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CIRÚRGICA VETERINÁRIA
Brasília
2021 – 2a Edição
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 1
anim ais.
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APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 2
ÍNDICE
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8. Penectomia ou Falectomia...............................................................168
9. Deferentectomia (vasectomia)...................................................................169
10. Desvio lateral do óstio prepucial (neoóstio)........................................171
11. Desvio lateral do pênis e prepúcio..........................................................172
12. Epididimectomia da cauda.........................................................................174
13. Ressecção do ligamento apical dorsal do pênis.........................175
14. Telotomia e telorrafia..............................................................177
15. Neurectomia digital palmar................................................................179
16. Desmotomia patelar medial............................................................181
17. Amputação de dígito e paradígito.............................................................182
18. Amputação de metacarpianos e metatarsianos acessórios................185
XI. Bibliografia consultada....................................................................................187
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DIVISÃO DA CIRURGIA
1. Técnica cirúrgica
Também denominada Técnica Operatória. Consiste no estudo particular das
operações, constituindo-se no ato mais impressionante e de maior significado no
tratamento cirúrgico, apesar de ser realizada em um breve espaço de tempo.
Subdivide-se em:
1.1. Técnica cirúrgica propriamente dita: é a execução dos tempos operatórios.
1.2 Tática cirúrgica: é a conduta adotada nas diferentes fases da intervenção
cirúrgica.
2. Patologia cirúrgica
Estuda as afecções localizadas nos diferentes órgãos, sistemas ou
aparelhos, onde pela natureza da afecção impõe-se um tratamento cirúrgico.
Subdivide-se em:
2.1 Patologia cirúrgica geral: estuda as doenças localizadas em tecidos ou órgãos
em geral. Ex: neoplasias, infecções cirúrgicas, etc.
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3. Clínica cirúrgica
Estuda o paciente e a doença, onde a afecção adquire um caráter real e
verdadeiro. No caso específico da Medicina Veterinária o exercício da Clínica
Cirúrgica ainda possui mais um elo, representado pelo cliente ou tutor do animal, a
quem devemos fornecer todas as informações relativas ao paciente. A Clínica
Cirúrgica é dividida em:
3.1. Propedêutica (Semiologia) cirúrgica: são os meios empregados para
estabelecer o diagnóstico.
3.2 Terapêutica cirúrgica: são os meios empregados no tratamento operatório, os
quais podem ser físicos, químicos ou cirúrgicos.
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CONJUNTO CIRÚRGICO
É o estudo das intervenções exigidas pelas afecções cirúrgicas, resultando,
fundamentalmente, no seu tratamento.
Operação (Operatio): É o conjunto de manobras efetuadas com as mãos
armadas ou não de instrumentos que o cirurgião realiza sobre o paciente
penetrando por uma ferida pré-estabelecida ou por via natural.
2. Segundo a finalidade
2.1. Curativas ou de necessidade
2.1.1. Operações de extrema urgência (emergência): são aquelas em que o
cirurgião deve intervir imediatamente para salvar a vida do paciente. Ex:
desobstrução das vias aéreas (traqueotomia).
2.1.2. Operações de urgência relativa: são as que o cirurgião dispõe de certo tempo
para preparar o paciente, melhorando o seu estado geral para o ato operatório. Ex:
piometra (ovariohisterectomia).
2.1.3. Operações em pacientes com graves alterações funcionais: nesta situação o
cirurgião depara-se com dois tratamentos iminentes, o da afecção cirúrgica e o da
alteração funcional. Ex: hérnia inguinal encarcerada (celiotomia e tratamento médico
do desequilíbrio hidroeletrolítico e endotoxemia).
2.2. De conveniência ou eletivas: são realizadas em pacientes hígidos.
Normalmente são intervenções estéticas ou com finalidade preventiva, econômica
ou zootécnica. Ex: orquiectomia, ovariohisterectomia eletiva.
2.3. Experimentais: são aquelas realizadas com a finalidade de estudos (não
incentivadas atualmente). Ex: rumenostomia.
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4. Segundo o resultado
4.1 Paliativa: quando não há cura total. Ex: remoção de um tumor em paciente com
metástase em outro órgão.
4.2 Radical: quando há resolução total da lesão.
5. Segundo o prognóstico
5.1 Bom: Ex: drenagem de abscessos.
5.2 Reservado: Ex: cistotomia.
5.3 Ruim: Ex: peritonite (celiotomia exploratória).
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INFECÇÃO E PROFILAXIA DA
INFECÇÃO
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• Lesão tecidual
- Redução da irrigação sanguínea local;
- Presença de material estranho inibindo os mecanismos locais de defesa e são
fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma infecção;
- Corpos estranhos como materiais de sutura, drenos e implantes ortopédicos
podem potencializar as infecções e alguns materiais de sutura por exemplo,
possuem maior capilaridade e aderência bacteriana. Implantes metálicos facilitam o
crescimento bacteriano através da formação de uma biopelícula bacteriana
(glicocálix) sobre os mesmos. Esta película dificulta a ação dos anticorpos sobre as
bactérias, inibe a fagocitose dos leucócitos e reduz a eficácia dos antibióticos;
- A manipulação traumática dos tecidos e a tensão da sutura comprometem a
irrigação tecidual e favorecem a instalação da infecção. O hematoma libera íons
férricos da hemoglobina, que inibem o efeito bacteriostático do soro, assim como a
morte intrafagocitária das bactérias. Presença de espaços mortos e variações de
perfusão tecidual produzem hipóxia, reduzindo a ação leucocitária, predispondo ao
desenvolvimento da infecção;
• Isquemia
- Alterações no fluxo sanguíneo tecidual, causado por bisturi elétrico ou laser,
tornam a ferida mais susceptível à infecção;
- Choque ou a ação da epinefrina levam a vasoconstrição, predispondo à
instalação da infecção.
Vascularização e a perfusão tecidual adequadas são necessárias para que
ocorra a migração e exsudação de leucócitos. A redução do oxigênio tecidual
interfere com a atividade dos leucócitos, porque estes capturam o oxigênio
molecular e o convertem em radicais de alta energia, que são tóxicos às bactérias.
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FATORES DE RISCO
Os fatores de risco inerentes à infecção cirúrgica estão relacionados a fatores
do hospedeiro, tais como:
• Imunocompetência (idade, condição física, estado nutricional, natureza do
ferimento);
• Fatores que impeçam ou desativem suas defesas; como coágulos
sanguíneos, tecido isquêmico, bolsas de fluidos ou material estranho, etc.
• Fatores relacionados à cirurgia como; falha de técnica asséptica, tempo
cirúrgico prolongado, manipulação exagerada de tecidos, etc.
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ANTIBIOTICOTERAPIA
A antibioticoterapia exerceu impacto importante na prática da cirurgia,
promovendo uma redução nas taxas de infecção das feridas cirúrgicas. Entretanto,
a disseminação da utilização intensa de antibióticos com o objetivo de prevenir as
infecções após a cirurgia, algumas vezes de forma profilática inadequada e
inadvertida, pode implicar em falha do tratamento, predispondo à resistência
antibiótica, que é a capacidade que têm o microrganismo de resistir aos efeitos de
um antibiótico ou quimioterápico.
ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA
Os benefícios da antibioticoterapia profilática pré-operatória estão bem
documentados em procedimentos operatórios limpo-contaminados e contaminados,
onde o risco de infecção é potencial, não possuindo indicação primária em cirurgias
limpas, exceto quando o risco de infecção, mesmo baixo, é devastador (ex: cirurgias
ortopédicas). Para que a antibioticoterapia seja adequada, os antibióticos profiláticos
devem estar disponíveis no local cirúrgico durante o período potencial de
contaminação para evitar o crescimento de patógenos contaminantes.
As bactérias que invadem os ferimentos cirúrgicos podem ser suprimidas por
antibióticos sistêmicos desde o momento da contaminação em até no máximo três
horas, daí a importância dos antibióticos estarem disponíveis no local cirúrgico no
momento da contaminação.
Os antibióticos profiláticos diminuem sua eficácia quando administrados após
a ocorrência da ferida, sendo ineficaz se aplicado três horas após o ferimento, pois
este tempo é suficiente para formação de coágulo na ferida, protegendo as
bactérias da ação do antibiótico. A aplicação dos antibióticos deve ser realizada no
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momento da indução ou até uma hora antes do ato operatório e a sua continuidade
deve ser avaliada no período pós-operatório.
Entretanto, é sempre bom lembrar que a antibioticoterapia profilática não
substitui a técnica cirúrgica asséptica apropriada, manipulação tecidual meticulosa e
atraumática, hemostasia cuidadosa, uso criterioso de suturas, preservação de
suprimento sanguíneo, eliminação do espaço morto e aproximação anatômica dos
tecidos.
A escolha racional dos antibióticos profiláticos requer identificação dos
microrganismos contaminantes e que estes agentes sejam suscetíveis ao fármaco
usado. Para a profilaxia antimicrobiana, a escolha dos fármacos deve ser realizada
de forma empírica, de acordo com o sistema envolvido e provável patógeno
esperado.
Os antibióticos betalactâmicos, principalmente o grupo das penicilinas e
cefalosporinas, são os antibióticos mais utilizados atualmente, de forma profilática
na cirurgia veterinária. São polipeptídeos com um anel molecular denominado
betalactâmico e é essa estrutura que confere a ação bactericida sobre as bactérias,
impedindo a síntese da parede celular por inibição da enzima transpeptidade
bacteriana, são efetivos contra algumas espécies de Staphylococcus e
Streptococcus, e também eficazes contra Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae e
Proteus mirabilis
A adiministração deve ser realizada no momento da indução anestésica, por
via intravenosa, podendo ser repetida a cada 2 a 3 horas de cirurgia, dependendo
da duração da cirurgia, podendo ser interrompida após o fechamento do ferimento
cirúrgico. Geralmente a administração do antibiótico profilático não precisa ter
continuidade por mais de 24 horas após o procedimento cirúrgico.
ANTIBIOTICOTERAPIA TERAPÊUTICA
O uso terapêutico de antibióticos baseia-se no julgamento clínico,
conhecimento do mecanismo de ação do antibiótico e fatores microbiológicos.
Quando se opta por um determinado fármaco, o objetivo é que ele seja ativo contra
o microrganismo infectante de forma seletiva, com baixo poder de intoxicação, que
não influencie negativamente no sistema imunológico do hospedeiro e que elimine
as bactérias no local da infecção.
A antibioticoterapia terapêutica aplica-se aos casos de:
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ü Septicemia;
ü Infecção no local cirúrgico e/ou cavidade corporal;
ü Em qualquer procedimento cirúrgico contaminado ou sujo, onde se encontra
contaminação bacteriana elevada.
Em geral a terapia medicamentosa é estabelecida inicialmente por 7 - 10 dias
e é mantida por mais dois a três dias após a resolução de todos os sinais clínicos,
uma vez que a duração máxima de uma terapia dependerá da doença que está
sendo tratada e da toxidade do fármaco escolhido. A escolha do antibiótico deverá
ser feita mediante cultura e antibiograma, sempre que possível.
O sucesso de uma antibioticoterapia se dá pela melhora da condição inicial e
repousa no diagnóstico original correto, na cultura e antibiograma e posologia
adequada. A resposta do paciente e a avaliação do antibiótico são realizadas em no
mínimo 3 dias, a fim de se determinar se há falha de algum desses fatores descritos
anteriormente.
PROFILAXIA DA INFECÇÃO
O rompimento da integridade dérmica, como acontece nas cirurgias, propicia
o acesso de microrganismos aos tecidos internos. As bactérias que contaminam
os ferimentos cirúrgicos originam-se geralmente da flora endógena do paciente,
da equipe, sala cirúrgica e do ambiente. Para evitar que a contaminação ocorra,
devem-se seguir regras de técnica asséptica, consideradas “leis” da sala de
cirurgia. O não cumprimento destas leis sujeita o paciente ao risco de uma
infecção cirúrgica. A prevenção ou profilaxia da infecção baseia-se em dois
grandes métodos:
1. Antissepsia
Conjunto de manobras que utilizamos para destruir ou impedir o
desenvolvimento de microrganismos saprófitas ou patogênicos existentes na
pele ou mucosa, bem como nos instrumentos e demais materiais necessários
à intervenção cirúrgica.
2. Assepsia
Compreende as precauções que o cirurgião e seus auxiliares tomam
com a finalidade de permitir que tanto a ferida cirúrgica quanto o instrumental
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Na prática, porém, existem situações em que um ato operatório não pode ser
asséptico. É o caso de algumas afecções que envolvam contaminação (ex:
piometra, drenagem de abscesso, cirurgias da cavidade oral) e algumas cirurgias
em grandes animais. Ainda, cirurgias realizadas em estábulos ou a campo não são
consideradas assépticas – mas podem minimizar a contaminação adotando-se
práticas de antissepsia.
Métodos de antissepsia
1. Antissepsia prévia
Deve ser realizada na pele do paciente por um volante utilizando luvas e
compressas de gaze, não necessariamente estéreis. As gazes devem ser passadas
de forma a configurar na pele uma “espinha de peixe”. Tal procedimento deve ser
repetido de acordo com o protocolo antisséptico estabelecido. (Usando PVPI
degermante, PVPI tópico e álcool 70%, repetir 3 x cada ou como uso de clorexidine
degermante e clorexidine alcoólico, repetir 6 x cada)
2. Antissepsia definitiva
Esta é então realizada pelo auxiliar já paramentado utilizando uma pinça de
antissepsia e compressas de gaze estéreis. O procedimento é idêntico ao da
antissepsia prévia (A utilização do PVPI degermante é opcional, nas realizadas com
clorexidine faz-se necessário apenas o uso do alcoólico)
Após o término da antissepsia definitiva, a pinça utilizada é considerada
contaminada e deve ser descartada da mesa cirúrgica.
Se a área da antissepsia tiver uma região mais contaminada (nódulos
ulcerados, fístulas), esta região deve ser deixada por último em cada passagem da
gaze, que em seguida deve ser descartada.
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Antissepsia prévia e definitiva: passe a gaze no sentido longitudinal (1), faça “espinha
de peixe” de um lado (2), repita o procedimento no outro lado utilizando o lado oposto
da gaze (3), por fim descarte a gaze.
ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO
1. Esterilização: refere-se à destruição de todos os microrganismos (bactérias,
vírus, esporos). Ela se refere, geralmente, a objetos que entram em contato com
tecidos estéreis ou no sistema vascular (ex: instrumentos, campos estéreis,
cateteres, agulhas).
2. Desinfecção: refere-se à destruição da maior parte de microrganismos
patogênicos presentes em superfícies inanimadas.
3. Antissepsia: corresponde à destruição da maioria dos microrganismos
patogênicos em tecidos vivos. Usam-se antissépticos para matar microrganismos
presentes na pele do paciente, mas a pele não fica esterilizada.
MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO
Como os tecidos internos do corpo são estéreis, qualquer produto que entre em
contato com eles também deve ser.
Os métodos de esterilização de instrumentos cirúrgicos ou outros equipamentos
incluem:
ü vapor,
ü substâncias químicas,
ü plasma e
ü radiação ionizante.
A esterilização por vapor pressurizado consiste no método mais empregado
nos hospitais. O vapor destrói os microrganismos por coagulação e desnaturação de
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1. Calor úmido
1.1 Ebulição ou fervura: é a utilização da água no seu ponto de ebulição pelo
período de 30 a 60 minutos. É um método precário e serve para a esterilização
de instrumental cirúrgico metálico e vidrarias.
1.2 Autoclavagem: é o uso da água em forma de vapor e sob pressão. A
temperatura deve atingir 120° a 130°C e a pressão de 1 a 1,5 atm durante 30 a
40 minutos. Serve para esterilizar panos de campo, aventais, instrumentos de
borracha, plásticos e compressas.
2. Calor seco
Realizado em estufas de ar quente (estufas de esterilização e secagem =
fornos Pasteur). A temperatura deve atingir 160° por 60 minutos. É mais adequado
para esterilizar o instrumental cirúrgico metálico.
Entretanto, a simples colocação de um material num esterilizador não
assegura que o processo seja efetivo. Para se verificar a efetividade da esterilização
existem os indicadores de esterilização, que sofrem mudança química ou biológica
em resposta a alguma combinação de tempo e temperatura. Os indicadores
químicos geralmente são esparadrapos ou fitas de papel impregnadas com material
que muda de coloração quando atinge determinada temperatura. Estes indicadores,
porém, não asseguram esterilidade, uma vez que não sofrem influência do tempo de
exposição. Mas indicam que algumas condições (como temperatura, por ex.) foram
seguidas.
DESINFECÇÃO
Realizada por meio de agentes químicos como desinfetantes e antissépticos.
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2.1 Glutaraldeído: solução aquosa a 2%. A solução pode ser aquosa (ácida) e
não esporicida. Para tornar-se esporicida deve ser alcalinizada (pH 7,5 a 8,5).
• Uso prático: desinfecção de lentes e instrumentos delicados como
endoscópios e sondas (inclusive as de anestesia);
• Propriedades desinfetantes: boas, esterilizam;
• Não possui propriedades antissépticas.
• Mecanismos de ação: alquilação de proteínas e ácidos nucléicos;
• Precauções: reação tecidual, odor (enxágue bem o instrumento antes de
usá-lo);
• Limitações: toxicidade, agressão ao meio ambiente, atividade de solvente
e rápida evaporação.
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5. Outros compostos:
Cal:
Óxido de cálcio (cal virgem) e hidróxido de cálcio (cal extinta ou apagada);
utilizada na pulverização de ambientes, é um produto barato e de fácil aquisição.
Ácido Peracético:
Proporciona a desinfecção e a esterilização química. Vem sendo utilizado em
substituição ao Glutaraldeído. É biodegradável, sendo que os produtos de sua
decomposição (ácido acético, água, oxigênio e peróxido de hidrogênio) não são
tóxicos ou prejudiciais aos equipamentos e não deixam resíduos. No entanto,
possui custo superior ao Glutaraldeído.
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3. Gluconato de clorexidina
A clorexidina é amplamente usada na Medicina Veterinária para antissepsia
da pele pela sua eficiente e rápida ação antimicrobiana. Age principalmente contra
bactérias gram-positivas, gram-negativas e possui atividade variável contra fungos.
Apresenta atividade residual e baixo potencial de toxicidade para a pele. É
encontrada nas soluções degermante a 2 ou 4%; solução alcoólica a 0,5% e
solução aquosa a 2,0%, 0,2% e 0,12%. Permanece eficaz na presença de material
orgânico. Não deve ser aplicado em tecidos oculares, ouvidos, sistema nervoso
central e cavidades corpóreas.
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MATERIAIS CIRÚRGICOS
1. Preparação de kits cirúrgicos (instrumental, panos de campo, aventais,
compressas...):
Após o uso cirúrgico, o instrumental deve ser imediatamente lavado,
impedindo que sangue, tecidos, ou outros materiais sequem sobre os instrumentos.
Caso isso não seja possível, eles devem ser mantidos úmidos até a sua limpeza.
A limpeza pode ser manual ou com equipamentos de limpeza ultrassônica e
detergente enzimático logo após terem sido usados. Depois de lavados, devem ser
secos, montados em caixas ou embalados individualmente, e esterilizados. A
esterilização pode ser com vapor ou gás e a embalagem deve ser escolhida de
acordo com o método de esterilização, pois ela irá potencializar o método
empregado e preservar o material estéril. Desta forma, a embalagem deve ser
impermeável a micróbios e durável.
Os kits de instrumentos, as dobraduras dos aventais e dos campos cirúrgicos
devem ser embaladas de maneira que possam ser facilmente desembalados sem
quebrar a técnica estéril.
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EQUIPE CIRÚRGICA
O número de pessoas dentro do centro cirúrgico deve ser limitado, como
meio de reduzir a fonte de contaminação. Toda a equipe cirúrgica deve estar com
vestimenta adequada e exclusiva ao centro cirúrgico. A equipe envolvida na cirurgia
propriamente dita (cirurgião, auxiliar e instrumentador) submete-se à paramentação,
colocando vestimenta (avental cirúrgico) estéril, e deve ficar todo o tempo de frente
para o paciente.
AMBIENTE CIRÚRGICO
Devido ao constante perigo de contaminação do paciente cirúrgico, a área
cirúrgica deve ser dividida em “limpa”, “mista” e “contaminada”.
1. Áreas limpas
ü Sala cirúrgica,
ü Áreas de pias de antissepsia e
ü Salas de suprimentos esterilizados.
2. Áreas mistas
ü Corredores entre as salas cirúrgicas e
ü Áreas de enfermeiros e de processamento de instrumentos.
3. Áreas contaminadas
ü Salas de preparação anestésica, vestiários e consultórios.
As áreas limpas devem ter um acesso limpo e limitado. Por isso, pessoas que
entrem nestas áreas devem vestir trajes cirúrgicos apropriados e o número de
pessoas deve ser reduzido. As portas devem ser mantidas fechadas o tempo todo.
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DIÉRESE
1. Definição
São manobras manuais e instrumentais que visam afastar (separar) os
tecidos com finalidade terapêutica.
2. Classificação
2.1 Diérese cruenta: divisão dos tecidos com perda de sangue.
2.1.1 Arrancamento: manobra manual feita por rompimento. Feita em nervos,
vasos, orquiectomia de bezerros.
2.1.2 Curetagem: utiliza a cureta e tem por finalidade eliminar tecidos superficiais
neoformados indesejáveis. Ativa a cicatrização em feridas ulceradas.
2.1.3 Debridamento: utiliza a tesoura ou bisturi para eliminar bridas (aderências).
Bridas são tecidos neoformados resultantes da cicatrização; circundam
tumores, dificultando a sua retirada.
2.1.4 Divulsão ou descolamento: manobra manual ou com tesoura romba fechada,
que afasta o tecido sem secção, que visa promover uma cicatrização mais
rápida e menos volumosa. É realizada para liberação de saco herniário,
tumores, etc.
2.1.5 Escarificação: raspado mais superficial do tecido. Utiliza-se cureta ou lâmina
de bisturi.
2.1.6 Exérese ou ressecção: eliminação de determinada estrutura anatômica.
Ressecção de tumores, de saco herniário. Realizado com bisturi, tesoura,
serra, etc.
2.1.7 Formação de fístula: exteriorização de um órgão oco. Realizado com tesoura
ou bisturi.
2.1.8 Fratura: realizada com fio serra, serra, etc.
2.1.9 Liberação de aderências: técnica manual ou realizada com a tesoura romba
fechada.
2.1.10 Punção: realizada com agulha ou trocáter. Ex: cistocentese, ruminocentese.
2.1.11 Punço-incisão: técnica realizada com bisturi para drenagem de abscesso.
2.1.12 Incisão: realizada com bisturi ou tesoura. Deve seguir os seguintes princípios:
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2.2.1 Bisturi elétrico: secção por passagem de corrente elétrica de alta frequência,
causando desnaturação proteica (colágeno). O bisturi elétrico monopolar é
usado para diérese e hemostasia, reduzindo o tempo cirúrgico. Entretanto, se
usado extensivamente, aumenta a susceptibilidade à infecção e seroma. O
cautério bipolar possui via de condução de energia menos extensa entre os
tecidos, é mais preciso e o dano tecidual é restrito à área próxima à ponta do
cautério. Não pode ser utilizado em meio líquido, por causar dispersão da
corrente, diferente do bipolar.
2.2.2 Raio laser: usado em cirurgia oftálmica (refrativa).
2.2.3 Criobisturi.
HEMOSTASIA
1. Definição
São manobras manuais e instrumentais que visam evitar, prevenir ou deter a
hemorragia ou impedir a circulação temporária em determinada área.
O controle da hemorragia deve ser feito plano a plano e tem por finalidade:
- limpeza da área operatória, pois o sangue dificulta a visualização;
- evitar o choque e hipóxia tecidual;
- evitar coágulos nas bordas das feridas, pois estes são meio de cultura para
bactérias, podendo retardar a cicatrização.
3. Tipos de hemostasia
3.1 Preventiva
- torniquete
- faixa de Esmarch
3.2 Temporária
- tamponamento com gaze
- compressão digital ou instrumental
- pinça hemostática
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3.3 Definitiva
- ligadura ou transfixação com fios de sutura (evitar englobamento de tecidos
em torno dos vasos)
4. Métodos de hemostasia
4.1 Físicos:
4.1.1 Compressão circular: torniquete, faixa de Esmarch. Não usar em regiões
infectadas. O garrote ou torniquete não deve permanecer no membro do animal por
mais de uma hora.
4.1.2 Compressão digital: preventiva.
4.1.3 Compressão indireta: temporária. Para hemorragias capilares ou
subcutâneas, feitas com algodão ou gaze.
4.1.4 Pinças hemostáticas: temporária ou definitiva.
4.1.5 Ligadura por laçada ou transfixação.
1 2 3 4
Ligadura por laçada: faça um nó duplo e 3 ou mais simples (fios com alta memória exigem mais nós).
Cerre o nó com os dois dedos próximos a ele, como mostra a figura 3.
A B
Ligadura por transfixação: com um nó duplo e 3 ou mais simples do lado oposto ao da
transfixação (A) ou com um nó duplo após a transfixação e um nó duplo e 3 ou mais simples do lado
oposto ao da transfixação (B).
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4.1.9 Termocauterização
SÍNTESE
1. Definição
É o conjunto de manobras manuais e instrumentais através do uso de fios e
outros materiais, que visa restabelecer a condição anatômica funcional dos tecidos.
3. Tipos de cicatrização
3.1 Primeira intenção
3.2 Segunda intenção
4. Materiais de sutura
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MATERIAIS DE SUTURA
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1. Materiais inabsorvíveis
1.1 Origem animal, vegetal ou mineral
Seda, linho e algodão e aço, são fios de origem animal, vegetal e mineral,
respectivamente. À exceção do aço, são de ótimo manuseio. Todos podem produzir
reação tipo corpo estranho. O fio de seda é um dos mais antigos usados em
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cirurgia, sendo de fácil manipulação com boa conservação do nó. Apresenta pouca
reação tecidual. O fio de algodão é muito difundido pelo baixo custo e fácil
manuseio, porém, causa maior reação tecidual. Os fios de origem vegetal são
fabricados por torção ou trançados das fibras que os compõem. Por serem
multifilamentados mostram tendência maior para o desenvolvimento de abscessos
quando usados na presença de processos infecciosos.
2.2 Sintéticos
Náilon, perlon, poliéster e polipropileno adaptados como fios inabsorvíveis
apresentam reação tecidual menor; oferecem alguma dificuldade quanto ao
manuseio e mostram facilidade em desatar o nó (por isto exigem superposição de
seminós de segurança). São os mais inertes de todos os fios. Os fios inabsorvíveis
sintéticos multifilamentados são fabricados a partir de fibras que são trançadas, o
que torna o manuseio mais fácil.
Os fios metálicos podem ser trançados ou monofilamentados. São de mais
difícil manuseio, mas possuem enorme resistência, sendo utilizados em síntese
óssea. Não provocam reação tecidual. Os nós comuns são impraticáveis, sendo
fixados por meio de torção de suas extremidades com alicate ou pinça hemostática.
Todos os fios sintéticos são mais resistentes que a seda ou o algodão.
Causam pouca reação tecidual com formação de uma cápsula delgada de tecido
conjuntivo em volta do fio.
2. Materiais absorvíveis
1.1 De origem animal ou orgânico
Categute. Cat gut significa intestino de gato, pois era inicialmente obtido a
partir dele. Atualmente é fabricado a partir do intestino do carneiro, boi ou porco,
podendo ser simples ou cromado. Possui alta reação tecidual inflamatória, baixa
força tênsil, estando mais sujeito a deiscência e devido a sua alta capilaridade, o nó
tender a afrouxar, principalmente em tecido edemaciado. Atualmente está em
desuso.
2.2 Sintéticos
São copolímeros derivados de açúcares, lentamente reabsorvidos por
hidrólise (60 a 180 dias); podem ser multi ou monofilamentados.
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Exemplos:
a) Multifilamentados
- Ácido poliglicólico: tem ótima resistência tênsil, mínima reação tecidual
inflamatória. Perde 50% da resistência em 14 dias, e é completamente reabsorvível
em 90 dias.
- Poliglactina 910: é um copolímero de ácido glicólico e glicolático, totalmente
absorvível por hidrólise em 60-90 dias.
b) Monofilamentados
- Poligliconato: é um copolímero de ácido glicólico e carbono de metileno, é
totalmente reabsorvido em 180 dias. Em um mês, 60% da força tênsil ainda é
preservada. Mantém as mesmas características dos sintéticos absorvíveis, com a
vantagem de que em 14 dias sua força tênsil está íntegra.
- Poliglecaprone 25: possui alta força tênsil inicial, excelente flexibilidade e
perda relativamente rápida da força tênsil (cerca de 75% após 14 dias). Causa
mínima reação tecidual e é complemente reabsorvido em cerca de 120 dias.
FIOS DE SUTURA
Absorvíveis
Orgânicos: Categute simples / cromado
Sintéticos: Monofilamentados: Polidioxanone ou PDS
Poligliconato ou Maxon
Glicomero 631 ou Biosyn
Poliglitone 6211 ou Carprosin
Multifilamentados: Ác. poliglicólico ou Dexon (II ou S) (verde/ branco)
Poliglactina 910 ou Vicryl (violeta/ branco)
Poligrecaprone 25 ou Caprofyl, Monocryl
Inabsorvíveis
Orgânicos: Seda, Algodão (branco / preto)
Sintéticos: Náilon monofilamentado / multifilamentado
Mistos (poliéster polipropileno/ algodão encapado com poliéster)
Minerais (aço)
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zeros. Porém, nem todos os fios com o mesmo número de zeros têm o mesmo
diâmetro, pois o número de zeros corresponde a um diâmetro capaz de
determinar a resistência tênsil. O diâmetro varia com a qualidade do material
que compõe o fio.
1.6 Força tênsil: é a somatória das forças necessárias para quebrar o fio, dividido
pela área de secção transversal do diâmetro do fio. Portanto, esta força
quadruplica quando dobra o diâmetro do fio. A força tênsil deve ser
diferenciada no fio em repouso e em utilização (com o nó), esta é a força tênsil
efetiva.
1.7 Força do nó: é a força necessária para um determinado tipo de nó escorregar
ou desfazer.
1.8 Elasticidade: é a capacidade que o fio tem de retomar sua forma e tamanho
original após tracionado.
1.9 Plasticidade: expressa a capacidade que o fio tem de manter-se sob a nova
forma após ter sido tracionado.
A elasticidade e a plasticidade são importantes quando ocorre edema da ferida.
Se o fio possui grande plasticidade, após a redução do edema não retornará à
forma original (pouca tendência a cortar as bordas da ferida); e se possui
grande elasticidade, não se romperá dentro da ferida.
1.10 Memória: é a propriedade relacionada à elasticidade e plasticidade após ter
sido dado o nó. Fios com alta memória tendem a desatar o nó, e retornar à sua
forma original, como o nylon (náilon). A memória influencia no manuseio; sendo
assim, fios com alta memória são mais difíceis de manusear. Fios com alta
memória, que são pouco elásticos e possuem grande força tênsil, têm
tendência a cortar tecidos.
2. Características de manuseio
2.1. Pliabilidade: é a facilidade que o cirurgião encontra no fio para cerrar o nó,
para dobrar o fio. Os fios de maior pliabilidade são os multifilamentados,
principalmente os trançados, como a seda.
2.2 Coeficiente de atrito: é a capacidade do fio de deslizar pelos tecidos e desatar
o nó. Fios com elevado coeficiente de atrito podem apresentar maior dificuldade na
retirada e provocar lesões nos tecidos. Fios monofilamentados são utilizados em
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2. Fenômenos tardios
- abscesso local;
- formação de cavidades (fístulas);
- eliminação periódica e espontânea dos fios.
1.1 Categute
Atualmente é obtido da submucosa do intestino delgado de carneiros ou de
bovinos. Composto em sua maior parte por colágeno puro tratado com formaldeído.
É absorvido por fagocitose pelos neutrófilos e macrófagos. Inicialmente, as
ligações moleculares são clivadas por ácido hidrolítico e atividade colagenolítica.
Segue-se então, a digestão e absorção por enzimas proteolíticas dos lisossomos.
Devido à sua composição de colágeno, este fio estimula uma significativa reação de
corpo estranho no tecido implantado, mais exacerbada em felinos.
Usado inicialmente em suturas de órgãos cavitários em geral, suturas de
músculos e fáscias musculares e na redução de espaço morto. Atualmente seu
emprego é desencorajado por ser um fio de alta capilaridade e multifilamentado,
além de causar rejeição tecidual.
Ocorre absorção prematura quando exposto a secreções de pepsina ácida do
estômago, a ambientes infectados e a tecido altamente vascularizado. Deve ser
evitado também em pacientes com depleção protéica.
a) Simples
- Absorção entre 5 e 7 dias (variável conforme o local);
- Alta reação tecidual.
b) Cromado
- Sais de cromo;
- Maior resistência e maior tempo de absorção;
- Diminui a reatividade tecidual;
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Desvantagem:
- Alto custo.
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- Baixo custo;
- Alta resistência.
Desvantagens:
- Não deve ser usado em cavidades serosas ou sinoviais (fricção);
- Manuseio difícil;
- Baixa segurança do nó (mediante pouca habilidade);
- Escorregadio;
- Memória;
- Necessários no mínimo cinco nós (um duplo, três simples).
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Desvantagens:
- Alto custo.
4.1.4 Poliéster
É um polímero sintético, multifilamentado e trançado, simples ou revestido.
Quando revestido, inclui o silicone, (Tycron®), o teflon (Ethiflex®) – cirurgia
cardiovascular e plástica e o dacron (Mersilene®) – cirurgia cardiovascular.
Vantagens:
- Mais resistente depois do náilon;
- Pouca perda da força tênsil.
Desvantagens:
- Maior reação tecidual entre os sintéticos (não usar em feridas
contaminadas);
- Pouca segurança dos nós (mínimo cinco laçadas).
4.2 Metálicos
O material metálico mais usado na atualidade como material de sutura em
Medicina Veterinária é o aço inoxidável, na forma de fios de aço ou agrafes.
4.2.1 Fio de aço inoxidável
Empregado na redução de fraturas.
Vantagens:
- Resistentes;
- Inertes;
- Fácil esterilização;
- Baixo coeficiente de fricção;
- Não capilares;
- Cicatriz mínima.
Desvantagens:
- Manuseio delicado;
- Permanente;
- Nós de difícil aplicação;
- Tendência a cortar tecidos;
- Extremidades dos fios são pontos de irritação;
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- Polipropileno;
- Náilon, poliéster revestido, outros.
1.8 Nervo
- Náilon e polipropileno (baixa reatividade).
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DEFINIÇÃO DE SUTURA
Manobra cirúrgica que tem por finalidade manter coaptadas as bordas e
superfície das feridas, permitindo a efetivação do processo de cicatrização. É a
união ou aproximação de estruturas por meio de um ou mais pontos. Visto por este
prisma, amplia-se o sentido do termo para grampos metálicos ou absorvíveis
(denominadas suturas mecânicas), anéis para anastomoses, adesivos biológicos,
etc.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Para que uma sutura seja perfeita e proporcione cicatrização adequada, ela
deverá reunir as seguintes condições:
1. Antissepsia e assepsia rigorosas;
2. Hemostasia perfeita;
3. Abolição dos espaços mortos (aproximação do tecido celular subcutâneo);
4. Bordas de feridas limpas e sem anfractuosidades (regulares);
5. Ausência de corpos estranhos e tecidos mortos (tecido necrosado ou
gangrenado, pus, etc);
6. Posição anatômica correta, com sutura feita plano a plano;
7. Tração moderada sobre o fio de sutura e os nós, permitindo adequada
justaposição das bordas, sem submeter os tecidos a tensão excessiva;
8. Escolha correta dos instrumentais e materiais de sutura.
MATERIAIS DE SUTURA
São usados porta-agulhas, agulhas, fios, grampos metálicos e grampeadores
(staples), pinças anatômicas ou com dentes, e tesouras.
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1. Porta-agulhas
São instrumentos especiais usados para prender as agulhas, facilitando a
introdução destas nos tecidos durante a execução das suturas. Os modelos mais
utilizados em medicina veterinária são os porta-agulhas de Mayo-Hegar e Mathieu.
O porta-agulha de Mayo-Hegar tem argolas na extremidade das hastes,
tendo empunhadura e manuseio como das pinças hemostáticas. Ideal para suturas
em profundidade devido às hastes longas e estreitas. Para transfixação de
estruturas rígidas como osso e pele, é aconselhado manuseá-lo espalmado, porque
o excesso de pressão das argolas na pele da mão do cirurgião poderá ocasionar-lhe
ferimentos. O porta-agulha de Mathieu tem as duas hastes curvas com cremalheira
na extremidade livre e mola entre elas para mantê-lo aberto. É ideal para trabalho
em superfície, sendo manipulado em posição espalmada.
Existem porta-agulhas especiais com encaixe para agulhas, como os de
Hermolds e Richter. O porta-agulha de Gillies tem uma tesoura incorporada, que
permite seccionar a ligadura sem a necessidade de troca de materiais.
2. Agulhas cirúrgicas
São instrumentos de sutura nos quais os fios são acoplados ou montados, a
fim de serem introduzidos nas bordas das feridas. Podem variar sua conformação
de acordo com as necessidades dos tecidos a suturar, tipo de fio e localização da
área a suturar. Em geral são medidas em milímetros de comprimento.
As agulhas possuem três partes distintas:
a) Fundo: parte em que fica o orifício no qual passará o fio (traumáticas) ou
onde o fio se encontra fixado em agulhas traumáticas. O fundo pode ser:
- Cego, fechado ou rombo: semelhante à agulha de costureira;
- Falso, aberto ou francês: o fio é colocado sobre pressão;
- Benjamin: fundo cego com prolongamento de abertura que oferece
maior fixação do fio.
b) Corpo: é a maior parte da agulha, situando-se entre o fundo e a ponta,
dando sustentação ao manuseio com o porta-agulhas. Pode ser:
- Cilíndrico: comum às agulhas atraumáticas;
- Achatado:
• Dorso-ventralmente (mais comum);
Galera PD 58
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• Latero-lateralmente.
- Em forma de trapézio;
- Em forma triangular.
c) Ponta: parte mais anterior da agulha com características próprias e
variáveis adequadas à penetração nos tecidos que serão suturados. Os
tipos são:
- Cônica ou cilíndrica: sutura de subcutâneo e fáscia;
- Triangular ou bifacetada: mais usada em suturas cutâneas;
- Espatulada: suturas usadas em procedimentos oftalmológicos;
- Cega: ponta arredondada, sem corte, pode ser usada para dissecar
tecido friável sem cortá-lo. Usadas ocasionalmente na sutura de
órgãos parenquimatosos como fígado e rins.
2. Em relação à curvatura
a) Retas: são usadas para suturar sem ajuda do porta-agulhas, geralmente
usadas em locais acessíveis. Ex.: suturas de bolsa de tabaco no ânus;
b) Curvas: a curvatura é variável, podendo ser de ¼, ⅜, ½ ou ⅝ de círculo.
Utilizadas em campos cirúrgicos pequenos ou profundos, onde o tamanho do
campo cirúrgico e a área de trabalho são limitados.
- Sempre manipuladas com porta-agulhas;
- A escolha da agulha depende da profundidade da região a ser suturada:
• ¼: procedimentos oftálmicos;
Galera PD 59
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A B
Imagens de agulhas de Reverdin (A) e Guerlach (B).
2. Planos anatômicos
- Por planos: quando os pontos abrangem camada por camada de tecido,
tendo a vantagem de eliminar espaços mortos, sendo a técnica ideal;
- Em massa: inclui todos os planos em um único ponto, servindo como ponto
de sustentação dos tecidos;
- Mista: combinação de ambas as técnicas.
3. Fio usado
- Absorvível;
- Inabsorvível.
Galera PD 60
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4. Tipo de ponto
- Simples: alças dos fios no interior dos tecidos;
- Especial: pontos especiais aplicados para determinada finalidade.
5. Finalidade
- Hemostática: visa coibir ou prevenir a hemorragia;
- Aproximação ou união: finalidade de reestabelecer a integridade anatômica e
funcional das estruturas;
- Sustentação: pontos de apoio para auxiliar na manutenção de determinada
estrutura em posição;
- Estética: técnicas para se obter ótimo confrontamento entre os planos e
mínimo traumatismo, conseguindo cicatrizes perfeitas, aplicada
principalmente na pele.
6. Espessura do tecido
- Perfurante total: atravessa toda a parede do órgão;
- Perfurante parcial: atravessa somente uma parte da espessura da parede.
Galera PD 61
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CONCEITOS GERAIS
A eficiência, a segurança e a rapidez com que se executa a sutura são
aspectos fundamentais para um bom resultado da síntese das estruturas. Estas
características são obtidas por meio de vários procedimentos:
1. Manipulação e apresentação das bordas da ferida
- Devem ser manuseadas delicadamente, pois o processo de cicatrização se
desenvolverá a partir delas;
Galera PD 62
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- As bordas devem ser bem expostas para permitir a entrada e saída da agulha
sem maior dificuldade;
- A apresentação deve ser feita com pinças apropriadas em função da
resistência e da nobreza dos tecidos: pinças anatômicas delicadas, para os
elementos muito friáveis; pinças com dentes (dente-de-rato), para os tecidos
mais resistentes;
- A apresentação pode ser feita por pontos previamente aplicados e
tracionados.
4. Sentido da sutura
- Em geral, as suturas contínuas retilíneas se realizam da direita para a
esquerda, para facilitar a apresentação das bordas da ferida, que é realizada
com auxílio de pinça na mão esquerda;
- Nas suturas circulares (bolsa), se inicia na parte proximal ao cirurgião para
facilitar posteriormente o ajuste do nó. Após o ponto inicial, a progressão da
sutura pode ser em sentido anti-horário, visto que o ponto mais distal e os
pontos da metade esquerda são mais facilmente realizados com a agulha em
posição habitual;
- Suturas contínuas de incisões transversais são feitas preferencialmente da
parte proximal para a distal;
- Nas suturas de pontos separados, geralmente se inicia o fechamento com
ponto inicial na região central da incisão e os demais de maneira alternada
Galera PD 63
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6. Confecção do nó
- A sutura contínua se inicia com um nó inicial entre as pontas do fio.
- Ao término da sutura de estruturas comuns, o nó final é feito entre a
ponta e a última laçada;
- Em suturas contínuas de estruturas especiais, como vasos
sanguíneos, é preferível o uso de dois fios, sendo o nó final dado entre
a ponta de um e uma das pontas do outro;
- Em pontos separados, o nó é dado após o término de cada ponto;
- Quando a aproximação progressiva dos tecidos decorrente dos pontos dados
prejudicar a colocação do próximo ponto, os nós não são dados até que o
último ponto esteja pronto. Coloca-se uma pinça hemostática (reparo)
prendendo entre si as pontas de cada fio, chamando de pontos com nós
diferidos ou adiados.
7. Secção do fio
- Pontas de fio em pontos abaixo da pele devem ser cortados juntas dos nós,
devendo-se deixar pontas de pelo menos 2 mm para prevenir a soltura do nó.
Em pontos de pele, deve-se deixar pontas mais longas, facilitando a remoção
após a cicatrização;
- A secção é feita com a tesoura reta, sendo a mesma colocada junto ao nó
com as pontas entreabertas abrangendo o fio. Em seguida, inclina-se
lateralmente a tesoura na extensão em que se quer deixar o comprimento
das pontas e faz-se o corte.
Galera PD 64
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PADRONIZAÇÃO DA SUTURA
Na sutura em pontos simples é importante determinar a distância ideal entre
o local de entrada e saída do fio e o espaço entre um ponto e outro. A distância A-B
deve manter proporção com a espessura do tecido que será aproximado e com sua
capacidade resistir a tensão da sutura. A distância entre um ponto e outro (A-A) não
deverá ser maior que o próprio ponto (A-B).
A A A A
B B B B
Galera PD 65
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- Utilizada em qualquer tecido onde não haja muita tensão: pele, subcutâneo,
fáscia, vasos sanguíneos, nervos, trato gastrintestinal;
- O nó deve estar ao lado da linha de incisão, para que não comprometa a
cicatrização;
- É uma sutura aposicional.
2. Sutura de relaxamento
- Executada de maneira idêntica à sutura em ponto simples separado, porém,
a cada dois ou três pontos, faz-se um ponto cuja distância da borda da ferida
é maior;
- Utilizada em feridas onde há possibilidade de acúmulo de líquidos, pois
permite que ocorra drenagem, e para reduzir a tensão.
Galera PD 66
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- Em pequenos animais não deve ser utilizada para suturar a pele pela
possibilidade de diminuir a irrigação local e retardar a cicatrização, ou até
provocar necrose tissular. Neste caso, pode ser utilizada com modificação,
sem comprimir os vasos subdérmicos.
4. Sutura em U em pé ou Donatti
- As quatro perfurações se encontram na mesma linha;
- Os primeiros pontos de implantação da agulha se localizam a 1,5 cm das
bordas da ferida e os de volta se localizam o mais próximo possível das
bordas da ferida;
- É usada na pele junto ao tecido subcutâneo. O ponto maior tem a finalidade
de sustentação da pele e o ponto menor produz excelente confrontamento
das bordas da ferida, evitando sua inversão;
- Usada em lacerações traumáticas em membros dos equinos, onde o
suprimento de sangue pode estar comprometido;
- Tem a vantagem de assegurar uma perfeita vascularização na zona da
ferida, diminuindo o perigo de necrose tissular das margens;
- Tem como desvantagem maior uso de material e necessidade de mais tempo
para ser realizada.
Galera PD 67
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5. Wolff captonado
- Sutura de Wolff realizada com tubos de borracha, silicone ou gaze;
- Execução idêntica à Wolff, porém, um pouco mais afastada da borda da
ferida;
- Utilizada para diminuir a distensão dos tecidos, evitando que a alça do fio
seccione a pele nas suturas com tensão.
6. Sutura encavilhada
- As alças de cada sutura são apoiadas em um cilindro, que é colocado de
forma paralela às bordas da ferida, tendo a mesma aplicação da sutura
anterior;
- Vantagem: permite suprimento sanguíneo adequado das bordas da ferida em
suturas com tensão.
7. Sutura em X ou Sultan
- Para sua realização, introduz-se a agulha de um lado para outro como se
fosse executar uma sutura interrompida. Faz-se uma segunda passagem de
igual maneira, a 1 cm da primeira, seguindo o mesmo sentido, unindo-se as
pontas livres;
- Utilizada em regiões com resistência e submetidas a grandes tensões;
Galera PD 68
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 69
- Pode ser utilizada para fechar pequenas perfurações feitas por agulha
hipodérmica, procedimento realizado para esvaziar um intestino distendido
por gases;
- Também utilizada como ponto de apoio de uma sutura para hemostasia ou
aproximação.
8. Sutura de Lembert
- Considerada a sutura clássica para a cirurgia gastrintestinal, é invaginante,
usada como segunda camada de sutura (oclusão) para vísceras ocas;
- A sutura é conduzida através do tecido da parte externa em direção à borda
incisada. Ela penetra 0,5 a 1,0 cm através da serosa, muscular e submucosa,
sem atravessar a mucosa (TOBIAS & JOHNSTON, 2015) ou atravessando-a
(FOSSUM, 2002). A agulha sai do mesmo lado e emerge próxima à borda da
ferida. Ela é novamente inserida junto à outra borda da incisão, passando em
direção lateral através da serosa, muscular e submucosa;
- O espaço entre os pontos deve ser de 0,5 cm;
- Utilizam-se agulhas finas e semicirculares;
- A parede da víscera será automaticamente invertida conforme for dado o nó,
que não deve ser muito apertado;
- É utilizada em órgão gastrintestinais, útero e rúmen de animais de grande
porte. Pode ser interrompida ou contínua.
Galera PD 69
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 70
9. Sutura Swift
- É uma sutura simples separada invertida, em que as pontas ficam voltadas
para dentro, e o nó fica voltado para o lado da mucosa em órgãos ocos;
- O nó voltado para dentro da mucosa impede a aderência da sutura com
outras vísceras;
- Utilizada para suturas de esôfago cervical devido à proximidade do nervo
vago nesta região e este não será estimulado pela ponta do fio, já que estará
voltado para a luz do órgão.
Galera PD 70
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SUTURAS CONTÍNUAS
1. Sutura simples contínua
- Sutura de fácil e rápida execução, utilizada em tecidos elásticos que não
serão submetidos a uma tensão considerável;
- As perfurações podem ser executadas de modo que a parte exposta
atravesse a incisão diagonalmente ou em ângulo reto;
- Em cada ponto se procura aproximar bem as bordas da ferida sem tensionar
demasiadamente o fio para não formar pregas;
- É usada em vasos, músculos, aponeuroses, tecido subcutânea e pele.
Galera PD 71
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4. Sutura de Schimieden
- Realizada da mucosa para a serosa, portanto considerada contaminante;
- Agulha passada de dentro para fora, repetindo-se a manobra do outro lado;
- As bordas ficam bem confrontadas anatomicamente;
- Geralmente utilizada como primeira sutura de órgãos ocos (ex. útero).
5. Sutura de Cushing
- Sutura invaginante, não perfurante total, não contaminada, utilizada em
órgãos ocos, como estômago e vesícula urinária;
- Trabalha apenas a seromuscular das vísceras, portanto não oferece muito
risco de contaminação;
- Primeiro ponto de fechamento de órgãos em dois planos;
Galera PD 72
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 73
6. Connell
- Semelhante à sutura de Cushing, porém atravessa todas as camadas,
incorporando inclusive a mucosa (padrão de seromucosa);
- Utilizada em órgãos ocos, inverte os tecidos.
7. Parker-Kerr
- Aplicada para fechar o coto de uma víscera oca;
- É a sutura de Cushing realizada sobre uma pinça posicionada na
extremidade do coto;
- A pinça é retirada vagarosamente, invertendo as bordas do ferimento sem
que o lúmen seja aberto;
- Utiliza-se em seguida uma sutura de Lembert contínua;
- Usada em anastomose jejuno-cecal e íleo terminal no cavalo e em coto
uterino.
Galera PD 73
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 74
SUTURAS TENDÍNEAS
1. Bunnell modificada
- Utilizada para justapor tendões rompidos. Pouco utilizada por ser difícil e
poder danificar a microcirculação do tendão;
- Resistente e expõe pouco o material de sutura;
- Fio a ser utilizado: náilon ou polipropileno;
- A agulha é inserida de um lado da extremidade proximal do tendão rompido e
cruzada em diagonal ao longo do tendão, até sair do lado oposto. A sutura
continua com a reinserção da agulha distalmente e com 1mm de distância do
ponto de saída e cruzada diagonalmente ao outro lado do tendão, saindo
pela extremidade rompida. Então, ela é introduzida na porção distal do
tendão rompido, fazendo-se duas suturas cruzadas e retornando à
extremidade rompida, devendo ser reintroduzida na porção proximal. O
padrão se repete, de modo que a sutura termine próxima ao ponto original de
entrada. O nó é feito neste ponto, promovendo justaposição das
extremidades do tendão.
-
2. Distal-proximal-proximal-distal
- Sutura para tendões planos;
- Mínima interrupção de fluxo sanguíneo;
- A agulha deve ser passada em orientação perpendicular através do tendão, a
5 mm da extremidade rompida, na porção distal em direção à proximal.
Então, a agulha deve ser inserida na seção proximal do tendão no mesmo
plano vertical, a 2 mm da extremidade. Ela retorna para a parte distal do
Galera PD 74
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 75
COMPLICAÇÕES
1. Deiscência
- Ocorre quando a sutura não é capaz de manter unidas as bordas da ferida
até que estas adquiram resistência suficiente para que a ferida não se abra;
- Causas atribuídas ao material de sutura: pouca resistência ou diminuição
rápida da resistência e exarcebada reação inflamatória tecidual;
- As suturas têm resistência adequada por si só, mas é necessário ter cuidado
na execução do nó e na escolha do material de sutura.
2. Infecção
- A frequência de infecção é diferente segundo a classe da intervenção e a
área operatória;
- Em geral ocorre em 2 a 5% de todas as feridas cirúrgicas;
- A porcentagem aumenta em laparotomia, tratamento cirúrgico de processos
infecciosos, com o uso de material inadequado, fios trançados ou
multifilamentados.
3. Granulomas
- Encistamento sólido, dolorido e palpável ao redor da ligadura;
- Processo inflamatório, podendo haver presença de componente infeccioso.
4. Aderências
- Aderências peritoneais pós-celiotomia constituem sequela importante da
cirurgia abdominal e são produzidas por perda da lubrificação na serosa nos
pontos de sutura, que originam uma reação inflamatória;
- Pode ocorrer em todos os tipos de tecidos suturados, produzindo uma fusão
de planos por aderência, ainda que não apresentem alterações.
Galera PD 75
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 76
MATERIAIS CIRÚRGICOS
Galera PD 76
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 77
1. Definição
É todo o conjunto de objetos, instrumentos e equipamentos que entram em
contato direto ou indireto com a região operatória, utilizados para a execução de
determinado procedimento cirúrgico. Cada tipo de instrumento tem sua função,
devendo ser utilizado somente para este propósito, visando sua conservação.
2. Classificação
Em virtude da grande quantidade de instrumentos, eles são agrupados de
acordo com a sua função. A ordem dessas funções segue, de maneira geral, a
mesma ordem de utilização do material do campo operatório: inicia-se pela diérese
da pele, seguida de preensão das estruturas e hemostasia. Após o término da
abertura, promove-se a exposição do órgão ou cavidade, seguida do ato operatório
principal com instrumento especial, finalizando com a síntese dos tecidos.
Galera PD 77
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 78
6) Síntese.
3) Auxiliar 4) Síntese
Panos de campo/ Backaus e Allis Agulhas e fios
Compressas/ Gaze/ Afastadores Pinça anatômica e dente-de-rato
Porta-agulhas
2) Hemostasia 1) Diérese
Pinças Tesouras (Mayo/ Metzebaum)
(Kocher/ Rochester/ Crile/ Kelly/ Haslted) Bisturi
Galera PD 78
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 79
MATERIAIS DE DIÉRESE
1. Bisturi
Principal instrumento de corte. É constituído por um cabo reto com encaixe
em uma das extremidades para uma lâmina desmontável e descartável. O cabo n° 3
é destinado para lâminas pequenas (de números 9 a 17) em cirurgias mais
delicadas. Seus formatos são variáveis e adaptados para determinada função,
sendo as mais usadas as de n° 11 e 15. O cabo n° 4 é usado habitualmente e se
destina a lâminas maiores (de nº 18 a 50) e as mais empregadas são as de nº 22 e
23. O bisturi é empunhado de duas maneiras principais:
- Posição sob a mão, semelhante à empunhadura do arco de violino. É
usada para incisões longas, retilíneas ou de curvas suaves, principalmente em
cirurgia de grandes animais;
Galera PD 79
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 80
Empunhadura tipo lápis (A). Empunhadura correta para passar o bisturi (B).
Colocação ou retirada da lâmina com auxílio do porta-agulhas (C).
A retirada e a colocação das lâminas no cabo devem ser feitas com muito
cuidado, de preferência com o porta-agulhas (pinças hemostáticas são
indevidamente utilizadas, visto que com tal movimentação podem perder mais
rapidamente sua vida útil), para evitar ferimentos acidentais ou a perfuração da luva
de borracha. A ponta romba do cabo de bisturi não deve ser usada para a divulsão
ou descolamento de aponeuroses ou músculos, pelo risco de perfurações na mão
dos operadores.
2. Tesoura
Sua função principal é a de cortar tecidos orgânicos e materiais como gaze,
fios, borrachas, e promover a dissecção e divulsão dos tecidos. Seu comprimento é
variável em função da profundidade do campo de ação, tipo de estrutura (se mais
delicada ou mais robusta), e de acordo com o tecido a ser seccionado. A ponta da
tesoura pode ser reta ou curva para acompanhar a forma da incisão, e rombas ou
afiadas para facilitar a penetração ou o tipo de corte.
As tesouras de dissecção mais utilizadas são a de Metzenbaum (estruturas
delicadas, dissecção rápida) e a de Mayo (tecidos mais resistentes).
Galera PD 80
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 81
Empunhadura correta para corte com a tesoura (A) e modo de empalmar a tesoura:
entre os dedos (B) e sob o dedo mínimo (C). Passagem da tesoura empalmada (D)
para a posição de uso (F) por movimento circular da mão e ajuda com o dedo
mínimo (E).
MATERIAIS DE PREENSÃO
São aqueles destinados a agarrar (segurar, apreender) tecidos, chamados de
pinças de dissecção. A pinça de dissecção é um instrumento auxiliar, portanto,
geralmente utilizada na mão esquerda (para o cirurgião destro) sendo empunhada
como se fosse um lápis. Os dedos polegar e médio servem de apoio e o dedo
indicador é o que executa o movimento de fechamento da pinça, sendo o
movimento de abertura determinado por flexibilidade própria. Esta técnica de
empunhadura deve ser a única usada, porque é extremamente firme e estável, além
de permitir movimentos precisos.
Galera PD 81
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 82
MATERIAIS DE HEMOSTASIA
São instrumentos destinados a prevenir ou deter uma hemorragia ou impedir
a circulação temporária de uma determinada regiãos, além de preensão fios de
sutura e tecidos orgânicos como aponeuroses, peritônio, etc.
Possuem argola e cremalheira para manter as pontas fechadas em vários
graus de pressão. São empunhadas da mesma forma que as tesouras, e os dentes
da cremalheira se engatam automaticamente pelo fechamento da pinça pela
aproximação das argolas entre si. Após executar a sua função, a pinça deve ser
retirada e para tanto se executa movimento inverso ao de pinçamento.
Existem quatro modelos básicos principais:
1. Pinça Halsted (mosquito): de tamanho pequeno e delicado, com pontas
finas. É usada para vasos pequenos, estruturas orgânicas nobres e
pinçamento de fios finos para sutura. Apresenta ranhuras transversais em
toda a porção preensora;
2. Pinça Kelly: suas pontas são menores que as da pinça Kocher. É usada
para vasos, fios grossos e preensão de tecidos pela ponta. Esta pinça
apresenta ranhuras dispostas transversalmente nos dois terços iniciais da
garra;
3. Pinça Rochester: é uma pinça hemostática robusta usada para preensão de
pedículos e órgãos circundados por vasos. Suas pontas possuem ranhuras
horizontais ao longo de toda sua extensão;
4. Pinça Kocher: suas pontas são mais longas e robustas e possui dentes-de-
rato, o que as tornam mais traumáticas que as demais. São usadas para
preensão transversal em tecidos ou preensão pela ponta para a tração de
aponeuroses.
5. Pinça Crile: possui ranhuras transversais em toda a sua extensão preensora.
Todas as pinças podem ser curvas ou retas e possuem tamanhos variados.
Galera PD 82
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 83
MATERIAIS DE EXPOSIÇÃO
Constituem-se de afastadores, ou seja, elementos mecânicos para afastar os
tecidos seccionados ou separados, expondo planos anatômicos ou órgãos
subjacentes. O afastamento bem realizado facilita muito o ato operatório, de modo a
facilitar a visualização do campo cirúrgico. Existem dois tipos principais: afastadores
dinâmicos (Farabeuf) e afastadores auto-estáticos (Finoqueto, Balfour, Gelpi,
Gosset, Weitlaner).
MATERIAIS DE SÍNTESE
São destinados a realizar as manobras necessárias para a reunião dos
tecidos entre si: porta-agulhas e agulhas, principalmente.
Existem dois modelos principais de porta-agulhas:
1) Porta-agulha de Hegar (Mayo-Hegar): possui argolas na extremidade
das hastes e possui a mesma empunhadura e mesmo manuseio da pinça
hemostática. É ideal para suturas em profundidade devido às suas hastes
longas e estreitas. É usado também para transfixação de estruturas
rígidas como osso e pele.
Galera PD 83
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 84
A B
Movimento de pronação-supinação para introdução (A) e retirada (B) da agulha.
Tesouras Romba-romba (A), Romba-reta (B), Reta-reta (C), Metzenbaum (D) e Mayo
(E). Cabos de bisturi (F).
Galera PD 84
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 85
Pinças de hemostasia
Hegar Mathieu
Galera PD 85
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 86
PARAMENTAÇÃO
Galera PD 86
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 87
VII. PARAMENTAÇÃO
Galera PD 87
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 88
Técnica de escovação (desinquinação). Deve iniciar-se pelas pontas dos dedos (1),
seguindo pela mão nos espaços interdigitais (2,3,4,5), face palmar (6) e face dorsal
da mão (7), face anterior (8) e face posterior do antebraço (9). A escova deve ser
passada de forma unidirecional, 20 vezes em cada local. A torneira é aberta com o
cotovelo ou por um auxiliar não paramentado e o enxague se inicia com as pontas
dos dedos, passando para a mão e o antebraço, sempre em sentido unidirecional.
Após o enxague mantenha os braços para cima (1). Secagem dos membros
superiores: utilize uma compressa aberta ou com dobra simples. Após enxugar as
mãos (2), passa-se para o antebraço (3) e o cotovelo do mesmo lado (4). Dobra-se
a compressa deixando a face usada no cotovelo para dentro (5) e com a compressa
dobrada enxugue a outra mão (6), o antebraço (7), deixando o cotovelo por último
(8).
Galera PD 88
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 89
1 2 3 4
Ato de vestir o avental esterilizado. Após a secagem dos membros superiores, o
avental deve ser segurado com ambas as mãos (1,2), as quais a seguir são
introduzidas ao mesmo tempo nas respectivas mangas (3). O auxiliar de sala
traciona o avental por trás e promove as amarrações (4).
Galera PD 89
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 90
Calçamento das luvas estéreis pelo método aberto: o envelope é aberto por um
auxiliar de sala, devendo o papel ser desdobrado de modo a expor o par de luvas.
Com uma das mãos segure a parte dobrada da luva e introduza a outra mão com o
cuidado de não tocar na face externa da luva, calçando-a, mas deixe para arrumá-la
no final. Coloque os dedos da mão enluvada sob a dobra da outra luva e ao mesmo
tempo introduza a outra mão com cuidado. Calce a luva de modo que fique sobre a
manga do avental. Arrume a luva da outra mão com o cuidado de não tocar na face
interna da luva. Por fim, mantenha as mãos junto ao corpo e não toque em nada
que não tenha passado por esterilização.
Galera PD 90
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 91
Galera PD 91
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 92
PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
Avaliação do paciente
Antes de se realizar uma cirurgia, é necessário conhecer o paciente e suas
condições pré-existentes. Para tal, uma anamnese bem-feita é essencial, obtendo-
se dados gerais (espécie, raça, sexo, idade, peso...) e a história clínica do paciente,
informações sobre dieta e o ambiente em que vive, estado geral de saúde, se está
em tratamento atualmente ou recentemente e se utiliza medicamentos de uso
contínuo (corticosteroides, anticonvulsivantes, ácido acetilsalicílico...) para controle
de doenças crônicas (glaucoma, hipotireoidismo, cardiopatias, epilepsia...). Além
disso, é importante saber se o paciente já foi submetido a outras cirurgias
anteriormente, bem como se já recebeu transfusões sanguíneas ou apresentou
reações medicamentosas.
As perguntas não devem se restringir ao sistema ou trato que está
acometido, devendo-se inquerir sobre possíveis alterações gerais:
• Trato gastrointestinal: vômitos, diarreia, presença de sangue nas fezes,
hiporrexia ou anorexia, normodipsia;
• Trato urogenital: aparência da urina, frequência de micção, alterações na
região genital, cio;
• Trato respiratório: tosse, secreção nasal, respiração dificultosa, alterações
na postura habitual em repouso;
• Sistema circulatório: edemas, extremidades cianóticas, tosse, resistência
a exercício;
• Sistema musculoesquelético: claudicação, se algum membro é poupado
em esforço ou repouso, dor à manipulação de algum dos membros ou da
coluna;
• Sistema nervoso: convulsões, desmaios, perda de consciência, mudanças
repentinas de comportamento, perda de propriocepção ou sensibilidade
em algum membro.
Galera PD 92
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 93
Exames complementares
É essencial realizar exames complementares, visando estabelecer o estado
físico do paciente, mas também diagnosticar possíveis insuficiências, aferir o risco
cirúrgico e anestésico, elaborar o melhor protocolo anestésico para o paciente e
melhorar a monitoração trans e pós-anestésica.
• Exames complementares
- Hematológicos: eritrograma, leucograma, contagem de plaquetas,
proteína total;
- Bioquímicos: ureia, creatinina, FA, ALT, CK, proteína, albumina;
§ Para aves e répteis: ácido úrico ao invés de ureia, creatinina
não possui valor diagnóstico;
§ ALT é a enzima de eleição para carnívoros e onívoros, para
animais herbívoros, preferir AST.
Galera PD 93
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 94
- Urinálise;
- ECG e ecodoppler: para cães e gatos acima de cinco anos de
idade ou pacientes que apresentem alteração cardíaca à
auscultação;
- Radiografia: investigação de metástases.
Galera PD 94
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 95
após paramentação, com utilização de gaze estéril e pinça estéril própria para este
fim. As soluções (PVPI ou clorexidina alcoólica) devem ser dispensadas sobre a
pele por um auxiliar não paramentado. As técnicas recomendadas para a limpeza
são:
Ø Círculos concêntricos: iniciar pelo local onde será feita a incisão, geralmente
no centro da área onde realizou a tricotomia. Esfregar e realizar movimentos
circulares, do centro para a periferia, descartando a gaze ao atingir o final da
região com tricotomia, sem nunca retornar com a mesma gaze para evitar
contaminação;
Ø Espinha de peixe: iniciar na região medial da área da tricotomia, sobre o local
da incisão, em linha reta. A seguir, fazer padrão de espinha de peixe em um
dos lados, virar a gaze e repetir o padrão do outro lado. Descartar a gaze ao
final do procedimento. Caso pelo seja atingido no processo, descartar a gaze
imediatamente.
Realizar seis repetições de qualquer um dos métodos. Ao final, remover o
excesso das soluções com auxílio de gaze estéril seca.
Após, segue-se para a colocação dos panos de campo. O objetivo é criar um
campo estéril a ser mantido durante o procedimento cirúrgico, isolando a região não
preparada. Os panos devem ser posicionados por pessoas paramentadas, um de
cada vez, não devendo ser torcidos, agitados ou sacudidos. Uma vez posicionados,
os campos não devem ser reajustados, visando evitar contaminação. Os campos
são presos com auxílio de pinças Backhaus estéreis. O uso de compressas estéreis
sobre os panos de campo é recomendado, podendo ser utilizadas para isolar
estruturas do interior da cavidade abdominal após sua exposição.
Planejamento
É essencial que a equipe cirúrgica conheça os papéis a serem
desempenhados e colabore entre si, de modo que o procedimento aconteça sem
intercorrências. O foco cirúrgico deve ser posicionado de modo a iluminar a região
da cirurgia, promovendo boa visualização para o cirurgião e o auxiliar. Deve-se
evitar movimentos bruscos e com força excessiva quando dentro do centro cirúrgico
para evitar acidentes. Todo o material cirúrgico deve ser conferido previamente,
tanto quanto à sua disponibilidade quanto a estar esterilizado previamente.
Galera PD 95
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 96
PERÍODO TRANS-OPERATÓRIO
O paciente deve ser mantido em plano anestésico adequado ao longo do
procedimento, com fluidoterapia intravenosa. Caso necessário, o paciente deve ser
ventilado. A região cirúrgica deve ser protegida para não haver contaminação e os
tecidos expostos devem ser hidratados e minimamente manipulados. O material e o
padrão de sutura devem ser escolhidos de acordo com o caso.
PERÍODO PÓS-OPERATÓRIO
Após a cirurgia, os pacientes devem ser levados para uma sala de
recuperação, onde podem ser monitorados. A temperatura, frequências cardíaca e
respiratória devem ser observadas até que o paciente esteja alerta. Caso o paciente
esteja hipotérmico, deve-se aquecê-lo com cobertores térmicos e luvas com água
quente.
O paciente deve ser encaminhado para casa com prescrições de medicação
analgésicas e anti-inflamatórias, para que a recuperação seja a melhor possível.
Deve-se sempre orientar o proprietário para que seja feito período de repouso e uso
de roupa cirúrgica ou colar elisabetano para evitar o animal tenha acesso ao local
de incisão e possa lamber ou morder a ferida cirúrgica. Deve ser feito curativo diário
para manter a ferida limpa e evitar infecção local.
O uso de antibióticos profiláticos no pós-operatório só deve ser utilizado em
caso de cirurgias contaminadas. No caso de infecções no pós-cirúrgico, se
observam sinais sistêmicos (hipertermia, prostração, anorexia, polidipsia,
leucocitose, icterícia, uremia) e locais (edema de bordas, pontos apertados, eritema,
sensibilidade exacerbada, drenagem de secreção serosa ou serosanguinolenta,
seroma e supuração).
Galera PD 96
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 97
TÉCNICAS OPERATÓRIAS
EM CÃES E GATOS
Galera PD 97
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 98
Conceito
Traqueotomia: incisão na parede traqueal.
Indicações
• Remover obstrução;
• Coletar amostras;
• Facilitar fluxo aéreo.
Considerações gerais
Os animais com desconforto respiratório devem ser examinados e
submetidos a tratamento clínico (caso necessário) previamente à cirurgia. Pode-se
administrar oxigenioterapia, corticosteróides ou até mesmo a sedação, lembrando
sempre de avaliar cada caso particularmente e utilizar somente o tratamento
adequado a cada situação.
O diagnóstico de uma doença respiratória superior embasa-se na anamnese
e sinais clínicos, achados do exame físico, parâmetros hematológicos e bioquímicos
séricos, radiografia, endoscopia, citologia, cultura e/ou biópsia.
Doses antiinflamatórias pré-operatórias de corticosteróides podem reduzir
edema nasofaríngeo e/ou em via aérea superior secundário à manipulação cirúrgica
ou diagnóstica. Para tanto a Dexametasona na dose de 0,5 - 2 mg/kg IV, IM, SC é
recomendada.
Antibioticoterapia
O trato respiratório possui uma flora bacteriana endógena. Portanto,
administram-se frequentemente antibióticos profiláticos antes da cirurgia. A maior
parte das infecções deve-se a microorganismos gram-negativos. A escolha do
fármaco a ser utilizado deve ser embasada em cultura e antibiograma prévios.
Antibioticoterapia indicada para tratamento de infecção respiratória superior:
Galera PD 98
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 99
Anatomia cirúrgica
A traqueia é um tubo flexível e semirrígido, que se estende desde a
cartilagem cricóide até os brônquios principais, aproximadamente na quarta ou na
quinta vértebras torácicas. Trinta e cinco a quarenta e cinco cartilagens hialinas em
forma de C, reunidas por ligamentos anulares ventral e lateralmente e pelo músculo
traqueal (membrana traqueal dorsal) dorsalmente, formam a traqueia. Os vasos e os
nervos traqueais encontram-se nos pedículos laterais e suprem a traqueia em
segmentos. Tecido conjuntivo areolar frouxo circunda a traquéia e forma os
pedículos laterais. Os ramos vasculares para a traqueia são supridos pelas artérias
e veias tireóideas craniais e caudais, pelas artérias e veias broncoesofágicas e
veias jugulares internas. A inervação ocorre pelo sistema nervoso autônomo.
Técnica operatória
Aborde a traqueia cervical por incisão na linha média cervical ventral.
Prolongue a incisão desde a laringe até o esterno, conforme necessário, para
permitir a exposição adequada. Separe os músculos esterno-hióideos ao longo da
Galera PD 99
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 100
2. TRAQUEOSTOMIA
Conceito
Criação de uma abertura temporária ou permanente no interior da traqueia
para facilitar o fluxo aéreo. Ela permite que o ar entre na traqueia distal ao nariz,
boca, nasofaringe e laringe. Deve-se realizar uma traqueotomia e em seguida inserir
uma sonda (traqueostomia temporária) ou criar um estoma (traqueostomia
permanente) para facilitar o fluxo aéreo. Deve-se escolher uma sonda não-reativa
que não seja maior que metade do tamanho (diâmetro) da traqueia.
Indicação
- Traqueostomia temporária
É realizada mais comumente para proporcionar uma via de fluxo aéreo
alternativa durante uma cirurgia ou como procedimento de emergência em
pacientes gravemente dispneicos. A traqueostomia com sonda deve ser mantida
geralmente por período curto.
- Traqueostomia permanente
Recomenda-se para animais com obstruções respiratórias superiores que
causam desconforto respiratório moderado a intenso, as quais não podem ser
Galera PD 100
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 101
tratadas com êxito por meio de outros métodos (por exemplo: neoplasia nasal).
Deve-se orientar os tutores que esses animais estarão restringidos de nadar, que
necessitarão de cuidados estomatosos diários, e ainda os advertir de que a
vocalização ficará diminuída ou ausente após esse procedimento. Os
traqueostomas devem ser mantidos pela vida inteira ou até serem fechados
cirurgicamente.
Técnica operatória
- Traqueostomia temporária
Faça uma incisão na linha média ventral a partir da cartilagem cricóide,
prolongando-a 2 a 3 cm caudalmente. Separe os músculos esterno-hióideos e faça
uma traqueotomia horizontal (transversal) pelo ligamento anular, entre a terceira e a
quarta ou a quarta e a quinta cartilagens traqueais. Não estenda a incisão ao redor
mais do que a metade da circunferência traqueal. Aspire sangue e muco do lúmen,
alargue a incisão e insira a sonda de traqueostomia. Facilite a colocação da sonda
envolvendo a cartilagem, distal ou lateralmente à incisão, com uma sutura de
fixação longa. Aplique tensão nessa sutura para abrir a incisão. Alternativamente,
abra uma pinça hemostática na incisão ou abaixe as cartilagens cranialmente à
incisão horizontal. Se a inserção da sonda for difícil, resseccione uma elipse
pequena de cartilagem. Aproxime os músculos esterno-hióideos, o tecido
subcutâneo e a pele cranial e caudal à sonda. Fixe a sonda suturando-a na pele ou
amarrando-a em gaze presa ao redor do pescoço.
- Traqueostomia permanente
Exponha a traqueia cervical proximal com uma incisão na linha média cervical
ventral. Crie um túnel dorsalmente à traqueia na área da terceira à sexta cartilagem
traqueal. Usando esse túnel, aproxime os músculos esterno-hióideos dorsalmente à
traqueia, com suturas de colchoeiro horizontais para criar uma tipóia muscular a fim
de reduzir a tensão nas suturas de mucosa com pele. Começando com a segunda
ou a terceira cartilagem traqueal, esboce um segmento retangular da parede
traqueal, com um comprimento da largura de 3 a 4 cartilagens e um terço da
circunferência da traqueia em largura. Incise a cartilagem e os ligamentos anulares
até a profundidade da mucosa traqueal. Levante a borda da cartilagem com uma
pinça e disseque o segmento da cartilagem a partir da mucosa. Se as cartilagens
traqueais mostrarem qualquer fraqueza ou tendência a colabar, coloque um ou dois
Galera PD 101
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 102
Complicações
• Obstrução respiratória devido ao inchaço, edema e irritação de mucosa com
aumento na produção de muco e/ou colabamento laríngeo ou traqueal;
• Infecção;
Galera PD 102
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 103
3. ESOFAGOTOMIA
Conceito: é o acesso, mediante incisão na parede esofágica até o lúmen, que pode
ser realizado nas regiões cervical, torácica ou abdominal..
Indicações
• Remover obstrução (corpos estranhos, estenoses, massas, etc.);
• Perfuração;
• Fístulas;
• Hérnia hiatal;
• Intussuscepção gastroesofágica;
• Divertículos;
• Acalasia cricofaríngea (interrupção de passagem de alimentos através do
esfíncter esofágico cranial).
Cuidados pré-operatórios
O diagnóstico de esofagopatia baseia-se na anamnese, sinais clínicos e em
endoscopia e/ou radiografias (simples e contrastadas; com suspeita de perfuração
utilizar contraste iodado e não de bário). Os sinais clínicos predominantes de
afecção esofágica são regurgitação e disfagia.
Pode ocorrer pneumonia por aspiração, que deve ser tratada agressivamente
antes da cirurgia. Esofagite e debilidade nutricional também devem ser tratadas
previamente à cirurgia.
Terapia com corticosteróides intercorrentes (prednisolona a 0,5 mg/kg, VO
BID) pode diminuir o risco de estenose em animais com esofagopatia grave.
Antibioticoterapia
Galera PD 103
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 104
Anatomia cirúrgica
Galera PD 104
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 105
Técnica operatória
- Abordagem do esôfago cervical
Posicione o paciente em decúbito dorsal. Realize uma incisão cutânea na
linha média ventral do pescoço, que inicia na altura da cartilagem cricóidea, (região
da laringe) e estende-se caudalmente até o manúbrio. Rebate-se o músculo
platisma e o tecido subcutâneo superficialmente e separa-se a seguir os músculos
esterno-hióideos pareados ao longo da linha média para expor a traqueia
subjacente. Retraia a veia tireóidea média com o músculo esterno-hióideo. Se for
necessária a exposição do esôfago cervical caudal, separe e retraia os músculos
esternocefálicos. Retraia a traqueia para a direita para expor as estruturas
anatômicas adjacentes, incluindo o esôfago, a glândula tireóidea, os vasos
tireóideos craniais e caudais, o nervo laríngeo recorrente e a bainha carotídea. A
introdução prévia de uma sonda esofágica facilitará a identificação do órgão e
permitirá sua aspiração interna antes da incisão, diminuindo o risco de
contaminação.
- Esofagotomia
Separe o esôfago do restante do campo com compressas. Aspire material do
esôfago antes de fazer a incisão. Oclua o lúmen cranial e caudalmente ao local
proposto da esofagotomia com os dedos ou pinças atraumáticas. Coloque suturas
de fixação adjacentes ( fixam apenas a adventícia e a muscular) ao local da incisão
Galera PD 105
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 106
Galera PD 106
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 107
Definição
Embora se utilize amplamente o termo laparotomia, este termo refere-se
exclusivamente à abertura do flanco. A abertura da cavidade abdominal denomina-
se celiotomia.
Galera PD 107
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 108
Anatomia
Na linha média ventral há uma fina, branca e fibrosa área, denominada linha
alba. Em cães, ela possui entre 2 e 3 mm de largura; em gatos, ao redor de 4 mm.
As fibras das aponeuroses tendinosas dos músculos oblíquo abdominal externo,
oblíquo abdominal interno e reto abdominal convergem sobre a linha média,
formando a linha alba. Desta forma, eles passam externa ou internamente ao
músculo reto abdominal, o qual se estende em uma direção cranial a caudal ao
longo da parede abdominal.
Classificação
• Celiotomia mediana*: incisão sobre a linha média (linha alba).
• Celiotomia paramediana*: incisão paralela à linha média (linha alba).
*As celiotomias mediana/ paramediana podem ainda ser classificadas em
pré-umbilical, retro-umbilical, ou pré-retro-umbilical, conforme sua extensão.
• Laparotomia: incisão na área paracostal do flanco.
Indicações
• Diagnóstica
• Curativa (que permita acesso a outras técnicas)
• Prognóstica
Técnica operatória
Pré-operatório: jejum prévio, técnicas de antissepsia, colocação de panos de
campo, decúbito dorsal.
Trans-operatório:
• incisão cutânea, com o bisturi, na linha média ventral (extensão e
localização conforme o procedimento desejado), podendo ter início
próximo ao processo xifóide e estendendo-se caudalmente até o púbis;
• incise o tecido subcutâneo (se houver necessidade, divulsione-o sobre a
linha média), exponha a fáscia externa do músculo reto abdominal;
• identifique a linha alba; realize hemostasia, se necessário;
Galera PD 108
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 109
Seta menor: incisão pré-umbilical; seta maior: incisão retro-umbilical; união das duas
setas: incisão pré-retro-umbilical.
Complicações
• infecção cirúrgica, se não forem seguidos os padrões de antissepsia e
assepsia;
Galera PD 109
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 110
A B C
Figura – A. Colocação dos panos de campo. B. Incisão por estocada e C. Sutura da musculatura
abdominal em padrão simples interrompido.
Galera PD 110
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Galera PD 111
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 112
Galera PD 112
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 113
Conceito
Gastrotomia é a abertura do estômago e deve ser distinguida da
gastrostomia, que é o estabelecimento de uma abertura artificial (comunicação com
o meio externo) do estômago.
Indicações
• Retirada de corpos estranhos;
• Inspeção da mucosa gástrica para verificação de presença de úlceras,
neoplasias ou hipertrofias;
• Obtenção de material para biópsia;
• Esvaziamento gástrico.
Considerações pré-operatórias
O paciente portador de doença gástrica apresenta como sinal clínico mais
comum o vômito, que pode ser intermitente ou profuso e contínuo, tendo como
consequência a desidratação e a hipocalemia, que deverão ser corrigidas antes de
submetê-lo à anestesia. Alteração do equilíbrio acidobásico deverá ser avaliada,
pois o animal pode apresentar alcalose pela perda de fluido gástrico, ou acidose
metabólica por comprometimento da perfusão como consequência da desidratação
ou hipotensão.
Galera PD 113
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Galera PD 114
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 115
Técnica operatória
• Anestesia;
• Animal em decúbito dorsal;
• Antissepsia;
• Colocação dos primeiros panos de campo;
• Celiotomia mediana; pré-umbilical; em alguns casos, pré-retro umbilical;
• Colocação dos segundos panos de campo e de compressas umedecidas ao
redor da incisão;
• Afastadores para aumentar a exposição do estômago;
• Exploração da cavidade abdominal e exposição e isolamento do estômago,
através de duas suturas de apoio equidistantes (aplicar apenas na serosa e
muscular) de pinças Babcock na área menos vascularizada do órgão;
estruturas abdominais circundantes são afastadas com compressas
umedecidas;
• Rotacionar o estômago a 90º para que a incisão fique paralela à parede
abdominal;
• Incisão paralela e equidistante às duas curvaturas, em duas etapas:
a) Iniciar na camada seromuscular, aprofundando até a mucosa com bisturi.
Hemorragia pode ocorrer quando a incisão atinge a porção mais profunda
do leito seromuscular e a ligadura dos vasos será mais fácil se a mucosa
estiver íntegra, pois, quando incisada, costuma se dobrar sobre as outras
camadas da parede gástrica;
b) Faz-se uma incisão na mucosa com lâmina de bisturi ampliando-a com
uso de tesoura de Metzembaum em direção às pinças.
• Inspeção do órgão e/ou retirada do corpo estranho;
• Troca de luvas. Desprezar material contaminado (compressas, instrumental
cirúrgico);
Galera PD 115
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 116
• Sutura
Quanto à sutura, há autores que defendem a sutura realizada em um único plano,
por causar menor inversão e melhor aposição das bordas da ferida. Por outro lado,
a sutura realizada em dois planos proporciona melhor controle da hemorragia e
melhor coaptação da serosa, além de fornecer maior segurança quanto à deiscência
devido ao movimento peristáltico que se apresenta. Quando realizada em um único
plano a sutura não perfurante total é preferencial para gastrorrafias, uma vez que a
presença de fio de sutura na mucosa gástrica seria fonte constante de atrito. Este
procedimento tem sido preconizado recentemente por causar menor isquemia e
exsudação à ferida cirúrgica.
Suturas realizadas em dois planos poderiam ter o primeiro padrão Cushing,
com fio absorvível sintético 3-0 a 4-0. A sutura se inicia na superfície serosa e
penetra (mas não atravessa) a mucosa (não perfurante total). O segundo plano é
realizado com pontos simples separados tipo Lembert, utilizando-se fio absorvível
sintético 2-0 ou 3-0, passando a agulha em ângulo reto na incisão, através da
seromuscular. Outras combinações podem ser feitas, a critério do cirurgião e de
suas habilidades. O omento pode ser colocado sobre a incisão e fixado
(omentopexia) com dois pontos simples separados com fio absorvível sintético 2-0
ou 3-0.
Cuidados pós-operatórios
Além dos cuidados referentes à causa que conduziu à gastrotomia, os
cuidados pós-cirúrgicos constituem-se, basicamente, na restauração do equilíbrio
hidroeletrolítico. A fluidoterapia deve ser continuada até que a ingestão oral de fluido
se restabeleça adequadamente. Pequenas quantidades de água devem ser
Galera PD 116
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 117
6. ESPLENECTOMIA
Por muito tempo acreditou-se que o baço não era essencial à vida e,
portanto, poderia ser retirado sem maiores complicações. Sabe-se, hoje, que a
doença esplênica representa grande mortalidade e morbidade em cães idosos.
Embora os avanços das técnicas anestésicas e cirúrgicas e um cuidado pós-
operatório adequado permitam lograr êxito nas esplenectomias de cães e gatos, as
complicações pós-cirúrgicas que ameaçam a vida ainda persistem. As importantes
funções desempenhadas pelo baço têm conduzido a métodos de preservação da
função esplênica e ao monitoramento da saúde de animais que passam por
esplenectomia total.
A técnica de reimplante esplênico já é executada há muito tempo na
medicina, mas ainda é de execução recente na medicina veterinária, apesar de sua
baixa complexidade técnica e dos potenciais benefícios.
Definição
Esplenectomia é a remoção cirúrgica do baço.
Anatomia
O baço situa-se no quadrante abdominal cranial esquerdo, em posição
ventral na cavidade peritoneal, encontrando-se geralmente paralelo à curvatura
maior do estômago. Entretanto, sua localização mais precisa é dependente do
tamanho e do posicionamento dos outros órgãos abdominais. Com o estômago
contraído o baço se localiza ao lado das costelas; quando o estômago está repleto,
o baço se encontra no abdômen caudal.
Galera PD 117
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 118
Indicações
As afecções cirúrgicas do baço podem ser focais (simétricas) ou difusas
(assimétricas). A esplenomegalia difusa pode ser atribuída à congestão (ex: torção
esplênica, insuficiência cardíaca direita, dilatação vólvulo-gástrica, fármacos) ou
infiltração resultante de infecção, doença imunomediada ou neoplasia (ex: linfoma).
A esplenomegalia focal pode ser causada por processos benignos (ex: regeneração
nodular, trauma, hematoma) ou neoplásicos (ex: hemangiosarcoma). A
esplenomegalia decorrente de neoplasia é a principal causa de esplenomegalia não
iatrogênica em cães e gatos.
Trauma esplênico, ruptura de um hematoma ou uma doença concomitante
(ex: infecção crônica, doença imunomediada ou coagulação intravascular
disseminada) podem resultar em hemorragia seguida de anemia.
Esplenectomia parcial
Indicada para lesões focais ou traumáticas, quando se deseja preservar a
função esplênica.
- Técnica operatória
Galera PD 118
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Esplenectomia parcial
Esplenectomia total
- Técnica operatória
Galera PD 119
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Esplenectomia total
Pós-operatório
O animal deve ficar em observação durante as primeiras 24 horas, devido ao
risco de hemorragia, e o hematócrito aferido constantemente, até que tenha voltado
aos níveis normais. Se houver hemorragia, esta pode ser por falha técnica ou por
Galera PD 120
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 121
Complicações
A maior complicação da cirurgia esplênica é a hemorragia, mais frequente
quando se realiza biópsia ou esplenectomia parcial. Pode decorrer de falhas nas
ligaduras dos vasos na esplenectomia total.
Reimplante Esplênico
O reimplante ou autotransplante esplênico apresenta como principais
objetivos a manutenção da função imune dos órgãos, a redução do infarto do
miocárdio e a não ocorrência de infecção hiperaguda ocasionada em decorrência da
esplenectomia total.
A técnica é de fácil execução e pode ser feita em alguns minutos. Após a
realização da esplenectomia total, posiciona-se o órgão sobre uma compressa
úmida e, em seguida, realizam-se incisões no sentido transversal do baço,
confeccionando pequenos fragmentos do órgão, aproximadamente de três a cinco
fragmentos. A espessura deve ser a menor possível, pois isso facilita a
neovascularização e viabilidade.
Após a confecção destes fragmentos, eles são posicionados sobre o omento,
que é fletido sobre eles, formando uma bolsa omental, que é fixada em seguida com
aproximadamente três pontos separados.
Indicações
As cirurgias intestinais, principalmente intestino delgado, são indicadas para
casos de obstrução, como exemplo; corpos estranhos e massas, traumatismos por
perfurações ou isquemia, posicionamentos errados, infecções e procedimentos
Galera PD 121
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 122
Pré-operatório
Além dos procedimentos rotineiros (jejum, estabelecimento do animal,
tricotomia, etc.), preconiza-se a antibioticoterapia profilática imediatamente antes da
cirurgia. A microbiota é menor no duodeno e no jejuno que íleo, cólon e reto. O
maior número de bactérias (aeróbias e anaeróbias) se encontra no cólon.
Proliferação anormal de bactérias residentes ocorre no intestino envolvido devido ao
conteúdo luminal estagnado e à desvitalização da parede, que se constituem em
excelentes meios de crescimento.
Dentre os antibióticos preconizados citam-se a Cefazolina (20mg/Kg IV) e a
Cefoxitina (15-30mg/Kg IV).
Enterotomia
- Técnica operatória
• decúbito dorsal; celiotomia mediana, geralmente pré-umbilical;
• a alça intestinal que contém o corpo estranho é tracionada para fora do
abdômen e isolada com compressas. Realiza-se o “ordenhamento” da
alça intestinal. Colocam-se pinças intestinais atraumáticas (clampes
intestinais) cranial e caudalmente ao local a ser incisado. A parede
intestinal composta pelas camadas mucosa, submucosa, muscular e
serosa, é incisada longitudinalmente, no lado anti-mesentérico, e no
tecido sadio imediatamente caudal ao corpo estranho. A incisão deve ter o
tamanho suficiente para a retirada do corpo estranho sem causar mais
comprometimento ao tecido. Posteriormente sutura-se a parede intestinal
com pontos simples interrompidos que atravessam todas as camadas da
parede intestinal, usando fio de sutura absorvível sintético 3-0 a 4-0. A
agulha é inserida na parte serosa, atravessando a mucosa, para garantir a
inclusão da submucosa. Depois é reinserida na mucosa, chegando à
serosa, na borda oposta. Deve-se ter a cautela de evitar a eversão da
Galera PD 122
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 123
Enterectomia e enteroanastomose
- Técnica operatória
• decúbito dorsal; celiotomia mediana, geralmente pré-umbilical;
• avalie a quantidade de intestino a sofrer ressecção. Na maioria dos
pacientes, a área afetada pode ser tracionada para fora do abdômen. Em
casos de intussuscepção, sempre é válido tentar reduzi-la. Realiza-se um
leve “ordenhamento” na porção da alça intestinal a ser retirada. O
intestino é liberado de sua ligação com o mesentério através de
transecção e ligaduras (fio sintético absorvível 3-0 ou 4-0). Aplique um ou
dois clampes intestinais (ou os dedos) em cada extremidade que irá ser
seccionada. As pinças devem ser colocadas de maneira que o suprimento
sanguíneo da anastomose não seja impedido, e o mais próximo possível
da linha de corte, para evitar extravasamento de conteúdo intestinal.
• em pequenos animais, a técnica mais utilizada é a término-terminal (veja
ilustração abaixo). As disparidades do tamanho dos segmentos podem
ser resolvidas até certo ponto, pelo estiramento do segmento menor. Se
isto não for suficiente, o segmento menor pode ser seccionado em ângulo
de 60º, para formar uma maior circunferência.
• a sutura, em pontos simples interrompidos, com fio absorvível sintético
com agulha atraumática, é iniciada no lado mesentérico do intestino,
como mencionado anteriormente. Deixa-se o fio longo, e realiza-se outra
sutura no extremo oposto (lado anti-mesentérico) de maneira semelhante.
Galera PD 123
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 124
Galera PD 124
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 125
Pós- operatório
Complicações
Sabe-se que padrões de sutura eversores ou inversores retardam a
cicatrização e podem resultar em formação de estenose.
De forma geral, o intestino cicatriza-se rapidamente, embora fatores locais e
sistêmicos possam contribuir para o retardo deste processo e a ocorrência de
deiscência que pode desencadear peritonite e septicemia.
8. CISTOTOMIA
Considerações gerais
A bexiga é um órgão tubular oco que recebe urina obtida do filtrado
glomerular dos rins por meio dos ureteres. Anatomicamente, a bexiga pode ser
dividida em três regiões: fundo, que é a parte cranial, corpo, que é a parte
intermediária e colo, a parte distal. Internamente a área do colo é também
denominada trígono vesical. A base desta área triangular é formada pelos dois
óstios ureterais (ureter) e o ápice pelo orifício uretral (uretra).
Interior da bexiga urinária: cicatriz do úraco (1); bexiga (2); ureter (3); óstio do ureter (3’); trígono vesical (4);
crista uretral (5); uretra (6).
Galera PD 125
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 126
Definição
A cistotomia é a incisão cirúrgica da bexiga (vesícula urinária), diferente da
cistectomia, que se trata da retirada de um fragmento da vesícula urinária.
Indicações
É indicada em pacientes com urólitos (ex: oxalato de cálcio, fosfato de cálcio)
quando os cálculos não podem ser eliminados pelo tratamento conservador, ou
quando houver dúvidas a respeito da formação dos cálculos. Esta cirurgia também é
indicada nos pacientes com evidências radiográficas de alterações na mucosa da
vesícula urinária e pode ser utilizada para verificar a posição do orifício uretral nos
Galera PD 126
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 127
Técnica operatória
• acesso através de celiotomia mediana ventral;
• localizar a bexiga; colocar suturas de sustentação no ápice e tracionar a
bexiga em direção cranial;
• elevar e isolar a bexiga com compressas cirúrgicas umidecidas;
• colocar outro ponto de sustentação no aspecto caudal da bexiga, se a incisão
for na porção ventral da mesma. Cistotomia dorsal foi recomendada no
passado por diminuir o extravasamento de urina e por evitar aderências da
vesícula urinária com a parede do abdômen e reduzir a incidência da
formação de cálculo por acúmulo de sedimentos sobre a sutura exposta. Hoje
se sabe que a cistotomia ventral não resulta em aderência da parede
abdominal, e que não há diferenças quanto à morbidade, entre as duas
localizações. A cistotomia ventral também facilita a colocação do cateter no
ureter, se necessária.
• uma incisão em estocada é realizada entre as duas suturas previamente
colocadas e a urina residual é removida por sucção ou, antes de se realizar a
incisão, a urina pode ser aspirada com uma seringa e agulha.
• estende-se a incisão cranial e caudalmente com uma tesoura. A incisão deve
ter tamanho suficiente para retirar os cálculos com curetas ou outro material
apropriado. Deve-se palpar a bexiga e passar uma sonda uretral,
assegurando-se de que não restaram cálculos dentro da uretra. Repetidos
procedimentos de flushing e aspiração removem cálculos discretos e
pequenas partículas.
• cistorrafia: simples contínua padrão Cushing ou Lembert ou a associação de
ambas com fio absorvível sintético 3.0 ou 4.0. Enchimento da bexiga com
Galera PD 127
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 128
A B C
D E F
G H I
A: Isolamento da bexiga; B: colocação de pinças de sustentação; C: aspiração do
conteúdo da vesícula urinária com seringa e agulha; D: incisão em estocada; E:
extensão cranial e caudal da incisão com a utilização de tesoura; F: retirada do
urólito; G: passagem da sonda uretral: H: cistorrafia utilizando padrão Cushing de
sutura; I: enchimento da bexiga com solução fisiológica
Pós-operatório
Deve-se permitir que o animal urine frequentemente, seja por micção
espontânea, seja por meio de sonda uretral estéril por até três dias, o que permite a
realização de cultura bacteriana da urina caso se faça necessário. A administração
de antibióticos também é importante e a escolha da dosagem e o período de
utilização varia de acordo com o princípio ativo e da avaliação que o cirurgião faz do
caso e de seu histórico, bem como da análise microbiológica.
Galera PD 128
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 129
9. URETROTOMIA E URETROSTOMIA
Definição
Uretrotomia é a incisão na uretra. Uretrostomia é a criação de uma fístula
permanente na uretra.
Considerações gerais
A incidência de cálculos uretrais em cães machos e a obstrução uretral em
gatos machos têm diminuído em decorrência da adoção de dietas terapêuticas
apropriadas. Em cães, os cálculos são mais frequentes na região do arco isquiático
ou imediatamente caudal ao osso peniano. A obstrução uretral em gatos resulta da
presença de muco ou debris no terço distal da uretra.
A antibioticoterapia pré-operatória deve ser instituída em animais com
obstrução ou extravasamento de urina, pois a infecção retarda a cicatrização e pode
causar estenose. Animais com cálculos uretrais ou vesicais devem ser tratados com
antibióticos baseados na cultura bacteriana. Um estudo mostrou que a E. coli foi o
organismo mais frequente dentre os 338 cães com infecção do trato urinário
persistente ou recorrente. Entretanto, mais da metade dos animais tinham infecção
bacteriana mista. Antibióticos potencialmente nefrotóxicos (tetraciclinas,
aminoglicosídeos) devem ser evitados em pacientes com obstruções.
Uretrotomia
É realizada em cães machos para remover cálculos uretrais que não são
expelidos e tampouco podem ser removidos com retrohidropropulsão (injeção de
solução fisiológica em uma sonda uretral, na tentativa de empurrar os cálculos
Galera PD 129
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 130
Uretrostomia
Galera PD 130
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 131
Uretrostomia escrotal
É a criação de uma abertura permanente na área do escroto. Ela requer a
orquiectomia bilateral e a ressecção do escroto. Antes de se iniciar a cirurgia deve-
se tentar irrigar a uretra sob pressão empurrando os urólitos para a bexiga. Se esta
tentativa obtiver êxito, os urólitos devem ser removidos através da cistotomia.
- Técnica operatória
• posicionar o paciente em decúbito dorsal;
• realizar uma incisão elíptica na base do escroto, no ponto onde a pele do
escroto junta-se à pele normal na área inguinal;
• divulsionar a gordura subcutânea com uma tesoura Metzenbaum;
• atingir o septo escrotal e separá-lo do lado ventral do pênis;
• expor e elevar os testículos e cordões espermáticos;
• realizar orquiectomia bilateral abrindo a túnica vaginal;
• dissecar a gordura e o tecido fibroso que envolve o pênis até que a
visualização do músculo retrator do pênis seja visível;
• separar o músculo retrator do pênis deslocando-o lateralmente para expor
a porção peniana da uretra;
• fixar o pênis com uma das mãos e seccionar o corpo esponjoso da uretra
com uma lâmina de bisturi nº.11;
Galera PD 131
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 132
• ampliar a incisão na uretra com pequena tesoura (de íris, por exemplo). A
incisão deve ter ao menos dois centímetros em cães pequenos, e ser
maior em cães grandes;
• suturar o tecido subcutâneo da pele à túnica albugínea do pênis com
pontos simples separados e fio absorvível sintético 3-0 ou 4-0;
• suturar a mucosa uretral na pele com pontos simples separados, fio
absorvível sintético 4-0 (iniciar com quatro pontos cardeais para reduzir a
tensão).
A túnica albugínea é incluída na sutura para produzir ligeira compressão do
corpo cavernoso, ajudando na hemostasia. Os pontos devem ser equidistantes e os
nós feitos sobre a pele, e não sobre a mucosa. A incisão remanescente na pele
deve ser suturada com pontos simples interrompidos.
Pós-operatório
Manter a antibioticoterapia preconizada e realizar analgesia pós-operatória. A
hemorragia pós-operatória do orifício pode ocorrer por período superior a duas
semanas, mas não é séria. O repouso evita a hemorragia do corpo cavernoso. O
colar elizabetano é obrigatório.
Galera PD 132
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 133
Nefrotomia
A nefrotomia é realizada para a remoção de cálculos em região de
parênquima, cálices ou pelve renal, realizada preferencialmente na borda superior
do órgão.
A nefrotomia reduz temporariamente a função renal em torno de 25% a 50%,
sendo desfavorável a realização em pacientes com quadro severo de hidronefrone.
Se há cálculos presentes em ambos os rins, necessitando de nefrotomia bilateral,
deve-se dar um intervalo de algumas semanas entre um procedimento e outro para
minimizar os riscos de uma falência renal aguda pós-cirúrgica.
- Técnica operatória
• paciente em decúbito dorsal;
• celiotomia mediana retro-umbilical;
• dissecar a gordura retroperitoneal para mobilizar o rim;
• deslocar o rim ventralmente;
• ocluir temporariamente artéria e veia renal com fórceps vascular,
torniquete ou os dedos do auxiliar;
• mobilizar o rim para expor a superfície lateral convexa;
• incisar longitudinalmente a superfície convexa do rim com um bisturi. A
extensão da incisão deve ser o suficiente para remover os cálculos;
• aprofundar a incisão da cápsula para a pelve renal;
• remover os cálculos e irrigar com solução salina aquecida;
• acessar o ureter com um cateter, irrigando-o;
• realizar delicada pressão nos dois lados do parênquima renal, enquanto o
fluxo renal é restaurado;
• suturar a cápsula renal com fio absorvível sintético 3-0 ou 4-0 colocado
através da cápsula e da superfície do parênquima renal, em um padrão
simples contínuo;
• se não foi estabelecida adequada hemostasia, aplicar suturas no sentido
horizontal do córtex (ex: Wolff).
Após nefrotomia pode ocorrer hematúria por alguns dias. Fluidoterapia
durante e após a cirurgia ajuda a restaurar o fluxo renal e a eliminar coágulos
sanguíneos do trato urinário.
Galera PD 133
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 134
Nefrectomia
O rim deve ser removido quando ele afeta negativamente a saúde do animal,
geralmente em decorrência de infecção severa, trauma, neoplasia ou estágios
avançados de hidronefrose, pois a hidronefrose e infecção podem resultar de
cálculos renais ou uretrais que não responderam à terapia médica.
- Técnica operatória
• paciente em decúbito dorsal;
• celiotomia mediana retro-umbilical. A posição mais conveniente ao
cirurgião é no lado oposto ao rim afetado;
• peritônio e fáscia renal caudal elevados com auxílio de uma pinça; cortar
com a tesoura;
• expor o rim a ser excisado;
• dissecar o hilo renal para expor o artéria e a veia renal ;
• realizar dissecção cuidadosa para expor a artéria e veia renal;
eventualmente podem ser duas, especialmente no lado esquerdo;
• proceder a ligadura dos vasos separadamente (evitando formação de
fístula arteriovenosa) com ligadura dupla utilizando fio absorvível sintético
2-0;
• seccionar a artéria e veia renal entre as ligaduras, deixando-se que se
retraia;
• devem-se realizar a ligadura e a excisão do ureter próximo à bexiga;
• celiorrafia rotineira.
Definição
A orquiectomia refere-se à retirada de um (unilateral) ou de ambos os
testículos (bilateral), acompanhados dos epidídimos e parte dos cordões
espermárticos.
Anatomia
Testículos, epidídimo, ducto deferente, glândulas genitais acessórias, uretra
pélvica e pênis constituem os órgãos genitais masculinos.
Galera PD 134
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 135
Indicações
• neoplasias testiculares;
• orquite não responsiva à terapia conservadora;
• aumento benigno de próstata;
• eliminação de comportamento indesejável do macho;
• evitar reprodução.
Técnica operatória
Existem algumas variações quanto às técnicas relativas à orquiectomia, de
acordo com a espécie:
• testículo e cordão espermático cobertos: de uso rotineiro em bovinos;
• testículo descoberto e funículo espermático coberto: muito usada em
equino, pela localização proximal do testículo à parede abdominal e
pela pressão que esta exerce sobre ele;
• e a técnica de testículo e funículo espermático descobertos: a mais
indicada para cães, gatos e suínos.
A seguir, a descrição desta última.
- Pré-operatório: jejum prévio.
Galera PD 135
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 136
Galera PD 136
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 137
Anatomia
Ovários felinos são localizados imediatamente caudal aos seus respectivos
rins, no nível da terceira ou quarta vértebra lombar. O ovário direito ocupa uma
posição mais cranial que o esquerdo, assim como o rim, e está localizado dorsal ou
dorsalmente ao cólon descendente, enquanto o ovário esquerdo localiza-se
dorsalmente ao cólon descendente e o baço.
Cada ovário está ligado pelo ligamento próprio do ovário ao corno uterino e ,
via ligamento suspensório, à fáscia transversa localizada medialmente à última
Galera PD 137
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 138
Galera PD 138
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 139
Indicações
• endometrite;
• piometra;
• torção uterina;
• prolapso uterino;
• fetos enfisematosos;
• neoplasia de ovário, útero ou ambos;
• evitar a reprodução.
Quando realizada antes do primeiro cio, previne o aparecimento de tumores
mamários, mas cadelas castradas precocemente, antes dos 3 meses de
idade,apresentam maior risco de desenvolver incontinência urinária. Quando
efetuada em cadelas após 2 anos e meio de idade já não possui caráter preventivo
em relação ao tumor de mama.
Pré-operatório
Consiste em jejum hídrico e alimentar. Nos animais com distúrbios
infecciosos, a profilaxia antimicrobiana é indicada imediatamente antes à cirurgia.
Técnica operatória
O paciente é posicionado em decúbito dorsal. O abdômen é abordado
através de incisão retroumbilical. Em gatas e em cadelas pré-púberes, a incisão
retroumbilical, iniciando-se em torno de 2 cm caudalmente à cicatriz umbilical,
facilita a exteriorização e ligadura do corpo uterino, respectivamente.
O cólon descendente é elevado e tracionado para o lado direito do abdômen,
com o objetivo de expor o ovário esquerdo, já que sua localização é mais caudal
que a do direito. Os ovários estão ligados ao terço médio e ventral da última ou das
duas últimas costelas pelo ligamento suspensório. O ligamento é seccionado com
tesoura ou lacerado, para imobilizar o ovário, sendo perfurado com instrumento de
ponta romba na região imediatamente caudal à artéria e veia ovarianas. Como o
percurso tortuoso da artéria e veia ovarianas irá resultar geralmente em um pedículo
curto, várias técnicas foram desenvolvidas para a ligadura segura neste pedículo.
A técnica das três pinças modificada consiste na colocação da primeira e da
segunda pinça próximas ao ovário e ao complexo artéria-veia ovarianas, que pode
Galera PD 139
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 140
Galera PD 140
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 141
Pós - operatório
Resume-se à limpeza da ferida cirúrgica, uso de colar elisabetano,
analgésicos e anti-inflamatórios, restrição de movimentos e antibioticoterapia
quando esta é preconizada (OH terapêutica).
Complicações
• hemorragia nos ligamentos largos e redondos do útero quando os vasos são
salientes e não são ligados;
• piometra de coto uterino;
• fístula;
• ligamento do ureter;
• incontinência urinária;
• estro recorrente (tecido ovariano residual);
• em OH precoce pode-se ter hipoplasia de vagina ou vulva, conduzindo a
dermatite perivulvar; persistência de comportamento juvenil.
Galera PD 141
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 142
Galera PD 142
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 143
13. ENUCLEAÇÃO
A enucleação não deve ser entendida apenas como um procedimento
cirúrgico de rotina. Seu uso deve ser admitido quando o êxito terapêutico sobre
as afecções oculares não pode ser obtido.
Definição
Indicações
Anatomia
Galera PD 143
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 144
Técnica operatória
Acesso subconjuntival
- Técnica operatória
• cantotomia lateral;
• iniciar no quadrante dorsal; incisão na conjuntiva aproximadamente a
5mm posterior ao limbo (dissecção romba com tesoura de enucleação);
Galera PD 144
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 145
Acesso transpalpebral
Galera PD 145
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 146
Pós-operatório
Galera PD 146
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 147
automobilísticos, lesões por arma de fogo, trauma fechado, etc), são as causas mais
comuns de fraturas umerais em pacientes veterinários. A maioria das fraturas
diafisárias apresenta considerável deslocamento angular do segmento distal devido
às forças musculares, e estas forças não podem ser adequadamente neutralizadas
por talas, sendo indicada sua redução com outros métodos de fixação abertos.
- Técnica operatória
Incise a pele desde a margem cranial do tubérculo do úmero até o epicôndilo
lateral em sentido distal. A incisão deve seguir a curvatura normal do úmero. Incise
a gordura subcutânea e fáscia braquial, sendo cuidadoso para isolar e proteger a
veia cefálica. Incise a fáscia braquial, ao longo da margem do músculo
braquiocefálico e cabeça lateral do tríceps, buscando isolar o nervo radial. Uma vez
isolado o nervo radial, faça uma incisão através da inserção perióstea dos músculos
peitoral superficial e braquiocefálico em suas inserções na diáfise femoral. Para
fechar, suture o músculo braquiocefálico e os músculos peitorais superficiais na
fáscia do músculo braquial. Suture o tecido subcutâneo e a pele, utilizando métodos
padrão (simples contínua ou simples interrompida).
Galera PD 147
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 148
Galera PD 148
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 149
Fig.3. Para uma abordagem craniomedial da diáfise radial faça uma incisão através
da pele e tecidos subcutâneos para expor a diáfise radial. Retraia o músculo
extensor radial do carpo em sentido lateral para expor a diáfise (FOSSUM, 2001).
Galera PD 149
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 150
Galera PD 150
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 151
Fig.4. A. Para expor a diáfise femoral, faça uma incisão ao longo da margem
craniolateral da coxa. B. Incise a aba superficial da fáscia lata ao longo da margem
cranial do bíceps da coxa por toda a extensão da incisão. C. Retraia o bíceps da
coxa em direção caudal para expor o músculo vasto lateral. D. Faça a reflexão do
vasto lateral a partir da superfície do fêmur para expor a diáfise femoral (FOSSUM,
2001).
- Técnica operatória
As fraturas da diáfise tibial são abordadas através de incisão cutânea medial
ou craniomedial, já que não existem músculos significantes no lado medial da região
crural. Para a abordagem craniomedial da tíbia, faça uma incisão cutânea paralela à
crista da tíbia que se estenda ao longo da tíbia. Continue a dissecação através da
fáscia, evitando a veia safena medial e o nervo que cruza o terço médio a distal da
diáfise tibial. Faça a redução do subcutâneo e da pele com padrão de sutura já
descrito.
Galera PD 151
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 152
Fig. 5. A. Para abordar a face craniomedial da tíbia, faça uma incisão cutânea
craniomedial. Em caso de aplicação de uma placa, estenda a incisão à extensão da
tíbia. B. Disseque através da fáscia, evitando a veia safena medial e o nervo que
atravessa os terços médio a distal da diáfise tibial (FOSSUM, 2001).
Galera PD 152
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 153
TÉCNICAS OPERATÓRIAS EM
BOVINOS E EQUINOS
Galera PD 153
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 154
Indicações
Para melhoria estética e valorização do animal, evitar acidentes, facilitar o manejo e
em casos de chifres fraturados ou com crescimento disforme. Também, para os
casos em que a idade do animal está avançada para realização da mochação com
ferro quente.
Cuidados pré-operatórios
Jejum de sólidos por 24 horas e água por 12 horas.
Anatomia cirúrgica
Os cornos podem variar de formato e tamanho, dependendo da idade e da raça do
animal. Na área entre o canto lateral do olho e a base do corno existe o sulco do
arco zigomático, por onde passam o nervo, a artéria e veia cornual. Os bovinos de
raças zebuínas possuem ramificações do nervo auriculopalpebral que inervam ao
redor do corno.
Técnica cirúrgica
Com auxílio de um bisturi, realizar incisão elíptica desde a eminência occipital até a
metade da região que compreende a base do corno ao canto lateral do olho. A
incisão deve ser rente ao corno, objetivando manter a maior extensão de pele
durante a aproximação das bordas da ferida. Posicionar pinças Backaus na borda
da pele para auxiliar a divulsão do tecido subcutâneo com bisturi. Rebater a pele
para que uma serra de arco (ou um fio serra) possa ser posicionada dorsal e
ventralmente ao chifre e realizar o corte do osso do crânio (ostectomia). Após a
retirada do chifre, os vasos sanguíneos devem ser torcidos para hemostasia com
auxílio de uma pinça Halsted ou Crile. Para coaptação das bordas da ferida cirúrgica
pode-se utilizar fio de náilon no3, utilizando um dos modelos de sutura: simples
Galera PD 154
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 155
interrompido, Wolff, Sultan, Reverdin. Pode-se optar ainda pelo uso de grampos
metálicos.
Cuidados no pós-operatório
Penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, via intramuscular, a cada 48 horas,
totalizando 3 aplicações e flunixim meglumine na dose de 2,2 mg/kg, via
intramuscular, a cada 24 horas, durante 3 dias. Curativos diários e uso de repelente
ao redor da sutura. Manter o animal em local coberto, livre de chuva, evitando a
penetração de agentes que possam contaminar a ferida cirúrgica. Os pontos devem
ser retirados de 10 a 14 dias após o ato operatório.
Complicações
Deiscência dos pontos, contaminação da ferida cirúrgica, sinusite, encefalite e morte
do animal.
2. ESOFAGOTOMIA
Conceito
É a abertura do esôfago.
Indicações
Para acesso e remoção de corpos estranhos e materiais compactados, para
correção de perfurações causadas por manipulação cruenta de sondas esofágicas,
e presença de divertículos.
Cuidados pré-operatórios
Uma vez diagnosticada a obstrução esofágica deve-se verificar a ocorrência de
pneumonia decorrente da aspiração de alimentos por falsa via, que comumente é
vista nos casos de obstrução e poderá comprometer o prognóstico quanto à cirurgia
e à vida do animal.
Anatomia cirúrgica
O esôfago de um cavalo adulto varia de 125 a 200 cm de comprimento, dependendo
do tamanho do animal, e é constituído por três porções: cervical, torácica e
abdominal. Inicialmente a posição do esôfago é dorsal à traqueia, conforme ele se
estende caudalmente, ele passará para o lado esquerdo do plano medial e na
Galera PD 155
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 156
Técnica cirúrgica
A esofagotomia deve ser realizada com o cavalo em decúbito dorsal, sob anestesia
geral. Se necessário o cavalo deve ser sondado para facilitar a identificação do
corpo estranho no esôfago. A pele será incisada de oito a 10 cm, com auxílio de um
bisturi, na linha média ventral, sobre a área da obstrução. Os músculos esterno
hióides serão separados na linha média para exposição da traqueia. A fáscia no
lado esquerdo da traqueia será dissecada para localizar o esôfago. A parede ventral
do esôfago será exposta através de dissecação cuidadosa, e a artéria carótida e o
nervo vago serão identificados e rebatidos lateralmente. Um afastador deverá ser
posicionado no local. Incisar o esôfago em sentido longitudinal com auxílio do
bisturi, na região aboral a obstrução. A sutura esofágica será realizada em dois
planos, na mucosa e muscular. Em ambos os planos utilizar fio de náilon ou
polipropileno no 1, com pontos simples separados, posicionados muito próximos. Na
mucosa os nós devem ser atados para dentro do lúmen. Um dreno poderá ser
posicionado lateralmente ao esôfago para drenagem de secreções do local,
mantendo-o por 48 horas. O músculo e a fáscia serão reduzidos com fio
polipropileno, ou poliglactina 910 no 2, em padrão simples interrompido ou Sultan.
Na pele utilizar fio de náilon ou polipropileno no 1, utilizando pontos simples
interrompido.
Cuidados no pós-operatório
Deve-se utilizar a antibioticoterapia sistêmica, durante sete dias. O flunixin
meglumine deve ser utilizado para alívio da dor e por tempo não superior a três dias
(1,1 mg/kg a cada 24 horas, via intramuscular ou intravenosa). Na ferida cirúrgica
utilizar soluções antissépticas diariamente. A alimentação deve ser pastosa e
Galera PD 156
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 157
Complicações
Deiscência de sutura e extravasamento de conteúdo para o subcutâneo, ruptura
esofágica, fístulas esofágicas, estenose, pleurite, hemiplegia laringeana esquerda,
Síndrome de Horner.
3. TRAQUEOSTOMIA
Conceito
É a abertura da traqueia, mantendo-a exposta ao meio externo.
Indicações
Nas insuficiências respiratórias com origem no trato respiratória anterior e nas
cirurgias realizadas em laringe.
Cuidados pré-operatórios
Realizar tricotomia e preparo para cirurgia asséptica.
Anatomia cirúrgica
A traqueia está ventralmente ao esôfago e próxima de estruturas importantes, tal
como a veia jugular e a artéria carótida, além de músculos que sustentam o
pescoço. No terço superior e médio são locais com melhor acesso. A traqueia será
abordada pela região cervical ventral.
Técnica cirúrgica
A traqueostomia poderá ser realizada com o animal em pé. Com auxílio de um
bisturi a pele será incisada em sentido longitudinal, por 10 cm. O subcutâneo e os
músculos esternotiróideos serão divulsionados com auxílio de uma tesoura
Metzembaum, visibilizando os anéis traqueais logo abaixo. A abertura da traqueia
poderá ser realizada de duas formas e a escolha dependerá do tempo em que ela
permanecerá aberta. Uma das formas é a perfuração em sentido longitudinal, com
uma rápida introdução da ponta do bisturi, em extensão suficiente para introdução
do tubo orotraqueal, que variará de espessura de acordo com o diâmetro da
Galera PD 157
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 158
traqueia. Outra forma é a incisão circular na traqueia e remoção de parte dos anéis
traqueais. Em ambas as situações o traqueotubo deve ser posicionado na abertura
e sua aba deve ser fixada à pele com pontos simples interrompidos, com fio de
náilon no 1.
Cuidados no pós-operatório
O local e o traqueotubo deverão ser limpos diariamente com solução antisséptica ou
salina fisiológica. O animal receberá antibióticos e anti-inflamatórios de acordo com
o problema primário que levou a realização da traqueostomia. Após resolução do
problema e remoção do traqueotubo a abertura não será fechada e a ferida será
conduzida para cicatrização por segunda intenção. A ferida será limpa diariamente
com solução antisséptica.
Complicações
Pneumonia, infecção da ferida cirúrgica, estenose de traquéia.
Pré-operatório
Uma tricotomia ampla deve ser realizada na região do flanco acompanhada de
antissepsia rigorosa. A abordagem preferencialmente é a esquerda. Instituir
antibioticoterapia sistêmica de acordo com a gravidade do problema. Quando
possível, instituir jejum de sólidos por 12 horas e hídrico por 6 horas.
Galera PD 158
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 159
Técnica cirúrgica
Os panos de campo devem ser posicionados para procedimento asséptico. Por
possuírem dezoito pares de costelas, o flanco dos equinos é mais estreito que dos
bovinos, portanto, a incisão poderá ser feita apenas no centro do flanco. Com um
bisturi o cirurgião fará a incisão cerca de 10 cm abaixo das apófises transversas das
vértebras lombares, estendendo-a por 20 a 30 cm. As camadas a serem incisadas
são: pele, subcutâneo, músculo abdominal oblíquo externo e interno, músculo
abdominal transverso e peritônio. Logo será visibilizado o tecido adiposo
retroperitoneal. A hemostasia deve ser feita com auxílio de pinças hemostáticas tipo
Halsted e por compressão dos pequenos vasos. Após exploração e abordagem das
vísceras abdominais, os planos internos serão suturados com fio absorvível sintético
no 1 a 4, dependendo do porte do animal. O primeiro plano que receberá a sutura
compreende o peritônio e o músculo transverso do abdômen, seguido do músculo
obliquo externo e interno, redução do espaço morto subcutâneo e sutura de pele.
Na musculatura recomenda-se padrão Sultan, no subcutâneo zigue-zague, e em
pele, usar pontos simples separados ou Sultan. Uma bandagem poderá ser fixada
por 24 horas para proteção da ferida.
Pós-operatório
Limpeza da ferida cirúrgica diariamente com antisséptico não irritante, até remoção
dos pontos, que deverá ocorrer entre 10 e 14 dias do pós-operatório. Uma opção de
antibióticos é a utilização de penicilina benzatina na dose de 30.000 UI/kg, a cada
48 horas, totalizando 4 aplicações, associado a gentamicina na dose de 6 mg/kg, a
cada 24 horas, durante 7 dias.
Celiotomia em equinos
Indicações
Nos equinos, a celiotomia é indicada para abordagem a todas as vísceras
abdominais. Em todas as situações o animal deverá ser mantido em decúbito
dorsal.
Pré-operatório
Segue o mesmo da laparotomia. O animal deverá ser submetido a anestesia geral
inalatória.
Galera PD 159
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 160
Técnica cirúrgica
Manter o animal em decúbito dorsal. Palpar a linha alba e incisar a pele com bisturi
por uma extensão de aproximadamente 20 a 30 cm, iniciando cerca de 5 cm cranial
à cicatriz umbilical. O sangramento deverá ser contido por compressão ou torção.
Nessa região os vasos são de pequeno diâmetro, portanto, não é esperada
hemorragia intensa. A aponeurose da musculatura reta do abdômen será localizada
para posterior incisão e aprofundamento até o peritônio. Vale lembrar que o
cirurgião deve estar familiarizado com a anatomia topográfica das vísceras
abdominais para que possa identificá-las corretamente quando o animal estiver em
decúbito dorsal. A primeira víscera a ser identificada em situação normal será o
ceco, que deverá ser exteriorizado através de tração e examinado. Logo, o
ligamento ceco-cólico será identificado, indicando o posicionamento ventral do colón
e dorsal do ceco. Para exame de todo o cólon, o cirurgião deve exteriorizar
primeiramente a flexura pélvica e em seguida as flexuras diafragmática e esternal,
até chegar na inserção do cólon maior à parede abdominal do lado direito. Através
do ceco, pelo ligamento íleo cecal, deve-se localizar o intestino delgado,
explorando-se principalmente o segmento do jejuno que é totalmente livre na
cavidade abdominal e possui sua inserção na parede dorsal do abdômen. O
pedículo do mesentério deve ser palpado buscando alterações, tais como a torção
mesentérica. A parede do intestino delgado é lisa e seu diâmetro é de cerca de
cinco centímetros. O cólon menor será identificado pela presença da tênia anti-
mesentérica. Neste ponto é possível a palpação de síbalas de fezes. As vísceras
intestinais devem ser reposicionadas na cavidade abdominal na sequência inversa
que foram expostas. Durante todo o procedimento as vísceras exteriorizadas devem
ser irrigadas com solução fisiológica ou ringer com lactato para manutenção da
hidratação. A bexiga pode ser abordada com uma incisão mais caudal. A sutura
será realizada em camadas isoladas para promover maior resistência ao local,
devendo-se utilizar de preferência o fio absorvível sintético como a poliglactina 910
no. 2 a 4. O padrão de sutura recomendado é o Sultan ou simples interrompido.
Pós-operatório
Segue o mesmo da laparotomia.
Galera PD 160
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 161
Complicações
Deiscência de sutura decorrente do peso excessivo das vísceras abdominais sobre
a linha da sutura, infecção da ferida cirúrgica e peritonite.
Conceito
A laparotomia é a abertura da parede abdominal lateral.
Indicações
São várias as indicações da laparotomia em bovinos e dependendo do órgão ou
víscera a ser explorada, a abordagem será em diferentes localizações. A
laparotomia é indicada para realização de cirurgias no trato digestório
(rumenotomia, rumenostomia, enterotomia, tiflotomia, correção do deslocamento de
abomaso). Também é indicada na cesariana, ovariectomia, como alternativa a
correção do prolapso uterino. Outras indicações menos frequentes são as
ressecções de tumores e drenagem de abscessos. Vale lembrar que nos animais de
grande porte a utilização de exames radiográficos e ultrassonográficos na região
abdominal é restrita, e por isso, a laparotomia nos bovinos é utilizada
frequentemente com função exploratória.
Pré-operatório
O animal deve ser mantido em jejum hídrico por 12 a 24 horas e jejum sólido por 24
a 48 horas. Nem sempre o jejum pode ser realizado devido a urgência de alguns
procedimentos ou à condição corpórea do animal decorrente da afecção a ser
tratada. Quando a laparotomia for realizada com o animal em pé, o jejum pode ser
desconsiderado. Devido às características dos ruminantes, que permitem a
contenção mecânica, comumente se utiliza um sedativo e uma técnica de anestesia
local. Realizar ampla tricotomia da região a ser operada e preparar de maneira
asséptica para a cirurgia.
Técnica cirúrgica
Galera PD 161
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 162
Pós-operatório
Antibioticoterapia sistêmica com penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, a
cada 48 horas, totalizando três aplicações. Outra opção seria a oxitetraciclina na
dose de 10-20 mg/kg a cada 48-72 horas. Para alívio da dor utilizar o flunixin
meglumine (2,2 mg/kg, a cada 24 horas, via intramuscular ou intravenosa). Na ferida
cirúrgica utilizar soluções antissépticas e repelentes diariamente. Os pontos devem
ser removidos entre o 10º e 14º dia do pós-operatório. Terapia suporte deve ser
instituída caso necessário.
Complicações
Deiscência de sutura, infecção da ferida, peritonite.
Galera PD 162
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 163
Celiotomia em ruminantes
Conceito
Abertura da cavidade abdominal pela linha alba para abordagem aos órgãos
abdominais.
Indicações
Nos ruminantes, a celiotomia é indicada para abordagem à bexiga (urolitíases,
tumores) e ao útero gravídico (cesariana). A abordagem caudal é mais fácil de ser
realizada nos machos pois, nas fêmeas, a glândula mamária limita o acesso. A
abordagem cranial é indicada na cesariana quando o feto está muito grande e o
útero está projetado cranialmente, e isto acontece quando o feto está morto e
enfisematoso ou nas hidropsias dos envoltórios fetais. Outra indicação é para
correção do deslocamento de abomaso. Recomenda-se manter o animal em
decúbito dorsolateral, levemente inclinado.
Pré-operatório
Idêntico ao da laparotomia.
Técnica cirúrgica
O animal deverá ser sedado e mantido em decúbito dorsal. A linha Alba deverá ser
sentida através de palpação e com bisturi realizar incisão de pele por uma extensão
variável de 20 a 40 cm para os bovinos e 15 a 25 cm para os ovinos e caprinos. O
sangramento deverá ser contido por compressão ou torção. Nessa região os vasos
são de pequeno diâmetro, portanto, não é esperada hemorragia intensa. A
aponeurose da musculatura reta do abdômen será localizada para posterior incisão
e continuidade até o peritônio. Após exploração abdominal a sutura será realizada
em modelo Sultan ou simples interrompido, utilizando o fio de náilon no 2 a 5,
dependendo do porte do animal.
Pós-operatório
Segue o mesmo da laparotomia.
Galera PD 163
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 164
Complicações
Deiscência de sutura decorrente do peso excessivo das vísceras abdominais sobre
a linha da sutura, infecção local, peritonite.
6. RUMENOTOMIA
Conceito
Abertura da parede do rúmen.
Indicações
Fistulação com fins experimentais (colheita de suco rumenal), transfaunação
rumenal, exploração da cavidade rumenal e reticular.
Galera PD 164
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 165
Pré-operatório
Nem sempre é possível a realização do jejum, por estar ocorrendo o problema em
rúmen ou outro compartimento gástrico. O pré-operatório é o mesmo utilizado para
realização da laparotomia.
Anatomia cirúrgica
O rúmen está localizado do lado esquerdo da parede abdominal e ocupa todo o
flanco esquerdo.
Técnica cirúrgica
Após a laparotomia pelo flanco esquerdo ter sido realizada, deve-se fazer a
rumenopexia para que não ocorra queda do conteúdo na cavidade abdominal. A
rumenopexia pode ser realizada de duas formas, dependendo da finalidade da
rumenotomia, ou seja, se é para implantação de uma fístula ou apenas para
exploração rumenal. Nos casos de implantação da fístula deve-se fazer a sutura da
parede rumenal à musculatura da parede abdominal, faz-se a incisão da parede
rumenal e posterior fixação das bordas do rúmen à pele. O padrão de sutura a
utilizar na musculatura pode ser o simples contínuo, e na pele pontos Wolff, sendo a
fixação mais resistente. Quando o intuito é a exploração rumenal, pode-se expor o
rúmen através da laparotomia, incisar a parede rumenal e fixar os bordos à pele,
com de sutura Wolff. Após exploração do rúmen, retirada de corpos estranhos,
sifonamento, reposição de conteúdo ruminal, realiza-se a rumenorrafia, podendo-se
realizar sutura simples contínua ou Schiemieden em todas as camadas do rúmen,
no sentido ventro-dorsal. Devido a contaminação, desprezar material e trocar luvas,
e após limpeza do local com solução fisiológica, realiza-se sutura invaginante
Cushing. O fio recomendado é absorvível sintético, como a poliglactina 910 ou ácido
poliglicólico, n.o 1. Retira-se a sutura de sustentação do rúmen da parede abdominal
e realiza-se a laparorrafia.
Pós-operatório
Seguir o recomendado para laparotomia
Galera PD 165
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 166
Complicação
Peritonite.
7. ORQUIECTOMIA
Conceito
É a retirada de um ou ambos os testículos.
Indicações
Tratamento de neoplasias em testículo, evitar cobertura indesejável.
Cuidados pré-operatórios
A orquiectomia nos bovinos e equinos pode ser realizada com o animal em pé ou
em decúbito. Para realização com o animal em pé, é importante tomar alguns
cuidados. Quando o animal a ser operado é o cavalo, é necessária boa sedação
além da anestesia local. Quando a cirurgia for realizada em bovino, é necessário
que se tenha um tronco adequado de contenção e que permita a castração em pé
com leve sedação e anestesia local.
Anatomia cirúrgica
As estruturas anatômicas que servem como referência para realização da técnica
cirúrgica são o escroto, a rafe escrotal, os testículos que estão contidos no escroto,
o mesórquio que une a túnica vaginal ao testículo, o funículo espermático que
contêm o plexo pampiniforme e o ducto deferente.
Técnica cirúrgica
Existem duas técnicas que podem ser utilizadas, a castração aberta e a fechada. A
castração aberta consiste na abertura da pele e túnica vaginal e exposição dos
testículos. Pode-se optar por duas incisões de pele, cada uma para expor um
testículo ou apenas uma incisão (tampão) para expor ambos os testículos ao
mesmo tempo. A castração aberta é rotineiramente utilizada.
A castração fechada consiste na abertura da pele e manutenção da integridade da
túnica vaginal. A indicação da castração fechada é principalmente quando há
histórico de projeção temporária de vísceras no escroto (hérnia inguinal).
Galera PD 166
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 167
Cuidados no pós-operatório
Pode-se utilizar a antibioticoterapia sistêmica com penicilina benzatina na dose de
20.000UI/kg, em dose única para os ruminantes e três doses com intervalo de 48
horas para os equinos. O flunixin meglumine deve ser utilizado para alívio da dor e
por tempo não superior a 3 dias, na dose de 1,1 a 2,2 mg /kg/ uma vez ao dia, via
intramuscular ou intravenosa. Recomenda-se a profilaxia com soro anti-tetânico na
dose de 5.000 a 10.000 UI, via intramuscular, em dose única nos equinos. Na ferida
cirúrgica utilizar pvpi tópico e repelentes, até total cicatrização. Manter o animal livre
para pastejo e evitar locais úmidos que possam contaminar a ferida cirúrgica
Complicações:
Funiculite pós-castração, miíases e tétano.
Galera PD 167
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 168
8. PENECTOMIA OU FALECTOMIA
Conceito
É a amputação do pênis
Indicações
Nas neoplasias de pênis, nas obstruções e rupturas uretrais por urólitos, nas
paralisias penianas.
Anatomia cirúrgica
O pênis dos equinos apresenta diâmetro maior quando comparado aos ruminantes,
devido ao corpo cavernoso e esponjoso serem mais desenvolvidos. O pênis dos
ruminantes é fibroelástico e apresenta maior exposição do que ereção. Nos equinos
e ruminantes a uretra está localizada na área ventral do pênis. A parte livre do pênis
mantêm-se internamente ao prepúcio.
Cuidados pré-operatórios
Introduzir uma sonda na uretra até a bexiga para remoção da urina, evitar que
ocorra a drenagem durante o procedimento cirúrgico, e para melhor localização do
lúmen uretral durante a penectomia. Posicionar um torniquete na base do pênis para
evitar sangramento intenso.
Técnica cirúrgica
O animal deve ser posicionado na mesa cirúrgica em decúbito dorsal e preparado
de maneira asséptica para cirurgia. A técnica cirúrgica compreende a realização de
uma incisão triangular da pele no aspecto ventral do pênis, sendo continuada
através da fáscia e dos corpos cavernosos. O ápice do triângulo se localizará na
linha central em direção caudal. As incisões se ampliarão até a mucosa, e o tecido
conectivo no interior do triângulo será retirado e desprezado. A mucosa uretral será
incisada longitudinalmente da base até o ápice da incisão triangular. As bordas da
uretra serão suturadas às bordas da pele ao longo dos lados da incisão triangular
posicionando suturas interrompidas simples com fio poliglactina 910, no 2-0. Logo
após, far-se-á uma transecção através da uretra e do pênis. A incisão estenderá da
base do triângulo até um ângulo levemente oblíquo na direção cranial rumo à
superfície dorsal do pênis. Os ramos das artérias dorsais e das veias do pênis serão
Galera PD 168
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 169
Cuidados no pós-operatório
Utilizar antibiótico sistêmico, ampicilina na dose de 10 mg/kg, a cada 8 horas,
durante 7 dias, via intravenosa. Analgésico como o flunixin meglumine na dose de
1,1 mg/kg, durante 3 dias. Antissépticos para limpeza diária da ferida cirúrgica.
Recomenda-se a utilização da acepromazina na dose de 0,03 mg/kg para exposição
do pênis e realização dos curativos locais.
Complicações
Hemorragias, deiscência de suturas, hemorragias e estenose uretral.
TÉCNICAS DE RUFIÃO
9. DEFERENTECTOMIA (VASECTOMIA)
Conceito
É a remoção cirúrgica parcial do ducto deferente.
Indicação
Preparo do rufião para identificação do estro.
Anatomia cirúrgica
As estruturas anatômicas que servem como referência para realização da técnica
cirúrgica são o escroto, a rafe escrotal, os testículos que estão contidos no escroto,
o mesórquio que une a túnica vaginal ao testículo, o funículo espermático que
contêm o plexo pampiniforme e o ducto deferente, que se inicia na cauda do
epidídimo e segue em sentido dorsal até o anel inguinal.
Pré-operatório
Galera PD 169
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 170
Técnica cirúrgica
Fazer uma incisão em pele de aproximadamente dois cm, proximal ao escroto e
paralela à rafe mediana, sobre o funículo espermático, em sentido dorso ventral.
Com uma tesoura Metzembaum divulsionar o tecido subcutâneo até a túnica
vaginal. Incisar a túnica vaginal, tomando a precaução de não lesionar o plexo
pampiniforme. Em seguida, identificar o ducto deferente, caracterizado por uma
estrutura tubular, de pequeno diâmetro, branca, assemelhando-se a um canudo,
que fica aderida ao plexo pampiniforme através do mesórquio. Penetrar o mesórquio
com o dedo indicador, liberando e isolando o ducto. Fazer duas ligaduras com fio
poliglactina 910 no. 1-0, distantes a dois cm uma da outra. Incisar o ducto deferente
próximo às ligaduras, removendo um segmento. Suturar a túnica vaginal com
poliglactina 910 no. 2-0, em padrão simples contínuo. A sutura em pele deve ser em
padrão Sultan ou simples interrompido com náilon no 0. O procedimento deve ser
realizado em ambos os lados.
Pós-operatório
Antibioticoprofilaxia sistêmica com penicilina benzatina na dose de 20.000UI/kg, via
intramuscular, em dose única. Na ferida cirúrgica deve-se fazer limpeza diária com
antisséptico e uso de repelente. Os pontos serão removidos após 10 a 14 dias do
ato cirúrgico. Quando se realizar apenas a deferentectomia, o rufião poderá iniciar a
monta após 15 dias do procedimento. Quando se realizar a associação de técnicas
deve-se priorizar o tempo de repouso da técnica que exigir maior período de
recuperação.
Complicações
Infecção da ferida e miíases.
Galera PD 170
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 171
Indicação
Preparo do rufião para identificação do estro.
Anatomia cirúrgica
As estruturas importantes e que servem como referências são: prepúcio,
musculatura abdominal (músculo reto e oblíquo externo), a prega inguinal, o óstio
prepucial e a veia mamária.
Pré-operatório
O animal a ser escolhido deve apresentar prepúcio pendular evitando-se tração
excessiva após a confecção dos pontos. Uma ampla área do lado esquerdo deve
ser tricotomizada e preparada assepticamente.
Técnica cirúrgica
Identificar a área ventral do óstio prepucial com um ponto simples separado. Fazer
uma incisão em pele circundando o óstio prepucial mantendo uma distância de
aproximadamente 8 cm. Outra incisão será realizada sobre a linha alba partindo da
incisão do óstio em sentido caudal por aproximadamente 30 cm. Utilizar a tesoura
Metezembaum ou Mayo para divulsionar o tecido subcutâneo, liberando o pênis e a
bainha prepucial da pele do prepúcio. O pênis, bainha prepucial e óstio prepucial
serão translocados lateralmente em angulação de 45o a 90o, tomando como
referência a prega inguinal. No local da implantação do óstio, fazer uma incisão
circular em pele correspondente ao tamanho do óstio prepucial, objetivando a
perfeita coaptação. Fazer um túnel subcutâneo utilizando o tubo metálico ou de pvc,
que iniciará da base caudal da incisão da linha alba em sentido ao novo orifício
circular (lateral). Introduzir uma pinça de antissepsia longa no orifício, passando pelo
túnel. Pinçar o óstio prepucial e tracionar para acomodação no novo orifício. Neste
momento, atenção deve ser dada para que não ocorra a rotação do óstio prepucial e
consequente torção da bainha prepucial, motivo que justifica a identificação da
Galera PD 171
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 172
região ventral com fio antes de iniciar o procedimento. Suturar a pele do óstio e da
região ventral com fio de náilon no. 1 em padrão Sultan ou Wolf. Pode-se optar pelo
uso de grampos metálicos.
Pós-operatório
Antibioticoprofilaxia sistêmica com penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, a
cada 48 horas, via intramuscular, totalizando três aplicações. O flunixin meglumine
(2,2 mg/kg, a cada 24 horas, via intramuscular ou intravenosa, durante três dias)
poderá ser utilizado como terapia analgésica e antiinflamatória. No local da ferida
utilizar ducha fria durante 10 a 15 minutos em alta pressão, duas vezes ao dia, até
diminuição significativa do edema. Pomadas heparinóides podem ser utilizadas,
prevenindo a formação de coágulos. Na ferida cirúrgica deve-se fazer limpeza diária
com antisséptico e após utilizar repelente. Os pontos ou grampos serão removidos
após 10 a 14 dias do procedimento cirúrgico. O animal poderá iniciar o trabalho de
rufiação após 30 dias da retirada dos pontos.
Em alguns casos, o rufião poderá introduzir o pênis na vagina, desabilitando a
técnica. Entretanto, recomenda-se desviar o pênis em angulação próxima a 90º e
associar a esta técnica uma outra que promova a esterilização, como a
epididimectomia da cauda ou deferentectomia.
Complicações
Formação de hematomas, seromas, infecção, deiscência da sutura, retenção
urinária.
Indicação
Preparo do rufião para identificação do estro.
Anatomia cirúrgica
Galera PD 172
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 173
Pré-operatório
O animal deve possuir prepúcio pendular para evitar a tração excessiva após a
confecção dos pontos. Uma ampla área do lado esquerdo deve receber tricotomia e
ser preparada assepticamente.
Técnica cirúrgica
Para os bovinos, uma incisão cranial e distante aproximadamente 20 cm do escroto
será feita em sentido cranial até o óstio prepucial, contornando-o e voltando
caudalmente, de maneira que as duas incisões fiquem paralelas. Esta incisão será
feita em toda a junção do prepúcio à parede do abdômen. Com uma tesoura
Metzembaum ou Mayo, faz-se a divulsão e separação de todo tecido subcutâneo. A
hemorragia deverá ser contida através de torção dos pequenos vasos e ligadura dos
vasos de maior diâmetro. Uma vez separado o prepúcio da parede abdominal, deve
ser deslocado sobre a pele da parede abdominal lateral esquerda. Um retalho de
pele da mesma largura e comprimento será removido da região a ser implantado o
prepúcio. Este retalho será desprezado. O óstio prepucial deverá ficar em ângulo
aproximado entre 45º e 90º, sobre uma linha imaginária que vai até a prega inguinal.
A síntese será realizada em padrão simples separado, Sultan, Wolff, com grampos
metálicos ou em padrão simples contínuo, ou festonado (Reverdin). Vale ressaltar
que, caso ocorra deiscência da sutura, os pontos contínuos são mais susceptíveis à
exposição total da ferida, particularmente quando não festonado.
A síntese de pele na porção ventral do abdômen deve ser feita em padrão separado
e distantes um cm ou mais um do outro, pois, se ocorrer formação de seromas e
hematomas, facilita a drenagem.
Pós-operatório
Antibioticoterapia sistêmica com penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, a
cada 48 horas, via intramuscular, totalizando três aplicações. O flunixin meglumine
(2,2 mg/kg a cada 24 horas, intramuscular ou intravenoso, durante 3 dias) poderá
ser utilizado como terapia analgésica e antiinflamatória. No local da ferida deverá
Galera PD 173
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 174
ser utilizado ducha fria durante 10 a 15 minutos em alta pressão, duas vezes ao dia,
até diminuição significativa do edema. Pomadas heparinóides podem ser utilizadas,
prevenindo a formação de coágulos. Na ferida cirúrgica deve-se fazer limpeza diária
com antisséptico e após utilizar repelente. Os pontos ou grampos serão removidos
após 10 a 14 dias do procedimento. O animal poderá iniciar o trabalho de rufiação
após 30 dias da retirada dos pontos. Nesta técnica, o animal fará a exposição do
pênis, durante a monta, em sentido lateral. Em alguns casos, o ruminante consegue
introduzir o pênis na vagina, desabilitando a técnica. Por isso, recomenda-se desviar
o pênis em angulação próxima a 90º. Também, recomenda-se associar a esta
técnica uma outra que esterilize o animal, como a epididimectomia da cauda ou a
deferentectomia.
Complicações
Formação de seromas e hematomas, deiscência da sutura, infecção da ferida.
Indicação
Preparo do rufião para identificação do estro.
Anatomia cirúrgica
As estruturas anatômicas que servem como referência para realização da técnica
cirúrgica são o escroto, a rafe escrotal, os testículos que estão contidos no escroto,
o mesórquio que une a túnica vaginal ao testículo, o funículo espermático que
contêm o plexo pampiniforme e o ducto deferente, que se inicia na cauda do
epidídimo e segue em sentido dorsal até o anel inguinal.
Pré-operatório
Uma área na região ventral do escroto deve receber tricotomia e ser preparada de
maneira asséptica.
Galera PD 174
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 175
Técnica cirúrgica
Fazer incisão em pele de aproximadamente 2 cm, na área ventral do escroto e
paralela à rafe escrotal, sobre a cauda do epidídimo. Aprofundar a incisão de pele
até a túnica vaginal. Em seguida identificar a cauda do epidídimo, caracterizada por
uma estrutura oval e branca aderida ao testículo. Inserir a ponta da tesoura
Metzembaum para liberar o epidídimo do testículo. Posicionar uma pinça Halstead
(mosquito) entre o corpo e cauda do epidídimo e outra na transição entre cauda do
epidídimo e ducto deferente. Fazer uma ligadura com fio categute no. 1, poliglactina
910 no. 2-0 ou náilon no corpo do epidídimo e outra ligadura no ducto deferente.
Fazer a incisão entre a pinça e as ligaduras, retirando a cauda do epidídimo. A
sutura da túnica vaginal não é necessária. A pele deve ser suturada com pontos em
padrão Sultan com fio de náilon. O mesmo procedimento deve ser realizado para
remoção da cauda do epidídimo contralateral.
Pós-operatório
Antibioticoprofilaxia sistêmica com penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, via
intramuscular, em dose única. Na ferida cirúrgica, fazer limpeza diária com
antisséptico e após utilizar repelente. Os pontos serão removidos após 10 a 14 dias
da cirurgia. O animal poderá iniciar o trabalho de rufiação após 15 dias, isto quando
utilizar apenas esta técnica. Associada a esta, quando for utilizada uma técnica que
evite a introdução peniana, o período de início à atividade de rufiação dependerá do
período preconizado para a última.
Complicações
Formação de coágulos, infecção da ferida, miíases.
Indicação
Preparo do rufião para identificação do estro.
Galera PD 175
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 176
Anatomia cirúrgica
As estruturas anatômicas que servem como referência para a realização da técnica
operatória são o óstio prepucial, a glande do pênis, o corpo do pênis, o ligamento
apical dorsal que está localizado sobre o pênis e abaixo da mucosa peniana. Na
região ventral do pênis há a rafe peniana. A mucosa prepucial e peniana é toda
pregueada, se estende e flexiona com a exposição e retração do pênis.
Pré-operatório
Lavagem do prepúcio com solução antisséptica, podendo ser utilizado a solução de
iodo na diluição de 3:1.000 ou soluções antissépticas degermantes comerciais a
base de iodopovidona ou clorexidina, sempre diluídas para evitar danos à mucosa.
Expor o pênis, segurando a glande com auxílio de uma compressa cirúrgica,
evitando tração ou compressão excessiva.
Técnica cirúrgica
Realizar incisão de mucosa na região dorsal do pênis, caudalmente à glande. Como
referência deve-se identificar a rafe do pênis, localizada na região ventral e
diametralmente oposta à incisão. A incisão será de aproximadamente 10 cm,
aprofundando até a identificação do ligamento apical do pênis, que se apresenta
como uma estrutura branca em formato de fita e que recobre o corpo cavernoso do
pênis. Nesta região, o ligamento envolve cerca de 2/3 da circunferência peniana.
Divulsionar entre o ligamento apical e o corpo cavernoso do pênis com auxílio da
tesoura Metzembaum. Posicionar a pinça Halstead na região cranial do ligamento
apical e incisar cranialmente à pinça.
O tecido remanescente será tracionado com auxílio da pinça, e incisado na
extremidade caudal. Para certificação do resultado da técnica, deve-se posicionar
duas pinças Allis na extremidade caudal da mucosa incisada, prendendo e elevando
o pênis apenas com as mesmas. Se todas as fibras foram seccionadas, a glande se
posicionará ventralmente. Caso continue ereto, deve-se buscar por fibras que ainda
continuam a dar sustentação à glande, seccionando-as. A pequena hemorragia
poderá ser contida por compressão com gases ou torção de pequenos vasos com a
pinça Halstead. A síntese deve ser com pontos simples contínuos, com fio categute
no 1 ou poliglactina 910 no 2-0.
Galera PD 176
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 177
Pós-operatório
Não é necessária a exposição do pênis para realização do curativo diário. Fazer
lavagem prepucial com solução antisséptica suave a base de iodo, duas vezes ao
dia, durante 5 dias. Antibioticoterapia sistêmica com penicilina benzatina na dose de
20.000 UI/kg, via intramuscular, em dose única. Os pontos não precisam ser
removidos. Normalmente não há aumento de volume local. Atenção deve ser dada a
possível hemorragia, exposição prolongada da glande, deiscência de sutura,
miíases e infecção. O rufião poderá entrar na reprodução após 10 dias do
procedimento cirúrgico.
Complicação
Infecção da ferida e formação de abscesso.
Indicações
Na presença de nódulos e membranas congênitas em papila mamária (teto) que
obstruem o fluxo de leite, para remoção de corpo estranho, e nas lacerações.
Cuidados pré-operatórios
Na presença de nódulos em papila mamária, deve-se verificar a presença de
mastite e uma vez ocorrendo deve-se instituir antibioticoterapia sistêmica e local.
Quando há laceração, deve-se verificar o grau de contaminação e se há
vascularização na região ventral ao ferimento.
Anatomia cirúrgica
Na papila mamária há o óstio, o ducto papilar e o seio lactífero da papila mamária
(cisterna do teto). Na transição do ducto com o seio lactífero há a Roseta de
Furstenberg, e na transição do seio lactífero da papila com o seio lactífero da
glândula mamária há o anel venoso de Furstenberg. A parede do teto é composta
por cinco camadas. Internamente há uma fina mucosa junto à submucosa. A
próxima camada é composta por tecido conectivo rico em vasos sanguíneos. Em
Galera PD 177
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 178
Técnica cirúrgica
A telotomia deve ser realizada após anestesia local circular na base do teto. Uma
cânula mamária deve ser posicionada no seio lactífero da papila mamária para
referenciar o local a ser aberto. Com auxílio de um bisturi, incisar a pele do teto,
aprofundando até a mucosa. O nódulo deve ser removido através de dissecção com
auxílio de uma tesoura Metzembaum. O primeiro plano da sutura será constituído
pela mucosa e submucosa, o segundo plano com o tecido conectivo e muscular, e o
terceiro plano em pele. No primeiro e segundo planos utilizar modelo de sutura
simples contínuo com fio poliglactina 910, no 2-0. Em pele, utilizar o náilon no 2-0,
em modelo simples interrompido, Sultan ou Wolff. Nos casos de lacerações, deve-
se verificar a viabilidade do tecido e caso necessário, escarificar as bordas da ferida
para reavivação. A sutura segue o mesmo padrão sugerido para o fechamento das
telotomias, entretanto, deve-se atentar para as lacerações transversais ao teto, que
no processo de sutura podem induzir ao estreitamento do lúmen.
As nodulações e estenoses no ducto da papila mamária devem ser resolvidas com
auxílio de instrumentos adequados, tais como o bisturi e o dilatador de teto.
Cuidados no pós-operatório
Realizar limpeza do teto comprometido com água e sabão neutro, secar com toalha
de papel e na extremidade do teto utilizar iodo tópico. Introduzir uma sonda estéril
no teto para facilitar a saída do leite durante ordenha manual que deverá ser feita
delicadamente para não comprometer a sutura. A ordenha será realizada duas
vezes ao dia, e ao término de cada uma realizar novamente a antissepsia, e fazer
uma bandagem com esparadrapo, evitando a mamada do bezerro e o contato do
teto comprometido com o solo. Durante os primeiros três dias, ao término da
ordenha injetar pomada com antibiótico no teto, e utilizar o flunixin meglumine na
dose de 2,2 mg/kg, via intravenosa, a cada 24 horas, como anti-inflamatório /
analgésico. Os pontos devem ser retirados em 10 a 14 dias. Quando a mastite está
instalada, pode-se optar pela antibioticoterapia sistêmica (norfloxacina,
enrofloxacina, gentamicina). Nas ressecções de nódulos em ducto lactífero ou
Roseta de Furstenberg, uma cânula mamária maciça deverá ser mantida no teto
Galera PD 178
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 179
para evitar uma nova formação de tecido fibroso que levará a estenose do ducto e
necessidade de nova abordagem cirúrgica. A cânula será mantida com auxílio de
bandagem com esparadrapo e será trocada a cada ordenha. Manter este
procedimento até total cicatrização do local.
Complicações
Mastite clínica, fistulação e drenagem de leite, estenose do seio lactífero da papila
mamária, diminuição do fluxo de leite.
Indicações
Indicada para equinos para aliviar a dor decorrente de doenças podais que não
responderam às terapias conservativas.
Anatomia cirúrgica
Os nervos palmares medial e lateral fornecem pequenos ramos para a articulação
metacarpo/metatarso falangeana e tendões dos músculos flexores e continuam,
como nervos digitais palmares lateral e medial. Cada um cede um ramo dorsal. O
ramo dorsal segue em sentido distal entre a veia e a artéria digitais. Na altura do
meio da quartela, o nervo se ramifica, a maior parte continuando dorsalmente,
superficial à veia digital palmar. Os ramos dorsais inervam a pele do boleto, porção
dorsal da articulação do boleto, porções dorsais das articulações interfalângicas,
córion coronário, porções dorsais dos córions laminar e solar, e porção dorsal da
cartilagem da falange distal. O ramo principal do nervo digital palmar desce
palmarmente e paralela à artéria digital do lado respectivo. Inerva a cápsula articular
do boleto e desce para inervar a pele, cápsula articular da quartela, bainha sinovial
digital, tendões flexores, ligamentos sesamóides distais, cápsula da articulação
interfalângica distal, osso navicular e seus ligamentos, bolsa navicular, porção
palmar da cartilagem da falange distal, parte do córion laminar, córions da sola e
ranilha, e o coxim digital. O nervo digital palmar será identificado na porção palmar
Galera PD 179
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 180
da falange média, e estará sobre a borda do tendão flexor digital profundo, como
uma estrutura fina, tubular e esbranquiçada.
Preparo pré-operatório
Limpar o casco, realizar tricotomia e preparar de maneira asséptica para o
procedimento.
Técnica cirúrgica
Para realização da neurectomia duas técnicas serão descritas, a da guilhotina e o
stripping. Na técnica da guilhotina, para cada ramo será realizada uma incisão de
pele com auxílio do bisturi, de dois a três cm, sobre o plexo digital e em sentido
paralelo à borda do tendão flexor profundo, onde se procederá a dissecação romba
do nervo com uma tesoura Metzembaum. O nervo será exposto e seccionado
inicialmente na extremidade distal da incisão. Logo após, uma pinça hemostática
será aplicada no coto proximal, que será esticado e ao mesmo tempo seccionado
por um bisturi na linha proximal da incisão. O espaço morto será reduzido com fio
absorvível sintético no 2-0, e a pele suturada em pontos simples separados com fio
de náilon 1. Na técnica de stripping, para cada ramo, serão realizadas duas incisões
de pele. Primeiro, será feita a incisão distal, de um a dois centímetros, abaxial ao
tendão flexor digital profundo e imediatamente proximal à cartilagem colateral, onde
será localizado e exposto o nervo digital. Em seguida, será realizada a segunda
incisão de pele sobre o plexo digital, imediatamente distal à base do sesamóide. O
nervo será novamente dissecado, exposto e posteriormente seccionado com bisturi,
quando mantido sob tração, o mais proximal possível, adjacente à base do
sesamóide. O coto distal será então tracionado pela incisão distal até que haja sua
exposição completa. O nervo será seccionado novamente o mais distal possível,
próximo da cartilagem colateral. As duas incisões de pele serão suturadas, sem
redução do espaço morto, com náilon no 1, em pontos simples separados.
Pós-operatório
Ao final da cirurgia, serão aplicadas bandagens compressivas e substituídas a cada
três dias, até a retirada dos pontos que ocorrerá entre 10 e 14 dias. Os animais
receberão penicilina benzatina na dose de 30.000 UI/kg, a cada 48 horas,
Galera PD 180
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 181
Indicação
Para tratar a Fixação Dorsal da Patela em equinos e bovinos. Para os bovinos a
técnica cirúrgica pode ser indicada como tratamento principal, tanto para a forma
intermitente como a permanente. Para os equinos é indicada nos casos que não
responderam aos tratamentos conservativos.
Cuidados pré-operatórios
A fixação dorsal da patela deve ser diferenciada das outras afecções que acometem
os membros pélvicos, evitando-se a realização da cirurgia com resultados
insatisfatórios. O jejum para sedação deve ser de 12 horas para os equinos e no
mínimo de 24 horas para os bovinos.
Anatomia cirúrgica
Os equídeos e bovídeos possuem três ligamentos tibiopatelares com a função de
manter a congruência da patela no sulco troclear femoral e são denominados
ligamentos tibiopatelares medial, intermédio e lateral. Os três ligamentos são extra-
articulares e estão localizados sobre a cápsula articular da articulação
femuropatelar. Uma fina fáscia muscular recobre os três ligamentos. Para
manutenção da estabilidade da articulação femurotibial, existem dois ligamentos
colaterais, o lateral e o medial. Como ligação entre a patela e o fêmur existem os
ligamentos femuropatelares medial e lateral.
Técnica cirúrgica
O bovino poderá ser mantido em posição quadrupedal ou em decúbito lateral. Para
os equinos a posição quadrupedal é a mais adequada. A área medial do joelho será
tricotomizada e preparada para cirurgia asséptica. Faz-se uma incisão de pele de 3
cm sobre a borda medial do ligamento patelar médio, perto de sua inserção na
Galera PD 181
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 182
tuberosidade tibial. Uma tesoura tipo Metzembaum deve ser utilizada para divulsão
do tecido subcutâneo e da fascia muscular que recobre os ligamentos. Com uma
pinça hemostática curva (Kelly, Rochester ou Kocher), isola-se o ligamento das
estruturas adjacentes, evitando-se a perfuração da cápsula articular femoropatelar.
Após a certificação do isolamento do ligamento tibiopatelar medial, com o bisturi
deve-se proceder a secção em sentido transversal. A hemostasia dos pequenos
vasos pode ser contida por torção com auxílio de uma pinça Halstead. O cirurgião
deve se certificar que todas as fibras do ligamento foram seccionadas. É necessária
a sutura apenas da pele em padrão interrompido com fio de náilon no 1.
Pós-operatório
Penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, a cada 48 horas, via intramuscular,
totalizando três aplicações. Recomenda-se aplicar a primeira dose 24 horas antes
do procedimento cirúrgico. Para o curativo local utilizar diariamente uma solução
antisséptica e repelente até a retirada dos pontos que deverá ocorrer por volta do
10º dia.
Complicações
Deiscência de pontos e infecção da ferida, artrite séptica (na incisão acidental da
cápsula articular). Para os equinos, há relatos de casos clínicos e experimentais de
fratura de patela, erosão de cartilagem de patela, desmite do tibiopatelar intermédio
quando o animal retorna a atividade intensa dias após a realização da cirurgia.
Anatomia cirúrgica
Os pés dos bovinos correspondem às extremidades dos membros, estendendo-se
do carpo ou tarso até as falanges distais dos dedos que são separados em dígitos
Galera PD 182
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 183
mediais e laterais. Quatro dedos estão presentes, destes, o terceiro (dígito médio) e
quarto (dígito lateral) estão completamente desenvolvidos. O segundo e quinto são
vestígios e se localizam palmar/plantar denominados paradígitos, cada um possui
dois pequenos ossos que não se articulam com o esqueleto. Nos membros pélvicos
os dígitos laterais são maiores por suportarem mais peso e nos torácicos ocorre o
inverso. Os cascos dos bovinos contêm: parte distal da falange média, articulação
interfalangeana distal, sesamóide distal, falange distal, bolsa podotroclear, inserções
dos ligamentos dos tendões extensores e flexores profundos, cório, coxim
coronariano e digital, ligamentos, etc. A área de união entre a pele e o casco é
denominada períoplo, seguida da banda coronária e da muralha do casco. A parte
inferior de apoio é denominada sola e é separada da muralha pela linha branca e, a
parte mais caudal constitui-se no talão que corresponde ao calcanhar.
Técnica cirúrgica
Amputação de dígito: Na região do metacarpo/metatarso (canela) deve ser
colocado um torniquete para realização da anestesia de Bier e contenção da
hemorragia durante a cirurgia. Após tricotomia e preparo para cirurgia asséptica,
com auxílio de um bisturi, realizar incisão na pele do espaço interdigital, rente ao
perióplio, estendendo por três a quatro cm pela área dorsal e palmar/plantar. Outra
incisão seguirá rente a toda a coroa do dígito. Pinças Backaus devem ser
posicionadas nas extremidades da pele para auxiliar a tração, e com um bisturi será
realizado o rebatimento da pele, o suficiente para posicionamento do fio serra. Para
ostectomia, o fio serra será posicionado no espaço interdigital, perpendicular ao eixo
longitudinal da falange proximal para assentar no osso, e através de movimentos de
tração, em sentido oblíquo. Esta forma de corte do osso permitirá o
reposicionamento da pele sobre a falange remanescente. A hemostasia deverá ser
realizada por compressão, torção ou cauterização dos vasos. Pontos em “U deitado”
ou Wolff, com fio de náilon no. 3 devem ser posicionados em toda extensão da ferida
cirúrgica. Se o retalho de pele não for suficiente para completo fechamento da
ferida, o cirurgião poderá confeccionar pontos captonados, aumentando a
resistência à tensão das bordas da ferida. Ao término da cirurgia, confeccionar uma
bandagem compressiva para diminuir o espaço morto e o sangramento após a
remoção do torniquete.
Galera PD 183
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 184
Pós-operatório
Quando a infecção da unha estiver latente, o cirurgião deverá utilizar antibióticos
sistêmicos e curativos locais dias antes ao procedimento cirúrgico, permitindo a
realização da cirurgia com menor contaminação.
No pós-operatório, várias antibióticos estão disponíveis para terapia sistêmica, tais
como as oxitetraciclinas (10-20 mg/kg, a cada 48 horas), tilosina (10 mg/kg, a cada
24 horas), sulfa + trimetropin (30 mg/kg, a cada 24 horas), penicilinas (20.000 UI/kg,
a cada 48 horas), entre outros, e por sete dias, e terapia analgésica com
fenilbutazona, na dose de 4,4 mg/kg, diariamente, por três dias. O curativo deve ser
trocado a cada 48 horas, impermeabilização do curativo com pomada a base de
alcatrão, e os pontos retirados entre o 10º e 14º dia. Manter o animal em local seco
e limpo.
Complicações
Luxação por sobrecarga da unha remanescente, artrite séptica, infecção da ferida
cirúrgica e osteomielite da falange remanescente. Vacas leiteiras que tem um dígito
amputado apresentam vida produtiva reduzida. Animais com paradígito amputado,
aparentemente não apresentam alterações na produção.
Galera PD 184
APOSTILA DE TÉCNICA CIRÚRGICA VETERINÁRIA 185
Indicação
Quando não há possibilidade de redução de fraturas nos metacarpianos acessórios
dos equinos.
Pré-operatório
O cavalo deve ser submetido a anestesia geral e posicionado em decúbito lateral de
forma que o lado da fratura permaneça voltado para cima, facilitando o acesso ou
em decúbito dorsal com o membro suspenso, se for necessário realizar a cirurgia
nos dois metacarpianos/metatarsianos acessórios. Realiza-se a tricotomia de uma
ampla área, preparando-a de maneira asséptica.
Anatomia
A canela dos cavalos possui três ossos, o metarcapiano principal que corresponde
ao 3º osso metacarpiano, e os acessórios que correspondem ao 2º e 4º ossos
metacarpianos. Palmar aos metacarpianos está o ligamento suspensório do boleto e
os tendões flexores profundo e superficial do dedo. Entre os metacarpianos
acessórios e os tendões estão o nervo palmar, a veia e a artéria metacarpiana.
Técnica cirúrgica
O cirurgião deverá incisar a pele com auxílio do bisturi, sobre o osso metacarpiano
fraturado e em sentido longitudinal, estendendo-se 1 cm distal à extremidade distal
do mesmo até aproximadamente 2 cm proximais ao local proposto da amputação.
Cuidado especial deve ser tomado na preservação da veia e artéria palmar. Com
auxílio de um osteótomo deve-se elevar e separar o metacarpiano acessório do
principal, no sentido proximal. O segmento fraturado será removido acima do local
da fratura, removendo-se quaisquer fragmentos e o coto remanescente deve ser
moldado para evitar esquírolas e pontas. O tecido subcutâneo deve ser reduzido
com fio absorvível sintético no 2-0, em padrão zigue-zague. A pele será suturada
com fio de náilon no1, com pontos simples interrompido ou Sultan. Uma bandagem
compressiva deve ser aplicada em toda a canela.
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Pós-operatório
Utilização de penicilina benzatina na dose de 20.000 UI/kg, a cada 48 horas, via
intramuscular, totalizando três aplicações. Uso de fenilbutazona na dose de 4,4
mg/kg, via intravenosa, a cada 24 horas, durante 3 dias. Na ferida cirúrgica deve ser
realizada limpeza com solução antisséptica a cada curativo. Utilizar bandagem
compressiva trocando-a a cada três dias, durante 15 a 30 dias. Os pontos devem
ser removidos entre 10 e 14 dias da realização do procedimento cirúrgico.
Galera PD 186
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