. Além disso, ela POSSUI RELAÇÃO COM
- chuletasmedicas OUTRAS MAL FORMAÇÕES e ANOMALIAS CROMOS-
SÔMICAS ASSOCIADAS, como por exemplo, a Sín-
drome de Beckwith-Wiedemann (Onfalocele + Ma-
UFRJ 2016 croglossia + Gigantismo + Hipoglicemia refratária +
Nefroblastoma)
Recém nascido de parto vaginal, com periodo ex-
pulsivo prolongado apresenta abaulamento fir- • “Gastrosquise”:  herniação geralmente  À DIREI-
me, limitado ao osso parietal, sem descoloraççao TA DA CICATRIZ UMBILICAL, devido a DEFEITO DE
da pele do couro cabeludo, que respeita as linhas FECHAMENTO DA PAREDE ABDOMINAL, normal-
de sutura, percebido algumas horas após o parto. mente < 4 CM, NÃO RECOBERTO POR MEMBRANA
O sitio desse acometimento é: PERITONEAL. RARAMENTE associada a anomalias,
mas está mais relacionada a PREMATURIDADE.
a) Tecido mole.
b) Subdural.
c) Subperiósteo.
d) Subgaleal.

Aqui temos um recém nascido que, devido ao lon-


go período de trajeto no canal de parto deve ter
sido submetido a um trauma craniano que evo-
luiu com abaulamento que RESPEITA as linhas de

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Gastrosquise x Onfalocele Conduta? Intervenção cirúrgica PRECOCE.


Características Gastrosquise Onfalocele
ÎÎ RESPIRAÇÃO
Lateral ao cor-
Localização Anel umbilical
dão umbilical Sobretudo os PREMATUROS, possuem um padrão
Tamanho do chamado de “RESPIRAÇÃO PERIÓDICA”, caracteri-
< 4cm 3 a 10 cm
defeito zada por períodos de 10 a 15 segundos de movi-
Membrana de mentos respiratórios, intercalados por pausas com
Ausente Presente duração de 5 a 10 segundos cada, sem repercus-
revestimento
Alças Edema e sões cardiovasculares.
Normais
intestinais exudato
Esse quadro não deve ser confundido com a “AP-
Anomalias NEIA DA PREMATURIDADE”, em que criança terá
Rara 40 - 80%
associadas pausas respiratórias de > 20 SEGUNDOS OU BRA-
DICARDIA/CIANOSE. Entretanto, NÃO OCORRE NAS
PRIMEIRAS 24H de VIDA. Apesar de ser mais co-
mum nos Prematuros, sendo na maioria das vezes
IDIOPÁTICO, quando ocorre em um RN A TERMO,
significa sempre uma doença subjacente. Conduta
no quadro agudo? Estimulação tátil + Suporte ven-
tilatório. Conduta profilática? METILXANTINAS.

ÎÎ PELE

• Vérnix caseoso: material esbranquiçado encon-


trado em RN entre 34 e 36 semanas, também sen-
do identificado em RN a termo.

• Eritema tóxico:  Erupção cutânea comum, sen-


do descrita com semelhante a “PICADAS DE INSE-
TOS”, observada em cerca de METADE de bebês
RECÉM-NASCIDOS, sendo mais frequente em RN a
termo. Inicia-se geralmente no 2º dia de vida, em-
bora possa aparecer apenas poucas horas após o
http://gastrosquise-onfalocele.blogspot.com nascimento. Geralmente desaparece entre duas
semanas e quatro meses sem causar qualquer
complicação. Na avaliação histológica revela pre-
Atresia bilateral de coanas sença de EOSINÓFILOS.

Nessa anomalia congênita, o RN nasce com inca-


pacidade de respirar, pois nesta fase do desenvol-
vimento a respiração do indivíduo é exclusivamen-
te NASAL.

Quadro clínico?  DESCONFORTO RESPIRATÓRIO,


que MELHORA COM O CHORO, pois nesse momen-
to ela respira pela boca, além de PIORAR DURANTE
ALIMENTAÇÃO. Outro dado clássico é a IMPOSSIBI-
LIDADE DE PASSAR SONDA NASAL.  https://www.dermnetnz.org

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• Melanose pustular(“Pustulose transitória neo- • Milium sebáceo: encontrados em até 40% dos
natal”): erupção cutânea pustulosa autolimitada, RN, sendo pequenas PÁPULAS ESBRANQUIÇADAS,
mais comum nos negros. Pode estar presente ao desaparecendo em algumas semanas.
nascimento, sendo AUTO-LIMITADAS.

www.forestlanepediatrics.com
https://www.dermnetnz.org
• Miliária (“brotoeja”):  lesões vesiculares punti-
• Manchas mongólicas: mancha azulada ou azul- formes que representam a obstrução das glându-
-acinzentada, localizada na região lombar, náde- las sudoríparas, acontecendo geralmente na se-
gas e coxas proximais, observada em até 80% dos gunda ou terceira semanas de vida, associando-se
RN da raça nega ou asiática. a SUDORESE EXCESSIVA (clima quente, roupas em
excesso, febre)

https://www.dermnetnz.org
https://www.aocd.org/
• Acne neonatal:  surfem comedões, pápulas e
• Manchas Salmão: manchas róseas ou vermelhas pústulas, que desaparecem após semanas.
que se EXACERBAM DURANTE O CHORO. São tran-
sitórias e desaparecem

www.greenme.com.br
https://www.webmd.com

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FUCS-AL 2016 • Laboratório? Alargamento do TAP e  TTPa + Pla-


quetometria , TS e Fibrinogênio NORMAIS. 
A pele do recém-nascido normal pode apresentar
as seguintes características, exceto: • Profilaxia? Vitamina K, 1 mg, IM/SC, dentro de 1h
após o nascimento.
a) Milium sebáceo.
b) Hemangioma macular. • Tratamento? PLASMA FRESCO.
c) Eritema tóxico.
d) Máculas brancas.
e) Vérnix. Conjuntivite Neonatal
A miliária é uma condição comum que decorre da
obstrução de folículos sebáceos, predominando É a DOENÇA OCULAR MAIS COMUM neonato. 
em região nasal. Os hemangiomas maculares
também ocorrem sem maiores preocupações e • Quadro clínico? Edema, eritema, descarga puru-
se localizam principalmente em pescoço e pál- lenta conjuntival, com possibilidade de ruptura de
pebras. Já o eritema tóxico, mesmo que com um córnea e evolução para cegueira, bem como disse-
nome assustador, é uma condição benigna que minação e sepse.
se caracteriza por pequenas pápulas e pústulas
disseminadas pelo corpo do recém nascido, com • Agentes etiológicos? Pode ser provocado por di-
regressão ao longo do tempo. O vérnix caseoso é ferentes MO, sendo os principais:
uma massa esbranquiçada que recobre a super-
ficie cutânea nos primeiros dias e também não *Chlamydia trachomatis:  é o agente MAIS CO-
requer preocupaçõa. Das opções apresentadas, MUM,  iniciando o quadro entre 5 e 14 DIAS. Ou
apenas as máculas brancas não são comuns aos seja, é mais TARDIO.
recém nascidos, logo a alternativa correta é a le-
tra D. *Neisseria gonorrhea: inicia o quadro entre 2 a 5
DIAS. Ou seja, é mais PRECOCE.

Doença Hemorrágica Neonatal (DHN) • Profilaxia? É usado o NITRATO DE PRATA 1% (Mé-


todo Credê), na primeira 01h de vida, apenas para
profilaxia da conjuntivite GONOCÓCICA. Entretan-
O neonato apresenta DEFICIÊNCIA TRANSITÓRIA to, o próprio colírio pode causar uma CONJUNTI-
DE TODOS OS FATORES DE COAGULAÇÃO DEPEN- VITE ALÉRGICA, porém, com resolução completa
DENTES DE VITAMINA K (2,7,9,10), especialmente espontânea com 48h. Portanto, TODA CONJUN-
entre 2 e 10 dias de vida.  TIVITE QUE SE INICIA APÓS 48h deve ser avaliada
para possibilidade de infecção, colhendo SWAB
Isso ocorre por alguns motivos, dentre eles, o fato CONJUNTIVAL.
da vitamina K presente no leite materno ser inade-
quado para suprir a carência do período. Portanto, • Tratamento? 
bebês em aleitamento no seio materno são mais
propensos a manifestar DHN nesse período. Além *Conjuntivite por Clamídia: ERITROMICINA (cui-
disso, outro fator importante é que o intestino do dado com “Estenose Hipertrófica do Piloro”), VO,
neonato é estéril, e assim não há ainda flora bacte- por 6/6h, por 14 dias, além de irrigação ocular com
riana para sintetizar a vitamina K. salina fisiológica.
• Quadro clínico? Na sua forma clássica, apresen- *Conjuntivite por Gonococo: CEFTRIAXONE, dose
ta-se no período do 2º ao 10º dia de vida, com san- única, além da irrigação ocular com salina fisioló-
gramento pelo ouvido, nariz e boca, TGI, intracra- gica.
niano, cutâneo e nos sítios de punção.

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Enterocolite Necrosante (ECN) AMRIGS 2015

Doença caracterizada por graus variados de NE- Um recém nascido com 30 semanas de idade ges-
CROSE de mucosa e/ou de parede intestinal, po- tacional e com peso de 1200g estava irritado e re-
dendo evoluir para perfuração, peritonite e sepse. cusando o leite materno. No terceiro dia de inter-
nação na unidade de terapia intensiva neonatal,
• Fatores de risco?  ASFIXIA PERINATAL e PREMA- iniciou com dieta enteral. Após 4 dias, apresentou
TURIDADE. náuseas, vômitos e resíduo gástrico de aspecto
bilioso. Evoluiu para distensão abdominal e eva-
É tão mais frequente quantos menores a IG e o cuação de fezes com sangue. A radiografia sim-
PESO do recém-nascido. ples do abdome mostrava significativa distensão
de alças e pneumatose intestinal. O mais prová-
• Local mais acometido? ÍLEO DISTAL e CÓLON AS- vel diagnóstico para esse recém nascido é:
CENDENTE PROXIMAL.
a) Estenose hipertrófica do piloro.
A fisiopatologia baseia-se em três fatores funda- b) Hiperplasia adrenal congênita.
mentais. A presença destas três reunidas em um c) Atresia duodenal.
RN prematuro, favorece o desenvolvimento da ne- d) Enterocolite necrosante.
crose: e) Diverticulite de Meckel.

1) Isquemia intestinal Achado de sangue nas fezes e um recém nascido


2) Nutrição enteral agressiva (a alimentação com deve sempre nos fazer pensar no diagnóstico de
leite materno raramente está associada ao desen- enterocolite necrosante, porém aqui encontra-
volvimento da doença) mos achados tipicos que as bancas colocam nos
3) Micro-organismos patogênicos (de forma isola- enunciados para guiar a esse diagnóstico, sendo
da, não parecem ser preponderantes na incidência o de maior importância a PNEUMATOSE INTES-
de ECN) TINAL. Esse achado em um recém nascido com
sangue nas fezes praticamente fecha o diagnós-
• Quadro clínico? Geralmente o quadro se instala tico da doença em questão, principalmente se
nas primeiras DUAS semanas de vida. O RN apre- associado a sintomas de vômitos, distensão ab-
sentará recusa alimentar, vômitos biliosos, disten- dominal e estado geral comprometido progressi-
são abdominal, sangue nas fezes , peritonite/per- vamente. Dessa forma, a alternativa correta é a
furação/sepse. letra D.

• Radiografia de abdome?  PNEUMATOSES (ar na


parede das alças intestinais) Hipoglicemia Neonatal

• Conduta? Suporte em UTI + DIETA ZERO + Des- Nem sempre há uma correlação entre os níveis de
compressão nasogástrica + ATB de largo espectro glicemia e as manifestações clínicas clássicas dela.
+ Rastreio microbiológico. Portanto, normalmente são ASSINTOMÁTICOS, po-
dendo haver sintomas inespecíficos, devendo en-
• Cirurgia? Em alguns casos, como na perfuração. tão a glicemia ser SERIADA nos RN de RISCO!

• Quais são os RN de RISCO, GIG ou PIG?  OS DOIS,


pois quando GIG, maior o nível de INSULINA fetal,
de modo que quando nasce, que clampeia o cor-
dão, bloqueia a glicose, mas ainda está cheia de
insulina, fazendo hipoglicemia grave nas primeiras
horas. Já o PIG  também é de alto risco, pois não
possuem glicogênio suficiente. Além disso, seus
estoques de gordura e proteína também são redu-

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zidos, com capacidade reduzida para gliconeogê- Dessa forma, como a questão nos apresentou
nese. Temos ainda as causas MISTAS, em que  po- uma glicemia de 35mg/dL e a criança se encon-
demos citar asfixia, sepse, hipotermia, dificuldade tra assintomática, a resposta correta é a letra B,
respiratória, dentre outras como explicado.

• RNs assintomáticos com glicemia entre 25 e


45 mg⁄dL: alimentar,  preferencialmente com leite
materno, e repetir a dosagem da glicemia em 30- Síndrome Alcoólica Fetal
60 minutos.
Resultado do consumo de álcool durante a gesta-
• RNs sintomáticos ou com glicemia inferior a 25 ção, em que mesmo pequenos consumos podem
mg⁄dL: BOLUS + MANUTENÇÃO de glicose. A gli- levar a essas alterações
cemia deve ser estimada após 30 min e posterior-
mente a cada hora até que seu nível seja adequa- • Quadro clínico: PIG +  Microcefalia + LÁBIO SUPE-
do. RIOR FINO + FILTRO NASAL APAGADO E ALONGADO
+ PEQUENA ABERTURA DAS PÁLPEBRAS + Defeitos
NÃO SE DEVE ESPERAR RESULTADO DE GLICEMIA cardíacos.
PARA INSTITUIR TRATAMENTO EM PACIENTE SIN-
TOMÁTICO.

Caso os episódios hipoglicêmicos sejam REFRATÁ-


RIOS, opções terapêuticas adicionais serão neces-
sárias para manter os níveis glicêmicos, como por
exemplo, o GLUCAGON.

UNICAMP 2014 https://step2.medbullets.com


Nasce criança de termo, filho de mãe com dia-
betes gestacional, com peso ao nascer de 4100g. UNICAMP 2016
Exame físico com 1 hora de vida: neurológico
normal, aparente capacidade de sucção ativa. Menina, 3 meses, trazida por responsável pelo
Exames laboratoriais: Glicemia capilar 35mg/dL, abrigo, refere que a criança chegou há cerca de
Ht 59%. Após coleta de sangue para dosagem de uma semana, vinda diretamente da maternidade
glicose, a conduta correta é: onde foi acolhida logo após o nascimento. Mãe é
moradora de rua, tem cerca de 40 anos, alcoolista
a) Infusão rápida de glicose intravenosa a 10% e e usuária de drogas ilícitas, sem acompanhamen-
repetir a dosagem de glicose. to pré-natal. Parto foi natural, na rua, logo após a
b) Colocar o recém nascido para aleitamento ma- criança foi recolhida e a mãe desapareceu. Apre-
terno e repetir glicemia capilar. sentou baixo peso ao nascer e baixo ganho pon-
c) Aguardar o resultado para a decisão de como deral nestes 3 meses, sem intercorrencias. Exame
proceder. físico: peso, comprimento e perímetro cefálico no
d) Administrar fórmula láctea por sonda gástrica percentil 3 da curva de referência, fendas palpe-
e repetir a glicemia capilar. brais curtas, prega epicantica, lábio superior fino,
sem demais anormalidades. O diagnóstico mais
Toda criança filha de mãe diabética deve ter sua provável é:
glicemia extensivamente avaliada. Nos casos de
recém nascido com glicemia acima de 25mg/dl e a) Síndrome de Down.
assintomáticos, a conduta deve ser manter a die- b) Síndrome Alcoólica Fetal.
ta oral e repetir subsequentemente as glicemias c) Síndrome de Patau.
capilares sintomas, deve ser realizada infusão de d) Sindrome de Turner.
glicose parenteral.

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O contexto social da mãe já nos direciona forte- c) Persistência de cloaca; malformação da geni-
mente ao diagnóstico, ainda mais com os acha- tália ao exame perineal.
dos típicos da chamada SÍNDROME ALCOÓLICA d) Hidrometrocolpos; imperfuração himenal ao
FETAL. Nessa condição você deve estar atento à exame da região perineal.
descriçao de LABIOS FINOS e PÁLPEBRAS CURTAS,
que tradicionalmente são trazidas nos enuncia- Ora, um recém nascido do sexo feminino que ao
dos. Dessa forma, a alternativa que aponta o exame de ultrassonografia foi identificado com
diagnóstico é a letra B. útero bastante aumentado e que cursa com sin-
tomas de obstrução intestinal e urinária deve
ser portadora de uma condiçao conhecida como
Hidrometrocolpos HIDROMETROCOLPO, onde o útero anormalmen-
te acumula muito líquido adquirindo dimensões
Acúmulo de secreções no útero e na vagina, asso- tão volumosas a ponto de exercer compressão ex-
ciado a obstruções do trato genital. A criança apre- trínseca nas alças intestinais e nas vias urinárias.
senta imperfuração himenal, membrana vaginal As alterações mais encontradas ao exame físico
ou atresia vagina. dessas pacientes sãs as de obstrução em região
genital, como a atresia vaginal e o himen imper-
Os estrogênios maternos durante a gestação esti- furado. Logo, alternativa correta letra D.
mulam a secreção endometrial e cervical, promo-
vendo retenção de líquido na cavidade uterina.
Hemorragia Intraventricular e Leucomalácia
• Quadro clínico? Criança com ÚTERO DE DIMEN- Periventricular
SÕES AUMENTADAS, podendo ter ainda OBSTRU-
ÇÃO INTESTINAL e URINÁRIA.
• Hemorragia intraventricular? PRINCIPAL for-
ma de hemorragia intracraniana que acomete os
HOSPITAL PEDRO ERNESTO-RJ 2016 PREMATUROS DE BAIXO PESO.  O exame de esco-
lha para o rastreamento dessa condição é a USG
Lactente do sexo feminino, 1 mês de vida, é levada TRANSFONTANELA.
ao ambulatório de pediatria para primeira con-
sulta. Há 10 dias, apresenta aumento progressi- • Leucomalácia Periventricular? Áreas de necrose
vo do volume abdominal, constipação e redução focal na substância branca periventricular, promo-
do volume urinário. A mãe refere que a última vendo áreas de atrofia de parênquima e formação
ultrassonografia (USG) do pre-natal não foi nor- de cistos. Esta injúria à substância branca é provo-
mal, sendo solicitado um novo exame pelo médi- cada ou por alterações isquêmica ou infecções. O
co que a acompanhava. Trouxe para a consulta o melhor exame é a RESSONÂNCIA.
laudo de USG realizada há 2 dias , que evidenciou
hidronefrose bilateral, dilatação da bexiga e au-
mento importante do volume uterino. Ao exame
do abdome, foi observado que este era globoso a
inspeção, peristáltico, algo tenso, doloroso à pal-
pação e com presença de massa palpável em re-
gião hipogástrica, estentendo-se até epigástrio,
de difícil delimitação e consistência não endure-
cida. O diagnóstico mais provável e a alteração
do exame fisico a ser pesquisada nesse momento,
respectivamente, são:

a) Megacolon congênito; ausência de feze ao to- https://www.aboutkidshealth.ca


que retal.
b) Tumor de adrenal; genitália ambígua ai exame
perineal.

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HOSPITAL ANTONIO PEDRO - RJ 2016 • Síndrome de Pierre-Robin: é uma anomalia con-


gênita que o RN tem HIPOPLASIA MANDIBULAR +
O método mais apropriado para o diagnóstico FENDA PALATINA + DESLOCAMENTO POSTERIOR
de hemorragia intracraniana, que compromete DA LÍNGUA.
recém nascidos pré-termo de muito baixo peso é:

a) Tomografia Computadorizada de Crânio. UFRJ 2016


b) Exame de Líquido Cefalorraquidiano.
c) Ressonância Magnética de Crânio. Recém Nascido a termo, pequeno para a idade
d) Ultrassonografia de Crânio Transfontanela. gestacional, apresenta fronte oblíqua; hipotelo-
e) Radiografia Simples de Crânio. rismo ocular; fenda palatina; lábio leporino im-
portante; punhos cerrados; polidactilia de mãos
Prematuros e recém nascidos de muito baixo e pés com sobreposiçao do quinto quiridáctilo so-
peso estão sujeitos à hemorragias intracrania- bre o terceiro e o quarto; região plantar arquea-
nas, principalmente intraventriculares. O método da; genitália externa com criptoquirdia. O exame
mais adequados para pesquisa e graduação des- de imagem cranana revelou holoprosencefalia. O
sa condição é a ultrassonografia transfontanelar, relato é compatível com a síndrome de:
uma vez que não apresenta riscos ao paciente e
possui bons resultados diagnósticos. Assim, a res- a) Patau.
posta correta é a letra D. b) Edwards.
c) Klinefelter.
d) Turner.
Principais Síndromes Genéticas e) Cri du Chat.

• Síndrome de Down  (Trissomia do 21): Face Calma, são muitas características envolvidas
achatada, fenda palpebral oblíqua, epicanto, pele em muitas síndromes, então vamos setorizar o
abundante no pescoço, sulco entre o hálux e o se- raciocínio! Sempre que estiver diante de um RN
gundo artelho, hipotonia muscular generalizada com achados de holoprosencefalia, hipoteloris-
e reflexo de Moro débil. Estão mais propensos a mo ocular, fenda palatina e polidactilia, pense
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS, em que a principal em PATAU (trissomia do cromossomo 13). Quando
é o DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR. Além a questão lhe informar punhos cerrados e histó-
disso, possuem risco aumentado de DIMINUIÇÃO rias de malformações cardíacas sem os achados
DA CAPACIDADE AUDITIVA e HIPOTIREOIDISMO citados no Patau, devemos pensar em EDWARDS
CONGÊNITO.  (trissomia do 18), mas fique atento, pois o achado
de punhos cerrados pode fazer parte do espectro
• Síndrome de Patau (Trissomia do 13): LÁBIO LE- clínico do Patau quando em conjunto com as de-
PORINO/FENDA PALATINA, flexão dos dedos com mais alterações já citadas. A síndrome de Turner
polidactilia, pé arqueado, malformação cerebral se apresenta com os tão conhecidos estigmas de
(HOLOPROSENCEFALIA), microcefalia, microftal- pescoço alado, cubito em valgo, baixa implan-
mia,  HIPOTELORISMO ocular, anomalias genitais, tação das orelhas e cabelos e baixa estatura. O
cardíacas e viscerais. 90% morrem no primeiro ano Klinefelter se apresenta como alta estatura em
de vida. uma criança mais velha associado a hipogona-
dismo. Já o Cri du Chat tem o típico achado de
• Síndrome de Edwards (Trissomia do 18): baixo grito estridente que lembra o miado de um gato,
peso ao nascimento, punhos cerrados, pés chatos, dando nome à síndrome. Assim, a resposta corre-
microcefalia e malformações cardíacas e renais.  ta é a letra A.

• Cri du Chat (Choro do gato): ocorre por deleção


do BRAÇO CURTO do CROMOSSOMO 5, e tem como
marco o choro semelhante ao miado de gato.

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Atresia de esôfago (CAI) USP-RP 2015

• Quadro clínico pós-natal?  RN com SALIVAÇÃO Recém nascido com tosse e engasgo durante as
INTENSA + DIFICULDADE RESPIRATÓRIA + TOSSE/ mamadas. Acabou de apresentar um episódio de
CIANOSE/ENGASGOS + RESISTÊNCIA À PASSAGEM apneia durante a alimentação com cianose im-
DE SNG + ASSOCIAÇÃO COM OUTRAS MALFORMA- portante. Qual é o diagnóstico mais provável?
ÇÕES (Cardiovascular, Ânus imperfurado).
a) Atresida de Esôfago Proximal.
• Quadro clínico pré-natal? POLIDRÂMNIO. b) Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico.
c) Sepse por Estreptococo do Grupo B.
• Conduta imediata? SONDA NASOGÁSTRICA + RN d) Infecção Neonatal por Herpes Simples.
EM POSIÇÃO DE PRONA e) Estenose de Piloro.

• Cirúrgico? Fechamento da fístula (se associa- O achado precoce de tosse e engasgo que ocor-
da) + Anastomose primária  re DURNTE AS MAMADAS deve sempre levantar a
suspeita de atresia de esôfago. Dentre as atrasia,
a mais comum é a de esôfago proximal associada
(QUESTÃO SUS-SP) Qual o tipo de FÍSTULA TRA- a um fístula distal com a traqueia. Assim, a res-
QUEOESOFÁGICA MAIS COMUM associada? É a posta correta da questão é a letra A.
DISTAL/ TIPO C (CAI), e é por isso que esses pa-
cientes podem apresentar DISTENSÃO ABDOMI- CASA DE CARIDADE DE ALFENAS 2018
NAL, pois um pouco do ar que respira pode passar
pela fístula para o estômago.  O achado anatômico mais comum em uma crian-
ça com atresida de esôfago é:

a) Atresia de esôfago sem fístula associada (tipo


A).
b) Atresia de esôfago com fístula entre o esôfago
proximal e a traqueia (tipo B).
c) Atresia de esôfago com fístulas entre o esôfago
distal e a traqueia (tipo C).
d) Atresia de esôfago com fístulas entre o esôfago
proximal e distal e a traqueia (tipo D).

Talvez a questão mais cobrada em relação a esse


assunto! Sempre as bancas querem saber o tipo
mais comum de uma atresia de esôfago. Não res-
tam dúvidas de que o tipo mais comum é o C, ATRE-
SIA DE ESOFAGO PROXIMAL COM FISTULA DISTAL.
Vale lembrar que algumas questões colocam
uma radiografia com a bulha gástrica presente
ou ausente e pergunta sobre o tipo mais provável
de atresia. Quando a bulha gástrica está ausen-
https://www.aafp.org te, sabemos que ou não houve fistulização com a
traqueia, sendo apenas uma atresia (tipo A) ou a
fistulização foi apenas proximal (tipo B). A presen-
ça de bulha gástrica, por sua vez, nos direciona
para a presença de uma fistula com a traqueia,
permitindo a passagem de ar para o estômago.
Dessa forma, a resposta da questão se encontra
na letra C.

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Estenose Hipertrófica de Piloro  x Atresia Duo- UNICAMP 2018


denal
Menino, 42 dias de vida, é atendido na Unidade
As questões das provas pedem para diferenciá-las. de Emergência por apresentar vômitos há 5 dias.
Considerando o diagnóstico diferencial de este-
ÎÎ EHP nose hipertrófica de piloro, o resultado esperado
da gasometria e a dosagem de eletrólitos é:
• Após 1ª semana de vida, com sintomas ocorren-
a) Alcalose metabólica, hipocloremia e hipocale-
do gradualmente, em que um dos sinais é a perda
mia.
de peso apesar da fome. 
b) Alcalose respiratória, hipercloremia e hipoca-
• Mais comum em MENINOS (5:1)
lemia.
• Ambos vomitam, mas o vômito é NÃO BILIOSO,
c) Alcalose metabólica, hipercloremia e hiperca-
“EM JATO”.
lemia.
• Manutenção do apetite entre vômitos 
d) Alcalose respiratória, hipocloremia e hipocale-
• Desidratação + ALCALOSE METABÓLICA HIPO-
mia.
CLORÊMICA
• “OLIVA PILÓRICA PALPÁVEL” em hipocôndrio di- Na estenose hipertrófica de piloro, o paciente
reito.  não consegue transportar o resíduo gástrico de
• Em alguns casos também é possível observar forma adequada ao intestino por conta de uma
ONDAS PERISTÁLTICAS (“ondas de Kussmaul”) obstrução na parte inferior do estômago, logo
pelo abdome. o quadro clínico característico cursa com vômi-
• USG (“Sinal do Alvo”) tos NÃO biliosos que acabam por liberar muita
quantidade de ácido gástrico, levando ao qua-
Cd? Pilorotomia (Fredet-Ramsted) dro de uma alcalose metabólica hipoclorêmica
(uma vez que o principal ácido é o ácido clorí-
ÎÎ ATRESIA DUODENAL drico). O potássio por sua vez também é deple-
tado em decorrência do mecanismo de troca
• Já nascem com os sintomas, logo na primeira renal nas partes distais do nefron onde o potás-
mamada sio e o H+ são trocados pelo sódio; assim como
• Ambos vomitam, mas o vômito é BILIOSO o paciente está com pouco H+ para ser troca-
• Muito associado a outras condições: Sd.Down / do em decorrência das perdas gástricas acaba
Polidramnia / Prematuridade  que o íon mais utilizado nesse fim é o potássio,
• “SINAL DA DUPLA BOLHA” (RX) levando assim a um quadro de hipocalemia.
• Investigar outras malformações Dessa forma, a resposta correta é a letra A.
Cd? Duodenoduodenostomia UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARÁ 2017

Diagnóstico diferencial?  Por causar uma obstru- Paciente do sexo masculino, 8 semanas de vida,
ção alta, atresia duodenal  NÃO CAUSA distensão com história de vômitos em jato após amamen-
abdominal (diferencia da “atresia jejunoileal”) tação, desde 4 semanas de vida com perda pon-
deral importante, desidratação moderada e dis-
tensão de abdome superior. Ao exame: ondas
peristálticas visíveis em andar superior do abdo-
me e palpação de nodulação em quadrante supe-
rior direito de abdome. O diagnóstico provável é:

a) Estenose hipertrófica do piloro.


b) Atresia intestinal.
c) Torção intestinal.
d) Obstrução por Ascaris lumbricoides.
https://radiologyforstudents.wordpress.com e) Megacolon congênito.

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Criança por volta do segundo mês de vida que Certamente é uma ATRESIA DUODENAL. Mais cla-
evolui com vômitos pós mamada, distensão ro que isso só se o enunciado citasse o famoso
abdominal e percepção de movimentos peris- sinal da “dupla bolha”, mas não era necessário,
táltivos em epigastro associado a palpação de não é verdade?! Como curiosidade, na estenose
oliva pilórica só pode ter o diagnóstico de ES- hipertrófica de piloro os vômitos são típicamen-
TENOSE HIPERTRÓFICA DO PILORO. Vale lem- te NÃO BILIOSOS devido a altura da obstruçã que
brar que o grande diferencial dessa condição não permite o retorno de secreção biliar para o
é com a atresia duodenal, mas nesta condiçao estômago e o quadro tende a ocorrer algumas
não se palpa a oliva pilórica, os vômitos tendem semanas após o parto. Já o volvo gástrico se ca-
a ser BILIOSOS e os sintomas aparecem mais racteriza pela tríade de borchadt com dor abdo-
precocemente. O tratamento da EHP consiste minal, náuseas com pouco ou nenhum vômito e
em pilorotomia por meio da técnica de Fredett dificuldade na passagem de songa nasogástrica.
Ramsted. Assim, a resposta correta é a letra A. Assim, o gabarito correto da questão é a letra D.

UNIVERSIDADE ESTADAIAL DO PARÁ 2018


Íleo Meconial 
O sinal da “dupla bolha” na radiografia simples
AP de abdome em ortostatismo é patognomônico
de: (Questão Unifesp) Menino de 2 dias de vida com
antecedente de polidrâmnio. Apresenta DISTEN-
a) Pâncreas anular. SÃO ABDOMINAL desde o nascimento SEM ELIMI-
b) Duplicação do duodeno. NAÇÃO DE MECÔNIO. A radiografia de abdome
c) Estenose hipertrófica do piloro. evidenciou alças dilatadas com pouco nível hi-
d) Atresia duodenal. droaéreo e aspecto em VIDRO MOÍDO, além de
e) Fístula traqueoesofágica. ausência de pneumoperitônio. Qual a principal
hipótese e conduta inicial?
Questão direta sobre o principal achado radio-
gráfico da ATRESIA DUODENAL, o sinal da dupla ÍLEO MECONIAL é uma condição decorrente de
bolha que reflete a presença de gás no estôma- intenso espessamento meconial, ocasionando
go distendido e também no duodeno. Grave essa preenchimento de grade parte do intestino delga-
informação, pois certamente é a mais valiosa do por mecônio viscoso e espesso. Todavia, é na
quando se trata de atresia duodenal. Resposta porção terminal do íleo que este material se en-
correta é a letra D. contra em maior quantidade e se torna impacta-
do, determinando obstrução intestinal. É portanto
HC DO PARANÁ 2014 uma causa de obstrução intestinal congênita.

Considere o seguinte quadro clínico: vômitos bi- Apesar de não ser citado no enunciado, a FIBROSE
liosos nas primeiras 24 horas de vida, resíduo CÍSTICA é uma condição predisponente.
gástrico maior que 30ml, distensão epigástrica,
icterícia, polidrâmnio, eliminaçao anormal de A CONDUTA INICIAL nesse caso, em que não há
mecônio e prematuridade. Esse quadro deve con- evidência de perfuração (sem pneumoperitônio)
duzir a que hipótese diagnóstica? ou peritonite, pode ser abordado inicialmente
com ENEMA, o que costuma facilitar a expulsão
a) Atresia de esôfago. no mecônio. A abordagem cirúrgica também está
b) Megacolon congênito. indicada diante da falha dessa tentativa, além de
c) Atresia de cólon. também ser na presença de complicações.
d) Atresia duodenal.
e) Volvo gástrico.

Distensão abdominal com vômitos BILIOSOS


em um recém nascido que acabou de nascer?

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Hiperplasia Adrenal Congênita • Mais de 3 horas por dia, no mínimo 3 vezes por
semana, por pelo menos 3 semanas
Distúrbio autossômico recessivo. Quando precoce, • Desaparecem por volta do 3 mês de idade
é a MAIOR causa de GENITÁLIA AMBÍGUA na mulher
(causa clássica de ‘Pseudo-hermafroditismo femi-
nino’). A maior causa da hiperplasia adrenal con- DRGE
gênita é a DEFICIÊNCIA DE 21-HIDROXILASE. A alte-
ração enzimática impede a produção adequada de Lembrar que os lactentes podem apresentar RE-
glicocorticoides, estimulando a secreção de ACTH FLUXO FISIOLÓGICO, apresentando resolução
com consequente hiperplasia do córtex adrenal e espontânea na maioria dos casos até 1 a 2 anos,
aumento de andrógenos e seus precursores (exp. e assim. nem todos vão receber o diagnóstico de
17-OHP), o que leva ao desenvolvimento de ge- DRGE. Espaçar o aleitamento e posicionar o RN de
nitália ambígua. Em 75% dos casos, a deficiência forma adequada, são boas estratégias.
compromete também a produção de mineralocor-
ticoides (“forma clássica perdedora de sal”), com • Quando pensar em DRGE?  DÉFICIT NO GANHO
hipotensão, hiponatremia, hipercalemia e acidose DE PESO OU CRESCIMENTO, SIBILÂNCIA, ESOFAGI-
metabólica. Dx? pela dosagem de 17-OHP aumen- TE, etc.
tada.
• Drogas prócinéticas? Não mostraram benefício.
• Hx clássica de HSRC (PEDIATRIA): criança que Esofagite erosiva grave? IBP.
não fez o teste do pezinho com “edema de clítoris”
ou “apresentando vômitos incoercíveis e hipoten-
são”. Laboratorialmente, apresentará HIPOGLICE- Síndrome da Morte Súbita do Lactente
MIA + HIPERCALEMIA + HIPONATREMIA.  Condu-
ta?  reposição urgente com HIDROCORTISONA e Sabe-se alguns FATORES DE RISCO que aumentam
FLUDROCORTISONA (mineralocorticoide), além de a prevalência dessa doença. São eles:
VOLUME para manejo do eventual choque.
• TABAGISMO pela mãe ou contactantes
• Hx de HSRC “não clássica” de aparecimento • Ambiente de dormida com COBERTAS, TRAVES-
tardio:  mulher jovem, com amenorreia primária, SEIROS, etc.
nos casos em que seja uma HSRC de apresentação • Dormir em posição de PRONA (decúbito ventral)
tardia. Mostrará uma mulher com sinais de  hipe- • NÃO AMAMENTAÇÃO
randrogenismo, porém, laboratorialmente apre-
sentará 17-OHP aumentada, além do aumento de Sabe ainda que as CHUPETAS SÃO FATORES DE
andrógenos. PROTEÇÃO.  Além disso, recomenda-se que , nos
primeiros meses, durmam NO MESMO QUARTO
DOS PAIS MAS EM CAMAS SEPARADAS.
Cólicas do lactente

Queixa bastante frequente, tratando-se de dor


abdominal aguda, espasmódica, manifestada por
ataque paroxístico de choro forte, agudo e estri-
dente, que normalmente ocorre no período que
corresponde a fase de adaptação do sistema ner-
voso e do aparelho digestivo imaturo do bebê.

De acordo com os “critérios de Wessel” (REGRA


DOS TRÊS)

• Paroxismos de irritabilidade, agitação e choro 

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Cisto Tireoglosso • Diferencial?

Criança com um nódulo no pescoço, indolor, mó- Higroma Cístico (Linfangioma): que vai ser MAIOR
vel à deglutição e também à protrusão da língua, e CERVICAL POSTERIOR, além de ter relação com
na LINHA MÉDIA. doenças cromossomiais. Pode comprimir estrutu-
ras adjacentes, além de poder infeccionar e san-
• Causa? Persistência do forame cego. grar. Conduta? Cirúrgico (2-6 meses de vida) ou
agentes esclerosante.s

https://pedclerk.uchicago.edu

• Complicações? Infecção, fístulas e malignidade. 

• Diagnóstico? É clínico, mas pode utilizar USG e


TC (padrão-ouro) 

• Tratamento? CIRURGIA DE SISTRUNK (CAI), que


consiste na ressecção de todo o trajeto do cisto, in-
cluindo o osso hioide. 

Radiol Bras. 2009 Set/Out;42(5):299–302

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HOSPITAL DE SAO JOSE DOS CAMPOS 2018) • Conduta? Se antes de 9 meses, pode tentar hCG
IM ou GnRH IM, acelerando a descida. Passou de 9
Arthur tem 4 anos de idade e apresenta um tumor meses? CIRURGIA (ORQUIDOPEXIA).
de 2cm, cístico, móvel, sem sinais flogísticos, lo-
calizado na linha média do pescoço. O diagnósti-
co mais provável é: UFRJ 2018

a) Cisto dermóide. Durante a consulta de rotina de um lactente eu-


b) Cisto tireoglosso. trófico de 8 meses, observa-se que a hemibolsa
c) Cisto linfático. escrotal direita está vazia, hipoplásica e o testícu-
d) Rânula. lo é palpado na região inguinal ipsilateral. O tes-
tículo esquerdo é tópico e tem fimose. A conduta
Sempre é o que mais é cobrado nesse assunto! é:
Massa cística, assintomática em linha média
do pescoço certamente é um CISTO TIREOGLOS- a) Realizar ultrassonografia da bolsa escrotal e
SO. Vale lembrar que o higroma tende a ser bem região inguinal.
maior, realizando efeito compressivo e se locali- b) Obter um cariótipo e avaliaçao endocrinológi-
za em região cervical posterior, enquanto o cisto ca.
branquial tende a ser localizado em regiões la- c) Indicar realização de uma orquidopexia direita.
terais do pescoço. Logo, a alternativa correta é a d) Aguardar descida testicular até um ano de ida-
letra B. de.

FUNÇÃO JOAO GOULART-RJ 2018 Aqui vemos uma criança com testículo direito fora
da bolsa escrotal, porém palpável. Assim, como
A cirurgia descrita por Sistrunk, em 1928, é reali- podemos palpá-lo, não é necessária a realização
zada para o tratamento de: de exames como a ultrassonografia, podendo
partir direto para a orquidopexia principalmen-
a) Pâncras anular. te após os 9 meses, idade a partir da qual o risco
b) Higroma cístico. de infertilidade e malignização começa a ocorrer.
c) Cisto Tireoglosso. Vale lembrar que antes dos 9 meses o risco de
d) Estenose hipertrófica de piloro. lesões iatrogênicas é maior, devendo postergar
além dessa faixa etária. O detalhe é que algumas
Aqui uma questão bem direta que cobra o nome fontes citam o ponto de corte como sendo 6 me-
da cirurgia tradicionalmente realizada no CISTO ses e não 9 meses, o que certamente foi utilizado
TIREOGLOSSO, a cirurgia de Sistrunk, onde se pelo autor da questão. Dessa forma, resposta cor-
disseca e retira completamente o cisto, o trajeto reta letra C.
fistuloso e a parte central do osso hióide. Assim,
resposta letra C.
Fimose

Criptorquidia A principal causa são as aderências fisiológicas, e


podemos tolerar ATÉ 03 ANOS.
É a NÃO DESCIDA TESTICULAR, em que na maioria
das vezes é o DIREITO. • Conduta? 
Pode tentar o CTC por 06 semanas
• Até quando esperar?    PREOCUPA quando não Não resolveu? Postectomia (3-10 anos)
desceu a partir de 9 MESES, pois pode ter uma DE-
GENERAÇÃO MALIGNA além de poder dar INFERTI- • Quando vai fazer postectomia SEMPRE?
LIDADE. Fimose cerrada
ITU/Balanite de repetição

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• Parafimose? É uma COMPLICAÇÃO das tentativas


de redução manual. É uma URGÊNCIA UROLÓGICA,
devendo fazer uma REDUÇÃO MANUAL IMEDIATA,
se não a glande pode isquemiar. Caso não tenha
sucesso, pode-se fazer uma incisão do anel. 

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S U M Á R I O

C A P Í T U L O 1 C A P Í T U L O 9
TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA................................ 3 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA................................34

C A P Í T U L O 2 C A P Í T U L O 1 0
SAÚDE DO TRABALHADOR.....................................10 NÍVEIS DE PREVENÇÃO...........................................37

C A P Í T U L O 3 C A P Í T U L O 1 1
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS................................17 PROCESSO EPIDÊMICO..........................................39

C A P Í T U L O 4 C A P Í T U L O 1 2
ANÁLISE DOS ESTUDOS.........................................22 SUS..........................................................................42

C A P Í T U L O 5 C A P Í T U L O 1 3
VARIÁVEIS...............................................................27 EUTANÁSIA.............................................................52

C A P Í T U L O 6 C A P Í T U L O 1 4
PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.................................28 DECLARAÇÃO DE ÓBITO.........................................53

C A P Í T U L O 7 C A P Í T U L O 1 5
TESTE DIAGNÓSTICO..............................................29 ERRO MÉDICO.........................................................56

C A P Í T U L O 8
FASES DOS ESTUDOS COM MEDICAMENTOS........33

O vasto conteúdo médico está em constante renovação, e por isso, a equipe do medicinaprática esclarece que este material
possui como intuito principal a aprovação na prova de residência médica. Dessa forma, não aconselhamos que o mesmo seja
utilizado como principal fonte bibliográfica para a prática médica propriamente dita.

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C A P Í T U L O 1

TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
São medidas que contêm informações relevantes no tempo X e lugar Y / População exposta ao risco
sobre como anda o sistema de saúde.  na mesma área e período x 1.000. 

Nós trabalhamos mais com as medidas relativas,


construídas a partir de dois fatos ou eventos,  per- (Questão Unifesp) Quantos doentes terão numa
mitindo comparações e levantamento de priorida- população de 100 pessoas com prevalência de
des. Possuem COEFICIENTES e ÍNDICES. 10% de determinada doença e incidência de
10%? DEZENOVE. A incidência só vai atuar no SA-
Coeficiente =   Taxa = RISCO (exp. risco de morte DIOS. Se diz que numa população hipotética de
em pessoas com mais de 50 anos numa popula- 100 pessoas, uma prevalência de uma doença era
ção). de 10%, e que a incidência no ano foi de 10%, só
vai agir nos sadios, q eram os 90%. Ou seja, 10 + 9
Índice = PROPORÇÃO (exp. proporção de mortes doentes, numa população hipotética de 100.
em pessoas com mais de 50 anos,num numero to-
tal de mortes)
O que ocorre quanto melhor for um teste DIAG-
NÓSTICO para determinada doença? A incidência
Coeficientes vai AUMENTAR, pois novos casos serão descober-
tos.
Aqui, o NUMERADOR É DIFERENTE DO DENOMINA-
DOR. A prevalência é como se fosse um POTE em que se
colocam TODOS os casos, independente de serem
ÎÎ 1) COEFICIENTE DE MORBIDADE novos ou não. O que pode AUMENTAR a prevalên-
cia?
Risco que essa população EXPOSTA tem de ADOE-
CER em determinado local e ano.  •• INCIDÊNCIA
•• IMIGRAÇÃO DE DOENTES
O COEFICIENTE DE PREVALÊNCIA indica a relação •• DIMINUIÇÃO DA MORTALIDADE POR DOENÇAS
entre o número de casos de uma doença e a popu- CRÔNICAS 
lação, num determinado período de tempo, INDE-
PENDENTE de serem casos novos ou antigos. Nú-
mero de casos conhecidos (novos + antigos) no (Questão) Quando dou uma droga eficaz que
tempo X e lugar Y/ População exposta ao risco na controla a condição de base, mas que NÃO CURA.
mesma área e períodos x 1.000 Ou seja, nem cura, nem mata, mas controla. O
que acontece com a prevalência? Ele continua ali
Porém, essa fórmula é engessada, devido a algu- dentro do balde, então, AUMENTA a prevalência.
mas doenças que não são constantes. Por isso,
temos o COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA (ou “Coefi-
ciente de ATAQUE”), que mede a frequência de ca- O que pode DIMINUIR a prevalência?
sos NOVOS em tal doença em determinado local e
tempo. É o melhor indicador para calcular o risco •• MORTE
de uma pessoa vir a ter determinada doença que •• EMIGRAÇÃO DE DOENTES
incide numa população. Número de casos NOVOS •• CURA

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 A prevalência nem sempre vai ser maior que a in- D) Não é possível comparar as taxas antes de
cidência. Por exemplo, Ebola na África, a prevalên- padronizá-las segundo complexidade do atendi-
cia vai ser baixa em determinado período avaliado, mento.
mas a incidência alta, porque a pessoa tem e mor-
re. Por isso, na relação entre prevalência e incidên- Comentário: Questão tranquila. A taxa de mor-
cia existe uma variável, a DURAÇÃO da doença. Por talidade neonatal precoce SE RELACIONA sim,
isso, o macete para a morbidade é PREVALÊNCIA diretamente com a qualidade dos serviços hospi-
= INCIDÊNCIA x DURAÇÃO (P=I.D).  Por isso, em talares, enquanto a mortalidade infantil pós-neo-
doenças AGUDAS (exp. Dengue), novas, que estão natal se relaciona a condições como saneamento
chegando, o melhor para avaliar é a INCIDÊNCIA. básico, ambiente familiar, vacinação, etc (alter-
Já nas CRÔNICAS (exp. TB), a PREVALÊNCIA. nativa A incorreta). A letra B está incorreta pois a
taxa de mortalidade neonatal precoce é a razão
ÎÎ 2) COEFICIENTE DE MORTALIDADE entre as mortes nos primeiros 7 DIAS (alternativa
B incorreta). Não podemos dizer que a maternida-
Risco que essa população EXPOSTA tem de MOR- de do hospital universitário apresenta maior risco
RER. de morte entre nascidos vivos, se muito provavel-
mente esse hospital deva receber casos de bem
A  MORTALIDADE GERAL/BRUTA NÃO SERVE para mais alta complexidade do que um hospital de
se tomar como base para comparar a qualidade em uma pequena cidade do interior, que deve enca-
regiões diferentes! Pois possuem estruturas etá- minhar os casos mais complicados. Dessa manei-
rias. Não dá pra comparar Brasil/Noruega, RJ/SP.  ra, não é possível comparar antes de padronizar
Se quisesse comparar, teria que fazer a PADRONI- as taxas segundo complexidade do atendimento.
ZAÇÃO da idade, pois uma taxa de mortalidade ge-
ral tanto pode estar associada a baixas condições Resposta: letra D.
socioeconômicas, como uma proporção maior de
pessoas idosas na população.  Número de óbitos
em local Y e tempo X / População EXPOSTA ao ris- OBS:  é meio que padronizado a proporção que
co no mesmo local e tempo x 1.000 quando Geral e Infantil é em 1.000, já a  Materna
é para 100.000

UNICAMP 2017
Portanto, apenas pelo coeficiente de mortalida-
Foi avaliada a taxa de mortalidade neonatal de, não tenho como avaliar se a taxa indica algo
precoce em duas maternidades, uma em hos- bom ou ruim, pois não tem a capacidade de dizer
pital universitário (12 por 1000 nascidos vivos) e se quem morreu mais foi jovem ou idoso. Então,
de uma em uma pequena cidade do interior (8 esse índice NÃO AVALIA QUALIDADE DE VIDA, não
por 1000 nascidos vivos). EM RELAÇÃO ÀS CON- servindo para nada praticamente.
CLUSÕES QUANTO À QUALIDADE DOS SERVIÇOS É
CORRETO: Porém, na mortalidade, a gente pode ESPECIFICAR
a mortalidade em determinada população, seja
A) A taxa de mortalidade neonatal precoce não se por CAUSA (Morte materna,   AIDS, etc.) ou IDADE
relaciona diretamente com a qualidade do servi- (Mortalidade infantil, exp.). É  a MORTALIDADE ES-
ços hospitalares e sim a mortalidade infantil pós- PECÍFICA:
-neonatal.
B) A taxa de mortalidade neonatal precoce é a ra- •• MORTALIDADE MATERNA: óbitos decorrentes
zão entre as mortes nos primeiros 28 dias a cada da GRAVIDEZ, PARTO e PUERPÉRIO (até 45d), IN-
1000 nascidos vivos. DEPENDENTE da duração ou da localização da
C) A maternidade do hospital universitário apre- gravidez. Número de óbitos por causas maternas
senta maior risco de morte entre os nascidos vi- (Diretas + Indiretas) / Número de nascidos vivos x
vos da cidade. 100.000

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A morte materna pode ser DIRETA (diretamente *Perinatal (natimorto IG > 22 semanas + < 7 dias
relacionada a gravidez/parto/puerpério), muito de vida): no denominador , entram os  VIVOS +
MAIS FREQUENTE que a indireta. AS causas MAIS MORTOS. 
COMUNS de morte materna direta no Brasil são:
*Pós-neonatal (ou “INFANTIL TARDIA”; entre 28
1) DHEG dias e 1 ano): denominador só nascidos vivos.
2) HEMORRAGIA Aqui, além do pré-natal, avalia o MEIO AMBIENTE
3) INFECÇÃO em que a criança vive. Isso inclui a família, sanea-
mento, vacinação, etc.
Essas causas são EVITÁVEIS e não deveriam ocor-
rer, e por isso, são de NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA *Infância (até 05 anos): Aqui, o principal são CAU-
todos os casos de óbito materno. É INDICADOR DE SAS EXTERNAS.
QUALIDADE DE VIDA.
Antigamente, o PÓS-NEONATAL era a maior taxa,
Pode também ser INDIRETA, onde existia uma já que se morria muito de Infecções, falta de alei-
doença prévia, e ela foi piorada pela gravidez/par- tamento, saneamento, etc. Já hoje, no Brasil, a
to/puerpério. Exp: Estenose mitral (clássico). São maioria morre no NEONATAL  (mais da metade),
causas INEVITÁVEIS. na PRIMEIRA SEMANA DE VIDA (neonatal precoce).
Isso é um sinônimo de desenvolvimento e redução
Importante:  Causas VIOLENTAS/EXTERNAS NÃO na taxa de mortalidade infantil, pois representam
SÃO CAUSAS MATERNAS, NÃO ENTRANDO NO CÁL- causas de difícil intervenção. Portanto, o “PÓS-
CULO. São as chamadas “Mortes maternas não -NEONATAL” é o INDICADOR DE MAIOR ACURÁCIA
obstétricas”. Exceções? Morte por “Abortamento PARA AVALIAR CONDIÇÕES DE VIDA E SAÚDE EM
provocado” e “Suicídio por psicose puerperal”.  UMA POPULAÇÃO. Assim, podemos dizer que ele é
o componente MAIS FÁCIL de reduzir, enquanto o
“Morte Materna TARDIA”? Mortes de mulheres por Neonatal é o MAIS DIFÍCIL. 
causa obstétrica direta ou indireta, que ocorra en-
tre 45 dias e 01 ano depois do término da gravidez. As principais causas de Mortalidade Infantil no
Brasil são hoje (CAI):
•• MORTALIDADE INFANTIL: mede a probabilidade
que uma criança nascida viva tem de morrer antes 1 - Causas PERINATAIS
de completar 1 ano de idade. Número de óbitos < 2 - Má formações congênitas 
1 ano / Número de nascidos vivos x 1.000 3 - Respiratórias
4 - Infecto-parasitárias
Assim como a mortalidade materna, a infantil é um
EXCELENTE INDICADOR DO NÍVEL DE VIDA. Por •• O que fazer para melhorar o perinatal/neona-
isso, também possui NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. tal?  PRÉ-NATAL.
•• A mortalidade infantil é um pouco mais alta em
(CAI) Esse coeficiente pode ser subdividido ainda meninos que em meninas.
conforme a faixa etária: •• Em crianças com mais de 01 ano de idade, a prin-
cipal causa é CAUSA EXTERNA.
*Neonatal (total - < 28 dias /  precoce - <7 dias /
tardia - 7 a 27 dias): No denominador só vai entrar ÎÎ 3) COEFICIENTE DE LETALIDADE
os nascidos vivos, pois os natimortos nem chega-
ram a entrar na população de risco.  Olha apenas o risco de DOENTES, morrerem. Nú-
mero de óbitos por tal doença no tempo X e lugar
*Natimortalidade  (natimorto 22 semanas ou y / Número de doentes de tal doença na mesma
mais de gestação): Aqui no denominador entram área e período x 100
os VIVOS + MORTOS. 

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Ela avalia a GRAVIDADE da doença, para ser capaz Índices


de levar o indivíduo acometido à morte.
ÎÎ 1) ÍNDICE DE MORTALIDADE
Exp de doença com 100% de letalidade = RAIVA.
Na  MORTALIDADE PROPORCIONAL, por ser um
ÍNDICE,  o NUMERADOR É IGUAL O DENOMINA-
SES-GO 2019 DOR.  Número de óbitos por (IDADE ou CAUSA) /
Número total de óbitos, excluídas os de Idade ou
As taxas de letalidade (L), mortalidade (M) e in- Causa ignoradas x 100
cidência (I) estão relacionadas por uma fórmula
na qual, conhecendo-se dois de seus elementos, Cuidado: NÃO CONFUNDIR ÍNDICE de mortalidade
pode-se estimar o terceiro. Mas as condições para infantil com COEFICIENTE de mortalidade infantil. 
sua aplicação exigem estabilidade de incidência
da doença. A fórmula em questão é: •• POR IDADE
A) L = M/I. Temos um EXCELENTE INDICADOR DO NÍVEL DE
B) L = I/M. VIDA, o “ÍNDICE DE SWAROOP-UEMURA” (ISU),
C) M=L/I. que é a  proporção de morte acima ou igual a 50
D) M=I/L. anos. Número de óbitos > ou = 50 anos / número
total óbitos.   A DIFERENÇA dele para os outros é
Comentário: O coeficiente de letalidade é dado que QUANTO MAIS ALTO, MELHOR! Por quê? Idoso
pela razão entre os óbitos dentre os doentes. Ga- “tem mais é que morrer”, jovem e criança não. Tem
barito: uma relação com o desenvolvimento socioeconô-
mico do país. 
Letra A.
- 1º nível (Países desenvolvidos): ISU > 75%
- 4º nível (Países desenvolvidos): ISU < 25%
Principais Sistema de Informação de Saúde
Hoje, o Brasil , é de ISU de PRIMEIRO NÍVEL, com
•• SIM (Sistema de Informações sobre Mortalida- mais ou menos 76% de ISU.
de): alimentada pelas D.O.

•• SINASC (Sistema de Informações sobre Nasci-


dos Vivos): alimentada pela Declaração de Nasci-
dos Vivos.

•• SINAN (Sistema de Informação e de Agravos de


Notificação): alimentada pela notificação compul-
sória. 

•• SIAB (Sistema de Informação da Atenção Bási-


ca: está sendo substituída pelo e-SUS AB. 

•• SIH: alimentada pelas AIH,  mas tendo relação


apenas com hospitais do SUS, seja público ou con-
veniado. 

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FAMERP 2019 a) 20,8%, 34% e 35%


b) 20,8 por mil crianças de zero até um ano de
O município X possuía, em 2017, os seguintes da- vida, 12,5% do total de óbitos, 3,4%
dos demográficos, de nascimentos e óbitos: c) 18,6/por mil nascidos vivos; 34/por mil habitan-
tes de 80 anos e mais e 35%
Tabela 1: d) 18,6/por mil habitantes; 35% por habitante e
População por faixa etária e sexo (2017) 34/por mil habitantes
FAIXA ETÁRIA MASCULINO FEMININO Comentário: Essa questão nos pede 3 informa-
< 1 ano 419 378 ções. O coeficiente de mortalidade infantil nada
1a4 1561 1452 mais é do que os óbitos de zero até 1 ano de vida
5a9 1947 1764 dividido por mil nascidos vivos. Então fica 10/537
= 0,0186 x 1000= 18,6/por mil. Coeficiente de mor-
10 a 14 2002 1695
talidade aos 80 anos ou mais é igual ao número
15 a 19 1668 1431 de óbitos nessa faixa etária dividido por 1000 pes-
20 a 29 2399 2097 soas dessa faixa etária. 6/176 x 1000= 34/ por mil
30 a 39 1560 1417 habitantes ou mais. O ISU é dado pelo número de
40 a 49 898 722 óbitos em pessoas com 50 anos ou mais dividido
pelo total de óbitos em percentual. 17/48 x 100=
50 a 59 540 462
35%. Resposta: Letra C.
60 a 69 308 231
70 a 79 135 112
80 anos e + 90 86 Além do ISU, temos as “CURVAS DE NELSON MO-
TOTAL 13527 11847 RAES”, que também AVALIAM QUALIDADE DE VIDA,
de acordo com índices de mortalidade por idade.
Tabela 2: - Curva tipo 1 (nível de saúde MUITO BAIXO): mor-
Nascimentos e óbitos de crianças de zero até re muita criança e jovens. CHAMADA DE CURVA EM
um ano de vida de 2017 “N”.
ANO NASCIMENTOS ÓBITOS - Curva tipo 2 (nível de saúde BAIXO): morre muita
2017 537 10 criança. CHAMADA DE CURVA EM “L” ou “J inverti-
do”.
- Curva tipo 3 (nível de saúde REGULAR): começa
Tabela 3:
a elevar a mortalidade em >50, mas a infantil ainda
Óbitos de residentes segundo faixa etária 2017 é alta. CURVA EM U ou V. 
FAIXA ETÁRIA ÓBITOS DE RESIDENTES - Curva tipo 4 (nível de saúde ELEVADO):  predo-
< 1 ano 10 mínio da mortalidade em indivíduos com > 50.
De 1 a 4 2 CURVA EM “J”.
De 5 a 9 1
De 10 a 19 2 MACETE: NÃO LEMBRO UM JEITO para guar-
De 20 a 49 16 dar (NLUJ)
De 50 a 79 11
80 anos e + 6
TOTAL 48

Baseado nestes dados, calcule o Coeficiente de


Mortalidade Infantil, o Coeficiente de Mortalida-
de de 80 anos e mais e o Indicador de Swaroop-
-Uemura:

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Causa (CAI) •• Quais as NEOPLASIAS MAIS COMUNS nos HO-


MENS? Próstata e Pulmão. Quais as MAIS COMUNS
•• Qual grupo de doenças que mais mata no Bra- nas MULHERES? Mama e Colo uterino. 
sil?  CIRCULATÓRIO -> CÂNCER -> CAUSAS EXTER-
NAS (Dica: Cir-Ca-Cex)  •• DE 1 a 39 ANOS, O QUE MAIS MATA? CAUSAS EX-
TERNAS. QUAIS?  HOMENS  (Agressão/Homicídios)
•• Qual mata mais quando olho APENAS OS HO- / MULHERES (Acidente de transporte) / ATÉ OS 14
MENS? CIRCULATÓRIO  -> CAUSAS EXTERNAS -> ANOS HOMEM OU MULHER (Acidente de transpor-
CÂNCER te).

•• Qual mata mais quando olho APENAS AS MU- •• O que mais “rouba número de anos potenciais
LHERES? CIRCULATÓRIO -> CÂNCER -> RESPIRA- de vida”? CAUSAS EXTERNAS.
TÓRIAS -> CAUSAS EXTERNAS
 

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•• Quem morre mais por causas externas, Ho- o estreitamento da base pela queda na taxa de fe-
mens ou Mulheres? Jovens ou Idosos? HOMENS cundidade, e o alargamento do ápice pela queda
JOVENS. na mortalidade.

•• Quem se suicida mais? Mulheres jovens TENTAM


MAIS, mas os Homens Idosos MORREM MAIS. Transição Epidemiológica

Extra Substituição das doenças Transmissíveis (doen-


•• Doença de notificação compulsória de maior ças infecto-contagiosas e parasitárias - DIP) para
INCIDÊNCIA no Brasil? DENGUE.  as Não transmissíveis (crônico-degenerativas) +
Externas
•• Acidente por animal peçonhento de maior IN-
CIDÊNCIA? ESCORPIÃO.  Em outra visão, vê que o Brasil ainda tem uma TRI-
PLA CARGA DE DOENÇAS: crônicas (aumentando
•• Principais causas de internação no SUS? Gravi- cada vez mais), externas (aumentando cada vez
dez, parto e puerpério -> Doenças respiratórias. E mais) , infecciosas (reduzindo, embora ainda im-
em homens? Respiratórias.  portante)
•• Principais causas de internação por causas ex- Portanto, o Brasil também apresenta uma mortali-
ternas no SUS? Queda -> Acidente de transporte.  dade proporcional por causas externas CRESCEN-
TE, o que não ocorre em países desenvolvidos.
Transição Demográfica

O PRINCIPAL DETERMINANTE da transição demo-


gráfica é a QUEDA DA TAXA DE FECUNDIDADE ES-
PECÍFICA (Número de nascidos vivos / Número de
mulheres entre 15-49 anos), que é o número mé-
dio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher
ao final do seu período reprodutivo, na população
residente em determinado espaço geográfico. TA-
XAS INFERIORES A 2,1 são insuficientes para a re-
posição populacional. Atualmente, o Brasil encon-
tra-se com a taxa de fecundidade de 1.67, ou seja,
semelhante ao de países desenvolvidos, e abaixo
da taxa de reposição populacional. Alguns fatores
relacionados ao decréscimo: aumento urbaniza-
ção, redução mortalidade infantil, melhoria nível
educacional, etc. 
 
Em segundo, a QUEDA DA MORTALIDADE GE-
RAL.  Como consequência disso, aumentou-se a
“Expectativa/Esperança de vida”. Assim, aumentou
o ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO [Idosos > ou = 60
anos / jovens < 15 anos], que é o número de pes-
soas de 60 anos ou mais para cada pessoa menor
de 15 anos. Isso aumentou a ESPERANÇA DE VIDA. 

A pirâmide etária antes era uma PÊRA (base larga


e ponta fina), depois virou uma MAÇÃ (Estreita-
mento da base e Alargamento do ápice). Ou seja,

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